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Dicionário de Tupi antigo

A língua indígena clássica do Brasil

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pátria - tetama
aupaba2 (s.) - pátria, lugar onde se nasce (VLB, II, 68); terra de origem (VLB, II, 48)
etama (t) (s.) - 1) região, pátria, terra (habitada, onde se vive ou onde se nasce): ...Nde angaturameté erimba'e, apŷaba, morubixaba, kyre'ymbaba mondóbo xe retama pupé. - Tu foste muito bondoso, enviando homens, chefes e guerreiros, para minha terra. (D'Abbeville, Histoire, 341v); N'asé retama ruã-tepe ikó yby asé rekoaba? - Mas não é nossa pátria esta terra em que moramos? (Ar., Cat., 26); T'îasó, mbegûé... t'ixapy moxy retama. - Vamos, devagar, para queimar a terra dos malditos. (Anch., Teatro, 24); Eîori nde retamûama repîaka. - Vem para ver tua futura terra. (Léry, Histoire, 341); 2) residência, morada: T'orogûerekó, setã-me, nde pyri, tekó-puku. - Que tenhamos, em sua morada, junto de ti, a vida eterna. (Anch., Teatro, 122); Sekobîarõmbyrape temirekoeté koîpó meneté pe retãmendûara? - Devem ser substituídos a esposa ou o marido verdadeiros que estão em vossas residências? (Ar., Cat., 96); 3) viveiro, lugar onde se criam ou onde habitam animais (VLB, I, 142)
yby1 (s.) - 1) terra a) (no sentido de mundo, região, pátria): Yby îar, nde angaturameté erimba'e... - Senhor da terra, tu foste muito bondoso. (D'Abbeville, Histoire, 341v); ...Asé i angaîpaba'e ipó ikó ybype Tupã remimotara n'oîmonhangi. - Os que, de nós, são maus são os que não fazem nesta terra a vontade de Deus. (Ar., Cat., 27); ...Our kó xe yby supa rimba'e. - Veio para visitar esta minha terra outrora. (Ar., Cat., 9v); b) (no sentido de solo, matéria rochosa decomposta): Ere'upe yby? - Comeste terra? (Anch., Doutr. Cristã, II, 88); yby-pytanga - terra avermelhada, barro (VLB, I, 52); yby-oka - casa de terra (Anch., Teatro, 184, 2006); 2) chão: Sugûy turusu... ybype osyryka... - Seu sangue era muito, no chão escorrendo. (Anch., Poemas, 120); O'ar ybype. - Caiu no chão. (VLB, I, 72); 3) terra firme (em oposição a mar): Opá ybaka ereîmopó, paranã, yby abé. - Todo o céu preenches, o mar e a terra firme também. (Anch., Poemas, 128) ● mba'e ybybondûara - coisa que costuma estar no chão (Fig., Arte, 139); ybype - em baixo, na lájea (VLB, I, 110)
terra - (em seu aspecto físico, natural): yby; (no sentido de pátria): tetama
ikó1 (dem. pron. ou adj.) - 1) este (es, a, as); esse (es, a, as); isto (VLB, II, 15): N'asé retama ruã-tepe ikó yby asé rekoaba? - Mas não é nossa pátria esta terra em que moramos? (Ar., Cat., 26); ...Ikó taba apamonana. - Confundindo esta aldeia. (Anch., Teatro, 40); Iesus boîá ã ikó... - Eis que este é discípulo de Jesus. (Ar., Cat., 57); Mobype asé ikó mosanga rarine? -Quantas vezes a gente tomará esse remédio? (Anch., Doutr. Cristã, I, 208); 2) (adv.) eis que; eis que aqui (marca o presente ou o futuro com a 1ª p., excluindo a possibilidade de passado): Iesus Nazareno ikó orosekar... - Eis que procuramos Jesus de Nazaré. (Ar., Cat., 54v); Asó ikó. - Eis que vou. (Anch., Arte, 21v); Aîmonhang ikó. - Eis que aqui o faço. (Fig., Arte, 141); Aîur ikó. - Eis que venho. (Fig., Arte, 141); Orokub ikó. - Eis que aqui nós estamos. (VLB, I, 128) ● ikó-te - este outro (e não ele) (VLB, I, 130)
epenhan2 (s) (tr.) - 1) encontrar, ir ao encontro de: Eîori xe repenhana! - Vem para me encontrar. (Anch., Teatro, 176); Îandé-te, îandé retama... t'ixepenhan... - Nós, ao contrário, havemos de ir ao encontro da nossa pátria. (Anch., Teatro, 184); 2) socorrer, valer a: Asepenhan. - Socorri-o. (VLB, II, 141) ● epenhandara (t) - o que encontra, o que socorre: morepenhandara - o que socorre gente (VLB, II, 119); epenhandaba (t) - tempo, lugar, modo, etc. de ir ao encontro, de socorrer; ato de ir ao encontro, socorro: ...Tekokatu repenhandápe peîkóbo. - Vivendo para ir ao encontro da virtude. (Ar., Cat., 284, 1686)
Há, contudo, topônimos atribuídos artificialmente e que datam de poucas décadas, em ambientes em que já não mais havia falantes das línguas em que o topônimo foi atribuído. Com efeito, no século XX a frente pioneira do Brasil passou pelo oeste paulista, pelo norte e oeste paranaenses, pelo centro-oeste do país, para onde se deslocou a própria capital do Brasil. Getúlio Vargas apregoou, na década de quarenta, a Marcha para o Oeste, tendo havido a fundação de centenas de municípios nas sobreditas regiões. Pujantes cidades nelas surgiram muito tempo depois que a língua geral meridional desapareceu. Por outro lado, a primeira metade do século vinte foi marcada, no Brasil, por forte nacionalismo político, econômico e cultural. O Modernismo, surgido com a Semana de 22, a Revolução de 30, a Era de Vargas, tudo conduzia a uma busca de referenciais da pátria brasileira. Surgem tupinistas nas universidades brasileiras, alguns dos quais passarão a ter a incumbência de dar nomes aos novos municípios que se fundavam nessa época. Aparecem, assim, muitos topônimos de origem tupi no século XX. Alguns são composições corretas, da índole do tupi antigo, das línguas gerais coloniais ou do nheengatu. Outros são fruto da elaboração fantasiosa de amadores, que resolveram embrenhar-se por um campo de estudo sem conhecimento suficiente das línguas. Em alguns casos, etimologizar tais palavras é uma tarefa inútil, a de tentar atinar com significados, quando eles não existem. É o caso do nome Umuarama, cidade do Paraná, criado por Silveira Bueno a pedido de seus fundadores. Tal palavra não significa absolutamente nada. Perderia o seu tempo o pesquisador que tentasse procurar a sua etimologia. O próprio Silveira Bueno mostra-nos por quê:
Dicionário por Eduardo de Almeida Navarro