AULETE, Francisco Júlio Caldas, Dicionário Contemporâneo da Língua Portuguesa. 2ª edição brasileira. Rio de Janeiro, 1970, 5 vols.
Gramática
Playground
Nheengatu
Mbyá
Citando
Dicionário de Tupi antigo
A língua indígena clássica do Brasil
Mostrar Conjugações
Bugi (córrego de MG). Talvez a mesma etimologia de Mogi (v.) ou, ainda, pela língua geral meridional, nome de uma erva que brota às primeiras chuvas (in Dicion. Caldas Aulete, 538).
NOTA - Daí, no P.B., ATECURI, até logo (in Dicion. Caldas Aulete).
NOTA - Daí, no P.B., ANHANGUERA, valentão (in Dicion. Caldas Aulete). Sua etimologia é "diabo velho", sendo alcunha dada por índios de Goiás ao bandeirante Bartolomeu Bueno da Silva); INHAMBUANHANGA (inhambu + anhanga, "inhambu diabo"), nome de uma ave tinamídea. Daí, também, os nomes geográficos ANHANGUERA, ANHANGABAÚ, etc. (v. p. 386).
NOTA - Daí, no P.B., TACA, pancada, bordoada (in Dicion. Caldas Aulete)
NOTA - No P.B., ITAOCA é caverna, furna, lapa (in Dicion. Caldas Aulete).
NOTA - CUNHÃ, no Maranhão, é uma mulher jovem (in Dicion. Caldas Aulete).
CURUBA pode ser, também, o bicho que provoca a sarna (in Dicion. Caldas Aulete)
NOTA - Daí, no P.B. (GO), CANGOEIRA, CANGUEIRA, leitoa magra. (In Dicion. Caldas Aulete). Daí, também, provêm os nomes geográficos CANGUERA (SP), CANGUEIRA (PR), etc. (v. p. 386).
NOTA - Daí, no P.B. (RJ), PORACÁ, cesto grande para pescaria (in Dicion. Caldas Aulete).
NOTA - Daí, no P.B., IMBETIBA, IMBITUBA, qualquer praia alta (in Dicion. Caldas Aulete).
NOTA - No P.B., CARAÍBA também designa coisa sobrenatural. (In Dicion. Caldas Aulete).
NOTA - No Amazonas diz-se BACU também a alguém barrigudo (ex Dicion. Caldas Aulete).
NOTA - Daí, no P.B. (PE), MINGAUPITINGA, mingau de mandioca puba (in Dicion. Caldas Aulete) (v. tb. a nota de (e)mi-).
NOTA - No P.B., POTABA é 1) dádiva, presente; 2) legado; 3) gorjeta (in Dicion. Caldas Aulete)
NOTA - Daí, no P.B. (AM), pelo nheengatu, SAJICA, rijo, forte, robusto (in Dicion. Caldas Aulete)
NOTA - No P.B., CAPARA é folha larga e afunilada, usada como copo (in Dicion. Caldas Aulete).
NOTA - Daí, no P.B., TEMBÉ, TEMBEZEIRA, beira de abismo; despenhadeiro (in Dicion. Caldas Aulete).
NOTA - No P.B. (N.E.), POTABA (ou POTAVA) é isca própria para apanhar pitu (in Dicion. Caldas Aulete).
NOTA - Daí, no P.B. (SP), ITÉ ('y + té, "gosto de água"), sem gosto, insípido (in Dicion. Caldas Aulete).
NOTA - No P.B., CANINANA pode ser, também, uma pessoa ruim, de mau gênio (In Dicion. Caldas Aulete).
NOTA - No P.B. (N.), TECÓ é 1) cacoete, sestro; 2) hábito, modo de ser habitual (in Dicion. Caldas Aulete).
NOTA - Daí, no P.B. (AM), MANICUJÁ (canteiro de mani), cova para plantar a maniva (Dicion. Caldas Aulete).
NOTA - Essa interjeição passou para o P.B. na forma TATE - Cuidado! Cautela! (In Dicion. Caldas Aulete).
