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Dicionário de Tupi antigo

A língua indígena clássica do Brasil

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ã (dem. pron.) - 1) este (s, a, as) (Fig., Arte, 85); isso: Aani ã. - Isso não. (Fig., Arte, 138); 2) eis que (assinalando o presente ou o futuro, com a 1ª e a 2ª pp., excluindo a possibilidade de passado): Opá ã îandé moaûîéû... - Eis que a todos nós vence. (Ar., Cat., 155); Xe îar, na xe angaturami ã a'emo ereîké xe py'ape. - Meu senhor, eis que eu não sou digno de que entres em meu coração. (Ar., Cat., 86v); Asó ã. - Eis que vou. (Anch., Arte, 21v)
a-1 (pref. núm.-pess. da 1ª p. do sing.): Aîur xe roka suí. - Vim de minha casa. (Anch., Poemas, 102); Asaûsub nde membyrĩ. - Amo teu filhinho. (Anch., Poemas, 102); Aîemĩngatu kó gûitupa... - Escondo-me bem, estando deitado aqui... (Anch., Teatro, 32)
-a2 (suf. de ger. com temas verbais): sepîaka - vendo-o; kaîa - queimando; saûsupa - amando-o; îukae'yma - não matando (Anch., Arte, 28v); ...Xe keranama mombaka... - De meu pesado sono despertando-me. (Anch., Poemas, 92)
-a3 (suf. nominal.): kaîa - queimada; sepîaka - a vista dele (Anch., Arte, 27); Tupana nhe'enga - a palavra de Deus (Anch., Teatro, 146, 2006)
A palavra ITORORÓ, bica d'água, (MT) pequena cachoeira ou salto, aparece também numa famosa canção folclórica do Brasil:
A maior parte dos topônimos que apresentamos nesta relação foram tomados do Índice dos Topônimos contidos na Carta do Brasil 1:1000 000 do IBGE, publicado por Vanzolini e Papavero em 1968. Selecionamos cerca de dois mil e duzentos topônimos e também alguns antropônimos e demos suas etimologias. As etimologias de muitos nomes são muito evidentes. Alguns não podem ser mais etimologizados pois foram muito alterados ao longo dos séculos. Alguns são artificiais, composições incorretas e sem nenhum valor histórico. Outros foram atribuídos artificialmente, mas são nomes pré-existentes à atribuição do nome oficial. A etimologia destes nomes tem interesse histórico pela sua antiguidade.
A busca de etimologias de topônimos pode ser uma importante ferramenta do estudo histórico quando eles foram atribuídos naturalmente por índios, caboclos ou quaisquer colonos falantes do tupi ou das línguas gerais coloniais. Revelam-nos aspectos do ambiente físico e humano do passado. Os topônimos continuam a existir, muitas vezes, mesmo depois que esse ambiente já se modificou. Com efeito, o topônimo é um verdadeiro fóssil linguístico, segundo o geógrafo Jean Brunhes. Muitos topônimos têm fácil etimologia. Outros, contudo, necessitam, para se compreender seu perfeito significado, de estudo dos mais antigos documentos históricos disponíveis para se averiguar a motivação de sua atribuição, sua mais antiga grafia ou, ainda, explicações etimológicas daqueles que falavam tupi ou as línguas gerais. Isso foi feito quando possível, neste trabalho, com emprego de grande documentação.
A etimologização de tais topônimos enriquece nosso conhecimento do passado do Brasil, revela-nos fatos que escapam às narrativas de outras épocas. Muitas vezes estaremos diante de nomes pré-cabralinos como Anhangabaú, Paraguaçu, etc., de nomes que acompanharam o avanço das entradas, bandeiras e monções como Uberaba, Cuiabá, Piracicaba, etc., de nomes que acompanharam o avanço das missões católicas às margens dos rios amazônicos, como Surubiú (atual Alenquer), Arucará (atual Portel), etc. Analisá-los é penetrar na história do nosso país.
A forma mais antiga é Corupá: "O que de prezente se deve procurar, he o descobrimento do Rio Corupá, onde está a força do gentio (...)" (Souza Deça [1619], Diversos Documentos sobre o Maranhão e o Pará, p. 345). De kurub/a + suf. -aba: lugar de seixos.
A categoria da voz em Tupi. In Logos, ano II, nº 6, Curitiba, 1947, pp. 50-53.
A reduplicação em Tupi. In Gazeta do Povo, Curitiba, 31-III-1950. Esboço de uma introdução ao estudo da Língua Tupi. In Logos, ano VI, nº 13, Curitiba, 1951, pp. 43-58.
A composição em Tupi. In Logos, ano VI, nº 14, Curitiba, 1951, pp. 63-70.
aani1 (adv.) - não (com ênfase); nunca, de maneira nenhuma, de modo algum, absolutamente (Fig., Arte, 129): Aani! Aîemoŷrõ. - Não! Irritei-me. (Anch., Teatro, 42); -Setápe asé nhemongaraíbi? - Aani. - A gente batiza-se muitas vezes? - De maneira nenhuma. (Anch., Doutr. Cristã, I, 202); -N'asé ruã-tepe o emi'urama oîmonhang? - Aani... - Mas não é a gente que faz sua comida? - De modo algum... (Ar., Cat., 27v) ● aani nhẽ - não (Fig., Arte, 134); aani rakó - não (Fig., Arte, 134); aani re'a - não é assim (de h.) (Fig., Arte, 134); aanirĩ - não é assim (de m.) (Fig., Arte, 134); aani xûémo - não (hipotético): -Nd'oîporaráî xûémop'asé mba'e amõ 'ara pupé oîkóbomo? - Aani xûémo. - Não sofreria a gente coisa alguma vivendo no mundo? - Não (sofreria). (Anch., Doutr. Cristã, I, 162); Aani xûéne - não (com relação a fatos futuros); nunca: -Oîporará bépe mba'e amõ a'epe oîkóbone? -Aani xûéne. - Sofrerão ainda alguma coisa aí vivendo? - Não. (Ar., Cat., 47); aani-xûé ipóne - não há de ser (futuro) (VLB, II, 47); aani xûé ko'yténe - nunca mais (VLB, II, 52); aani ã - isso não (Fig., Arte, 135)
1 (interj.) - ã... (Usada quando, pensando-se no que se ouve, deseja-se responder. Cala-se, porém, para não ser tido por importuno.): -Mba'epe sepyrama? -Arurĩ. -Hé... -Qual é o preço delas? -Trouxe-as por trazer. -Ã... (Léry, Histoire, 344)
este (s, a, as) - ã; kó; ang; ikó
amãpytuna (etim. - escuridão de chuva) (s.) - tempo disposto e pronto para chuva (Léry, Histoire, 359): Amãpytuna ã. - Eis que o tempo está para chuva. (VLB, I, 111)
ko'ema (ou ko'ẽ) (s.) - manhã, o amanhecer, as primeiras horas do dia: Mamõpe erimba'e te'yî-katupabẽ Îandé Îara rerasóû Kaiphás roka suí ko'em'iré? - Para onde a multidão numerosíssima levou Nosso Senhor da casa de Caifás após o amanhecer? (Ar., Cat., 58); ...Nde ko'ema, 'ara rorypabeté. - Tu és a manhã, verdadeira alegria do dia. (Valente, Cantigas, IV, in Ar., Cat., 1618) ● ko'emĩneme - ao amanhecer, de manhãzinha; ko'emĩnemebé - de manhãzinha, ao amanhecer; ko'em iã - eis que é manhã; ko'ẽ ã - eis que é manhã, eis que amanheceu; ko'ẽ kó - eis que amanheceu (VLB, I, 33); ko'ẽme - ao amanhecer (VLB, I, 102); pela manhã (Fig., Arte, 128): ...Ko'ẽme gûemi'urama resé onhemosaînana... - De manhã, cuidando de sua comida. (Ar., Cat., 11v)
eis (que) - kó; ikó; akó; iã; ã
ekó1 (t) (s.) - lei, determinação, regra, costume (VLB, II, 19): Îori, t'ereîá sekó. - Vem, para que recebas a lei deles. (Anch., Teatro, 46); Ã tekó a'ereme moreroka. - Eis que era costume, então, batizar. (Ar., Cat., 3); ...Tekó-katu aby potare'yma - Não querendo transgredir a boa lei. (Ar., Cat., 125v); ...Asé 'anga rekorama oîmonhang asébe. - As leis de nossa alma fez para a gente. (Anch., Doutr. Cristã, I, 224) ● sekoba'e - o que é costume, o que está acostumado: Sekoba'e ixé. - Eu sou acostumado. (VLB, II, 140)
4 (adv.) - assim, desse modo: Ã tekó a'ereme moreroka. Ké bŷá Îesus nongi seramo. - Eis que era costume, por ocasião disso, pôr nome. Assim, puseram como nome dele "Jesus". (Ar., Cat., 3)
umûã (ou umûan) (adv.) - já: Aîuká umûã tupi. - Matei já os tupis. (Anch., Teatro, 142); Ixé aé ã a'é umûã nakó peẽme. - Eu mesmo, como se viu, já vos disse isso. (Ar., Cat., 54v); Nde rureme aîuká umûan. - Quando tu vieste, já o tinha matado. (Anch., Arte, 21v)
moabaíb (v.tr.) - 1) dificultar: Ereîmoarûabeté ã nde rekó, i moabaípa. - Eis que estorvas muito tua vida, dificultando-a. (Anch., Doutr. Cristã, II, 94); 2) impossibilitar: ...Mendara omoarûab i moabaibuká... - Impedem os casamentos, mandando impossibilitá-los. (Ar., Cat., 127v-128); 3) ter dificuldades em: Tupã raûsupareté... n'oîmoabaíbi Tupã asé rekomonhangaba rupi o ekó. - O que ama verdadeiramente a Deus não tem dificuldades em viver segundo os mandamentos de Deus. (Ar., Cat., 41); 4) atrasar (Ar., Cat., 41) ● moabaipaba - tempo, lugar, modo, causa, etc. de dificultar, de impossibilitar, de atrasar; impossibilidade, atraso: Setá mba'e mendara moabaipaba... - São muitas as coisas que são causa de impossibilitar os casamentos. (Ar., Cat., 277); Okûabetápe erimba'e seîxu, ybakype abá só moabaîpaba? - Os anos passaram muitas vezes, causa de atraso da ida do homem para o céu? (Ar., Cat., 41)
a'emo1 (conj.) - para que: ...Xe porangeté temomã, a'emo abá xe potari... - Oxalá eu esteja muito bela, para que os homens me desejem. (Ar., Cat., 71); Xe îar, na xe angaturami ã a'emo ereîké xe py'ape. - Meu senhor, eis que eu não sou digno para que entres em meu coração. (Ar., Cat., 86v); -A'u temõ mba'eaíba mã, a'emo nhẽ xe re'õû... - Ah, quem me dera comer veneno para que eu morresse... (Anch., Doutr. Cristã, II, 102)
aûîé2 (interj.) - basta! chega! já chega!: Aûîé ã ko'yté!... - Eis que enfim já chega! (Ar., Cat., 63v); Aûîé! Xe rorybeté. - Basta! Eu estou muito contente. (Anch., Teatro, 128); Aûîé! Anhe'eng, Saraûaî! - Basta! Falo eu, Sarauaia! (Anch., Teatro, 30); Aûîé! Xe îuká îepé! - Basta! Tu me matas! (Anch., Teatro, 76); Aûîé ipó! - Já chega, certamente! (VLB, I, 53) ● Aûîé ûĩ! (ou Aûîé ã!) - Isso basta! (VLB, I, 53); Aûîé ranhẽ! - Basta já! (Fig., Arte, 135)
membek (v. intr.) - 1) amolecer, afrouxar: Xe reté ã n'oîkoetéî, omembeka. - Eis que meu corpo não está disposto, amolecendo. (Ar., Cat., 53); 2) acovardar-se: Amembek. - Acovardo-me. (VLB, I, 21); 3) derreter-se (p.ex., a cera, o metal, etc.) (VLB, I, 95)
amyîpagûama (t, t) (s.) - antepassados (de h. ou m.): Opá ã îandé moaûîéû tamyîpagûama moaûîé ymã îabé bé. - Eis que a todos nós vence, como também já venceu os antepassados. (Ar., Cat., 116)
ekotebẽ (t) (s.) - 1) angústia (VLB, I, 36); tristeza, aflição (VLB, II, 62): Naetenhẽ ã tekotebẽ xe 'anga apypyki... - Eis que grandemente a aflição oprime minha alma. (Ar., Cat., 52v); Xe resaraî tekotebẽ-eté suí! - Eu tinha-me esquecido por causa da muita aflição. (Anch., Teatro, 138); 2) necessidade; [adj.: ekotebẽ (r, s)] - angustiado, triste, necessitado: Xe py'a-ekotebẽ. - Eu tenho o coração angustiado. (VLB, I, 36) ● ekotebẽsaba (ou ekotebẽma) - lugar, tempo, causa, etc. de aflição; aflição; necessidade: I xupé o ekotebẽsaba resé oîerurébo... - Rezando a ele no tempo de sua aflição. (Ar., Cat., 65v); -Mba'e i 'upyra resé nhõpe asé îeruréû Tupã supé? -Aani; amboaé o ekotebẽsaba resé bé... -Só pelas coisas que são comidas a gente pede a Deus? -Não; também por suas outras necessidades. (Anch., Diál. da Fé, 227); ekotebẽbora (t) - aflito, angustiado: ...tekotebẽboramo oîkóbo... - estando aflito (Ar., Cat., 34)
moîepé1 (num.) - um: Opá kó mbó îabi'õ... moîepé me'enga Tupã potabamo. - A cada dez dar um como quinhão de Deus. (Ar., Cat., 78); 'Aretegûasu îabi'õ ã mundepora moîepé peîmosemukar ixébe îepi... - Eis que a cada Páscoa um prisioneiro fazeis-me libertar sempre. (Ar., Cat., 59v) [o mesmo que oîepé1 (v.)]
îuru1 (s.) - boca (Castilho, Nomes, 32): Nde îurupe nhõtemo ã ererekó. - Em tua boca somente tens isso. (D'Abbeville, Histoire, 350); Aîîuru-mopen nhe'engixûera. - Quebro a boca de um tagarela. (Fig., Arte, 88); I îurupe nhõ Tupã rerobîara ruî. - A crença em Deus está somente em suas bocas. (Anch., Teatro, 30) ● îuru-boka - boca entreaberta (como a ostra com a enchente ou alguém que dorme): Xe îuru-bok. - Eu estou com a boca entreaberta. (VLB, I, 18); îuru-pyk - tapar a boca a: Aîuru-pyk. - Tapei-lhe a boca; îuru-py-pyk - ficar pondo comida, aos poucos, na boca de (p.ex., na boca de um doente) (VLB, II, 124)
peẽme (pron. pess. dat. de 2ª p. pl.) - a vós, para vós: Ixé aé ã a'é umûã nakó peẽme... - Eu mesmo, como se viu, já vos disse isso. (Ar., Cat., 54v)
'aretegûasu (etim. - grande feriado) (s.) - Páscoa: 'Aretegûasu îabi'õ ã mundepora moîepé peîmosemukar ixébe îepi... - Eis que a cada Páscoa um prisioneiro fazeis-me libertar sempre. (Ar., Cat., 59v)
marane'yma (etim. - sem doença) (s.) - 1) saúde, incolumidade: T'e'i nhẽ ã xe boîá o marane'yma rerasóbo rõ. - Deixai, pois, estes meus discípulos irem com saúde. (Ar., Cat., 54v); 2) incorruptibilidade, conservação, virgindade: Sepîakypyra niã aîpoba'e re'õmbûera o marane'yma rerekó... - Eis que são vistos os cadáveres daqueles manterem sua incorruptibilidade. (Ar., Cat., 179v); (adj.: marane'ym) - saudável, incorrupto, virgem: ...A'erame'ĩ i mbo'ar'iré, omarane'ymamo. - Igualmente, após dá-lo à luz, estando virgem. (Ar., Cat., 35); ...Kunhã-kûare'yma ...gûeté-marane'yma bé ogûeromanõba'epûera... - Mulheres virgens que morreram com seu corpo incorrupto. (Ar., Cat., 161v)
mopanem2 (v.tr.) - desgraçar, tornar desventurado, fazer fracassar: Anhẽ ã aîpó tekó îandé mopanem-y-îara. - Eis que, na verdade, esse ato é o que tem o dom de nos fazer fracassar. (Anch., Teatro, 158, 2006)
erok1 (s) (v.tr.) - 1) mudar de nome; dar ou pôr nomes; pôr novo nome: Ã tekó a'ereme moreroka. - Eis que era costume, então, dar nome às pessoas. (Ar., Cat., 3); Ereîamotare'ymype nde rapixara, serok-y -bé-kybémo? - Detestaste teu próximo, ficando a pôr-lhe nomes também? (Anch., Doutr. Cristã, II, 88); 2) batizar: N'asé reroki bépe amõ abá abaré pyri? - Não nos batizam também outras pessoas junto do padre? (Ar., Cat., 82) ● serokyba'e - o que põe nome; o que batiza: Oporoerokyba'epûera nd'e'ikatuî omendá o emierokûera resé... - O que batizou não pode casar-se com aquela que batizou. (Ar., Cat., 129); erokara (t) - o que batiza, o padrinho, a madrinha: Marãpe asé rerokara asé rerekóû? - Que fazem conosco os que nos batizam? (Ar., Cat., 82); -Abápe nde rerokara? -Quem foi tua madrinha? (Anch., Teatro, 166); emieroka (t): o batizado, o que alguém batiza: E'ikatupe morerokarûera omendá o emierokûera resé? - Pode o padrinho casar-se com aquele que batiza? (Ar., Cat., 149); serokypyra - o que é (ou deve ser) batizado, o batizado: Apŷá-serokypyra kó 'ara oîmoeté... - Os homens batizados honram este dia. (Ar., Cat., 9); eró-erok (s) - apodar, pôr nomes, motejando: Aseró-serok. - Fiquei-o apodando. (VLB, I, 38)
xe (pron.) - 1) (pron. pess. de 1ª p. do sing.) - a) (pron. suj.) - eu: Abá serã xe îabé? - Quem será como eu? (Anch., Teatro, 6); Xe katupe ká... - Eu hei de ser bom. (Anch., Teatro, 38); Xe pûeraî, xe ropesyî! - Eu estou cansado, eu estou com sono! (Anch., Teatro, 44); b) (pron. obj.) - me, mim: Xe resé oîerobîá... - Em mim confiam. (Anch., Teatro, 40); Xe mĩ-te îepé i xuí! - Mas esconde-me dele! (Anch., Teatro, 32); Xe îuká xe îara. - Meu senhor me mata. (Anch., Arte, 12v); 2) (pron. poss. de 1ª pess. do sing.) - meu(s), minha(s): Xe moanhẽ kó xe boîá... - Apressam-me estes meus súditos. (Anch., Teatro, 32); ...Xe pópe arekó-katu. - Em minhas mãos bem os tenho. (Anch., Teatro, 34); Kó xe 'akusu, xe rãnha... - Eis meus chifrões, meus dentes. (Anch., Teatro, 40); Xe irũ a'e ã... - Eis que ela é minha companheira. (Ar., Cat., 95)
ne2 (part. afirm. de realce): Aîkobé n'ixé sarõana... - Permaneço eu o seu guardião. (Anch., Teatro, 40); Ixé aé ã, a'é umã n'akó peẽmo. - Eis que sou eu mesmo, já vos disse isso. (Ar., Cat., 1686, 75); Aanumẽne! Asabeypó... - Não! Estou bêbado... (Anch., Teatro, 46); Esa'angyne serasóbo. - Prova que o levas! (VLB, II, 88); Aîune ixé pe remi'urama! - Venho eu, a vossa futura comida! (Staden, Viagem, 67)
'useîa (s.) - sede (VLB, II, 114); (adj.: 'useî) - sedento; (xe) ter sede: Xe 'useî ã. - Eis que eu tenho sede. (Anch., Diál. da Fé, 191)
naetenhẽ (adv.) - grandemente, grandissimamente (VLB, I, 150; Fig., Arte, 136): Naetenhẽ ã tekotebẽ xe 'anga apypyki. - Grandemente a aflição oprime minh'alma. (Ar., Cat., 52v)
aani2 (pron.) - 1) nada (VLB, II, 46): -Mba'epe aûîeramanhẽ serekopyrama ikó 'ara pupé? -Aani ã biã. - Que é o que será conservado para sempre neste mundo? - Nada. (Ar., Cat., 165); 2) ninguém (VLB, II, 49): Abápe kori xe îá? Erĩ, aani! - Quem, hoje, é como eu? Irra, ninguém! (Anch., Teatro, 132)
nakó (part.) - eis que certamente; como se vê, como se viu; certamente, de fato, na verdade: Emonã nakó xe rekopotari. - Assim, de fato, eu determinei. (VLB, II, 13); Ixé aé ã a'é umûã nakó peẽme... - Eu mesmo, como se viu, já vos disse isso. (Ar., Cat., 54v)
ikó1 (dem. pron. ou adj.) - 1) este (es, a, as); esse (es, a, as); isto (VLB, II, 15): N'asé retama ruã-tepe ikó yby asé rekoaba? - Mas não é nossa pátria esta terra em que moramos? (Ar., Cat., 26); ...Ikó taba apamonana. - Confundindo esta aldeia. (Anch., Teatro, 40); Iesus boîá ã ikó... - Eis que este é discípulo de Jesus. (Ar., Cat., 57); Mobype asé ikó mosanga rarine? -Quantas vezes a gente tomará esse remédio? (Anch., Doutr. Cristã, I, 208); 2) (adv.) eis que; eis que aqui (marca o presente ou o futuro com a 1ª p., excluindo a possibilidade de passado): Iesus Nazareno ikó orosekar... - Eis que procuramos Jesus de Nazaré. (Ar., Cat., 54v); Asó ikó. - Eis que vou. (Anch., Arte, 21v); Aîmonhang ikó. - Eis que aqui o faço. (Fig., Arte, 141); Aîur ikó. - Eis que venho. (Fig., Arte, 141); Orokub ikó. - Eis que aqui nós estamos. (VLB, I, 128) ● ikó-te - este outro (e não ele) (VLB, I, 130)
kûakatu (etim. - sol bom < kûara + katu) (s.) - dia bom, dia calmo, dia bonançoso (VLB, I, 57) ● kûakatu ã - eis que é dia bom; faz dia sereno (VLB, I, 102)
kuaukar (etim. - mandar saber) (v.tr.) - acusar, denunciar; delatar; fazer saber (seguindo-se um castigo): Kunhã kuauká i mena supé... - Acusando uma mulher para seu marido. (Ar., Cat., 74); Aporokuaukar. - Delato gente. (VLB, II, 29); ...Xe kuaukámo xe rubixaba supémo... - Denunciar-me-iam ao meu imperador. (Ar., Cat., 61); ...Nde é ã xe kuauká îepé... - Eis que tu mesma me denunciaste. (Ar., Cat., 161) ● kuaukasara - o que delata, o delator (VLB, II, 29)
apypyk (v.tr.) - 1) oprimir, afligir, maltratar: Rorẽ-ka'ẽ xe popûá, xe rapŷabo, xe apypyka. - Lourenço tostado atou minhas mãos, queimando-me, oprimindo-me. (Anch., Teatro, 50); Sugûy turusu, i 'anga apypyka... - Seu sangue era muito, oprimindo sua alma. (Anch., Poemas, 120); Naetenhẽ ã tekotebẽ xe 'anga apypyki... - Eis que grandemente a aflição oprime minha alma. (Ar., Cat., 52v); 2) opor-se a, argumentar contra (coisa ou pessoa):... Xe rarõana opoapypyk îandune. - Meus guardiães opor-se-ão a vós, como de costume. (Anch., Teatro, 164); Aînhe'engapypyk îepé. - Argumentei contra suas palavras, em vão. (VLB, I, 17); 3) calcar com as mãos (VLB, I, 63)
abaíba (s.) - dificuldade, pena, inconveniência: ...T'aîabaíbokyne... - Hei de tirar-lhe as dificuldades. (Anch., Doutr. Cristã, II, 94); (adj.: abaíb ou abaí) - 1) difícil, arrevezado, complicado (de entender, etc.): I abaí xebo sa'anga.- É difícil para mim tentá-los. (Anch., Teatro, 16); I abaíb aîpó nhe'enga. - É difícil essa língua. (Anch., Poemas, 196); Iîabaíbeté aîpó! - Isso é muito difícil! (Anch., Teatro, 156); A'e iîabaíbymo abá supé xe ro'o 'u... - Mas seria difícil para as pessoas comer minha carne. (Ar., Cat., 84v); 2) molesto, penoso, fragoso, íngreme (p.ex., o caminho, a montanha, etc.): Ikó pé bé iî abaí... - Este caminho também é penoso. (Anch., Teatro, 162, 2006); Iîabaíbeté nhẽ rakó... asé atá mysakanga... - São muito molestos, certamente, os tropeços de nossa caminhada. (Anch., Doutr. Cristã, II, 79); 3) inadequado, inconveniente: Nd'erékatuî xûé angiré nde remirekó rerobyka, ã tekó-abaíbeté-katureme. - Não poderás doravante juntar-te a tua esposa por ser isso um procedimento muitíssimo inconveniente. (Anch., Doutr. Cristã, II 94); 4) confuso: Xe abaíb. - Eu sou confuso. (VLB, I, 80)
moarûab (v.tr.) - impedir, estorvar (VLB, II, 10); ...Mendara omoarûab... - Impedem os casamentos. (Ar., Cat., 127v-128); ...Xe moarûá Pa'i Tupã! - Estorva-me o Senhor Deus! (Anch., Teatro, 154); Ereîmoarûabeté ã nde rekó, i moabaípa. - Eis que estorvas muito tua vida, dificultando-a. (Anch., Doutr. Cristã, II, 94) ● moarûapaba - tempo, lugar, modo, etc. de impedir; impedimento: ...I moarûapaba t'aîmombe'une. - Hei de contar os modos de impedi-los... (Ar., Cat., 127v-128)
îabi'õ (part.) - 1) cada um: O îabi'õpe asé serekóû? - A gente os tem cada um o seu próprio (anjo da guarda)? (Ar., Cat., 23v); Pe îabi'õ Pa'i Tupã karaibebé moingóû. - De cada um de vós o Senhor Deus encarregou um anjo. (Anch., Teatro, 50); 2) a cada, de cada, por ocasião de cada, em cada, cada vez que: Sesé o ma'enduara îabi'õ... - Cada vez que se lembra dela... (Ar., Cat., 71v); 'Aretegûasu îabi'õ ã mundepora amõ îepé peîmosem-ukar ixébe îepi... - Eis que a cada Páscoa um prisioneiro fazeis-me libertar sempre... (Ar., Cat., 59v); 'ara îabi'õ - a cada dia (VLB, I, 62); -Mba'e-mba'eremepe asé nhemombe'une?... -Te'õ suí o nheangu îabi'õne. -Em que ocasiões a gente se confessará? -Cada vez que temer a morte. (Ar., Cat., 91)
îemobok (v. intr.) - esgotar-se ● îemobokaba - tempo, lugar, modo, etc. de esgotar-se; esgotamento: Og ugûy îemobokabagûera suí o'useîamo, "-xe 'useî ã" e'i. - Estando sedento por causa do esgotamento de seu sangue, disse: -Eis que tenho sede. (Anch., Diál. da Fé, 191)
ekó4 (t) (s.) - fato, coisa; acontecimento: ...Tekorama mombegûabo. - Anunciando os acontecimentos futuros. (Ar., Cat., 159v); Nd'e'ikatuî abá îuru Anhanga ratápe tekó-asyeté mombegûabo. - Não pode a boca de ninguém contar as coisas muito dolorosas no inferno. (Ar., Cat., 163); Oîepé mi'u pupé esepîak tekó paraba... - Dentro de um só pão vê tu a variedade de coisas. (Valente, Cantigas, VIII, in Ar., Cat., 1618); Nd'e'ikatuîpe abaréramo oîkoe'ymba'e emonã tekó monhanga? - Não pode o que não é padre fazer as coisas assim? (Ar., Cat., 93v); I porangeté ã tekó îandébe. - São muito belas estas coisas para nós. (Léry, Histoire, 355)
ikoeté / ekoeté (t) (etim. - estar muito bem) (v. intr. irreg.) - ser valente, ser forte (de saúde física ou de ânimo), estar disposto, estar animado, ser esforçado, ser magnânimo (VLB, I, 36; II, 28): ...Xe reté ã n'oîkoetéî, omembeka... - Eis que meu corpo não está disposto, amolecendo. (Ar., Cat., 53); ...Peîkoeté pe robaîara pé. - Sede valentes junto de vosso inimigo. (Ar., Cat., 89)
re'a (part. de h.) - 1) (expressa desprezo) - vamos ver! vê lá!: Oîmonhang ipó kori milagre amõ xe robakéne re'a... - Vamos ver se fará hoje realmente algum milagre diante de mim. (Ar., Cat., 58v); 2) (expressa expectativa, projeção de futuro) - há de ser, se Deus quiser, com certeza, queira Deus, tomara: ...Nd'e'i ipó xe re'õnama ranhẽ re'a. - Minha morte não há de ser ainda. (Ar., Cat., 157v); ...N'aîkóî ipó irã tuîba'eramo ranhẽne re'a... - Tomara não seja eu o que jazerá primeiro... (Ar., Cat., 157v); Oîeruré-pytubaramo kûesenhe'ym, "re'a" o'îabo... - Estando cansados de pedir, havia muito tempo, dizendo: -Queira Deus. (Ar., Cat., 7); Xe irũ ã re'a. - Esta há de ser minha companheira, com certeza. (Anch., Doutr. Cristã, I, 228); 3) (expressa alívio, regozijo): Aûîeteramo rimba'e Tupã xe pysyrõ Anhanga suí re'a... - Ainda bem que Deus me livrou do diabo! (Ar., Cat., 168v); 4) (expressa temor ou má expectativa) - dever, haver de: Omanõ îepémo oîemongaraíb'e'ymebé re'a... - Haveria de morrer, na verdade, antes de se batizar. (Ar., Cat., 81); Emonã ipó sekóû re'a. - Deve certamente ter agido assim. (Anch., Doutr. Cristã, II, 100); Akanhem kó ixé re'a. - Eis que agora eu hei de perecer! (Ar., Cat., 156); 5) (expressa repúdio, ódio) - Maldito! Miserável!: Mendûera kó re'a nd'e'i oîeakakapa. - Os ex-maridos, esses, malditos, não se repreendem. (Anch., Teatro, 154, 2006)
esá (t) (s.) - olho (Castilho, Nomes, 38); vista: Xe resá pupé-katu asepîak nde i mimagûera. - Bem com os meus olhos vi que tu as escondeste. (Anch., Teatro, 176); Nde resá poraûsubara erobak ixé koty... - Teus olhos misericordiosos volta em minha direção. (Anch., Poemas, 146); [adj.: esá (r, s)] - dotado de olho; (xe) ter olho: Xe resá-ynhusu. - Eu tenho olhos esbugalhados. (VLB, II, 56) ● esápe (t) - à vista de, aos olhos de: Tupã resápe ã xe rekóû... - Eis que estou à vista de Deus. (Ar., Cat., 66); Sesé abá pûari nde resápe nhẽ. - Os homens batem nele à tua vista. (Anch., Poemas, 122); gûesá-popybo (ou gûesá-popybonhote) - com o rabo do olho, de esguelha (VLB, II, 56); esá-rorẽ (t) - olhos encovados (VLB, II, 56); esá-tinga (t) - olhos claros (azuis, verdes-azulados, verdes esbranquiçados), tirantes a brancos; olhos enevoados: Xe resá-ting. - Eu tenho olhos claros. (VLB, I, 147); Og uba rupi ahẽ resá-tingamo. - Ele tem olhos claros como seu pai. (VLB, II, 131); esá-îuba (t) - olhos claros, gázeos, tendendo a brancos, zarcos: Xe resá-îub. - Eu tenho olhos zarcos. (VLB, I, 147); esá-kûá-rorẽ (ou esá-kûá-rorẽ-muku) (t) - olhos encovados: Xe resá-kûá-rorẽ. - Eu tenho olhos encovados; esá-kûasó (ou esá-kûasó-puku ou esá-kûarûé-mba'easy) (t) - olhos encovados (como os de um doente) - Xe resá-kûasó-puku. - Eu tenho olhos encovados. (VLB, I, 115); esá-banga (t) - olhos vesgos (VLB, II, 144); esá-oby (t) - olhos enevoados: Xe resá-oby. - Eu tenho olhos enevoados. (VLB, II, 49); esá-tunga (t) - olho quebrado, torto ou todo coberto, mas não vazio (VLB, II, 133); esá-ynhusu (t) - olhos esbugalhados: Xe resá-ynhusu. - Eu tenho olhos esbugalhados. (VLB, II, 56)
îepysyrõ (v. intr.) - 1) libertar-se, salvar-se: Mokõnhõ... kó taba pupé sekóû, oîepysyrõ okupa. - Poucos nesta aldeia moram, estando a salvar-se. (Anch., Teatro, 16); 2) acolher-se: Aîepysyrõ (abá) resé. - Acolhi-me ao homem (para que me valha). (VLB, I, 20, adapt.) ● oîepysyrõba'e - o que se salva, o que se livra: ...Tupã resé oîepysyrõba'e... - ...os que se salvam em Deus (Ar., Cat., 38); îepysyrõsaba - tempo, lugar, modo, etc. de libertar-se, de salvar-se: Tekokatu anhõ ã te'õ suí... îepysyrõsabeté re'a... - Eis que a virtude somente há de ser o modo de se libertar da morte. (Ar., Cat., 158v)
admiração - putupaba (mb)
aflição - tekotebẽ; marana; moreaûsuba
agressão - porepenhana (m)
algodão - amynyîu; amyniîu
amanhã - oîrã; oîrandé
armação - ytá; kanga
articulação - (dos membros): îeapasaba; (dos dedos): pûapendaba (m)
atenção - (dar atenção): îeapysaká; (atenção!): tîaté!
beberrão - kagûara
cação - sucuri
camarão - potĩ
cão - îagûara; îagûamimbaba
capão (= ilha de mata) - ka'apa'ũ
carvão - tatapynha
chão - yby
comilão - karu
compaixão - poraûsubara (m)
concepção - nhemonhangaba (v. nhemonhang)
conclusão - mondykaba; sykaba (v. syk1)
coração - nhy'ã; py'a
cristão - karaíba
deterioração - poxy (m)
então - ra'e; (= por ocasião disso): a'e-reme
escuridão - putumimbyka; putuna; putunusu
excitação - piringa; ara'a; (excitação sexual): tegûyrõ; aninga2
feijão - komandamirĩ
fogão - tataupaba
gavião - (variedades): tagûató; karakará, etc.
geração - îeapyká; nhemonhangaba
grão - kuruba; ta'ỹnha
guardião - tarõana; terekoara
inclinação - apy'ama
intenção - tekopotasaba
irmã - (mais nova de m.): pyky'yra (m); (mais velha de m.) - tykera; (de h.): tendyra
irmão - (de m.): kybyra; (mais moço de h.): tybyra; (mais velho de h.): tyke'yra
ladrão - mondá; abá-mondá
mãe - sy; a'i; (voc.: mãe!): a'i!
maldição! (interj.) - erĩ!
manhã - ko'ema ● de manhã - ko'ẽme
mão - pó (mb) ● mão direita: 'ekatûaba
multidão - te'yîa
nação - anama
não - aan; aani; na... -i; na... ruã; umẽ; (referente a um fato futuro): aan umẽ-ne
oração - îeruresaba
órfão - (de mãe): sye'yma; (de pai): tube'yma
pão - miapé
perdão - nhyrõ
pião - pyryryma (m)
plantação - (e)mityma (r, s); mityma
poção - posanga (m)
podridão - îuka; tuîuka
porção - potaba (m)
povoação - taba
prostituição - sygûaraîy
proteção - tarõaba [v. arõ2 (s)]
pulmão - nhy'ãbebuîa
- (variedades): îu'i; tataka; kotorá, etc.
região (= terra em que se habita) - tetama
resmungão - kuruk
trovão - tupã; amãsununga; tupãsununga
tubarão - iperu; yperu
vão (s.) - ybỹîa; pa'ũ
verão - kûarasy
abiã1 (part.) - ainda mais, quanto mais: iké abiã - ainda mais aqui (Fig., Arte, 37)
abiã2 (conj.) - se (usado com memetipó ou memetiã ou memetaé): Mene'yma resé oîkoba'e abiã koîpó sesé onhemomotaryba'e oîaby-eté Tupã nhe'enga, memetipó mendara momoxysara koîpó sesé nhemomotasara. - Se o que tem relações sexuais com uma solteira ou por ela se atrai transgride muito a palavra de Deus, tanto mais o que perverte uma casada ou o que se atrai por ela. (Ar., Cat., 109); Mba'e sekatuba'e abiã... oîmoting i 'uetébo, memetiã nde nda mba'e-katu ruã euĩ ereîmo'ẽ. - Se uma coisa que é muito saborosa enjoa, comendo-a muito, eis que tanto mais tu expelirás o que não é coisa boa. (Anch., Doutr. Cristã, II, 111); Kûarasy abiã oporomo'y'useî-eté, memetaé tatápe oína abá o'useî-etéramo. - Se o sol faz as pessoas terem muita sede, tanto mais estando no fogo as pessoas desejam beber. (Ar., Cat., 164)
a'eîpomã (ou a'eîponomã) (conj.) - se não fosse (tudo estaria bem): Ahẽ ruraba a'eîponomã... - Se não fosse a vinda do fulano... (VLB, II, 116)
a'eîponomã - v. a'eîpomã
a'eserãne (part.) - e parece, segundo isso ● a'eserãne... ra'e (ou a'eserãn'ipó... ra'e) - e parece, segundo isso: A'eserãn'ipó (abá) pûari sesé ra'e. - E parece, segundo isso, que o homem bateu nele. (VLB, I, 120)
ãgûa (dem. pron.) - ele (es, a, as) (VLB, I, 109); esse (es, a, as); aquele (es, a, as), isso, aquilo (principalmente no plural): "Pekûaî ãgûa amõ sema repîaka." - Ide para ver sair alguns deles." (Cartas dos Camarões, Arquivos da Companhia das Índias Ocidentais. Real Biblioteca de Haia, Holanda) (inédito) (o mesmo que ãûa - v.)
agûãî (v.tr.) - morder com as gengivas, abocanhar sem morder (como a criança sem dentes): Anhagûãî. - Mordo-a (com as gengivas). (VLB, I, 18); Anhagûã-nhagûãî. - Fico-o mastigando (sem dentes). (VLB, II, 33)
agûarãî (v. intr.) - brotar (p.ex., a semente) (VLB, I, 42)
ãîa1 (ou ãnha) (t) (s.) - dente (Castilho, Nomes, 37): Kó xe 'akusu, xe rãnha... - Eis meus chifrões, meus dentes... (Anch., Teatro, 40); [adj.: ãî (r, s)] - dentado, (xe) ter dentes: Xe rãîasy. - Eu tenho dentes doloridos. (D'Evreux, Viagem, 158); Na xe rãî. - Eu não tenho dentes. (VLB, I, 97) ● ãîmytera (t) - dentes incisivos; dentes dianteiros (Castilho, Nomes, 38); ãîmbara (ou ãîîoara) (t) - dentes separados uns dos outros: Xe rãîmbar (ou Xe rãîîoar). - Eu tenho dentes separados. (Castilho, Nomes, 37); anhesyîa (t) - dentes botos (os que sentem a impressão desagradável que neles causam os ácidos): Xe rãîesyî (ou Xe ranhesyî). - Eu tenho dentes botos. (VLB, I, 94); ãîmba'ũ (t) - intervalo, interrupção nos dentes: Xe rãîmba'ũ (ou Xe rãîma'ũ). - Tenho intervalo, interrupção nos dentes (isto é, faltam-me alguns dentes). (VLB, I, 97); ãî-ngyryî (t) - dentes que rangem: Xe rãî-ngyrỹî. - Rangem-me os dentes. (VLB, II, 96)
ãîa2 (ou anha) (t) (s.) - ponta, extremidade áspera de flecha (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 278): gûyrá-ãîmuku - pássaro da extremidade comprida (Theat. Rer. Nat. Bras., I, 152)
ãîbitir (r, s) (xe) (v. da 2ª classe) - arreganhar os dentes (como o cão): Xe rãîbitir. - Arreganhei os dentes. (VLB, I, 42)
ãîbyra (t) (s.) - gengiva (VLB, I, 148)
ãîîuara (t) (s.) - gengivas (Castilho, Nomes, 38)
ãîmbira (t) (s.) - gengivas (Castilho, Nomes, 37)
ãîngá (s) (v.tr.) - quebrar os dentes em; fazer dentes em (ferramenta): Asãîngá. - Fiz-lhe dentes. (VLB, II, 43)
ãînhoba'ũ (t) (s.) - vão entre os dentes (Castilho, Nomes, 38)
aîpiã (s.) - PIÃ, mancha negra que aparece debaixo dos dedos dos pés e que depois se alastra pelo corpo na forma de chagas e de postemas (D'Evreux, Viagem, 161) (v. tb. piã)
'aîuã (s.) - lisura; (adj.) - liso (fal. de coisa que tem casco, como a tartaruga) (VLB, II, 23)
aîubesãîrana (s.) - inchaço (fal. de fruta) (adj.: aîubesãîran) - inchado ou quase amarelo (p.ex., o fruto quase maduro) (VLB, II, 11)
aîuruakãpyranga (etim. - papagaio da cabeça vermelha) (s.) - nome de uma ave (Theat. Rer. Nat. Bras., I, 165)
ãîyba (t) (s.) - dente maxilar (D'Evreux, Viagem, 158)
akã (t) (s.) - galho, ramo (de árvore): Sakã resé i îepokoki. - Ela embarrou nos seus ramos. (VLB, I, 111)
akãî (v.tr.) - tocar sem agarrar (como o que vai fugindo): Aîakãî-akãî. - Fiquei-o tocando. (VLB, II, 129)
akangaobapûã (etim. - chapéu pontudo) (s.) - barrete (VLB, I, 52)
akãpyra (ou akambyra) (t) - ponta de galho de árvore (VLB, II, 80)
akaraãîa (ou karanha) (etim. - cará dentado) (s.) - CARANHA, nome comum a várias espécies de peixes da família dos lutjanídeos, que atingem até 1 m de comprimento, tendo boa carne. Ocorrem em toda a costa brasileira. (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 167; VLB, II, 70)
akarãî (v.tr.) - 1) roer (como osso): Aîakarãî. - Roí-o. (VLB, II, 107); 2) tosquiar (os pêlos) (VLB, II, 137)
akaraxixã (s.) - coisa rugosa, coisa áspera (adj.) - rugoso, áspero: Xe akaraxixã. - Eu sou rugoso. (VLB, II, 149)
akãtyrá (s.) - topete (das aves) (VLB, I, 66)
akaûã (ou kaûã) (s.) - ACAUÃ, MACAGUÃ, MACAUÃ, ACANÃ, NACAUÃ, UACAUÃ, CAUÃ, ave da família dos falconídeos, conhecida por seu canto, que se dá geralmente no crepúsculo e no alvorecer. É predador de cobras, mesmo peçonhentas. "E quando o gentio vai de noite pelo mato que se teme das cobras, vai arremedando estes pássaros para as cobras fugirem." (Sousa, Trat. Descr., 234)
akûãîa (t) (s.) - pênis (Castilho, Nomes, 37): Erepokokype nde rakûãîa resé enhemoagûyrõmo? - Tocaste no teu pênis, excitando-te? (Anch., Doutr. Cristã, II, 90) ● sakûãîba'e - o que tem pênis, macho (VLB, II, 27)
akûãîypytá (t) (s.) - 1) base do pênis (Castilho, Nomes, 37); púbis masculino; 2) pêlos das partes pudendas do homem (Castilho, Nomes, 37) ● akûãîypytá-aba (ou akûãînhypytá-aba) - pêlos do púbis (VLB, II, 89)
'akytã (s.) - grão (como de sal, farinha, etc., à diferença de grão de milho ou de arroz, que é a'ỹîa (t) - v.) (VLB, I, 150) ● akytãmbûera - coisas ou porções miúdas, restos, como as raízes da mandioca ou as batatas miúdas de que não se faz caso: i akytãmbûera - as porções miúdas dela, o refugo dela (VLB, II, 39)
amãberaba (etim. - brilho de chuva) (s.) - relâmpago (VLB, I, 143)
amanasãîa (s.) - MANDAÇAIA, abelha da família dos meliponídeos, que produz excelente mel (Piso, De Med. Bras. IV, 178)
amanasãîmirĩ (etim. - mandaçaia pequena) (s.) - MANDAÇAIA-MIRIM, abelha da família dos meliponídeos (Piso, De Med. Bras., IV, 178)
amanasãî-nema (etim. - mandaçaia fedorenta) (s.) - abelha meliponídea (Piso, De Med. Bras., 178)
amãsununga (etim. - barulho de chuva) (s.) - trovão (VLB, II, 133)
amati'ã (t) (s.) - clítoris (VLB, II, 35), TAMATIÁ (AM pop.): Xe ramati'ã - meu clítoris, meu tamatiá (Léry, Histoire, 366)
ãme (adv.) - ali (vis.) (VLB, I, 32)
anakã (s.) - ave psitacídea; o mesmo que anaká (v.) (Brandão, Diálogos, 228)
anhã1 (s.) - castanha-do-pará, (Silveira, Relação do Maranhão, fl. 11v)
anhã2 (s.) - entalhe, mossa, cavidade (p.ex., de flecha, onde entra a corda do arco): u'ubanhã - entalhe de flecha; inhanhã - cavidade dela (VLB, II, 43)
anhãî (adv.) - na ponta, no cabo: u'uba anhãî - na ponta da flecha (Anch., Arte, 41); apy anhãî - na ponta, no punho da rede (Anch., Arte, 41)
anha'ybatã (s.) - planta da família das lauráceas. "O entrecasco desta árvore é da cor da canela e cheira... como canela." (Sousa, Trat. Descr., 220)
aparatã (s.) - dureza; (adj.) - duro (p.ex., o corpo morto), hirto, espesso, teso (como o arco posto em corda): Xe aparatã. - Eu estou hirto. (VLB, I, 153); (adv.) duramente, asperamente: Erenhe'eng-aparatãpe abá supé, i moŷrõmo...? - Falaste duramente a alguém, irritando-o? (Anch., Doutr. Cristã, II, 103)
'aparupã (v.tr.) - dar porradas na cabeça de: Aîaparupã. - Dei-lhe porradas na cabeça. (VLB, II, 82)
apatynã (xe) (v. da 2ª classe) - 1) fazer confusão, fazer embrulhada, misturar alhos com bugalhos (naquilo que se conta, naquilo a que se refere, etc.): Xe apatynã. - Eu fiz confusão. (VLB, II, 71); 2) encaroçado, encaroçar (p.ex., a farinha, o mingau) (VLB, I, 148)
apaxixã (xe) (v. da 2ª classe) - 1) fazer confusão, fazer embrulhada, misturar alhos com bugalhos (naquilo que se conta, a que se refere, etc.): Xe apaxixã. - Eu fiz confusão. (VLB, II, 71); 2) encaroçado; encaroçar (p.ex., a farinha, o mingau) (VLB, I, 148)
apepokumã (s.) - PICUMÃ, PUCUMÃ, TATICUMÃ, fuligem (da chaminé, das labaredas de fogo, etc.) (VLB, I, 138)
api'anupã (s) (v.tr.) - castrar (p.ex., bois): Asapi'anupã. - Castrei-os. (VLB, I, 66)
SAPIRÃO, a saudação lacrimosa dos antigos tupis da costa (fonte: De Bry)
OBSERVAÇÃO - Assim escreveu o jesuíta Fernão Cardim sobre esse fato cultural: "Entrando-lhe algum hóspede pela casa, a honra e agasalho que lhe fazem é chorarem-no. Entrando, pois, logo o hóspede na casa, o assentam na rede e, depois de assentado, sem lhe falarem, a mulher e filhas e mais amigas se assentam ao redor, com os cabelos baixos, tocando com a mão na mesma pessoa, e começam a chorar todas em altas vozes, com grande abundância de lágrimas e ali contam em prosas trovadas quantas coisas têm acontecido desde que se não viram até aquela hora e outras muitas que imaginam e trabalhos que o hóspede padeceu pelo caminho e tudo o mais que pode provocar a lástima e o choro. O hóspede, nesse tempo, não fala palavra, mas depois de chorarem por bom espaço de tempo, limpam as lágrimas e ficam tão quietas, modestas, serenas e alegres que parece (que) nunca choraram e logo se saúdam e dão o seu Ereiupe, e lhe trazem de comer, etc., e depois dessas cerimônias contam os hóspedes ao que vêm." (in Tratados da Terra e Gente do Brasil)
apixãembé (s.) - cachaço de anta (VLB, I, 62)
apûã (s.) - beiço de cima, lábio superior (Castilho, Nomes, 29)
apûã (t) - o mesmo que apûá2 (t) (v.).
