(Piso), PISO, Wilhelm, De Medicina Brasiliensis Libri Quatuor, in Marcgrave, George, Historia Naturalis Brasiliae. (Tradução de Alexandre Correa, publicado com o título História natural do Brasil Ilustrada. Edição comemorativa do primeiro cinqüentenário do Museu Paulista. Companhia Editora Nacional, São Paulo, 1948.)
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Dicionário de Tupi antigo
A língua indígena clássica do Brasil
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abaremotemõ (s.) - ABAREMOTEMO, árvore leguminosa (Abarema cochliacarpos (Gomes) Barneby & J.W. Grimes), cuja madeira é usada em construções e cuja casca tem empregos medicinais como adstringente (Piso, De Med. Bras., IV, 187)
agûarakyîa (ou agûarakynha) (etim. - pimenta de aguará) (s.) - AGUARAQUIÁ, pequena erva cosmopolita, da família das solanáceas (relacionadas a Solanum americanum L.), de pequenas flores alvas e diminutos frutos negros. O nome aguaraquinha também designa o Heliotropium elongatum Hoffm. ex Roem. & Schult., uma borraginácea. A primeira também é conhecida como caraxixu, araxixu, erva-de-bicho, erva-moura, maria-preta, maria-pretinha, pimenta-de-galinha. (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 55; VLB, I, 121; Piso, De Med. Bras., IV, 198)
agûarakynhusu (s.) - AGUARAQUIÁ-AÇU, fedegoso, provavelmente uma borraginácea, talvez o Heliotropium indicum L. (Piso, De Med. Bras., IV, 198)
aîbu (s.) - IPU, gênero de abelha meliponídea que nidifica no solo (Piso, De Med. Bras. IV, 178)
aîpĩ (s.) - AIPIM, UAIPI, AIPI, planta da família das euforbiáceas, gênero Manihot; espécie de mandioca também conhecida como macaxera (Piso, De Med. Bras. IV, 177)
akarisoba (s.) - ACARIÇOBA, erva rasteira da família das umbelíferas, que se alastra pelas praias e adjacências. É medicinal, tendo muitas variedades. (Piso, De Med. Bras., IV, 192)
amanasãîa (s.) - MANDAÇAIA, abelha da família dos meliponídeos, que produz excelente mel (Piso, De Med. Bras. IV, 178)
amanasãîmirĩ (etim. - mandaçaia pequena) (s.) - MANDAÇAIA-MIRIM, abelha da família dos meliponídeos (Piso, De Med. Bras., IV, 178)
amanasãî-nema (etim. - mandaçaia fedorenta) (s.) - abelha meliponídea (Piso, De Med. Bras., 178)
amonge'aba (s.) - nome de uma planta da família das gramíneas (Piso, De Med. Bras., IV, 203; Theat. Rer. Nat. Bras., II, 186)
anhu'yba (s.) - ANIBA, nome comum a várias plantas lauráceas dos gêneros Nectandra e Ocotea, também chamadas canela e sassafrás (Piso, De Med. Bras., IV, 195; VLB, I, 65)
anhu'ybamirĩ (etim. - aniba pequena) (s.) - planta da família das lauráceas (Piso, De Med. Bras., IV, 195)
anhu'ymirĩ (s.) - variedade de anhu'yba (v.) de tamanho inferior (Piso, De Med. Bras., 195)
anhu'ypeapuîa (s.) - planta da família das lauráceas [Ocotea sassafras (Meisn.) Mez], também denominada pau-de-funcho, canela sassafrás ou sassafrás do Brasil (Piso, De Med. Bras., IV, 195; VLB, I, 65)
aninga1 (s.) - ANINGA, planta da família das aráceas [Montrichardia linifera (Arruda) Schott.] (Piso, De Med. Bras., 197)
aningaperé (ou aningaperi ou aningapiri) (s.) - ANINGAPERÊ, ANINGAPIRI, ANHANGA-PICHERICA, NIANGA-PICHERICA, planta melastomácea, provavelmente Clidemia hirta (L.) D. Don, comum em quase todo o Brasil, de propriedades medicinais (Piso, De Med. Bras., IV, 201)
aninga'yba (etim. - pé de aninga) (s.) - ANINGAÚBA, ANINGAÍBA, planta da família das aráceas (Montrichardia arborescens Schott.), de fibras aproveitáveis para cordoalha e no fabrico de papel, e cuja raiz é drástica e anti-hidrópica (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 106; Piso, De Med. Bras., IV, 197)
arabó (s.) - serpente venenosa, o mesmo que araboîa (v.) (Piso, De Med. Bras., III, 171)
arapipoka (s.) - espécie de mandioca (Piso, De Med. Bras. IV, 177)
aûaimirĩ (s.) - AGUAÍ-MIRIM, planta apocinácea que era usada como veneno pelos índios e também como ornato nas danças, por ter a casca duríssima e sonora, a modo de campainha (Piso, De Med. Bras. III, 175)
aûaiûasu (s.) planta apocinácea que era usada como veneno pelos índios e também como ornato nas danças, por ter a casca duríssima e sonora, a modo de campainha (Piso, De Med. Bras. III, 175)
eîririku (s.) - nome de uma abelha (Piso, De Med. Bras., IV, 178)
eiruba (etim. - pai do mel) (s.) - espécie de abelha (Piso, De Med. Bras., IV, 178; VLB, I, 18)
eirusu (s.) - URUÇU, IRUÇU, GUIRUÇU, nome dado a várias espécies brasileiras de abelhas grandes da família dos meliponídeos (Piso, De Med. Bras., IV, 178; VLB, I, 18)
eîxu (s.) - ENXU, var. de vespa (Piso, De Med. Bras. IV, 178)
embyra1 (s.) - IMBIRA, ENVIRA, nome comum a arbustos ou árvores brasileiras da família das timeleáceas, anonáceas, esterculiáceas ou malváceas que se caracterizam por produzir boa fibra na entrecasca, a qual é usada na fabricação de cordas, etc. Ocorrem nas matas úmidas. (Piso, De Med. Bras., IV, 185)
(e)minga'u (r, s) (etim. - o empapado) (s.) - MINGAU; papa; sopa rala (Staden, Viagem, 143): Aîapó minga'u. - Faço mingau. (VLB, II, 64); xe reminga'u - meu mingau (Fig., Arte, 79) ● minga'u-pomonga - mingau grudento (VLB, I, 151); amido ou glúten feitos de mandioca (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 67); espécie de goma ou grude usado para se prenderem penas no corpo (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 271); minga'upetinga (ou minga'u-pitinga)* - espécie de papa preparada a partir da mandiopeba misturada com ervas, lagostins, peixe ou carne cozida (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 67; Piso, De Med. Bras. IV, 177)
gûabipoka'yba (s.) - árvore da família das leguminosas-cesalpinoídeas (Piso, De Med. Bras., IV, 188)
