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Dicionário de Tupi antigo

A língua indígena clássica do Brasil

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Quati (MT). De kûati, mamífero procionídeo.
kûati (s.) - QUATI, COATI, QUATI-DE-BANDO, nome comum a mamíferos carnívoros que vivem em bandos de oito a dez, da família dos procionídeos, do gênero Nasua, que aparecem em todo o Brasil, dentre os quais se destacam as espécies Nasua socialis Newied, Nasua nasua L. e Nasua narica L., esta semelhante à raposa, tendo fina cauda de até 1,20 m de comprimento (D'Abbeville, Histoire, 251; Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 228)
kûatimundé (etim. - quati de armadilha) (s.) - QUATI-MUNDÉU, macho adulto dos quatis (Nasua nasua), que foi expulso do bando. Os quatis possuem uma organização social dominada por fêmeas. No bando, além destas, somente os machos jovens são admitidos. Quando chegam à idade adulta, estes são expulsos. O macho adulto é maior e, em geral, de coloração avermelhada. Como vive desgarrado de um bando, tendo vida solitária, é mais facilmente aprisionado, donde seu nome. (Soares, Coisas Not. Bras. [ms .c], 1130-1137)
Itaquatiara (BA). A mesma etim. de Itacoatiara (v.).
Quatiara, Salto da (SP). A mesma etimologia de Itaquatiara (v.)
Quatiguá (PR). A mesma etimologia de Catiguá (v.).
Quatiguaba (CE). De kûati + 'y + 'u + -aba: lugar em que os quatis bebem água.
Quatituba (MG). De kûati + tyba: ajuntamento de quatis.
Daí, no P.B., ITAQUATIARA, inscrições feitas pelos índios pré-históricos nas pedras; QUATIARA, COTIARA, BOICOATIARA ou BOIQUATIARA (mboî + kûatiar + -a - "cobra pintada"), nome de uma serpente da família dos crotalídeos. ITAQUATIARA também é nome de muitos lugares no Brasil (v. p. 386).
gûararymá (s.) - nome de uma ave aquática (Brandão, Diálogos, 234)
Itaquaciara (SP). A mesma etim. de Itaquatiara (v.).
korine'yba (s.) - CORINDIÚBA, CORINDIBA, QUATINDIBA, nome comum a plantas arbustivas e espinescentes da família das ulmáceas, de boa madeira (Sousa, Trat. Descr., 204)
ybyîa (s.) - nome de um carnívoro aquático (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 234)
mboîkûatiara (etim. - cobra pintada) (s.) - BOIQUATIARA, cobra da família dos viperídeos (VLB, I, 76; Anch., Cartas, 124)
sarigûeîmbeîu (etim. - sarigué biju) (s.) - carnívoro aquático da família dos mustelídeos (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 234; VLB, II, 32). O mesmo que ybyîa (v.).
Categipe (MG). De kûati + îy + -pe: no rio dos quatis.
agûapé (s.) - AGUAPÉ, UAPÉ, UAPÊ, nome comum a plantas aquáticas flutuantes de flores violáceas e ornamentais, que crescem nos rios pantanosos, das quais a Eichhornia crassipes (Mart.) Solms e a Nymphaea ampla (Salisb.) DC. são as mais comuns. Também conhecidas como golfão, mururé, AGUAPÉ-DAS-LAGOAS, nenúfar, orelha-de-veado, etc. (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 23; VLB, I, 149)
Itaquaxiara (Itapecirica da Serra, SP). A mesma etimologia de Itaquatiara (v.).
îasanãgûasu (ou îasanãûasu) (etim. - jaçanã grande) (s.) - nome aplicado a várias aves aquáticas distintas (Piso, De Med. Bras., 154; Griebe, Brasil Holandês, vol. III, 79)
gûaîraká (s.) - JAGUACACACA, cachorro-d'água, lontra brasileira, mamífero mustelídeo semi-aquático, de pelos longos, pardo-acinzentados. Alimenta-se de peixes. (VLB, II, 24)
aru2 (s.) - ARU, SAPO-ARU, anfíbio anuro pipídeo que vive na água, onde se alimenta de animais aquáticos em geral (D'Abbeville, Histoire, 187)
NOTA - Daí provêm muitas palavras do P.B.: BOICAÁ (mboî + ka'a, "erva de cobra"), hortelã; BOICININGA (mboî + sining + -a, "cobra que retine"), cascavel; BOIQUATIARA (mboî + kûatiar + -a, "cobra pintada"); BOIRU (mboî + irũ, "cobra companheira"), outro nome da muçurana, que come outras cobras venenosas; BOIÚNA (mboî + un + -a, "cobra preta"), figura mitológica de índios da Amazônia, que toma a forma de cobra e faz virar as embarcações.
NOTA - Daí, no P.B. (N.E.), TAGUAÇU ("pedra grande"), pedra que serve de âncora às jangadas. Daí, também, muitos nomes geográficos: ITAPORANGA (SP), ITAPEVA (SP), ITAPOROROCA (PB), ITAQUATIARA (RJ), etc. (v. p. 386).
mboîgûasu1 (ou mboîusu) (etim. - cobra grande) (s.) - BOIGUAÇU, BOIAÇU, BOIUÇU, BOIOÇU, BOIÇU, cobra da família dos boídeos, não peçonhenta, do Brasil. Atinge até dez metros de comprimento. Vive em ambiente aquático; come peixes, aves e mamíferos, que engole, comprimindo-os. (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 239)
NOTA - Daí se originam nomes de lugares como PERI-PERI (BA), PIRITUBA (SP) (v. p. 386) e nomes de pessoa, como PERI. Daí, também, no P.B., PERI, 1) sulco formado pelo escoamento de águas em declive; 2) (MT) a parte baixa de terreno alagada pelas águas de um rio; PERIANTÃ, PARIATÃ (Amaz.), 1) lugar onde há peris; 2) ilha flutuante que desce os rios, formada de plantas aquáticas, camalote; 3) barranco flutuante despegado da margem do rio, e que desce nas enchentes, coberto de canaranas, marurés e outras plantas; matupá (in Novo Dicion. Aurélio).
Dicionário por Eduardo de Almeida Navarro