apûãaba (etim. - pêlos do lábio superior) - bigode (VLB, I, 56); buço (Castilho, Nomes, 29)
apûanã (s.) - comunidade; ajuntamento; (adj.) - juntos (muitas pessoas ou coisas): Oré apûanã. - Nós estamos juntos. (VLB, II, 16)
apûãtĩ (s.) - pedra para colocar no lábio superior (VLB, II, 69)
'apurupã (v.tr.) - dar pancadas na cabeça de: Aî'apurupã. - Dou-lhe pancadas na cabeça. (VLB, II, 63)
'apyteratã (etim. - o alto da cabeça duro) (s.) - cocuruto, a parte mais alta e mais dura da cabeça (Castilho, Nomes, 29)
apyteruã (s.) - nó de madeira (VLB, II, 50)
apytĩatã (v.tr.) - reatar: Aîapytĩatã. - Reatei-o. (VLB, II, 97)
arakûã (s.) - ARACUÃ, ARAQUÃ, ARANCUÃ, ARANQUÃ, nome de aves da família dos cracídeos. Vivem mais sobre árvores que no chão. (D'Abbeville, Histoire, 236v; Sousa, Trat. Descr., 237)
arenhã - o mesmo que arinhama (v.) (D'Abbeville, Histoire, 242v)
arerãîa (s.) - ARIRANHA, mamífero carnívoro da família dos mustelídeos (VLB, II, 24)
arinhãmiri (etim. - arinhama pequena) (s.) - galinha européia (Léry, Histoire [1580], p. 276)
arinhãmusu (etim. - arinhama grande) - o mesmo que arinhama (v.) (Léry, Histoire [1580], p. 276)
ariragûã (ou ariraûã) (s.) - crista de galo (VLB, I, 86)
ariraûã - o mesmo que ariragûã (v.) (VLB, I, 86)
aruanã (s.) - ARUANÃ, ARUANÁ, ARAUANÁ, AMANÁ, peixe de rio da família dos osteoglossídeos, da bacia amazônica, tendo até 1m de comprimento (Lisboa, Hist. Anim. e Árv. Maranhão, fl. 175)
aseokãîa (etim. - dente da garganta) (s.) - úvula (Castilho, Nomes, 28)
aseopyãîa (s.) - paladar ou céu da boca; véu palatino (VLB, II, 62; Castilho, Nomes, 28)
asoãîa (s.) - peça de um bracelete muito largo, que se compunha de muitas peças, tomando meio braço. Era posto no cotovelo. (VLB, I, 58)
atã1 (ou atanhẽ) (t) (s.) - direiteza; direitura; aprumo [adj.: atã ou atanhẽ (r, s) ou (r, t)] - direito, sem sinuosidades, reto (fal. de tronco de árvore, de caminho, de esteiro, de rio, etc.), aprumado: 'y-atã - rio direito (Anch., Arte, 6v); gûyratanhẽúna - "pássaro aprumado e escuro", nome de uma ave (Theat. Rer. Nat. Bras., I, 137)
atã2 (t) (s.) - o forte, o bravo na guerra e em outras ocasiões; força; coisa tesa (VLB, II, 127): Nd'a'é te'e nde ratãngatu resé gûiîekoka... - Por isso mesmo em tua grande força apóio-me. (Anch., Teatro, 12); tatã - o forte, o bravo (Léry, Histoire, 368); [adj.: atã (r, s) ou (r, t)] - forte, firme, duro, rígido, rijo, teso; (fig.) árduo: Xe posaká, xe ratã... - Eu sou moçacara, eu sou forte. (Anch., Teatro, 162); T'îasó maranatãûãme...? - Havemos de ir à árdua guerra? (Anch., Poemas, 112); kunumĩûasu-atã-atã - rapazes muito fortes (Léry, Histoire, 338, 1994); (adv.) firmemente, duramente, rijamente: Oîar-atã serã i aoba i nupãsagûera i moperé-perebagûera resé? - Pegou-se firmemente sua roupa com que ele foi castigado às suas chagas? (Ar., Cat., 62); Anhe'eng-atã. - Falei duramente. (VLB, I, 40); Esekyî-atã! - Puxa-o rijamente! (VLB, II, 106); Îapopûar-atã, i moangaîpapa. - Amarram suas mãos firmemente, fazendo-lhe mal. (Anch., Poemas, 120)
atãngatu (t) (etim. - muito firme) (s.) - 1) valente, forte, rijo (Segundo D'Abbeville, era como os índios se chamavam quando se consideravam guerreiros. In Histoire, 293v); 2) força, valentia: Pe ratãngatu resé gûiîekoka, asó-potá... - Apoiando-me na vossa valentia, quero ir. (Anch., Teatro, 146-148); [adj.: atãngatu (r, t) ou (r, s)] - valente; forte: ...Eîmombe'u pakatu nde angaîpagûera... nde ratãngaturamo... - Conta todos os teus pecados, sendo forte. (Ar., Cat., 98); Epytá! Kagûápe nhõ nde ratãngatu-potá? - Fica! Somente quando bebes cauim tu queres ser valente? (Anch., Teatro, 64)
atãnhẽ - v. atã1 (t) (VLB, I, 103)
atîãîa1 (t) (s.) - raio de sol (VLB, II, 95)
atîãîa2 (t) (s.) - ponta; [adj.: atîãî (r, s)] - pontiagudo, pontudo, incisivo (p.ex., o raio solar); (xe) lançar raios, setas, pontas (p.ex., o sol, o ouriço-cacheiro, o porco espinho, etc.) (VLB, II, 95)
'atybakã (s.) - os ângulos que formam os cabelos na parte superior do rosto; entradas (Castilho, Nomes, 30): Aî'atybakã-moín. - Pus entradas nele. (VLB, I, 119)
atyrãbebé - o mesmo que îatyrãbebé (v.) (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 278)
ãûa (dem. pron.) - ele (es, a, as) (VLB, I, 109); esse (es, a, as); aquele (es, a, as), isso, aquilo (principalmente no plural): - A'u temõ mba'eaíba mã a'emo nhẽ xe re'õû ãûa suí. - Ah, quem me dera comer veneno para que eu morresse disso. (Anch., Doutr. Cristã, II, 102); Ãûa o îoirũnamo sekóû. - Aqueles estão juntos uns dos outros. (Fig., Arte, 81)
ãûaé - o mesmo que ãûa (v.) (Léry, Histoire, 366)
'ãur (xe) (v. da 2ª classe) - ter alento, alentar-se, sentir alívio, respirar aliviado (com boa notícia): Xe 'ãur. - Tive alento. (VLB, II, 103)
axixã (s.) - rugosidade, aspereza; (adj.) - rugoso, áspero: Xe axixã. - Eu estou rugoso. (VLB, II, 149)
biã1 (conj.) - se: Ikó îandé ratá pupé asé po'ẽma biã iî abaeté, memetaé a'epe aûîeramanhẽ abá kaîa o abaetéramo... - Se pôr a mão neste nosso fogo é terrível, tanto mais ali é terrível queimarem-se os homens eternamente. (Ar., Cat., 163v)
biã2 (part. que expressa idéia adversativa, indicando algo contrário ao que se espera) - 1) mas..., etc., sem resultado: Asó biã. - Fui sem resultado. (Anch., Arte, 21v); Xe n'aîu-potari biã, karaíba moabaîtébo. - Eu não queria vir (mas vim), irando os homens brancos. (Anch., Poemas, 194); Asaûsu biã. - Amo-o (mas nem por isso ele me ama). (Anch., Arte, 21v); Kunhã iké sekóû biã mã! - Oxalá houvesse uma mulher aqui (mas não há)! (Anch., Doutr. Cristã, II, 93); Asé ruba oîmonhang (asé reté) biã, Tupã i monhanga potasápe é. - Nosso pai o fez (i. e., nosso corpo) mas porque Deus o quis fazer, na verdade. (Ar., Cat., 25); Anhanga ratápe ko'yr oîkoba'e, a'epe o só îanondé "-Asó-potar ybakype" e'i biã. - Os que estão no inferno agora, antes de irem para lá diziam (sem resultado): -Quero ir para o céu. (Ar., Cat., 248); 2) embora, apesar de, apesar disso: Xe resy Lorẽ-ka'ẽ, xe morubixaba biã. - Assa-me o Lourenço tostado, embora eu seja um rei. (Anch., Teatro, 90); Oîepé nhõngatu erimba'e karaibebé Tupã nhe'enga abyû biã, sesé nhõ Tupã i moingóû Anhangamo... - Embora tão somente uma vez uns anjos tenham transgredido a palavra de Deus, por causa disso, somente, Deus os fez ser diabos. (Ar., Cat., 112)
biãaûîé (conj.) - embora: Kaûĩ biãaûîé, Îandé Îara Îesu Cristo nhe'engûera abaré sa'angireme, sugûyramo nhẽ sekóû. - Embora seja vinho, tão logo pronuncie o padre as palavras de Nosso Senhor Jesus Cristo, é seu sangue, na verdade. (Ar., Cat., 87v)
biãé (conj.) - pois se - ...Abá biãé o a'yra ogûerekó-katu, memetipó Tupã... - Pois se um homem trata bem seu próprio filho, quanto mais Deus. (Ar., Cat., 25v); Îagûara biãé ererasó, gûa'ysé o îoesé posé o ẽme, oîepysyrõ bé'ĩ... - Pois se levas cães, se estiverem eles ao lado um do outro da sua própria raça, acolhem-se um pouco mais. (Anch., Doutr. Cristã, II, 111)
e'ã (ou e'ama) (part.) - não (de m.) (VLB, II, 46)
e'ãmaẽ (part.) - não (de m.) (Fig., Arte, 134; VLB, II, 46)
ebykatã (t) (s.) - ato de empanturrar-se (de comer); [adj: ebykatã (r, s)] - empanturrado: Xe rebykatãgûasu. - Eu estou muito empanturrado. (VLB, I, 112)
eîkûakytã (t) (etim. - verruga do ânus) (s.) - hemorróidas (VLB, I, 32)
eíra-akûãîetá (etim. - abelha de muitos pênis) (s.) - variedade de abelha da família dos meliponídeos (Anch., Cartas, 133)
ekomemûã (t) (s.) - 1) mal-estar, infelicidade: ...Sekomemûã potare'yma. - Não querendo sua infelicidade. (Ar., Cat., 75); 2) erro, engano (VLB, I, 116): Sekomemûãneme senonhẽ-nonhena... - Ficando a repreendê-lo por ocasião de seu erro. (Ar., Cat., 127v); 3) injustiça (VLB, II, 12); 4) malícia (VLB, II, 29); 5) opróbrio (VLB, II, 57)
ekomemûãaba (t) (s.) - maldade: Nde rekomemûãagûera repyme'ẽngatu roîré, t'ereîekosubeté tekoporanga resé. - Após resgatares bem tuas maldades antigas, que te regozijes muito com a virtude. (Ar., Cat., 250)
ekûãî (2ª p. sing. irreg. de só, ir, indicando uma certa ênfase no que se diz ou indignação) (Anch., Arte, 58) - Vai!: Ekûãî moxy mbo'a îandé îusana pupé! - Vai para fazer cair os malditos em nosso laço! (Anch., Teatro, 20)
embykãî (r, s) (xe) (v. da 2ª classe) - escafeder-se, sair escondido e com medo: Xe rembykãî gûixóbo. - Eu me escafedo ao ir. (VLB, I, 122)
emonã1 (ou emonan) (adv.) - assim; dessa maneira (Fig., Arte, 134): Emonã sekó suí arakaîá sapekóû... - Assim, por causa de seu procedimento, os aracajás os frequentam. (Anch., Teatro, 36); Marãpe i boîá rekóû emonã o îara rerekó repîaka? - Como seus discípulos procederam, vendo tratar assim a seu senhor? (Ar., Cat., 54v); ...Emonã kori aîkóne... - Assim hoje procederei. (Ar., Cat., 99v) ● na emonani - não já assim (VLB, II, 47); emonã bé - da mesma maneira (VLB, I, 89); emonã béne (ou emonã-béno) - da mesma maneira (VLB, I, 89); outro tanto (VLB, II, 61); emonã-momõ - assim houvera de ser (Fig., Arte, 134); emonã resé - por isso, portanto (VLB, II, 82); emonã rakó - dessa maneira (Fig., Arte, 134); emonã-temõ... mã - oxalá fosse assim (Fig., Arte, 134); emonãe'ymemo (ou emonãe'ymetémo) - se assim não fosse (VLB, II, 114)
emonã2 (t) (s.) - comichão, prurido: mbiremonã - comichão da pele (VLB, I, 77)
emonãnama (part.) - o seguinte, o que se segue: -Abá supépe asé nhemombe'uû? -Abaré supé. - Marãnamope? -Emonãnama ri: Jesus Cristo rekobîaramo sekóreme nhẽ. -Para quem a gente se confessa? -Para o padre. -Por quê? -Pelo seguinte: por ser substituto de Jesus Cristo. (Anch., Doutr. Cristã, I, 210)
emonãnamo (conj.) - 1) portanto, assim, por isso, dessa maneira: Emonãnamo, xe ruri... - Portanto, eu vim. (Anch., Poemas, 100); Emonãnamo, ereîu oré putuna pe'abo... - Dessa maneira, vens para afastar nossa escuridão. (Anch., Poemas, 142); Emonãnamo, xe ruri ndébo... - Portanto, eu vim a ti. (Anch., Poemas, 154); -Emonãnamope asé îeruréû santos-etá supé? -Emonãnamo. -Por isso nós rezamos aos santos? - Por isso. (Ar., Cat., 23v); 2) é por isso que: Emonãnamo serã Tupã îandé rubypy arukangûera nhẽ monhangi semirekó retéramo? - Será que é por isso que Deus transformou a costela de nosso pai primeiro no corpo de sua esposa? (Ar., Cat., 95v) ● emonãnamo é - e portanto... (VLB, I, 121)
emonãndé (ou emonãné) (adv.) - assim dessa maneira (e não desta outra) (VLB, I, 45); assim: Emonãné t'oîkó Îesus. - Assim seja, Jesus. (Thevet, Cosm. Univ., II, 925)
endybangã1 (ou enybangã) (t) (s.) - cotovelo (Castilho, Nomes, 39)
endybangã2 (ou enybangã) (t) (s.) - canto (de parede, do lado de fora da casa): sendybangã - canto dela (VLB, I, 66)
endypy'ã (t) (s.) - 1) joelho (Castilho, Nomes, 39); 2) nó (de cana, etc.) (VLB, II, 50) ● o endypy'ãe'ybo (ou o endypy'ãe'yîbo) - de joelhos: -Marãpe seni og uba mongetábo? -O endypy'ãe'ybo, ybype oîeaŷbyka. -Como estava orando a seu pai? -De joelhos, no chão reclinando a cabeça. (Ar., Cat., 52v); O endypy'ãe'yîbo aín. - Estou de joelhos. (VLB, I, 92)
erekomarã (v.tr.) - 1) maltratar, castigar (ferindo, espancando, isto é, com atos. Para maltratar com palavras ou doutra maneira, v. erekomemûã ou erekoaíb.): Arekomarã. - Maltrato-o. (VLB, I, 68); 2) punir: Arekomarã. - Puni-o. (VLB, II, 90)
erekomemûã (v.tr.) - 1) maltratar, ofender (com palavras, moralmente, mas sem agressão física): ...abá ogûerekomemûãeté suí onheangûabo... - Tendo medo de que alguém o maltrate muito. (Ar., Cat., 128); 2) estragar: Ererekomemûãpe nde rapixara mba'e...? - Estragaste as coisas de teu próximo? (Ar., Cat., 107v); 3) enganar (VLB, I, 116); 4) escandalizar (VLB, I, 122) ● erekomemûãsara (t) - maltratador, o que trata mal, o que estraga, etc.: Nde nhyrõ oré angaîpaba resé orébe oré rerekomemûãsara supé oré nhyrõ îabé. - Perdoa tu nossas maldades a nós como nós perdoamos aos que nos tratam mal. (Anch., Doutr. Cristã, I, 139); serekomemûãmbyra - o que é (ou deve ser) maltratado: ...Morubixabamo sekóreme serekomemûãmbyramo sekóû. - Quando era ele rei, foi maltratado. (Ar., Cat., 15); erekomemûãsaba (t) - tempo, lugar, modo, causa, ato, etc. de maltratar, de estragar; ofensa, mau trato; estrago: ...Aó-tinga mondebuká sesé serekomemûãsabamo. - Roupa branca mandando colocar nele como meio de maltratá-lo. (Ar., Cat., 59); Nde rorype... abá serekomemûãagûera resé? - Tu te alegraste por alguém estragá-las? (Ar., Cat., 109v)
eriaãhegûy (interj. de h. que exprime ferocidade) - Não há de ser assim! (VLB, II, 46)
erimã (interj. de h.) - De modo algum! Absolutamente não! (Fig., Arte, 134): ...-Aîpó nhõ? -Erimã! -Só isso? -De modo algum! (Léry, Histoire, 342-343); -Anga îápe pe rokybỹîa? -Erimã! -Como este é o interior de vossas casas? -De modo algum! (Léry, Histoire, 363-364)
erimãé (interj. de h.) - Não! De modo algum! (VLB, II, 46): -Ereké-pipó eîupa? -Erimãé. -Estavas dormindo? -De modo algum. (Anch., Teatro, 10)
esaapytãpytang (r, s) (xe) (v. da 2ª classe) - chorar muito, ficar com os olhos rasos d'água, chorar até ter os olhos avermelhados: Xe resaapytãpytang. - Eu chorei até ficar com olhos avermelhados. (VLB, I, 42)
esãîa (t) (s.) - alegria (natural) (VLB, I, 30): Tesãîa pupé kó 'ara îaîmoeté... - Com alegria honramos este dia. (Ar., Cat., 9); [adj.: esãî (r, s)] - alegre, feliz [naturalmente, sem razão específica; v. tb. oryb (r, s)]: abá-esãîngatu. - homem muito alegre; Xe resãî. - Eu estou alegre. Sobá-esãîngatu. - Ele tem o rosto muito alegre. (VLB, I, 30); Pitanga robá sesãî i xupé. - O rosto da criança está alegre para eles. (Anch., Poemas, 118); ...Ta sesãî kó pe retama... - Que se alegre esta vossa terra. (Anch., Teatro, 188, 2006)
esãînambora (t) (s.) - pessoa garrida, lasciva, elegante, muito enfeitada com cores alegres e brincos, pessoa jocosa (VLB, I, 146)
esãînana (t) (s.) - garridice, lascívia, travessura: N'opabi moropotara, tesãînana, marã'é... - Não acabam os desejos sensuais, a lascívia, as maledicências. (Anch., Teatro, 148); [adj.: esãînan (r, s)] - travesso, dissoluto, garrido (VLB, I, 96, 104)
esakûaraapytãpytang (r, s) (xe) (v. da 2ª classe) - chorar muito, ficar com os olhos rasos d'água, chorar até ter os olhos avermelhados (VLB, I, 42)
esakytã (t) (etim. - nó de olho) (s.) - caroço, godilhão, nó (que se forma na farinha mal diluída ou em pasta ou mingau mal mexidos) (VLB, I, 148); grão [como de sal, farinha grossa, etc., à diferença de grão de milho ou de arroz, que é a'ỹîa (t) - v.]: U'i-esakytã - grão de farinha (VLB, I, 150)
etãme'engaba (t) (s.) - lugar em que se dá morada, terra prometida, terra dada: Ta peîkó irã mba'ekatu-eté rerekoaramo... îandé retãme'engápe. - Que sejais futuramente os que terão a verdadeira felicidade na nossa terra prometida. (Ar., Cat., 166); ...So'o, pirá, gûyrá retãme'engaba é ikó 'ara... - Este mundo é a terra prometida dos animais quadrúpedes, dos peixes e dos pássaros... (Ar., Cat., 166v)
etãpotasaba (t) (s.) - terra desejada, lugar em que desejamos residência: Ta peîkó irã mba'ekatueté rerekoaramo... îandé retãpotasápe, ybakype... - Que sejais futuramente os que terão a verdadeira felicidade na nossa terra desejada, no céu. (Ar., Cat., 166 )
etiã (adv.) - de costume, de hábito, geralmente (VLB, I, 84)
(e)tymã (r, s) [variante de etymã2 (t)] (s.) - perna (Castilho, Nomes, 40) ● (e)tymã-o'o (r, s) - barriga da perna (Castilho, Nomes, 40)
etymã1 (t) (s.) - perna (Castilho, Nomes, 39): Osó bé amõ maranaritekoara a'e mokõî mondabora retymã mopena... - Foram de novo alguns soldados para quebrar as pernas daqueles dois ladrões. (Ar., Cat., 64) ● etymãmbûera (t) - perna que já foi decepada; quarto traseiro que se parte de um animal (VLB, II, 91): T'a'u kori i îybapûera, ...Kaburé, setymãmbûera. - Hei de comer hoje seus braços, Caburé, suas pernas. (Anch., Teatro, 64); etymã-îura (t) - colo da perna (Castilho, Nomes, 39); etymã-kanga (t) - canela da perna (Castilho, Nomes, 39); etymã-o'o (t) - barriga da perna (Castilho, Nomes, 39); etymã-ygé (t) - barriga da perna (Castilho, Nomes, 39)
etymã2 (t) (s.) - pé (de móvel) (VLB, II, 68)
etymãkangupîara (t) (etim. - armadilha da canela da perna) (s.) - varinha que se punha atravessada em armadilhas grandes para veados ou antas, que tomava seu vão cerca de palmo e meio do chão, que a caça, ao passar, levava com as pernas, fazendo desarmar o pinguelo que se apoiava em uma das pontas, prendendo o animal (VLB, II, 78)
gûaîakã (s.) - pau-santo, árvore da família das zigofiláceas (Guaiacum officinale L.)
gûaîanã (s. etnôn.) - GUAIANÁ, 1) nome de nação indígena; 2) indivíduo da tribo dos guaianás ou guaianazes: -Marãpe pe robaîara rera? -Marakaîá, gûaîtaká, gûaîanã, karaîá, kariîó. -Quais os nomes dos vossos inimigos? -Maracajás, goitacazes, guaianás, carajás, carijós. (Léry, Histoire, 354); Sekoaûîépe gûaîtaká koîpó gûaîanã ra'yra? - Está pronto o guaitacá ou o filho do guaianá? (Anch., Teatro, 62)
gûaîanãgûasu (etim. - grandes guaianás) (s.) - nome de povo indígena tapuia (Laet, Novus Orbis, Livro XV, cap. IV, §13)
gûaîbiãîa (etim. - dente de velha) (s.) - nome de um peixe (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 147)
gûebirãîari (adv.) - forçadamente, com constrangimento, com violência, pelos cabelos, pressionado: Gûebirãîari nhote aîkó. - Estou pressionado (isto se diz quando já se está para ir). (VLB, I, 61)
gûyraãîmuku (etim. - ave da ponta comprida) - nome de uma ave (Theat. Rer. Nat. Bras., I, 152)
(adv. usado na afirm., a marcar o presente ou o futuro com a 1ª p., e excluindo a possibilidade de passado) - eis que: Asó iã. - Eis que vou (não se podendo traduzir por eis que fui). (Anch., Arte, 21v)
îabymã - v. îabynomã
îabynomã (conj.) - se não fosse (tudo estaria bem): Osó é ahẽ îabynomã. - Se não fosse ele ter ido... (VLB, II, 116)
OBSERVAÇÃO - Com a colonização, o cão foi trazido para o Brasil, passando a receber o mesmo nome dado a um animal silvestre, feroz, que os tupis temiam, a îagûara. Para se diferenciar um animal do outro, passou-se a utilizar, muitas vezes, o adjetivo eté (verdadeiro, genuíno) com referência à onça (îagûareté - o jaguar verdadeiro). Isso aconteceu também com outras palavras: taîasu (v.) (taiaçu ou porco doméstico), tapi'ira (v.) (anta ou boi).
îakumã (ou nhakumã) (s.) - JACUMÃ, 1) andaimo para flechar peixe (VLB, I, 35); 2) estaca à qual a canoa é atada enquanto se pesca (VLB, I, 51)
Não quero outra vida, pescando no rio de jereré, de jereré / Lá tem peixe "bão", tem siri patola que dá com o pé.
îasanã (s.) - JAÇANÃ, NHAÇANÃ, NHANÇANÃ, NHANJAÇANÃ, ave pernalta caradriiforme da família dos jacanídeos, frequente nos brejos e lagoas (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 190; Sousa, Trat. Descr., 236)
îasanãgûasu (ou îasanãûasu) (etim. - jaçanã grande) (s.) - nome aplicado a várias aves aquáticas distintas (Piso, De Med. Bras., 154; Griebe, Brasil Holandês, vol. III, 79)
îasanãmirĩ (etim. - jaçanã pequeno) (s.) - nome de uma ave (Piso, De Med. Bras., 154)
îatyrãbebé (etim. - felpas esvoaçantes) (s.) - feixe de penas ou chocalhos pendentes do tacape com que se fazia o sacrifício ritual (VLB, I, 50, 65)
îeakãmombysyk (v. intr.) - enastrar-se, amarrar os cabelos atrás, trançar os cabelos (VLB, I, 113)
îeerekomemûã [intr. compl. posp.] - ficar de mal [com alguém: compl. com esé (r, s)]: ...Tupã resé oîeerekomemûãmo... - Ficando de mal com Deus. (Anch., Doutr. Cristã, I, 163)
îemoatã - v. nhemoatã
îeratã (v. intr.) - fortalecer-se: Sekopûera angaturama xe resé t'oîeratã. - A bondade de sua vida em mim se fortaleça. (Anch., Poemas, 134)
ikomarã1 / ekomarã (t) (etim. - estar em labuta) (v. intr. irreg.) - estar ativo, produzir (com as mãos) (VLB, II, 53)
ikomarã2 / ekomarã (t) (etim. - estar em guerra) (v. intr. irreg.) - batalhar, lutar (VLB, I, 53)
ikomemûã1 / ekomemûã (t) (etim. - agir mal) (v. intr. irreg.) - 1) fazer o que não deve, errar, pecar: -Marãpe ereîkó kaûĩ suí esabeypó? Ereîkomemûãpe a'ereme? - Como ages embriagando-te de cauim? Fazes o que não deves, então? (Ar., Cat., 111v); 2) desequilibrar-se, comportar-se estranhamente, entrar em colapso: ...Kûarasy, îasy, yby, paranã rekomemûã roiré... a'ereme karaibebé ruri... - Após entrarem em colapso o sol, a lua, a terra, o mar, então os anjos vêm. (Ar., Cat., 160v) ● oîkomemûãba'e - o que erra, etc.: Oîkomemûãba'e renonhena. - Corrigir os que erram. (Bettendorff, Compêndio, 23)
ikomemûã2 / ekomemûã (t) (etim. - agir mal) (v. intr. irreg.) - 1) ser desprezível, ser motivo de zombaria: Aîkomemûã. - Sou desprezível. (Léry, Histoire, 368)
inã (adv.) - assim, deste modo: ...Xe moory-katu îepé, inã tekó mombegûabo. - Tu me alegras muito, narrando assim os fatos. (Anch., Teatro, 14); ...Aîabyp'ixé Tupã rekó inã ûitekóbone?... - Transgredirei eu a lei de Deus procedendo assim? (Anch., Doutr. Cristã, I, 224); Tó, inã îepé ra'e! - Oh, então assim é, na verdade! (Anch., Poesias, 269)
îogûerekomemûã (etim. - tratar mal um ao outro) (s.) - discórdia (VLB, I, 103)
ipûãîpûã (s.) - arpéu (VLB, I, 41)
irã (adv.) - 1) futuramente (Fig., Arte, 128): ...I por irãne. - Realizar-se-ão futuramente. (Ar., Cat., 66v); Aîuká ipó irãne... - Matá-lo-ei futuramente, com certeza. (Ar., Cat., 101v); 2) outro dia, já não agora: T'aîmombe'u é îrã. - Outro dia o contarei mesmo. (VLB, II, 61) ● irã é irã - outro dia, já não agora (VLB, II, 61)
iraîtyatã (etim. - cera dura) (s.) - breu (VLB, I, 59); pez (VLB, II, 76)
Irãmaîé (s. antrop.) - nome de personagem mitológico dos antigos tupis, o único homem que se salvou de um incêndio que teria originado o mundo; personagem mitológica da qual teriam provindo todos os homens que viviam antes do dilúvio (Thevet, Cosm. Univ., 913v)
itã (s.) - ITÃ, INTÃ, concha bivalve de mexilhões que era usada como cuia pelos índios (Cardim, Trat. Terra e Gente do Brasil, 65)
itãgûasu (etim. - itã grande) (s.) - mexilhão d'água doce (VLB, II, 37)
itãmirĩ (etim. - itã pequeno) (s.) - mexilhão d'água doce (VLB, II, 37)
itaponupãsaba (etim. - instrumento de bater pedra grossa) (s.) - martelo (VLB, II, 32)
itapûã (etim. - ferro pontudo) (s.) - âncora (VLB, I, 35)
itapûãîpûã (s.) - âncora (VLB, I, 35)
itapynhûã (etim. - artelho de ferro) (s.) - pega de ferro que se punha nos escravos fugitivos (VLB, II, 69)
itatîãîa (s.) - lança, ferro aguçado: Opá nde reté raíri itatîãîa pupé. - Riscaram todo o teu corpo com lanças. (Anch., Teatro, 120)
îubykatã (v.tr.) - abarcar, apertar o que se cinge: Aîubykatã. - Abarquei-o. (VLB, I, 38)
OBSERVAÇÃO - Os tupis fabricavam machados de pedra, que atavam com corda a um cabo. Já o machado de ferro é dotado de um buraco no qual se enfia o cabo, donde o nome ferramenta de buraco.
ka'akûã (s.) - variedade de erva-de-cheiro muito forte "que causa dor de cabeça a quem a colhe". (Sousa, Trat. Descr., 211)
ka'anupã (etim. - ferir a mata) (v. intr.) - roçar: Aka'anupã. - Rocei. (VLB, II, 107)
kaapûã (etim. - vespa pontuda) (s.) - var. de vespa (v. kabapuã) (Sousa, Trat. Descr., 240)
ka'atymã'i (etim. - folha de perninha) (s.) - variedade de erva (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 26)
KA'ATYMÃ'I (fonte: Marcgrave)
kabapûã (ou kaapûã) (etim. - vespa pontuda) (s.) - variedade de vespa que "faz ninho no chão, de barro..., o qual é redondo, do tamanho de uma panela..." (Sousa, Trat. Descr., 240) (VLB, I, 55)
kabatã (etim. - caba valente) (s.) - CABATÃ, inseto himenóptero da família dos vespídeos. "...Fazem seu ninho no ar, dependurado por um fio, que desce da ponta de um raminho;... mordem cruelmente..." (Sousa, Trat. Descr., 240)
kakugûabakatã (v. intr.) - envelhecer, declinar para a velhice: Akakugûabakatã. - Envelheço. (VLB, II, 123)
kamaragûã (s. etnôn.) - nome de antiga nação indígena (Cardim, Trat. Terra e Gente do Brasil, 126)
OBSERVAÇÃO - O termo aparece em Marcgrave (Hist. Nat. Bras., 12), que, equivocadamente, no entanto, descreveu o camapu, uma erva solanácea.
kãngyra (etim. - osso tenro) (s.) - cartilagem; pontas dos ossos tenros (VLB, II, 126)
OBSERVAÇÃO - CAPIM é palavra portuguesa de origem tupi usada em muitos países lusófonos: Angola, Moçambique, Cabo Verde, etc.
karã (s.) - nome de uma ave da família dos aramídeos (Brandão, Diálogos, 234)
karãî (v.tr.) - 1) escarvar, escavar (com as unhas) (VLB, I, 123); 2) arranhar (VLB, I, 42): Iî abaibeté nhẽ rakó... 'yaíba asé karãîa... - É muito incômodo, certamente, arranhar-nos uma tempestade marinha. (Anch., Doutr. Cristã, II, 79) ● karãîndaba - tempo, lugar, modo, etc. de arranhar, de roer; arranhadura (VLB, I, 42)
karakopytã (s.) - nome de uma ave, da cor e tamanho de uma perdiz, de bico e pés pardos, esverdeados (Lisboa, Hist. Anim. e Árv. do Maranhão, fl. 188v)
karamemûã1 (s.) - 1) caixa (que guardava peças de vestuário, etc.): Ererupe nde karamemûã? - Trouxeste tua caixa? (Léry, Histoire, 341); 2) nome geral para os cestos e canastras dos índios (Nieuhof, Ged. Reize, 220)
karamemûã2 (s.) - 1) túmulo: Itá karamemûã pupé i nongi... - Dentro de um túmulo de pedra o puseram. (Ar., Cat., 44); Osokendab a'e karamemûã itagûasu pupé. - Fecharam aquele túmulo com uma pedra grande. (Ar., Cat., 64v); 2) caixão (VLB, I, 63)
karamemûã3 (s.) - arca: Ybyrá karamemûã, ygarusu nungara... pupé i mo'aruká. - Mandando fazê-los embarcar numa arca de madeira, semelhante a um navio. (Ar., Cat., 41v)
karamemûãmirĩ (etim. - arca pequena) (s.) - cofre (VLB, I, 76)
karimã (s.) - CARIMÃ, CARIMÁ, massa de mandioca puba, que é feita colocando-se raízes frescas na água, que apodrecem ali e, depois de retiradas e postas para secar na fumaça, são finalmente socadas (D'Abbeville, Histoire, 305; Staden, Viagem, 141; Knivet, The Adm. Adv., 1232): karimã ku'i - farinha de carimã (Staden, Viagem, 86)
karumã (s.) - nome de uma árvore (abn, lxxxii [1962] 313)
kaûã (s.) - CAUÃ, ACAUÃ (v. akaûã) (D'Abbeville, Histoire, 233)
kaysã (s.) - CAIÇARA, cerca feita de ramas para a defesa contra os inimigos (VLB, I, 70) (v. tb. ka'aysá)
komixã (s.) - 1) GRUMIXAMA, GRUMIXAMEIRA, planta da família das mirtáceas (Eugenia brasiliensis Lam.), com frutos pequenos, à feição de murtinhos; 2) o fruto dessa árvore (Brandão, Diálogos, 217)
koniã (conj.) - de um lado... de outro lado (repetindo-se o termo): ...Tupã îandé rekomonhang'iré... mokõî nhõ abá rekoabane: koniã ybaka Tupã raûsupara rekoabamo, koniã Anhanga ratá i angaîpaba'e rekoabamono. - Após Deus nos julgar, duas somente serão as moradas dos homens: de um lado o céu, como morada dos que amam a Deus, e, doutro lado, o inferno, como a morada dos que são pecadores. (Ar., Cat., 163)
OBSERVAÇÃO - Entre os tupis de São Vicente servia kori para o pretérito e para o futuro. (VLB, II, 55)
kûãî! (forma da 2ª p. sing. do imper. de só - ir; o mesmo que ekûãî! - v.) - vai!: Kûãî 'ype. - Vai à fonte. (Léry, Histoire, 367)
kunhã (s.) - 1) mulher, CUNHÃ (Amaz.): ...Oka'ugûasu pabẽ, apŷaba kunhã ndibé... - Bebem muito todos, os homens com as mulheres. (Anch., Teatro, 134); ...Tupã amõ kunhãngatu monhangi. - Deus fez certa mulher bondosa. (Anch., Poemas, 86); Marãba'e kunhãpe Santa Maria? - Que tipo de mulher é Santa Maria? (Ar., Cat., 30v.); Mboîa oîuká kunhã. - A cobra matou a mulher. (Fig., Arte, 8); 2) fêmea qualquer (VLB, I, 137): taîasu-kunhã - porca fêmea (VLB, II, 82) ● kunhã-Îurupari - animais com quem Jurupari convive, que só andam à noite, soltando gritos horríveis, servindo a ele de mulheres na relação sexual; a "mulher-diabo" (D'Evreux, Viagem, 293)
kunhãeté (etim. - mulher comum) (s.) - mulher forra que nunca foi escrava (VLB, I, 142)
kunhãmuku (ou kunhãmbuku) (etim. - mulher alta) (s.) - moça “de 15 a 25 anos” (D'Evreux, Viagem, 136): Kunhãmuku taba pora xe py'a pupé anhomim... - As moças habitantes das aldeias escondo-as em meu coração. (Anch., Teatro, 150); Nd'e'i te'e kunumĩgûasu... oîkébo memẽ kagûápe, a'epe kunhãmuku repenhana... - Por isso mesmo os moços entram sempre no lugar de beber cauim, ali atacando as moças. (Anch., Teatro, 34)
kunhãmukupûara (s.) - mulher casada ou no vigor da idade (D'Evreux, Viagem, 136)
kunhãmuku'ĩ (etim. - mulher altinha) (s.) - mocinha de doze até treze ou quinze anos (VLB, II, 39)
kunhãmyxuna (etim. - mulher escura) (s.) - GRUMIXAMA, GRUMIXAMEIRA, 1) planta da família das mirtáceas (Eugenia brasiliensis Lam.), com frutas pequenas, à feição de murtinhos; 2) o fruto dessa árvore (Brandão, Diálogos, 217); 3) murta, murto, planta da família das mirtáceas, de origem mediterrânea; 4) árvore melastomácea do norte do Brasil (Mouriri guianensis Aubl.) (VLB, II, 45) (o mesmo que ybamyxuna - v.) (VLB, II, 45)
kunhã'yba (etim. - mulher-guia) (s.) - namorada (com quem não se têm relações sexuais), futura esposa: Kunhã'yba xe raûsu. - As namoradas me amavam. (Anch., Teatro, 176); Xe kunhã'ybamo arekó. - Tenho-a como minha namorada. (Ar., Cat., 114); (adj.: kunhã'yb) (xe) ter namorada: Nde kunhã'ype? - Tu tens namorada? (Anch., Doutr. Cristã, II, 93)
kunusãîa (s.) - modéstia, discrição (Bettendorff, Compêndio, 20); honestidade no aspecto (VLB, I, 153); (adj.: kunusãî) - modesto, discreto: Xe kunusãî. - Eu sou modesto. (VLB, II, 40); I kunusãî abá supé onhe'enga... - É discreta, falando aos homens. (Anch., Doutr. Cristã, I, 228); (adv.) modestamente (VLB, II, 40)
kurimã (ou kuremã ou koîrimá) (s.) - CURIMÃ, CURUMÃ, nome comum a várias espécies de peixes da família dos mugilídeos, do oceano Atlântico (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 181; Léry, Histoire, 348-349)
kurimãûasu (etim. - curimã grande) (s.) - peixe da família dos mugilídeos (D'Abbeville, Histoire, 244v).
kytã1 (s.) - nó (como de cipó ou de qualquer vara): i kytã - o nó dele; ase'okytã (ou îurubykytã) - nó do papo, nó da garganta (VLB, II, 50)
kytã2 (s.) - verruga (VLB, II, 144)
(interj.) - Ah!, Ó! Oh! (Diz o que deseja, admira ou lastima-se.) (Fig., Arte, 147): Xe moaîu-te i nema mã! - Ah, como me importuna o fedor dele! (Anch., Teatro, 8); N'aîukáî xûé temõ mã. - Ah, oxalá não o mate eu! (Fig., Arte, 27); Xe reîtyk korine mã! - Ah, vencer-me-ão hoje! (Anch., Teatro, 26); Ogûerasó temõ sapy'a ybakype Tupana xe ruba mã! - Ah, oxalá Deus logo levasse meu pai para o céu! (Fig., Arte, 99)
Mairatã (etim. - Maíra forte) (s. antrop.) - nome de entidade mitológica dos antigos tupis da costa (Thevet, Cosm. Univ., 919)
mamûã - o mesmo que mamûá (v.) (VLB, II, 60)
OBSERVAÇÃO - O termo mandi'oka parece aplicar-se, mais precisamente, à raiz dessas plantas, designando mandi'yba (v.) o arbusto delas. (D'Abbeville, Histoire, 229v; Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 65)
OBSERVAÇÃO - O termo mandi'oka (v.) parece aplicar-se, mais precisamente, à raiz dessas plantas, designando mandi'yba o arbusto delas. (D'Abbeville, Histoire, 229v; Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 65)
marã?1 (interr.) - 1) por quê?: Marãpe xe soe'ymi? - Por que não vou eu? (Fig., Arte, 98); Marãpe nd'erenhemimi? - Por que não te escondes? (Anch., Teatro, 32); Akaîgûá! Marãpe xe ri erepûá? - Ai! Por que bates em mim? (Anch., Teatro, 32); 2) de que maneira? como?: Marãpe asé monhangi? - Como ele nos fez? (Ar., Cat., 25); 3) como assim? que dizes? (Diz quem não entendeu bem o que ouviu.): Marã? Ybyrá supé nhẽpe asé îerokyû? - Como assim? Diante de uma madeira a gente faz reverência? (Ar., Cat., 22); 4) que acontece? como fica? que faz? que vai? (Fig., Arte, 133) (Vem, com esse sentido, no final de sentenças sem -pe interrogativo.): A'epe o mena... mũetéramo sekó mombe'ue'yma, marã? - E não confessando ser parente verdadeira de seu marido, que acontece? (Ar., Cat., 71v); Oîá nhote kagûarape, marã? - O que bebe somente o suficiente, que acontece? (Ar., Cat., 78); Kagûarape marã? Nd'oîabyîpe Tupã nhe'enga? - E os que bebem cauim, como ficam? Não transgridem a palavra de Deus? (Anch., Diál. da Fé, 203); 5) qual?: Marãpe moranduba? - Quais as novidades? Quais as novas? (VLB, II, 92); Marãpe nde rera? - Qual é teu nome? (Léry, Histoire, 341); 6) quê? que coisa? [geralmente com os verbos 'i / 'é e ikó / ekó (t)]: Marãpe ereîkó? - Que fazes? (VLB, II, 92); Teté marã e'îabo mã!? - Ah, que dizes!? (Anch., Teatro, 50); Marãpe sekóû ybakypene? - Que farão no céu? (Ar., Cat., 47); 7) Usado sozinho significa que queres? que buscas? (VLB, II, 92); 8) E quanto a? E no que toca a?: Marãpe nde, Mboîusu? - E quanto a ti, Boiuçu? (Anch., Teatro, 154, 2006) ● marã-marã? - refere-se a mais de um (quais? que coisas?, etc.): Marã-marã-pakó îeí xe rekóû?... - Que coisas, pois, hoje eu fiz? (Ar., Cat., 74v); Marã-marãpe Santíssima Trindade rera? - Quais são os nomes da Santíssima Trindade? (Anch., Doutr. Cristã, I, 157); marãpemo? - por que seria que? por que razão haveria de? (VLB, II, 82); marã-pipó? - 1) quê? que dizes? (como o que não entendeu bem o que outrem disse ou respondendo ao que chamou) (VLB, II, 91, 92); 2) Que queres? Que buscas? (VLB, II, 92); marã-takó? - como mesmo? (isto é, pergunta-se sobre algo de que se sabia mas de que já se esqueceu): Marã-takó ahẽ rera? - Qual era mesmo o nome dele? (VLB, I, 77); marã-te? (ou marã-tepemo? ou marãmo-tepe?) - Como, pois? Como, então? Como seria, pois? Se não é assim, como seria? (VLB, I, 77); marã-tepene? - E pois, como há de ser? (VLB, I, 121); marã-te-p'iã-ne? - E, pois, como há isto de ser? (VLB, I, 121)
marã2 (pron.) - alguma coisa, qualquer coisa, algo [em geral com os verbos 'i / 'é, ikó / ekó (t)]: ...asé 'anga tekokaturama resé marã i 'ereme. - ...quando ele diz algo acerca do bem proceder de nossa alma. (Ar., Cat., 69); T'oîapysaká a'ereme marã o 'anga moingó-katuagûama resé... - Que ouça, então, alguma coisa, para fazer estar bem sua alma. (Ar., Cat., 11v); Îeperibe'ĩ asé marã i 'éû onhemoŷrõ ymûan. - Mal a gente diz algo, já se irrita. (VLB, II, 11) ● marã... 'é tenhẽ (ou marã ... 'é tenhẽ-tenhẽ ou 'é tenhẽ marã) - dizer algo ocioso, dizer asneiras, dizer algo tolo (VLB, II, 54): A'é tenhẽ marã gûi'îabo. - Dizendo algo, digo asneiras. (VLB, II, 54)
marã3 (ou marana) (s.) - mal, malefício, coisa má, maldade; doença; aflição: Ikó tabape, marã nd'eréîpe i xupé ranhẽ? - Esta aldeia, não disseste maldades a ela ainda? (Anch., Teatro, 136); Kaûĩ mboapŷareté, a'e marã monhangara... - O que esgota verdadeiramente o cauim, esse é o fazedor de mal. (Anch., Teatro, 6); ...Marã 'é n'opyki xóne... - Não cessarão de dizer maldades. (Anch., Teatro, 36); (adj.: marã ou maran) - mau, maldoso: ...gûaîbĩ-marã... - ...velha maldosa... (Anch., Teatro, 46); (adv.) - maldosamente, no mal, perversamente: Abá marã sekoagûerĩ resé nherane'yma. - Ser cordato com um pequeno proceder no mal de alguém. (Ar., Cat., 18v) ● marã-marã tenhẽ - muito mal, muito perversamente: Marã-marã tenhẽ aîkó. - Procedo muito mal. (VLB, I, 136)
marã4 (s.) - labuta, ocupação, trabalho, esforço, afã, sacrifício; (adv.) usado com o verbo ikó / ekó (t) 1) em ocupação, em labuta: Aîmoingó-marã. - Fi-lo trabalhar (ou Fi-lo estar em ocupação). (VLB, I, 21); N'aîkóî marã. - Não estive em ocupação; não trabalhei. (VLB, I, 135); marã tekó: o estar em ocupação; o trabalho, a obra, a dificuldade (tekó, aí, não se mantém invariável, mas pode receber os prefixos de relação r- ou s-, conforme o caso): ...Xe irũnamo bé t'oîkó... marã xe rekóreme. - Que esteja comigo também ao estar eu em ocupação. (Ar., Cat., 32); Ta xe pysyrõ Tupã xe sumarã suí kûepe marã xe rekoápe. - Que me livre Deus de meus inimigos, em toda parte, em minhas dificuldades. (Ar., Cat., 21v); 2) em guerra: Oroîkó marã. - Estamos em guerra; lutamos. (VLB, I, 53)
marã5 (s.) - força: T'isa'ang apŷaba marã îandé irũ. - Que experimentemos a força dos homens conosco. (Léry, Histoire, 357)
marãba'e? (interr.) - de que tipo? que tipo? que espécie?: Marãba'e kunhãpe Santa Maria? - Que espécie de mulher é Santa Maria? (Ar., Cat., 30v); -Marãba'e? -Itá gûetépe. -De que tipo (são as casas)? -Inteiramente de pedra. (Léry, Histoire, 363); Marãba'e-p'iã ri? - De que espécie será que é isto? (ou Que será que é isto?) (Anch., Teatro, 162, 2006)
marãbirĩ (ou marãmirĩ) (adv.) - mal, perversamente, no mal: O a'yra marãbirĩ sekóreme senonhene'yma. - Não corrigindo seu filho quando ele estiver no mal. (Anch., Diál. da Fé, 206); N'abasẽ-mirĩ-angáî marãbirĩ ikó abá rekopûera amõ supé... - Não encontrei nem um pouquinho, absolutamente, algum ato deste homem no mal. (Ar., Cat., 58v)
marã'eaba (etim. - ato de dizer coisas más) (s.) - maledicência: Ereîmombe'upe abá marã'eagûera, "-aîpó e'i rakó nde resé" e'îabo? - Contaste a maledicência de alguém, dizendo: -"Ele dizia isso a teu respeito"? (Ar., Cat., 108)
marãete'ĩ!1 (interj.) - muito bem! (Fig., Arte, 136)
marãete'ĩ?2 (interr.) - como? em que condição? de que maneira?: Marãete'ĩpe Jesus o enosẽme? - Como estava Jesus quando ele o fez sair?... (Ar., Cat., 60v); Marãete'ĩ ra'umope amõ Anhanga ratá pora rekóû ikó 'ara pupé oîepé îasy Tupã ebanoĩ suí... o moingobérememo?... - Como será que um habitante do inferno viveria neste mundo se Deus o fizesse viver fora dali um mês? (Ar., Cat., 156v) ● Marãete'ĩ-pipó? - Como parece?: Marãete'ĩ-pipó peẽmo? - Como vos parece? (Ar., Cat., 56v)
marã'etenhẽa (s.) - ociosidade de palavras (VLB, II, 54); falso dito (VLB, I, 134); patranha (VLB, II, 68); parvoíce de palavras (VLB, II, 66): Marã'etenhẽa osekyî i xupé... - Invocaram falsos ditos contra ele. (Ar., Cat., 58)
marãhẽ? - o mesmo que marã1?
marãîabé? (interr.) - como? de que maneira?: Marãîabépe gûá Îandé Îara re'õmbûera rerekóû? - De que maneira trataram o cadáver de Nosso Senhor? (Bettendorff, Compêndio, 50)
marãîasûaramo (part. de optativo futuro - Pode aparecer com as partículas mã, temõ... mã ou -mo.) - que bom seria se...! oxalá!: Marãîasûaramo ahẽ kûepe se'õ mã! - Ah, que bom seria a morte do fulano por aí! (Ar., Cat., 101v); Marãîasûaramo asó mã! - Que bom seria se eu fosse! (Anch., Arte, 24v); Marãîasûaramo xe sóû kûesé mã! - Ah, que bom seria se eu tivesse ido ontem! (Anch., Arte, 24v); Marãîasûaramo Tupã xe rerasóû mã! - Ah, que bom seria se Deus me levasse! (VLB, I, 104); Marãîasûaramo turi mã! - Ah, oxalá ele viesse! (VLB, II, 61)
marakanã (s.) - MARACANÃ, nome comum a algumas aves psitaciformes da família dos psitacídeos (D'Abbeville, Histoire, 234v; Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 207)
MARACANÃ (fonte: Marcgrave)
marakanã-arara (s.) - nome de uma ave (Theat. Rer. Nat. Bras., I,166
marakanãgûasu (etim. - maracanã grande) (s.) - MARACANÃ-GUAÇU, ave psitaciforme da família dos psitacídeos; variedade de papagaio (Soares, Coisas Not. Brasil [ms .c], 1286-1288)
marakanãmirĩ (etim. - maracanã pequeno) (s.) - ave psitaciforme da família dos psitacídeos; variedade de papagaio (Soares, Coisas Not. Brasil [ms .c], 1286-1288)
marãmirĩ - o mesmo que marãbirĩ (v.)
marãmo? (interr.) - por quê? por que seria que? por que razão haveria de?: Marãmo ahẽ rekóû o mba'ekaturamo xe suí? - Por que ele vive tendo coisas boas mais que eu? (Ar., Cat., 109v); Marãmo satãngatue'ymamo? - Por que não seriam muito fortes? (Léry, Histoire, 357); Marãmope xe serasóû? - Por que razão eu o levaria? (VLB, II, 82)
marãmonhang (etim. - fazer guerra) (v. intr. compl. posp.) - brigar (com muitos clamores, com muito barulho, com espada, etc.); lutar, guerrear (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 277; VLB, I, 43) [com alguém: compl. com esé (r, s) ou ndi]: Oromarãmonhang Pero resé (ou Oromaramonhang Pero ndi). - Briguei com Pedro. (VLB, II, 71); - Nd'omarãmonhangi xópene? - Não brigarão? (Anch., Dial. da Fé, 159); Omarãmonhangype, oîoendyne? - Brigarão, cuspir-se-ão? (Anch., Doutr. Cristã, I, 228) ● marãmonhangaba - tempo, lugar, modo, etc. de lutar, de brigar; guerra, batalha, luta, briga: marãmonhangápe só... - ir para a guerra (Ar., Cat., 158)
marãmotara (etim. - o que quer guerra; querer guerra) (s.) - 1) o briguento, a pessoa briguenta; 2) fúria, ferocidade; briga; (adj.: marãmotar) - 1) furioso, feroz, briguento; (xe) enfurecer-se, enraivecer-se: Xe marãmotar. - Eu sou furioso. (VLB, I, 145); ...O aobusu mondoró-ndoroka o marãmotaramo... - Suas túnicas ficando a rasgar, estando furiosos. (Ar., Cat., 56v); Nde marãmotarype abá resé? - Tu te enfureceste por causa de alguém? (Anch., Doutr. Cristã, II, 103); abá-marãmotara - homem briguento (VLB, I, 59); 2) (xe) estar levantado, estar em guerra (alguma quadrilha ou nação): Xe marãmotar. - Eu estou em guerra. (VLB, II, 21)
marãmotepe? (interr.) - pois, que cuidavas tu? (VLB, I, 121; II, 80)
marãnamo? (interr.) - por quê? por que razão haveria de? (VLB, II, 82): Marãnamope asé o sybápe îoasaba moíni? - Por que a gente põe a cruz na testa? (Ar., Cat., 21)
marãneme? (interr.) - em que horas? em que conjunção de tempo? (Fig., Arte, 133); em que ocasiões? quando?: Marãneme-tepe asé îobasabine? - Mas quando a gente se benzerá? (Ar., Cat., 21v)
marãtekó1 (etim. - o estar em guerra) (s.) - batalha (VLB, I, 53); luta, guerra (VLB, I, 152)
marãtekó2 (etim. - o estar em ocupação) (s.) - 1) trabalho, obra, serviço, negócio (VLB, II, 49): Marãtekorama resé paîé mongetasara... - O que pede ao pajé por trabalhos. (Ar., Cat., 66v); 2) dificuldade: Ta xe pysyrõ marãtekó suí... - Que me livre das dificuldades. (Ar., Cat., 23)
marãtekoaba1 (etim. - tempo de estar em esforço) (s.) - dia de trabalho (VLB, I, 102)
marãtekoaba2 (etim. - a ação no mal) (s.) - mau procedimento; pecado: Îaîmoasy marãtekoagûera îandé py'a suíne... - Arrepender-nos-emos, de coração, dos maus procedimentos. (Ar., Cat., 122)
marãtekoaba3 (etim. - a consequência do estar em esforço) (s.) - obra feita com as mãos (VLB, II, 53)
marãtekoabe'yma (etim. - tempo sem estar em esforço) (s.) - feriado, dia de festa, ocasião de não trabalhar, ocasião em que não se trabalha: Kó 'ara marãtekoabe'yma. - Este dia é feriado. (Ar., Cat., 6v); Ogûeronhe'eng i mendarypyrama Tupãokype marãtekoabe'yma pupé... - Anuncia os que serão casados na igreja nos feriados. (Ar., Cat., 94)
marãtekoagûerepy1 (etim. - compensação do mau proceder passado) (s.) - penitência dos pecados (VLB, II, 72)
marãtekoagûerepy2 (etim. - recompensa do estar em esforço) (s.) - salário (VLB, II, 112)
marãtekoara1 (s.) - trabalhador (VLB, II, 134); o empreendedor, o que faz algo (VLB, I, 36), o que trabalha: Oîkobé xe pytybõanameté, xe pyri marãtekoara... - Existe meu auxiliar verdadeiro, o que trabalha junto de mim. (Anch., Teatro, 8)
marãtekoara2 (s.) - guerreiro; o que é valente, o que é animoso (VLB, I, 152)
marãtekoare'yma (etim. - o que não está em esforço) (s.) - preguiçoso, vadio (VLB, II, 108)
marãtekoarûere'yma (etim. - o que não agiu mal) (s.) - inocente (quando acusado de algo que não fez) (VLB, II, 12)
marigûã (s.) - peneira de pesca (VLB, II, 14)
mba'eapanupãsaba (etim. - instrumento de golpear as coisas) (s.) - macete, maço, instrumento como um martelo, de madeira rija, usado por marceneiros, carpinteiros, etc. (VLB, II, 27)
mba'enupãsaba (etim. - instrumento de golpear as coisas) (s.) - maço ou macete, instrumento como um martelo, de madeira rija, usado por marceneiros, carpinteiros, etc. (VLB, II, 27)
mbypeeîrã (adv.) - outro dia, já não agora (VLB, II, 61)
membykunhã (etim. - filha mulher) (s.) - 1) sobrinha, filha da irmã ou da prima (de m.); 2) enteada (de m.) (Ar., Cat., 114v; VLB, II, 119)
membyratã (s.) - proteção para canhões e soldados (VLB, II, 68)
memetiã - v. abiã... memetiã
memûã1 (s.) - 1) grosseria, gracejo grosseiro; trejeito; zombaria (VLB, I, 73); patranha (VLB, II, 68); 2) maldade, malícia, perversidade; 3) falsidade, fingimento, erro; (adj.) 1) grosseiro, zombeteiro; (xe) zombar (por obras ou palavras), fazer zombaria, fazer trejeitos (compl. com supé): ...Sobaké o memûãnamo... - Fazendo zombaria diante dele. (Ar., Cat., 60v); Xe îuru-memûã. - Faço trejeitos com a boca. (VLB, II, 41); nhe'ẽ-memûã - palavras grosseiras, de zombaria (VLB, I, 73); Xe memûã (abá) supé. - Eu zombo das pessoas. (VLB, I, 149, adapt.); abá-memûã - homem grosseiro, zombeteiro (VLB, I, 73); 2) mau, perverso, malicioso, maldoso: Supikatu serã uîba'e ûyrá-memûã mbouri. - Na verdade, esse fez vir um pássaro mau. (D'Abbeville, Histoire, 353); 3) falso, errado, fingido: abá-memûã - homem falso (VLB, II, 99); N'i tybi mba'e-memûã. - Não há nada errado. (Anch., Teatro, 164, 2006); (adv.) mal, maliciosamente, perversamente: Oîkó-memûãba'e renonhena. - Castigar os que procedem mal. (Ar., Cat., 18v); Aîmonhã-memûã. - Fi-lo mal. (Anch., Arte, 2); Memẽ nhẽ moxy îandébo marã e'i-memûã-memûã. - Sempre os malditos para nós dizem maldades, mui perversamente. (Anch., Poemas, 194)
memûã2 (s.) - ressaibo (VLB, II, 102)
mi'ã1 (s. voc. de h.) - mana! (como diz o homem à mulher) (VLB, II, 30)
mi'ã2 (s. voc.) - senhora! (por reverência) (VLB, II, 116)
miapeatã (etim. - pão duro) (s.) - biscoito feito de mandioca (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 67); biju duro e torrado que se guarda por muito tempo [Vasconcelos, Crônica [Not.], II, § 74, 149]
migã (s.) - sopa feita pelos índios com farinha misturada a caldo de carne ou peixe (D'Abbeville, Histoire, 305v)
minupã (s.) - o castigado, o açoitado [o mesmo que eminupã (t) - v. nupã] (Anch., Arte, 3v)
mirã (adv.) - algum dia, futuramente (VLB, I, 31); em tempo vindouro (VLB, II, 126)
moaparatã (v.tr.) - estirar, retesar (p.ex., corda) (VLB, I, 129)
moapatynã1 (v.tr.) - empelotar, encaroçar, engrolar, embolotar (p.ex., a farinha, o mingau, a papa, etc.) (VLB, II, 71)
moapatynã2 (v.tr.) - confundir; misturar (os fatos, falando ou contando alguma coisa) (VLB, II, 36)
moatã1 (v.tr.) - endurecer, tornar duro (VLB, I, 115)
moatã2 (v.tr.) - 1) estirar (p.ex., corda); estender (p. ex., ao longo do chão o que estava dobrado, enrolado ou encolhido) (VLB, I, 128); 2) alargar: Aîmoatã xe rapupa'ũ. - Alarguei meus passos. (VLB, II, 66) ● i moatãmbyra - o que é (ou deve ser) estirado, alargado: A'e o kakuab'iré, ...i nheme'engi apŷabaíba supé, oîeîuká-uká ybyraîoasaba resé i moatãmbyramo... - Ele, após crescer, entregou-se aos homens maus, fazendo-se matar na cruz, estirado. (Anch., Doutr. Cristã, I, 194)
moatãe'ym (etim. - tornar sem força) (v.tr.) - enfraquecer: Oîopyk muru akanga, i moatãe'ỹngatûabo. - Aperta a cabeça do maldito, enfraquecendo-o muito. (Anch., Poemas, 180)
moatãnhẽ (v.tr.) - endurecer (VLB, I, 118): ...Nde nhy'ã nde i moatãnhẽe'ỹme... - Se tu não endureceres teu coração... (Ar., Cat., 157)
moateîmã (ou moatemã) (interj.) - expressa dó, dor ou lamento (VLB, II, 53)
moebykatã (v.tr.) - empanturrar: Aporomoebykatã. - Empanturrei as pessoas. (VLB, I, 112)
moesãî (v.tr.) - alegrar: ...Gûaîbĩ moesãîa mbá. - ...Alegrando todas as velhas. (Anch., Poemas, 110); Oîepîakukar i xupé nhõ... i moesãîa. - Revelou-se a eles somente, alegrando-os. (Ar., Cat., 45); Aîmbiré, îarasó muru taûîé îandé roŷpyra moesãîa. - Aimbirê, levemos os malditos logo para alegrar os que ficaram em nossas casas. (Anch., Teatro, 40) ● moesãîndaba - tempo, lugar, modo, causa, etc. de alegrar, de alegria; alegria: Mba'epe asé moesãîndaba a'ereme? - Qual é a causa de nossa alegria, então? (Anch., Doutr. Cristã, I, 220)
moîaratã (v.tr.) - apertar (uma coisa em outra ou com outra) (VLB, I, 38)
moîrã? (interr.) - quando? (referente a fato futuro): Moîrãpe turine? - Quando virá? (Ar., Cat., 46)
mokanãî (v.tr.) - afrouxar, abalar (o que era firme, fixo): Aîmokanãî. - Afrouxei-o. (VLB, I, 17)
mokunhã (etim. - tornar mulher) (v.tr.) - alforriar (uma escrava) ● i mokunhãmbyra - a que é (ou deve ser) alforriada (VLB, I, 142)
mokunhãeté (etim. - tornar mulher normal) (v.tr.) - alforriar (uma escrava) ● i mokunhãetepyra - a que é (ou deve ser) alforriada (VLB, I, 142)
momarã - v. momaran
mombykatã1 (v.tr.) - reatar (VLB, II, 97)
mombykatã2 (v.tr.) - abarcar, apertar o que se cinge (VLB, I, 38)
momemûã1 (v.tr.) - 1) eliminar, apagar (p.ex., sujeira, letra, pintura) (VLB, I, 37): 'Y aé rasaba mby ky'a îaîmomemûã. - Atravessar a água elimina a sujeira dos pés. (Anch., Doutr. Cristã, II, 112); 2) desarranjar, desconcertar (o que se determinou) (VLB, I, 97); 3) esfregar (para tirar algo): Aîpi-momemûã. - Esfreguei a pele dele. (VLB, I, 124); Aîpiku'i-momemûã. - Esfreguei-lhe a caspa. (VLB, I, 124); 4) borrar (o que está escrito ou pintado) (VLB, I, 58)
momemûã2 (v.tr.) - misturar (p.ex., a terra seca com a fresca o que enterrou alguma coisa, para que não a encontrem, ou a farinha derramada no chão com a terra para que se enxergue menos a perda); mexer (duas coisas de diversas espécies para que se misturem) (VLB, II, 9; 37)
momûã (v.tr.) - borrar (o que está escrito ou pintado) (VLB, I, 58)
Monã (s. antrop.) - nome de personagem mitológico dos antigos tupis (Thevet, Cosm. Univ., 913v)
mongûirupã (v.tr.) - esbarrar em (p.ex., na parede, no chão, etc.) (VLB, I, 122)
monheãîãî (etim. - ficar fazendo dentes) (v.tr.) - fazer mossas no gume ou fio de (ferramentas) (VLB, II, 43)
mopokytã (v.tr.) - dar ou fazer nó em (p.ex., em fio ou corda) (VLB, II, 50)
mopotãî (v.tr.) - 1) fechar com aldrava, fechar com tranca (VLB, I, 30); 2) atar (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 277)
mopotãîar (v.tr.) - armar trampa de (armadilha) (VLB, I, 41)
mopyatã (etim. - fazer pé firme) (v.tr.) - fazer valente, animar (VLB, I, 36); encorajar, tornar corajoso, fortalecer: Xe mopyatã îepé... - Faze-me tu valente. (Anch., Poemas, 144); A'e pe mopyatã. - Ele vos fortalece. (Anch., Teatro, 50) ● mopyatãsaba (ou mopyatãaba) - tempo, lugar, modo, meio, etc. de encorajar, etc., encorajamento: ...asé mopyatãgûama resé. - ...para nosso encorajamento. (Ar., Cat., 82v)
moronupãsaba (etim. - instrumento de castigar gente) (s.) - chicote (VLB, I, 49)
OBSERVAÇÃO - Na sua Arte, 50, Anchieta afirma que não se poderia dizer xe moroting, i moroting, mas, sim, xe ting, ting, o que seu próprio exemplo acima contradiz.