gûaîaná-timbó (etim. - timbó dos guaianás) (s.) - GORANÁ-TIMBÓ, GUAJANA-TIMBÓ, GUATIMBÓ ou TIMBÓ DE RAIZ, planta leguminosa-papilionada (Dahlstedtia pinnatum (Benth.) Malme, de cuja raiz é extraído entorpecente usado para matar peixes e para o tratamento das afecções parasitárias da pele e, ainda, como analgésico geral e hipnótico (Piso, De Med. Bras., IV, 201)
gûamaîakuapé (etim. - guamaiacu de casca) (s.) - GUAMAIACU, BAIACU-COM-CHIFRE, peixe de constituição robusta que se abriga sob uma carapaça espinhosa sólida, de onde emergem pontas córneas, grossas e resistentes (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 142; Piso, De Med. Bras. III, 173)
gûambaîaku - o mesmo que baîaku (v.) (Piso, De Med. Bras., 173)
gûapara'yba (s.) - GUAPARAÍBA, APAREÍBA, MAPAREÍBA (Rhizophora mangle L.), planta rizoforácea, também denominada mangue vermelho, mangue preto, mangue de pensão, mangue verdadeiro ou simplesmente mangue. (Piso, De Med. Bras., IV, 200) ● gûapara'y-tyba (ou gûapare'y-tyba) - ajuntamento de mangues, manguezal (VLB, II, 30)
gûeba (s.) - GUEBO, peixe istioforídeo (Piso, De Med. Bras., 154)
gûeti (s.) - GUETI, OITI, nome genérico de árvores altas que produzem frutos amarelos: gûetitoroba, gûetimirĩ e gûetikoroîa (v.). (Piso, De Med. Bras., IV, 183; Brandão, Diálogos, 217). O mesmo que ûiti (v.).
gûetikorõîa (etim. - oiti áspero, nodoso) (s.) - GUITI-COROIÁ, nome comum a algumas árvores da família das crisobalanáceas, principalmente dos gêneros Licania e Couepia e também a algumas árvores sapotáceas, também chamadas OITI-COROIÁ e UITI-CURUBA (Piso, De Med. Bras., IV, 183)
gûetimirĩ (etim. - gueti pequeno) (s.) - espécie de gueti (v.) (Piso, De Med. Bras., IV, 183)
gûetitoroba - o mesmo que gûititoroba (v.) (Piso, De Med. Bras., IV, 183)
gûybyra (s.) - nome de uma árvore cujos bagos moídos eram usados no tratamento das mordeduras de cobra (Piso, De Med. Bras. III, 172)
gûympaîagûara (s.) - espécie de serpente brasileira (Piso, De Med. Bras., III, 171)
îakapekûaîa (s.) - nome de uma serpente (Piso, De Med. Bras., III, 171)
îakuakanga (etim. - cabeça de jacu) (s.) - 1) JACUANGA, JACUACANGA, nome vulgar de plantas costáceas, dentre as quais se destaca a espécie Costus spicatus Willd., erva cultivada, ornamental, com propriedades diuréticas e febrífugas, também conhecida como cana-do-brejo, cana-do-mato, cana-roxa, cana-de-macaco, caatinga, paco-catinga, periná, ubacaiá; 2) fedegoso, planta borraginácea (Heliotropium indicum L.) (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 6; Piso, De Med. Bras., IV, 195)
îaniparandyba - o mesmo que îaparandyba (v.) (Piso, De Med. Bras., IV, 203)
îanypaba (s.) - 1) JENIPAPO, JENIPAPEIRO, árvore da família das rubiáceas (Genipa americana L.), de grande altura e muito grossa, que aparece em todo o Brasil; 2) JENIPAPO, o fruto dessa árvore, cujo suco era usado por certos indígenas para escurecer a pele, e do qual se faz um licor muito popular no Norte e Nordeste do Brasil (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 92; Piso, De Med. Bras., IV, 183-184; Staden, Viagem, 175). "Desta fruta se faz tinta preta; quando se tira é branca e, em untando-se com ela, não tinge logo, mas daí a algumas horas fica uma pessoa tão preta como azeviche." (Cardim, Trat. Terra e Gente do Brasil, 43)
îaruma'i (s.) - verme gordo e esbranquiçado que vive nos troncos medulosos das palmeiras silvestres (Piso, De Med. Bras., II 160)
îasanãgûasu (ou îasanãûasu) (etim. - jaçanã grande) (s.) - nome aplicado a várias aves aquáticas distintas (Piso, De Med. Bras., 154; Griebe, Brasil Holandês, vol. III, 79)
îasanãmirĩ (etim. - jaçanã pequeno) (s.) - nome de uma ave (Piso, De Med. Bras., 154)
îetaysyka (etim. - resina de jatobá) (s.) - JETAICICA, resina transparente destilada pela îeta'yba (v.) (Piso, De Med. Bras., IV, 180)
inaîagûasu (ou inaîagûasu'yba) (etim. - inajá grande) (s.) - 1) coqueiro-da-bahia, árvore da família das palmáceas (Cocos nucifera L.); 2) o fruto dessa árvore, também chamado coco-da-bahia (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 138; Piso, De Med. Bras., IV, 182): inaîagûasu apepûera - casca de coco (Ar., Cat., 353)
inaîamirĩ (s.) - o fruto da pindoba (v.) (Piso, De Med. Bras., IV, 182)
inimboîa - o mesmo que inimbó (v.) (Piso, De Med. Bras., IV, 194)
îukeri (s.) - JUQUERI, nome comum de ervas leguminosas-mimosoídeas do gênero Mimosa L., de flores e frutos venenosos, que têm como antidoto oposto suas próprias raízes. Engordam ovelhas e cabras e são nocivas ao homem. Uma das espécies é a Mimosa pudica L., denominada vulgarmente dormideira, sensitiva, malícia-de-mulher, caaicovê, etc. (Piso, De Med. Bras., III, 170; IV, 202)
îupika'i (s.) - JUPICAÍ, JUPIEDI, erva-de-impigem, nome comum a plantas xiridáceas (Xyris laxifolia Mart. e Xyris jupicai Rich.), conhecidas também como botão-de-ouro, usadas medicinalmente contra afecções cutâneas (Piso, De Med. Bras., IV, 202)
îupikanga (s.) - JUPICANGA, JAPICANGA, planta esmilacácea do gênero Smilax (Piso, De Med. Bras., IV, 195)
îurebeba (ou îurepeba ou îuripeba) (s.) - JURUBEBA, nome comum a várias espécies de árvores do gênero Solanum, da família das solanáceas, tidas como de valor medicinal (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 89; Piso, De Med. Bras. IV, 190)
îurikûara (s.) - erva que cresce na floresta, que era usada para curar úlceras venéreas malignas (Piso, De Med., Bras., 196)
ka'ae'õ (etim. - folha desmaiada, folha morta) (s.) - dormideira, sensitiva ou juqueri, variedade de leguminosa-mimosoídea (Mimosa pudica L.) (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 73) "...Tocadas pela mão,... contraem as folhas, que logo depois, porém, se reabrem." (Piso, De Med. Bras., 202). O mesmo que îukeri (v.).