NOTA - Daí, no P.B. (N.E., pop.), JIÇUÍ (îe- + syî, "arrepiado" (falando-se da epiderme) (In Dicion. Caldas Aulete). (v. tb. syî)
NOTA - Daí, no P.B. (N.E., pop.), JIÇUÍ (îe- + syî, "arrepiado" (falando-se da epiderme) (In Dicion. Caldas Aulete). (v. tb. îesyîa)
NOTA - Daí, no P.B., TETETÉ, 1) reincidente; 2) (adv.) a miúdo, amiúde, frequentemente (in Dicion. Caldas Aulete)
NOTA - No P.B., MORUBIXABA pode ser, também, chefe político, coronel, mandachuva (In Dicion. Caldas Aulete).
NOTA - No P.B., ENXU pode ser também a casa ou a colmeia feita por essa vespa (ex Dicion. Caldas Aulete).
NOTA - No P.B., PAJÉ também significa 1) mandachuva; 2) (Amaz.) benzedor, curandeiro (in Dicion. Caldas Aulete).
NOTA - Daí, no português do Brasil (SP), PEÚVA, pessoa maçante, maçador, importuno (in Dicion. Caldas Aulete).
TIMBÓ, no P.B. (SP, fig. pop.) é também lassidão, moleza, entorpecimento dos membros (apud Dicion. Caldas Aulete).
NOTA - No P.B., EMBIRA (ou ENVIRA) também é qualquer casca ou cipó usados para amarrar (in Dicion. Caldas Aulete).
NOTA - Daí, no P.B., TIRIÚMA (tyre'yma, "sem acompanhamento"), solitário, só, desacompanhado (in Dicion. Caldas Aulete).
NOTA - Daí, no P.B., TUCURUVA (SP) cupinzeiro abandonado pelas formigas que o construíram (in Dicion. Caldas Aulete). Daí, também, os nomes geográficos TUCURUVI (bairro de São Paulo, SP), TUCURUÍ (AM), etc. (v. p. 386).
NOTA - Daí, no P.B., as palavras ANGA (PE), mau-olhado, enguiço; ANGATECÔ (AM), susto, sobressalto. (in Dicion. Caldas Aulete)
NOTA - MUMBAVA pode ter outros sentidos correlatos: 1) agregado; 2) apaniguado; 3) capanga (in Dicion. Caldas Aulete).
NOTA - Daí, no P.B., as palavras CICA, adstringência peculiar a certas frutas; travo, travor (in Dicion. Caldas Aulete); ACAJUCICA ("resina de cajueiro"); CURURUCICA ("goma de sapo"), certa resina medicinal; JAUARICICA ("goma de onça"), espécie de resina escura, empregada como breu ou betume; OITICICA ("oiti resinoso"), árvore da família das rosáceas, etc.
NOTA - Daí, no P.B. (AM), pelo nheengatu, MEUÃ, careta: fazer MEUÃ, "fazer careta" (para intimidar) (in Dicion. Caldas Aulete).
NOTA - Daí, no P.B. (PA, MA), TAPUÍSA, choça ou rancho improvisado por caçadores ou exploradores. (in Dicion. Caldas Aulete)
NOTA - Daí, no P.B. (AM), pela língua geral setentrional, MEUÊ-MEUÊ (adv.), mais ou menos, assim, assim (in Dicion. Caldas Aulete).
NOTA - Daí, no P.B. (S.) o verbo ACOCAR, fazer mimos em; mimar, acariciar; ACOCAÇÃO, carinho, mimo; dengues. (in Dicion. Caldas Aulete)
NOTA - Daí, no P.B., BORBOREMA (yby + mbor + e'ym + -a, "terra sem habitantes"), lugar despovoado, estéril (in Dicion. Caldas Aulete), donde o nome da Serra da BORBOREMA, no Nordeste; CAIPORA (ka'a + pora, "habitante da mata"), nome de entidade mitológica do Brasil, mas não mencionada nos textos quinhentistas; CAAPORA (Amaz.), homem do mato, roceiro.
NOTA - Daí, no P.B., SACÃ (SP); SACANGA; SACAÍ (PA), graveto, galho seco; acendalha: Foi apanhar SACANGA no mato. (in Dicion. Caldas Aulete)
NOTA - Daí, no P.B. (SE), os adjetivos ACAJIBADO e ACAJIPADO, significando deformado pelo uso; envelhecido. (in Dicion. Caldas Aulete)
NOTA - TINGUI é, também, outro nome dado, no sul do Brasil, ao que nasce no estado do Paraná; paranaense (in Dicion. Caldas Aulete).