mosãî (v.tr.) - 1) espalhar, difundir, dispersar: Apŷaba abá mombegûara oîmosãî taba rupi... - Espalham pelas aldeias homens que pregam às pessoas. (Valente, Cantigas, IV, in Ar., Cat., 1618); O koty suí mba'epoxy reîtyk'iré, abá nd'ogûeroîebyri o kotype, i mosãîa... - Após lançar fora de seu meio os vícios, o homem não os faz voltar consigo para seu meio, dispersando-os. (Ar., Cat., 250); 2) tornar notório: ...Abá rekopoxy mosãîa... - Tornando notórios os vícios das pessoas... (Ar., Cat., 241) ● i mosãîmbyra - o que é (ou deve ser) espalhado, difundido, etc. (Fig., Arte, 107); mosaĩndara - o que espalha, o que difunde, etc. (Fig., Arte, 119); mosaĩndaba - tempo, lugar, modo, etc. de espalhar, de difundir, etc. (Fig., Arte, 119)
mosasãî (v.tr.) - 1) espalhar, dispersar: Oré 'anga t'oîosu, sekopoxy mosasãîa. - Que nossa alma ele visite, dispersando os vícios dela. (Anch., Teatro, 118); 2) tornar notório: -"Emonã îé abá rekóû rãé" erépe, ...sekomemûãagûerĩ mosasãîa? - Disseste: "-Assim é que o homem agiu", tornando notórias suas pequeninas maldades? (Anch., Doutr. Cristã, II, 100)
motiningatã (tornar seco e duro) (v.tr.) - fazer mirrar, fazer ficar mirrado (VLB, II, 38)
mo'ybatatã (etim. - tornar pau duríssimo) (v.tr.) - tornar rígido, tornar duro; dificultar: ...Nhemondîara mo'ybatatãmo... - Dificultando a primeira menstruação. (Ar., Cat., 66v)
mûã - o mesmo que mã (v.)
mûãnha'ã (etim. - manilha de dedo) (s.) - anel (VLB, I, 36)
mukunã (s.) - MUCUNÁ, MUCUNÃ, MUCUNA, nome comum a plantas da família das leguminosas, subfamília papilionoídea: Mucuna pruriens (L.) DC., Dioclea glabra Benth., Dioclea virgata (Rich.) Amshoff, Dioclea malacocarpa Ducke, Dioclea sclerocarpa Ducke (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 18; Theat. Rer. Nat. Bras., II, 193)
murukuîatymãkuîa (s.) - var. de MARACUJÁ (Vasconcelos, Crônica [Not.] II, §78, 151)
(adv.) - 1) assim, deste modo, desta maneira (Fig., Arte, 5): Nã e'i memẽ îepi... - Assim dizem sempre. (Anch., Poemas, 194); Nã e'iba'e... - Os que assim dizem... (Ar., Cat., 16v); (Pode levar o verbo para o gerúndio.): Kori, nã, îandé rekó îandé moarûapa angá. - Hoje, assim, de modo nenhum nos impedem nossa estada. (Anch., Teatro, 148, 2006); 2) é o seguinte; são os seguintes: Setápe pirá seba'e? -Nã: kurimã, parati, akaraûasu... -São muitos os peixes que são gostosos? -São os seguintes: curimã, parati, acaraguaçu... (Léry, Histoire, 348-349); 3) tantos; tantas vezes, tanto (mostrando-se o número com os dedos) (VLB, II, 124; Anch., Arte, 10v) ● nã-te (ou nã-tene) - desta maneira (e não dessa) (VLB, I, 101); não assim, senão assim (VLB, II, 47); nã nhõ (ou nã nhote) - assim somente; basta (Fig., Arte, 135; VLB, II, 50); nã nhõ ranhẽ! - basta! (Fig., Arte, 135)
nãbo1 (adv.) - deste tamanho (VLB, I, 101)
nãbo?2 (interr.) - quanto? (em quantidade) (VLB, II, 91)
nãbondûara (adv.) - deste tamanho (VLB, I, 101)
nãîabé (adv.) - desta forma, assim: Oporombo'ebo nãîabé sekóû. - Para ensinar as pessoas, assim procedeu. (Ar., Cat., 121)
nãîbe'ĩ (adv.) - algum tanto, um pouquinho (VLB, II, 123)
nãîbe'ĩnhote (part.) - conforme o pouco de, à medida do que havia de (VLB, I, 79) ● nãîbe'ĩnhot'a'ub - diminuto como isto (VLB, II, 124)
nama'eruã (ou ndamba'eruã) (pron.) - nada: Nama'eruã oîmonhang asé 'angamo... - Do nada fez nossa alma. (Ar., Cat., 25)
OBSERVAÇÃO - Segundo o VLB, I, 42, essas orelheiras compridas seriam nambipora (v.) e a nambipaîa seria de outro tipo, um brinco menor. Mas admite que elas se confundem.
nãmo1 (adv.) - deste tamanho (mostrando-se com as mãos) (VLB, II, 123) ● nãmo-nhõte - não maior que isto; nãmo-nhõta'ub - pequeno como isto (VLB, II, 124)
nãmo2? (interr.) - de que tamanho? (VLB, II, 91); quanto? (em quantidade) (VLB, II, 91)
nãmosûara (adv.) - deste tamanho (VLB, I, 101)
nanãmo? (interr.) - de que tamanho? quão grande? (VLB, II, 91)
nãneme1 - o mesmo que nãnyme (v.) (Fig., Arte, 128)
nãneme2 (adv.) - sendo assim, se é assim, porque é assim: Nãneme amẽ Anhanga îeîukaibetéû moroesé... - Sendo assim, de costume, o diabo fica muito insistente pela gente. (Ar., Cat., 141v)
nãneté (adv.) - grandemente, grandissimamente (VLB, I, 150)
nãnyme (ou nãneme) (adv.) - a estas horas: Sekoabanhẽ nãnyme xe gûatae'ym. - De costume, eu não ando a estas horas. (VLB, I, 84)
niã (part.) - 1) com efeito, eis que (às vezes não se traduz): Xe abá niã ixé. - Eis que eu sou homem. (VLB, I, 91); Sepîakypyra... niã aîpoba'e re'ombûera o marane'yma rerekó... - É visto, com efeito, que ela conserva a incorruptibilidade dos cadáveres daqueles. (Ar., Cat., 179v); ...Peîar kó niã xe rugûy pe repyramo... - Tomai este meu sangue como vosso resgate. (Ar., Cat., 84v); A'e niã, Tupã sy irũnamo, Tupã Jesus mongakuasaramo sekóû. - Eis que ele, com a mãe de Deus, foi o que criou a Jesus, Deus. (Ar., Cat., 123, 1686); 2) (expressa confirmação do que se diz): Asó niã. - Vou (como disse). (Fig., Arte, 144)
nupã (v.tr.) - 1) castigar: Ké turi îandé nupãmo! - Aqui vêm para nos castigar! (Anch., Teatro, 26); N'oînupãî xûé-tepe abá o a'yra o embiaûsubane? - Mas não castigará o homem seu filho e seu escravo? (Ar., Cat., 69v); 2) açoitar, espancar, dar pancadas em, dar em: Ata'y-nupã xe atûasaba. - Açoito o filho de meu compadre. (Fig., Arte, 88); Sugûy mombukapa, îaînupã-nupã. - Derramando o seu sangue, ficaram a açoitá-lo. (Anch., Poemas, 120) ● nupãsara - o que castiga, etc.: - Setápe i nupã-nupãsara? - Eram muitos os que estavam a castigá-lo? (Ar., Cat., 60); nupãsaba (ou nupãma): lugar, tempo, companhia, resultado, etc. de castigar, de açoitar: Oîaratã serã i aoba i nupãsagûera i moperé-perebagûera resé? - Pegou-se fortemente sua roupa com que ele foi castigado por o ficarem ferindo? (Ar., Cat., 62); i nupãmbyra (ou i nupãpyra) - o que é (ou deve ser) castigado, açoitado, etc. (Anch., Arte, 3; 52v)
nhã (s.) - entalhe, encaixe, encarna: u'uba nhã - entalhe da flecha (VLB, I, 113)
nha'ã (s.) - 1) manilha, bracelete (VLB, II, 31); 2) bracelete de uma só peça e que só toma o colo do braço (VLB, I, 58)
nha'ãsoãîa (s.) - bracelete comprido que toma meio braço, tendo muitas peças (VLB, I, 58)
nhãîa (s.) - 1) fonte (donde se bebe), lugar de beber água (VLB, I, 24); 2) água de fonte; qualquer água de que bebem as pessoas (VLB, I, 141) ● nhãîmbiara - caminho de fontes, caminho que conduz a uma fonte d'água: Aîké nhãîmbiara pupé... - Entrei nos caminhos de fontes. (Anch., Teatro, 46); Eregûatápe nhãîmbiara rupi kunhã resé? - Andaste pelos caminhos de fontes com mulheres? (Ar., Cat., 234)
nhakumã (s.) - JACUMÃ (v. îakumã)
OBSERVAÇÃO - Tal palavra só aparecia na variante dialetal dos tupinambás.
nheãî (v. intr.) - enrugar-se, engrouvinhar-se: Anheãî. - Enruguei-me. (VLB, I, 117) ● nheãî-ãî - engrouvinhar-se; fazer dentes (p.ex., o machado, faca ou outras ferramentas) (VLB, II, 43)
nheakãmirõ (v. intr.) - untar-se a cabeça (para abrandar o cabelo) (VLB, II, 139)
nhe'ẽmemûã (etim. - palavras más) (s.) - reprovação, maledicência; (adj.) - reprovador; (xe) reprovar; dizer mal [de alguém: compl. com esé (r, s)]: Xe nhe'ẽmemûã (abá) resé. - Eu digo mal do homem. (VLB, II, 28, adapt.)
nhe'engatã (etim. - falar duramente) (v. intr. compl. posp.) - gritar (com alguém: compl. com supé): Anhe'engatã (abá) supé. - Gritei com o homem. (VLB, I, 59, adapt.) ● nhe'engatãndûera - pessoa que grita muito, gritador, bradador: Xe nhe'engatãndûer. - Eu sou gritador. (VLB, I, 59)
nhemoatã1 (etim. - fazer-se endurecer) (v. intr.) - esforçar-se: Anhemoatãngatu. - Esforço-me muito. (VLB, I, 124)
nhemoatã2 (etim. - fazer-se direito) (v. intr.) - estender-se (o que estava encolhido) (VLB, I, 128)
nhemoatã3 (ou îemoatã) (v. intr.) - endurecer-se, endurecer: ...Opá xe uba îesyî, oîemoatãmo. - Ambas as minhas coxas tremem, endurecendo. (Anch., Teatro, 26)
nhemoesãî (v. intr.) - alegrar-se, recrear-se (VLB, I, 30)
nhemokunhã (v. intr.) - 1) fazer-se mulher: Anhemokunhã. - Fiz-me mulher (isto é, sou uma mulher feita). (VLB, I, 91); 2) ser mulher de meia idade (VLB, II, 8)
nhemopyatã (etim. - fazer-se pé firme) (v. intr.) - 1) animar-se, fortalecer-se (VLB, I, 36); 2) esforçar-se (VLB, I, 124): Enhemopyatã Tupã resé... - Esforça-te por causa de Deus. (Ar., Cat., 141)
nhemosasãî (v. intr.) - dispersar-se, espalhar-se: Oronhemosasãî oroîkóbo. - Estamo-nos espalhando (isto é, andando espalhados). (VLB, I, 125)
nhemotupã - o mesmo que îemotupan (v.)
nhenupã1 (s.) - 1) auto-flagelar-se, penitenciar-se, castigar-se: Kype anhenupã-nupã. - Fiquei a penitenciar-me longamente. (Anch., Teatro, 172); 2) disciplinar-se (VLB, I, 103)
nhenupã2 (etim. - o castigar-se) (s.) - 1) açoite (VLB, I, 21); 2) auto-flagelação, castigo que se inflige a si próprio: Ereîmoporype nde monhemombegûara nhe'enga, nhenupã, îekuakuba...? - Cumpriste as palavras de teu confessor, a auto-flagelação, os jejuns? (Anch., Doutr. Cristã, II, 79)
nhenupãsaba (etim. - instrumento de se castigar) (s.) - disciplinas, correias com que frades e devotos se açoitavam por penitência ou castigo (VLB, I, 103)
nhenupãsabusu (s.) - tormentos, sofrimentos, padecimentos (VLB, I, 115)
nhetymãkatõî (v. intr.) - dar-se canelada (VLB, I, 65)
nhuãpupé - o mesmo que nhapupé (v.) (VLB, II, 73)
nhuãpupegûasu (etim. - nhuapupé grande) (s.) - variedade de perdiz (Soares, Coisas Not. Bras. [ms .c] 1403-1407)
nhy'ã (s.) - 1) coração (Castilho, Nomes, 35): Eîké kori xe nhy'ãme. - Entra hoje em meu coração. (Anch., Poemas, 92); Obok nde nhy'ã, saûsuba resé. - Rompeu-se teu coração, por amor a ele. (Anch., Poemas, 120); Asé sybápe cruz moíni asé nhy'ã 'arybo bé. - Em nossa testa põe a cruz e sobre nosso coração também. (Ar., Cat., 81); 2) entranhas: Itamina pupé iî yké kutuki, i nhy'ã moboka. - Com uma lança de ferro espetou seu flanco, estourando suas entranhas. (Ar., Cat., 64) ● nhy'ã-sama - fibras do coração (Castilho, Nomes, 35)
nhy'ãbebuîa (etim. - coração leve) (s.) - pulmão: Kó aîkó sygepûera t'arasó i nhy'ãbebuîa abé xe raîxó-gûaîbĩ supé. - Aqui estou para levar seu ventre e também seus pulmões para minha sogra velha. (Anch., Teatro, 66; Castilho, Nomes, 35)
obaapûã (t) (etim. - ponta do rosto) (s.) - topete (Castilho, Nomes, 40)
OBSERVAÇÃO - Em S. Vicente, era também o cunhado da mulher, o marido de sua irmã ou prima mais velhas ou mais moças. (VLB, I, 87)
oendypy'ãe'ybo (ou oendypy'ãe'yîbo) - v. endypy'ã
oîrã (adv.) - 1) no dia seguinte, no dia posterior: Oîrã o e'õ îanondé o emimbo'e pyri o karûápe. - Ao comer junto de seus discípulos antes de sua morte, no dia posterior. (Ar., Cat., 87); 2) posteriormente, mais tarde, depois: Oîrã îandé resé o îeîuká-ukar-y îanondé... miapé rari o pópe... - Mais tarde, antes de se fazer matar por nós, tomou o pão em suas mãos. (Ar., Cat., 84v); 3) amanhã (VLB, I, 33; Fig., Arte, 128)
opeã (s.) - nome de um peixe de água doce (D'Abbeville, Histoire, 247)
oporatã (v.tr.) - abarcar; apertar o que se cinge (VLB, I, 38)
OBSERVAÇÃO - Também existia a forma maîé, certamente a forma absoluta de paîé. Aquela deve ter caído em desuso já no século XVI.
Pakurypanã (etim. - borboleta de bacuri) (s. antrop.) - nome de índio tupi (D'Abbeville, Histoire, 188)
panapanã1 (s.) - PANAPANÃ, o mesmo que panama (v.), nome genérico do tupi para a borboleta (D'Abbeville, Histoire, 255)
panapanã2 - o mesmo que panapaná (v.) (D'Abbeville, Histoire, 246; VLB, I, 82)
panãpanãmuku (etim. - panapaná comprido) (s.) - variedade de borboleta (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 249)
paranã (s.) - 1) mar: Opá ybaka ereîmopó, paranã, yby abé. - Todo o céu preenches, o mar e a terra também. (Anch., Poemas, 128); Asó paranãme. - Vou ao mar. (Fig., Arte, 130-131); O îoybyri se'õmbûera paranã ybyri i kûáî. - Lado a lado seus cadáveres ao longo do mar estavam. (Anch., Teatro, 52); 2) água do mar (VLB, I, 24) ● paranãmbora - coisas que se criam no mar, a fauna marítima (Anch., Arte, 31v); paranãmbotyra - flor do mar (D'Evreux, Viagem, 181); paranãysyka - resina do mar (D'Evreux, Viagem, 181); paranãngûá - enseada ou baía de mar (VLB, I, 50); paranãendy - reflexo ou resplendor do mar (VLB, I, 40)
paranãgûasu (etim. - mar grande) (s.) - oceano: Paranãgûasu rasapa aîu. - Vim, atravessando o oceano. (Anch., Poemas, 114)
paranãmbora (etim. - habitante do mar) (s.) - marisco: Paranãmbora ri aîkó. - Vivo de mariscos. (VLB, II, 32)
paranãygûara (etim. - habitante do mar) (s.) - nome pelo qual eram chamados os habitantes da beira-mar do Maranhão (D'Abbeville, Histoire, 260v)
pekãî (v.tr.) - cutucar, tocar às escondidas, tocar furtivamente (como para advertir de alguma coisa): Aîpekãî. - Cutuquei-o. (VLB, II, 118)
pekûãî - o mesmo que pekûá (v.)
piã (m) (s.) - PIÃ, pequeno tumor na pele, ferida (Anch., Arte, 31)
-piã? (part.) - porventura? por acaso?: Kaî! Rorẽ-ka'ẽ-piã? - Ai! Por acaso é o Lourenço tostado? (Anch., Teatro, 26); Mba'e-piã asé remi'u asé îeruresaba?- Qual é, porventura, nossa comida, pela qual pedimos? (Ar., Cat., 27v); Ereîeakasó-piã? - Imigraste, por acaso? (Lery, Histoire, 341)
pikyratã (etim. - piquira duro) (s.) - nome de um peixe (VLB, II, 70)
pinhã (s. - portug.) - pinhão (VLB, II, 78)
pinhã'yba (s. - portug.) - pé de pinho, pinheiro (VLB, II, 78)
piraakãmuku (etim. - peixe da cabeça comprida) (s.) - PIRACAMBUCU, PIRAMBUCU, var. de bagre d'água doce, peixe da família dos pimelodídeos, com muitas manchas alongadas pelo corpo (VLB, I, 50)
pirãîa1 (ou piranha) (etim. - peixe dentado) (s.) - PIRANHA, nome comum a várias espécies de peixes carnívoros da família dos caracinídeos. Possuem muitos dentes e atacam pessoas e animais que entram n'água, principalmente quando percebem sangue. (D'Abbeville, Histoire, 247; Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 164)
pirãîa2 (ou piranha) (etim. - dentes de peixe) (s.) - tesoura, tenaz. Os dentes da piranha eram usados pelos índios para cortar cabelos e cordas. (D'Abbeville, Histoire, 283v)
pirãîagûara (etim. - comedor de piranhas) (s.) - mamífero cetáceo da família dos delfinídeos, uma espécie de boto (Lisboa, Hist. Anim. e Árv. do Maranhão, fl. 175-175v)
pirapu'ã (ou pirapu'ama) (etim. - peixe erguido) (s.) - baleia, nome genérico dos grandes cetáceos da família dos balenídeos (Sousa, Trat. Descr., 275)
piremonã (m) (etim. - comichão da pele) (s.) - sarna (VLB, II, 113)
pitãmo'asara (etim. - a que faz nascer as crianças) (s.) - parteira (VLB, II, 66)
pitãnhemonhangaba (etim. - lugar de se fazerem as crianças) (s.) - útero de mulher ou de qualquer fêmea (VLB, II, 27)
poesãîa (etim. - mãos alegres) (s.) - ligeireza de mãos; (adj.: poesãî) - ligeiro de mãos, ágil, presto: Xe poesãî. - Eu sou ligeiro de mãos. (VLB, II, 22)
pokytã (etim. - nó das fibras) (s.) - nó (de fio ou corda) (VLB, II, 50); (adj.) - nodoso; (xe) ter nós (VLB, II, 50)
popyatã (xe) (etim. - ponta firme) (v. da 2ª classe) - resistir, ser forte de braços, ser firme, ser resistente: Eresugûykápe kunhataĩ amõ? Semimotara rupipe koîpó i popyatã-mbápe? - Desvirginaste alguma menina? Segundo tua vontade ou ela resistiu completamente? (Ar., Cat., 103v); Na xe popyatãî. - Eu não sou resistente, eu não sou firme. (VLB, I, 143)
potãîa1 (m) (s.) - 1) fecho, aldrava: okena potãîa - aldrava da porta (VLB, I, 30); 2) botão (de roupa), colchete: aoba potãîa - botão da roupa (VLB, I, 58)
potãîa2 (m) (s.) - pinguelo de armadilha, isto é, peça, vareta da armadilha que, sendo tocada pela caça, faz desmanchar o laço e a prende (VLB, II, 77)
potãîgûara (m) (etim. - buraco de botão) (s.) - ilhós, buraco da roupa para o fecho com botões ou colchetes (VLB, II, 10)
potãîmoín1 (etim. - pôr fecho) (v.tr.) - trancar, aldravar (VLB, I, 30)
potãîmoín2 (v.tr.) - armar a trampa (de armadilha) (VLB, I, 41)
pûã (m) (s.) - dedo da mão (Castilho, Nomes, 34) ● pûã-îepotasaba (m) - as juntas dos dedos das mãos (Castilho, Nomes, 34); pûã-mirĩ (m) - dedo mínimo da mão, dedo mindinho (Castilho, Nomes, 34); pûã-myterybyrixûara (m) - dedo anular da mão (Castilho, Nomes, 34); pûã-mytera (ou pûã-mbytera) (m) - dedo médio da mão (Castilho, Nomes, 34); pûãgûasu (m) - dedo polegar da mão (Castilho, Nomes, 34); pûã-kytaba (m) - sinais dos dedos das mãos, impressões digitais (Castilho, Nomes, 34); pûã-kytã (m) - os nós dos dedos das mãos (Castilho, Nomes, 34); pûãbe'engaba (m) - dedo indicador da mão (Castilho, Nomes, 36); pûãpyra (m) - pontas dos dedos das mãos (Castilho, Nomes, 34)
pûãîobaî (xe) (v. da 2ª classe) - usar de ambas as mãos (o ambidestro) (VLB, II, 16)
pûaratã (etim. - amarrar fortemente) (v.tr.) - reatar (VLB, II, 97)
pukusãmoín (etim. - pôr cordas de pernas) (v.tr.) - amarrar pelos pés (VLB, I, 138); prender em ferros, aferrolhar com prisões (VLB, I, 23); pear: Aîpukusãmoín. - Amarrei-o pelos pés. (VLB, I, 46; II, 68) ● i pukusãmoinymbyra - o que está (ou deve ser) preso em ferros, o que está (ou deve ser) amarrado pelos pés (VLB, II, 85)
puru'ã1 (m) (s.) - nó de madeira: i puru'ã - o nó dela (da madeira) (VLB, II, 50)
puru'ã2 (m) (s.) - umbigo (Castilho, Nomes, 34) ● puru'ã-sama - cordão umbilical (Castilho, Nomes, 34); puru'ã-apyra - a ponta do umbigo (Castilho, Nomes, 35); puru'ã kûara - o buraco do umbigo (Castilho, Nomes, 35); puru'ã-pora - umbigo saltado, o que sai muito fora por falta das parteiras (Castilho, Nomes, 35)
pusu'ã (m) (s.) - espinha, espinhela, espinhaço (Castilho, Nomes, 34); pusu'ã-apyra - ponta da espinhela (Castilho, Nomes, 34); Aîpusu'ã-mogûyr. - Ergui a espinhela. (VLB, I, 126); pusu'ã-'ara - espinhela caída ou derrubada (Castilho, Nomes, 36)
pyapasabapûã (m) (etim. - sapato pontudo) (s.) - sapato de salto alto de mulheres (VLB, I, 72)
pyatã (m) (etim. - pé firme) (s.) - força (VLB, I, 141), valentia, coragem; firmeza, força de espírito (VLB, I, 142): Myatã... ogûeru... - Trouxe a coragem. (Ar., Cat., 5); Tupã myatã-eté-eté... - A imensa força de Deus (Bettendorff, Compêndio, 62); (adj.) - corajoso, valente, forte (de saúde, de boa nutrição), firme: T'oré pyatã, angá... - Que sejamos corajosos, sim. (Anch., Teatro, 120); kunhã-pyatã - mulher corajosa (Anch., Poemas, 126); Eporeaûsubok xe 'anga, t'i pyatã nde resé. - Arranca a miséria de minha alma para que esteja firme em ti. (Valente, Cantigas, I, in Ar., Cat., 1618); Epu'ã, nde pyatã! - Levanta-te, sê valente! (Anch., Teatro, 162); Na xe pyatãî. - Eu não estou forte (isto é, estou debilitado pela doença, pela fome, etc.). (VLB, I, 143); (adv.) fortemente (VLB, I, 143)
pynhûã (m) (s.) - dedo do pé, artelho (Castilho, Nomes, 30)
pynhûãkanga (m) (etim. - osso do artelho) (s.) - tornozelo (VLB, I, 60)
OBSERVAÇÃO - Pyrang não é sinônimo de pytang, como vemos, erradamente, em muitos dicionários que apresentam etimologias.
pyru'ã (mb) (v.) - calos dos pés (VLB, I, 63)
pysã (m) (s.) - dedo do pé: ...mosapyr mysã... - três dedos dos pés... (Ar., Cat., 3) ● pysã-apyra (m) - as pontas dos dedos dos pés (Castilho, Nomes, 33); pysãgûasu (m) - dedo polegar do pé (Castilho, Nomes, 33); pysãgûasu-ybyrixûara (m) - dedo indicador do pé (Castilho, Nomes, 33); pysã-kytã (m) - nós dos dedos dos pés (Castilho, Nomes, 33); pysã-mirĩ (m) - dedo mínimo do pé (Castilho, Nomes, 33); pysã-mytera (m) - dedo médio do pé (Castilho, Nomes, 33); pysã-myterybyrixûara (m) - dedo anular do pé (Castilho, Nomes, 33)
pysãgûasu (m) (etim. - dedo grande do pé) (s.) - unheiro, tumor na raiz da unha ou entre a unha e o dedo de pé doente, que era comum entre os índios (VLB, II, 139)
pysãpẽ (m) (s.) - unha de dedo do pé (Castilho, Nomes, 33) ● pysãpẽgûasu - unha de dedo polegar do pé (Castilho, Nomes, 33)
ruã1 (part. de neg. Nega partes da oração que não são o predicado. Nega, também, substantivos. É acompanhada pela partícula na (nda), que precede o termo ao qual ruã se pospõe.) - 1) não: N'asé ruba ruã-tepe asé reté oîmonhang? - Mas não foi nosso pai que fez nosso corpo? (Ar., Cat., 25); Na abaré ruã ixé. - Eu não sou padre. (Anch., Arte, 46v); Na ixé ruã asó. - Não sou eu que vou. (Anch., Arte, 47v); Na xe ruba supé ruã aîme'eng. - Não foi a meu pai que o dei. (Anch., Arte, 47v); Na ixé sóreme ruã turi. - Não porque eu fui veio ele. (Anch., Arte, 47v); Na mba'e 'u potá ruã aîur. - Não querendo comer, venho. (Anch., Arte, 47v); Xe resaraî é gûitekóbo, n'aseîá-potá ruã! - Eu estava-me, mesmo, esquecendo e não querendo omiti-lo. (Anch., Teatro, 180, 2006); 2) Após uma negativa significa não deixando de, não que: "Mba'epe pesekar?" e'i, na semiekara kuabe'yma ruã. - Disse: "-Que procurais", não que não soubesse o que eles procuravam. (Ar., Cat., 75)
ruã?2 [part. - Aparece geralmente com a ênclise -te. Os homens podiam dizer também ruãpe é, ruã-tepe ou ruã-tepe é e as mulheres ruãpe rĩ (VLB, I, 153)] 1) (interr.) - de fato? porventura? será certo que? é certo que? será que?: Kaûĩ aé ruã-tepe ybŷá onong i pupé? - Mas vinho mesmo, de fato, colocam dentro dele? (Ar., Cat., 82); Osó ruã-tepe é? - Mas foi, porventura? (Anch., Arte, 36); Andyrá ruãpe é...? - Será que é um morcego? (Anch., Teatro, 42); Osó ruãpe é? - É certo que foi? (VLB, I, 153); 2) (afirm.) - provavelmente, deve ser, deve de ser: Emonã ruãpe é. - Assim deve ser. (VLB, I, 80, 102); Emonã ruãpe rĩ. - Assim deve de ser. (VLB, I, 102)
sabaã (s.) - variedade de pimenta comprida e delgada (Sousa, Trat. Descr., 186)
sakûãîba'e (etim. - o que tem pênis) (s.) - macho (VLB, II, 27)
sakûãîba'egûyra (etim. - macho inferior; abaixo do que tem pênis) (s.) - mulher de modos masculinos; machona, mulher-macho (que não conhece homem e tem mulher e fala e peleja como homem) (VLB, II, 27)
OBSERVAÇÃO - O nome da família dessa ave é fruto de uma leitura errônea da obra de Marcgrave pelo sábio sueco Lineu: CARIAMA (em vez de ÇARIAMA, com cedilha).
sasãî (v. intr.) - dispersar-se, espalhar-se (VLB, I, 125)
OBSERVAÇÃO - O nome da família desse animal é fruto de uma leitura errônea da obra de Marcgrave pelo sábio sueco Lineu. Com efeito, na Historia Naturalis Brasiliae, de Marcgrave, está escrito CAVIA (o que deveria ter sido lido ÇAUIÁ). Foi, também, de uma errônea leitura do naturalista Lineu que se originou a palavra COBAIA, que aparece, naquela obra, junto de ÇAVIÁ, e que entrou para o léxico de muitas línguas do mundo [v. a nota do verbete sobaîa].
serã (adv.) - 1) talvez, porventura, quiçá: Xe pysy-potar-y bé serã kó gûyragûasu... - Talvez queira agarrar-me novamente este pássaro grande... (Anch., Teatro, 58); 2) sem dúvida, certamente (geralmente com certas partículas): Anhẽ serã îasepîak îepi i py-pora... - Certamente vemos sempre as marcas de seus pés. (Ar., Cat., 138, 1686); Supikatu serã uĩba'e ûyrá-memûã mbouri - Certamente esse fez vir o pássaro mau. (D'Abbeville, Histoire, 353); Nde ro'o xe moka'ẽ serã... - Tua carne será, certamente, meu moquém. (Staden, Viagem, 157); Itá a'e serã. - Aquilo é pedra, certamente. (Vasconcelos, Crônica, I, §149, 253); Ké suí serã i asabi India tapyîtinga retãme... - Daqui, certamente, passou para a Índia, terra dos indianos. (Ar., Cat., 9v); 3) (na interr.) por acaso? será?: Aîpó tekó-pysasu abá serã ogûeru...? - Aquela lei nova, quem será que a trouxe? (Anch., Teatro, 4); Pysaré serã ereîkó arinhama mokanhema? - Será que a noite toda ages para fazer sumir as galinhas? (Anch., Teatro, 30); Ereruretá serã? - Por acaso trouxeste muitas coisas? (Anch., Teatro, 44); Mamõ serã xe sóûne...? - Para onde será que eu irei? (Anch., Doutr. Cristã, I, 221); Marã serã ture'ymi? - Por que será que ele não vem? (VLB, II, 8) ● serã re'a (de h.) ou serã re'ĩ (de m.) - provavelmente, acaso, quiçá, talvez (VLB, I, 87)
serãmona'ẽ (part.) - como se, como que: Xe só serãmona'ẽ... - Como se eu fosse... (Anch., Arte, 26)
serãmona'ẽmo - o mesmo que serãmonaẽ (v.)
serã-serã (adv.) - 1) muito mal, pessimamente: Aîmonhang serã-serã. - Fi-lo muito mal. (VLB, I, 20); 2) muito: ...gûaîbĩ-marã serã-serã... - velha muito maldosa... (Anch., Teatro, 46)
siriapûã (etim. - siri pontudo) (s.) - SIRIPUÃ, espécie de crustáceo da família dos portunídeos. Devora cadáveres e apanha peixes. (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 183)
so'ogûasurãîgûera (etim. - dente do animal grande) (s.) - marfim, dentes de elefante (VLB, II, 32)
suãrã (s. astron.) - a estrela sírio, "a mais clara e resplandescente do firmamento, a qual aparece antes das chuvas" (D'Abbeville, Histoire, 317)
sumarã (s.) - inimigo (pessoal) (VLB, II, 12; Fig., Arte, 73): Anhanga sumarã - inimiga do diabo (Anch., Poemas, 88); Abápe asé sumarã? - Quem é o inimigo da gente? (Ar., Cat., 21v); Esarõ oré retama oré sumarã suí. - Guarda nossa terra de nossos inimigos. (Anch., Teatro, 118)
tãîa - v. ãîa (t)
OBSERVAÇÃO - Com a colonização, o porco doméstico foi trazido para o Brasil, passando a receber o mesmo nome dado a um animal silvestre, que os tupis caçavam e não criavam, o taiaçu. Para se diferenciar um animal do outro, passou-se a utilizar, muitas vezes, o adjetivo eté (verdadeiro, genuíno) com referência ao taiaçu do mato (taîasueté - o taiaçu verdadeiro). Isso aconteceu também com outras palavras: tapi'ira (v.) (anta ou vaca), îagûara (v.) (onça ou cão).
tãîbyra - v. ãîbyra (t)
tãîîuara - v. ãîîuara (t)
tãîmbora - v. ãîmbora (t)
tãînhoba'ũ - v. ãînhoba'ũ (t)
tãîyba - v. ãîyba (t)
takã - v. akã (t)
takãpyra (ou takambyra) - v. akãpyra (ou akambyra) (t)
takûãîa - v. akûãîa (t)
takûãînha'a (etim. - fita do pênis) (s.) - fita com que os homens tapuias amarravam o pênis (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 270)
takûã'ynha (etim. - caroço do pênis) (s.) - íngua na virilha (VLB, II, 12)
tamatîãgûasu (etim. - tamatiá grande) (s.) - ave de belíssimas penas, provavelmente da família dos ardeídeos. "Voa sempre muito por alto, por onde vai formando umas vozes que parecem humanas." (Brandão, Diálogos, 229)
tapapinhûã (s.) - TAPINHOÃ, árvore da família das lauráceas (Mezilaurus navalium (Allemão) Taub. ex Mez), de madeira dura e resistente, muito usada em construção civil no Brasil colonial (Vasconcelos, Crônica [Not.] II, §81, 153)
OBSERVAÇÃO - Com a colonização, o boi foi trazido para o Brasil, passando a receber o mesmo nome dado a um animal silvestre, que os tupis caçavam e não criavam, a tapira. Para se diferenciar um animal do outro, passou-se a utilizar, muitas vezes, o adjetivo eté (verdadeiro, genuíno) com referência à tapira do mato (tapi'ireté - a tapira verdadeira). Isso aconteceu também com outras palavras: taîasu (v.) (taiaçu ou porco doméstico), îagûara (v.) (onça ou cão).
tapi'irakûãînana (s.) - TAPIRÁ-CAIENA, 1) canafístula, cana de cor preta, cheia de polpa, medicinal, da família das leguminosas (Senna affinis (Benth.) H.S. Irwin & Barneby); 2) o fruto dessa planta (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 134-135; VLB, I, 65)
tapinhûã (s.) - TAPINHOÃ, árvore da família das lauráceas, o mesmo que tapapinhûã (v.) (Manifesto de utilidades do Brasil (1687), in Brasilia, VII (1952), 184)
tatã - v. atã (t)
tatãngatu - v. atãngatu (t)
te'ĩra'umã (interj. de espanto) - que grande! (VLB, II, 91)
tekenhanduruã (ou tekenhanduruãhẽ) (part.) - olha que te aviso! guarda-te de... Junta-se aos verbos e faz a negação com umẽ. (VLB, II, 55; VLB, II, 56): Erasó umẽ tekenhanduruã! - Não o leves; olha que te aviso! (VLB, I, 151)
tekomemûã - v. ekomemûã (t)
OBSERVAÇÃO - Os temiminós do Espírito Santo deviam considerar-se geneticamente relacionados aos tamoios do Rio de Janeiro: com efeito, se o significado do termo temiminó é neto, o de tamoio é avô...
tendybangã - v. endybangã (t)
tendypy'ã - v. endypy'ã (t)
tesãîa - v. esãîa (t)
tesakytã - v. esakytã (t)
tetiruã (part.) - 1) qualquer, quaisquer: Oporandupe Herodes mba'e tetiruã resé i xupé? - Perguntou Herodes sobre qualquer coisa para ele? (Ar., Cat., 59); 2) todos (as): Mba'e tetiruã asé saûsuba sosé, asé Tupã raûsubi. - Ama a gente a Deus mais do que ama a todas as coisas. (Fig., Arte, 96)
tetymã - v. etymã (t)
tiîeakãpyranga (etim. - tiê da cabeça vermelha) (s.) - nome de um pássaro (Theat. Rer. Nat. Bras., I, 136)
tikûaã (s.) - nome de um gato do mato, "...mui agourento para os índios" (Brandão, Diálogos, 258)
tikûarã (s.) - nome de uma ave (Brandão, Diálogos, V, 230)
tikûarapûã (s.) - variedade de búzio (Sousa, Trat. Descr., 293)
tinã (s.) - var. de farinha que se espreme às mãos e não se peneira (VLB, I, 135)
tiruã1 (part.) - 1) mesmo, ainda, até, até mesmo: Abá-tepe oîkó xe oîá, Tupã tiruã momburûabo? - Mas quem há semelhante a mim, desafiando até mesmo a Deus? (Anch., Teatro, 18); Ixé tiruã asó. - Até eu vou. (VLB, I, 46); Tupã resé tiruã kó nhe'enga reîtyki... - Até mesmo em Deus este lança palavras. (Ar., Cat., 56v); 2) nem sequer, nem mesmo, ao menos (com o verbo na forma negativa): I xy na sugûyî tiruã... - Sua mãe nem sequer sangrou. (Anch., Poemas, 184); Oîepé tiruã abá nd'e'ikatuî oîepysyrõmo te'õ suí. - Nem sequer um só homem pode livrar-se da morte. (Ar., Cat., 155); Oîepé tiruã nd'aruri. - Não trouxe nem mesmo um só. (VLB, II, 49); 'Y tiruã n'arekóî. - Nem mesmo água eu tenho. (VLB, II, 124)
tiruã2 (part.) - qualquer, quaisquer: -Ma'epe ereîpotar? -Ma'e tiruã. -Que queres? -Qualquer coisa. (Léry, Histoire, 347); -Ma'e resé îandé mongetáû? -Sé, ma'e tiruã resé. -A respeito de que conversamos? -Sei lá, a respeito de qualquer coisa. (Léry, Histoire, 358) (o mesmo que tetiruã - v.)
tu'ĩakãpyranga (etim. - tuim da cabeça vermelha) (s.) - nome de um pássaro (Theat. Rer. Nat. Bras., I, 167)
tukãmbyra (s.) - papo do tucano de pena amarela (VLB, II, 64)
tupã1 (s.) - trovão (Léry, Histoire, 359)
Tupã2 (s. antrop.) - 1) entidade que faz chover ou trovejar (Thevet, Les Sing. de la France Antart., 52v); 2) nome pelo qual os missionários e os índios cristianizados designavam a Deus (D'Abbeville, Histoire, 65): Arekó Tupã xe îopupé. - Tenho a Deus dentro de mim. (Fig., Arte, 81); Pedro t'oîmonhyrõ Tupã o îoupé... - Pedro há de aplacar a Deus para si. (Fig., Arte, 81)
tupã3 (s.) - divindade, caráter divino: I pupépe i tupã rekóû? - Dentro dela está sua divindade? (Ar., Cat., 87)
tupãar (etim. - tomar Deus) (v. intr.) - comungar, tomar a hóstia: Mobype erenhemombe'u koîpó eretupãar...? - Quantas vezes te confessaste ou comungaste? (Ar., Cat., 98)
tupãberaba (etim. - brilho de trovão) (s.) - raio; clarão que antecede o trovão (Léry, Histoire, 359); relâmpago (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 278)
tupãerogûatá1 (etim. - caminhada com Deus) (s.) - procissão (VLB, II, 87)
tupãerogûatá2 (etim. - caminhar com Deus) (v. intr.) - fazer procissão: Orotupãerogûatá. - Fizemos procissão. (VLB, II, 87)
tupãîoapyra (s.) - 1) festas religiosas ou os oito dias que se seguem a elas (as oitavas) (VLB, I, 138); 2) muitos dias santos juntos (VLB, II, 55) (V. tb. 'areteîoapyra.)
tupãmongetá1 (etim. - conversa com Deus) (s.) - oração: ...tupãmongetá pupé... - por meio da oração (Ar., Cat., 48v)
tupãmongetá2 (etim. - conversar com Deus) (v. intr.) - orar, rezar (para Deus ou em geral) (VLB, II, 39)
tupãmongetasaba1 (etim. - instrumento de oração) (s.) - missal (VLB, II, 39)
tupãmongetasaba2 (etim. - companhia de oração) (s.) - ornamentos da missa (VLB, II, 59)
tupãoka (etim. - casa de Tupã) (s.) - igreja, templo: Marãngatupe asé rekóû... tupãokype oîkŷabo?- Como a gente faz, entrando na igreja? (Ar., Cat., 24); (adj.: tupãok) (xe) - ter igreja: I tupãok îepé... aîmomoxy pabenhẽ... - Embora eles tenham igrejas, a todos arruinei. (Anch., Teatro, 132); Oré tupãoketá... - Nós temos muitas igrejas. (Anch., Poemas, 114)
TUPÃOKA (Guaraparim - ES)
tupãomirĩ (etim. - igreja pequena) (s.) - ermida (VLB, I, 121)
tupãrara (etim. - tomar a Deus) (s.) - eucaristia; comunhão: Páscoa îabi'õ tupãrara. - Comunhão a cada Páscoa. (Ar., Cat., 17)
tupãrasara (etim. - o que toma a Deus) - comungante: Oîaby bépe abá Tupã nhe'enga o a'yra tupãrasarymana supé tupãrarukare'yma? - Transgride também alguém a palavra de Deus não mandando comungar a seu filho que é comungante antigo? (Ar., Cat., 76v)
tupãrerobîasare'yma (etim. - o que não crê em Deus) (s.) - infiel, descrente, ateu (VLB, II, 12)
tupãrorypaba (etim. - lugar da alegria de Deus) (s.) - paraíso: Endé tupãrorypápe aûîeramanhẽ ereîkó. - Tu no paraíso para sempre estás. (Anch., Teatro, 122)
tupãsununga (etim. - barulho de Tupã) (s.) - trovão, "o estrondo causado pela suprema perfeição" (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 278)
tupãypy1 (etim. - primícias de Deus) (s.) - cebola-albará, variedade de canácea, provavelmente a Canna glauca L. (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 32)
tupãypy2 - o mesmo que urukatu (v.). (Piso, De Med. Bras., IV, 202)
turusã (s.) - TURUÇÃ, variedade de formiga. "São ruivas e têm o corpo tamanho como grão de trigo e grande boca.... Roem... o que acham pelo chão." (Sousa, Trat. Descr., 271)
tyãîa (s.) - 1) croque, bicheiro, anzol de ferro engastado em uma haste para pescar; vara de barqueiro com gancho e ponta de ferro (VLB, I, 55); 2) gancho: Îé, kó bé xe pûapẽ, xe rûaîpuku, xe tyãîa... - Sim, eis aqui também minhas garras, meu rabo comprido, meus ganchos... (Anch., Teatro, 40)
tymãkanga - v. ymãkanga (t)
(adv.) - já: Oín uãpe Tupã Santa Maria rygépe...? - Estava já Deus no ventre de Santa Maria? (Ar., Cat., 35, 1686) (o mesmo que umã - v.)
u'ã (t) (s.) - 1) talo (p.ex., de couve, alface, etc.) (VLB, II, 123); 2) palmito (usa-se com o nome da palmeira da qual ele foi extraído): pindobu'ã - palmito de pindoba; paty ru'ã - o palmito da palmeira pati; îeîsaru'ã - palmito de juçara (VLB, II, 63)
u'ãgûana (t) (s.) - frechal, a viga que se põe sobre as paredes e na qual se pregam os barrotes e caibros para o teto da casa (VLB, I, 143)
ûaîanã (s. etnôn.) - GUAIANÁ, o mesmo que gûaîanã (v.) (Staden, Viagem, 133)
ûaraûã (s.) - GUARAGUÁ, peixe-boi (v. gûaragûá) (D'Abbeville, Histoire, 243v)
OBSERVAÇÃO - Pode formar vocativo com -p: xe rup!: Meu pai! (Anch., Arte, 8v)]
ubapûã (etim. - extremidade da coxa) (s.) - a ponta da coxa junto ao joelho (Castilho, Nomes, 41)
ubapûãa'yĩa (s.) - lagarto da perna, a parte mais carnuda da coxa (Castilho, Nomes, 41)
ubupûãîa (s.) - bíceps da perna (VLB, II, 17)
ûianã (s. etnôn.) - nação indígena que habitava o Maranhão no início do século XVII (D'Abbeville, Histoire, 189)
u'iatã (etim. - farinha dura) (s. etnôn.) - nome de grupo indígena que vivia, no século XVI, próximo dos potiguaras da costa nordestina (Cardim, Trat. Terra e Gente do Brasil, 121)
umã1 (adv.) - já: I membyra o'ar umã... - Seu fiho já nasceu. (Anch., Poemas, 184); Opá umã tamũîa sóû. - Já todos os tamoios foram. (Anch., Teatro, 16); Tynysẽ umã kaûĩ... - Já transborda o cauim. (Anch., Teatro, 24); Aîuká umã. - Já matei. (Fig., Arte, 13); Aîuká umã a'ereme. - Já eu, então, tinha matado. (Fig., Arte, 14); Aîur umã. - Já venho. (Fig., Arte, 13)
umã?2 (interr.) - 1) onde? que é de? (prescinde do emprego do verbo estar): Umãpe Tatapytera? Umãpe Ka'umondá? - Onde (está) Tatapitera? Onde (está) Caumondá? (Anch., Teatro, 128); Umãpe xe raperama? - Onde está meu caminho? (Anch., Teatro, 160); Umã-pakó? Umã-takó? ou Umã-pakó akûea? - Que é, porventura, daquele? (VLB, II, 93); 2) qual?: Umã? Akó Rorẽ-ka'ẽ...? - Qual? Aquele Lourenço tostado? (Anch., Teatro, 16) ● umã suí? - de onde? donde? (VLB, I, 106); umã suí-katu? - de que parte de, de que lugar específico? (P.ex., perguntando a alguém que vem de Paraguaçu de qual das fazendas ali situadas ele vem.) (VLB, I, 95); umã rupi? - por onde? (Fig., Arte, 127)
umãba'e? (interr.) - qual? quais?: Umãba'e ranhẽpe erimba'e oîkó? - Qual foi o primeiro? (Anch., Doutr. Cristã, I, 158); Umãba'e 'ara pupé asé nhemombe'uû...? - Em quais dias a gente se confessa? (Anch., Doutr. Cristã, I, 212); Umãba'e kunhã resépe abá nd'omendari xûéne? - Com quais mulheres um homem não se casará? (Anch., Doutr. Cristã, I, 226)
umãme? (interr.) - em que lugar? onde? (VLB, II, 57); aonde? (Fig., Arte, 127): Umãmepe amoaé reîari? - Onde deixou os outros? (Ar., Cat., 52v); Nde remimimbûera, anhẽ, umãmepe nde mondá? - O que tu escondeste, na verdade, onde tu roubaste? (Anch., Teatro, 44)
unûanã (s.) - var. de tartaruga (VLB, II, 125)
OBSERVAÇÃO - Anchieta diz que o uso de upi (r, s) com o sentido de com, de companhia, era próprio dos carijós, índios do Paraguai (Arte, 43v).
ûyratãûyrã (s.) - nome de uma ave de rapina (D'Abbeville, Histoire, 232v)
yãpema (s.) - espada de madeira (VLB, I, 125) (o mesmo que ygapema - v.)