ka'aîandy'ûaba (etim. - folha em que se come óleo) - o mesmo que ka'apomonga (v.) (Piso, De Med. Bras., 197)
ka'apeba (etim. - erva achatada) (s.) - CAAPEBA ou CAPEBA, nome comum a plantas trepadeiras da família das menispermáceas, segundo a Flora de Martius, entre as quais, no Rio de Janeiro, a Abuta rufescens Aubl., a Chondrodendron platiphyllum (A. St.-Hil.) Miers e a Cissampelos pareira L.; 2) Designa também plantas da família das piperáceas, dentre as quais a espécie Piper arboreum Aubl., arbusto de raiz amarga e medicinal, também chamada pari-paroba. (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 25; Piso, De Med. Bras., III, 172; Sousa, Trat. Descr., 210)
ka'api'a (etim. - folha-testículo) (s.) - CAPIÁ, CAAPIÁ, CAIAPIÁ, CAPIÁ, nome comum a várias espécies de plantas moráceas do gênero Dorstenia; ervas que têm "flores brancas... das quais se faz tinta amarela como açafrão muito fino, do que usam os índios no seu modo de tintas". (Sousa, Trat. Descr., 209; Theat. Rer. Nat. Bras., II, 228). São também chamadas CARAPIÁ e contraerva, por causa da suposição de sua eficácia no tratamento do envenenamento ofídico. Sua raiz nodosa, moída e tomada com água, serve de antídoto para venenos. (Piso, De Med. Bras., III, 171; Sousa, Trat. Descr., 209; Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 52)
ka'apomonga (etim. - folha viscosa) (s.) - 1) CAAPOMONGA, trepadeira ornamental da família das plumbagináceas (Plumbago scandens L.), também chamada erva-do-diabo, folhas-de-louco (devido às aplicações locais que se faziam desta planta na nuca dos alienados mentais), jasmim-azul, louco e erva-divina. Era chamada, no século XVII, visgueira ou erva-do-amor, por grudar nas mãos e nas roupas devido a sua viscosidade. (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 28; Piso, De Med. Bras., IV, 197)
ka'aroba (ou karoba) (etim. - folha amarga) (s.) - CAROBA, jacarandá-preto ou barbatimão, designação comum a várias árvores pequenas, da família das bignoniáceas, do gênero Jacaranda, de propriedades medicinais (Cardim, Trat. Terra e Gente do Brasil, 42; Piso, De Med. Bras., IV, 185)
ka'asyka2 - o mesmo que ka'atîá (v.) (Piso, De Med. Bras., IV, 196)
ka'ataîa (etim. - folha ardida) (s.) - 1) mostarda (VLB, II, 43); 2) planta escrofulariácea do gênero Lindernia, conhecida pelos nomes vulgares de mata-cana e orelha-de-rato (Piso, De Med. Bras., 199; Theat. Rer. Nat. Bras., II, 219)
ka'atîá (s.) - erva-de-cobras, planta da família das euforbiáceas (Chamaesyce serpens (Kunth) Small), usada para curar mordidas de serpentes (Piso, De Med. Bras., III, 172)
kabure'yba (etim. - planta do caburé) (s.) - CABREÚVA, nome de duas espécies de árvores da família das leguminosas-mimosoídeas, do gênero Myrocarpus, o Myrocarpus frondosus Allemão e o Myrocarpus fastigiatus Allemão, da mata atlântica, de madeira, pardo-escura com tons avermelhados, cheirosa, pesada e resistente. Os portugueses do século XVI chamavam-na bálsamo. Serve muito para tratar feridas, além de ter ótimo odor. Também é conhecida como CABRIÚVA, CABURAÍBA, CABRIÚVA-PARDA, CABRUÉ, CABUREÍBA, ÓLEO-CABUREÍBA, óleo-pardo, pau-bálsamo. (Cardim, Trat. Terra e Gente do Brasil, 41) ● kabure'ybysyka (ou kabureysyka) - resina de cabreúva, de propriedades medicinais, balsâmicas (VLB, I, 51; II, 55; Piso, De Med. Bras., IV, 179)
kakaboîa (s.) - espécie de cobra-d'água (Piso, De Med. Bras., III, 171)
kamará (s.) - CAMARÁ, CAMBARÁ, nome genérico de plantas verbenáceas do gênero Lantana, dentre as quais se destaca a espécie Lantana camara L., amplamente disseminada no Brasil. O nome aplica-se também, embora mais raramente, a plantas do gênero Lippia. Tais plantas são também conhecidas como CAMARÁ-DE-CHEIRO, CAMARÁ-DE-ESPINHO, etc. (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 5; Piso, De Med. Bras., 191; Brandão, Diálogos, 171)
kamaraîuba (etim. - camará amarelo) (s.) - CAMARÁ-DE-ESPINHO (Lantana camara L.), planta verbenácea (Piso, De Med. Bras., IV, 197)
kamaramirĩ (etim. - camará pequeno) (s.) - CAMARÁ-MIRIM, variedade de kamará (v.) (Piso, De Med. Bras., IV, 191)
kaopyá (etim. - planta de parede) (s.) - nome comum a plantas gutiferáceas do gênero Vismia, principalmente a Vismia guianensis (Aubl.) Pers., também chamada lacre, pau-de-lacre e árvore-da-febre (Piso, De Med. Bras., IV, 181)
kapi'ipuba (ou kapupuba) (etim. - capim mole) (s.) - CAPIMPUBA, CAPIM-BEBA, erva da família das gramíneas (Andropogon bicornis L.) (Piso, De Med. Bras., IV, 196)
karagûatá-akanga (etim. - caraguatá de cabeça) (s.) - certa espécie de CARAGUATÁ, uma bromeliácea do gênero Bromelia (Piso, De Med. Bras., IV, 199-200)