NOTA - Daí, no P.B., TIGUERA, roça de milho ou de outras plantações anuais depois de efetuada a colheita (in Dicion. Caldas Aulete).
NOTA - Daí, PACOBAÍBA (nome de localidade do RJ) (v. p. 386). No P.B., PACOVA pode ser, ainda, um moleirão, um toleirão (in Dicion. Caldas Aulete).
NOTA - MUQUIRANA passou também a significar, no P.B., pessoa maçante e, principalmente em São Paulo, pessoa avara (in Dicion. Caldas Aulete). (v. também a nota referente a kyra1.
NOTA - Daí se origina, no P.B., BORBOREMA (yby + mbora + e'ym + -a, "terra sem habitantes"), lugar despovoado, estéril (in Dicion. Caldas Aulete), donde o nome da SERRA DA BORBOREMA, no nordeste do Brasil (v. p. 386).
NOTA - No P.B. de hoje, CARIMÃ também significa 1) bolo de farinha de mandioca; 2) farinha de mandioca fina e seca (In Dicion. Caldas Aulete).
NOTA - Daí, no P.B., MEMBI, MEMI, MEMBÉ, MIBU, MIMÔ, MUBU, MUMU, flauta indígena, feita de ossos de animais ou de pessoas (in Dicion. Caldas Aulete).
NOTA - Daí provém, no P.B. (PR), TOPITÁ, corte de folhas de erva-mate que se deixa para ser completado no dia seguinte. (in Dicion. Caldas Aulete)
NOTA - Daí, no P.B., pelo nheengatu, MUTÁ, MUITÁ, MUTÃ, escada tosca empregada pelos seringueiros para trepar às árvores (in Dicion. Caldas Aulete).
NOTA - Daí, no P.B. (PE pop.), MAPIRONGA (ma'e + pi(r) + ungá, "coisa que aperta a pele"), espinha; furúnculo; MUÇUNGA, beliscão (in Dicion. Caldas Aulete).
NOTA - Daí, no P.B., AIBI (BA) ('y +aibĩ, "rio desprezível"), riachinho que, na região costeira, sofre a influência das marés (in Dicion. Caldas Aulete).
NOTA - Daí, no P.B. (N.), POAÇU, PUAÇU (pó + ûasu, "fibras grandes"), espécie de tecido de algodão em algumas regiões amazônicas (in Dicion. Caldas Aulete).
NOTA - Daí, no P.B. (CE), PICICA (py + syk + -a, "toca o pé"), 1. fedelho, meninote; 2. (N) pessoa muito baixa; 3. coisa insignificante (in Dicion. Caldas Aulete)
NOTA - Daí, no P.B. (PE), coisa de pouca monta, pequena quantia (por alusão às espécies pequenas (desse peixe), usadas como isca) (in Dicion. Caldas Aulete). Daí, também, o nome do estado do PIAUÍ (v. p. 386).
NOTA - Daí, PAMONÃ, prato do sertão nordestino preparado com farinha de milho ou de mandioca, feijão, peixe ou carne; revirado. (in Dicion. Caldas Aulete)
NOTA - No P.B. (NE), PEITICA é, também, 1) brincadeira de mau gosto; impertinência; 2) pessoa impertinente, maçadora; pessoa importuna (in Dicion. Caldas Aulete).
De pirûera (v. acima) provém PAU-PEREIRA, PAU-PEREIRO, árvore apocinácea que dá casca muito amarga, de propriedades medicinais (in Dicion. Caldas Aulete).
NOTA - Daí, no P.B. (S. e MT), ITAIMBÉ, ITAMBÉ, TAIMBÉ (itá + aembé, "pedras afiadas"), despenhadeiro, precipício; monte agudo e escarpado (in Dicion. Caldas Aulete). Daí, também, o nome geográfico ITAMBÉ (BA) (v. p. 386).
NOTA - Daí, no P.B. (SP), URUMBEBA, URUMBEVA (uru + peb + -a, "uru da perna curta" - v. peba, nota), sujeito crédulo, fácil de ser enganado (in Dicion. Caldas Aulete).
No P.B., JENIPAPO pode ser, também, mancha escura na parte inferior da região dorsal das crianças, tida como sinal de mestiçagem (in Dicion. Caldas Aulete).