'ybatatã1 (etim. - pau duríssimo) (s.) - cerne (de madeira, de árvore) (VLB, I, 70)
'Ybatatã2 (etim. - pau duríssimo) (s. antrop.) - nome de índio tupi (Vasconcelos, Crônica [Not.] II, §2, 114)
OBSERVAÇÃO - Com um determinante diz-se potyra (v.), como xe potyra, "minha flor", ou paranã-potyra, "flor do mar" (D'Evreux, Viagem, 181)
ybyakytã (s.) - torrão, pedaço de terra endurecido (VLB, II, 133)
ybyrakytã (etim. - nó de árvore) (s.) - MUIRAQUITÃ, pedra verde com que índios da Amazônia compravam mulheres; pedra verde que servia como amuleto (Heriarte, Descr. Maranhão, Pará, in Varnhagen, Hist., III, 172)
ybyranupã (etim. - os bate-paus) (s. etnôn.) - nome de nação indígena tapuia. "Quando justam com os contrários, fazem grandes estrondos, dando com uns paus nos outros." (Cardim, Trat. Terra e Gente do Brasil, 126)
ybyrapûã (etim. - pau pontudo) (s.) - estaca pontuda utilizada na cultura da mandioca (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 66)
OBSERVAÇÃO - Os IGARAPÉS são um elemento hidrográfico típico da bacia amazônica e são mais seguros para pequenas embarcações, dado o seu menor volume d'água, além de servirem como atalho para se chegar a muitos lugares.
ygeasypu'ãpu'ama (t) (etim. - ataques de ventre dolorido) (s.) - puxo, esforço com dores que a mulher faz para dar à luz; dores de parto; [adj.: ygeasypu'ãpu'am (r, s)] (xe) - ter puxos: Xe rygeasypu'ãpu'am. - Eu tenho puxos. (VLB, II, 90)
ygûã - o mesmo que umã ou umûã (v.)
ymã (ou ymûã) (adv.) - já: Eresem ymã putunusu suí... - Já saíste da grande escuridão... (Ar., Cat., 82); Osó ymûã. - Já ia. (VLB, II, 7)
ymãkanga (t) (s.) - canela da perna (VLB, I, 65)
ymãoba (t) (etim. - roupa das pernas) (s.) - meias-calças (VLB, I, 63)
ymão'o (t) (etim. - polpa da perna) (s.) - barriga da perna (VLB, I, 52)
ymûã - o mesmo que ymã (v.)
ypekakûãîa (etim. - pênis de pato) (s.) - IPECACUANHA, poaia, raiz-do-brasil, planta trepadeira da família das rubiáceas (Psychotria ipecacuanha (Brot.) Stokes), de propriedades medicinais (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 17)
OBSERVAÇÃO - A idéia de um dilúvio em tempos imemoriais, que teria destruído quase todos os seres humanos, fazia parte da cosmologia dos tupis antes da chegada dos portugueses.
ysãîa (s.) - ganchos em que os índios penduravam seus samburás (VLB, I, 64)
ysakãkanga (ou ysakã) (s.) - chamiço, tudo o que pode servir para acender o fogo (VLB, I, 72)
ytymãmbûera (etim. - o que foi perna) (s.) - castanha-de-caju (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 95)
RELAÇÃO DE TOPÔNIMOS E ANTROPÔNIMOS COM ORIGEM NO TUPI ANTIGO, NAS LÍNGUAS GERAIS COLONIAIS E NO NHEENGATU DA AMAZÔNIA.
Não tivemos a pretensão, no âmbito deste trabalho, de apresentar um número maior de topônimos pois isso implicaria uma pesquisa detida em cartas de escala bem maior (por exemplo, 1: 50.000), nas quais aparecem nomes de córregos, de morros, etc. que não figuram na carta do Brasil na escala 1:1000.000. Pretendemos, contudo, numa outra oportunidade, realizar tal tarefa, tão importante quanto descurada.
Acaã (BA). De akaûã, ave falconídea.
Acauã (PI). De akaûã - aves falconídeas.
Arumã (AM). Da língua geral setentrional arumã* - planta marantácea com que se fazem balaios, paneiros, cestos, etc.
Batrapoã (morro de Itanhaém, SP). De ybytyra - morro, montanha + apûã (t): montanha pontuda.
Botuporã (BA) - a mesma etimologia de Votuporanga (v.).
Butantã (bairro de SP). De yby - terra, chão + atã (r, s) - duro, firme (reduplicação: atã-atã) - duríssimo: terra duríssima, terra firmíssima, pela língua geral meridional.
Caaporã (PB). De ka'a + porang: mata bela. "Distrito criado com a denominação de Caaporã pelo decreto-lei estadual nº 520, de 31-12-1943 (...)" (fonte: IBGE)
Camacã (BA). Não é palavra de origem tupi. É nome de povo indígena extinto que habitava a margem esquerda dos rios Pardo e Colônia, no S. da BA.
Camapuã (rio do RJ). De camacã*, planta da família das esterculiáceas, talvez termo da língua geral meridional.
Capão (BA). Mancha de mata em meio a um descampado [de ka'a - mata + 'ypa'ũ - ilha: ilha de mata]. "[...] outras vezes se vão esconder em algũas ilhas de matos fechados, que de quando em quando se acham nestas campinas, a que chamam caapões, que quer dizer ilhas de mato [...]" (Pe. João Daniel [1757], p. 75)
Capão-Açu (ilha do AM). De ka'a + 'ypa'ũ + -ûasu: grande ilha de mata.
Caparão, Serra do (ES). De kapara - planta de folhas largas, usadas para cobrir casas (Sousa, Trat. Descr., 225) + suf. do port. -ão: caparas grandes.
Carapanã (cach. do AM). Na língua geral setentrional, nome de uma variedade de mosquito (v. Carapanatuba). Pode ser também o nome de um grupo indígena da família tucano.
Carimã (PE). De karimã, massa de mandioca puba
Chitãozinho (nome de pessoa). De xintã, de uma variedade de nambu, o nhambu-xintã ou chitão (Cripturellus tataupa) (Marcgrave, Hist. Nat., 192).
Grapuitã (RN). De ybyrá + pytang + -a: pau-rosado, madeira avermelhada, o pau-brasil.
Guarantã (rio de SP). De ybyrá - árvore, madeira + atã (r, s) - duro, rijo: madeira dura (nome de uma árvore).
Gurinhatã (MG). De gûyranhe'engetá: pássaros dos muitos cantos, grunhatás, pássaros tiranídeos.
Ibicuã (CE). De yby + pu'am1 (ou pu'ã): terra erguida. (A substituição de pwa por kwa, pwe por kwe é comum em muitas línguas da família tupi guarani). É nome atribuído artificialmente à estação de Miguel Calmon, (Piquet Carneiro, CE).
Ibitupã (BA). De yby + tupã: terra divina. Nome atribuído artificialmente no século XX.
Intãs (BA). De itã, itã, intã, concha bivalve de mexilhões que era usada como cuia pelos índios.
Ipuã (SP). Nome atribuído artificialmente em 1944 ao distrito de Olho d'Água. A bem dizer, isso seria, em legítimo tupi clássico, Icuara (de 'y + kûara).
Irapoã (PI). A mesma etimologia de Irapuã (v.).
Irapuã (SP). De eirapu'a - abelhas meliponídeas.
Itapirapuã (serra de SP). De itá + byr + apu'a: pedra levantada redonda.
Itapuã (praia de Salvador, BA). De itá + pu'ã: pedra erguida.
Itarumã (GO). Nome atribuído a uma localidade de Goiás em 1943 por decreto-lei. Mas é um nome antigo, da língua geral meridional: "Itaruman- São húas frutas do tamanho e feitio de húa azeitona (...)". (Anônimo - muito provavelmente Joseph Barbosa de Sáa [1765], p. 30, folio 8v.)
Itatã (SP). De itá + atã (r, s): pedras duras.
Itatupã (PA). Distrito de Gurupá, PA, cujo nome original era Sacramento. Itatupã deve ter relação com seu nome original: de itá + tupã: pedra sagrada.
Itirapuã (MG). De ybytyra - morro + apu'a - redondo: morro redondo.
Jaboatão dos Guararapes - v. Japoatã e Guararapes.
Jaçanã (SP). De îasanã, ave jacanídea.
Jacumã (CE). De îakumã, 1) andaimo para flechar peixe (VLB, I, 35); 2) estaca à qual a canoa é atada enquanto se pesca (VLB, I, 51).
Japoatã (SE). De 'y + yapu (r, s) - barulhento, estrondoso (VLB, II, 107) + atã (r, s): rio fortemente estrondoso.
Jararandatã (MG). De îakarandá + atã (r, s) - duro, rijo: jacarandás rijos.
Juparanã (lagoa do ES). V. Jiparaná.
Mairiporã (SP). É nome atribuído artificialmente em 1948 (fonte: IBGE). De mauri, da língua geral setentrional - cidade (Frei Arronches, Caderno da Língua, 96) + porã, do guarani: cidade bonita.
Mamuã (BA). De mamûã, variedade de pirilampo (Sousa, Trat. Descr., 267)
Maracanã (MG). De marakanã, aves psitacídeas.
Mucunã (PA). De mukunã, plantas leguminosas.
Piatã (BA). De pyatã (m): coragem. Nome atribuído artificialmente no século XX.
Sacuitã (ilha do MA). De sakûaritá: sacuritás, caramujos.
Suarão (praia de Itanhaém, SP). De Suarã, a estrela Sírius
Tapiramutã (BA). De tapi'ira + mytá - andaimo no mato para esperar caça: mutã das tapiras, i.e., mutã para apanhar tapiras (ou antas).
Tapirapuã (rio de MG). De itá + byr/a + apu'a: pedra erguida redonda.
Taquarantã (ribeirão de SP). De takûara + atã (r, s): taquaras duras.
Tarumã (MT). Do nheengatu, nome de uma árvore verbenácea (Stradellli, p. 667)
Tupãciretama (PE). De Tupã + sy + etama (t): terra da mãe de Deus. Nome artificial, atribuído no século XX.
Tupãoca (PE). De tupãoka: casa de Tupã, igreja.
Ubatã (BA). De 'yba + atã: paus duros, árvores duras.
Ubiratã (nome próprio de h.). De ybyrá + atã (r, s): madeira dura, madeira firme.
(Brandão) BRANDÃO, Ambrósio Fernandes, Diálogos das Grandezas do Brasil. Segundo a edição da Academia Brasileira de Letras, corrigida e aumentada, com notas de Rodolpho Garcia e introdução de Jaime Cortesão. Edições Dois Mundos Editora Ltda., Rio de Janeiro, 1943. (Utilizaram-se também fotocópias do manuscrito L.Q.14 da Biblioteca da Universidade de Leiden, Holanda.)
_____Missão do Maranhão, in Leite, Luiz Figueira, 1940
BRANDÃO, Ambrósio Fernandes [1618], Diálogos das grandezas do Brasil. 3. ed. São Paulo: Biblioteca Virtual do Estudante de Língua Portuguesa - USP, s.d. Publicação eletrônica.
ganã (v.tr.) (etim. - empréstimo adaptado do português) - enganar | to deceive | "Re'ĩ kó xe ganã." - "Ai, eis que me enganam." - (Diogo da Costa, carta 4, apud TPK, 2024, 44) - neologismo
ka'aatãndyba (s.) (etim. - ka'a; atã; tyba) - cerrado; biomas | cerrado; biomes | - - (TPK, 2024, 114) - neologismo
aquele (a, es, as) (vis.): kûeî; ûĩ; (não vis.): a'e; aîpó; akó; akûeî
concubino (a) - agûasá
ele(s; a, as) - a'e; ahẽ; i ● para ele: i xupé
enteado (a) - temirekó-membyra
esse (a, es, as) - (vis.): ûĩ; ebokûeî; ebokûé; ebokûea; eboûî; eboûing; eboûĩba'e; eboûinga; (não vis.): a'e; aîpó; akó; akûeî
igual (a; igualha) - nungara
inimigo - amotare'ymbara; tupîara; (inimigo de uma nação indígena, pertencente a grupo diferente, considerado hostil): tobaîara1; (inimigo pessoal): sumarã
machucar - apatuká; patuká ● machucar a cabeça de: 'apirungá
neto (a) - (de h.): temiminõ; (de m.): tembiarirõ
noivo (a) - me'engaba
prestes (a) - apyrĩ
quem? - abápe? (referindo-se a mais de uma pessoa): abá-abápe? ● de quem? (ref. a origem, a procedência): abá suípe?; para quem?: abá supépe?
rumo (a = na direção de) - koty
turvar (a água de) - mo'ypiting
um (a) (num.) - oîepé ● à uma, em uníssono: oîepegûasu (v. oîepé)
viúvo (a) (adj.) - (m.): mene'õ; (h.) - emirekoe'õ (r, s)
vosso (a, os, as) - pe
a'eboé (adv.) - justamente, perfeitamente, é certo que, corretamente, muito a propósito (Fig., Arte, 136); sem mais nem menos (VLB, II, 49, 102): A'eboépe Tupã rasara Tupã rari amõme, îepi? - É certo que o comungante comungue algumas vezes (ou) sempre? (Ar., Cat., 77); A'eboé ebokûé 'ara asé oîmoeté-katune. - Muito a propósito a gente comemorará bem esse dia. (Ar., Cat., 131); A'eboé tuî. - Está muito a propósito, está sem mais nem menos (como se queria). (VLB, II, 102)
a'epe1 (adv.) - 1) ali, aí (Fig., Arte, 129): Setama rera Mboîy, a'epe i moîypa, i gûabo. - O nome da terra deles é Mboijy, ali assando-os e comendo-os. (Anch., Teatro, 140); ...A'epe kunhãmuku repenhana, i potasápe. - Ali atacando as moças, por desejá-las. (Anch., Teatro, 34); ...Opabenhẽ serã erimba'e a'epe tekoara iî a'o-îa'oû...? - Por acaso todos os que estavam ali ficaram a injuriá-lo? (Ar., Cat., 56v); 2) para ali, para lá: ...a'epe o só îanondé... - antes de irem para lá (Ar., Cat., 1686, 248); 3) por ocasião disso, então: Marãpe Herodes serekó-ukari a'epe? - Como Herodes mandou tratá-lo então? (Anch., Diál. da Fé, 181)
aibeté (adv.) - muito, em excesso: Korite'ĩ-aíbeté obebébo berameĩ kûepe o emimotarybo i xóreme "karaibebé " asé i 'éû i xupé. - A gente diz "anjos" para eles por irem eles por sua vontade para longe, como que voando, muito rapidamente. (Ar., Cat., 37)
NOTA - A palavra CAJU ainda é usada no Norte e no Nordeste do Brasil com o sentido de ano: -Quantos CAJUS você tem? Ele tem lá seus cajus. De CAJU em CAJU (isto é, de ano em ano). Isso porque o cajueiro frutifica somente uma vez por ano e era uma prática dos índios tupis da costa guardar a castanha dessa fruta para saber se já eram velhos.
amẽ2 (adv.) - 1) de costume, de hábito, geralmente: Marã erép'amẽ eporombo'ebo? - Que dizes de costume, ensinando as pessoas? (Ar., Cat., 55v); 2) necessariamente, forçosamente, por dever: Abáp'amẽ asé osenõî oîkotebẽmo? - Quem, necessariamente, a gente chama, estando aflita? (Ar., Cat., 23); Oîoaûsu-katupe amẽ oîopopysykyba'epûera? - Amam-se muito, por dever, os que se casaram? (Ar., Cat., 95); Mobype amẽ abá remirekó-eté? - Quantas são, necessariamente, as verdadeiras esposas de um homem? (Ar., Cat., 94v)
amõamõme (adv.) - algumas vezes; às vezes (VLB, I, 31): -Asé mombûeîrá-tepe îepi? -Amõamõme nhote. -Mas cura sempre a gente? -Às vezes, somente. (Anch., Doutr. Cristã, I, 219) ● amõamõme é - poucas vezes (VLB, II, 83)
amongoty (adv. e loc. posp.) - 1) alhures, em outra parte, para outra parte; para lá (Fig., Arte, 132): ...Xe raûsubá-mirĩ temõ abaré, amongoty nhõte xe moinuká mã!... - Ah, quem me dera tivesse o padre um pouquinho de piedade de mim, mandando-me pôr em outra parte! (Ar., Cat., 164v); Serenduba rupibé amongoty xe nhemimi. - Logo ao ouvir o nome dela eu me escondo em outra parte. (Anch., Teatro, 126); 2) desde outra parte (VLB, I, 100); doutra parte (VLB, I, 106); 3) longe de, afastado de: Ereîmomaranype nde mena nde reroby-potareme i amongoty eîupa...? - Resististe a teu marido quando quis chegar-se a ti, estando deitada longe dele? (Anch., Doutr. Cristã, II, 98); 4) adiante de, para adiante de, para além de, do outro lado de, além de: Lisboa amongoty - para adiante de Lisboa (VLB, I, 48); ybytyra amongoty - além das montanhas (VLB, I, 31) ● amongoty nhõ - de uma só parte, de um só lado (VLB, I, 92)
angá1 (adv.) 1) (na afirm. e neg.) - absolutamente, de modo nenhum, de nenhuma maneira, sequer (VLB, II, 116): Kori, nã, îandé rekó îandé moarûapa angá. - Hoje, assim, de modo nenhum impedem nossa estada. (Anch., Teatro, 148, 2006); -Ké muru ruri obébo? -Irõ, n'i ate'ym-angáî! - Não é que o maldito veio voando? - Portanto, não é, de modo nenhum, preguiçoso! (Anch., Teatro, 24); I 'anga 'u-potá é pysaré n'aker-angáî... - Querendo devorar suas almas, a noite toda não dormi, absolutamente... (Anch., Teatro, 30);... N'i tyb-angáî setãmbûera. - Não existem mais absolutamente suas antigas terras. (Anch., Teatro, 52); N'aîpotar-angáî. - Não quero de nenhuma maneira. (Fig., Arte, 146); N'asó-angáî. - Não fui de modo algum. (VLB, I, 94); 2) (em neg. interr.) - nem mesmo? nem sequer?: N'oîmomarã-mirĩ-angáîpe ybakygûara Tupã remimotara? - Não desobedecem nem sequer um pouco os habitantes do céu à vontade de Deus? (Ar., Cat., 27); 3) (na afirm.) - (oh) sim!, que bom!: T'oré pyatã, angá, mba'e-asy porarábo... - Que sejamos corajosos, sim, suportando as coisas dolorosas. (Anch., Teatro, 120)
anhõ (adv.) - sozinho, só; somente: Ixé anhõ asó. - Eu vou só. (VLB, II, 118); ...Nde anhõ t'oroaûsu. - Que somente a ti eu ame. (Anch., Poemas, 128); Xe anhõ kó taba pupé aîkó... - Eu somente nesta aldeia morava. (Anch., Teatro, 4); Ene'ĩ, temiminõ 'arybo nhẽ oîmombe'u o angaîpá-mirĩ anhõ. - Eia, os temiminós de dia confessam seus pecadilhos somente. (Anch., Teatro, 158); Og uba anhõpe abá osapîá?... - A seu pai somente o homem obedece? (Ar., Cat., 68v)
'arebo (adv.) - cada dia (VLB, I, 62; Fig., Arte, 128) ● 'arebondûara (ou 'arebonhẽndûara) - coisa cotidiana, o que é de cada dia (VLB, II, 94); 'arebo nhẽ (adv.) - cotidianamente (VLB, II, 94); cada dia (VLB, I, 62); 'aré-'arebo - todos os dias, a cada dia: T'e'ikatu oré 'anga serobîá... i mombegûabo 'aré-'arebo... - Que possa nossa alma crer nele, anunciando-o todos os dias. (Anch., Poemas, 84)
aroane'ym1 (adv.) - inconvenientemente, de forma inadequada, de forma imprópria, sem jeito para a coisa: ...Aroane'ym nakó nhe'engaryba rekóû. - De forma inadequada, certamente, está o regente do canto. (VLB, I, 154)
2 (adv.) - também (Fig., Arte, 148) [o mesmo que abé (v.)]: ...Sabeypora suí bé oîoapixá-pixapa. - Também por embriaguez ficando a ferirem-se uns aos outros. (Anch., Teatro, 34); Îé, kó bé xe pûãpẽ... - Sim, eis aqui também minhas garras. (Anch., Teatro, 40); Oka'u bé xe raîxó... - Bebe cauim também minha sogra. (Anch., Teatro, 46); ...Ingapema bé peru! - Trazei também o tacape! (Anch., Teatro, 64)
5 (adv.) - mesmo, bem: ...'Ara nde i gûaba pupé bé o'a te'õ nde reséne... - No mesmo dia em que tu a comeres cairá a morte em ti. (Ar., Cat., 40); ...Kori bé t'i mokanhẽ... - Hoje mesmo havemos de fazê-lo sumir... (Anch., Teatro, 16); Xe ku'aî bé arekó. - Tenho-o bem na minha cintura. (VLB, I, 74); Xe pytáî bé turi. - Veio bem detrás de mim. (Anch., Arte, 41v); Oîeí bé muru kaî... - Hoje mesmo os malditos queimam. (Anch., Teatro, 88)
be'ĩ (adv.) 1) (na afirm.) - um pouco, algum tanto, um pouquinho; mais um pouco; um pouco mais: I katu be'ĩ. - Ele está um pouco melhor (VLB, I, 31; II, 28); ...Xe angaturã be'ĩ temõ erimba'e mã!... - Ah, oxalá futuramente eu seja um pouquinho melhor! (Ar., Cat., 158v); 2) (na neg.) - mais nada, nada mais: ...N'i pori be'ĩ xe aîó. - Não contém mais nada minha bolsa. (Anch., Teatro, 46) ● Pode dar a idéia de "mal por mal", "ruim por ruim": Ahẽ nakó i angaturã-be'ĩ. - Ruim por ruim, ele é, de fato, um pouco melhor (isto é, ele é menos ruim que os outros). (VLB, II, 29)
bîar1 (adv.) - pouco a pouco (VLB, II, 83)
NOTA - A palavra JAGUAR, de origem tupi, está presente em muitas línguas do mundo, passando a designar felinos de outros continentes, como a África. É o nome, também, de uma marca britânica de automóveis. Dali originam-se, no P.B., muitas palavras: JAGUARAÍVA (îagûar + aíb +-a, "cão ruim"), cão que não serve para a caça; JAGUAPITANGA ("cão cinzento"), raposa-do-campo; JAGUAPEBA, JAGUAPEVA (îagûar + peb + -a), variedade de cães domésticos de pernas curtas. Dali originaram-se, também, muitos nomes de lugares no Brasil: JAGUANAMBI (CE), JAGUAQUARA (BA), etc.
îakatu1 (adv.) - por todo (os, a, as), em todo (os, a, as): Seté îakatupe ybŷá i moperé-perebi...? - Fizeram feridas por seu corpo todo? (Ar., Cat., 60); -Mamõpe a'e i boîá sóû a'e riré? -Taba îakatu. -Para onde aqueles seus discípulos foram depois disso? -Por todas as cidades. (Ar., Cat., 45v); I pupé Îesu Cristo rekóû, ...o ekó îakatu tenhẽ i 'anga abé... - Dentro dele está Jesus Cristo, em todo o seu ser e em seu espírito. (Ar., Cat., 85); T'oîkuab pabẽngatu abá yby îakatu okûaba'e karaibamo nde rera rekó. - Que saibam todos os homens que estão em toda a terra que teu nome é santo. (Thevet, Cosm. Univ., II, 925)
îandu1 (adv.) - costumeiramente, como de costume, como sempre: ...Saraûaîa rur'iré, îamombá taba îandune. - Após vir Sarauaia, destruiremos a aldeia, como de costume. (Anch., Teatro, 24); ...Oroapy kori, îandu! - Queimo-te hoje, como de costume! (Anch., Teatro, 44); I angaturam ko'yré... xe remiarõ îandune. - Serão bons doravante os que eu guardo de costume. (Anch., Teatro, 50); Xe mokõ kori, îandune. - Engolir-me-á hoje, como sempre. (Anch., Teatro, 62); Oîkó-potá sesé îandu. - Quer ter relações sexuais com ela, como de costume. (Ar., Cat., 108v)
îar1 / ar(a) (t, t) (v. tr. irreg.) - 1) prender, apanhar, tomar, catar, pegar: ...tapuîa rara... - prender tapuias (Anch., Teatro, 8); Abá rokype erekûá tá, nhemim-y îanondé? - Na casa de quem passaste tomando-as, antes de te esconderes? (Anch., Teatro, 44); Eîá-te xe rubixaba! - Mas apanha, antes, meu chefe! (Anch., Teatro, 76); Nd'ogûar-ukarype Îudeus a'e cruz abá supé...? - E os judeus a um homem não mandaram tomar aquela cruz? (Ar., Cat., 61v); 2) tomar, ingerir (bebida ou comida): Xe potaba kaûĩ rá. - O que me cabe é tomar cauim. (Anch., Teatro, 22); 3) receber; aceitar: Aîar itaîuba (abá) suí. - Aceitei dinheiro do homem. (VLB, I, 19, adapt.); Ahẽ xe re'õ-motareme, aîpotá-katu,... îasuka rara roîré. - Se ele quiser matar-me, bem o desejo, após receber o batismo. (D'Abbeville, Histoire, 351v); Sygépe o eterama Tupã tari... - Em seu ventre Deus recebeu seu próprio corpo. (Anch., Poemas, 88); ...O boîáramo pe rari. - Como seus discípulos receberam-vos. (Anch., Teatro, 54); 4) acatar, assumir: Aûîé, kó temiminõ nd'ogûari Tupã rekó... - Enfim, esses temiminós não acatam a lei de Deus... (Anch., Teatro, 20); ...N'aîari kó sekó-angaturama... - Não acato essa sua boa lei. (Ar., Cat., 25v); 5) tirar (o fogo, com pederneira, com fuzil): Eresaûsubarype i mba'easyreme, satá-á... - Tu te compadeceste deles quando eles estavam doentes, tirando-lhes fogo? (Anch., Doutr. Cristã, II, 86); 6) tomar as feições de, os traços de, sair a: Og uba ahẽ ogûar. - Ele tomou os traços de seu pai; Og uba resá ahẽ ogûar. - Ele tomou os traços dos olhos de seu pai. (VLB, II, 131); 7) colher (o que se semeou no chão. Para colher frutas, v. po'o) (VLB, I, 77); 8) resgatar (VLB, II, 102); 9) guardar, observar, praticar: Aîá pá îekuakuba. - Pratiquei todos os jejuns. (Anch., Teatro, 172) ● ogûaryba'e - o que toma, o que apanha, o que recebe, etc.: ...Îekuakubusu îabi'õ Tupã ogûare'ymba'e. - O que não recebe a Deus (isto é, não comunga) a cada Quaresma. (Ar., Cat., 76v); asara (t, t) - o que toma, o que pega, o que recebe: ...I poxyba'e tasara te'õ ogûar o îoupé... - Os que são maus, que o tomam, recebem a morte em si. (Valente, Cantigas, VIII, in Ar., Cat., 1686); ...semiîukapûera rasara - o que apanha o que ele matou (Ar., Cat., 73); emiîara (ou embiîara) (t, t) - o que alguém apanha, toma, pega, etc.: xe remiîara - o que eu tomo (Anch., Arte, 58v); Ogûemimbo'e pyri o karuápe, miapé o pópe gûemiîara i moîebyû... - Ao comer junto dos seus discípulos, o pão que apanhou em suas mãos devolveu-o. (Ar., Cat., 5); tarypyra - o que é (ou deve ser) tomado, pego, etc.: ...Abá remimotara rupi tarypyrama é amoaé mokõî. - Aqueles outros dois deverão ser tomados segundo a vontade das pessoas. (Anch., Doutr. Cristã, I, 223); asaba (ou araba) (t, t) - tempo, lugar, modo, etc. de pegar, de receber, de tomar; tomada, recepção: E'ikatupe asé aîpoba'e rasápe ogûera rekobîarõmo? - Pode a gente trocar seu próprio nome ao receber aquele? (Ar., Cat., 83v)
îepi (adv.) (às vezes com a partícula nhẽ) - sempre, comumente; constantemente, cada dia (Fig., Arte, 129): ...Ereîase'o îepi. - Choravas sempre. (Anch., Poemas, 96); Aîur ybaka suí... îepi nhẽ pe pytybõmo. - Vim do céu para vos ajudar sempre. (Anch., Teatro, 50); Ixé kó ka'u resé aporomoingó îepi... - Eis que eu faço as pessoas estarem sempre na bebedeira. (Anch., Teatro, 134); -Mba'e-mba'eremepe asé îeruréû i xupé? -Îepi nhẽ... - Em que ocasiões a gente reza para eles? - Constantemente. (Ar., Cat., 24); Osyk oré ri sendy îepi nhẽ. - Chegou a nós sua luz para sempre. (Anch., Poemas, 124); N'i apori oré sumarã îepi nhẽ oré ra'anga. - Não desiste nosso inimigo de sempre nos tentar. (Anch., Poemas, 174) ● îepindûara (ou îepinhẽndûara) - o que é de sempre; coisa cotidiana (VLB, II, 94)
îeruresabo (adv.) - a pedido, por solicitação: ...Cruz resé i moîari, i îeruresabo é... - A seu próprio pedido, na cruz o pregaram. (Ar., Cat., 9)
ikatupe1 (adv.) - manifestamente (VLB, II, 31); notoriamente (VLB, II, 51); publicamente, em público, a olhos vistos (VLB, I, 37): -Umãmepe i poromomendari? -Tupãokype, ikatupe nhẽ, mokõî abá robaké. -Onde ele casa as pessoas? - Na igreja, publicamente, diante de duas pessoas. (Ar., Cat., 94) ● ikatupendûara [ou ikatupesûara] - coisa manifesta, pública, coisa notória por ser vista (VLB, II, 31; 51)
ikatupe2 (adv.) - nuamente, sem roupa, a nu, despido: ...Ikatupe nhẽ temõ mã...! - Oxalá ela estivesse sem roupa! (Ar., Cat., 104); ...ikatupe nde moĩndara... - o que te põe a nu (Ar., Cat., 187); ...Ikatupe nhẽpe sekóû te'yîpe? - Estava ele despido, sem mais, em público? (Ar., Cat., 62); Ikatupe aîkó. - Ando despido, vivo despido. (VLB, II, 51) ● ikatupendûara [ou ikatupesûara ou ikatupe (nhẽ) tekoara] - o que está ou anda despido (VLB, II, 51)
ipabẽ (adv.) - em conjunto, todos juntos, à uma: ...Ipabẽ xe resé pe Tupãmongetarama ri. - Para que oreis por mim todos juntos. (Bettendorff, Compêndio, 28)
katupe (adv.) - a nu, a descoberto, desveladamente: Aûnhenhẽ Tupã katupe îepîakukari i xupé... - Deus, a descoberto, imediatamente revelou-se a eles. (Ar., Cat., 38)
kobé (adv.) - aqui, eis aqui, aqui está, eis que, eis que aqui: Kobé aîkó. - Aqui estou eu. (VLB, I, 40); ...Kobé xe rembiaretá t'ame'ẽne amõ endébo... - Eis que também minhas muitas presas hei de dar algumas a ti. (Anch., Teatro, 46); ...Kobé aîkó nde ra'yrangaîpabĩnamo... - Eis que aqui estou como teu filho pecador. (Ar., Cat., 86); Kobé xe îurupara, kobé arupare'aka. - Eis aqui meu arco, eis aqui as farpas. (Anch., Teatro, 162); Kobé sekóû kó. - Eis que ele está aqui; Kobé tuî kobé (forma enfática). - Eis que aqui está deitado. (VLB, I, 109)
kori1 (adv.) - hoje (ainda por acontecer, referente ao tempo que ainda virá) (Fig., Arte, 128): Xe reîtyk korine mã! - Ah, vencer-me-ão hoje. (Anch., Teatro, 26); Peporeaûsu korine... - Estareis aflitos hoje. (Anch., Teatro, 42); Oroapy kori, îandu! - Queimo-te hoje, como de costume! (Anch., Teatro, 44); Asó kori paranãmene. - Irei hoje ao mar. (Anch., Arte, 22); Asó kori okype nde rur'iréne. - Irei hoje à casa depois que tu vieres. (Anch., Arte, 22); Nde akanga îuká aîpotá korine. - Tua cabeça quererei quebrar hoje. (Staden, Viagem, 156) ● kori é (ou kori é kori ou kori-îé ou kori-îé kori ou kori é pyrybĩ) - hoje mesmo (futuramente) (Fig., Arte, 128); daqui a pouco, em breve (VLB, I, 89); depois, logo (VLB, I, 100): ...Kori é t'oromondóne. - Hoje mesmo hei de fazer-te ir. (Anch., Teatro, 32)
korite'ĩ (adv.) - 1) rápido, depressa, ligeiramente, brevemente, logo: -Marãpe asé rekóû Tupãar'iré? -Nd'onhonumuni korite'ĩ. - Que faz a gente após comungar? -Não cospe logo. (Bettendorff, Compêndio, 89); Xe membyrar korite'ĩ. - Eu darei à luz logo. (D'Evreux, Viagem, 137); 2) agora: Korite'ĩ i xóû. - Agora ele vai. (Fig., Arte, 94); Korite'ĩ Pedro xe ruba mongetáû. - Agora Pedro conversa com meu pai. (Fig., Arte, 96); 3) há pouco, agora há pouco (VLB, I, 24) ● korite'ĩ-aíb - logo, depressa, rapidamente (Fig., Arte, 129); korite'ĩ-aíb-eté - o mais cedo possível, em um momento (VLB, I, 37): ...A'eîbé korite'ĩ-aíb-eté serasóû aûîeramanhẽ tatápe... - Logo então, em um momento, leva-o para sempre para o fogo. (Ar., Cat., 159v); ...Xe membyrĩ mã..., korite'ĩ-aíb-eté erekanhem xe suí... - Ó meu filhinho, em um momento desapareceste de mim! (Ar., Cat., 156); korite'ĩ nhote - um pouco (fal. de tempo), pouco tempo (VLB, I, 154), por pouco tempo (VLB, II, 83); o mais cedo possível, em um momento: Pesa'ang îepé... korite'ĩ nhõte xe pyri pekere'yma... - Tentastes em vão, por pouco tempo, não dormir perto de mim. (Ar., Cat., 53); korite'ĩ-mbyryb - agora há pouco (VLB, I, 24)
koromõ (adv.) - logo, logo mais, daqui a pouco, em breve: Koromõ ipó eregûatá xe rekoápe... - Logo, decerto, passarás no lugar em que moro. (Anch., Poemas, 156); Koromõ keygûara temiminõ moaûîébo, asapekóne. - Logo, vencendo os temiminós, habitantes daqui, frequentá-los-ei. (Anch., Teatro, 136); -Esenõî mbá! -Koromõ! -Nomeia tudo. -Logo mais. (Léry, Histoire, 343) ● koromõ-apyri'ĩ - daqui a pouquinho (VLB, I, 89)
ko'yré (adv.) - doravante: I angaturam, ko'yré... - Serão bons, doravante. (Anch., Teatro, 50); Ko'yré Tupã aîkugûab. - Doravante conheço a Deus; Ko'yré emonã aîkó. - Doravante assim procedo. (VLB, I, 27)
ko'yté (adv.) - 1) enfim, afinal, finalmente: Osapîápe Pilatos i nhe'enga a'ereme ko'yté? - Obedeceu, enfim, Pilatos à sua palavra, então? (Ar., Cat., 61); Mba'epe sacramento mendara ko'yté? - Que é o sacramento do matrimônio, afinal? (Bettendorff, Compêndio, 98); 2) então, depois disto (Fig., Arte, 149); daqui por diante (VLB, I, 90); 3) já agora: Our ipó ko'yté. - Já agora deve ter vindo. (VLB, II, 7); Ne'ĩ serasóbo ko'yté. - Ora, já agora leve-o. (VLB, II, 7)
kûeîkûeîbo (adv.) - em toda a parte, por toda a parte: ...I îogûerekó kûeîkûeîbo... - A consorciação deles em toda a parte. (Ar., Cat., 49v); ...Kûeîkûeîbo o îosuí i kûá e'ymeté - Como se eles não estivessem por toda a parte, longe uns dos outros. (Bettendorff, Compêndio, 56)
kûekoty (adv.) - para essa banda (Fig., Arte, 130); para lá, para esse lado (Fig., Arte, 130); mais para lá, mais para a outra banda (Fig., Arte, 129)
NOTA - A palavra CURUMIM, do P.B., provém da língua geral setentrional, do século XVIII, um desenvolvimento histórico do tupi antigo. (Frei Arronches, O Caderno da Língua, p. 172). Daí, talvez, provenha GURI, menino. Há também as formas variantes COLOMIM, CULUMIM, COLOMI e CULUMI. Podem também significar, além de menino, criado jovem (Amaz.).
kype2 (adv.) - longamente, muito tempo (VLB, I, 102): Kype rakó ereín nde raûsupara koîpó nde mũ rapirõmo... - Longamente ficas sentado pranteando teus amigos ou teus parentes. (Ar., Cat., 157); Kype anhenupã-nupã. - Fiquei a penitenciar-me longamente. (Anch., Teatro, 172); ...Kype onhemoŷrõmo nhẽ. - Longamente irritando-se. (Anch., Teatro, 128)
memẽ3 (adv.) - 1) sempre (às vezes com as partículas nhẽ ou îepi): Te'yîpe memẽ nhẽ ixé aporombo'e.- Sempre eu ensinei as pessoas publicamente. (Ar., Cat., 55v); Tynysẽ memẽ ygasaba. - Estão sempre cheias as igaçabas. (Anch., Teatro, 34); Morubixaba tuîba'e onhe'eng memẽ i xupé... - Os chefes velhos falam sempre a eles. (Anch., Teatro, 34); Memẽ nhẽ i xóû îepi. - Ele sempre vai. (VLB, II, 115); ...Ta xe rarõ memẽ îepi... - Que me guarde sempre. (Ar., Cat., 34v); Osó memẽ n'akó îepi. - Eis que ele sempre vai. (VLB, II, 115); 2) para sempre: ...Oré sumarã reîtyka memẽ. - Nosso inimigo vencendo para sempre. (Anch., Poemas, 126)
(adv.) - acolá (Fig., Arte, 121); por aí: Nd' eré mõ tenhẽ umẽ abá resé. - Não digas por aí, falsamente, a respeito de ninguém. (Anch., Doutr. Cristã, II, 99)
mo'ang3 (adv.) - inutilmente, em vão, sem proveito, de mentira, ficticiamente: Aka'amondó-mo'ang. - Fui à caça sem proveito. (Fig., Arte, 143)
moroún (adv.) - de cor preta (como dizemos da fruta de que a árvore está carregada): Moroún oîkóbo. - Estando de cor preta. (VLB, II, 86); Moroún-mbyry nakó. - Eis que estava de cor um tanto preta, certamente. (VLB, II, 128)
naani1 (adv.) - não, de modo algum, absolutamente não (Bettendorff, Compêndio, 42): -Mba'epe asé oîmoeté abaré itaîukamusi rupireme? Akó itaîukamusi anhõtepe? -Naani... -Que a gente honra quando o padre ergue o cálice? Aquele cálice somente? -De modo algum. (Ar., Cat., 153-154)
namẽ (adv.) - de costume, de hábito, geralmente: Tupã aé namẽ asé oîmoeté. - O próprio Deus a gente honra, de costume. (VLB, I, 84)
nandé (adv.) - assim desta maneira (e não dessa outra) (VLB, I, 45); mas antes assim (Fig., Arte, 137): Nandé rakó asé îeupiri ybakypene, o posyîusu reîtyk'iré. - Assim, desta maneira, na verdade, a gente subirá para o céu, após lançar fora seu grande peso. (Ar., Cat., 169v)
ndaeté (adv.) - grandemente: Ndaeté nde momorangi. - Embelezou-te grandemente. (Anch., Poemas, 144); ...Kó tabyîara... ndaeté i poraûsubari. - A senhora desta aldeia compadece-se grandemente das pessoas. (Anch., Teatro, 180)
nyng (adv.) - a latejar, em pulsação (p.ex., a ferida ou a cabeça, quando doem): Nyng a'é; Nyn-nyng a'é. - Estou a latejar. (VLB, II, 19; adapt.)
nhemomotar1 (adv.) - cobiçosamente, com desejo, com atração: Erema'ẽ-nhemomotarype amõ rapopé reséno? - Olhaste também com desejo para a vagina de alguma? (Anch., Doutr. Cristã, II, 89)
nhõ (adv.) - só, somente, apenas: ...Nde nhõ nde moetekatûabo! - A ti somente louvando-te muito! (Anch., Poemas, 92); Mba'e i 'upyra resé nhõpe asé îeruréû Tupã supé? - A gente pede a Deus somente pelas coisas que deve comer? (Ar., Cat., 27v); I îurupe nhõ Tupã rerobîara ruî. - A crença em Deus está somente em suas bocas. (Anch., Teatro, 30); Aîpó nhõ-pipó nde rera? - Esse somente é, de fato, teu nome? (Anch., Teatro, 44); Epytá! Kagûápe nhõ nde ratãngatu-potá? - Fica! Somente quando bebes cauim tu queres ser valente? (Anch., Teatro, 64)
oebyraîarinhote (adv.) - prestes a ir ou a vir, na iminência de ir ou vir: Oebyraîarinhote aîkó. - Estou prestes a ir. (VLB, I, 128)
NOTA - A interjeição oi, do português do Brasil, pode provir daí.
oîá1 (adv.) - igualmente, da mesma forma, tanto quanto: ...Te'õ abé reîkéû ikó 'ara poramo oîá. - Da mesma forma, a morte também entrou como componente deste mundo. (Ar., Cat., 155)
oîepé2 (adv.) - 1) uma vez: Oîepé asó. - Fui uma vez. (Anch., Arte, 10v); Oîkuakumo amõ abá tekopûera oîepé'ĩ nhõmo, Tupana n'i nhyrõî xómo. - Se alguém escondesse os atos passados uma só vez, Deus não perdoaria. (Anch., Teatro, 176, 2006); 2) a uma, em uníssono, a uma só voz, todos juntos, todos de uma vez (Fig., Arte, 5): Peîori apŷabetá, oîepé... - Vinde índios, em uníssono. (Valente, Cantigas, V, in Ar., Cat., 1618)
oîobaúpa (adv.) - de cara um para o outro, cara a cara: Semo'ẽ, oîobaúpa. - Eles mentem de cara um para o outro. (Anch., Teatro, 164); T'îasó maranatãûãme o îoupé oîobaúpa? - Havemos de ir à dura guerra, cara a cara uns contra os outros? (Anch., Poemas, 112)
oobapybo (adv.) - de bruços; emborcado, de boca para baixo (p.ex., o vaso, a tigela, etc.): Oobapybo aîub. - Estou deitado de bruços. (VLB, I, 90); Oobapybo aîmoín. - Coloquei-o de boca para baixo. (VLB, I, 111)
opukubo (adv.) - ao comprido, ao longo, de comprido (Fig., Arte, 122): Opukubo taba reni. - A aldeia está assentada de comprido. (Anch., Arte, 43); Opukubo taba amoín. - Assento a vila de comprido. (Anch., Arte, 43)
No AM diz-se por as árvores em piques, isto é, "abrir caminhos que vão ter a elas".
NOTA - A palavra PIQUIRA, no P.B., designa também: 1) cavalo de pequena estatura; 2) indivíduo insignificante; 3) homem baixinho; 4) miúdo (falando de peixe); 5) uma variedade de lambari (in Dicion. Caldas Aulete). Daí, também, o nome geográfico PIQUERI (v. p. 386).
poekûabo (adv.) - segundo o costume: O poekûabo ipó Tupã nhyrõnamo ndebe ko'yténe. - Segundo seu costume, certamente Deus perdoará a ti, afinal. (Anch., Doutr. Cristã, II, 94)
pûer (adj. - Em ambiente nasal assume a forma mbûer. Embora seja tema nominal, comporta-se, muitas vezes, como sufixo. Apresenta os alomorfes ûer, er, gûer, etc. Expressa o passado nominal.) - 1) antigo, velho, extinto, passado, acabado, que foi, ACUERA: miapepûera - o que foi pão (Ar., Cat., 87); miîukapûera - o que foi morto (Anch., Arte, 19v); Aroŷrõ xe rekopûera. - Detesto minha lei antiga. (Anch., Poemas, 104); xe retãmbûera - minha antiga região (Anch., Poemas, 152); irũmbûera - os que foram seus companheiros, seus ex-companheiros (Anch., Teatro, 46); T'a'u kori i îybapûera... - Hei de comer hoje seus braços (fora do corpo, isto é, o que foram seus braços). (Anch., Teatro, 64); 2) (xe) - passar, acabar, extinguir-se: I pûer tekoaíba - Passou a aflição. (Anch., Arte, 33v); (V. tb. ûer.)
pûeram (adj. - Em ambiente nasal assume a forma mbûeram. Embora seja tema nominal, comporta-se, muitas vezes, como sufixo.) - o que terá sido, o que deixará de ser: Omonhe'enguká temõ Tupã te'õmbûera kóbo i tỹmbûerama... - Oxalá Deus mandasse os cadáveres de toda parte falarem o que terá sido o seu enterro. (Ar., Cat., 156v)
py'i2 (adv.) - frequentemente, muito, demais: Asó py'i. - Vou frequentemente. (VLB, I, 34); Oîmongetá-py'i-py'ipe asé Santa Maria...? - Reza a gente muito frequentemente para Santa Maria? (Ar., Cat., 34); Xe nhe'ẽ-mby'i. - Eu falo demais. (VLB, I, 150)
pysaré (adv.) - a noite toda, por toda a noite (VLB, II, 50): Oporaseî pysaré... - Dançaram a noite toda. (Anch., Teatro, 14); Pysaré serã ereîkó arinhama mokanhema...? - Será que a noite toda ages para fazer sumir as galinhas? (Anch., Teatro, 30); ...Pysaré n'aker-angáî... - A noite toda não durmo, absolutamente... (Anch., Teatro, 30)
pysarébo (adv.) - 1) cada noite (Fig., Arte, 128); 2) toda a noite (VLB, II, 130)
raka'e (adv.) - 1) outrora, antigamente:... raka'e 'ara nhemonhang'iré... - antigamente, após a criação do mundo (Ar., Cat., 84); 2) (Expressa o imperfeito do indicativo.): Ixé raka'e. - Era eu. (VLB, I, 121); Oroîo'u raka'e. - Comíamo-nos uns aos outros. (D'Abbeville, Histoire, 341v)
ram (adj. - Em ambiente nasal, assume a forma nam. Embora seja tema nominal, comporta-se, muitas vezes, como sufixo. Apresenta também os alomorfes ûam, gûam, am. Expressa o futuro nominal.) - futuro, que será, que há de ser, que deverá ser: Aîune ixé, pe remi'urama! - Venho eu, a vossa futura comida! (Staden, Viagem, 67); Abá supépe asé îeruréû... o 'anga rekokaturama resé...? - Para quem a gente reza pela felicidade futura de sua alma? (Ar., Cat., 23); Arobîar tekobé opaba'erame'yma. - Creio na vida que não acabará. (Anch., Doutr. Cristã, I, 142); miîukarama - o que será morto (Anch., Arte, 19v); Xe ram. - Hei de ser; Nde ram. - Hás de ser. (Anch., Arte, 33v); Tupã syrama ri i monhangymbyra… - Para ser a futura mãe de Deus ela foi feita. (Anch., Poemas, 88)
ranhẽ4 (adv.) - um pouco (referente a tempo): Enhambé ranhẽ. - Espera um pouco. (VLB, I, 126)
sapy'a (adv.) - de repente, repentinamente, logo, cedo, de súbito, rápido (o mesmo que esapy'a - v.): ...Asé rerasó sapy'a potá. - Querendo logo levar-nos. (Anch., Dial. da Fé, 231); Ogûerasó temõ sapy'a ybakype Tupana xe ruba mã. - Oxalá Deus levasse cedo a meu pai para o céu. (Fig., Arte, 99)
setá (adv.) 1) muitas vezes: Setápe asé nhemongaraíbi? - A gente se batiza muitas vezes? (Anch., Doutr. Cristã, I, 202); Anhemombe'u... ndebe, pa'i abaré setá nhẽ xe angaîpagûera resé... - Confesso-me a ti, senhor padre, por causa do meu pecar muitas vezes. (Ar., Cat., 20, 20v); 2) de diversos, de muitos, em muitos, por muitos: ...Tupã oîmonhyrõ o îoupé setá nhẽ seîxutatá tekoangaîpaba repy-mondykápe... - Fazem aplacar a Deus a si mesmos para eliminar a dívida dos pecados de diversos anos. (Ar., Cat., 142v); Nde moingobé Tupã, nde rerekóbo n'oîepé îasy nhõ ruã, n'oîepé seîxu nhõ ruã, setá nhẽ seîxu-te... - Deus te fez viver, guardando-te, não somente por uma semana, não somente por um ano, mas por muitos anos. (Ar., Cat., 157); 3) muito, bastante: Xe asykyîé setá. - Tenho muito medo. (D'Evreux, Viagem, 147); Nde angaîbar setá. - Tu estás muito magro. (D'Evreux, Viagem, 152) ● setá setá-eté - muitíssimos (Fig., Arte, 4)
supi1 (adv.) - de verdade, verdadeiramente, legitimamente, com razão, de fato: Supi aîpó a'é. - Digo isso com razão. (VLB, II, 105); ...Abá resápe nhote... na supi ruã-te. - Aos olhos dos homens somente, mas não de verdade, (Ar., Cat., 160); Supi é, ereîuká-potar é São Lourenço-angaturama. - De fato, quiseste matar mesmo o bondoso São Lourenço. (Anch., Teatro, 90) ● supindûara - o que é verdade: A'epe supindûare'yma resé Tupã renõîndara, marã? - E o que evoca a Deus pelo que não é verdade, que acontece? (Ar., Cat., 67v)
syk4 (adv.) - no total, na totalidade, totalmente: I angaturam sykype erimba'e Tupã o monhang-ypyreme? - Eram bons na totalidade quando Deus começou a criá-los? (Anch., Doutr. Cristã, I, 160); mokõ-mokõî syk - dois e dois no total (isto é, quatro) (VLB, I, 154)
NOTA - A palavra TAPIR, de origem tupi, entrou no léxico de muitas línguas do mundo, passando a designar, também, certos animais tapirídeos da Malásia e da Indonésia.
1 (adv.) - enfim, finalmente; até que enfim, eis que (quando se conta alguma coisa) (VLB, I, 109; 111): Té osyka. - Enfim chegou. (Anch., Arte, 57); Îandé té t'îabebé Tupãrorypápe nhẽ... - Nós, enfim, havemos de voar para o paraíso. (Anch., Teatro, 186, 2006) ...Kó té mi'u-eté... - Eis que este é o pão verdadeiro. (Ar., Cat., 85); Té ixé gûixóbo. - Eis que eu vou. (VLB, I, 109) ● té... ko'yté - finalmente: Té ahẽ serasóbo ko'yté. - Finalmente ele a levou. (VLB, I, 139); Tépe? - E finalmente? (VLB, I, 139); E enfim? (Como quem diz: -acaba o que estavas contando.) (VLB, I, 111)
te'e (adv.) - sem razão, sem causa, sem motivo, à toa, em vão, por engano, por erro, por modo diverso. Com o verbo 'i / 'é como auxiliar significa não é à toa que, por isso mesmo, por essa causa mesma, não por outra razão (seguindo-se o verbo principal no gerúndio): Nd'a'éî te'e gûixóbo. - Por isso mesmo vou (etim. - não estou indo sem razão). (Fig., Arte, 161); Nd'e'i te'e moxy onhana... - Por isso mesmo as malditas correm. (Anch., Teatro, 128); Nd'e'i te'e omanõmo. - Por essa causa mesma morreu. (Fig., Arte, 161)
ten (adv.) - com firmeza, de modo fixo (p.ex., como o prego): Ten e'i. - Mostra-se com firmeza, está fixo. (Anch., Arte, 57); Ten amo'e. - Faço-o ficar com firmeza. (Anch., Arte, 57); Xe ypy ten. - Eu estou com a base com firmeza. (VLB, I, 140)
tenhẽ1 (adv.) - em vão, debalde, à toa, sem resultados, sem motivos, sem razão, de graça, por engano: Oú tenhẽ xe pe'abo... - Vêm em vão para me afastar. (Anch., Teatro, 8); T'asendu tenhẽ... - Hei de ouvir em vão... (Anch., Teatro, 34); Agûatá-gûatá tenhẽ. - Fico andando à toa. (VLB, II, 140); Îandé ramỹîa remiepîá-potá tenhẽ our é. - O que nossos avós quiseram ver, sem resultado, veio mesmo. (Léry, Histoire, 356); Aîme'eng tenhẽ. - Dei-o de graça. (VLB, I, 105); Aîuruîuba mokaba ogûeru tenhẽ... - Os franceses trouxeram pólvora em vão. (Anch., Teatro, 52); Ereîar tenhẽpe abá mba'e amõ...? - Tomaste, sem razão, alguma coisa de alguém? (Anch., Doutr. Cristã, II, 99) ● marã... 'é-tenhẽ (ou marã... 'é-tenhẽ-tenhẽ ou 'é tenhẽ-tenhẽ marã) - dizer ociosidades, falar parvoíces, asneiras (VLB, II, 54): A'é tenhẽ marã gûi'îabo. - Dizendo, digo asneiras (isto é, quando digo algo, digo asneiras). (VLB, II, 54)
tenhẽ3 (adv.) - mesmo, antes do que imaginas, de fato, muitíssimo: Og uba îakatu tenhẽpe asé i moetéû? - A gente o honra mesmo como a seu próprio pai? (Ar., Cat., 82); Setá tenhẽ erimba'e opab aîpó 'îarûera... - Eram muitos, mesmo, todos os que diziam isso. (Ar., Cat., 157v); ...I mara'a tenhẽ... - Eles estarão muitíssimo doentes. (Ar., Cat., 161); A'e tenhẽ nde nupãmone. - Vou mesmo castigar-te. (VLB, II, 110)
tenondé1 (adv.) - adiante, para a frente: Akûabĩ tenondé. - Segui adiante. (VLB, II, 14)
NOTA - A palavra TIJUPÁ, hoje, também designa qualquer palhoça ou rancho feitos em meio a uma roça, um seringal, uma mata, para proteger e abrigar pessoas provisoriamente.
ûĩ1 (adv. Marca o presente com a 2ª p.) - eis que; eis que esse (es, a, as): Eresó ûĩ. - Eis que vais. Vais (agora). (Anch., Arte, 21v); Pesó ûĩ. - Eis que ides. Ides (agora). (Anch., Arte, 21v)
NOTA - A palavra URU designa hoje, no P.B., cesto de palha de carnaúba, dotado de alça; bolsa, saco. No romance "Iracema", José de Alencar utilizou o termo: "...Iracema colheu sua alva rede de algodão com franjas de penas, e acomodou-a dentro do URU de palha trançada."
ybaté3 (adv.) - 1) no alto (Fig., Arte, 130); para o alto; para cima (Fig., Arte, 132); para as alturas; às alturas, ao alto: Xe îekyîme, t'ereîu ybaté xe rerasóbo. - Ao morrer eu, que tu venhas para levar-me para o alto. (Anch., Poemas, 102); Tupã moîoîapa, sekóû ybaté. - Sendo igual a Deus, está nas alturas. (Anch., Poemas, 124); ...Ybaté t'orobasẽ... - Que cheguemos ao alto. (Anch., Poemas, 148); 2) no sobrado (VLB, II, 119) ● ybaté-pyryb (ou ybaté-pyrybĩ) - mais para o alto (Fig., Arte, 131)
Dada a magnitude da influência do tupi antigo na onomástica brasileira, julgamos importante apresentar uma relação, ainda que limitada, de topônimos e antropônimos que tenham origem naquela língua e nas que se desenvolveram historicamente dela, a saber, a língua geral setentrional, a língua geral meridional (uma variante desta, com influências guaranis) e o nheengatu, ainda falado no Vale do Rio Negro, no estado do Amazonas. Daí provêm mais de noventa e cinco por cento dos nomes geográficos brasileiros de origem indígena. As outras línguas indígenas brasileiras têm reduzida participação no sistema toponímico do Brasil.