karaguatagûasu (etim. - caraguatá grande) (s.) - CARAGUATÁ-AÇU, 1) planta herbácea da família das bromeliáceas, do gênero Bromelia (Bromelia karatas L.), de cujas folhas se extrai fibra para cordoaria, tapetes, etc. É também chamada CARAGUATÁ-PITEIRA, CARUATÁ-AÇU, CURUATÁ-AÇU, GRAVATÁ-AÇU. (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 87); 2) nome comum a plantas da família das agaváceas, do gênero Furcraea. Destas, a nativa do Brasil é a Furcraea foetida (L.) Haw, chamada vulgarmente PITA-GRAGOATÁ, piteira-de-terra, etc. (Piso, De Med. Bras., IV, 199-200). Serviam-se os índios de sua madeira para acender o fogo. (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 273)
karana'yba1 (s.) - CARNAÚBA, CARANAÍBA, CARANDÁ, 1) nome comum a palmeiras do Norte do Brasil, dentre as quais a Copernicia prunifera (Mill.) H.E. Moore, especificamente distinta da espécie Copernicia alba Morong ex Morong & Britton, encontrada no Mato Grosso e regiões limítrofes; 2) cera extraída da folha dessa palmeira, de muitas utilidades (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 130; Piso, De Med. Bras.,IV,181)
kopa'yba (s.) - 1) COPAÍBA, COPAIBEIRA, pau-de-óleo, bálsamo, árvore frondosa de madeira avermelhada da família das leguminosas (Copaifera llangsdorffii Desf.). Produz um óleo amarelado de propriedades medicinais, bem viscoso. (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 130). "...Para feridas é muito estimado e tira todo sinal. Também serve para as candeias, e arde bem." (Cardim, Trat. Terra e Gente do Brasil, 41); 2) Designa também a madeira e o óleo ou resina obtidas da seiva de várias das árvores desse gênero, especialmente da copaíba-verdadeira e da copaíba-vermelha. (Piso, De Med. Bras. IV, 178; Sousa, Trat. Descr., 202)
kotorá (s.) - variedade de rã venenosa (Piso, De Med. Bras., 160)
kuakumandyba (s.) - raiz silvestre semelhante à mandioca (Piso, De Med. Bras. IV, 177)
kûapomonga (s.) - erva plumbaginácea que viça naturalmente nos terrenos arenosos, de propriedades medicinais (Piso, De Med. Bras., IV, 199)
kubîara (s.) - variedade de abelha (Piso, De Med. Bras. IV, 178)
kuîpuna - o mesmo que kuîpeúna (v.) (Piso, De Med. Bras., 189)
kupy4 (s.) - CUPIRA, variedade de abelha menor, escura, que produz ótimo mel (Piso, De Med. Bras., 64)
kurukakutinga (s.) - nome de cobra (Piso, De Med. Bras., III, 171)
kurupireíra (etim. - abelha do Curupira) (s.) - abelha silvestre da família dos meliponídeos, cujo mel produz intoxicação (Piso, De Med. Bras., IV, 178)
kururi (s.) - espécie de sapo venenoso (Piso, De Med. Bras., III, 170)
kururu (s.) - sapo, CURURU, nome genérico de batráquios (D'Abbeville, Histoire, 253v; Piso, De Med. Bras. III, 174; Sousa, Trat. Descr., 264): Ené, rõ, kururu-asyka! Eia, pois, sapo maneta! (Anch., Teatro, 42)
kururuapé (etim. - caminho de sapo) (s.) - CURURU-APÊ, planta sapindácea (Paullinia pinnata L.), conhecida também como timbó ou timbó-cipó, usada para entorpecer os peixes nas pescarias (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 22; Piso, De Med. Bras., IV, 200-201)
kyîaapu'a (etim. - pimenta redonda) (s.) - variedade de pimenta, espécie de planta solanácea (Capsicum baccatum L.), originária da América do Sul (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 39; Piso, De Med. Bras., IV, 197)
kyîakûy (s.) - pimenta-malagueta, planta solanácea sul-americana (Capsicum frutescens L.) (Piso, De Med. Bras., 198; Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 39)
kyîasarapó (etim. - pimenta sarapó) (s.) - variedade de pimenta nativa, planta solanácea do gênero Capsicum (Piso, De Med. Bras., IV, 198)
makapera (s.) - macaxeira assada ao fogo e sem nenhuma outra preparação (Piso, De Med. Bras., 62)
makaxera2 (s.) - MACAXEIRA, MACAXERA, raiz de planta euforbiácea (Manihot esculenta Crantz), chamada também de aipim, com que os índios faziam farinha ou cauim (D'Abbeville, Histoire, 229v; Piso, De Med. Bras. IV, 177)
mamangá (s.) - MAMANGÁ, arbusto da família das leguminosas cesalpinoídeas (Piso, De Med. Bras., IV, 190)
manaká (s.) - MANACÁ, planta da família das solanáceas (Brunfelsia hopeana Benth.), ornamental, de flores grandes. É usada como corante e como remédio na medicina popular e também chamada MANAGÁ, MANACÃ. (Marcgrave, Hist. Nat., 69; Piso, De Med. Bras., IV, 190)
mandi'opeba (etim. - mandioca achatada) (s.) - var. de mandioca (Piso, De Med. Bras. IV, 177-178)
mandi'ybambûaraé (s.) - var. de mandioca (v. mani'oka) (Piso, De Med. Bras., IV, 177-178)
mandi'ybumana (etim. - mandioca velha) (s.) - var. de mandioca (Piso, De Med. Bras., IV, 177)
mandi'ybusu (etim. - mandioca grande) (s.) - var. de mandioca (Piso, De Med. Bras., IV, 177)
mandi'yparati (s.) - var. de mandioca de terras fracas e arenosas (Piso, De Med. Bras. IV, 177)
mandyba2 (s.) - MANDIBA, MANDIVA, var. de mandioca (Piso, De Med. Bras., 177)
mangaramirĩ (etim. - mangará pequeno) (s.) - MANGARÁ-MIRIM, MANGARITO planta arácea, variedade de taioba (Xanthosoma sagitifolium (L.) Schott) (Piso, De Med. Bras., 194)