NOTA - Daí, no P.B., MARABÁ, 1) filho de francês com índia; 2) mestiço de índio com branco; 3) (Amaz.) filho das ervas, i.e., de pai desconhecido (in Dicion. Caldas Aulete). Daí, também, o nome do município de MARABÁ (PA) (v. p. 386).
NOTA - Daí, no P.B. (Sul), CAMBUQUIRA (ka'a + umbykyra, "rabadilhas de folhas"), grelos de aboboreira que se comem guisados com outras ervas (in Dicion. Caldas Aulete)
NOTA - Daí, no P.B., AÍVA: 1) ruim, mau; 2) mofino; 3) adoentado; 4) desorientado, fora de si; 5) pessoa ou coisa insignificante; 6) doença incurável (in Dicion. Caldas Aulete); CAÍVA, CAÍBA, mato carrasquento; terreno pobre, impróprio à cultura; PIRAÍBA ("peixe ruim"), nome de um peixe pimelodídeo. Daí, também, os nomes geográficos PARAÍBA, PARANAÍBA, ABAÍBA, etc. (v. p. 386).
NOTA - Daí, no P.B., PUAVA, 1) arisco, bravio; 2) (fig.) raivoso, colérico, irado; 3) (s.) pessoa ou animal puava; arisco; 4) indivíduo valente, destemido (In Dicion. Caldas Aulete). Daí, também, o nome geográfico APIAÍ (SP) (v. p. 386).
NOTA - Daí, no P.B. (Amaz.), MIXIRA, conserva de peixe-boi, de tambaqui ou de tartaruga nova, temperada com azeite do próprio animal de que é feita (in Dicion. Caldas Aulete).
NOTA - Daí, no P.B., MARUPIARA (marã + upîara, "inimigo de coisa má") (AM), 1) pessoa feliz na caça ou na pesca; 2) pessoa afortunada em negócios ou amores (In Dicion. Caldas Aulete).
NOTA - CANINDÉ pode designar, também, no P.B., faca longa e pontiaguda usada pelos sertanejos do Ceará, em referência, certamente, ao longo bico da ave (in Dicion. Caldas Aulete).
NOTA - Daí, no P.B., TUPIA (t- + upir + -a, "levantador", "o que faz subir"), aparelho para levantar pesos, macaco; TUPIEIRO, operário que trabalha com tupia (in Dicion. Caldas Aulete)
NOTA - CUIA, no P.B., significa também: 1) (MA) abóbora-d'água; 2) (NE) medida de capacidade para gêneros secos; 3) (RS) cabaça em que se bebe a erva-mate com uma bombilha (in Dicion. Caldas Aulete). Há, também, no P.B., as expressões JUNTAR AS CUIAS, (pop.) mudar de casa; TOMAR NA CUIA DOS QUIABOS (BA, pop.), ser enganado.
NOTA - Daí, MOCORORÓ (mo- + kororõ, "o que faz roncar"), 1) nome que, no Ceará e Maranhão, dão ao suco de caju fermentado; 2) nome comum a várias bebidas fermentadas (in Dicion. Caldas Aulete)
NOTA - No P.B. (N., N.E.), PUBA também significa 1) a mandioca enterrada em lama ou posta na água até amolecer e fermentar: mingau de puba; 2) terreno úmido, coberto de capim (in Dicion. Caldas Aulete). Daí, também, CAPIMPUBA ("capim brando"), erva da família das gramíneas; PUBAR, por (mandioca) a curtir na água ou na lama; (N.) apodrecer, fermentar (in Dicion. Caldas Aulete).
NOTA - Daí se origina, no P.B. (SP), BUJIGUARA (ybỹî + ygûar + -a, "o que está no interior"), espécie de sapinhos na mucosa bucal, i.e., aftas brancas ou amareladas que ali aparecem (in Dicion. Caldas Aulete).
NOTA - Daí, no P.B., PIÁ, 1) índio jovem; 2) caboclinho; 3) menino, garoto, guri; 4) (RS) qualquer menor que, não sendo branco, ou pertencendo à classe baixa, trabalha como peão de estância (in Dicion. Caldas Aulete)
NOTA - A palavra PIQUIRA, no P.B., designa também: 1) cavalo de pequena estatura; 2) indivíduo insignificante; 3) homem baixinho; 4) miúdo (falando de peixe); 5) uma variedade de lambari (in Dicion. Caldas Aulete). Daí, também, o nome geográfico PIQUERI (v. p. 386).