Vemos, além disso, que ele "suavizou" o nome de EMBUARAMA para UMUARAMA. Isto é, o que não significava nada passou a significar menos ainda...
Ora, Anchieta não "santificou" a língua guarani, pois ela era falada no Paraguai e não no Brasil. O grande gramático do guarani antigo foi o Padre Montoya e não Anchieta...
Araritaguaba (antigo nome da Porto Feliz, SP). De arara + itá + 'u + -aba: lugar de as araras comerem pedras (paredão salitroso à beira do rio Tietê, onde se encontram essas aves à procura de salitre).
Caapiranga (AM). De ka'a + pyrang + -a: folhas vermelhas.
Canhuma (AM). A mesma etim. de kanhema (v.).
Capiá (AL). De ka'api'a: folha-testículo, nome comum a várias espécies de plantas moráceas.
Carajuru (AM). A mesma etim. de Carajeru (v.).
Carapi (AL). A mesma etim. de Carapina (v.).
Coripe (AM). A mesma etimologia de Coribe (v.).
Cujubim (AM). A mesma etimologia de Cajobi (v.).
Curuçu, Arroio (RS). A mesma etim. de Curuçá (v.).
Cururipe (AL). A mesma etimologia de Cururupe (v.).
Embira (AM). A mesma etimologia de Imbira (v.).
Graíba (AL). A mesma etimologia de Caraíba (v.).
Guandu (AL). A mesma etimologia de Gandu (v.).
Guaramana (arroio do RS). De guará + uman + -a: guarás velhos, pela língua geral meridional.
Ibateguara (AL). Por decreto-lei estadual de 1943, o distrito de Piquete passou a denominar-se Ibateguara. Foi D. Ranulfo de Farias, então Arcebispo de Maceió, quem sugeriu o topônimo. (fonte: IBGE). De ybaté + ygûara: habitantes das alturas.
Ibicuara (arroio do RS). A mesma etim. de Ibicoara (v.).
Igaci (AL). Nome atribuído artificialmente em 1904 à localidade de Olho D` Água do Acioli. Quis-se verter olho d'água para o tupi e pôs-se o nome Igaci, que significa, na verdade, água ruim ['y + asy (r, s)]. Cremos que se tentou homenagear o antigo povoador Acioli.
Iracema (AM). Do nheengatu irá + sema: saída de abelhas, enxame (Stradelli, p. 475). A etimologia lábios de mel, dada por José de Alencar, não procede.
Itacoatiara (AM). "Nas margens do Amazonas há ũa paragem, entre Pauxiz, e a foz do Rio Madeira, chamada na língoa dos índios naturaes — Itacotiara — que quer dizer — pedra pintada ou debuxada; vem-lhe o nome de várias figuras, e pinturas delineadas naquelas pedras; e pouco mais acima estão estampadas em outras pedras algũas pegadas de gente." (Pe. João Daniel [1757], pp. 61-62). De itá + kûatiar + -a: pedras pintadas. São marcas do homem pré-histórico brasileiro.
Itapinima (AM). De itá + pinim/a + -a: pedras pintadas.
Itapiranga (AM). De itá + pyrang/a + -a: pedras vermelhas.
Jacaretinga (AM). De îakaré + ting + -a: jacaré claro, jacaré do Amazonas e do Parnaíba, de focinho mais comprido que largo.
Jacitara (AM). No nheengatu, nome de uma var. de palmeira: "(...) vai ao tipiti que é um cilindro tecido, ou de casca do talo de guaruman, ou de jassitara, que é a melhor, porque dura (...)" (Alexandre Rodrigues Ferreira [n.d.], p. 693)
Japaratinga (AL). De 'y + apar/a + ting/a + -a: japara branca (v. Japara).
Jaraueté (AM). A mesma etimologia de Jaquaretê (v.).
Mangarataia (AM). De mangará + taî + -a: mangarás travosos, mangarataias, plantas zingiberáceas.
Mirapinima (AM). De pirá + pinim + -a, peixes pintados, pirapinimas.
Piranji - a mesma etimologia de Pirangi (v.).
Piratininga (antigo nome de São Paulo, SP). De pirá - peixe + tining/a + -a - seco: peixes secos.
Tramataia (aldeia potiguara de Baía da Traição, PB). "[...] fica distante do porto da Tramataya 3 leguas e meia [...]" (Antonio Ferreira Soares Pinto [n.d.], Relação das Matas da Capitania da Parahyba, p. 359). De taramîá*, taramá* - plantas verbenáceas medicinais + taî/a - ardido, que requeima + suf. -a: taramás ardidos.
Tucuruí (AM). A mesma etimologia de Tucuruvi (v.).
CARDOSO, A., O Bem-Aventurado José de Anchieta. São Paulo, Edições Loyola, 1982.
MÉTRAUX, Alfred, A Religião dos Tupinambás. Companhia Editora Nacional; Editora da Universidade de São Paulo, São Paulo, 1979.
(Ar.) ARAÚJO Antônio de, Catecismo na Lingoa Brasílica no qual se contem a summa da doctrina christã. Com tudo o que pertence aos Mysterios de nossa sancta Fé & bõs custumes. Reprodução fac-similar da 1a edição (1618), com apresentação do Pe. A. Lemos Barbosa. Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1952.
OLIVEIRA, Amtonio d' [1553]. Confirmação das terras doadas pelo ir. Pero correia ao colégio de s. Vicente, 22 de março 1553. Apontamentos históricos, geográficos, biográficos, estatísticos e noticiosos da Província de São Paulo seguidos da cronologia dos acontecimentos mais notáveis desde a fundação da Capitania de São Vicente até o ano de 1876. Publicados por deliberação do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. São Paulo, Livraria Martins Editora, 1952.
alto - (fal. de pessoas): puku; (rel. a coisas ou lugares): ybaté ● para o alto, para as alturas; às alturas, ao alto: ybaté
guerra - marana; gûarinĩ ● ir à guerra: gûarinĩ-namo só
inclinar-se (para saudar): îeroky; (inclinar-se a cabeça): îeaŷbyk
NOTA - Daí, no P.B., CAMBURIAPEVA (kamuri + 'a + peb + -a, "camuri da cabeça achatada"), nome de um peixe centropomídeo; POTIATINGA (potĩ + 'a + ting + -a, "camarão da cabeça branca"), espécie de camarão da família dos peneídeos (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 188); IPECUATI (ypeku + 'a + atĩ, "pica-pau da cabeça pontuda"), nome de uma ave.
NOTA - Daí, no P.B., pela língua geral amazônica, TAPIRAUA ("pelo de anta"), nome de um povo indígena extinto do Pará. Daí, também, EMBOABA (mbó + ab + -a - "patas peludas"), alcunha que os paulistas davam aos portugueses que disputavam consigo a posse das minas de ouro e pedras preciosas das Minas Gerais, no início do século XVIII, o que provocaria a famosa Guerra dos Emboabas; TAPIRANGA (taba + pyrang + -a - "penas vermelhas"), nome de um pássaro traupídeo.
NOTA - Daí provêm, em português, ABAÚNA (abá + un + -a, "índio escuro"), índio não miscigenado; ABAJU (abá-îuba, "homem amarelo"), pardo, mestiço de índio e branco; ABANHEÉM, ABANHEENGA ("língua de índio"), nome dado no século XIX ao tupi antigo; ABAÍBA (abá + aíb + -a, "índios brutos", i.e., ferozes), povo indígena extinto que ocupava a região da atual Zona da Mata (MG).
NOTA - Daí provém, pelo nheengatu, AUAETÊ, povo indígena da família linguística tupi-guarani, que habita a margem direita do médio rio Xingu (PA). Daí, também, ABAETETUBA (PA) (v. p. 386).
NOTA - Daí provém, no P.B., ABAITÉ, pessoa feia, repulsiva. Daí também se origina o nome geográfico LAGOA DO ABAETÉ ("lagoa do terror"), próxima de Salvador, BA, considerada um lugar mal-assombrado. Dorival Caymmi escreveu uma canção dedicada a essa lagoa, cuja letra diz: "De manhã cedo, quando a lavadeira / Vai lavar roupa no ABAETÉ / Vai-se benzendo porque diz que ouve / Ouve a toada do batucajé.
NOTA - Daí provém, no P.B., a palavra ABARÉ-GUAÇU, designando, na quimbanda, um grande feiticeiro.
NOTA - Daí provêm, no P.B., ABATIAPÉ ("milho de casca"), variedade de arroz encontrado em estado silvestre nas margens dos lagos amazônicos, arroz-bravo; ABATIGUERA (abati + pûer + -a, "milho que foi"), milharal já colhido e extinto, roça depois de efetuada a colheita; BATUERA, BATUEIRA (abati + pûer + -a, "milho que foi"), sabugo de milho; BATITÉ (ou CATETE ou CATETO) (abati + eté, "milho muito bom"), certa espécie de milho miúdo.
a'e?4 (part.) - e? e porventura? (como no latim nunquid?, usada em início de períodos. Serve também para se perguntar sobre fatos já muito bem conhecidos, somente com o intuito de enfatizar a ação ou o processo em questão): -A'epe ké amboaé? -Karaibebé serã... -E o outro, aqui? -Talvez seja o anjo. (Anch., Teatro, 26); A'epe marã apŷabetéramo sekóû îandé îabé? - E de que maneira é homem verdadeiro como nós? (Ar., Cat., 22v); A'e serãne hóstia pupé Îesu Cristo rekóû? - E porventura na hóstia está Jesus Cristo? (Ar., Cat., 87); A'e-p'ikó? - E este? (VLB, I, 153); A'epe n'osóî? - E, porventura, ele não foi? (como que dizendo: todos sabem que foi. Neste sentido emprega-se mais a'e-tepe?) (VLB, I, 120, 121) ● a'e emonãnamo - e portanto (VLB, I, 121); a'e ipó (ou a'e nipó) - e (com reme - no caso de): A'e ipó sekoe'ỹme? - E no caso de ele não estar? (VLB, I, 121); a'e-tepe? - E vai bem? E como está? E que me dizes de? E quanto a? E qual é? (perguntando-se a opinião de alguém): A'e-tepe ahẽ? (ou A'e-tep'ahẽ rekóû?) - E como está ele? A'e-tepe nde? - E quanto a ti? (isto é, qual é tua opinião?) A'e-tepe nde nhe'enga? - E qual é a tua palavra? (i.e, que dizes sobre isso?) (VLB, I, 78). Serve para perguntas em que a resposta já é sabida, mas que tem o efeito de uma ênfase na ação ou no processo em questão: A'e-te-p'ixé n'a sóî? - E eu não fui? (como que dizendo: todos sabem que eu fui). (VLB, I, 120, 121)
3 (part. de ênfase) - 1) próprio (os, a, as); mesmo (os, a, as): Ixé aé. - Eu mesmo. A'e aé - ele (es, a, as) mesmo (os, a, as). (VLB, II, 36); Endé aé ereîekûá. - Tu mesmo és a causa de teu dano. (Anch., Teatro, 42); Nde aé ipó emonã ereîkó. - Tu mesmo assim procedeste.(Ar., Cat., 57v); Pedro aé - o próprio Pedro, Pedro mesmo (Anch., Arte, 54); ebokûeîba'e a'e - isso mesmo (VLB, II, 15); 2) de fato, realmente: Perobîar-y-tepe aé Tupã? - Mas acreditais realmente em Deus? (Anch., Doutr. Cristã, I, 157)
a'erame'ĩ (part.) - e outro tanto, e da mesma maneira, e igualmente, e do mesmo modo: ...I mbo'a tiruã, i mbo'ar' e'ymebé, a'erame'ĩ i mbo'ar'iré, omarane'ymamo. - Estando virgem, mesmo dando-o à luz, antes de dá-lo à luz e, igualmente, após dá-lo à luz. (Ar., Cat., 35)
NOTA - Daí, no P.B., PIRANHA (pirá + ãî + -a, "peixe dentado"); PIABANHA ("piaba dentada"), peixe caracídeo. Daí, também, o nome da localidade de SUSSUANHA (CE) (v. p. 386).
NOTA - Daí, no P.B., UVAIA, UBAIA ('ybá + aî + -a, "fruta azeda"), nome de árvore mirtácea e de seu fruto, muito azedo, do tamanho de uma pequena pera. Daí, também, TIAIA (nome de rio do CE) (v. p. 386).
NOTA - Daí, no P.B., AÍVA: 1) ruim, mau; 2) mofino; 3) adoentado; 4) desorientado, fora de si; 5) pessoa ou coisa insignificante; 6) doença incurável (in Dicion. Caldas Aulete); CAÍVA, CAÍBA, mato carrasquento; terreno pobre, impróprio à cultura; PIRAÍBA ("peixe ruim"), nome de um peixe pimelodídeo. Daí, também, os nomes geográficos PARAÍBA, PARANAÍBA, ABAÍBA, etc. (v. p. 386).
NOTA - Daí, no P.B., AIBI (BA) ('y +aibĩ, "rio desprezível"), riachinho que, na região costeira, sofre a influência das marés (in Dicion. Caldas Aulete).
NOTA - Daí, no P.B., CANGUÇU (akangusu, "cabeça grande"), outro termo que designa caipira; ACANGAPEVA (akanga + peb + -a, "cabeça achatada"), nome comum a várias espécies de peixes tricomicterídeos; GANGA, CANGA, formas reduzidas de TAPUNHUNACANGA ("cabeça de negro") ou TAPIOCANGA, TAPANHOACANGA, ITAPANHOACANGA, concentração de hidróxidos de ferro na superfície da terra sob a forma de uma carapaça dura, aproveitada, muitas vezes, para se fazerem tijolos; laterita.
NOTA - Daí, no P.B., PIRAPARA (pirá + apar + -a, "peixe torto"), nome de um peixe caracídeo; SUAÇUAPARA ("veado torto"), nome de um animal cervídeo; ACANGAPARA (MA) (akang + apar + -a, "cabeça torta"), outro nome para o cágado; ANINGAPARA (Amaz.) ("aninga torta"), comigo-ninguém-pode, planta arácea.
NOTA - Daí, no P.B., PAÇOCA, com vários significados: 1) prato feito de carne fresca, seca ou carne-de-sol previamente cozida, e que, depois de picada, moída ou desfiada, é frita ou refogada em gordura bem quente, e socada com farinha de mandioca ou de milho; 2) doce feito de amendoim socado e rapadura ou doce de leite seco; 3) (fig.) confusão de coisas amarfanhadas, malcuidadas; misturada; 4) (fig.) coisa amassada, amarfanhada; 5) (AM) amêndoa de castanha-do-pará assada e socada em pilão com farinha-d'água, sal e açúcar, tudo reduzido a grãos pequeninos; 6) (S.) amendoim torrado, pilado com farinha e açúcar; 7) (S.) coisa complicada, embrulhada; trapalhada (in Novo Dicion. Aurélio)
NOTA - Daí, no P.B. (AM) CUNHARAPIXARA ("parecido a mulheres"), efeminado.
NOTA - Daí, no P.B., IGAPÓ ('y + apó, "raízes d'água"), a parte da floresta amazônica sempre alagada pelos rios (o mesmo que CAAIGAPÓ); SAPOPEMBA (sapó + pem + -a, "raízes angulosas"), raízes tabulares de árvores; SAPOTAIA (sapó + taî + -a, "raízes ardidas"), arbusto da família das caparidáceas; SAPOREMA ou SAPORÉ (SP) (sapó + rem + -a, "raiz fedorenta"), doença das plantas, em especial da mandioqueira, caracterizada por suberização anormal. Daí, também, o nome geográfico SAPOPEMBA (SP) (v. p. 386).
NOTA - Daí, no P.B., CAÇAPÓ (ka'a +asab +apó, "fazedora de travessias de folhas"), a formiga saúva, que é cortadeira e carregadeira de folhas, uma das grandes pragas agrícolas do Brasil, também chamada formiga-carregadeira, formiga-de-roça, lavradeira, cortadeira, etc.
NOTA - Daí, no P.B., PUNGA, 1) ruim, imprestável, o último a chegar (fal. de cavalos de corridas); 2) mole, inepto, tolo.
NOTA - Daí, no P.B. (SP, pop.), SAPIEIRA (sapypyr-era, "o que foi queimado"), quantidade de sapé e vegetais secos nas capoeiras; CAPUAVA, CAPUABA (ka'a + apy+ -aba, "lugar de queimar a mata"), 1) propriedade rural composta, em geral, de terras de semeadura, montados e casa de habitação; 2) terreno limpo para roças; 3) (RN, PB) cabana; casa mal construída ou em ruínas; 4) (SP) capoeira muito rala, de madeira branca ou só de arbustos; SAPUÁ (SP), pequena porção de terreno cultivado (in Dicion. Caldas Aulete)
NOTA - Daí, no P.B. (AM), ARACATU, dia de tempo firme. Daí deve originar-se, também, a palavra ARACATI, vento que, em regiões nordestinas, (especialmente no CE) sopra de N.E. para S.O.: "Era o tempo em que o doce ARACATI chega do mar, e derrama a deliciosa frescura pelo árido sertão." (José de Alencar, in Iracema). Daí, também, os nomes geográficos ARACATI, ARACATIMIRIM (CE), etc. (v. p. 386).
NOTA - Daí, no P.B., JAIBARA, JABARA, JEBARA, JARIBARA ('yb + 'ari + 'yb + 'ara - queda de paus sobre paus), 1) galhada de árvores caídas que ficam presas às ramagens de outras e cobertas de trepadeiras e epífitas; 2) (GO) trecho de vegetação arbustiva ou herbácea, à margem de um rio (in Dicion. Caldas Aulete).
NOTA - Daí, no P.B., ARAÇANGA, BURUÇANGA, BURAÇANGA (ybyrá + asang + -a, "pau curto"), 1) cacete usado pelos jangadeiros para matar o peixe; 2) pedaço de madeira para bater a roupa que se lava; 3) pau de bater algodão (in Dicion. Caldas Aulete)
NOTA - Daí, os nomes de pessoas MOACYR e JURACI (v. p. 386). Foi daí, também, que José de Alencar criou o nome CECI, a personagem do seu romance O Guarani: de sasy, "a dor dele", isto é, a dor de Peri, que, naquele romance, nutria por Ceci um amor não correspondido.
NOTA - Daí, no P.B., GUAXIMA, UAICIMA ('yb + asym + -a, "pau liso"), planta malvácea.
NOTA - Daí provêm, no P.B., CATAPORA (tatá-pora, "marcas de fogo"), doença que produz bolhas pela pele; BOITATÁ (mba'e + tatá, "coisa-fogo"), mito dos antigos índios tupis da costa do Brasil; TATARANA ou TATURANA (tatá + ran + -a, "falso fogo", "o que parece fogo"), lagarta urticante dos insetos lepidópteros megalopigídeos; TATAÍRA (tatá-eíra, "abelha de fogo"), nome de inseto meliponídeo; TATAREMA (tatá + rem + -a, "fogo fedorento"), nome de árvore morácea, etc. Daí, também, provêm os nomes geográficos TATAÍRA (SP), TATAJUBA (CE), etc. (v. p. 386).
NOTA - Daí, no P.B., ATURÁ, cesto usado para o transporte de cargas que se leva às costas, suspenso por alça passada à volta da cabeça.
NOTA - Daí, no P.B., CUMBACA (apekũ + bak + -a, "língua virada"), nome de um peixe; PINDAUACA (AM) (anzol que vira, pelo nheengatu), anzol que pende não de uma vara, mas de uma canoa em movimento (in Dicion. Caldas Aulete).
NOTA - Daí provém, no P.B. (SC), a palavra BANGA, brasileirismo que designa casa mal construída, casa torta.
NOTA - Daí, no P.B., a palavra PIRABEBE (peixe voador), da família dos exocetídeos. Daí, também, a alcunha ABARÉ-BEBÉ (padre voador), com que o jesuíta Leonardo Nunes era conhecido pelos índios da capitania de São Vicente em meados do século XVI, pela extrema rapidez com que fazia suas viagens missionárias.
NOTA - Daí se origina, no P.B., a expressão DE BUBUIA, usada principalmente no Amazonas e significando boiando ao sabor da corrente, flutuando; (fig.) ao sabor das circunstâncias: "Carregam [as águas], DE BUBUIA, a colheita flutuante, para espalhá-la, erraticamente, em outros lugares, numa tarefa inconsciente de reflorestamento." (in Raul Bopp, Putirum. Ed. Leitura, Rio de Janeiro, 1968)
be'ĩmo (part. É usada com a part. mã.) - oxalá! bom seria se, deveria por bem (desejando que algo ocorra ou tenha ocorrido): Our be'ĩmo mã! - Oxalá ele viesse! (VLB, II, 61); Aîmbo'e be'ĩmo mã. - Deveria eu por bem ensiná-lo. (VLB, II, 64)
NOTA - Daí provêm, no P.B., as palavras BIBOCA, BABOCA, BOBOCA (yby + bok + -a, "terra rachada"), que designam: 1) escavação ou fenda de terreno, em geral produzida por enxurrada; cova; 2) vale profundo e de acesso difícil; buraco, grota; 3) habitação pequena, pobre, modesta, humilde; baiúca, buraco, toca; 4) pequena venda ou botequim modesto; baiúca, bodega (in Novo Dicion. Aurélio). Daí, também, o nome ITABOCA (localidade do RJ) (v. p. 386).
NOTA - Daí, no P.B., CANHEMBORA, CANHAMBORA, CALHAMBORA (kanhem + bor + -a, "fujão"), escravo fugido, quilombola.
é1 (part.) 1) mesmo, próprio (e não outro), bem: Endé é aîpó eré... - Tu mesmo dizes isso. (Ar., Cat., 56); Na tubi; onhemonhang é... - Não teve pai; ele mesmo se criou. (Ar., Cat., 23); ...Cristãos rubixaba nhe'enga rupi é... - Bem de acordo com as palavras do chefe dos cristãos. (Ar., Cat., 12v); Kori é. - Hoje mesmo. (Anch., Arte, 54); I xupé é. - Para ele mesmo. (Anch., Arte, 54); 2) de motu próprio, de própria vontade: Aîur é. - Vim de motu próprio, vim de própria vontade. (Anch., Arte, 53v); 3) de fato, na verdade, é que: ...Pytunusupe émo i xóûmo. - Para uma grande escuridão, na verdade, iriam. (Ar., Cat., 80); ...Emonãnamo é "xe sy" asé 'éû i xupé. - Por isso é que se diz para ela: "-minha mãe". (Ar., Cat., 33v); Asóp'ixéne é? - Hei de ir, de fato? (Anch., Arte, 24); Oîpotar épe îudeus o îuká...? - Quis, de fato, que os judeus o matassem? (Bettendorff, Compêndio, 46); 4) até mesmo: Kurusá xe pópe sekóreme... t'our é Îurupari...: n'asykyîéî xûéne i xuí. - Se estiver a cruz em minhas mãos, que venha até mesmo o diabo: não terei medo dele. (D'Abbeville, Histoire, 357); 5) (part. expletiva, de reforço) - realmente; com efeito. Às vezes não se traduz: Kaûĩaîa 'useîa é, opakatu amboapy. - Querendo beber vinho, tudo esgotei. (Anch., Teatro, 46)
é2 (part.) - somente, tão somente, apenas: Eresaûsupe Tupã... i angaturameté resé é? - Amas a Deus por sua muita bondade somente? (Bettendorff, Compêndio, 69)
é4 (part.) - pois, uma vez que: -Ogûerobîarype asé eboûinga? -Nd'ogûerobîari, mo'ema é. -Acredita a gente nisso? -Não acredita, pois é mentira. (Anch., Doutr. Cristã, I, 220)
é?10 (part. que indica dúvida; de h.) - ora: Abáp'akó é? - Ora, quem seria aquele? (a mulher diz ri - v.) (VLB, II, 58)
NOTA - Daí, no P.B., TUBI, TIBI, TUVI (pop.), ânus; TUVIRA, peixe gimnotídeo com orifício anal localizado sob a cabeça.
NOTA - Daí, no P.B., GURANHÉM (ou GUARANHÉM, GURAÉM, EMBIRAÉM, EMIRAÉM, IVURANHÊ) (ybyrá + e'ẽ, "madeira doce"), pau-doce, monésia, árvore da família das sapotáceas (Pradosia glycyphloea), habitante da mata pluvial e conhecida pela casca grossa, leitosa e de sabor adocicado; CAAEÉ (ka'a + e'ẽ, "planta doce"), subarbusto da família das compostas, a Stevia, de flores com glicirrizina, tida como adoçante; PIRAÉM (Amaz.) (pirá + e'ẽ, "peixe salgado"), o pirarucu salgado e seco.
NOTA - Daí, no P.B. (AM), MANICUJÁ (canteiro de mani), cova para plantar a maniva (Dicion. Caldas Aulete).
NOTA - Daí, TUPINIQUIM (de tupinakyîa: Tupi + ekyî + -a, "os que invocam Tupi", uma entidade cosmológica - v. Tupi2).
NOTA - Daí, no P.B. (PE), MINGAUPITINGA, mingau de mandioca puba (in Dicion. Caldas Aulete) (v. tb. a nota de (e)mi-).
NOTA - Daí provém o nome da famosa personagem da epopéia Caramuru, do Frei José de Santa Rita Durão, a índia MOEMA (v. mo'ema).
NOTA - Daí, no P.B., GUIRAENOIA ("a chama-pássaros"), ave da família dos cerebídeos.
NOTA - Daí, no P.B., GUIRAREPOTI (fezes de passarinho), erva-de-passarinho, nome comum a diversas plantas lorantáceas, parasitas de árvores, cujas sementes são ali colocadas pelos pássaros. Daí, também, o nome geográfico ARAPOTI (PR) (v. p. 386).
NOTA - Daí, no P.B., SAPIRANGA (tesá + pyrang + -a, "olhos vermelhos"), blefarite, inflamação de pálpebras. Em José de Alencar lemos: "...as pestanas, as comera a SAPIRANGA que lhe arroxeava as pálpebras." (in Alfarrábios, apud Novo Dicion. Aurélio); SAPIROCA [(te)sá + pir + ok +-a, "arranca pele dos olhos"], inflamação das pálpebras com queda das pestanas, blefarite ciliar; SAPIROQUENTO, o que tem sapiroca. Daí, também, o nome próprio TIBIRIÇÁ (tebir + esá, "olho das nádegas"), nome de importante chefe indígena de Piratininga, no século XVI.
NOTA - Daí, os nomes geográficos CATETE (RJ), TAMANDUATEÍ (rio de SP), etc. (v. p. 386). Daí, também, no P.B., ABAETÊ, homem honrado, honesto; AJURUETÊ, papagaio-verdadeiro, nome de ave psitacídea; CAAETÊ (ka'a + eté, "mata verdadeira"), região da floresta amazônica que só se inunda quando das grandes enchentes; JAGUARETÉ, o "jaguar verdadeiro", a onça; SUAÇUETÊ, veado, etc.
NOTA - Daí, no P.B., TETETÉ, 1) reincidente; 2) (adv.) a miúdo, amiúde, frequentemente (in Dicion. Caldas Aulete)
NOTA - Daí se origina, no P.B., BORBOREMA (yby + mbora + e'ym + -a, "terra sem habitantes"), lugar despovoado, estéril (in Dicion. Caldas Aulete), donde o nome da SERRA DA BORBOREMA, no nordeste do Brasil (v. p. 386).
gûá (part. que expressa indeterminação do sujeito. Equivale ao se do português em come-se bem aqui ou à 3ª p. do plural em falaram bem dele.): Oîaobok serã gûá...? - Por acaso arrancaram sua roupa? (Ar., Cat., 85, 1686); Marãîabépe gûá Îandé Îara re'õmbûera rerekóû? - De que maneira trataram o cadáver de Nosso Senhor? (Bettendorff, Compêndio, 50); Mamõpe gûá Îandé Îara rerosyki ko'yté? - Aonde chegaram com Nosso Senhor, finalmente? (Ar., Cat., 89)
NOTA - Daí, no P.B. (Amaz.), pelo nheengatu, UAIÚA, usado na locução ESTAR DE UAIÚA, vir (o peixe), de beiço inchado, respirar à tona da água, talvez por se achar corrompida a água dos rios e, não raro, morrendo (ex Dicion. Caldas Aulete).
NOTA - BACURAU, por extensão, também designa (pop.) a) indivíduo que só costuma sair à noite; b) indivíduo negro; c) ônibus que trafega entre uma e seis horas da manhã. (In Novo Dicion. Aurélio).
NOTA - Daí, no P.B., CAJUÍ (akaîu'ĩ, "cajuzinho"), nome de planta anacardiácea; IPEQUI (ypekĩ, "patinho"), ave heliornitídea, também conhecida como patinho-d'água; CURURUÍ ("sapinho"), nome comum a várias espécies de sapos ou anuros de pequeno porte; TAMANDUAÍ ("tamanduazinho"), variedade de tamanduá, animal mirmecofagídeo. Daí, também, os nomes geográficos ITAIM (bairro de SP), BOIM (PA), BARRA DO PIRAIM (MT), etc. (v. p. 386).
NOTA - Daí provêm, no P.B., BURARA (mby + rara, "prende-pés"), 1) emaranhado produzido pelos ramos caídos no meio da mata, ou árvore tombada que dificulta o trânsito; 2) pequena fazenda ou roça de cacaueiros; 3) lamaçal no interior das plantações de cacau; COIVARA (kó + 'yb + ara, "cata-paus de roça") - 1) restos ou pilha de ramagens não atingidas pela queimada, na roça à qual se deitou fogo, e que se juntam para serem incineradas a fim de limpar o terreno e adubá-lo com as cinzas, para uma lavoura; 2) técnica indígena de manuseio da terra, que consiste em queimar restos de troncos, galhos de árvores e mato para preparar a terra para a lavoura, limpando-a; 3) (MA) galhadas e troncos de árvores derrubados pelas cheias e que descem rio abaixo (in Novo Dicion. Aurélio).
NOTA - Daí, o nome da localidade de JEQUIÁ (AL) (v. p. 386). Daí, também, no P.B., JUPIÁ, que designa redemoinho em meio dos rios e que ameaça as embarcações (PDBLP, p. 714): "Há nele um célebre passo, que chamam Jopiá, quer dizer covo na língua da terra, o qual é um redemoinho que a água faz nesta figura, bastante largo e fundo (...)." (D. Antonio Rolim [1751], p. 202)
NOTA - Daí, no P.B., pelas línguas gerais coloniais, pajuçara, muito grande; de grande corpo ou estatura (in PDBLP). O termo juçara, nas línguas gerais coloniais, passou a significar grande: caajuçara ("folhas grandes", arbusto das rubiáceas); muirajuçara ("árvore grande", árvore apocinácea). Isso também se percebe na toponímia: Pirajussara (SP), "peixes grandes"; Pejuçara (RS), "caminho comprido", etc.
NOTA - Daí, no P.B., PEPUÍRA, PIPUÍRA (pepó + 'ir + -a, "asa solta"), nome de uma raça de galinha, galinha nanica.
NOTA - Daí, no P.B., JUUNA (îu + un + -a, "espinhos escuros"), arbusto aculeado e piloso, da família das solanáceas.
NOTA - Daí, no P.B., TIJUPABA (te'yî + upaba, "lugar de se hospedar a multidão"), cabana feita na mata para abrigo provisório de muitas pessoas que a atravessam; qualquer palhoça ou rancho feitos em meio a uma roça, um seringal, uma mata, para proteger e abrigar pessoas provisoriamente. Daí, também, o nome da localidade de IGARAPAVA (SP) (v. p. 386).
NOTA - Daí, no P.B., PIÚCA ('yb + îuk + -a, "pau podre"), 1) pau seco que se esfarela, próprio para ser queimado; 2) tronco semicarbonizado. Daí, também, os nomes geográficos TIJUCA (rio do RJ), TIJUCO (nome de ribeirão de SP), etc. (v. p. 386).
NOTA - Daí, no P.B., JURUPIRANGA (îuru + pyrang + -a - "boca vermelha"), nome de um peixe taquissurídeo; JURUPIXUNA (îuru + pyxun + -a - "boca escura"), nome de um macaco cebídeo; JURUNA (îuru + un + -a - "bocas pretas"), nome de povo indígena do MT e PA; JURUPENSÉM (îuru + pesẽ - "boca-de-colher"), peixe pimelodídeo de boca com prognatismo acentuado, também chamado jurupoca e boca-de-colher. Daí, também, o nome próprio JURACI, os nomes geográficos CAJURU, BOTUJURU, etc. (v. p. 386).
NOTA - "Agora diremos alguma cousa das tartarugas do Amazonas, chamadas pelos naturaes JURARÁ; e alguns europeos, além do usual nome de tartaruga, a chamam galinha do Amazonas. É animal anfíbio, mas a sua principal vivenda é na ágoa, peixe por certo digno de toda a estimação, não só por grande, se não também por gostoso." (Pe. João Daniel [1757], p. 93)
NOTA - Daí, no P.B. (Amaz.), pelo nheengatu, MOJICA (mo- + îyk + -a, "endurecimento"), 1) processo de engrossar o caldo, ou o mingau, submetendo-os a lenta cocção e, de ordinário, adicionando-lhes féculas; 2) o caldo, ou o mingau, engrossado por esse processo; 3) peixe cozido ou moqueado, em pedacinhos, sem as espinhas, que se usa, de mistura com a tapioca ou a farinha-d'água, para engrossar o caldo (in Novo Dicion. Aurélio); PIRAJICA ("peixe resistente"), peixe cifosídeo do Atlântico.
3 (part. de 1ª p., de h. Expressa decisão, intenção, resolução ou determinação. Muitas vezes não se traduz. Pode vir acompanhada de ênclises, como -pe ou -ne, ocupando, geralmente, o final do período.) - pretendo, hei de, intento: T'anhemombe'une kori bé, te'õ xe resapy'a e'ymebé ká... - Hei de me confessar ainda hoje, antes de me surpreender a morte. (Ar., Cat., 76v); Asó ká. - Intento ir. (Fig., Arte, 139); Xe remo'em ká é aîpó ûi'îabo... - Eu hei de mentir, dizendo isso. (Anch., Diál. da Fé, 215); Asóne-ká. - Hei de ir. (Anch., Arte, 23) (Excepcionalmente pode ser usada com outras pessoas que não a primeira.): ...T'omanõ ká!... - Ele há de morrer! (Anch., Doutr. Cristã, II, 88); Te'inhẽne oîkóbo ká. - Que o deixem estar. (VLB, I, 92)
NOTA - Daí se originam muitas palavras no P.B.: CAATINGA (ka'a + ting + -a, "mata branca"), formação vegetal do sertão do Nordeste do Brasil); CAPOEIRA (ka'a + pûer + -a, "mata que foi"), terreno em que o mato foi derrubado ou queimado para o plantio; mata secundária que nasceu nas derrubadas de mata virgem e que não atingiu, ainda, porte de floresta autêntica; CAUBI (ka'a + oby), (Amaz.) mato verde; CATANDUVA, CATANDUBA, CATUNDUVA (ka'a + atã + ndyba, "ajuntamento de mata dura"), cerrado ou mato rasteiro, áspero, com características xerófilas; tipo de solo caracterizado por ser arenoso e de baixa fertilidade. Daí, também, os nomes geográficos CAPÃO (BA), CAAGUAÇU (SP), etc. (v. p. 386).
NOTA - Daí, no P.B., CAAETÉ, CAETÊ, CAETÉ ou CAITÉ, a parte da floresta amazônica que só se inunda quando das grandes enchentes. Daí, também, o nome geográfico CAETETUBA (SP) (v. p. 386).
NOTA - Daí, no P.B., BACABA, MACABA ('ybá + kab + -a, "fruto gorduroso"), nome comum a certas palmeiras do gênero Oenocarpus e de seu fruto oleaginoso. Daí, também, pelo nheengatu, MUIRACAUA (ybyrá + kab + -a, "árvore gordurosa"), árvore da família das rutáceas.
NOTA - CAMBOA ou GAMBOA pode ser, também, no Nordeste, um esteiro que enche com o fluxo do mar e fica em seco com o refluxo. No Maranhão é também um processo de pesca em que diversos pescadores, armados com a tarrafa, cercam com as suas canoas o cardume de peixes. (In Novo Dicion. Aurélio).
NOTA - Daí se origina, no P.B., CAUAÇU. O PDBLP (p. 262) informa que CAUAÇUS eram "grupos de bandoleiros, outrora existentes nos sertões baianos", remetendo à idéia de ser gente dada à bebedeira.
NOTA - Daí, no P.B. (AM), PIRAQUERA (sono dos peixes), pesca noturna à luz de fachos. Daí, também, os nomes geográficos ITAQUERA (bairro de São Paulo, SP), BAREQUEÇABA (praia do litoral paulista), IBIQUERA (localidade da BA), etc. (v. p. 386).
NOTA - Daí, no P.B., COIVARA (kó + 'yb + ar + -a, "tomar os paus da roça") (v. koybara); CARPIR (kopir, "limpar roça"). Daí, também, o nome geográfico COCAIA (SP) (v. p. 386).
NOTA - Daí, no P.B. (AM), TIPACOEMA, TEPACUEMA (typab + ko'ema, "manhã do seca-água"), fenômeno lunar de que provém a parada do fluxo e refluxo das marés, descobrindo trechos do rio por vezes nunca vistos; a parada da maré, ao amanhecer, no final da vazante; baixa-mar matutina (in Novo Dicion. Aurélio). Daí, também, COEMA, o nome de uma personagem indígena da obra Os Timbiras, de Gonçalves Dias, evocada no poema Lindoya, de Machado de Assis:
NOTA - Daí, no P.B., CONHA, saliência no tronco das árvores, desde a base até certa altura, isto é, um tronco gêmeo; INCONHO, INCÕE, CONHO, 1) Diz-se do fruto que nasce pegado a outro: banana CONHA; morangos INCONHOS; 2) Diz-se de coisas muito ligadas entre si: "Na era dos Descobrimentos, pouco aproveitava distinguir a lenda da História, uma e outra, inconhas e inseparáveis." (João Ribeiro, Notas de um Estudante, apud Novo Dicion. Aurélio).
NOTA - Daí, no P.B., a palavra CAIPIRA, o roceiro, o habitante do campo ou da roça, particularmente o de São Paulo, Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso, de pouca instrução e de convívio e modos rústicos, vivendo numa economia de subsistência.
NOTA - Daí, no P.B., a palavra CAPIXABA, 1) pequeno estabelecimento agrícola; 2) o natural do estado do Espírito Santo (em referência aos roçados dos primeiros moradores da vila de Vitória, hoje a capital daquele estado).
NOTA - Daí, MOCORORÓ (mo- + kororõ, "o que faz roncar"), 1) nome que, no Ceará e Maranhão, dão ao suco de caju fermentado; 2) nome comum a várias bebidas fermentadas (in Dicion. Caldas Aulete)
NOTA - Daí, no P.B. (região Sul), GUAÍBA (kûá + aíb + -a, "baía ruim"), pântano profundo. Daí se originam, também, os nomes geográficos PARANAGUÁ (PR), ITAGUAÍ (RJ), etc. (v. p. 386).
NOTA - Daí podem provir, no P.B., QUARAR, clarear a roupa, pondo-a ao sol, e QUARADOR, lugar em que se quara a roupa.
NOTA - Da reduplicação de kuî (kukuî - ficar caindo) origina-se, no P.B., CUCUIA, usado na expressão IR PARA A CUCUIA, isto é, ir para a decadência.
NOTA - Daí, no P.B. (Amaz.), pelo nheengatu, CUIPEUA, cuia chata empregada na cerâmica para dar polimento à manufatura (in Novo Dicion. Aurélio).
NOTA - Daí, no P.B., QUIRERA e CRUEIRA (kurubûera, "o que foi grão"), o milho ou o arroz quebrados; BEIJUCURUBA ("beiju de bolota"), var. de biju; CRUBIXÁ (kurubĩ + saba, "lugar de seixinhos"), coral negro que se acha em muitos lugares da costa brasileira; ITACURU (itá + kuruba, "grãos de pedra"); ITACURUMBI (itá + kurubĩ, "grãozinhos de pedra"), lugar onde há muitos pedregulhos e seixos pequenos; ITACURUBA (caroços de pedra) (ou TACURUBA, ITACURUA, TACURUA, TACURU), trempe constituída por três pedras soltas em que se põe a panela.
NOTA - Daí, no P.B., COROCA, CURUNGO, COROIA, CURUCA (s. e adj.). P.ex., velha COROCA, isto é, velha resmungona, velha caduca. CURUCA também passou a designar agitação de peixes que vêm à flor da água na época da desova, donde o nome geográfico PIRACURURUCA (AM), rumor da passagem de cardumes de peixes de um igarapé a outro, na época das cheias (in Dicion. Caldas Aulete).
ky2 (part. de m.) - 1) expressa determinação, resolução, deliberação, não se traduzindo, às vezes. Vai sempre para o final do período. - haver de... pois, haver de... já: ...A'u nhẽne ky... - Hei de comê-lo, pois. (Ar., Cat., 85); Asóne ky. - Hei de já ir. (Fig., Arte, 139); 2) expressa exacerbação daquilo que se quer responder (como se, perguntando alguém se algo já aconteceu há muito tempo, outrem respondesse: Nossa! Ui!, isto é, há muitíssimo tempo!) (VLB, II, 139). Diz o que vê a coisa longe ou fora de propósito. (Fig., Arte, 147)
NOTA - Daí, no P.B., MUQUIRA (Amaz., pop.) (mó + kyr + -a, "mãos tenras", como as de recém-nascido, i.e., sempre fechadas), "avaro", "pão-duro", "miserável"; PIQUIRA, PEQUIRA ("pele tenra"), peixe pequeno.
NOTA - Daí, no P.B., QUIRIRI, usado na Amazônia e significando "calada da noite", "silêncio noturno" (PDBLP, p. 1020): "...Tudo caiu em enorme silêncio, .... esse silêncio noturno das nossas regiões a que o tapuio chama, talvez imitativamente, QUIRIRI." (José Veríssimo, Cenas da Vida Amazônica, apud Novo Dicion. Aurélio). Daí, também, o nome geográfico IQUIRIRIM (nome de rua de São Paulo) (v. p. 386).
NOTA - Daí, no P.B., MARACATIM (maraká + tĩ, "ponta de chocalho"), nome de um tipo de embarcação indígena; MARACABÓIA ("cobra de maracá"), outro nome dado à cascavel. Esta cobra também recebe o nome de MARACÁ.
NOTA - Daí provêm muitas palavras do P.B.: BOICAÁ (mboî + ka'a, "erva de cobra"), hortelã; BOICININGA (mboî + sining + -a, "cobra que retine"), cascavel; BOIQUATIARA (mboî + kûatiar + -a, "cobra pintada"); BOIRU (mboî + irũ, "cobra companheira"), outro nome da muçurana, que come outras cobras venenosas; BOIÚNA (mboî + un + -a, "cobra preta"), figura mitológica de índios da Amazônia, que toma a forma de cobra e faz virar as embarcações.
meémo (part.) - expressa o condicional passado; pode expressar um idéia de dever no passado: Ereîkuá ranhẽ meémo emonã nde rekorama... - Deverias ter sabido antes o que fazias. (Ar., Cat., 57v); Herodes meémo ikó oîme'eng te'õ supé i angaîpaba kuapa... - Herodes teria entregado este à morte, conhecendo suas maldades. (Ar., Cat., 59v); Nde marangatu meémo... - Se tivesses sido bom... (Anch., Arte, 25v); Osó meémo mamõ? - Teriam ido para longe? (Anch., Teatro, 30); ...îandé momburu meémo... - ...ter-nos-iam amaldiçoado... (Anch., Teatro, 38). Pode seguir partícula que precede o verbo: Kori meémo asó... - Se tivesse ido hoje... (Anch., Arte, 25v)
memẽ1 (part.) - mesmo (os, a, as): Oîepé Tupã memẽpe a'e Tupã-Tuba, Tupã-Ta'yra, Tupã-Espírito Santo? - São um único e mesmo Deus esse Deus-Pai, Deus-Filho e Deus-Espírito Santo? (Anch., Doutr. Cristã, I, 157); A'e memẽpe tupãoka îakatu i kûáî? - Ele mesmo está em todas as igrejas? (Anch., Doutr. Cristã, I, 216)
NOTA - Daí, no P.B., a palavra CAMINA (Amaz.) (îaká + mina, "lança de cesto"), vara em cuja ponta é amarrado um cesto com isca, que se mergulha na água para apanhar peixes.
NOTA - Daí, o nome próprio de pessoa MOACIR (ou MOACYR) (de moasy, "lamento", "arrependimento", "o ato de fazer doer", "o que faz sofrer", etc.). É o nome do filho da personagem principal do romance Iracema, de José de Alencar, clássico da literatura brasileira. Alencar apresentou para tal nome a etimologia "filho da dor", que é imprecisa.
NOTA - Daí provém o nome da famosa personagem da epopéia Caramuru, do Frei José de Santa Rita Durão, a índia MOEMA. Ela era uma das amantes de Diogo Álvares Correia, herói do poema épico, que se casara com a índia Paraguaçu. Partindo estes dois para a Europa num navio francês, MOEMA (isto é, a mentira do amor não sacramentado pelo casamento, segundo Frei Durão) foi, com outras ex-amantes dele, até o navio, nadando em alto-mar, para recriminar Correa por não retribuir seu amor. Ali se afogou.
monẽ1 (part.) - mas antes (Fig., Arte, 143): Peteumẽ xe îabé peîkó-potá, ...xe monẽ pe îabé gûitekóbomo opá mba'easy aîporará ikó 'ara pupé Tupã monhyrõmomo! - Guardai-vos de querer ser como eu, ...mas, antes, se eu estivesse como vós, todas as coisas dolorosas sofreria neste mundo para aplacar a Deus. (Ar., Cat., 165v)
NOTA - Daí, no P.B., MUCICA (NE.), empuxão que o pescador dá à linha quando sente que o peixe mordeu a isca; empuxão dado à linha do papagaio de papel; FAZER MUCICA: puxar o boi pela cauda para o derribar (in Dicion. Caldas Aulete).
NOTA - Daí, no P.B., MUIÚNA (myĩ + un + -a - "movimento escuro"), redemoinho formado na época das enchentes, no Amazonas e em seus afluentes ocidentais, sobre a curvatura das margens (in Dicion. Caldas Aulete).
-ne3 (part. enclítica) 1) Expressa o futuro: Xe reîtyk korine mã! - Ah, vencer-me-ão hoje! (Anch., Teatro, 26); ...Arobebéne... - Fá-los-ei voar comigo. (Anch., Teatro, 40); Aîukáne. - Matá-lo-ei. (Fig., Arte, 7); Our-y bépe irã Jesus Cristo ybaka suíne? - Virá novamente Jesus Cristo do céu? (Anch., Doutr. Cristã, I, 172); 2) expressa deliberação, com o sentido de haver de: Osapirõ-n'asé og uba o sy kanhemagûera... - Há de prantear a gente o desaparecimento de seu pai e de sua mãe. (Anch., Doutr. Cristã, II, 112) (Com o permissivo, geralmente só se usa com a 1ª p.): T'asóne. - Hei de ir. T'orosóne. - Havemos de ir. (Anch., Arte, 23); T'aîmopóne nde nhe'enga... - Hei de cumprir tuas palavras. (Anch., Poemas, 130); T'asepîáne nde robá... - Hei de ver tua face. (Anch., Poemas, 98)
nhẽ3 (part. que expressa o aspecto lusivo, indicando que alguma coisa é feita sem interesse, por fazer) - sem problemas, sem mais (como no castelhano "no más"); à toa, em vão, sem necessidade, sem um porquê, ociosamente (VLB, II, 54); inocentemente (VLB, II, 12): ...Îudeus supé sepîakuká, i mondó-nhẽ-motá... - Mostrando-o aos judeus, querendo fazê-lo ir, sem mais... (Ar., Cat., 60v); Asó nhẽ. - Vou por ir (sem algum fim). (Anch., Arte, 54); -Marã-piang peẽ? -Oroîkó nhẽ. -Como estais vós, porventura? -Vamos, sem mais. (Léry, Histoire, 362); Asó nhẽ. - Fui à toa, sem necessidade; fui por ir. (Fig., Arte, 144)
NOTA - Daí se origina, no P.B., CANHANHA (tãî + nheãîãî + -a, "dentes engrouvinhados"), pessoa banguela, pessoa cuja arcada dentária é falha na frente.
NOTA - Daí se origina, no P.B., a palavra NHENHENHÉM, "falatório interminável", "lengalenga".
NOTA - Daí, no P.B., NHEENGATU ("língua boa"), língua geral falada atualmente no Amazonas, às margens do Rio Negro, principalmente em vilas e comunidades ribeirinhas e nas cidades de Barcelos, Santa Isabel e São Gabriel da Cachoeira, onde é uma das línguas oficiais. Desenvolveu-se da língua geral amazônica, surgida no século XVIII, como um desenvolvimento histórico do tupi antigo; NHEENGAÍBA ("língua ruim"), povo indígena extinto que habitava a ilha de Marajó (PA).
NOTA - Daí, no P.B., CAABOPOXI (ka'a + oba + poxy, "folhas feias do mato"), nome de uma planta trepadeira convolvulácea, com folhas partidas; MANIÇOBA ("folhas de mani"), prato típico da região Norte do Brasil, preparado com folhas de mandioca cozidas durante vários dias e, depois, misturadas com carne ou peixe; PACOBA ("folhas das pacas"), nome indígena dado à bananeira; CAPERIÇOBA, ACARIÇOBA, nomes de plantas brasileiras, etc.
NOTA - Daí, no P.B., CAIOVÁ (ka'i + obá, "cara de macaco caí"), nome de um ramo dos índios guaranis, do sul do Brasil; TOPATINGA (tobá + ting + -a, "caras brancas"), nome que se dava aos holandeses no tempo da invasão holandesa do Nordeste (1630-1654).
NOTA - Daí, no P.B., CAAOBI e CAUBI (ka'a + oby, "floresta verde"), a mata virgem amazônica. Daí, também, os nomes geográficos TUCURUVI (SP), ITAOBIM (MG), etc. (v. p. 386).
NOTA - Daí, no P.B. (ES), CABOROCA (ka'a + por + 'ok + -a, "arrancar o conteúdo da mata"), corte da vegetação do sub-bosque, isto é, da vegetação herbácea ou lenhosa que cresce sob as árvores, para o plantio de cacaueiros.
opá (part.) - 1) todo (s, a, as); tudo: Xe tekokuaba opá amokanhem. - Meu entendimento todo fiz desaparecer. (Anch., Poemas, 106); Opá og ugûy me'engi, omanomõ... - Todo seu sangue deu, morrendo. (Anch., Poemas, 108); Oîké îugûasu, i akanga kutuka, opá i mombuka. - Entram grandes espinhos, espetando sua cabeça, furando-a toda. (Anch., Poemas, 122); ...Opá o boîá nde pópe i mongûapa... - Todos os seus discípulos para tuas mãos fazendo passar. (Anch., Poemas, 124); Opá taba moangaîpabi! - Tudo faz a aldeia pecar! (Anch., Teatro, 38); Opá emonã tekoara îandé ratá îaîarõ. - A todos os que assim vivem nosso fogo convém. (Anch., Teatro, 154); Opá i îeakypûereroîebyri. - Todos eles voltaram-se para trás. (Ar., Cat., 54v); Opá abá sóû. - Todos os homens foram. (Anch., Arte, 54v); Opá abá îukáû. - Matou todos os homens. (Anch., Arte, 54v); Opápe turi? - Todos vieram? (Anch., Arte, 54v); 2) ambos (as): Opá xe uba îesyî. - Ambas as minhas coxas adormeceram. (Anch., Teatro, 26)
opab (part.) - todo (os, a, as), tudo: ...Opab erimba'e yby pora... 'yporu pupé i mokanhemi. - Todos os habitantes da terra destruiu com um dilúvio. (Ar., Cat., 106v); Setá tenhẽ erimba'e opab aîpó 'îarûera... - Eram muitos mesmo todos os que diziam isso. (Ar., Cat., 157v); Opab arasó. - Levei todos. (VLB, II, 130)
opabẽ (part.) - todo (os, a, as), tudo: ...Opabẽ taba mondyki... - Todas as aldeias abrasou. (Valente, Cantigas, V, in Ar., Cat., 1618)
opabenhẽ (part.) - todo (os, a, as), tudo: Opabenhẽ serã erimba'e a'epe tekoara iî a'oîa'oû...? - Acaso todos os que estavam ali ficaram a injuriá-lo? (Ar., Cat., 56v); Tupã sy opabenhẽ mba'e oîkuab oîkóbo. - A mãe de Deus está sabendo todas as coisas. (Anch., Teatro, 130)
opabĩ (part.) - todo (os, a, as), tudo; totalmente: ...Opabĩ abá mondyki. - Todos os homens destrói. (Anch., Poemas, 178); ...Opabĩ kunhã sosé nde momba'etébo é. - Honrando-te mais que a todas as mulheres. (Anch., Poemas, 144); ...Opabĩ nde momoranga. - Embelezando-te totalmente. (Anch., Poemas, 132)
opakatu (part.) - todo (os, a, as); tudo: Kaûĩaîa 'useîa é, opakatu amboapy. - Querendo beber vinho, tudo esgotei. (Anch., Teatro, 46); ...Opakatu karaíba xe momba'eté-katu. - Todos os cristãos honram-me muito. (Anch., Poemas, 114); Opakatu xe yby pora nde remimbûaîamo sekóû... - Todos os habitantes de minha terra são teus súditos. (D'Abbeville, Histoire, 342); ...Opakatu mamõ mopori. - Todos os lugares preenche. (Ar., Cat., 26)
NOTA - Daí, no P.B., AMOIPIRA (amõ + oŷpyra, "os que ficaram no lugar de outros"), povo indígena extinto, de língua do tronco tupi, que vivia na Bahia, às margens do rio São Francisco. Seu nome indica que deve ter ocupado a região de um povo indígena anterior, que a abandonou.