mangarapeúna (etim. - mangará da casca escura) (s.) - planta arácea parecida à taioba (Colocasia esculenta (L.) Schott) (Piso, De Med. Bras., IV, 194)
manipûera (etim. - suco de mani) (s.) - MANIPUEIRA, MANIPUERA, suco leitoso da mandioca ralada, obtido por compressão, e que contém o veneno da planta. Evaporado o veneno, ao fogo ou ao sol, faz-se do líquido o molho denominado tucupi. Também é chamado de MANICUERA, água-brava, água-de-goma. (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 67; Piso, De Med. Bras. III, 173)
masarandyba (ou masaranduba) (s.) - MAÇARANDUBA, MAÇARANDUVA, MAÇARANDIVA, MAÇARANDIBA, 1) nomes que designam as espécies de árvores sapotáceas Pouteria procera (Mart.) T.D. Penn. e Manilkara elata (Allemão ex Miq.) Monach.; 2) o fruto dessas árvores, de propriedades medicinais (Piso, De Med. Bras., IV 203; Brandão, Diálogos, 171)
mbeîupirá (etim. - andorinha peixe) (s.) - BIJUPIRÁ, o mesmo que mbyîu'ipirá (v.) (Piso, De Med. Bras., 154)
mboîgûasu (etim. - cobra grande) (s.) - BOIGUAÇU, o mesmo que îyboîa (v.). (Piso, De Med. Bras., III, 171)
mboîpeba (etim. - cobra chata) (s.) - BOIPEVA, BOIPEBA, GOIPEVA, PEPÉUA, PEPEVA, cobra-chata, cabeça-chata, cobra não peçonhenta da família dos colubrídeos, que, quando irritada, achata o corpo (Piso, De Med. Bras., III, 171; VLB, I, 76)
mboîsininga (ou mboîtininga) (etim. - cobra que retine) (s.) - BOICININGA, BOIÇUNUNGA, cascavel, cobra venenosa da família dos crotalídeos, com guizo ou chocalho na ponta da cauda. Alimenta-se de roedores em geral. É também chamada BOIQUIRA, BOITINGA, maracá, maracabóia. (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 240; Piso, De Med. Bras., III, 171; Knivet, The Adm. Adv., 1242): Gûaîxará kagûara ixé, mboîtiningusu... - Eu sou Guaixará, bebedor de cauim, grande boicininga. (Anch., Teatro, 26)
minga'upetinga (s.) - MINGAUPITINGA, papa preparada com a mandiopeba (Piso, De Med. Bras., 62) [v. tb. (e)minga'u (r, s)]
mukunagûasu (etim. - mucuná grande) (s.) - MUCUNÁ-GUAÇU, variedade de mucuná (v.), com fava de grande beleza e tamanho, de virtudes nocivas (Piso, De Med. Bras. III, 175; Brandão, Diálogos, 196)
mumbuka (s.) - MUMBUCA, MOMBUCA, MOMBUCÃO, nome de uma abelha da família dos meliponídeos (Piso, De Med. Bras. IV, 178)
munduigûasu (ou mundubigûasu) (etim. - mundubi grande) (s.) - MUNDUÍ-GUAÇU (Jatropha curcas L.), planta euforbiácea, também denominada MANDUBI-GUAÇÚ, MANDUBI, pinhão-do-paraguai (Piso, De Med Bras., IV, 190)
muresigûasu (etim. - murici grande) (s.) - var. de MURICI, nome comum a várias árvores e arbustos (v. murisi) (Piso, De Med. Bras. IV, 188)
muresipetinga (s.) - variedade de MURICI, nome comum a várias árvores e arbustos (v. murisi) (Piso, De Med. Bras. IV, 187)
murisi (s.) - MURICI, MURUCI, 1) nome comum a várias árvores e arbustos do cerrado brasileiro, da família das malpiguiáceas, do gênero Byrsonima, de fruto comestível e propriedades medicinais. Há também muricis de praia, como o Byrsonima verbascifolia, (L.) DC., de flor amarela e fruto pequeno e ácido. 2) o fruto de tais plantas (D'Abbeville, Histoire, 224; Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 118; Piso, De Med. Bras. IV, 188)
murukuîá (s.) - MARACUJÁ, 1) nome comum a várias plantas da família das passifloráceas, gênero Passiflora; 2) o fruto de tais plantas (D'Abbeville, Histoire, 183; Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 71; Piso, De Med. Bras., IV, 197-198)
murukuîaeté (etim. - maracujá verdadeiro) (s.) - variedade de MARACUJÁ, planta da família das passifloráceas, do gênero Passiflora (Piso, De Med. Bras., 197-198)
murukuîagûasu (ou murukuîaûasu) (etim. - maracujá grande) (s.) - MARACUJÁ-AÇU, 1) nome que designa uma variedade de maracujá, planta trepadeira da família das passifloráceas (Passiflora quadrangularis L), com frutos enormes, bem como, de modo geral, todas as espécies de plantas do gênero Passiflora (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 70; Piso, De Med. Bras., IV, 197-198); 2) laranja: -Ma'epe ereîpotar? -...Îetyka, komandaûasu, komandá-mirĩ, murukuîaûasu, ma'e tiruã. -Que queres? -Batata-doce, favas grandes, feijões, laranjas, quaisquer coisas. (Léry, Histoire, 347)
murukuîamirĩ (etim. - maracujá pequeno) (s.) - MARACUJÁ-MIRIM, a espécie mais comum de maracujá (Passiflora edulis Sims), planta trepadeira da família das passifloráceas. Considerava-se ter propriedades abortivas e medicinais. (Piso, De Med. Bras., IV, 198)
murukuîapiruna (etim. - maracujá de pele escura) (s.) - variedade de MARACUJÁ, planta da família das passifloráceas, do gênero Passiflora (Piso, De Med. Bras., 197-198)
musiku - o mesmo que musiky (v.) (Piso, De Med. Bras. III 173)
musiky (ou musiku) (s.) - água-viva, medusa, alforreca, "excreção transparente do mar, lindamente vermelha e mui lisa, semelhante a umas bolhas de variada figura, ora oval, ora quase triangular.... Os que andam pelas praias descalços,... pisando essa bolha venenosa, sentem ardor acentuado e doloroso nas plantas dos pés". (Piso, De Med. Bras., III, 51; Sousa, Trat. Descr., 294)