NOTA - Daí, no P.B., MUIÚNA (myĩ + un + -a - "movimento escuro"), redemoinho formado na época das enchentes, no Amazonas e em seus afluentes ocidentais, sobre a curvatura das margens (in Dicion. Caldas Aulete).
NOTA - Daí, no P.B. (SP), TUPINA, valente, decidido; TUPIANA, nome proposto por Herman von IIhering para designar a região zoogeográfica que abrange o litoral brasileiro e suas matas. (in Dicion. Caldas Aulete)
NOTA - Daí, no P.B., CUMBACA (apekũ + bak + -a, "língua virada"), nome de um peixe; PINDAUACA (AM) (anzol que vira, pelo nheengatu), anzol que pende não de uma vara, mas de uma canoa em movimento (in Dicion. Caldas Aulete).
NOTA - Daí, no P.B., MUAMBA, 1) roubo feito no mar; 2) furto de mercadorias de navios ancorados e de armazéns aduaneiros; 3) negócio escuso; fraude, velhacaria, roubo; 4) Compra e venda de objetos furtados (in Dicion. Caldas Aulete). Há outros sentidos dessa palavra (cesto para transporte, carga contrabandeada etc.) que devem provir de termo do quimbundo de Angola.
NOTA - Daí, no P.B., MUCICA (NE.), empuxão que o pescador dá à linha quando sente que o peixe mordeu a isca; empuxão dado à linha do papagaio de papel; FAZER MUCICA: puxar o boi pela cauda para o derribar (in Dicion. Caldas Aulete).
NOTA - Daí, no P.B. (Amaz.), pelo nheengatu, UAIÚA, usado na locução ESTAR DE UAIÚA, vir (o peixe), de beiço inchado, respirar à tona da água, talvez por se achar corrompida a água dos rios e, não raro, morrendo (ex Dicion. Caldas Aulete).
NOTA - Daí, no P.B., PROMOMBÓ (pirá + mombor, "fazer o peixe pular"), tipo de pescaria em que os peixes são atraídos pela luz de fogueira feita dentro da canoa do pescador, fazendo-os saltar para dentro dela. (in Dicion. Caldas Aulete)
NOTA - Daí, no P.B., ARAÇANGA, BURUÇANGA, BURAÇANGA (ybyrá + asang + -a, "pau curto"), 1) cacete usado pelos jangadeiros para matar o peixe; 2) pedaço de madeira para bater a roupa que se lava; 3) pau de bater algodão (in Dicion. Caldas Aulete)
NOTA - Daí se originam os nomes geográficos TABATINGUERA, antiga rua de São Paulo (SP) e TABATINGA (AM), este último pelo nheengatu (v. p. 386). TABATINGA, no P.B. (GO), pode ser também terra argilosa de cores variegadas (in Dicion. Caldas Aulete).
NOTA - Daí, no P.B. (Amaz.), JUPIÁ ('y + upîa(ra), "água inimiga"), redemoinho de água num rio; voragem; MARUPIARA (marã + upîara, "inimigo de coisa má"), 1) pessoa feliz na caça ou na pesca; 2) pessoa afortunada em negócios ou amores. (In Dicion. Caldas Aulete)
NOTA - Daí, JACUBA (nome de rio de SP) (v. p. 386). Daí, também, no P.B., JACUBA, 1) café engrossado com farinha de mandioca; 2) bebida preparada com água, farinha de mandioca, açúcar ou mel e, às vezes, com um pouco de cachaça; tiquara (in Dicion. Caldas Aulete)
NOTA - Daí, no P.B. (NE), IGUPÁ ('y + upaba, "lugar em que jaz a água"), brejo ou lagoeiro produzido pelas águas pluviais; OPABA (BA), terreno arenoso, à beira-mar, que se torna alagado no inverno; PAVUNA (S.), vale profundo e escarpado (In Dicion. Caldas Aulete); ITAIPAVA (itá + upaba, "lagoa das pedras") (ou ITAUPABA, ITAUPAVA, ITAIPABA, ENTAIPAVA, ITUPAVA), rocha que atravessa um rio de margem a margem, causando turbulência na corrente. (In Dicion. Caldas Aulete). Palavra que tem origem na língua geral meridional, do século XVIII: "Este primeiro rio, a que chamam Tieté, é o mais cheio de cachoeiras e das peores. O fundo d'elle é quasi todo pedra, quando esta é assentada por igual, mas com pouco fundo, de modo que algumas partes era calháo, onde roçam as canoas; chamam a isto ITAUPABA..." (D. Antonio Rolim [1751], Relação da Viagem que fez o Conde de Azambuja, D. Antonio Rolim, da Cidade de São Paulo para a Villa de Cuyabá em 1751.)