2 (part. - forma nasalizada: mbá) - totalmente, completamente; todo (s, a, as), tudo: ...Xe suí i gûabo pá. - De mim comendo-as todas. (Anch., Poemas, 150); ...Gûaibĩ moesãîa mbá. - Alegrando todas as velhas. (Anch., Poemas, 110); Peîori pitanga gûabo, ...kunumĩ mokona mbá... - Vinde, para comer a criança, engolindo completamente o menino. (Anch., Poemas, 166); Aîybõ-mbá... - Flechei-os todos. (Anch., Teatro, 132); Omanõ-mbá. - Morreram todos. (Anch., Arte, 3v); T'a'u pá Îakaregûasu pepyra! - Hei de comer todo o banquete de Jacaré-guaçu! (Anch., Teatro, 62); Eîorino i mombûeîrá pá! - Vem novamente para curá-los todos! (Anch., Teatro, 120); Aîá pá îekuakuba... - Fiz todos os jejuns. (Anch., Teatro, 172); T'oú serasóbo pá... - Que venha para levá-los todos. (Anch., Teatro, 184); Ereroŷrõ-mbápe sekó? - Detestas completamente suas obras? (Ar., Cat., 114v); Pirá mondóbo pá. - Levando os peixes todos. (Anch., Arte, 54v)
pab1 (part.) - todo (s, a, as); tudo; totalmente, completamente (às vezes em composição com o verbo): Arasó pab. - Levei todos. (VLB, II, 130); ...Asé re'õmbûera pu'am-pabine? - Nossos cadáveres levantar-se-ão todos? (Ar., Cat., 61, 1686); ...O angaîpagûera repyme'enga-mbapa... - Resgatando totalmente seus antigos pecados. (Ar., Cat., 48v); Aru-pab. - Trouxe todos (ou Trouxe tudo). (Anch., Arte, 54v); Aru-pab pirá. - Trouxe todo o peixe. (Anch., Arte, 54v)
pabẽ1 (part.) - todo (os, a, as); totalmente, completamente: Abá sosé pabẽ i momorangi... - Mais que a todos os seres humanos embelezou-a. (Anch., Poemas, 86); ...O boîaetá pabẽ serekomemûãmo... - Maltratando-o todos os seus súditos. (Ar., Cat., 59); ...Oka'ugûasu pabẽ... - Bebem muito todos. (Anch., Teatro, 134); ...Te'õ remi'u pabẽ. - É, totalmente, uma comida de morte. (Valente, Cantigas, VIII, Ar., Cat., 1618); Penheŷnhang pabẽ sesé! - Ajuntai-vos todos com eles! (Anch., Teatro, 60)
pabẽngatu (part.) - todo (os, a, as) - T'oroîkó pabẽngatu nde rekokatu pupé. - Que estejamos todos na tua virtude. (Anch., Poemas, 100); T'oîkuab pabẽngatu abá yby îakatu okûaba'e karaibamo nde rera rekó. - Que saibam todos os homens que estão em toda a terra que teu nome é santo. (Thevet, Cosm. Univ., II, 925)
pabenhẽ (part.) - todo (os, a, as): Oposẽ-posẽ pabenhẽ sesé... - Ficaram todos gritando por causa disso... (Ar., Cat., 60v); ...Aîmomoxy pabenhẽ... - Arruinei a todos. (Anch., Teatro, 132)
pakatu (part.) - todo (os, a, as); tudo; completamente, totalmente: Sory pakatu apŷaba. - Felizes estão todos os homens. (Anch., Poemas, 146); Xe nhõ a'u pakatune. - Eu somente beberei tudo. (Anch., Teatro, 10); Oîmombe'u pakatupe amẽ asé o angaîpagûera? - A gente confessa totalmente, de costume, seus próprios pecados? (Ar., Cat., 90)
Daí, também, no P.B., PARAÍBA (pará + aíb + -a, "rio ruim") (S.), trecho de rio que não pode ser navegado; IGAPARÁ (Amaz.) (ygar + pará, "rio de canoa"), canal largo; braço largo de rio (in Novo Dicion. Aurélio).
NOTA - Daí, no P.B., JUPARABA (îub + parab + -a, "manchado de amarelo"), ave psitacídea com coberteiras superiores maiores da asa amarelas.
NOTA - Daí, talvez, no P.B. (MG, SP, GO), PARARACA, pela língua geral meridional, 1) lugar, nos rios, onde a água passa rápida e ruidosa sobre pedregulhos: "A água fazia uma PARARACA forte, quase cachoeira, depois sossegava." (Carmo Bernardes, in Jurubatuba, apud Novo Dicion. Aurélio); 2) (adj.) barulhento, palrador, tagarela. (in Novo Dicion. Aurélio).
NOTA - Daí, no P.B., PICADA ou PIQUE, com o sentido de "caminho estreito, aberto no mato, sob as árvores, sem as cortar": "[...] entrou a distribuir a gente de trabalho, uns abrir picadas e endireitar caminhos, outros abrir caminhos de carro, outros a cortar madeiras [...]" (desconhecido [1704], Encontrando Quilombos, pp. 59-60).
NOTA - Daí, no P.B., CAPEPENA (ka'a + pẽ-pena, "ficar quebrando o mato"), 1) sinal feito na mata, quebrando-se ramos e galhos por onde se passa para se reconhecer o caminho na volta: "Governam-se pelo sol, lua e estrelas; e só quando os matos são pouco limpos por baixo ex vi dos arbustos, que nascem à sombra dos arvoredos, costumam fazer um sinal, a que chamam caapeno, que significa mato quebrado, e é o irem quebrando com a mão alguns raminhos daqueles arbustos, que vão deixando semiquebrados e dependurados, para que na volta sirvam de balizas, e mostradores, que lhes apontem o caminho pelo qual tornem a sair ao mesmo lugar. (Pe. João Daniel [1757], p. 252); 2) picada aberta deste modo (in Dicion. Caldas Aulete).
NOTA - Tal palavra foi incorporada ao tupi antigo a partir do nome próprio Pero, muito comum entre os portugueses que vinham para o Brasil no século XVI. De nome próprio passou a ser nome comum.
NOTA - Daí, no P.B., a palavra PETECA, 1) pequeno saco de areia ou de serragem, de couro ou plástico, encimado por penas coloridas amarradas num molho, que é usado em brincadeiras infantis, sendo espalmada ou lançada ao ar com raquete. Quem a deixa cair perde pontos no jogo. 2) (fig.) Pessoa que é objeto de escárnio.
Daí, também, a expressão deixar a PETECA cair, "vacilar", "falhar", "acumular perdas ou prejuízos".
NOTA - Daí, no P.B., PIÁ, 1) índio jovem; 2) caboclinho; 3) menino, garoto, guri; 4) (RS) qualquer menor que, não sendo branco, ou pertencendo à classe baixa, trabalha como peão de estância (in Dicion. Caldas Aulete)
NOTA - Daí, ITUMBIARA (nome de município de MG) (v. p. 386). Daí, também, no P.B., COPIARA (kó + piara, "caminho da roça"), varanda anexa à casa; alpendre; GRUPIARA (kuruba + piara, "caminho de seixos"), cascalho acumulado nas faldas das montanhas e de onde se extrai ouro.
NOTA - Daí, no P.B., CAPINAR (ka'a + pin + -a, "rapar o mato"), limpar a terra de ervas indesejáveis que crescem entre as plantas que se cultivam.
NOTA - Daí, no P.B., PINDAÍBA, significando falta de dinheiro. Remete à idéia de que se está a pescar para comer. Há, inclusive, a expressão ESTAR NA PINDAÍBA, isto é, "estar sem dinheiro", "viver sem um tostão".
NOTA - Daí, no P.B., pelo nheengatu, PINDOPEUA (pindoba chata), que, nas tapagens de pesca, é a parede achatada lateral, feita de palmas (in Novo Dicion. Aurélio). Daí, também, o nome geográfico PINDOTIBA (RJ) (v. p. 386).
NOTA - Daí, no P.B., IPECUPINIMA (ipekũ + pinim + -a, "pica-pau manchado"), nome de uma ave pícida; ARATUPINIMA ("aratu pintado"), var. de aratu; AMOREPINIMA ("moréia manchada"), peixe gobiídeo preto e manchado de amarelo, etc. Na gíria, PINIMA é 1) praga (coisa daninha ou fatal); 2) implicância, birra, embirrância (in Dicion. Caldas Aulete).
NOTA - Daí, no P.B., PIPOCA (pir + pok + -a), a pele estourada (de milho). Os primeiros exemplos de emprego dessa palavra no P.B. apresentam-na junto com o termo milho: ...uma pipoca de milho que do seu borralho saltou para o do outro" [...] (in Manuel José Pires da Silva Pontes [século XVIII], p. 31); PIRERAS ("peles velhas") (AM), mamas chatas, caídas; peitos caídos; PIRA (AM), sarna, escabiose nos animais; PITINGA (pir + ting + -a, "pele branca"), claro, branco; CUIAPITINGA ("cuia da pele clara"), a cuia que não foi ainda tingida.
NOTA - Daí se originam nomes de lugares como PERI-PERI (BA), PIRITUBA (SP) (v. p. 386) e nomes de pessoa, como PERI. Daí, também, no P.B., PERI, 1) sulco formado pelo escoamento de águas em declive; 2) (MT) a parte baixa de terreno alagada pelas águas de um rio; PERIANTÃ, PARIATÃ (Amaz.), 1) lugar onde há peris; 2) ilha flutuante que desce os rios, formada de plantas aquáticas, camalote; 3) barranco flutuante despegado da margem do rio, e que desce nas enchentes, coberto de canaranas, marurés e outras plantas; matupá (in Novo Dicion. Aurélio).
NOTA - Daí, no P.B., PIROCA, significando calvície (de 'apira + 'ok + -a, "arranca pele da cabeça"), e também designando pessoa calva. Daí, o verbo PIROCAR, ficar calvo. PIROCA também é termo chulo para designar o pênis, o arranca-pele (isto é, o hímen feminino) ou, pelo nheengatu, pelado, depenado, i.e., a glande (Stradelli, p. 608).
NOTA - Daí, no P.B., a palavra PIRUÁ, isto é, "o grão de milho que não rebenta ao ser preparada a pipoca".
NOTA - Daí, no P.B., PIRAPITINGA ("peixe pintado"), nome de um peixe caracídeo; TIPITINGA (N.) (ty + piting + -a, "água pintada"), águas barrentas e esbranquiçadas de certos rios.
NOTA - Daí, o nome ITAPÓ (de localidade do CE) (v. p. 386). Daí, também, no P.B., EMBOABA, EMBOAVA, BOAVA, BOABA (mbó + ab + -a, "mãos peludas"), alcunha que os paulistas davam, nos tempos coloniais, nas Minas Gerais, aos forasteiros portugueses que disputavam consigo a posse das minas de ouro e pedras preciosas ali descobertas, o que ensejaria a Guerra dos EMBOABAS (1707-1709). Era nome atribuído, na língua geral meridional, às aves calçudas, isto é, aquelas cujas pernas são cobertas de penas, as quais os portugueses imitavam com seus calções de rolos e por nunca largarem as meias e os sapatos...
NOTA - Daí provém, no P.B., POIA, o pão que se dá em retribuição a quem os assou.
NOTA - Daí, no P.B., POCAR, estourar, bater com força em; rebentar; PIPOCA, "pele estourada" (de milho) - v. pira. ESPOCAR também pode ser usado figurativamente no sentido de desabrochar, desabotoar com força: "espocar para a vida".
NOTA - Daí, no P.B., BEIJU-POQUECA, var. de BEIJU; MOQUECA, 1) (AM) o peixe moqueado envolto em folha de bananeira; 2) (SP) espécie de cataplasma de folhas de mangueira e de fumo, que se coloca sobre a cabeça para tirar sua dor; MOQUECAR-SE, AMOQUECAR(-SE), ficar abrigado, em lugar coberto ou escondido, ficar pouco visível.
NOTA - Daí, no P.B. (AM) MOPONGA, MUPUNGA, batição, processo de pesca que consiste em bater a água de um rio com uma vara, ou com a mão, a fim de afugentar o peixe na direção desejada. Há a locução bater MOPONGA (in Novo Dicion. Aurélio).
NOTA - Daí, no P.B. (AM), GAPONGA (ybá + pong + -a, "fruto que bate"), bola feita de osso de peixe-boi, presa por uma linha à ponta de um caniço, para se bater na água, imitando a queda de um fruto e, assim, atrair o peixe. (in Novo Dicion. Aurélio).
NOTA - Daí, no P.B., BORBOREMA (yby + mbor + e'ym + -a, "terra sem habitantes"), lugar despovoado, estéril (in Dicion. Caldas Aulete), donde o nome da Serra da BORBOREMA, no Nordeste; CAIPORA (ka'a + pora, "habitante da mata"), nome de entidade mitológica do Brasil, mas não mencionada nos textos quinhentistas; CAAPORA (Amaz.), homem do mato, roceiro.
NOTA - Daí, no P.B. (AM), TUCUPIPORA ("o que está dentro do tucupi"), a comida que fica de molho no tucupi, isto é, no caldo de manipueira.
NOTA - "A corrente [...] he taõ arrebatada, que encontrando-se vinte leguas da sua boca, Nordeste, Sudueste, com a enchente do mar, a suspende de forte, que por largo tempo lhe disputa o triunfo; resultando deste fatal combate, por causa da repreza da maré, ou fluxo e refluxo das mesmas aguas, humas ondas taõ fortes, e encapelladas, (a que os naturaes chamaõ Pororoca) que depois de vencidas [...] quasi nove horas, enche em menos de hum quarto, ficando a maré caminhando ainda para cima tres horas completas com taõ rapido curso, que parece que voa." (Bernardo Pereira de Berredo [1718], pp. 12-13)
NOTA - Daí, no P.B., a palavra MIÇANGA, contas de vidro, multicolores e pequenas; enfeite feito com essas contas.
NOTA - Daí, no P.B., BOTARA (mbotãî + ar + -a, "prende pinguelo"), armadilha para caça graúda ou para animais bravios (in Novo Dicion. Aurélio) [mopotãîar é armar trampa de (armadilha) (VLB, I, 41]
NOTA - Daí, no P.B., ABU (pref. a- do port. + pu), usado no Amazonas com o sentido de silêncio, falta de ruído.
NOTA - Daí, no P.B., PUÃ, a pata do siri.
NOTA - Daí, no P.B., MUIRAPUAMA (ybyrá + pu'am + -a, "árvore empinada"), planta da família das olacáceas, de matas pluviais.
NOTA - Daí se originam muitas palavras no P.B.: ACUERA (s. e adj.), coisas antigas, abandonadas ou extintas; TAPERA (taba + pûer + -a, "taba que foi"), casa ou aldeia abandonada; casa em ruínas; fazenda totalmente abandonada e em ruínas; CAPOEIRA, terreno em que o mato foi roçado ou queimado; mato que cresceu onde a mata virgem foi derrubada; QUIRERA (kuruba + -ûer + -a, "o que foi grão"), milho ou arroz quebrado; CATANGUERA, CATAMBUERA (ka'a + atã + mbûer + -a, "o que foi folha dura"), fruto atrofiado. Daí provêm, também, muitos nomes de lugares: IBIRAPUERA, CANGUERA, TABATINGUERA, PARIQUERA, ANHANGUERA, PIAÇAGUERA, etc. (v. p. 386).
Daí, também, ARAPUCA, URUPUCA (ûyrá + puka, "buraco de aves": "Apanham-se vivos (...) com ũa espécie de gaiolas feitas de canas, ou de paozinhos, a que os naturaes chamam guira puca, que lhe põe nos caminhos estreitos, e caem nelas com facilidade." (Pe. João Daniel, [1757], p. 128); uru + puka, "buraco de urus"), armadilha para apanhar aves pequenas, e por extensão, cilada, armadilha; engodo, logro, embuste; IPUCA ('y + puka, "furo d'água"), furo no igapó; POPUCA (pó + puk + -a, "mão furada"), de pouca resistência; frágil, fraco.
NOTA - Daí, no P.B., PIRAPUCÁ ("peixe que ri"), nome comum a certos peixes caracídeos de grandes dentes.
NOTA - Daí, no P.B., PURURUCA, 1) toicinho frito em pequenos pedaços; 2) pessoa irritadiça, arrelienta; TAPURURUCA (itá + pururuk + -a, "pedras que ficam estalando"), cascalho, terra misturada com areia e pedra.
NOTA - Daí, no P.B., PIXUNA, espécie de pequeno rato; camundongo selvagem; INHAMBUPIXUNA (inhambu + pyxun + -a, "inhambu escuro"), nome de uma ave. Daí, também, o nome geográfico IPIXUNA (MA) (v. p. 386)
NOTA - Daí, no P.B., PACUERA (py'a + pûer + -a, "o que foram as entranhas"), as vísceras mais grossas, arrancadas de alguns animais como boi, porco, etc.
NOTA - Daí provém, no P.B., o nome da árvore GUARAPICICA ("pega-guará"), além da palavra TIPISCA (ty + pysyka, "segura água") (AM), lagoa que se forma na época da enchente, no rio Amazonas e em seus afluentes ocidentais, dum lado pela sinuosidade do leito fluvial e de outro pelo impulso da água, que tende a correr em linha reta, convertendo em lençóis de água as curvas forçadas que as margens apresentam. (in Novo Dicionário Aurélio).
NOTA - Daí provém, no P.B., PITANGA (ybá-pytanga, "fruto avermelhado"), nome de árvore da família das mirtáceas e de seu fruto. Daí, também, a expressão CHORAR AS PITANGAS, lamuriar-se, chorar perdidamente; pechinchar algo recusado.
NOTA - Daí, no P.B., BITUCA (mbytu + morfema não identificado), a parte que resta do charuto, do cigarro depois de fumados, a parte deles pela qual se aspira a fumaça.
ra'e3? (part.) - por acaso? será que? então?: Osó-tepe ra'e é? - Mas será que foi mesmo? (Anch., Arte, 36); Mba'epe asé ogûeroŷrõ ra'ene? - Que será que a gente detestará? (Anch., Doutr. Cristã, I, 204)
NOTA - Daí, o sufixo -RANA, presente em mais de uma centena de palavras do P.B.: CAJURANA (akaîu + ran + - a, "falso caju"), nome de uma planta; TATARANA ou TATURANA (tatá + ran + -a, "falso fogo", isto é, o que queima sem ser fogo), lagarta de certos insetos lepidópteros; TUPINAMBARANA (tupinambá + ran + -a, "falso tupinambá"), nome de povo indígena extinto; COIRANA (kuîẽ + ran + -a, "falsa pimenta"), nome de certas plantas solanáceas; CUIARANA ("cuia falsa"), árvore da família das combretáceas, etc.
re'ĩ1 (part. de m.) 1) (expressa expectativa, projeção de futuro) - haver de ser, dever ser: ...Xe ruba rekobîara é re'ĩ... - Há de ser o substituto de meu pai. (Ar., Cat., 95v); ...Sesápe xe rekóû re'ĩ... - A seus olhos eu hei de estar. (Ar., Cat., 32); 2) (expressa temor ou má expectativa) - dever, haver de: Omanõ îepémo pitanga xe suí ixé so'o 'useî tenhẽ roîrémo re'ĩ... - Haveria de morrer certamente a criança de mim após eu querer comer caça. (Ar., Cat., 77v); Xe mendûera ipó re'ĩ... - Meu ex-marido há de ser certamente. (Anch., Teatro, 8)
NOTA - Daí provêm, no P.B., IBIRAREMA (ybyrá + rem + -a, "árvore fedorenta"), nome de uma árvore fitolacácea; SAPOREMA, SAPORÉ (sapó + rem + -a, "raízes fedorentas"), nome de uma doença que ataca certas plantas, como a mandioqueira; SAQUAREMA (sakurá + rem + -a, "caramujo fedorento"), o mesmo que caipira (in Dicion. Caldas Aulete) e também nome de uma lagoa do Rio de Janeiro.
NOTA - Daí provêm muitas palavras no P.B.: ANDIROBA (nhandy + rob + -a, "óleo amargo"), nome de uma árvore; CAROBA (ka'a + rob + -a, "folha amarga"), nome comum a certas árvores bignoniáceas; GOROROBA (karu + rob (reduplicado: rorob) + -a, "refeição muito amarga"), refeição mal feita, etc.; GUARIROBA (ûakury + rob + -a, "guacuri amargo"), coqueiro-amargoso, nome de uma palmácea.
NOTA - Daí provém o nome geográfico IBITIRUÍ (ybytyra + ro'y, "morro frio"), antigo nome tupi do Serro Frio, em Diamantina, MG, onde viveu a famosa Chica da Silva, personagem histórica do século XVIII.
NOTA - Daí provêm, no P.B., BARIRI (SP) (ma'e + ryryî + -a, "coisa que treme"), corrente veloz e precipitada das águas dos rios em trechos acentuadamente declivosos; SIRIRINGA (ty + ryryî + -a, "água que treme"), ar expirado do fundo da água e que sobe em bolhas à superfície; água tremente em consequência da passagem dos peixes (in Novo Dicion. Aurélio). Daí, também, os nomes dos municípios de BARIRI (SP) e BARUERI (SP) (v. p. 386).
NOTA - Daí, no P.B., SAMAMBAIA (sama + paî + -a, "corda de pesos", i.e., corda de brincos, corda de pingentes, pelo aspecto de suas folhas), nome comum a plantas da família das gleicheniáceas.
NOTA - Há, em português, a expressão: PESCAR PARA O SEU SAMBURÁ, cuidar somente de seus interesses.
NOTA - Daí provém o nome de um povo indígena extinto, os BIRAPAÇAPARAS (ûyrapara + asab + -ara, "os que cruzam os arcos"), que habitavam a bacia do rio Juruena (MT). Daí, também, o nome geográfico JAIBARAS (CE) (v. p. 386).
NOTA - Daí, no P.B., PIRACEMA (pirá + sema, "saída dos peixes"), a saída dos peixes para as nascentes dos rios para desovarem; GURICEMA, nome de um peixe carangídeo de espécie migradora. Daí, também, o nome geográfico IRACEMA (AM) (v. p. 386).
NOTA - Daí, no P.B., BOICININGA (mboîa + sining + -a, "cobra que retine"), a cascavel, que tem um chocalho na cauda.
NOTA - Daí, no P.B., além do verbo SOCAR, também provêm as palavras SOCO, SOQUE (o mesmo que SOCO), SOQUEAR (o mesmo que SOCAR), SOQUETE (1. utensílio para socar pólvora dentro de canhões. 2. ferramenta para comprimir terra em torno de postes, mourões, etc., ou para firmar a pedra nos calçamentos; 3. socador)
NOTA - Daí, SOROROCA (ruptura), rumor produzido pela voz do moribundo, estertor: "...As vozes do responso pareciam a SOROROCA da morte, o arquejo do moribundo." (Amadeu de Queirós, Os Casos do Carimbamba, apud Novo Dicion. Aurélio).
NOTA - Daí, no P.B., SUPIMPA (supi + pá, "toda a verdade", "totalmente bom"), excelente, muito bom, superior: "Que mulher, que corpo supimpa! (in José Lins do Rego, Pedra Bonita. Livraria José Olympio Editora, Rio de Janeiro, 1956).
NOTA - Daí provém, no P.B. (SP), a palavra PIRACICABA, lugar que, tendo uma cachoeira ou qualquer outro acidente natural, impede a passagem dos peixes, sendo, assim, excelente pesqueiro (in Novo Dicion. Aurélio). Tal palavra surgiu mais tardiamente, na fase da língua geral meridional (século XVIII), pois, em tupi antigo, chegar por água, como fazem os peixes, é îepotar e syk é chegar por terra. No século XVIII tal distinção não existia mais. Foi justamente nesse século que foi fundada a povoação de PIRACICABA (SP), em 1767, que recebeu esse nome em referência às grandiosas quedas que bloqueiam a piracema no rio que por lá passa. Daí, também, no P.B., MUCICA (mo- + syk + -a, "o fazer aproximar-se", "puxada") (N.E.), empuxão que o pescador dá à linha, quando sente que o peixe mordeu a isca; puxão dado ao boi pela cauda para o derrubar; empuxão dado à linha do papagaio de papel. (in Dicion. Caldas Aulete)
NOTA - Daí, no P.B. (CE), PICICA (py + syk + -a, "toca o pé"), 1. fedelho, meninote; 2. (N) pessoa muito baixa; 3. coisa insignificante (in Dicion. Caldas Aulete)
NOTA - Da reduplicação de syryka (syryryka), provém, no P.B. (AM), PINDÁ-SIRIRICA ("anzol escorregadio"), 1) disfarce do anzol com penas de cores; 2) anzol com isca artificial e linha curta. Daí, também, pela língua geral meridional, a palavra XIRIRICA (ou PIRIRICA), trecho de rio onde as águas, dada a inclinação do terreno, correm céleres, e que, muitas vezes, corresponde à última etapa de uma queda-d'água; cachoeira, carreira, correntada, corrida, corredeira, rápido. (in Novo Dicion. Aurélio). PIRIRICA pode ser, também, ligeira ondulação ou tremura à superfície da água, produzida pelos peixes (in Dicion. Caldas Aulete).
ta (part. do modo permissivo) - 1) que (exprimindo desejo, permissão, etc.): Xe syramongatu t'oîkó... - Que seja minha mãe, de fato. (Anch., Poemas, 86); Ta xe pysyrõ marãtekó suí... - Que me livre das dificuldades... (Ar., Cat., 23); T'omanõ! - Que morra! (Ar., Cat., 56v); Ta nde sok. - Que te pique. (Fig., Arte, 152); Ta xe îuká Pedro. - Que Pedro me mate. (Fig., Arte, 152); 2) para que (em orações subordinadas adverbiais finais): Ikó abá arur iké... ta peîkuab... - Este homem trago aqui para que o reconheçais... (Ar., Cat., 60v); Eîerok... ta nde rerapûãngatu. - Arranca-te o nome para que sejas muito famoso. (Anch., Teatro, 46); Eru pirá t'a'une. - Traze peixe para que o coma. (Anch., Arte, 23); 3) exprimindo ordem, como marca de imperativo: T'îasó xe irũnamo. - Vamos comigo. (Anch., Arte, 23v); T'îaîuká xe mena... - Matemos meu marido. (Ar., Cat., 279); 4) corresponde a haver de, a exprimir determinação (sempre com a partícula -ne posposta ao verbo que ta acompanha): T'aîybõne! - Hei de flechá-lo! (Anch., Teatro, 32); T'aîpapáne i angaîpaba... - Hei de contar os pecados deles. (Anch., Teatro, 34); T'ame'ẽne pirá ruba endébo... - Hei de dar ovas de peixe para ti. (Anch., Teatro, 44)
NOTA - Daí, no P.B. (PR), TABIJARA (tabyîara, "o que domina a aldeia", "o senhor da aldeia"), valentão.
NOTA - TAUÁ ou TAGUÁ, no P.B., também podem ser adjetivos, com o sentido de amarelo. Daí, IPECUTAUÁ, pica-pau-amarelo, UIRATAUÁ (ûyrá + taûá, "pássaro amarelo"), nome comum a certas aves passeriformes, icterídeas da Amazônia.
Daí, também, no P.B. (MG), TAPUNHUNACANGA ("cabeça de negro") (ou TAPANHOACANGA, ITAPANHOACANGA, TAPIOCANGA, GANGA, CANGA), concentração de hidróxidos de ferro na superfície da terra sob a forma de uma carapaça dura, aproveitada, muitas vezes, para se fazerem tijolos; laterita.
-te4 (part.) - não... senão, não faz senão...: Peró-te. - Não é (outro) senão Pedro; Kó ygara ruri. Osó-te. - Cá vem um barco. Não faz senão ir. (VLB, II, 47); T'îaîkuá-te Tupã, îandé monhangagûera... - Que não conheçamos senão a Deus, nosso criador. (Ar., Cat., 167) ● -te nakó - mas antes (VLB, II, 32)
te'itenhẽumẽ (part.) - que se guarde de, que se abstenha de (aconselhando ou ameaçando); que não aconteça de; para que não aconteça. Somente é empregado com a 3a pessoa. (Fig., Arte, 135): Te'itenhẽumẽ ahẽ onhe'enga. - Que se guarde fulano de falar. (VLB, I, 151); Te'itenhẽumẽ mba'e amõ nde motekokuabe'yma... - Que não aconteça de algo te deixar ignorante. (Ar., Cat., 157v); Te'itenhẽumẽ ahẽ aîpó o'îabo. - Que se abstenha ele de dizer isso. (VLB, II, 47)
teké (part.) - olha que te aviso! (que faças ou não faças algo). Acrescenta-se aos verbos e faz a negação com umẽ - v. (VLB, II, 55; VLB, II, 56)
temõ (part. usada com o optativo. É acompanhada geralmente por mã ou mûã no final do período.) - oxalá, quem me dera, que bom seria se: Asó temõ ybakype mã! - Ah, quem me dera eu fosse para o céu! (Anch., Arte, 24); Ogûerasó temõ sapy'a ybakype Tupana xe ruba mã! - Oxalá Deus levasse logo a meu pai para o céu! (Fig., Arte, 99); Ikatupe nhẽ temõ mûã! - Oxalá ela estivesse nua! (Ar., Cat., 72); Anhẽ temõ turi mã. - Oxalá ele viesse, de fato. Anheté temõ! - Oxalá fosse verdade! (VLB, II, 59); Apûar temõ sesé mã! - Ah, quem me dera bater nele!. (Ar., Cat., 101v); Asó temõ kori ahẽ irũmo mã! - Ai, quem me dera ir com ele hoje! (VLB, II, 94)
-tene2 (part.) - enfim, finalmente (quando se conta alguma coisa) (VLB, I, 109; Fig., Arte, 148): Aîpoba'e-tene n'oîabyî mboîa. - Esse, enfim, não é diferente da cobra. (Ar., Cat., 108v); Nde nhyrõ-tene xébo... - Tu, finalmente, perdoa a mim. (Ar., Cat., 11-12, 1686)
NOTA - Há no P.B. (S. pop.), a expressão NO TIPITI, em dificuldades, em apuros.
NOTA - Da forma reduplicada de tirik provém a expressão FICAR TIRIRICA, irritar-se, enfurecer-se, encolerizar-se.
NOTA - Daí, no P.B. (SP), TUPINA, valente, decidido; TUPIANA, nome proposto por Herman von IIhering para designar a região zoogeográfica que abrange o litoral brasileiro e suas matas. (in Dicion. Caldas Aulete)
NOTA - Daí, no P.B. (SP), TETEQUERA (ty + eté + pûer + -a, "o que foi rio verdadeiro", "o que foi leito de rio"), nome comum a depressões que foram, no passado, trechos do leito do rio Paraíba do Sul, um rio meândrico.
NOTA - Daí, no P.B., TIGUERA, roça de milho ou de outras plantações anuais depois de efetuada a colheita (in Dicion. Caldas Aulete).
NOTA - Daí, no P.B., TIQUIRA, aguardente de mandioca (isto é, a que foi destilada no alambique): "A sua tentação não era... a cerveja, nem o conhaque..: era a aguardente nacional, o parati indígena, a cachaça cabocla, a TIQUIRA maranhense." (Humberto de Campos, in Memórias Inacabadas, apud Novo Dicion. Aurélio).
NOTA - Daí, no P.B., TIMBIRA (i tymbyra, "os enterrados"), nome de um povo indígena tapuia, extinto. Alusão ao fato de não construírem eles casas como os tupis da costa. Deviam fazer buracos no chão, onde se abrigavam. O Pe. Fernão Cardim e Gabriel Soares de Sousa dizem a mesma coisa a respeito de outros povos indígenas: "Obacoatiáras - estes vivem em ilhas no Rio de São Francisco, têm casas como cafuas debaixo do chão." (Pe. Fernão Cardim [1585], p. 104); (sobre os índios Guaianás):"Não vive este gentio em aldêas com casas arrumadas, como os Tamoyos seus visinhos; mas em covas pelo campo debaixo do chão..." (Sousa, Trat. Descr., LXIII).
NOTA - Daí se origina, no P.B., a palavra ABATIRÁ ('aba + tyrá, "cabelos arrepiados"), nome de um antigo grupo indígena de Porto Seguro.
NOTA - Daí também provém, no P.B., a palavra JAGUATIRICA ("onça que se afasta"), nome de um animal felídeo que não ataca o homem, como o faz a onça. Frei Arronches confirma tal etimologia na língua geral setentrional: "APARTAR, afastando - moteric".
NOTA - Daí, no P.B., o verbo TUTUCAR, produzir som surdo e o substantivo TUTUQUE, som surdo: "Ouvia-se o TUTUCAR dos atabaques." (Júlio Ribeiro, in A Carne, apud Novo Dicion. Aurélio)
NOTA - Daí, no P.B., TUAIÁ, termo usado na Amazônia, que designa a região mais distante de seringais do alto Xingu e, por extensão, um lugar longínquo, rio acima; CUTIAIA, CUTIUAIA (akuti + ûaî + -a, "cutia de rabo"), nome de um mamífero dasiproctídeo.
NOTA - Daí, no P.B., GUAPICOBAÍBA [ûapiku + 'ybá + aíb + -a, "fruto ruim (i.e., que não se come) do pica-pau"], nome de uma planta leguminosa e de seu fruto.
umanĩ2 (part. Leva o verbo para o gerúndio. É usada com verbos na forma negativa.) - acabar de começar: Nd'a'éî umanĩ mba'e gûabo. (ou A'é umanĩ mba'e'ue'yma.) - Não acabei de começar a comer. (Anch., Arte, 56v)
umẽ (part. usada para a negativa dos modos imperativo e permissivo) - não: Eporapiti umẽ. - Não mates gente. (Ar., Cat., 69v); Xe pe'a umẽ îepé. - Não me desterres tu. (Anch., Poemas, 102); Îori anhanga mondyîa, ta xe momoxy umẽ. - Vem para espantar o diabo, para que não me dane. (Anch., Poemas, 132); (Pode separar-se do verbo e vir após partículas.): Nde nhõ umẽ eîuká. - Não o mates tu sozinho. (Anch., Arte, 22v); T'osepîak-y bé umẽ kûarasy! - Que não vejam mais o sol! (Anch., Teatro, 60)
NOTA - Daí, no P.B., ITAÚNA ("pedra preta"), nome dado às pedras pretas como o basalto, o diorito, etc.; CABIÚNA (ka'a + oby + un +-a, "folhas verdes-escuras"), nome de uma árvore da família das leguminosas papilionáceas; BRAÚNA (ybyrá + un + -a, "madeira preta"), árvore da família das leguminosas; SABIAÚNA ("sabiá preto"), ave turdídea; GRAÚNA (gûyrá + un + -a, "pássaro preto"), pássaro icterídeo.
NOTA - Daí, no P.B. (PE pop.), MAPIRONGA (ma'e + pi(r) + ungá, "coisa que aperta a pele"), espinha; furúnculo; MUÇUNGA, beliscão (in Dicion. Caldas Aulete).
NOTA - Daí, no P.B. (NE), IGUPÁ ('y + upaba, "lugar em que jaz a água"), brejo ou lagoeiro produzido pelas águas pluviais; OPABA (BA), terreno arenoso, à beira-mar, que se torna alagado no inverno; PAVUNA (S.), vale profundo e escarpado (In Dicion. Caldas Aulete); ITAIPAVA (itá + upaba, "lagoa das pedras") (ou ITAUPABA, ITAUPAVA, ITAIPABA, ENTAIPAVA, ITUPAVA), rocha que atravessa um rio de margem a margem, causando turbulência na corrente. (In Dicion. Caldas Aulete). Palavra que tem origem na língua geral meridional, do século XVIII: "Este primeiro rio, a que chamam Tieté, é o mais cheio de cachoeiras e das peores. O fundo d'elle é quasi todo pedra, quando esta é assentada por igual, mas com pouco fundo, de modo que algumas partes era calháo, onde roçam as canoas; chamam a isto ITAUPABA..." (D. Antonio Rolim [1751], Relação da Viagem que fez o Conde de Azambuja, D. Antonio Rolim, da Cidade de São Paulo para a Villa de Cuyabá em 1751.)
NOTA - Daí, no P.B., TUPIA (t- + upir + -a, "levantador", "o que faz subir"), aparelho para levantar pesos, macaco; TUPIEIRO, operário que trabalha com tupia (in Dicion. Caldas Aulete)
NOTA - Daí, no P.B. (SP), URUMBEBA, URUMBEVA (uru + peb + -a, "uru da perna curta" - v. peba, nota), sujeito crédulo, fácil de ser enganado (in Dicion. Caldas Aulete).
NOTA - Daí provêm o nome da localidade de URUCUIA (v. p. 386) e a palavra PIRARUCU ("peixe-urucu"), peixe clupeídeo da Amazônia.
NOTA - Daí provém o nome de um povo indígena extinto, os BIRAPAÇAPARAS (ûyrapara + asab + -ara, "os que cruzam os arcos"), que habitavam a bacia do rio Juruena (MT).
2 (part. que acompanha a forma negativa do futuro do indicativo, do condicional e do optativo): Nd'oromombe'uî xóne. - Não te denunciarei. (Anch., Teatro, 32); ...Marã 'é n'opyki xóne... - Não cessarão de dizer maldades. (Anch., Teatro, 36) (o mesmo que xûé - v.)
xûé (part. que acompanha a forma negativa do futuro do indicativo, do condicional e do optativo): N'orogûeruri xûémo ndebe i angaîpabe'ỹmemo... - Não o teríamos trazido a ti se ele não tivesse pecado... (Ar., Cat., 58); N'aîabŷî xûé temõ erimba'e nde nhe'enga mã!... - Ah, quem me dera não ter transgredido outrora tuas palavras! (Ar., Cat., 141v); Nd'oré poreaûsubi xûéne. - Não seremos miseráveis. (Anch., Poemas, 146); N'aîukáî xûéne. - Não o matarei. (Fig., Arte, 34); N'i ma'enduari xûéne. - Eles não se lembrarão. (Fig., Arte, 40)
NOTA - Daí, no P.B. (AM), TIPUCA (ty + puk + -a, "líquido arrebentado"), o último leite que sai da teta das vacas, muito grosso e gorduroso; apojo; TIQUARA (ty + pûar + -a, "caldo batido"), bebida preparada com água, farinha de mandioca, açúcar ou mel e, às vezes, com um pouco de cachaça; qualquer bebida refrigerante (in Dicion. Caldas Aulete). Daí provêm, também, os nomes geográficos TIETÊ (SP), TIJUCA (RJ), etc. (v. p. 386).
NOTA - Daí, no P.B., IGAPÓ ('y + apó, "raízes d'água"), parte da floresta amazônica sempre alagada; JACUBA ('y + akub + -a, "água quente"), bebida preparada com água, farinha de mandioca, açúcar ou mel e, às vezes, com um pouco de cachaça. Daí, pelo nheengatu, IARA, UIARA ('y + îara, "a que domina as águas"), nome de uma entidade mitológica da Amazônia, a mãe-d'água e também nome próprio de mulher. Daí, centenas de nomes na geografia brasileira: TATUÍ (SP), PIRAÍ (RJ), ARAÇAÍ (PB), etc. (v. p. 386).
NOTA - Daí, no P.B., JACUMAÍBA, JACUMAÚBA (PA e MA, pela língua geral setentrional) (îakumã + 'yba, "comandante do jacumã", i.e., do lugar de guiar a canoa), piloto de canoa que navega pelas baías e lagos onde a navegação é arriscada (in Dicion. Caldas Aulete): "O jacumaúba amazonense... ficou largo tempo constrangido entre as barracas dos rios" (Euclides da Cunha, in À Margem da História. Ed. Martins Fontes, São Paulo, 1999); CÃIBA (akang + 'yba, "comandante de cabeça"), cada uma das partes laterais do freio dos animais de montaria.
NOTA - Daí se originam inúmeras palavras no P.B.: GUAPEVA ('ybá + peb + -a, "fruto achatado"), nome de uma planta; GUAPORANGA ('ybá + poranga + -a, "fruto bonito"), nome de árvore da família das mirtáceas e de seu fruto; UVAIA, UBAIA ('ybá + aî + -a, "fruta azeda"), nome de árvore mirtácea e de seu fruto, muito azedo, etc.
NOTA - Daí, no P.B., GUAPEVA ('ybá + peb + -a - "fruto achatado"), nome de uma planta.
NOTA - Daí, o nome BARTIRA, a mulher de João Ramalho, personagem da história quinhentista de São Paulo de Piratininga.
NOTA - Daí, no P.B., BIBOCA, BABOCA, BOBOCA (yby + bok + -a, "terra rachada") 1) buraco, cova, grota, fenda da terra, feitos pelas enxurradas; 2) baixada profunda e de acesso difícil; 3) casa pequena, pobre, modesta, afastada, remota; baiúca, toca: "Em torno de mim, as velhas taperas, as medonhas BIBOCAS do morro, fechadas, silenciosas, fúnebres, desfaziam-se em miasmas." (Olavo Bilac, in Crítica e Fantasia, apud Novo Dicion. Aurélio); 4) pequena venda ou botequim modesto; bodega.
NOTA - Daí se origina, no P.B. (SP), BUJIGUARA (ybỹî + ygûar + -a, "o que está no interior"), espécie de sapinhos na mucosa bucal, i.e., aftas brancas ou amareladas que ali aparecem (in Dicion. Caldas Aulete).
NOTA - Daí, no P.B. (Amaz.), GARERA (ygar-ûera, "o que foi canoa"), utensílio de madeira, parecido a um cocho, no qual se rala mandioca: "...os apetrechos da fabricação da farinha, os ralos, as gurupemas, os tipitis, as GARERAS ou cochos, umas como ubás a que houvessem cortado as extremidades, onde ralam a mandioca." (José Veríssimo, in Cenas da Vida Amazônica, apud Novo Dicion. Aurélio). Daí, também, IGARUANA (ygara + -ygûana, "morador de canoa"), canoeiro navegador.
NOTA - Daí, no P.B., pelo nheengatu ou pela língua geral meridional, MANAUARA ("o morador de Manaus", AM); MARAJOARA, pertencente ou relativo à ilha de Marajó (PA); PARNANGUARA, pertencente ou relativo a Paranaguá (PR); XINGUARA, o que é do Xingu ou nele mora. Daí, também, IGARUANA (ygara + -ygûana, "morador de canoa"), canoeiro navegador.
NOTA - Daí, no P.B., TAMUANA (taba + ymûan + -a, "aldeia antiga"), povo indígena extinto que habitava a margem direita do rio Amazonas (AM).
NOTA - Daí, no P.B. (AM), TIPACOEMA, TEPACUEMA (typab + ko'em + -a, "o seca-água matutino"), fenômeno lunar de que provém a parada do fluxo e refluxo das marés, descobrindo trechos do rio por vezes nunca vistos; a parada da maré, ao amanhecer, no final da vazante; baixa-mar matutina (in Novo Dicion. Aurélio).
NOTA - Daí, no P.B., as palavras CAPÃO, CAPUÃO, CAAPUÃ (ka'a + pa'ũ), "ilha de mata" em meio a um descampado. Daí, também, os nomes geográficos CAPÃO BONITO (SP), CAPÃO GRANDE (MT), etc. (v. p. 386).
NOTA - Daí, no P.B. (CE), PECAPARA (ypek + apar + -a, "pato torto"), pipa pequena e estreita, de uma única haste horizontal, que a torna côncava e sem rabada.
NOTA - Daí, os nomes geográficos IPEROIG, a famosa praia em que Anchieta ficou refém dos índios tamoios, no atual município de Ubatuba; PERUÍBE, etc. (v. p. 386).
NOTA - Daí, no P.B., IPU, vale, baixada: "Nós guardamos as serras, donde manam os córregos, com os frescos IPUS onde crescem a maniva e o algodão." (José de Alencar, in Iracema. Ed. FTD, São Paulo, 1996). Daí, também, o nome geográfico TUPIASSU (rio do MA) (v. p. 386).
NOTA - Daí, no P.B., GAPUIA (AM), modo de pescar em que se faz a moponga, i. e., se bate a água do rio para que o peixe vá para junto da mucuoca (in Novo Dicion. Aurélio); GAPUIAR, pescar nos baixios, usando o arpão ou a flecha e um tanto ao acaso. (in Dicion. Caldas Aulete)
NOTA - Daí, no P.B., as palavras CICA, adstringência peculiar a certas frutas; travo, travor (in Dicion. Caldas Aulete); ACAJUCICA ("resina de cajueiro"); CURURUCICA ("goma de sapo"), certa resina medicinal; JAUARICICA ("goma de onça"), espécie de resina escura, empregada como breu ou betume; OITICICA ("oiti resinoso"), árvore da família das rosáceas, etc.
Etimologias fantasiosas e sem fundamento como a que acima mostramos são abundantes em todo o Vocabulário de Silveira Bueno.
Ocorrem na toponímia de origem tupi muitos nomes que incluem a posposição -pe: Iguape ('y + kûá + -pe: na enseada do rio), Peruíbe (iperu + 'y + -pe: no rio dos tubarões), Sergipe (seri + 'y + -pe: no rio dos siris), etc. Embora pareça estranho para nós, esse era um fenômeno comum naquela língua indígena e de difícil explicação.
Abaré (BA). De abaré: padre. Nome atribuído em 1891, "o mesmo que os indígenas davam ao rio em cujo vale se achava a localidade". (fonte: IBGE)
Abaremandoava (cachoeira do rio Tietê, SP). De abaré - + ma'enduar + -aba: lembrança do padre. É uma referência a um episódio da vida do padre José de Anchieta: "[...] tem várias cachoeiras, e algumas perigosas, e entre elas um salto Abaremanduaba, por cair nele o venerável Padre José de Anchieta, e ser achado dos índios debaixo da água rezando no Breviário." (desconhecido [n.d.], Cartografia das Monções dos Séculos XVII E XVIII, 118).
Acaraí (BA). A mesma etimologia de Acaraú.
Aitinga (BA). De a'y + ting/a + -a: preguiças brancas.
Anajatéua (PA). A mesma etimologia de Anajatuba (v.).
Apecum (BA). De apekũ2 - brejo de água salgada à beira-mar; limite da terra-firme com o mangue (ABN, LXXXII, 257)
Araçaji (MA). A mesma etimologia de Araçagi (v.).
Aracaju (capital de SE). É nome de um povo indígena do Pará: "Vieram logo os principaes dos Aracajus dar-nos as boas vindas em casa do sargento-mór da aldêa onde nos tinhamos agasalhado." (Bettendorff [1699], p. 339). A ocorrência desse topônimo em Sergipe é bem mais recente, do século XIX. Talvez de ará + akaîu - caju, cajueiro: cajueiro dos arás, aves psitacídeas.
Arapiranga (BA). De ará + pyrang + -a: arás vermelhos.
Araticum (BA). A mesma etimologia de Araticu (v.).
Atininga, Santo Antônio do (AM). De 'ara + tining + -a: ar seco, tempo seco.
Bacururu, Barra de (AM). A mesma etimologia de Baquirivu (v. Baquirivu-Guaçu).
Baeté (BA). De mba'eeté: coisa ótima (VLB, I, 129). Talvez a mesma etimologia de Abaeté (v.).
Batuba (BA). A mesma etimologia de Ubatuba (v.).
Biritinga (BA). De ybyryba, nome de uma árvore + ting + suf. -a: biribas claras. (v. Biriba)
Boquira (BA). De 'yba + okyra (t): renovos de plantas, brotos, ou, ainda, de yby + kyr + -a: terra chuvosa.
Bossoroca (BA). A mesma etimologia de Boçoroca (v.).
Braúna (BA). De ybyrá + un (r, s) + -a: madeira escura, nome de uma árvore leguminosa.
Buerarema (BA). De ybyrá + rem + -a - madeira fedorenta, ibirarema.
Buracica (BA). De ybyrá + ysyk + -a: árvores resinosas.
Buritirana (MA). De meriti + ran + -a: falsos miritis
Buruti da Cachoeira (MG). A mesma etim. de Buriti (v.).
Caburunema (BA). De kabaru (VLB, II, 115) + nem + -a: cavalo fedorento.
Cacaia (PA). De ka'a + kaî + -a: mata queimada.
Caeté-Açu (BA). De ka'a-eté + suf. -ûasu: grande mata legítima (i.e., a que nunca foi roçada) (VLB, II, 33).
Caiubi (BA). A mesma etimologia de Caiobi (v.).
Cajuapara (MA). De akaîu + apar + -a: cajueiro torto.
Cajubim (PA). A mesma etimologia de Cajobi (v.).
Camamu (BA). "A villa pois do Camamú, distante 24 legoas da cidade da Bahia, hé o ponto de reunião de tres grandes rios quaes são Marahú. Serinhaem e Camamú, assim como de sinco outros mais pequenos [...] os quaes todos se juntão naquella villa, motivo por que os Indios formarão o nome de Camamú, vocabulo que na lingua Brasilica quer dizer "agoa do peito da mulher" pela semelhança dos esguichos de leite que reunidos no bico do peito se difundem para diversas partes [...]" (Luiz dos Santos Vilhena [1802], p. 521). De kama - seio + y (t, t) - água, líquido: água do seio.
Cambuti (BA). A mesma etim. de Cambuci (v.).
Cametá (PA). De algum termo da língua geral setentrional, designando o cavintau, cametaú, cuintau, outro nome dado à ave anhuma, Anhuma cornuta. Por outro lado, Stradelli (p. 394) informa-nos que Camytá ou Caamytá (de ka'a + mytá) é "restinga, ponte de matta. Aquella parte do banhado que fica secca e dá passagem ou simplesmente serve de refugio aos animaes em tempo de enchente."
Camiranga (PA). De akanga + pyrang + -a, pela língua geral setentrional: cabeça vermelha, o urubu-de-cabeça-vermelha, ave falconiforme.
Camuti (PA). A mesma etimologia de kamusi (v.).
Cangaíba (bairro de SP). De kanga + aíb + -a: ossos ruins, i.e., esqueleto de animal morto.
Canguera (cachoeira do rio Tietê, SP). De kanga + -ûer + suf. -a: ossos velhos, esqueleto.
Capiranga (lago do AM). De ka'a + pyrang + -a: mata vermelha.
Capixaba (BA). De kopir - carpir + suf. -sab + -a: lugar de carpir, roçado.
Caracuanha (lagoa da BA). De akarapuku (cará comprido), peixe gerrídeo + ãî/a (r, s) + -a: carapucus dentados.
Caraibuna (BA). De karaíba - profeta-santidade dos tupis + un (r, s) + -a: caraíba negro, caraíba escuro.
Caraíva (BA). A mesma etim. de Caraíba (v.).
Caranandiua (PA). A mesma etim. de Carananduba (v.).
Caranaúna (BA). De karaná + un (r, s) + -a: caranás escuros.
Carinhanha (BA). De ûakary + aî (r, s) + -a: acaris dentados.
Carnaíba (BA). A mesma etimologia de Caranaíba (v.).
Caruá (BA). A mesma etimologia de Caraguatá (v.).
Catinga (BA). De katinga (de aby'aka + ting + -a - nhaca enjoativa): mau cheiro. Pode provir, também, de ka'atinga (mata clara), formação vegetal do semi-árido nordestino.
Cauçu (PA). A mesma etimologia de Cauaçu (v.).
Coivara (MA). De kó + 'yb/a + ar + -a: cata-paus de roça, técnica indígena de plantio; ramagens empilhadas para queimada após limpeza da terra.
Comandacaia (BA). De komandá + kaî + suf. -a: favas queimadas.
Congonhas (bairro de São Paulo, SP). A mesma etimologia de Congonha.
Cuiabá (capital de MT). De kuîaba - var. de cuia. Segundo Barboza de Sá [1775], "Destes o primeiro que subiu o rio Cuyabá asim chamado dizem huns que por acharem em suas margens cabaços plantados de que faziam cuias para seus usos, outros que o nome de Cuyabá procedeu de huma cuia que os primeiros que subiram este rio acharam sobre as águas que ia rodando, por donde inferiram que havia gente por ele acima e por esta inferência subiram em procura dela, outros disseram que o nome de Cuyabá é apelido do gentio que nas margens deste rio habitava e cada qual siga a opinião que quiser, que não é ponto de fé nem pragmática de Rei, que eu sempre estou que a nomeação foi derivada dos cabaceiros ou da cuia, que gentio deste nome nunca achei nem tive dele notícia, sendo dos segundos que cultivaram estes sertões e examinei tudo o que neles havia." (in Relação das Povoaçoens do Cuyabá em Mato Groso de Seos Principios thé os Prezentes Tempos, pp. 6-7).
Cuipéua (PA). De kuîa + peb + -a: cuias chatas, cabaças compridas partidas pelo meio.
Curaçá (BA). De kuruatá1: coroatá, nome comum a plantas da família das bromeliáceas.
Curimá (PA). De kurimã, nome comum a vários peixes mugilídeos.
Curité (PA). De kori - argila vermelha + eté (r, s): curi a valer, curi muito bom.
Curuatinga (PA). De keîruá + ting + -a: curuás claros.
Curupari (PA). A mesma etimologia de Curupaí (v.).
Cururutinga (BA). De kururu + ting + -a: sapos brancos.
Embaré (Santos, SP). Árvore da família das bombacáceas, de tronco muito grosso, com grande reserva de água e flores vermelhas. Talvez seja um nome da língua geral meridional, sendo a primeira datação de 1767, de Frei Gaspar da Madre de Deus [1767], in Memorias para a Historia da Capitania de S. Vicente hoje chamada de S. Paulo, p. 139)
Garajuba (BA). De gûyrá + îub + -a: aves amarelas.
Garapuá (BA). A mesma etim. de Guarapuava (v).
Gravatá (PA). A mesma etimologia de Caraguatá (v.).
Guajaraúna (PA). De gûaîará + un/a (r, s) + -a: guajarás escuros.
Guaxuma (BA). A mesma etim. de Guaxima (v.).
Ibipeba (BA). De yby + peb + -a: terra achatada, terra plana.
Ibipira (BA). De yby + byr + -a: terra erguida.
Ibipitanga (BA). De yby + pytang + -a: terra parda.
Ibiporanga (BA). De yby + porang + -a: terra bonita.
Ibiquera (BA). De yby + ker + -a: terra dormente.
Ibirapitanga (BA). De ybyrá + pytang + -a: pau-rosado, o pau-brasil.
Ibiraúna (BA). De ybyrá + un (r, s) + -a: madeira escura, braúna, árvore leguminosa.
Iguaíba (MA). De 'y + kûá + aíb + -a: enseada ruim de rio, i.e., que não se presta para porto de canoas.