naná (s.) - 1) ANANÁS, ANANASEIRO, ANANÁ, planta da família das bromeliáceas (Ananas comosus (L.) Merr.), cultivada ou selvagem. Também é conhecida como ANANÁ, ANANAS, NANÁS, NANASEIRO, abacaxi-branco, abeiras. (Thevet, Les Sing. de la France Antart., 89); 2) o fruto do ananaseiro (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 33; Piso, De Med. Bras., IV, 191) ● naná-'y - NANAÚ, NANAUÍ, licor de ananás, bebida fermentada que os índios faziam com tal fruta (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 274; VLB, II, 146); naná-kakaba - ananás amadurecido pela força do calor e que não é bom para ser comido (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 33)
nhambugûasu2 (etim. - nhambu grande) (s.) - mamoneira, carrapateira ou rícino, nome comum a várias plantas euforbiáceas, dentre as quais a espécie Ricinus communis L. (Piso, De Med. Bras., IV, 192-193)
nhandy2 (ou nhandu) (s.) - NHANDI, NHANDU, nome aplicado a diversos arbustos da família das piperáceas, dentre os quais a espécie Piper marginatum Jacq. Tais plantas são também chamadas de betel, betre, bitre, pimenta-do-mato, pimenta-dos-índios, capeba-cheirosa. (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 75; Piso, De Med. Bras., IV, 194)
paîemirĩoba - o mesmo que paîemarioba (v.) (Piso, De Med. Bras., IV, 190-191)
paraturá (s.) - PARATURÁ, erva ciperácea, comum em grande parte do litoral marítimo do Brasil (Piso, De Med. Bras., IV, 201; Theat. Rer. Nat. Bras., II, 185)
pesibira (s.) - nome de planta canácea, provavelmente Cana glauca L., denominada vulgarmente MBERI, MERI, BERI, BIRI, IMBIRI ou albará, de propriedades medicinais (Piso, De Med. Bras., 202)
pîaîuba (etim. - piaba amarela) (s.) - nome de um peixe fluvial (Piso, De Med. Bras., I, 154)
pinda'yba1 (etim. - pé de anzol) (s.) - PINDAÍBA, PINDAÚVA; o mesmo que pena'yba (v.) (Piso, De Med. Bras., IV 185)
pixuna (s.) - nome de uma abelha (Piso, De Med. Bras. IV, 178)
potisoba (etim. - merda-folha) (s.) - erva-púlgera ou erva-do-bicho, planta poligonácea (Polygonum punctatum Elliott), de muitas aplicações na medicina popular brasileira, como vermífugo, antifebril e excitante geral. É também chamada cataia ou persicária-do-brasil. (Piso, De Med. Bras., IV, 196)
sapé (s.) - SAPÉ, SAPÊ, JUÇAPÉ, nome comum a plantas gramíneas do gênero Imperata (I. brasiliensis Trin. e Imperata contracta (Kunth) Hitchc.), esta última conhecida como SAPÊ-MACHO. Suas folhas são muito utilizadas para a cobertura de habitações rústicas. Cresce em terrenos pobres e é mal aceito pelo gado como alimento. (Piso, De Med. Bras., IV, 194)
sebypyragûasu (etim. - sucupira do fruto grande) (s.) - variedade de SUCUPIRA, planta leguminosa faboídea do gênero Bowdichia (Piso, De Med. Bras., IV, 188) (v. tb. sebypyra)
sebypyramirĩ (etim. - sibipira do fruto pequeno) (s.) - variedade de SUCUPIRA (v. sebypyra) (Piso, De Med. Bras., IV, 188)
sere'ybuna (etim. - planta escura dos siris) (s.) - SEREIBUNA, mangue-amarelo (Avicennia germinans (L.) L.), planta verbenácea dos manguezais, também conhecida como sereitinga, guapirá, mangue guapirá, mangue branco e MANGUE-SERIVA (Piso, De Med. Bras., IV, 200)
sioba (s.) - CIOBA, CARANHO, peixe da família dos lutjanídeos (Piso, De Med. Bras., 154)
sûasumandi'yba (etim. - mandioca de veado) (s.) - variedade de mandioca silvestre, de crescimento espontâneo, arbusto arborescente muito semelhante à mandioca comum. Talvez seja a Manihot pusilla Pohl ou a Jatropha sylvestris Vell. (Piso, De Med. Bras., IV, 178)
sugûasuremi'u (etim. - comida de veado) (s.) - nome de raízes silvestres semelhantes à mandioca (Piso, De Med. Bras. IV, 178; Theat. Rer. Nat. Bras., II, 170)
taîa1 (s.) - ardor, requeimação (p.ex., da pimenta); travo (Fig., Arte, 75; Anch., Arte, 14); (adj.: taî) - ardido (fal. de pimenta, etc.) (Anch., Arte, 14); travoso; (xe) requeimar (como a pimenta, a mostarda, etc.): Taî. - Ela requeima. (VLB, II, 93); ka'a-taîa - "folha ardida" (Piso, De Med. Bras., 199)
tangaraká (lit, folha de tangarás) (s.) - TANGARACÁ, erva-do-rato, nome dado a várias ervas rubiáceas dos gêneros Psychotria e Palicourea, todas elas caracterizando-se pela elevada toxidez; suas flores e frutos são venenosos e têm como antídoto suas próprias raízes. Também designa uma pequena erva da família das nictagináceas (Boerhavia hirsuta Jacq.) (Piso, De Med. Bras., IV, 193; Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 60; Theat. Rer. Nat. Bras., II, 224)
tapesyma (s.) - var. de mandioca (Piso, De Med. Bras. IV, 177)
tapeti2 (ou tapiti) (s.) - TIPITI, cilindro feito de folha de palmeira, usado pelos índios para espremer a massa da mandioca ralada (Piso, De Med. Bras. IV, 177) (o mesmo que tepiti - v.)