NOTA - Daí, no P.B., JACUMAÍBA, JACUMAÚBA (PA e MA, pela língua geral setentrional) (îakumã + 'yba, "comandante do jacumã", i.e., do lugar de guiar a canoa), piloto de canoa que navega pelas baías e lagos onde a navegação é arriscada (in Dicion. Caldas Aulete): "O jacumaúba amazonense... ficou largo tempo constrangido entre as barracas dos rios" (Euclides da Cunha, in À Margem da História. Ed. Martins Fontes, São Paulo, 1999); CÃIBA (akang + 'yba, "comandante de cabeça"), cada uma das partes laterais do freio dos animais de montaria.
NOTA - Daí, no P.B., GAPUIA (AM), modo de pescar em que se faz a moponga, i. e., se bate a água do rio para que o peixe vá para junto da mucuoca (in Novo Dicion. Aurélio); GAPUIAR, pescar nos baixios, usando o arpão ou a flecha e um tanto ao acaso. (in Dicion. Caldas Aulete)
NOTA - Daí, no P.B., JAIBARA, JABARA, JEBARA, JARIBARA ('yb + 'ari + 'yb + 'ara - queda de paus sobre paus), 1) galhada de árvores caídas que ficam presas às ramagens de outras e cobertas de trepadeiras e epífitas; 2) (GO) trecho de vegetação arbustiva ou herbácea, à margem de um rio (in Dicion. Caldas Aulete).
NOTA - Daí provêm, no P.B., IBIRAREMA (ybyrá + rem + -a, "árvore fedorenta"), nome de uma árvore fitolacácea; SAPOREMA, SAPORÉ (sapó + rem + -a, "raízes fedorentas"), nome de uma doença que ataca certas plantas, como a mandioqueira; SAQUAREMA (sakurá + rem + -a, "caramujo fedorento"), o mesmo que caipira (in Dicion. Caldas Aulete) e também nome de uma lagoa do Rio de Janeiro.
NOTA - Daí, no P.B., IPECUPINIMA (ipekũ + pinim + -a, "pica-pau manchado"), nome de uma ave pícida; ARATUPINIMA ("aratu pintado"), var. de aratu; AMOREPINIMA ("moréia manchada"), peixe gobiídeo preto e manchado de amarelo, etc. Na gíria, PINIMA é 1) praga (coisa daninha ou fatal); 2) implicância, birra, embirrância (in Dicion. Caldas Aulete).
NOTA - Daí, no P.B. (AM), TIPUCA (ty + puk + -a, "líquido arrebentado"), o último leite que sai da teta das vacas, muito grosso e gorduroso; apojo; TIQUARA (ty + pûar + -a, "caldo batido"), bebida preparada com água, farinha de mandioca, açúcar ou mel e, às vezes, com um pouco de cachaça; qualquer bebida refrigerante (in Dicion. Caldas Aulete). Daí provêm, também, os nomes geográficos TIETÊ (SP), TIJUCA (RJ), etc. (v. p. 386).
NOTA - Daí, no P.B., COROCA, CURUNGO, COROIA, CURUCA (s. e adj.). P.ex., velha COROCA, isto é, velha resmungona, velha caduca. CURUCA também passou a designar agitação de peixes que vêm à flor da água na época da desova, donde o nome geográfico PIRACURURUCA (AM), rumor da passagem de cardumes de peixes de um igarapé a outro, na época das cheias (in Dicion. Caldas Aulete).