Imboacica (lagoa do RJ). De 'yemby + asyk + -a: esteiro cortado.
Inema (BA). De 'y + nem + -a: água fedorenta.
Inhombim (BA). A mesma etimologia de Inhobi (v.).
Ipanema (bairro do RJ). De 'y + panem + -a: rio aziago, rio azarado (i.e., sem peixes).
Ipaupixuna (cachoeira do PA): De 'ypa'ũ + pyxun + -a: ilha escura.
Ipiaú (BA). Nome atribuído artificialmente em 1944 ao município de Rio Novo, desmembrado de Jequié. Em tupi antigo seria Ipiçaçu ('y - rio + pysasu - novo). A forma Ipiaú é do guarani.
Ipitanga (BA). De 'y + pytang + -a: rio pardo.
Ipitinga (cachoeira do AP). De 'y + piting + -a: rio pintado.
Ipixuna (MA). De 'y + pyxun + -a: rio escuro.
Ipomonga (PA). De 'y + pomong + -a: água viscosa.
Ipuama, Cachoeira do (PA). De 'y + pu'am + -a: água que se levanta.
Ipueira (lago de GO). De 'y + pûer + -a: o que foi rio, ipueira, i.e., lagoeiro formado pelo transbordamento dos rios nos lugares baixos.
Irajuba (BA). De eíra + îub + -a: mel amarelo.
Iraporanga (BA). De gûyrá + porang + -a: aves bonitas.
Irecê (BA). Nome atribuído artificialmente em 1896. "É um nome indígena, dado pelo Tupinólogo Teodoro Sampaio, em substituição ao nome Carahybas. Irecê significa "pela água, à tona d'água, à mercê da corrente." (fonte: IBGE). Nome incorreto: em tupi antigo, "pela água" é 'y rupi e não 'y resé.
Itabuna (BA). De itá + abuna - homem vestido de preto, padre (Vieira, Cartas, I, 382): padre de pedra, referência a formação rochosa que semelha um padre.
Itaeté (BA). De itá + eté (r, s): pedra a valer.
Itaguira (BA). De itá + gûyr + -a: pedras baixas.
Itaiuba (BA). De itá + îub + -a: pedras amarelas, ouro. "(...) naquela serra havia muito itaiúba — que quer dizer ouro (...)" (Caetano da Costa Matoso [1749], p. 931)
Itajibá (BA). Era um antropônimo tupi: "no anno de ſeiſcẽtos, & dez, hũ Carlos de Vóhus Frances, que ſe criàra antre eſtes lndios,& hera grande tapijar,& practico na ſua lingoa (à que o Gentjo pos nome ITÀJUBÀ, que quer dizer braço de ferro) veyo a França (Cap. Symão Estacio da Sylveira [1624], Relação, p. 7). Nome dado a uma localidade da Bahia em 1947, alusão à coragem de seu povo... (fonte: IBGE)
Itajubaquara (BA). De itá + îub + -a + kûara: buraco das pedras amarelas, i.e., mina de ouro.
Itanhém (BA). A mesma etimologia de Itanhaém (v.).
Itapebi (BA). A mesma etimologia de Itapevi (v.).
Itapera (MA). De 'y + tapera (taba + pûer + -a): tapera do rio, i.e. aldeia (ou fazenda) abandonada do rio. (v. tapera)
Itapitanga (BA). De itá + pytang/a + -a: pedras pardas.
Itapixuna (PA). De itá + pyxun/a + -a: pedra escura.
Itapura (salto do rio Tietê, SP). De itá + byr + -a: pedra levantada.
Itaquatiara (BA). A mesma etim. de Itacoatiara (v.).
Itaquera (bairro de SP): itá + ker + -a: pedra dormente.
Itarari, Barra do (BA). A mesma etim. de Itariri (v.).
Itassucê (BA). É também conhecida como Itacucê. Havendo a Ponta do Itassucê, conclui-se que a etimologia deva ser faca de pedra (de itá + kysé).
Itiúba (BA). De ybytyra + îub + -a: montanhas amarelas. Pode ser, ainda, uma variante de Itaiuba (v.).
Itiúca (BA). De 'y + tuîuk + -a: água podre, uma referência a manguezais.
Itupiranga (PA). De ytu + pyrang + -a: cachoeira vermelha.
Jacarandaúna (BA). De îakarandá + un (r, s) + -a: jacarandás escuros.
Jacaraú (PA). A mesma etimologia de Jacaraí (v.).
Jacareci (BA). A mesma etimologia de Jacaraci (v.).
Jacarequara (MA). A mesma etim. de Jacarecoara (v.).
Jaguará (BA). A mesma etimologia de Jaguaraba (v.).
Jaguaripe (BA). A mesma etimologia de Jaguaribe (v.).
Jandaíra (BA). A mesma etimologia de Jandira (v.).
Jatimana (BA). De 'y + îatiman + -a: giro, volta, curvas de rio, i.e., os meandros do rio ou, ainda, rio meândrico.
Jequitaia (BA). De îukyr/a + taî + -a: sal ardido (v. îukytaîa).
Jiribatuba (BA). A mesma etim. de Jurubatuba (v.).
Jitaúna (BA). De îy + itá + un (r, s) + -a: pedra preta do rio.
Juarana (BA). De îuá + ran + -a: falsos juazeiros, nome de árvores não identificadas.
Jucuruna (BA). De îukuru* - jucuru, ave buconídea + un (r, s) + -a: jucurus escuros.
Jucurutu (BA). A mesma etimologia de Jacurutu (v.).
Juerana (BA). A mesma etimologia de Juarana (v.).
Macapá (capital do Amapá). A primeira datação é de 1642: "(...) debalde se procuraria o estabelecimento das fazendas de gado no Rio Branco, ou em qualquer outra situação, como succede nos campos de Macapá (...)." (Francisco Xavier Ribeiro de Sampaio [1642], Relação Geographica Historica do Rio Branco, p. 269). De macaba + -aba > macapaba, pela língua geral setentrional: lugar de macabas.
Maetinga (BA). De ma'e + ting + -a: coisa branca.
Mapendipe (BA). De ma'eapina + 'y + -pe: no rio do baeapina. Mba'eapina (i.e., coisa tosquiada), no século XVI, era nome dado a um homem marinho, um monstro marinho que os índios supunham existir, mas que passou, com o tempo, a assombrar também outros lugares. O termo mba'e4 (ou ma'e), por si só, tem esse sentido: coisa má (VLB, I, 85). "Baéapina — Estes são certo genero de homens marinhos do tamanho de meninos, porque nenhuma differença têm delles; destes ha muitos, não fazem mal." (Pe. Fernão Cardim [1585], p. 56).
Marabá (PA). De maraba - filho de francês com índia; bastardo (D'Evreux, Viagem, pp. 142-143). O nome foi atribuído artificialmente a cidade do Pará: "Em 1897, Francisco Coelho da Silva, maranhense residente em Grajaú, acreditando poder enriquecer com o comércio do caucho, transferiu-se para a colônia. Um ano mais tarde, em desavença com o dirigente da colônia, foi estabelecer-se na foz do Itacaiúnas. À sua nova moradia deu o nome de Marabá, em lembrança de sua antiga casa comercial em Grajaú." (fonte: IBGE). Esse nome, contudo, foi inspirado num poema de Gonçalves Dias intitulado Marabá: Eu vivo sozinha, ninguém me procura! / Acaso feitura não sou de Tupá! / Se algum dentre os homens de mim não se esconde: / — "Tu és", me responde, "Tu és Marabá!"
Maracaçumé (MA). Originalmente é nome de um rio, que figura em documentos do século XIX. Refere-se a um elemento da cosmologia de índios da família tupi-guarani. Consta que os próprios índios Ka'apor viveram na região. De maraká + Sumé: Sumé do chocalho.
Maracarana (lago da BA). De maraká + ran + -a: falsos maracás.
Maruimpanema (PA). De marigûi + panem + -a: maruins imprestáveis, insetos ceratopogonídeos.
Mogiquiçaba (BA). De moîa, mboîa + ker + -sab/a + -a: lugar em que as cobras dormem.
Morumbi (bairro de SP). Da língua geral meridional, com a mesma etimologia de Marumbi (v.).
Nuguaçu (BA). A mesma etim. de Nhunguaçu (v.).
Nupeba (BA). De nhũ + peb + -a: campo plano.
Paratinga (bairro de Praia Grande, SP). De pará + ting + -a: rio claro.
Pavuna (lagoa e bairro do RJ). De upaba + un (r, s) + -a: lagoa escura.
Piaúna (BA). De piaba + un (r, s) + -a: piaus escuros.
Piracacira (lago do PA). De pirá + ka'a + asyr/a + -a: peixes folhas corcovados.
Piraíba (cachoeira de RR). De pirá + aíb + -a: peixes ruins. A piraíba é o maior peixe de couro do Brasil, sendo que, na Amazônia, corre a lenda de que engole crianças e ataca os adultos, donde seu nome.
Pirajá (BA). De pirá + îá: o que está repleto de peixes. "Este rio de Pirajá é muito farto de pescado e marisco de que se mantem a cidade e fazendas de sua vizinhança..." (Sousa, Trat. Descr., XX)
Pirajuía (BA). De pirá + yîuîa (t, t): escuma de peixes, isto é, espuma produzida pelos peixes que se movem à flor da água. "Vive de huma fasenda de lenhas, que tem na Pirajuia..." (desconhecido [1798], Bahia -Devassas e Sequestros, p. 152).
Piraputanga, Baía (MT). De pirá + pytang + -a: peixes avermelhados; var. de peixes caracídeos.
Piritiba (BA). A mesma etimologia de Pirituba (v.).
Pracajuba, São João do (PA). A mesma etimologia de Piracanjuba (v.).
Quandu (cach. do AM). A mesma etim. de Gandu (v.).
Quatiara, Salto da (SP). A mesma etimologia de Itaquatiara (v.)
Sapetinga (BA). De sapé + ting + -a: sapé claro.
Saquarema (lagoa do RJ). De etimologia controvertida. "Correndo aq^la Costa p^a o Sul, junto a barra de Saquarema, acha-se hua lagôa d'agua turva, e vermelha..." (Anônimo - muito provavelmente Joseph Barbosa de Sáa) [1765], p. 78). Talvez de sakurá - var. de caramujo (VLB, I, 66) + rem - fedorento + suf. -a: caramujos fedorentos.
Sucupira (MA). De sebypyra, designação comum a três árvores leguminosas (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 100)
Sucuriju (lago do AM). De sukuriîu: sucuriú, sucuri, nome comum a certos répteis ofídios boídeos.
Tacima (PA). A mesma etimologia de Itacima (v.).
Taipu, São Miguel de (PB). A mesma etim. de Itaipu (v.).
Tamboré (Santana do Parnaíba, SP). "...veo o juis dos orfãos dõ simão de toledo a paragen chamada tambore sitio e fazenda de maria leite..." (Maria da Silva [1655], Inventário e Testamento de Maria da Silva, p. 200). Talvez provenha de tamburi, nome de árvore da família das leguminosas; termo das línguas gerais coloniais.
Tanhaçu (BA). A mesma etimologia de Taiaçu (v.).
Tapepitanga (BA). De itá + peb/a + pytang/a + -a: pedra achatada avermelhada.
Taperoá (BA). A mesma etimologia de Taperuaba (v.).
Tapiranga (BA). De taba + pyrang + -a: penas vermelhas, nome de pássaro traupídeo.
Tassuapina (BA). De itá + -usu + apin + -a: pedra grande e pelada.
Tatinga (MA). De itá + ting/a + -a: metal branco, prata.
Tumiritinga, São Geraldo de (MG). De ytu + mirĩ + ting + -a: cachoeira pequena e clara.
Turiassu (MA). "Correndo do Maranhão para a Capitania do Pará se estende a costa a Es-noroeste até chegar ao rio Tury-assú [...]" (Pe. José de Moraes [1759], p. 16). De turu* (no tupi antigo, turuygûera - v.) + -ûasu: turus grandes, vermes que crescem na madeira podre: "...turu, minhoca d'água, peste da madeira por mais dura que seja, e traça das embarcações [...]". (Pe. João Daniel [1757], p. 359).
Tutoia (MA). "[...] nação Trememé, situada na costa do Maranhão entre o Pereá e a Tutoya [...]" (Pe. José de Moraes [1759], p. 103). De ty + tuî/a - transbordante, que transborda (Anch., Teatro, 28) + suf. -a: rio transbordante, águas transbordantes.
Ubirataia (BA). De ybyrá + taî + -a: madeira ardida.
Uruguai (país sul-americano). "Nos entendemos, que estas Aldeias eram as que então estavam a cargo do Jesuíta o Padre Francisco Dias Tanho, Superior de tôdas as Aldeias até o Uruguai, e Campos dos Guaianazes." (Pedro Taques, Notícias das Minas, p. 68). De urugûá - var. de caracol d'água doce (VLB, I, 66) + 'y: rio dos uruguás. Palavra que deve provir do guarani antigo.
Utinga (Santo André, SP). De 'y + ting + -a: rio claro.
Vupabussu (lagoa de MG). Vupabussu foi um dos grandes mitos do Brasil colonial, o sonho de muitos bandeirantes, a lagoa das esmeraldas e da prata: "...sulcando por diversas veredas, o mesmo sertão do reino dos Mapáxós, até o lugar da alagoa Vupavuçu [...] quiz antes morrer em uma cadea [...] do que declarar o sitio onde tinha achado as esmeraldas e prata." (Pedro Taques, Nobiliarquia Paulistana, p. 45). Da língua geral meridional, vupaba* + -usu*: lagoa grande.
Vocabulário das palavras guaranis usadas pelo tradutor da Conquista Espiritual do Padre A. Ruiz de Montoya. Anais da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, vol. VII. Rio de Janeiro, 1879.
BIDERMANN, Maria T.C. (org.), "A ciência da Lexicografia". In ALFA 28 (supl.). Publicação da UNESP. São Paulo, 1984.
(Gândavo) GÂNDAVO, Pero de Magalhães de, Historia da província de sãcta Cruz a que vulgarmẽte chamamos Brasil. Impresso em Lisboa, na Officina de Antonio Gonsalvez, anno de 1576.
_____Novas Cartas Jesuíticas de Nóbrega a Vieira. Brasiliana, série 5ª, vol. 194. São Paulo, 1940.
(Marcgrave) MARCGRAVE, George, História Natural do Brasil. (Tradução do Mons. Dr. José Procópio de Magalhães da primeira edição latina intitulada Historia Naturalis Brasiliae, Ludovicum Elzevirium, Amsterdam, 1648.). Imprensa Oficial do Estado, São Paulo, 1942. (cotejada com a edição original existente na biblioteca do IEB - USP no que tange à grafia das palavras tupis)
AGUIAR, Manoel Gonçalves de [n.d.], Notícia - 1.ª prática e resposta que deu o sargento-mor da praça de santos, manoel gonçalves de aguiar, às perguntas que lhe fez o governador e capitão general da cidade do rio de janeiro, e capitanias do sul, antonio de brito e menezes, sobre a costa e povoações do mesmo mar. Ex Biderman, M.T.C. (org.), Dicionário Histórico do Português do Brasil. (Projeto Institutos do Milênio do CNPq).
BRAUN, Sargento-Mór Engenheiro João Vasco Manoel de [1784], Roteiro corographico da viagem que martinho de sousa e albuquerque, governador e capitão general do estado do brasil, e determinou fazer ao rio das amazonas, em a parte que fica comprehendida na capitania do grão-parã: tudo em destino de ocularmente observar e soccorrera praça, fortalezas e povoações que lhes são confrontantes. Revista trimensal de historia e geographia, ou, Jornal do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, Volume 12, 3º trimestre, 1874.
GASPAR DA MADRE DE DEUS, Frei [1767], Memorias para a Historia da Capitania de S. Vicente hoje Chamada de S. Paulo. Lisboa, Na Typographia da Academia.
algum (s, a, as) - amõ
nosso (s, a, as) - oré (excl.); îandé (incl.)
outro (s; a; as) - amõaé; amõ
todo (s, a, as) - opab, opabẽ, opabẽngatu, opabenhẽ, opabĩ, opabinhẽ, opakatu; pab
îagûara2 (s. astron.) - nome dado pelos índios à estrela da tarde, ou Vésper (D'Abbeville, Histoire, 251v)
in / en(a) (t) (v. intr. irreg.) - 1) estar (em posição sem movimento), estar parado, estar quieto, estar quedo, estar sentado, estar assentado, estar estabelecido, ficar: Aín. - Estou sentado. (Fig., Arte, 58); Aĩngatu. - Estou bem estabelecido (isto é, estou firmemente assentado). (VLB, I, 139); Marãpe seni og uba mongetábo? - Como estava orando a seu pai? (Ar., Cat., 52v); Pitangamo seni Maria îybápe. - Como criança está nos braços de Maria. (Anch., Poemas, 108); Opukubo taba reni. - A aldeia está assentada de comprido. (Anch., Arte, 43); 2) estar preso, ficar preso: Itá resé aín. - Estou preso nos ferros. (VLB, II, 85); ...Aîpoûsub ikó mundépe xe rena... - Temo ficar preso nesta armadilha... (Ar., Cat., 165); Itá xe resé seni. - Os ferros em mim estão presos. (VLB, II, 85); 3) eis aqui estar: Aín. - Eis que aqui estou. (VLB, I, 109) ● endaba (t) - tempo, lugar, modo, etc. de estar (parado, quieto, sentado, etc.); assentamento: Îandé rubypy-angaturametá 'angûera rendagûera erimba'e... - Lugar em que estavam outrora as almas de muitos de nossos primeiros santos pais. (Bettendorff, Compêndio, 50); ...nde membyra rendaûama - lugar onde estará teu filho (Anch., Poemas, 134); inĩ - estar quieto, sem mais, estar sentado, sem mais: Ainĩ. - Estou quieto. (VLB, II, 93)
îub / ub(a) (t, t) (v. intr. irreg.) - 1) estar deitado, estendido, fundado, fundamentado, prostrado; jazer; estar fundeado (p. ex., o que navega, o navio): Aîub. - Estou deitado. (Fig., Arte, 57); ...pitangamo oupa. - como criança estando deitado (Anch., Poemas, 116); Ereîubype nde agûasá 'arybo...? - Estiveste deitada sobre teus amantes? (Ar., Cat., 235); Aîké gûitupa. - Entrei para estar fundeado. (VLB, I, 18); Oobapybo aîub. - Jazo de bruços. (VLB, II, 7); T'eresó rõ nde ratápe, aûîerama t'ereîub moreaûsuba monhangápe. - Hás de ir, pois, para teu fogo, para que estejas para sempre prostrado no lugar em que se faz sofrer. (Anch., Teatro, 48); 2) estar subjacente, estar implícito: Marã e'iba'e pupépe aîpoba'e ruî...? - Esses (mandamentos) estão implícitos nos que dizem como? (Ar., Cat., 74v); 3) hospedar-se, agasalhar-se: Aîub (abá) resé. - Hospedei-me com o homem. (VLB, I, 23, adapt.) ● upaba (t, t) - tempo, lugar, modo, causa, etc. de estar (deitado, estendido, fundado), de jazer; estância: ...Tupãokupagûama... - lugar em que estará fundada a igreja (Ar., Cat., 7); tupagûera - antigo jazigo (VLB, II, 7) (No modo indic. circunst. pode apresentar as formas ruî, tuî): Nde pópe oré 'anga ruî. - Em tuas mãos nossa alma está. (Valente, Cantigas, II, in Ar., Cat., 1618); I îurupe nhõ Tupã rerobîara ruî. - A crença em Deus está somente em suas bocas. (Anch., Teatro, 30); Mba'epe ké tuî opyka? - Que aqui está deitado, aquietando-se? (Anch., Teatro, 42) (O gerúndio tem forma irregular na 1ª pess. do sing.: gûitupa - estando eu deitado.)
îur / ur(a) (t, t) (v. intr. irreg.) - 1) vir: Ybaka suí ereîur... - Vieste do céu. (Anch, Poemas, 100); Kurusá xe pópe sekóreme... t'our é Îurupari. - Se a cruz estiver em minha mão, que venha o diabo. (D'Abbeville, Histoire, 357); Aîune ixé, pe remi'urama! - Venho eu, a vossa futura comida! (Staden, Viagem, 67); Aîur xe kó suí. - Venho da minha roça. (Fig., Arte, 9); Mba'e resépe ereîur xe remiaûsukatu gûi?... - Por que vieste, ó meu muito amado? (Ar., Cat., 54); 2) fórmula de saudação para o que chega: -Ereîupe? -Pá, aîur. -Vieste? -Sim, vim. (Léry, Histoire, 341); 3) ir (em fórmulas de saudação daqueles que partem): Ne'ĩ, xe aîur kó. - Eia, eis que vou. (D'Evreux, Viagem, 144); Ne'ĩ, oroîur kó. - Eia, eis que vamos. (D'Evreux, Viagem, 144); Aîur ikó. - Eis que me vou. (Fig., Arte, 141); 4) crescer, subir (a maré): Our paranã. - Subiu a água do mar. Ourusu 'y. - Cresceram muito as águas (isto é, subiu a maré). (VLB, I, 85); 5) ficar de vez, morar: Gûitu aîur. - Vim para ficar de vez (isto é, para morar). (VLB, II, 41); 6) No permissivo, na 3ª p., pode ter o sentido de deixa que, deixai que, levando o verbo para o modo indicativo circunstancial: T'oú turi. - Deixa-o que venha. T'oú turi ranhẽ. - Deixa que venha primeiro. (VLB, I, 92); T'oúne turi. - Deixa que venha. (VLB, I, 92) ● usaba (ou uraba) (t, t) - tempo, lugar, modo, etc. de vir, a vinda: Kó xe 'anga, nde rusaba, nde rupabamo t'oîkó. - Eis que minha alma, lugar de tua vinda, há de estar como teu leito. (Anch., Poemas, 128); Turagûera moetesabamo... kó 'ara îamoeté. - Como modo de honrar sua vinda, este dia honramos. (Ar., Cat., 5); îurusu - virem muitos juntos: Oroîurusu. - Viemos muitos. (VLB, II, 146) [No imperativo tem as formas irregulares eîori! ou eîor! - vem! peîori! ou peîor! - vinde! Na 1ª pess. do sing. do gerúndio é gûitu - vindo eu. Não admite o prefixo s- nas formas nominais: tura - a vinda dele (e não sura).]
seîxu (s. astron.) - 1) a constelação das plêiades ou setestrelo, que, quando começava a ser vista pelos índios, em meados de janeiro, fazia, segundo eles, chegar as chuvas. (D'Abbeville, Histoire, 316v); 2) ano: Seîxu îabi'õ nhemombe'u - confessar-se a cada ano (Ar., Cat., 17); ...mosapyr koîpó oîoirundyk seîxu ybŷá o tym'iré... - ...três ou quatro anos após os enterrarem. (Ar., Cat., 179v)
Sumé (s. antrop.) - Sumé, nome de uma entidade da mitologia dos tupis da costa, que teria ensinado aos índios a agricultura: Pa'i, Sumé pypûera'angaba a'e. - Padre, aquele é o sinal dos pés de Sumé. (Vasconcelos, Crônica [Not.], II, §20, 123)
Tagûaíba (s. antrop.) - 1) nome de uma entidade da mitologia dos antigos índios tupis da costa do Brasil: Eresykyîpe Anhanga, Tagûaíba, Kurupira, Îurupari koîpó te'õ abá supé? - Invocaste o Anhanga, o Taguaíba, o Curupira, o Jurupari ou a morte para alguém? (Ar., Cat., 102v); 2) fantasma (Fig., Arte, 76)
Tuîba'e2 (s. astron.) - nome de uma constelação formada por muitas estrelas, semelhante a um homem velho pegando um cacete (D'Abbeville, Histoire, 318v)
Tupi2 (s. antrop.) - nome de um personagem mítico "que dizem ser donde procede toda a gente do Brasil" . Dele "... umas nações tomaram o nome de Tupinambás, outras de Tupinaquis, outras de Tupiguaés e outras Tupiminós". [Vasconcelos, Crônica [Not.] I, §149, pp. 109-110]
YBYRAGÛYBA (planta com a qual se fazia fogo) (fonte: Staden)
Se traçarmos uma linha cronológica desde 1500 até os dias de hoje, podemos dizer que, em termos gerais, o tupi antigo foi falado até o final do século XVII, após o que foi perdendo terreno para a língua geral em seus dois ramos, o do Norte e o do Sul. A língua geral do Norte transformou-se no nheengatu e a do Sul desapareceu completamente no início do século XX.
Botuquera (Guararema, SP). De ybytyra (na língua geral meridional botura*) + ker + -a: morro dormente.
Caraúna (riacho do CE). De akará + un (r, s) + -a: carás escuros.
Guatambu (Itaquaquecetuba, SP). Da língua geral meridional, nome comum a árvores apocináceas, de boa madeira.
Ibiapina (chapada do CE). De yby + 'apin + -a: terra pelada.
Itaquaxiara (Itapecirica da Serra, SP). A mesma etimologia de Itaquatiara (v.).
Mucuruna (riacho do MA). De mukury - mucuri + un (r, s) + -a: mucuris escuros, plantas gutiferáceas.
Paraqueçaba (praia da ilha de São Sebastião, SP). De pará + ker + sab/a + -a: lugar em que o rio dorme, remanso do rio.
Pariquera (riacho de AL). De pari + pûer + -a: pari extinto.
Piabanha (riacho de GO). De piaba + anh/a (r, s) + -a: piabas dentadas, piabanha, nome de peixes caracídeos.
Pitubas, Riacho das (BA). Nome de um peixe não identificado. "...que nenhuã pessoa o vendesse desde a praia de Itapagipe, até o Rio vermelho, e Pituba incluzive..." (Ruy Carvalho Pinheiro [1635], p. 279).
Poxim, Riacho do (AL). A mesma etimologia de Poti (v.).
Saracuruna (riacho do RJ). De sarakura - ave da família dos ralídeos + un (r, s) + -a: saracuras escuras.
Tabatinguera (rua de SP). De tabatinga + -ûer + -a: barreiro extinto.
Teçaindaba (rua de São Paulo, SP). De tesaî/a + -sab/a (forma nasalizada: ndab/a) + -a: lugar de alegria. Nome atribuído artificialmente no século XX.
Tiúma (riacho de PE). De ty + u'um + -a: rio enlameado.
Manuscrito guarani da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro sôbre a primitiva catequese dos índios das missões, composto em castelhano pelo Pe. Antônio Ruiz de Montoya, vertido para o guarani por outro padre jesuíta, e agora publicado com a tradução portuguesa, notas, e um esboço gramatical do Abáñeê. Anais da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, vol. VI. Rio de Janeiro, 1879.
ARRONCHES, João de, O Caderno da Língua ou Vocabulário Português-Tupi (Notas e comentários à margem de um manuscrito do século XVIII por Plínio Ayrosa). Imprensa Oficial do Estado, São Paulo, 1935.
Manuscripto guarani da Bibliotheca Nacional do Rio de Janeiro sôbre a primitiva catechese dos indios das Missões, vertido para o guarani por outro padre jesuita, e agora publicado com a traducção portugueza, notas, e um esbôço grammatical do Abáñeẽ por Baptista Caetano de Almeida Nogueira. Annaes da Bibliotheca Nacional do Rio de Janeiro, vol. VI, Rio de Janeiro, 1879.
____Memorável Viagem Marítima e Terrestre ao Brasil. (Traduzido do inglês por Moacir M. Vasconcelos. Confronto com a edição holandesa de 1682, introdução, notas, crítica bibliográfica e bibliografia por José Honório Rodrigues). Livraria Martins, São Paulo, 1942.
(Travaços) TRAVAÇOS, Pe. Simão, Declaração do Brasil. Livro primeiro em que se declara toda a costa e povoaçõens do estado do Brazil. 1596 (manuscrito )
ROLIM, D. Antonio [1751], Relação da viagem que fez o Conde de Azambuja, D. Antonio Rolim, da cidade de São Paulo para a villa de Cuyabá em 1751. Revista de Historia e Geografia ou Jornal do Instituto Historico e Geographico Brasileiro, Rio de Janeiro, t. VII (1845). 2. ed., n º 28 (jan. de 1846), p. 469 - 497, 1866.
atar - tĩ, apytĩ ● atar as mãos a: popûar
direita - 'ekatûaba ● à direita de: 'ekatûaba koty
fechar - moîar; 'o (-îo-) ● fechar com tranca: mopotãî; fechar a porta de: okendab (s)
junto (de, a) - supé; pé; pyri
tocar2 - (tr.): atõî; (intr.) byk; (= passar a mão): pokok
aanumẽ (ou aanymẽ) (part.) - 1) não: Aanumẽne! Asabeypó... - Não! Estou bêbado. (Anch., Teatro, 46); 2) não seja assim (como quando um admoesta ou roga a outra pessoa que desista de algo) (VLB, II, 47)
abá3 (ou abá amõ ou amõ abá) (pron.) - 1) alguém (na afirm. e interr.): Ké abá rekóû anhẽ. - Aqui alguém está, certamente. (Anch., Teatro, 26); 2) ninguém (na neg.): N'opytáî amõ abá maranápe. - Não ficou ninguém no campo de batalha. (Anch., Teatro, 20); Xe rekó i porangeté; n'aîpotari abá seîtyka. - Minha lei é muito bela; não quero que ninguém a lance fora. (Anch., Teatro, 6); -Abápe erimba'e a'e pitanga reterama oîmonhang? -Na amõ abá ruã. -Quem fez outrora o corpo daquela criança? -Ninguém. (Bettendorff, Compêndio, 44)
abaeté2 (ou abaîté) (s.) - 1) ABAETÉ, terror, terribilidade; fereza, fúria, crueldade; coisa medonha: Sãî xe îukae'ymi Tupã sy rera abaîté. - Apenas não me matou o terror ao nome da mãe de Deus. (Anch., Teatro, 126); (adj.) - terrível, espantoso, furioso, tremendo, medonho, temível (VLB, II, 34): I abaeté sepîaka ixébo... - É terrível para mim vê-los. (Anch., Teatro, 26); ...I abaeté muru supé São Sebastião ru'uba... - Foram terríveis contra os malditos as flechas de São Sebastião. (Anch., Teatro, 52); I abaeté-katupe irã i angaîpaba'e supé?... - Será muito terrível futuramente para os que são maus? (Ar., Cat., 46v); I abaeté pa'i Îesu, îandé sumarã mondyîa. - É terrível o senhor Jesus, fazendo tremer nosso inimigo. (Anch., Poemas, 186); Îagûarabaeté - cão furioso (nome de um índio) (D'Evreux, Viagem, 86); I abaeté-katupe Anhanga...? - É muito medonho o diabo? (Anch., Doutr. Cristã, I, 220); ...I abaeté-katu xe rera. - É muito terrível meu nome. (Anch., Teatro, 144); 2) força, poder, valentia, bravura: Xe abé iî ybõmbyrûera Bastião xe moaûîé. N'i tybi xe abaetepûera... - A mim também o flechado Bastião derrotou-me. Não existe mais minha antiga bravura. (Anch., Teatro, 48); (adj.) forte, robusto, valente, poderoso, audacioso: Tupã oîepé nhõ nhẽ gûekó-karaibetéramo, abaetéramo. - Deus é um só, de fato, sendo santíssimo, sendo poderoso. (Anch., Doutr. Cristã, I, 134); Ybytu îabé osunung, i abaeté suí osyîa. - Zune como o vento, tremendo por causa de sua bravura. (Anch., Poemas, 190) ● iî abaeteba'e - o que é temido (VLB, II, 125); abaîtesaba (ou abaîtéba) - tempo, lugar, modo, etc. de bravura, de terror; terror; força; bravura, etc.: ...Îandé maranirũ, îandé abaîtéba... - Nossa companheira de guerras, causa de nossa bravura. (Anch., Poemas, 88)
abutua (s.) - ABUTUA, ABÚTUA, ABUTA, ABUTINHA, BUTUA, BUTINHA, BUTU, nome comum a várias plantas da família das menispermáceas (Cadornega, Hist. Guerras Angolanas, III, 201)
a'eîbé (ou a'ebé) (adv.) - 1) logo então, naquele ponto, logo nesse ponto, bem nesse momento: A'eîbé osóbo. - Logo então houvera de ir. (Fig., Arte, 163); A'eîbépe ybŷá cruz mo'ami i atykábo? - Logo então a cruz ergueram, fincando-a? (Ar., Cat., 62); A'eîbémo osóbo. - Logo então foi. (Fig., Arte, 163); A'eîbé korite'ĩ-aíb-eté serasóû aûîeramanhẽ tatápe. - Logo então, muito rapidamente, levou-o para sempre para o fogo. (Ar., Cat., 159v); ...A'eîbé Pilatos supé oîerekûabamo... - Bem nesse momento perdoou a Pilatos. (Ar., Cat., 59); 2) ainda, mesmo: A'ebé kori... i mbo'ane. - Ainda hoje fazendo-os cair. (Anch., Teatro, 146, 2006); 3) da mesma maneira (Fig., Arte, 148)
agûapé (s.) - AGUAPÉ, UAPÉ, UAPÊ, nome comum a plantas aquáticas flutuantes de flores violáceas e ornamentais, que crescem nos rios pantanosos, das quais a Eichhornia crassipes (Mart.) Solms e a Nymphaea ampla (Salisb.) DC. são as mais comuns. Também conhecidas como golfão, mururé, AGUAPÉ-DAS-LAGOAS, nenúfar, orelha-de-veado, etc. (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 23; VLB, I, 149)
agûarakyîa (ou agûarakynha) (etim. - pimenta de aguará) (s.) - AGUARAQUIÁ, pequena erva cosmopolita, da família das solanáceas (relacionadas a Solanum americanum L.), de pequenas flores alvas e diminutos frutos negros. O nome aguaraquinha também designa o Heliotropium elongatum Hoffm. ex Roem. & Schult., uma borraginácea. A primeira também é conhecida como caraxixu, araxixu, erva-de-bicho, erva-moura, maria-preta, maria-pretinha, pimenta-de-galinha. (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 55; VLB, I, 121; Piso, De Med. Bras., IV, 198)
agûarapondá (s.) - AGUARAPONDÁ, nome comum de plantas da família das borragináceas, dos gêneros Heliotropium e Schleidenia, e a Stachytarpheta jamaicensis (L.) Vahl, da família das verbenáceas, com propriedades medicinais (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 6)
aîé2 (ou aîeî) (r, s) (posp.) - através de, de través; de revés: Xe raîé i xemi. - Saiu-me de través (p.ex., a flecha que me atingiu). (VLB, I, 102); Our xe raîeî. - Veio-me de través. (Fig., Arte, 125)
aîura (ou anhura) (s.) - 1) pescoço (Castilho, Nomes, 28): Oîabo asé santos 'ara kuabi, oîabo bé asé i kangûerĩ tiruã momba'etéû, o aîuri serekóbo... - Assim como a gente reconhece o dia dos santos, do mesmo modo, também, até mesmo seus ossinhos a gente cultua, tendo-os no pescoço. (Ar., Cat., 12v); 2) gargalo (de pote, etc.): anhurĩ - gargalo fino (como da cabaça) (VLB, I, 93) ● o aîurybo - pelo pescoço: Aîmondeb o aîurybo. - Meto-o pelo pescoço. (Anch., Arte, 43); Nde mondeb o aîurybo. - Meteu-te pelo pescoço. (Anch., Arte, 43); aîurar - ter o pescoço caído: Xe aîurar. - Eu tinha o pescoço caído (isto é, por um desmaio. Também se diz do figo derrubado, por estar muito maduro.) (VLB, I, 95); aîuri - no pescoço. (Fig., Arte, 126): O îoaîuri aîmoín. - Prendi-os um no pescoço do outro. (VLB, II, 85); anhurĩ - estreitado em forma de pescoço, isto é, com estreitamento entre duas partes bojudas (VLB, I, 93)
aîuru (s.) - AJURU, AJERU, JERU, JURU, nome comum a várias espécies de aves psitaciformes da família dos psitacídeos. Há onze espécies brasileiras, que bem imitam a voz humana. Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 205; VLB, II, 64)
akakab (ou akaká) (v.tr.) - repreender, censurar: Morubixaba tuîba'e onhe'eng memẽ i xupé, senonhena, i akakapa. - Os chefes velhos falam sempre a eles, repreendendo-os, censurando-os. (Anch., Teatro, 34); Nd'e'i te'e o apixara akakapa... - Por isso mesmo repreendeu a seu companheiro... (Ar., Cat., 63); N'oîmogûabi o nhemoŷrõ,... îepi nhẽ i porakakabi... - Não abrandam sua raiva; sempre repreendem as pessoas. (Anch., Teatro, 148) ● akakapaba - tempo, lugar, modo, etc. de repreender, de censurar; censura, repreensão: ...Aîpó e'i nhote i xupéne konipó abaré supé i mombe'uû i akakapagûama reséne. - Isso dirá somente a ele ou contará ao padre para que o repreenda. (Anch., Doutr. Cristã, I, 228)
akaka'i (s.) - ACARI, GUACARI, UACARI, CACAJAU, nome comum a macacos da família dos cebídeos (Staden, Viagem, 171)
akûeî (ou akûé) (dem. adj. n.vis.): aquele (es, a, as); esse (es, a, as): Akûé tabusu Îerusalém 'îaba pora mombebaûama kuapa nhẽ aîpó i 'éû. - Disse isso conhecendo o futuro esmagamento dos habitantes daquela cidade chamada Jerusalém. (Ar., Cat., 61v-62)
akûeîa (ou akûea) (dem. pron. n.vis.): aquele (es, a, as), esse (es, a, as), aquilo, isso: Akó 'y asé reté moîasuka îabé, akûeîa îabé. - Assim como esta água lava o corpo da gente, aquela também (lava). (Anch., Doutr. Cristã, I, 201) ● akûea suí - dali, daquela parte (que tu e eu sabemos - n.vis.) (VLB, I, 89; 93)
ambu'a (s.) - AMBUÁ, EMBUÁ, centopéia, lacraia, designação comum a vários miriápodes das famílias dos júlidas e polidésmidas. São "lagartas verdes pintadas de preto e a cabeça branca, e outras pintadas de vermelho e preto e todas são tão grossas como um dedo e de meio palmo de comprido." (Sousa, Trat. Descr., 266; Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 253)
amõaé (ou amboaé) (pron. subst. ou adj.) - 1) outro (os, a, as): Amõaé tubixá-katu nde resé oîerobîá. - Aqueles outros grandes chefes em ti confiam. (Anch., Poemas, 104); Marã e'ipe amõaé asé îeruresaba? - Como diz a outra petição da gente? (Ar., Cat., 26v); Nd'e'ikatupe amõaé abá oporomongaraípa abaré suí? - Não pode outra pessoa batizar em vez do padre? (Ar., Cat., 81); 2) algum (ns, a, as) (VLB, I, 31)
amõamõnume (ou amõamõnyme) (adv.) - às vezes: - Nd'oîaby-angáîpe omendaryba'e Tupã rekó oîopotá? -Amõamõnyme. -Não transgridem de modo algum os casados a lei de Deus, desejando-se um ao outro? -Às vezes. (Anch., Doutr. Cristã, I, 228)
amõme (ou amõneme ou amũme ou amõnume) (adv.) - alguma(s) vez(es), às vezes: Oîepé-ĩombé, nipó, i angaîpab amõme é. - Um ou outro, porventura, foi mau alguma vez. (Anch., Teatro, 36); E'ikatu bépe amõ 'ara pupé amõme asé tara? - Pode também (a gente) tomá-lo algumas vezes em outros dias? (Ar., Cat., 155, 1686); Okuî rakó amũme 'ybarambûera o 'yba suí... - Caem, às vezes, os frutos de suas árvores. (Ar., Cat., 157v); Opûerab amõnume... - Cura-se às vezes... (Ar., Cat., 91v) ● amõme é - algumas poucas vezes, algumas vezes, somente (VLB, I, 31); poucas vezes (VLB, II, 83); raramente (VLB, II, 96): Oîaby ipó amõme é. - Transgridem, certamente, algumas vezes, somente. (Ar., Cat., 95v); amõme nhõ - algumas e poucas vezes (VLB, I, 31); poucas vezes (VLB, II, 83); raramente (VLB, II, 96); amõneme é - poucas vezes (VLB, II, 83); amõneme nhõ - raramente (VLB, II, 96)
amotare'ym (ou amotare'ỹ) (v.tr.) - detestar, odiar, querer mal, mal-querer, ser inimigo de: Oîoa'o-a'o gûaîbĩ, oîoamotare'ỹ... - Insultam-se as velhas, odeiam-se. (Anch., Teatro, 36); I amotare'ym-etébo, perekó-aí-aí. - Detestando-os muito, tratai-los muito mal. (Anch., Teatro, 40) ● amotare'ymbara - o que quer mal, o que detesta (VLB, II, 12); malquerente (VLB, II, 29): Oré pysyrõ îepé... oré amotare'ymbara suí. - Livra-nos tu dos que nos querem mal. (Anch., Doutr. Cristã, I, 139); emiamotare'yma (t) - o que alguém detesta, o que alguém odeia: "Marã îasûaramo ahẽ kûepe se'õ mã" erépe nde remiamotare'yma supé? - Disseste para o que tu detestas: "-Ah, que bom seria a morte do fulano por aí"? (Ar., Cat., 101v); amotare'ymbaba - tempo, lugar, modo, etc. de detestar, de odiar; ódio: Tupã nhe'enga abŷagûera t'ereîmombe'u: ...nde poroamotare'ymagûera, nde poropotaragûera, nde mondarõagûera... - Que confesses a transgressão da palavra de Deus: teu antigo ódio às pessoas, teu desejo sensual, teus furtos. (Anch., Doutr. Cristã, II, 79); i amotare'ymymbyra - o que é (ou deve ser) malquisto (VLB, II, 29)
amỹîa (ou amũîa) (t, t) (s.) - 1) avô (de h. ou m.) (Ar., Cat., 116): ...xe ramũîa Îagûaruna - meu avô Jaguaruna (Anch., Teatro, 60); 2) os antepassados, os avós: Opá xe ramỹîa ma'epûera aîtyk. - Todos os bens de meus avós joguei fora. (Léry, Histoire, 356); Aîkó xe ramỹîa rekóbo. - Vivo pelos costumes de meus avós. (Fig., Arte, 7); Ta xe momotar umẽ xe ramỹîa rekopûera. - Que não me atraia a lei antiga de meus avós. (Anch., Poemas, 168)
anaká (ou anakã) (s.) - ANACÁ, ANACÃ, ave psitaciforme da família dos psitacídeos. Não aprende a falar como certos papagaios. (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 207; Theat. Rer. Nat. Bras., I, 169)
andub (ou andu) (v.tr.) - 1) perceber, sentir: ...Putuna nd'îaîandubi xûéne... - A noite não perceberemos. (Ar., Cat., 167); Maria i katu-eté; n'onhanduî moropotara. - Maria é muito bondosa; não sentiu o desejo sensual. (Anch., Poemas, 182); Mbegûé îaîomongetá t'onhandu umẽ abá. - Baixo conversemos para que não o percebam os índios. (Anch., Teatro, 146); Na pe andubi. - Não vos perceberam. (Anch., Teatro, 66); ...O angaîpaba posyîûera andube'yma. - Não sentindo o peso de suas maldades. (Ar., Cat., 92); ...Anhandub Anhanga ratápe nde só-potara. - Sinto que tu queres ir para o fogo do diabo. (Ar., Cat., 112); 2) observar: ...abá rekó andu-andupa - ficando a observar o procedimento das pessoas (Ar., Cat., 74); 3) prognosticar (VLB, II, 87); 4) suspeitar (VLB, II, 121) ● emianduba (t) - o que alguém sente, o que alguém percebe, observa, etc.: Ereîkópe kunhã resé... abá remiandubamo? - Fizeste sexo com uma mulher com alguém observando-o? (Ar., Cat., 105); andupaba - tempo, lugar, modo, etc. de sentir, de perceber; percepção: São João pitangĩ, tygépe o endápe, nde rura andupápe, o por-oporĩ... - São João criancinha, estando no ventre, ao perceber tua vinda, ficou saltando. (Anch., Poemas, 118); inhandubypyre'yma - o que não é percebido; a coisa secreta (VLB, II, 114)
andyrá (ou andurá) (s.) - ANDIRÁ, GUANDIRA, morcego, nome comum a certos mamíferos quirópteros, animal que se alimenta principalmente de sangue e aparece à noite (D'Abbeville, Histoire, 240): Andyrá ruãpe é, panama koîpó gûaîkuíka? - Será que é um morcego, uma borboleta ou uma cuíca? (Anch., Teatro, 42) ● andyrá-'aba - tipo de corte de cabelo dos índios (etim. - cabelo de morcego) (VLB, II, 137)
'anga3 (s.) - alma, espírito: ...Ybakype asé 'anga rerasóbo. - Levando nossa alma para o céu. (Ar., Cat., 27); ...Îandé 'anga îukasara. - Matador de nossa alma. (Anch., Poemas, 90) ● 'angûera - a alma depois que sai do corpo (Léry, Histoire, 366); alma separada do corpo (VLB, I, 32)
'anga7 (s.) - a parte traseira: itá 'angyme - na parte traseira de uma pedra; detrás de uma pedra; i 'anga koty - para a parte traseira dele (VLB, I, 102)
Anhanga (s.) - ANHANGA, ANHANGÁ, 1) nome de entidade sobrenatural entre os índios (Staden, Viagem, 138): Anhanga koîpó te'õ koîpó Îurupari rekyîa. - Invocando o Anhanga ou a morte ou o Jurupari. (Ar., Cat., 70v); 2) diabo, demônio, em sentido genérico: T'aroŷrõngatu anhanga... - Que deteste muito o diabo. (Anch., Poemas, 98); Îori anhanga mondyîa oré moaûîé suí! - Vem espantar o diabo para que não nos vença! (Anch., Poemas, 102); Aîmosem anhanga xe îosuí. - Lanço o diabo fora de mim. (Fig., Arte, 81) ● anhanga ratá - fogo do diabo; inferno: -A'epe i 'anga mamõ i xóû? -Anhanga ratápe. - E sua alma para onde foi? - Para o inferno. (Ar., Cat., 58-58v)
anhẽ1 (ou aîé) (adv.) - realmente, na verdade, de fato, verdadeiramente; é verdade (VLB, II, 144); assim é (Fig., Arte, 133); (na interr.) - é certo? não é verdade? não é assim?: Tupã ra'yreté anhẽ ikó abá... - Filho verdadeiro de Deus é, de fato, esse homem. (Ar., Cat., 64); Anhẽ ûĩ! - É verdade isso! (Anch., Teatro, 138); Xe abá-aibĩ anhẽ. - Eu sou um mísero índio, de fato. (Anch., Poemas, 154); Aîpó saûsukatupyra, aîpó anhẽ. - Isso é que deve ser bem amado, isso verdadeiramente. (Anch., Teatro, 6); Ké abá rekóû anhẽ xe renopu'ã-pu'ama. - Aqui os homens estão, na verdade, para me ficar ameaçando. (Anch., Teatro, 26) ● anhẽ rakó! - certamente! sem dúvida! assim é! tem razão! é verdade! (certificando o que outra pessoa disse) (VLB, II, 105): -Eresaûsu-potar-etépe Tupã... a'e nde mopûeráme? -Anhẽ rakó! - Queres muito amar a Deus por ele te curar? -Certamente! (Bettendorff, Compêndio, 125); anhẽ anhẽ (ou aîekatu) - é bem certo que, bem certamente, assim é: ...Mba'easybora-te aîekatu i 'uû. - Mas os doentes a comem, bem certamente. (Ar., Cat., 77v); anhẽ kó (ou anhẽ nakó) - assim é (VLB, I, 45); anhẽp'anhẽ - mas, de verdade (VLB, II, 33); anhẽ rakó re'a - assim é (de h.) (Fig., Arte, 134); anhẽ rakó re'ĩ - assim é (de m.) (Fig., Arte, 134); anhẽ ra'u - assim é (Fig., Arte, 133); anhẽ re'a - assim é (de h.) (Fig., Arte, 134); anhẽ re'ĩ - assim é (de m.) (Fig., Arte, 134); anhẽ ruãp'anhẽ - mas, de verdade (VLB, II, 33); anhẽ ipó - nem mais nem menos; absolutamente não (como quem diz: -"não tenhais medo disso" ou "não se mete isso em minha cabeça") (VLB, II, 49)
anheté1 (s.) - algo verdadeiro, a verdade: ...Tupã koîpó o 'anga koîpó cruz koîpó anheté renõîa. - Invocando a Deus ou sua própria alma ou a cruz ou algo verdadeiro. (Ar., Cat., 1686, 280); Anheté a'é. - Digo a verdade. (Léry, Histoire, 357) ● anheté-katunhẽ (ou anheté-tekatutenhẽ) - certissimamente (VLB, I, 71)
anhõte (ou anhotenhẽ) (adv.) - tão somente: Ixé anhotenhẽ. - Eu, tão somente. (VLB, II, 118); -Mba'epe asé oîmoeté abaré itaîu-kamusi rupireme? Akó itaîu-kamusi anhõtepe? -N'aani... -Que a gente adora quando o padre ergue o cálice de ouro? Aquele cálice de ouro, tão somente? -Não. (Ar., Cat., 153-154)
anhu'yba (s.) - ANIBA, nome comum a várias plantas lauráceas dos gêneros Nectandra e Ocotea, também chamadas canela e sassafrás (Piso, De Med. Bras., IV, 195; VLB, I, 65)
apare'yba (s.) - árvore de mangue do gênero Rhizophora. "...Tem a madeira vermelha e rija, de que se faz carvão.... Serve para curtir toda a sorte de peles." (Sousa, Trat. Descr., 205)
apûá2 (ou apûã) (t) (s.) - 1) ponta, saliência (p.ex., de pau aguçado, de terra) (VLB, I, 61; II, 80): u'u-tapûá-etá - flecha de muitas pontas (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 278); Asapûá-mobyr. - Aguço a ponta dela. (VLB, I, 27); 2) pico, cume, topo, extremidade; cabo (termo geográfico) (VLB, II, 80): Xe rory Ybytyrapé, ybytyrapûá suí. - Eu sou o alegre Ibitirapé, do topo da montanha. (Anch., Poemas, 156); [adj.: apûá ou apûã (r, s)] - agudo, pontudo, saliente, ressaltado: Xe rapûá. - Eu sou pontudo. (VLB, I, 27); anhapûá (t) - dentes pontudos; presas, caninos (VLB, II, 85); Xe rapûá-obyr. - Eu tenho a extremidade pontuda. (VLB, I, 27) ● etobapy-apûá (t) - pontinha aguda do cabelo do topete que alguns têm na testa (VLB, II, 131)
apûana2 (s.) - altura, elevação (de voz, etc.); (adj.: apûan) - elevado, alto (fal. de voz): Xe nhe'engapûan. - Eu sou de voz alta, eu levanto a voz. (VLB, I, 133)
apupé (ou apopé) (t) (s.) - partes erógenas entre as pernas (do h. e da m.); pudendas (Castilho, Nomes, 38): Erepokokype kunhã rapupé resé sesé enhemomotá? - Tocaste nas partes erógenas de uma mulher, atraindo-te por ela? (Ar., Cat., 105); Erepo'ẽpe nde rapixara rapupé resé...? - Meteste a mão nas partes erógenas de teu próximo? (Ar., Cat., 105v); Erepokokype amõ rapopé resé i moîarûabo?- Tocaste nas pudendas de alguma, brincando com ela? (Anch., Doutr. Cristã, II, 89)
apyrapotaba (s.) - água que sai do útero da mulher que está para dar à luz, também chamada dianteira (VLB, I, 103)
apyratotõ (s.) - água que sai do útero da mulher que está para dar à luz, também chamada dianteira (VLB, I, 103)
apyrĩ (ou apyrĩ'i ou apyri'ĩ) (part.) - prestes, a ponto de, na iminência de, já para (fal. de coisas que se realizam posteriormente, ao contrário de sûer (v.), que se refere a coisas que não se realizam); daqui a pouquinho; já, já: A'ar apyrĩ. - Estou prestes a cair. Our apyrĩ. - Está já para vir. Asó apyri'ĩ. - Estou a ponto de ir. Vou daqui a pouquinho. (VLB, II, 75); Aînupã apyri'ĩ. - Daqui a pouquinho castigo-o. (VLB, I, 89)
ará (s.) - ARÁ, nome comum a grandes aves psitacídeas, papagaios de bicos altamente cortantes, corpos vermelhos, com manchas de diversas cores nas asas e em outros lugares (D'Abbeville, Histoire, 234)
arabé (s.) - ARAUÉ, designação comum a certas baratas da madeira (VLB, I, 51)
araboîa (s.) - ARABÓIA, nome de uma serpente. "Não saem nunca à terra e mantêm-se dos peixes e bichos que tomam na água." (Sousa, Trat. Descr., 260)
aragûagûá (ou aragûagûa'i) (s.) - ARAGUAGUÁ, ARAGUAGUAÍ, 1) peixe-serra, nome comum a vários peixes marinhos das regiões tropicais, da família dos pristídeos; 2) peixe-espada, espadarte, nome genérico de vários peixes da família dos xifídeos (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 159; VLB, I, 125; II, 70)
aramasá (s.) - ARAMAÇÁ, ARAMATÁ, ARAMAÇÃ, ARUMAÇÃ, ARUMAÇÁ, peixe da família dos soleídeos. Possui ambos os olhos em um mesmo lado do corpo e muda de cor de conformidade com a iluminação. (D'Abbeville, Histoire, 245v; Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 181)
arara (s.) - ARARA, designação comum a várias espécies de aves psitaciformes da família dos psitacídeos. São todas de grande porte, cauda longa e bico muito forte, com o qual se alimentam de frutas e sementes em geral. (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 270): Nd'oîabyî muru arara... - O maldito não difere de uma arara... (Anch., Teatro, 62)
arũaíba (ou arãíba) (s.) - 1) rufião, janota: Ereîubype erimba'e nde agûasá 'arybo nde arãíbamo? - Estiveste deitado outrora sobre tua amante como um rufião? (Anch., Doutr. Cristã, II, 95); 2) atos de rufião; janotice: Moropotara semipokuabe'yma, ...arũaíba, tekó-poxy... anga Îandé Îara îandé 'angyme îandé ogûar'iré ybŷá potara oîmoaruab... - O desejo sensual tornado costumeiro, a janotice, o vício, isso Nosso Senhor, após o recebermos nós em nossa alma, impede de se querer. (Ar., Cat., 88v-89); (adj.: arũaíb) (xe) - ser ou agir como rufião [compl. com esé (r, s)]; falar como rufião (compl. com supé): Xe arũaíb (abá) resé. - Eu ajo como rufião a respeito das pessoas. (VLB, II, 109, adapt.); Xe arũaíb (abá) supé. - Eu falo como rufião às pessoas. (VLB, II, 109, adapt.); Xe nhe'engarũaíb. - Eu tenho palavras de rufião. (VLB, II, 109); 3) chocarrice, gracejo, motejo, escárnio; (adj.: arũaíb) - chocarreiro, gracejador, motejador, escarnecedor; folgazão, vanglorioso, garrido: Nde arũaípe nde rapixara 'arybo eîupa? - Tu foste chocarreira, estando deitada sobre teu próximo? (Ar., Cat., 235); Xe arũaíb. - Eu sou garrido. (VLB, II, 141)
arukangûyra (s.) - a ponta ou a parte branda das costelas (Castilho, Nomes, 29); o vão das costelas da parte de baixo (Castilho, Nomes, 30)
asab (ou asá) (s) (v.tr. e intr.) - 1) cruzar, atravessar, trespassar (p.ex., com seta, um vau ou rio) (VLB, I, 47): Asasá-benhẽ. - Atravessei-o, sem mais (sem entrar nem pousar). A'y-asab. - Atravessei rios. (VLB, II, 67); Paranãgûasu rasapa,... asó tupi moangaîpapa... - Atravessando o oceano, fui para fazer pecar os tupis. (Anch., Teatro, 140); Asẽ amoĩ i xuí; n'aîeasabi pó-pytera... - Saí há pouco dele; nem me cruzei as palmas das mãos... (Anch., Teatro, 160); Îaîpó-asá-sá i py resébe, krusá sosé nhẽ xe îara moîá. - Trespassaram suas mãos juntamente com seus pés, sobre a cruz pregando meu senhor. (Anch., Poemas, 122); Ybaka rasapa osó, nde reîá... - Atravessando o céu foi, deixando-te. (Anch., Poemas, 124); 2) fazer riscos cruzados em, fazer a cruz em: Asé sybasab i pupé. - Faz a cruz em nossa testa com ele (isto é, com óleo). (Ar., Cat., 82v); 3) ultrapassar: Marangatuba'e, Santos, ybakype Tupã repîakaretá, osasá 'ara ro'y remierekó papasaba. - Os bem-aventurados e os santos no céu, que vêem a Deus, ultrapassam o número dos dias que o ano tem. (Ar., Cat., 135); 4) estar atravessado em (a coisa ou o lugar onde se está é o objeto); jazer atravessado em: Asasab pé gûitupa. - Estava atravessado no caminho. Aînĩ-asab. - Jazi atravessado na rede. (VLB, I, 47); 5) passar: Ké suí serã i asabi India tapyîtinga retãme... - Daqui, talvez, passou para a Índia, terra dos indianos. (Ar., Cat., 9v) ● asapaba (t) - tempo, lugar, modo, etc. de passar, de atravessar, de trespassar; passagem: Quarta-feira tanimbu-karaíba rasápe, îekuakupabusu Quaresma 'îaba nheypyrungi. - Ao passar a quarta-feira das cinzas sagradas, o grande jejum chamado Quaresma começa. (Ar., Cat., 122); 'Y-asapá-tyba - passagem costumeira de rio (VLB, II, 67); ybytu nde rasapápe - ao te trespassar o vento (Anch., Poemas, 130)
asusura (s.) - altibaixos na terra (VLB, I, 33); (adj.: asusur) - apinhado, coalhado, lotado: Oré asusur. - Nós estamos apinhados (isto é, por sermos muitos, fazemos que a terra perca sua planura e fique rugosa, cheia de sinuosidades, de altibaixos. Diz-se de quaisquer coisas: gafanhotos, soldados, etc.) (VLB, I, 33)
ate'ẽ (s.) - aleijado (que pisa com a ponta dos pés): Xe ate'ẽ. - Eu sou um aleijado. (VLB, I, 85); (adj.) - aleijado; (xe) - manquejar, pondo só as pontas dos pés: Xe ate'ẽ. - Manquejo. (VLB, II, 31)
atuá (ou atyá) (s.) - cogote, ATUÁ, toutiço, nuca, cerviz, parte posterior da cabeça (Castilho, Nomes, 30): Aîatuá-petek. - Esbofeteei a nuca dele. (VLB, II, 75); karipiratyatinga - caripirá da nuca branca (nome de uma ave) (Theat. Rer. Nat. Bras., I, 110) ● atuá-pyko'ẽ - cova da nuca (VLB, I, 84; Fig., Arte, 126)
aty1 (s.) - ATI, gaivota, nome genérico de aves larídeas de penas brancas, cauda grande e estreita, que habitam a costa sul-americana e voam longe no mar para buscar peixes (D'Abbeville, Histoire, 241v)
aûaimirĩ (s.) - AGUAÍ-MIRIM, planta apocinácea que era usada como veneno pelos índios e também como ornato nas danças, por ter a casca duríssima e sonora, a modo de campainha (Piso, De Med. Bras. III, 175)
aûîebéramo2 (ou aûîebéramo-te ou aûîebéramomo) (adv.) - a propósito, a bom tempo: Aûîebéramo asó. - Fui a bom tempo, fui a propósito. (Anch., Arte, 24)
aûîerama (ou aûîeramanhẽ) (adv.) - 1) (na afirm.) - para sempre; eternamente, perpetuamente (VLB, II, 74): Xe mopyatã îepé, t'apu'am muru resé, aûîérama i moaûîébo. - Faze-me tu valente, para que eu me oponha ao maldito, para sempre vencendo-o. (Anch., Poemas, 144); Endé, Tupã rorypápe aûîeramanhẽ ereîkó. - Tu, no paraíso para sempre estás. (Anch., Teatro, 122); 'Ara pab'iré i moingobeîebyri o pyri serasóbo aûîeramanhẽne. - Após acabar o mundo, fará voltar a viver (nossos cadáveres), levando-os para junto de si para sempre. (Ar., Cat., 27); Anhanga t'îaîpe'a ko'yr aûîeramanhẽ. - Que afastemos o diabo agora e para sempre. (Valente, Cantigas, VI in Ar., Cat., 1618); 2) (na neg.) - jamais, nunca mais: ...Asé 'anga nhõ nd'opabi xûéne, aûîeramanhẽ omanõba'erame'yma sekóreme. - Nossa alma somente não acabará, por ser a que não morrerá jamais. (Bettendorff, Compêndio, 58)
aûsub (ou aûsu) (s) (v.tr.) - amar, estimar, querer bem, ter amizade por: Asaûsu kunhã-karaíba. - Amo uma mulher branca. (D'Evreux, Viagem, 252); Asaûsub Tupã. - Amo a Deus. (Fig., Arte, 150); A'e byter nde raûsupa. - Ainda te amo. (Fig., Arte, 161); T'îasaûsu pabẽ Santa Maria... - Amemos todos Santa Maria. (Anch., Poemas, 88) ● aûsupara (t) - o que ama, o que estima, o que tem amizade por: Nd'e'i te'e, ipó, ko'y opá nde raûsuparûera pysyrõmo nde suí... - Não é à toa, certamente, que, agora, todos os que te amavam ele liberta de ti... (Anch., Teatro, 18); ...I mondóbo nhẽ nd'ereîkóî César nde rubixaba raûsuparamo... - Mandando-o ir, sem problemas, não ages como o que estima teu imperador César. (Ar., Cat., 61); emiaûsuba (t) - o que alguém ama, o amado de: I moasŷabo, Tupã opabinhẽ mba'e sosé o emiaûsu-katu nhe'enga abŷagûeramo sekó resé. - Arrependendo-se deles por serem transgressões da palavra de Deus, que ele ama mais que todas as coisas. (Bettendorff, Compêndio, 93); aûsupaba (t) - tempo, lugar, modo, etc. de amar, o amor: ...Ogûaûsukatuagûera repyramo, Tupã ipó serã serasóû seté resebé ybakype... - Como recompensa de seu muito amor a Ele, Deus levou-o certamente, com seu corpo, para o céu. (Ar., Cat., 139); Mba'epe Santa Maria asé raûsupaba? - Qual é a causa de nos amar Santa Maria? (Ar., Cat., 33v)
a'y (s.) - AÍ, AÍGUE, preguiça, mamífero edentado da família dos bradipodídeos. Vive em muitas partes do Brasil e sua espécie mais comum na Mata Atlântica é a Bradypus tridactylus L., arborícola, de pêlos densos e longos, onde vivem carrapatos e microlepidópteros ou traças. Possui membros compridos e cauda curta e movimenta-se com extrema lentidão. Alimenta-se das folhas da imbaúba. É também chamado bicho-preguiça ou cabeluda. (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 221; VLB, II, 73)
NOTA - No Amazonas diz-se BACU também a alguém barrigudo (ex Dicion. Caldas Aulete).