tapi'irapekũ (etim. - língua de vaca) (s.) - TAPIRAPECU, língua-de-vaca (Chaptalia nutans (L.) Pol.), planta composta empregada na medicina popular como tônico abstergente e emoliente, sendo que as folhas aquecidas são colocadas sobre as têmporas para combater as cefaléias e provocar sono. Era também chamada erva-do-fígado. (Piso, De Med. Bras., 200)
tapura'ybá (etim. - fruta da anta < tapi'ira + 'ybá) (s.) - TAPIRIBA, TAPEREBÁ, nome de árvore do norte do Brasil, o mesmo que CAJÁ (v. akaîá) (Piso, De Med. Bras. IV, 178)
tare'imboîa (etim. - traíra cobra) (s.) - TRAIRABÓIA, TRAIRAMBÓIA, cobra-d'água, réptil ofídio da família dos colubrídeos, de uma braça de comprimento e da grossura de uma perna (D'Abbeville, Histoire, 253v; Piso, De Med. Bras., III, 171); ..."Criam nos rios, sem saírem à terra.... São amarelas e muito compridas e grossas." (Sousa, Trat. Descr., 260)
tata'yba1 (etim. - planta de fogo) (s.) - TATAÚBA, árvore da família das moráceas (v. tataîyba) (Piso, De Med. Bras., I, 151)
timbó (s.) - TIMBÓ, nome comum a certas plantas das leguminosas (especialmente a Dahlstedtia pinnata (Benth.) Malme e espécies dos gêneros Derris e Lonchocarpus) e das sapindáceas (dos gêneros Magonia e Serjania) que, por suas propriedades tóxicas, são utilizadas para induzir entorpecimento em peixes e, por isso, usadas para pescar. São lançadas na água após serem maceradas, fazendo que os peixes possam ser apanhados à mão. (Cardim, Trat. Terra e Gente do Brasil, 50; Piso, De Med. Bras., IV, 201)
timbogûasu (etim. - timbó grande) (s.) - TIMBÓ-AÇU, variedade de barbasco, grande cipó da floresta de várzea, nome comum às plantas Magonia pubescens A. St.-Hil., da família das sapindáceas, e Deguelia scandens Aubl., da família das leguminosas (Piso, De Med. Bras., IV, 201)
tipi (s.) - TIPI, PIPI, planta fitolacácea (Petiveria alliacea L.), de cheiro forte. Também é chamada erva, guiné ou raiz-da-guiné. (Piso, De Med. Bras., 201)
tubuna (s.) - nome de uma abelha da família dos meliponídeos (Piso, De Med. Bras. IV, 178)
tuîuba (s.) - TUJUBA, TUJUVA, TUIÚVA, var. de abelha da família dos meliponídeos (Piso, De Med. Bras. IV, 178)
tupãypy2 - o mesmo que urukatu (v.). (Piso, De Med. Bras., IV, 202)
tupeir (v. intr.) - varrer ● tupeisaba - tempo, lugar, instrumento, etc. de varrer (Piso, De Med. Bras., IV, 199)
tupeisaba (etim. - instrumento de varrer) (s.) - TUPIXABA, TUPIÇABA, TAPIXABA, vassourinha, planta escrofulariácea (Scoparia dulcis L.), de cujos ramos enfeixados se fazem vassouras simples, úteis para se varrerem terreiros. É muito empregada na medicina popular como emoliente, béquica e febrífuga. (Piso, De Med. Bras., IV, 199)
typy'oka (s.) - TAPIOCA, subproduto da mandioca (Piso, De Med. Bras., III, 173)
typy'okaẽ (s.) - subproduto da mandioca (Piso, De Med. Bras., III, 171)
typy'oketõ (s.) - bolo feito com a água da farinha depositada pela manipueira (Piso, De Med. Bras. IV, 177)
u'i (s.) - farinha (feita pelos índios com raspas espremidas de raízes como a mandioca ou a macaxeira) (D'Abbeville, Histoire, 305): Ere'upe so'o... u'i rerekóbo nhẽpe...? - Comeste carne de caça, tendo farinha? (Ar., Cat., 111); Aîeruré u'i resé. - Peço por farinha. (D'Evreux, Viagem, 144) ● u'i-abiruru - farinha feita de mandiopuba (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 67); u'i-atã (ou u'itã) - farinha dura de raízes, principalmente de mandioca, feita com a mistura da mandioca apodrecida, antes de seca, com a mandioca seca e com a fresca; farinha de guerra, isto é, a que se levava para as batalhas para nutrir os índios (Staden, Viagem, 142); farinha de mandioca seca (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 67); u'i-apu'a - pelouros grandes que se faziam da mandioca curtida, com que depois davam cor à farinha de guerra (VLB, II, 71); u'i-esakûatinga - var. de farinha menos torrada e durável que a u'i-atã, por ser menos cozida (VLB, I, 135; Vasconcelos, Crônica [Not.], II, §73, 148); farinha de mandioca quase seca (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 67); u'i-îará - var. de farinha: Eîori u'i-îará gûabo. - Vem para comer farinha. (Fig., Arte, 141); u'ipeba - farinha fresca retirada da mandiopuba (Piso, De Med. Bras. IV, 177); u'i-puba - farinha puba, farinha d'água, ou seja, de mandioca curtida, que se espremia no tipiti e que se passava pela urupema (VLB, I, 135); u'i-puku - var. de farinha de mandioca (VLB, I, 114); farinha feita de mandiopuba; bolas de farinha puba feitas com as mãos e secadas ao calor do sol (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 67); u'i-syka - farinha de mandioca seca (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 67); u'i-tinga - farinha de mandioca ainda mole, meio cozida (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 67)
u'ipeba (etim. - farinha achatada) (s.) - farinha delicada e de melhor qualidade, preparada a partir da mandiopuba (Piso, De Med. Bras., 62)
una1 (s.) - espécie de MARACUJÁ (Piso, De Med. Bras., IV, 197)
urapegûasu (s.) - jito, planta meliácea (Guarea macrophylla subsp. tuberculata (Vell.) T.D. Penn.), de cuja raiz é extraído um remédio de efeito purgativo (Piso, De Med. Bras., IV, 188)
urukatu (s.) - URUCATU, planta da família das amarilidáceas, de espécie indeterminada, que nasce sobre outras árvores e também no chão. Tem um bulbo muito grande e útil. Secreta uma seiva, que é potável. Segundo Piso, é o mesmo que tupãypy (v.). (Piso, De Med. Bras., IV, 202; Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 35; 104)
urukuri (s.) - URUCURI, OURICURI, ARICURI, ALICURI, ARICUÍ, IRICURI, URICURI, LICURI, URUCURIIBA, LICURIZEIRO, NICURI, nome comum a duas palmáceas: 1) Syagrus coronata (Mart.) Becc., palmeira mediana da costa leste do Brasil. Dá a farinha-de-pau, bom alimento aos que andavam pelo sertão. "Não são muito altas e dão uns cachos de cocos muito miúdos.... Têm o tronco fofo, cheio de um miolo alvo e solto como o cuscuz e mole." (Sousa, Trat. Descr., 198-199); 2) palmeira de grande porte, Attalea phalerata Mart. ex Spreng., que atinge mais de 30 metros de altura e encontrada nos estados do Amazonas, Pará e Maranhão. (Piso, De Med. Bras., IV, 181) ● urukuri 'ybá - fruto do urucuri (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 274); urukuri u'i - farinha de urucuri (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 104)