NOTA - Desse termo originam-se muitos nomes geográficos no Brasil: PERNAMBUCO, PARANAGUÁ, etc. (v. p. 386). Na língua geral setentrional e na meridional, paranã passou a significar rio (Arronches, O Caderno da Lingoa, p. 230), figurando na toponímia também com esse sentido: rio PARANAPANEMA, rio PARANÁ, JI-PARANÁ (v. p. 386). Hoje, na Amazônia, PARANÃ é braço de rio caudaloso, separado deste por uma ou mais ilhas (in Dicion. Caldas Aulete).
NOTA - Daí provêm muitas palavras do P.B.: BOIPIRANGA ("cobra vermelha"), cobra coral; ARARAPIRANGA ("arara vermelha"), ave psitacídea; CABAPIRANGA ("vespa vermelha"), marimbondo-caboclo; ITAPIRANGA ("concha vermelha"), designação comum às conchas róseas; JABUTIPIRANGA ("jabuti vermelho"), var. de jabuti; MARUPAPIRANGA ("marupá vermelho"), planta iridácea, etc. PIRANGA, no P.B., pode ser também uma variedade de barro vermelho (in Dicion. Caldas Aulete).
NOTA - Daí, no P.B. (SP, pop.), SAPIEIRA (sapypyr-era, "o que foi queimado"), quantidade de sapé e vegetais secos nas capoeiras; CAPUAVA, CAPUABA (ka'a + apy+ -aba, "lugar de queimar a mata"), 1) propriedade rural composta, em geral, de terras de semeadura, montados e casa de habitação; 2) terreno limpo para roças; 3) (RN, PB) cabana; casa mal construída ou em ruínas; 4) (SP) capoeira muito rala, de madeira branca ou só de arbustos; SAPUÁ (SP), pequena porção de terreno cultivado (in Dicion. Caldas Aulete)
NOTA - Da reduplicação de syryka (syryryka), provém, no P.B. (AM), PINDÁ-SIRIRICA ("anzol escorregadio"), 1) disfarce do anzol com penas de cores; 2) anzol com isca artificial e linha curta. Daí, também, pela língua geral meridional, a palavra XIRIRICA (ou PIRIRICA), trecho de rio onde as águas, dada a inclinação do terreno, correm céleres, e que, muitas vezes, corresponde à última etapa de uma queda-d'água; cachoeira, carreira, correntada, corrida, corredeira, rápido. (in Novo Dicion. Aurélio). PIRIRICA pode ser, também, ligeira ondulação ou tremura à superfície da água, produzida pelos peixes (in Dicion. Caldas Aulete).
NOTA - Daí, no P.B., CAPEPENA (ka'a + pẽ-pena, "ficar quebrando o mato"), 1) sinal feito na mata, quebrando-se ramos e galhos por onde se passa para se reconhecer o caminho na volta: "Governam-se pelo sol, lua e estrelas; e só quando os matos são pouco limpos por baixo ex vi dos arbustos, que nascem à sombra dos arvoredos, costumam fazer um sinal, a que chamam caapeno, que significa mato quebrado, e é o irem quebrando com a mão alguns raminhos daqueles arbustos, que vão deixando semiquebrados e dependurados, para que na volta sirvam de balizas, e mostradores, que lhes apontem o caminho pelo qual tornem a sair ao mesmo lugar. (Pe. João Daniel [1757], p. 252); 2) picada aberta deste modo (in Dicion. Caldas Aulete).
NOTA - Daí provém, no P.B. (SP), a palavra PIRACICABA, lugar que, tendo uma cachoeira ou qualquer outro acidente natural, impede a passagem dos peixes, sendo, assim, excelente pesqueiro (in Novo Dicion. Aurélio). Tal palavra surgiu mais tardiamente, na fase da língua geral meridional (século XVIII), pois, em tupi antigo, chegar por água, como fazem os peixes, é îepotar e syk é chegar por terra. No século XVIII tal distinção não existia mais. Foi justamente nesse século que foi fundada a povoação de PIRACICABA (SP), em 1767, que recebeu esse nome em referência às grandiosas quedas que bloqueiam a piracema no rio que por lá passa. Daí, também, no P.B., MUCICA (mo- + syk + -a, "o fazer aproximar-se", "puxada") (N.E.), empuxão que o pescador dá à linha, quando sente que o peixe mordeu a isca; puxão dado ao boi pela cauda para o derrubar; empuxão dado à linha do papagaio de papel. (in Dicion. Caldas Aulete)