urumbeba (s.) - URUMBEBA, URUMBEVA, nome comum a plantas cactáceas dos gêneros Opuntia Tournefort e Nopalea Salm. Dyck., conhecidas vulgarmente também como palmatória, IURUMBEBA, URURUMBEBA e IURUROBEBA. No Brasil as espécies mais comuns são a O. brasiliensis (Willd.) Haw. e a O. monocantha (Willd.) Haw. (Piso, De Med. Bras., IV, 195)
urupeba - o mesmo que urupema (v.) (Piso, De Med. Bras., IV, 177)
ururumbeba (s.) - var. de planta espinhosa; o mesmo que urumbeba (v.) (Piso, De Med. Bras., IV, 196; VLB, I, 67)
urutueíra (etim. - urutu-abelha) (s.) - nome comum a várias espécies de abelhas da família dos meliponídeos (Piso, De Med. Bras., IV, 178)
'ybapyranga (etim. - fruta vermelha) (s.) - nome de uma fruta (Piso, De Med. Bras., I, 11)
'ybapytanga (ou 'ubapytanga) (etim. - fruta avermelhada) (s.) - PITANGA, 1) árvore mirtácea Eugenia uniflora L.) de fruto avermelhado, também chamada PITANGUEIRA. Suas folhas são aromáticas e anti-reumáticas. 2) o fruto dessa árvore (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 109, 116; Piso, De Med. Bras., IV, 203; Brandão, Diálogos, 218; Theat. Rer. Nat. Bras., II, 146; Lourenço, Carta [1554], in Leite, Cartas, II [1957], 43)
'yba-sapé (etim., planta sapé) (s.) - SAPÉ (v. sapé) (Piso, De Med. Bras., IV, 194; VLB, II, 62)
ybyrae'ẽ (etim. - madeira doce) (s.) - 1) nome de uma árvore sapotácea nativa (Pradosia lactescens (Vell.) Radlk.), também chamada guaco, cujo fruto "é produzido cada quatriênio" (Piso, De Med. Bras., I, 6); 2) IVURANHÊ, BURANHÉM, GURANHÉM, EMIRAÉM, BURAÉM ou IVURAÉM, árvore da família das sapotáceas, de boa madeira, muito usada nos séculos XVI e XVII para a construção de navios (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 101; Brandão, Diálogos, 171)
ybyrarema (etim. - madeira fedorenta) (s.) - IBIRAREMA, nome comum às seguintes plantas fitolacáceas: 1) a Gallesia integrifolia (Spreng.) Harms, chamada também GORAREMA, GURAREMA, GUAREMA, UARAREMA, GUARAREMA ou pau-d'alho. Quando cortada sua madeira, exala fedor terrível. (Sousa, Trat. Descr., 222); 2) o cipó-d'alho, Seguiera americana L. Essas plantas "a tal ponto rivalizam com as qualidades do alho que, tocadas ainda de mui leve, recendem de acentuadíssimo cheiro bosques e casas inteiros..." (Piso, De Med. Bras., 201)
ysyka1 (s.) - goma (VLB, I, 149); leite de algum pau ou folha (VLB, II, 20); resina: kabure'ybysyka - resina de cabreúva (Piso, De Med. Bras. IV, 179); (adj.: ysyk) - resinoso: ysypó-ysyka - cipó resinoso (Theat. Rer. Nat. Bras., II, 215); (xe) ter leite, goma, resina (a árvore, a planta, etc.) (VLB, II, 20)
ysyka2 (s.) - ICICA, 1) ICICARIBA, árvore da família das anacardiáceas (Protium icicariba (DC.) Marchand), de madeira mole, o mesmo que almécega-verdadeira. "Onde está, cheira muito bem por um bom espaço.... Estila um óleo branco que se coalha. Serve para emplastos... e em lugar de incenso. (Cardim, Trat. Terra e Gente do Brasil, 42); 2) a resina extraída dessa árvore (Piso, De Med. Bras., IV, 180; VLB, I, 32)
Enxu (BA). De eîxu - var. de vespa (Piso, De Med. Bras. IV, 178).
Mandassaia (serra do RJ). De amanasãîa: mandaçaias, abelhas meliponídeas (Piso, De Med. Bras. IV, 178).
Urucuri (AM). De urukuri, urucuri, ouricuri, plantas palmáceas (Piso, De Med. Bras., IV, 181)
NOTA - No P.B., JIRAU tem, além dos sentidos acima, mais os seguintes: 1) armação de madeira sobre a qual se edificam as casas a fim de evitar a água e a umidade; 2) (p. ext.) qualquer armação de madeira em forma de estrado ou palanque; 3) cama de varas; 4) (arquit.) no interior de um compartimento, piso a meia altura que cobre, apenas parcialmente, a sua área; 5) sobreloja (in Novo Dicion. Aurélio). "JIRAO chamam no Amazonas ũa como grade de paos levantados da terra, onde costumam secar carnes, peixe, ou qualquer outra cousa (...)" (Pe. João Daniel [1757], p. 300)
patuká (v.tr.) - pisar, apisoar, bater em, machucar ● patukasaba - tempo, lugar, modo, etc. de pisar, de apisoar: ...Mboîa... o ekobé reîari o akanga patukasagûerype. - A cobra deixa sua própria vida ao pisarem sua cabeça. (Ar., Cat., 241)
Canguaretama (RN). De kangûer + etama (t): região de esqueletos. "A história de Canguaretama registra o episódio denominado "Martírio de Cunhaú", em 1645, durante o domínio holandês, quando o judeu alemão Jacob Rabi, delegado do Conde Maurício de Nassau junto a tribo dos Janduís, ali chegou, convocando os moradores para um encontro pacífico, após a missa dominical. Nesse domingo, por ocasião da elevação da hóstia, mandou que os índios invadissem a capela, matando todos os presentes, e até os que se encontravam na casa grande do engenho foram massacrados." (fonte: IBGE)
Abaremandoava (cachoeira do rio Tietê, SP). De abaré - + ma'enduar + -aba: lembrança do padre. É uma referência a um episódio da vida do padre José de Anchieta: "[...] tem várias cachoeiras, e algumas perigosas, e entre elas um salto Abaremanduaba, por cair nele o venerável Padre José de Anchieta, e ser achado dos índios debaixo da água rezando no Breviário." (desconhecido [n.d.], Cartografia das Monções dos Séculos XVII E XVIII, 118).
sapukaîa (ou 'ybasapukaîa) (s.) - SAPUCAIA, SAPUCAIEIRA, nome comum de plantas lecitidáceas do gênero Lecythis. Uma das sapucaias, de fruto grande e achatado, e talvez a mais comum, é a Lecythis pisonis Cambess., que se distingue da Lecythis lanceolata Poir., a sapucaia branca, que é uma espécie que tem o fruto oblongo. (Sousa, Trat. Descr., 192) "A madeira da árvore é muito rija, não apodrece e é de estima para os eixos dos engenhos." (Cardim, Trat. Terra e Gente do Brasil, 39)