'ekatuaba1 (s.) - a mão direita (VLB, II, 32; Castilho, Nomes, 31): Mba'epe oîme'eng i 'ekatuápe? - Que deram à sua mão direita? (Ar., Cat., 60v); (adj.: 'ekatuab) - dotado de mão direita; (xe) ter mão direita: I pópe Tupã-Tuba, i 'ekatuápe, i asupe? - Deus-Pai tem mãos, tem mão direita, tem mão esquerda? (Ar., Cat., 45)
'ekatuaba2 (s.) - a direita, a parte direita, o lado direito: Anheté pesepîak irã Tupã Tuba 'ekatuaba koty xe gûapyka xe renane... - Na verdade, ver-me-eis futuramente estar sentado ao lado direito de Deus-Pai. (Ar., Cat., 56-56v) ● 'ekatuápe - à direita, do lado direito: Îesu 'ekatuápe nde nhõ ereîmbé. - À direita de Jesus tu somente estás. (Anch., Poemas, 126)
NOTA - CUIA, no P.B., significa também: 1) (MA) abóbora-d'água; 2) (NE) medida de capacidade para gêneros secos; 3) (RS) cabaça em que se bebe a erva-mate com uma bombilha (in Dicion. Caldas Aulete). Há, também, no P.B., as expressões JUNTAR AS CUIAS, (pop.) mudar de casa; TOMAR NA CUIA DOS QUIABOS (BA, pop.), ser enganado.
îaîa (s.) - abertura; (adj.: îaî) - aberto, escarrapachado: Xe îuru-îaî. - Eu tenho a boca aberta. (VLB, I, 18); Xe atá-îaî. - Eu tenho o andar escarrapachado (isto é, abro muito as pernas ao andar). (VLB, I, 123)
îeporero'ypoka (s.) - a segunda menstruação da mulher (VLB, I, 84)
îerekûaba (s.) - afabilidade; (adj.: îerekûab) - afável; (xe) ser afável, perdoar: I xy-îerekûaba abé oîo'ok i abaeté... - Sua mãe afável também arranca a ferocidade dele. (Anch., Teatro, 154); A'eîbé Pilatos supé oîerekûabamo... - Bem nesse momento perdoou a Pilatos. (Ar., Cat., 59); N'i nhyrõî, n'i îerekûabi... - Não perdoam, não são afáveis. (Anch., Teatro, 148)
îesyîa (s.) - adormecimento (dos membros); (adj.: îesyî) - dormente, adormecido (o pé, a mão, a perna, o corpo); (xe) adormecer: Opá xe uba îesyî. - Ambas as minhas coxas adormeceram. (Anch., Teatro, 26); Xe py-îesyî. - Eu tenho o pé adormecido. (VLB, I, 106)
'ikatu / 'ekatu (v. intr. irreg.) - 1) poder (tanto no sentido de ter permissão, ter possibilidade, ter oportunidade quanto no de ter capacidade ou ter habilidade; leva o verbo do qual é auxiliar para o gerúndio): T'e'ikatu nde kuapa xe ruba Tupinambá! - Que possa conhecer-te meu pai Tupinambá! (Anch., Poemas, 114); A'ekatu mba'e monhanga. - Posso fazer as coisas. (Fig., Arte, 160); Pedro e'ikatu osóbo. - Pedro pode ir. (Fig., Arte, 160); E'ikatupe asé iké bé sepîaka? - Pode a gente vê-lo aqui também? (Anch., Doutr. Cristã, I, 158); A'ekatu sepîaka. - Posso vê-lo. (Anch., Arte, 56); Nd'e'ikatu angáî-tepe asé abá rekó-nhemima mombegûabo? - Mas não pode a gente, de modo nenhum, contar o procedimento oculto de alguém? (Ar., Cat., 73v); 2) (v. intr. compl. posp.) - mostrar-se digno, ser digno, apto, capaz; saber, saber fazer; ter jeito [complemento com a posp. esé (r, s)]: N'a'ekatuî. - Não sei (ignoro). (VLB, II, 8); A'ekatu mba'e resé. - Tenho jeito para a coisa. (VLB, I, 147); Nd'e'ikatu béî aîpó i pe'apyra'uba missa renduba resé... - Também não se mostra digno aquele excomungado mesquinho de ouvir a missa. (Ar., Cat., 179); A'ekatu sesé. - Sei fazê-lo. (VLB, II, 79) ● e'ikatuba'e (ou i'ekatuba'e) - o que pode; o que se mostra digno, o que é capaz, o que sabe, etc.: Arobîar Tupã Tuba, opakatu mba'e tetiruã monhanga e'ikatuba'e. - Creio em Deus Pai, o que pode fazer todas e quaisquer coisas. (Ar., Cat., 14v); ...Pa'i-îemo'esaba Tupã resé i'ekatuba'e. - Padres doutos que saibam acerca de Deus. (D'Abbeville, Histoire, 342). (Também aparece a forma 'ikatu como equivalente a e'ikatu): 'Ikatu bé abá omendá amoaé abaré robaké... - Podem também as pessoas casar-se diante de um outro padre. (Ar., Cat., 128)
ikeboka (s.) - abertura de saia: Iî ikeboka - a abertura da saia dela (VLB, II, 30)
îoaûsuba (s.) - amizade (VLB, I, 34); amor, caridade: Tupã îoaûsuba pupé îaîkóbo, tekokatu-eté îarekó... - Estando nós no amor de Deus, a verdadeira felicidade temos. (Anch., Doutr. Cristã, I, 202); ...pe ramũîa îoaûsuba... - a amizade de vossos avós (Knivet, The Adm. Adv., 1237)
NOTA - Esta forma deu origem a um elemento de composição (ji) muito encontrado em topônimos do Nordeste brasileiro e que significa rio: POTENGI (RN), ARAÇAGI (PB), PARATIJI (BA), etc. (v. p. 386).
kakara (s.) - aproximação (fal. de fato, acontecimento, tempo, época): A'epe muru'apora membyrasy kakara, na nheangûaba bé ruã? - E a aproximação do parto de uma grávida não é causa de se ter medo também? (Ar., Cat., 91)
-mo3 1) part. que expressa o condicional: -I nhyrõ nhẽpemo Îandé Îara i xupé "nde nhyrõ ixébe" o îoupé i 'érememo? -I nhyrõ nhẽmo. -Perdoar-lhe-ia, sem mais, Nosso Senhor, se ele lhe dissesse "perdoa tu a mim"? -Perdoaria. (Ar., Cat., 58); ...Esykyîébomo, ereîkó-katumo. - Tendo medo, farias bem. (Ar., Cat., 112); Nde rurememo, aîuká umûãmo. - Se tivesses vindo, já o teria matado. (Anch., Arte, 22); Xe mondórememo, asómo. - Se me mandasse, iria. (Anch., Arte, 25); Aîpó n'i papasabi, kûarasymo oîké îepémo! - Isso não seria possível contar, ainda que o sol se pusesse! (Anch., Teatro, 38); 2) part. que expressa o optativo: Aîukámo mã! - Ah, quem me dera o tivesse matado! (Anch., Arte, 18); Asómo Tupana pyri mã! - Ah, se eu fosse para junto de Deus! (Fig., Arte, 142)
morangygûana (s.) - agouro (VLB, I, 27): ...Gûyrá koîpó îagûara nhe'enga supé morangygûana o'îabo. - Dizendo a um canto de pássaro ou a um urro de onça que são agouros. (Ar., Cat., 66v); (adj.: morangygûan) - agourento: Xe morangygûan. - Eu sou agourento. (VLB, I, 27)
morotinga (s.) - alvura (VLB, I, 33); brancura; coisa branca: -Mba'e-tepe asé osepîak? -Akó morotinga... -Mas que vê a gente? -Aquela coisa branca. (Anch., Doutr. Cristã, I, 216); (adj.: moroting) - branco: ...I morotĩngatu nde 'anga... - Tua alma está muito branca... (Anch., Doutr. Cristã, I, 204).
nhemondy'ara (s.) - a primeira menstruação da mulher (VLB, I, 84): ...nhemondy'ara mo'ybatatãmo... - ...dificultando a primeira menstruação. (Ar., Cat., 66v); Ereîekuakupe... nde raîyra nhemondy'ara resé? - Jejuaste por causa da primeira menstruação de tua filha? (Ar., Cat., 99)
roba (s.) - amargor; (adj.: rob) - amargo, amargoso: ...Mba'e-rob-eté tuku-tuku okûapa... - Estando a destilar coisa muito amarga. (Ar., Cat., 164); Xe rob. - Eu estou amargo. (VLB, I, 34; Fig., Arte, 38)
ro'y2 (s.) - ano: Ro'y îabi'õ onhemombe'ue'ymba'e. - O que não se confessa a cada ano. (Ar., Cat., 76); Kunhãmbuku doze ro'y rerekoare'yma, kunumĩgûasu abé catorze ro'y resé i xyke'yma nd'e'ikatuî abá resé omendá. - Uma moça, não tendo doze anos e um rapaz também, não chegando aos catorze anos, não podem casar-se com ninguém. (Ar., Cat., 277)
seba (s.) - ato de entremostrar-se; (adj.: seb) - descoberto parcialmente, entremostrado: Xe robá-seb. - Eu tenho o rosto parcialmente descoberto. Xe pó-seb. - Eu tenho a mão parcialmente descoberta. (VLB, I, 46)
taîa1 (s.) - ardor, requeimação (p.ex., da pimenta); travo (Fig., Arte, 75; Anch., Arte, 14); (adj.: taî) - ardido (fal. de pimenta, etc.) (Anch., Arte, 14); travoso; (xe) requeimar (como a pimenta, a mostarda, etc.): Taî. - Ela requeima. (VLB, II, 93); ka'a-taîa - "folha ardida" (Piso, De Med. Bras., 199)
umbûá (s.) - almofariz de madeira utilizado para pilar a mandioca (o mesmo que ungûá - v.) (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 67)
Umuarama - Cidade do Paraná. Neologismo feito por nós, com elementos tupis e significa: lugar ensolarado para o encontro de amigos. A primeira forma foi EMBUARAMA, de embu, lugar; ara, cheio de luz, de claridades, bom clima. Depois suavizamos (sic) para Umuarama. A terminação ama é um coletivo, equivalendo a muitos, reunião, etc. A palavra cunhada por nós agradou tanto que há hotéis, cinemas, parques, clubes. Mas designa especialmente a progressista cidade do Estado do Paraná.
Aguapeú (SP). A mesma etimologia de Aguapeí (v.).
Araçahi (MG). A mesma etimologia de Araçaí (v.).
Araçaí (MG). A mesma etimologia de Araçagi (v.).
Aracati (CE). A mesma etimologia de Aracatu (v.).
Araçatiba (ES). A mesma etimologia de Araçatuba (v.).
Aranaú (CE). A mesma etimologia de Aranaí (v.).
Baquari (MG). A mesma etimologia de Baguari (v.).
Berigui (PR). A mesma etimologia de Birigui (v.).
Biribiri (MG). A mesma etimologia de Peri-Peri (v.).
Boiaçu (ilha do PA). A mesma etimologia de Boaçu (v.).
Boipeba (ilha da BA). De mboîa + peb + -a: cobra achatada.
Brejaúva (SP). A mesma etimologia de Brejaúba (v.).
Brejetuba (ES). A mesma etimologia de Brejatuba (v.).
Buji (PI). A mesma etimologia de Bugi (v.).
Bupeva (SC). A mesma etimologia de Boipeba (v.).
Caiuá (SP). A mesma etimologia de Caiobá (v.).
Caiubá (PR). A mesma etimlogia de Caiobá (v.).
Cajubi (MG). A mesma etimologia de Cajobi (v.).
Cajuuba (ilha do PA). A mesma etim. de Cajuba (v.).
Camanducaia (MG). A mesma etim. de Camandocaia (v.).
Cambaratiba (SP). A mesma etim. de Camaratuba (v.).
Camucim (CE). A mesma etimologia de Cambuci (v.).
Cangonhal (MG). A mesma etim. de Congonhal (v.).
Canguçu (ilha do MT) - De akanga + suf. -usu: cabeça grande, outro nome dado à onça.
Cangueira (PR). A mesma etim. de Canguera (v.).
Canhema (lugar de Diadema, SP). A mesma etim. de Canhima.
Capiau (ilha do AM). A mesma etim. de Capuava (v.).
Capituva (SP). A mesma etim. de Capintuba (v.).
Caraí (MG). A mesma etim. de Caraíba (v.). "Distrito criado com a denominação de Caraí (...) pela lei estadual nº 556, de 30-08-1911, subordinado ao município de Arussaí." (fonte: IBGE).
Carandá (MT). A mesma etim. de Caraná (v.).
Carapeva (SP). A mesma etim. de Carapeba (v.).
Carapiranga. De akará + pyrang + -a: carás vermelhos.
Caraúbas (PB). A mesma etim. de Caraíba (v.).
Carnaúbas (CE). A mesma etimologia de Caranaíba (v.).
Carpina (PE). A mesma etimologia de Carapina (v.).
Cipotuba (ilha do PA). A mesma etim. de Sepotuba (v.).
Comoci (PI). A mesma etimologia de Camuci (v.).
Coroatá (PI). A mesma etimologia de Caraguatá (v.).
Cotejuba (ilha do PA). De akuti + îub + -a: cutias amarelas.
Croatá (CE). A mesma etimologia de Curaçá (v.).
Cuité (PB). A mesma etimologia de Cuieté (v.).
Embura (SP). A mesma etimologia de Imbira (v.).
Envira (ilha do AM). A mesma etimologia de Imbira (v).
Garapuava (MG). A mesma etim. de Guarapuava (v).
Guaíba (ilha do RJ). De kûá + aíb + -a: enseada ruim (i.e., pantanosa).
Guajiru (RN). A mesma etimologia de Guajeru (v.).
Guanumbi (PE). A mesma etimologia de Guanambi (v.).
Guarapuá (SP). A mesma etim. de Guarapuava (v.).
Guarapuava (PR). A primeira referência aos Campos de Guarapuava é de 1768: "Por baixo do Salto Grande se acham os Campos de Guarapava [...]" (S. Paio e Sousa [1768], p. 71). Essa região do atual Paraná não é o habitat das aves chamadas guarás, como imaginou Martius (Glossaria, p. 500). Estas vivem nas regiões alagadiças dos litorais e nos manguezais. Essas terras eram, sim, habitat do aguará, também conhecido como lobo guará ou somente guará, mamífero canídeo das regiões abertas do N. da Argentina, do Paraguai e do Brasil. Assim, a etim. do nome Guarapuava, da língua geral meridional, deve ser: agûará + pu + suf. -aba: barulho dos (lobos) guarás ou lugar do barulho dos (lobos) guarás.
Guaraúna (PR). A mesma etimologia de Braúna (v.).
Guataporanga, Nova (SP). De guatá - caminhar, caminhada + porang - bonito + suf. -a: caminhada bonita. Nome atribuído artificialmente em meados do século XX.
Ibirarema (SP). A mesma etim. de Guararema (v.).
Ibitiruna (MG). A mesma etimologia de Ibituruna (v.).
Igapó (PE). A mesma etimologia de Iapó (v.).
Imbituva (PR). A mesma etimologia de Imbituba (v.).
Inajá (GO). A mesma etimologia de Indaiá (v).
Inhapim (MG). A mesma etimologia de Inhapi (v.).
Inhuma (PI). A mesma etimologia de Inhaúma (v.).
Itaci (MG). A mesma etimologia de Itaici (v.).
Itaimbé (ES). A mesma etimologia de Itambé (v.).
Itajutiba (MG). A mesma etimologia de Itajubatiba (v.).
Itamarati (ilha do PA). Da língua geral setentrional itá + mirim + ty: rio das pedras pequenas: "E assim por ele e já sem pedras viemos ao sítio chamado Itamarati, que quer dizer pedra pequena, que fica imediato a um pequeno rio chamado do mesmo nome, que atravessei." (Caetano da Costa Matoso [1749], p. 886).
Itaparica (ilha do litoral baiano). De itá + pirik + -a, registrado na forma iterativa piririk (VLB, I, 133): pedra faiscante, isto é, pederneira. Mas a forma simples pirik também era usada com esse sentido: Frei Vicente do Salvador (in História do Brasil, livro IV, cap. xxxviii), menciona o nome "João Vaz Tataperica". Tataperica significa fogo faiscante.
Itapecirica (SP). A mesma etimologia de Itapecerica (v.).
Itapecoca (ilha de PE). De itá + peb/a + îekok + -a: pedras chatas encostadas.
Itapuranga (GO). A mesma etim. de Itaporanga (v.).
Itaquaciara (SP). A mesma etim. de Itaquatiara (v.).
Itaquari (ES). A mesma etim. de Itaquaraí (v.).
Itatuba (SP). A mesma etim. de Itatiba (v.).
Itinga (SP). A mesma etimologia de Utinga (v.).
Jaciguá (ES). A mesma etimologia de Jaceguai (v.).
Jacurutu (ilha do AM). De îakurutu, ave estrigídea, a maior coruja da América (VLB, I, 60).
Japiúba (SP). A mesma etimologia de Japiba (v.).
Jaú (SP). A cidade tomou o nome do Ribeirão do Jaú (fonte: IBGE). De îa'u, peixe da família dos pimelodídeos (VLB, I, 50).
Manaíra (PB). Apareceu tal nome, em substituição ao antigo, Alagoa Nova, após 1939: "Conta a lenda que a denominação Manaíra (...) foi escolhida em homenagem a uma índia com esse nome, prometida por seu pai Boiassu, como noiva, ao índio Piancó, chefe da tribo dos Coromas." (fonte: IBGE). Etimologia obscura, podendo não ser nome tupi.
Maritiapina (ilha do PA). "(...) atravessando pelas oito horas a bocca do Limão, e meia hora depois a bocca do Muritiapina (...)" (João Vasco Manoel de Braun [1784], Roteiro Corographico, p. 330). De muriti + apin + -a: muricis pelados, i.e., sem folhas.
Meruim (ilha do PA). A mesma etim. de Maruim (v.).
Miracema (RJ). A mesma etimologia de Piracema (v.). "Pela deliberação de 13-04-1883, o distrito de Santo Antônio dos Brotos passou a denominar-se Miracema." (fonte: IBGE).
Moquém, Ilha do (PA). De moka'ẽ1: moquém, moqueteiro, grelha onde, a fogo lento, os índios assavam a carne dos inimigos (VLB, II, 134).
Mumbuca (ilha do PA). A mesma etimologia de Mombuca (v.).
Munduri (PE). A mesma etimologia de Manduri (v.).
Muquém (GO). A mesma etimologia de Moquém (v.).
Muriti (CE). A mesma etimologia de Buriti (v.).
Murituba (ilha do PA). A mesma etim. de Muritiba (v.).
Mutuca (PE). A mesma etimologia de Motuca (v.).
Orissanga (SP). A mesma etimologia de Uruçanga (v.).
Paquetá (ilha do RJ). De paka - paca + etá (r, s) - muitos (as): muitas pacas. Nome muito antigo: "Defronte do rio Macucú está uma ilha, que se chama Caiaiba, e d'esta ilha a uma está outra, que se chama Pacatá." (Sousa, Trat. Descr., p. 92).
Pará (estado brasileiro, antigo nome dos rios Amazonas e São Francisco). De pará: rio (grande): "Esta gente multiplicou de maneira que tem senhoreado ao longo d'este rio de S. Francisco, a que o gentio chama o Pará (...). (Sousa, Trat. Descr., CLXXX). "Tem seu princípio esta terra, a respeito do que está hoje em dia povoado dos portuguêses, do Rio das Amazonas, por outro nome chamado o Pará (...)"(Brandão, Diálogos, I).
Paraíba (estado brasileiro e rio que banha sua capital). De pará + aíb + -a: rio ruim.
Paraná (estado do Brasil). Paraná é palavra das línguas gerais coloniais. Em tupi antigo (séculos XVI e XVII), paranã significava mar (Fig., Arte, 130-131) ou água do mar (VLB, I, 24). Nos textos setecentistas o termo paraná ou paranã já aparece, inclusive na toponímia, com o sentido de rio (rio Paranapanema, rio Paraná, Ji-Paraná, etc.). "(...) A palavra que significa rio é Paraná" (Francisco Xavier Ribeiro de Sampaio [1774], p. 113).
Pegueri (MG). A mesma etimologia de Piqueri (v.).
Periquara (CE). A mesma etimologia de Perigara (v.).
Pindaíba (MG). A mesma etimologia de Pindaúva (v.).
Pindaíva (MT). A mesma etimologia de Pindaíba.
Piquiri (PR). A mesma etimologia de Piqueri (v.).
Pirapitinga (MG). A mesma etim. de Pirapetinga (v.).
Pituna, Ilha (AM). De pytun + -a: (ilha) escura. Durante a fase de emprego das línguas gerais coloniais, foi comum o uso de adjetivos tupis com substantivos portugueses: Monte Piranga, Rio Una, etc.
Piuí (MG). A mesma etimologia de Piuim (v.).
Quatiguá (PR). A mesma etimologia de Catiguá (v.).
Sapopema (PR). A mesma etim. de Sapopemba (v.).
Sirigi (PE). A mesma etimologia de Sergi (v.).
Sucatinga (CE). A mesma etimologia de Socatinga (v.).
Sucuri (SP). A mesma etimologia de Securi (v.).
Sussuí (SP). A mesma etimologia de Suaçuí (v.).
Taguarassu (GO). A mesma etim. de Taquaruçu (v.).
Taim (RS). A mesma etimologia de Itaim (v.).
També (PE). A mesma etimologia de Itambé (v.).
Tanhenga (ilha do RJ). De itá + nhe'eng + -a: pedra que fala.
Tapuiara (CE). A mesma etimologia de Tapejara (v.).
Taquaraçu (MG). A mesma etim. de Taquaruçu (v.).
Tigipió (SC). A mesma etimologia de Tijipió (v.).
Tijucopapo (PE). A mesma etim. de Tejucupapo (v.).
Tobati (MG). A mesma etimologia de Tabatinga (v.).
Tupinambarana (ilha do AM). "A nação Topinambarana é muito parenta da dos topinambases, senão é a mesma com alguma corrupção da língoa pela comunicação de outras nações. Tinha esta nação o seu domicílio em uma grande ilha, que forma o Amazonas na foz do Rio Madeira, que deles tomou o nome de Ilha dos Topinambaranas [...]." (Pe. João Daniel [1757], p. 270). De tupinambá + ran + -a: falsos tupinambás.
Ubatiba (RJ). A mesma etimologia de Ubatuba (v.).
Uiraponga (CE). A mesma etimologia de Araponga (v.).
Uiraúna (RN). A mesma etimologia de Graúna (v.).
Umbaúba (SE). A mesma etimologia de Embaúba (v.).
Umirim (CE). A mesma etimologia de Imirim (v.).
Urucuricaia (ilha do PA). De urukuri - plantas palmáceas + kaî + -a: urucuris queimados.
AYROSA, P., "Apontamentos para a Bibliografia da Língua Tupi-guarani". Etnografia e Tupi-guarani, no. 28, Boletim no. 169. São Paulo, Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras,USP, 1954.
NAVARRO, Eduardo de A., Método Moderno de Tupi Antigo - A língua do Brasil dos Primeiros Séculos. São Paulo, Editora Global, 2006, 3ª edição.
Teatro de Anchieta (Organização, tradução e notas de Eduardo de Almeida Navarro). Editora Martins Fontes, São Paulo, 1999. (cotejado com a edição documentária de Maria de Lourdes de Paula Martins)
MATTOS, Libanio Augusto da Cunha [1786], Diario da diligencia do reconhecimento do Paraguay desde o logar do marco da boca do Jaurú até abaixo do presidio de Nova Coimbra, que comprehende a configuração das lagoas Gaíba, Uberaba, Madioré, e das serras do Paraguay, e igualmente o reconhecimento do rio Cuyabá até a villa d' este nome, e d' ella por S. Pedro d' el-Rei até a Villa-Bella; pelo capitão engenheiro Ricardo Franco de Almeida Serra, no anno de 1786. Revista do Instituto Histórico e Geográphico Brasileiro, volume 20, 1857.
baixo (rel. a som ou voz) - mbegûé
baixo (rel. a pessoa) - mirĩ
de (rel. a origem, a procedência) - suí
em - (rel. a lugar): -pe; -i; pupé; (rel. a tempo): esé (r, s)
porta - okena (r, s); okendaba (r, s) ● abrir a porta: okendabok (s)
abaré (s.) - padre, ABARÉ, ABARUNA; clérigo; frade; sacerdote, religioso (VLB, II, 100): I xupé, ranhẽ, abaré, Tupã mombegûabo, i xóû. - Junto a ela, primeiramente, os padres foram, anunciando a Deus. (Anch., Poemas, 114); Oú tenhẽ xe pe'abo "abaré" 'îaba... - Vêm em vão para me afastar os ditos "padres". (Anch., Teatro, 8)
agûapekaka (s.) - JAÇANÃ cuja plumagem variou de colorido com a idade (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 191)
aîabutipytá (s.) - JABUTAPITÁ, BATIPUTÁ, arbusto da família das ocnáceas [Ouratea parviflora (DC.) Baill.], "do comprimento de cinco, seis palmos; é como amêndoa e preta e assim é o azeite que estimam muito e se untam com ele em suas enfermidades." (Cardim, Trat. Terra e Gente do Brasil, 43). Esse óleo é a chamada manteiga de batiputá, usada na medicina popular.
akanga (s.) - cabeça: Oîké îugûasu, i akanga kutuka. - Entram grandes espinhos, espetando sua cabeça. (Anch., Poemas, 122); Xe parati 'y suí aîu, rainha repîaka, xe akanga moîegûaka. - Do rio dos paratis vim para ver a rainha, enfeitando minha cabeça. (Anch., Poemas, 152); Aîakangeky-ekyî. - Fiquei-lhe puxando a cabeça (pelos cabelos). (VLB, I, 42); A'e ré kori îasó tubixaba akanga kábo. - Depois disso, vamos quebrar as cabeças dos reis. (Anch., Teatro, 60); Mba'epe onong i akanga 'arybo? - Que puseram sobre sua cabeça? (Ar., Cat., 60v); Aîakangok mboîa. - Corto a cabeça à cobra. (Fig., Arte, 88) ● akangûera - cabeça fora do corpo, cabeça arrancada: pirá akangûera - cabeça (arrancada) de peixe (VLB, I, 61)
akará (ou kará) (s.) - ACARÁ, CARÁ, nome comum a certos peixes da família dos ciclídeos (D'Abbeville, Histoire, 247; Léry, Histoire, 348-349; Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 168)
ang (dem. adj.) - este (es, a, as), esse (es, a, as): Marã-tepe ang mba'e-katupabẽ orogûerekóne? - Mas que faremos com estas muitíssimas riquezas? (Ar., Cat., 7)
'apuba (s.) - fase madura (fal. da fruta; isto é, quando perde a primeira cor e se faz mole); (adj.: 'apub) - maduro (fal. de fruto) (VLB, II, 27): ...'ybá-'apuba kuîa ra'anga... - imitando a queda das frutas maduras (Ar., Cat., 157v)
apyrasaba (s.) - salto: ...'Ara i 'aragûera pîasaba pupé tatá i apyrasabapé 'îaba îaîmondyk... - No dia de guarda do nascimento dele, acendemos a fogueira chamada "caminho do salto" (Ar., Cat., 6)
apysyka (s.) - satisfação; consolo, sossego, agrado; (adj.: apysyk) - 1) satisfeito, farto (inclusive do que se come): Xe apysy-katu sekoápe. - Estava muito satisfeito na morada deles. (Anch., Teatro, 10); 2) (xe) consolar-se; quietar-se internamente consigo; sossegar, estar sossegado; satisfazer-se: Îasepenhan, îaîpysyk i apysyk' e'ymebé... - Ataquemo-los, prendamo-los antes que se consolem... (Anch., Teatro, 66); ...Sesé nhõ abá resá apysykamo ybakype... - Somente com Ele os olhos dos homens se satisfazem no céu. (Ar., Cat., 167); Pe apysykĩ serã peîkóbo pe rekomemûã aty-atyra pupé...? - Será que estais sossegados, sem mais, com vossos montes de maldades? (Ar., Cat., 166): Na nde apysyki, tobaîara rekorama kuabe'yma... - Tu não sossegas, não sabendo as ações dos inimigos. (Ar., Cat., 158); 3) (xe) agradar-se, regozijar-se, gostar [compl. com esé (r, s)]: Xe apysyk (mba'e) resé. - Agrado-me com as coisas. (VLB, I, 27, adapt.); I apysyk pabẽ sesé. - Todos gostaram delas. (Anch., Poesias, 259); 4) (xe) bastar a (compl. verbal no gerúndio): N'i apysyki xûépemo serobîasara o py'ape nhote serobîá? - Não bastaria ao crente acreditar nele em seu coração somente? (Bettendorff, Compêndio, 33) ● apysykaba - tempo, lugar, modo, causa, etc. de se consolar; consolo: Mba'epe asé apysykabamo a'ereme? - Qual é nosso consolo, então? (Ar., Cat., 92v)
'ar1 (ou 'a) (v. intr. compl. posp.) - nascer (de fêmea; complemento com a posp. suí): Oîeaparybyri a'ar. - Nasci com as pernas dobradas. (VLB, II, 46); Tupã Ta'yra o sy suí i 'ar'iré îudeus... i 'apira mondoki... - Após nascer Deus-Filho de sua mãe, os judeus cortaram seu prepúcio. (Ar., Cat., 3) ● 'araba (ou 'asaba) - tempo, lugar, modo, etc. de nascer, o nascimento: ...I 'aragûera îaîmoeté... - Comemoramos seu nascimento. (Ar., Cat., 6); Eîori, xe îarĩ gûé, ta sorybeté xe 'anga nde 'aragûera resé. - Vem, ó meu senhorzinho, para que esteja muito feliz minha alma por causa do teu nascimento. (Anch., Poemas, 130)
'ar2 (ou 'a) (v. intr.) - surgir; despontar (o dia): Na tenhẽ ruã 'areté marãtekoaba ri oîoparabamo 'ari îandébo... - Não foi à toa que os feriados surgiram para nós como um intercalação no trabalho. (Ar., Cat., 100); ...Tupã 'îaba îandé rubypy i mopore'ym'iré, te'õ 'ari sesé îandé resé béno... - Após não realizar nosso pai primeiro o que Deus havia dito, a morte surgiu nele e em nós também. (Ar., Cat., 155); 'Arangaturameté o'a îandébo kori. - Dia muito bom surgiu para nós hoje. (Anch., Poemas, 94) ● o'aba'e (ou o'aryba'e) - o que surge: N'aîkuabi ikó pytuna o'aba'erama pupé xe re'õnama... - Não sei se morrerei nesta noite que surgirá. (Ar., Cat., 76v)
araturé (s.) - variedade de camarão.... "Têm pequeno corpo e duas bocas como lacraus e a cabeça de cada um é tamanha como o corpo." (Sousa, Trat. Descr., 297)
'areteîoapyra (ou 'areteîoapyapyra) (s.) - festas religiosas; os oito dias que se seguem a elas (as oitavas) (VLB, I, 138); muitos dias santos juntos (VLB, II, 55)
aseoka (s.) - garganta, goela (Castilho, Nomes, 28): Aîaseó-kytĩ. - Cortei-lhe a garganta, degolei-o. (VLB, I, 92); Aîaseó-mondok. - Cortei-lhe a garganta. (VLB, I, 92); aseó-tininga - garganta seca; secura na garganta; Xe aseó-tining. - Eu tenho secura na garganta. (VLB, II, 114) ● aseó-kytã - nó da garganta (VLB, II, 50)
atá1 (s.) - caminhada: Iîabaíb-eté nhẽ rakó îasy putuneme, asé atá mysakanga... - São muito molestos, certamente, quando a lua está escura, os tropeços de nossa caminhada. (Anch., Doutr. Cristã, II, 79); Xe atá-pûan. - Eu tenho uma caminhada ligeira, ando depressa. (VLB, I, 35); atá-irũ - acompanhante de caminhada (VLB, II, 73)
aûaiûasu (s.) planta apocinácea que era usada como veneno pelos índios e também como ornato nas danças, por ter a casca duríssima e sonora, a modo de campainha (Piso, De Med. Bras. III, 175)
baîaku (ou maîaku) (s.) - BAIACU, BAIAGU, sapo-do-mar, nome comum a várias espécies de peixes teleósteos, plectógnatos, de mar ou de água doce, com escamas, espinhos ou placas ósseas no corpo, que inflam a barriga e têm carne venenosa (Sousa, Trat. Descr., 287)
eboûing (dem. adj.) - esse (es, a, as) (Fig., Arte, 85)
eseî (r, s) (adv.) - em frente de, diante de, à frente de (Anch., Arte, 41): E'am xe reseî. - Está diante de mim. (VLB, I, 92)
Gûaîupîá (ou Ûaîupîá) (s.) - GUAJUPIÁ, 1) nome de uma entidade sobrenatural; espírito dos pajés bons: Ererobîarype... Gûaîupîá moraseîa...? - Acreditas na dança do Guajupiá? (Anch., Doutr. Cristã, II, 83); 2) lugar para onde, na religião dos tupis, iriam as almas após a morte corporal, o qual se localiza além das montanhas e onde se encontrariam os antepassados dos índios (D'Abbeville, Histoire, 323)
gûararysy (s.) - variedade de rã. "É cousa espantosa o medo que dela têm os índios naturais, porque só de a ouvirem morrem." (Cardim, Trat. Terra e Gente do Brasil, 65)
îabakatĩ (s.) - JAGUACATIM, ave coraciforme da família dos alcedinídeos que vive à beira dos rios, andando pela água em busca de peixinhos de que se mantém. "Tem o bico comprido, o peito vermelho, a barriga branca, as costas azuis." (Sousa, Trat. Descr., 229)
îaborandy (ou îaborandyba) (s.) - JABORANDI, 1) nome comum a vários arbustos da família das rutáceas (Pilocarpus jaborandi Holmes, Pilocarpus pennatifolius Lem. e outras espécies); 2) espécies de plantas piperáceas dos gêneros Ottonia e Piper, a bétele (Piper eucalyptifolium Rudge) e a cutia (Piper tenue Kunth), a Ottonia anisum Spreng., a Ottonia propinqua Kunth, etc. (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 36; 69; Sousa, Trat. Descr., 209)
îabyru (s.) - JABURU, nome comum a certas aves ciconiformes da família dos ciconídeos, que habitam grandes rios, lagoas e regiões pantanosas (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 200; VLB, I, 151)
îagûara1 (ou îaûara) (s.) - 1) JAGUAR, onça, onça-pintada, carnívoro americano da família dos felídeos (Panthera onca), de cor amarelo-avermelhada, com manchas pretas simétricas, arredondadas ou irregulares, pelo corpo. É a fera mais terrível do continente americano, tomando grandes presas. É também conhecida no Brasil como JAGUARAPINIMA, JAGUARETÊ, canguçu, acanguçu: Îaûara ixé. - Eu sou uma onça. (Staden, Viagem, 109); Aîuká-ukar îagûara Pedro supé. - Fiz Pedro matar uma onça. (Fig. Arte, 146); 2) nome dado pelos índios ao cão (VLB, I, 65) [Nesta acepção pode ser acompanhado pelo termo eîmbaba (t) - criação, animal de criação, à diferença de quando o termo significa onça, que nunca se cria domesticamente.]: o apixara reîmbaba îagûara remimomosẽgûera - o que perseguiu o cão de seu próximo (Ar., Cat., 73); I mba'e-potar îagûara. - O cão é ávido (isto é, bom de caça, que quer tudo apanhar). (VLB, I, 62); Îagûara-p'ipó? - É este o cão? (Knivet, The Adm. Adv., 1208) ● îagûara'yra - filhote de cão (VLB, I, 62) (V. tb. îagûareté)
îaîbeĩé (ou îaîbeĩîé) (conj.) - conforme o pouco de, à medida do que havia de, conforme as forças ou as possibilidades de: Xe îaîbeĩé ixé seruri. - Trouxe-o conforme minhas forças (diria o que foi repreendido por não trazer um feixe de lenha todo de uma vez). (VLB, I, 79; II, 83); i îaîbeĩîé - à medida do que havia delas (VLB, I, 79)
îakarandá (s.) - JACARANDÁ, nome comum a algumas árvores da família das leguminosas, da subfamília papilionoídea, em que se destaca a Machaerium villosum Vogel, comum no Brasil e também conhecida como JACARANDÁ-PAULISTA. Outras espécies importantes são a Machaerium incorruptibile (Vell.) Benth. e a Machaerium legale (Vell.) Benth. (D'Abbeville, Histoire, 223; Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 136). "...É muito pesada e não se corrompe nunca sobre a terra, ainda que lhe dê o sol e a chuva, a qual tem muito bom cheiro." (Sousa, Trat. Descr., 221) ● îakarandá-apé - casca de jacarandá (Theat. Rer. Nat. Bras., II, 192)
îakaré (s.) - JACARÉ, nome comum a todos os répteis crocodilianos da família dos aligatorídeos (D'Abbeville, Histoire, 248v; Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 242; VLB, II, 17; Knivet, The Adm. Adv., 1239)
îaku (s.) - JACU, nome genérico de aves galiformes da família dos cracídeos. "...São umas aves a que os portugueses chamam galinhas-do-mato e são do tamanho de galinhas e pretas." (D'Abbeville, Histoire, 236v): -Esenõî gûyrá ixébe. -Îaku, mutũ, makukagûá, inambugûasu, inambu, pykasu... - Nomeia as aves para mim: -Jacu, mutum, macucaguá, inhambuguaçu, inambu, rola. (Léry, Histoire, 348)
îakûndá (s.) - JACUNDÁ, NHACUNDÁ, nome comum a várias espécies de peixes da família dos ciclídeos (D'Abbeville, Histoire, 247)
îakurutu (s.) - JACURUTU, INHACURUTU, ave estrigiforme da família dos estrigídeos, do grupo das corujas e dos mochos-orelhudos. Vive nos capões e nas matas. É a maior coruja da América. (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 199; VLB, I, 60)
iang (dem. adj.) - este (es, a, as); esse (es, a, as) (VLB, II, 15): Iang nde angaîpaba kuapa, anhandub Anhanga ratápe nde só potara... - Conhecendo esses teus pecados, sinto que tu queres ir para o fogo do diabo. (Ar., Cat., 112)
îarakatîá (s.) - JARACATIÁ, nome comum a várias plantas da família das caricáceas, como, por exemplo, a espécie Jaracatiá spinosa (Aubl.) A. DC, árvore muito larga na parte superior, que produz um suco cáustico usado como vermífugo, de frutos pequenos e sem préstimo, conhecida também como mamoeiro-do-mato (D'Abbeville, Histoire, 218v; Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 128-129)
îararaka (s.) - JARARACA, designação comum a vários répteis ofídios da família dos crotalídeos, gênero Bothrops Wagl., dentre os quais a espécie Bothrops jararaca (Cardim, Trat. Terra e Gente do Brasil, 32; VLB, I, 76; Knivet, The Adm. Adv., 1211)
îata'yba (s.) - JATAÍ, JATAÍBA, JUTAÍ, JATOBÁ, nome que designa várias espécies de árvores leguminosas-cesalpinoídeas do gênero Hymenaea L., entre as quais a espécie Hymenaea courbaril L., muito alta, de flores amarelas, que oferece vagens compridas e largas, onde há duas ou três nozes redondas e achatadas, contendo um caroço coberto de polpa comestível. É também chamada árvore-copal, ITAÍBA, JAÇAÍ, JATIBÁ, JETAÍ, JETAÚVA, pão-de-ló-de-mico. (D'Abbeville, Histoire, 225v; Brandão, Diálogos, 171; Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 101)
îa'urekaka (s.) - MARITACACA, marita-fede, nome comum a várias espécies de pequenos mamíferos carnívoros da família dos mustelídeos, do gênero Conepatus (dos quais a mais comum é a Conepatus semistriatus), que exalam cheiro terrível que impregna tudo em seu redor. (Sousa, Trat. Descr., 248). É também chamada JAGUACACACA, IRITATACA, MARATATACA JAGUARITACA, JARATATACA, JARITACACA, JERITATACA.
îeaŷbyk (ou îaŷbyk) (v. intr.) - abaixar-se (VLB, I, 17); baixar a cabeça: Oîeaŷbyk ogûasem-asemamo... - Baixou a cabeça, ficando a gritar. (Ar., Cat., 63v); Na pe andubi... Peîaŷbyk. - Não vos perceberam. Abaixai-vos. (Anch., Teatro, 66)
îosuí (forma refl. ou recípr. da posp. suí): 1) de si mesmo(s), do(s) próprio(s): Nde îosuí nde mba'e resé abá mondarõ nde i potare'yma îabé, teumẽ abá mba'e resé é mondarõmo... - Assim como tu não queres que alguém furte de ti tuas coisas, guarda-te de furtar as coisas de alguém. (Ar., Cat., 107v); 2) um do outro, uns dos outros: Oîabyetépe omendaryba'e Tupã nhe'enga o îosuí omondarõmo? - Transgridem muito a palavra de Deus os que se casam, sendo traidores um do outro? (Ar., Cat., 94v); ...I kanga îepotasaba pe'abo o îosuí. - As juntas de seus ossos afastando umas das outras. (Ar., Cat., 62v). (A forma o îosuí pode ser usada também com a 1ª e a 2ª pessoas.): Îaîepe'a o îosuí (ou também Îaîepe'a îandé îosuí.) - Afastamo-nos uns dos outros. (Anch., Arte, 16)
îoupé (forma refl. ou recípr. da posp. supé): 1) para (o suj.), para si mesmo, a si próprio, para junto de si mesmo: Pe îoupé seîké potá, peîtyk pe angaîpaba... - Querendo que ele entre para junto de vós mesmos, lançai fora vossas maldades. (Ar., Cat., 5); I nhyrõ nhẽpemo Îandé Îara i xupé "nde nhyrõ ixébe" o îoupé i 'erememo? - Perdoar-lhe-ia Nosso Senhor se ele lhe dissesse "-perdoa tu a mim"? (Ar., Cat., 58); Marãngatupe abá rekóû o mondarõ o îoupé Tupã nhyrõ motá? - Como um homem procede querendo a si o perdão de Deus de seu furto? (Ar., Cat. 73); 2) um(s) para o(s) outro(s), um(s) diante do(s) outro(s), um(s) com o(s) outro(s): I îukasarama oîmoîa'ok o îoupé. - Seus matadores repartiram-nas uns com os outros. (Ar., Cat., 62) ● o îoupé-upé - uns aos outros (sendo muitos) (VLB, I, 154)
iûapekanga (s.) - JAPECANGA, salsaparrilha, nome comum a plantas da família das esmilacáceas, do gênero Smilax (Similax papyracea Poir., Similax officinalis Kunth, etc.) (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 10-11)
îu'igûara'i-gûara'i (s.) - variedade de rã pequena. "...No inverno, quando há de fazer sol e bom tempo, cantam toda a noite no alagadiço, onde se criam.... São verdes..., também esfoladas se comem e são muito boas." (Sousa, Trat. Descr., 265)
îupuîuba (s.) - JAPUJUBA, designação comum a várias aves passeriformes da família dos icterídeos, que têm a cauda longa e amarela e o bico forte, igualmente amarelo (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 193)
îusana (s.) - laço, JUÇANA*: Ekûãî moxy mbo'a îandé îusana pupé! - Vai para fazer cair os malditos em nosso laço! (Anch., Teatro, 20); Îusana abŷare'yma nhẽ serã tentação...? - Porventura a tentação é algo semelhante a uma juçana? (Anch., Diál. da Fé, 232) ● îusã-moín - armar laços: Aîusã-moín. - Armei os laços. (VLB, I, 41); îusana-mbyrara - laço, armadilha para apanhar pássaros pelos pés, JUÇANA-BIPIIARA (Nieuhof, Ged. Reize, 218-219); îusana-îurara - laço, armadilha para apanhar pássaros pelo pescoço, JUÇANA-JURIPIIARA (Nieuhof, Ged. Reize, 218-219); îusana-pytereba - laço, armadilha para apanhar pássaros pelo meio do corpo, JUÇANA-PITEREBA (Vasconcelos, Crônica [Not.], §123, 99)
ka'aroba (ou karoba) (etim. - folha amarga) (s.) - CAROBA, jacarandá-preto ou barbatimão, designação comum a várias árvores pequenas, da família das bignoniáceas, do gênero Jacaranda, de propriedades medicinais (Cardim, Trat. Terra e Gente do Brasil, 42; Piso, De Med. Bras., IV, 185)
kakuab2 (ou kakugûab) (v. intr.) - conduzir-se bem, ter vida direita (a mulher): N'akakuabi. - Não tenho vida direita (isto é, sou uma prostituta). (VLB, II, 27)
kakuabe'yma (ou kakugûabe'yma) (etim. - a que não se conduz bem) (s.) - prostituta (VLB, II, 90); mulher ruim (VLB, II, 27)
kamará (s.) - CAMARÁ, CAMBARÁ, nome genérico de plantas verbenáceas do gênero Lantana, dentre as quais se destaca a espécie Lantana camara L., amplamente disseminada no Brasil. O nome aplica-se também, embora mais raramente, a plantas do gênero Lippia. Tais plantas são também conhecidas como CAMARÁ-DE-CHEIRO, CAMARÁ-DE-ESPINHO, etc. (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 5; Piso, De Med. Bras., 191; Brandão, Diálogos, 171)
kanapu (s.) - CANAPU, planta da família das solanáceas. Erva parecida à erva-moura, que "dá uma fruta como bagos de uvas brancas coradas do sol e moles". (Sousa, Trat. Descr., 199)
kanhem (ou kanhẽ) (v. intr.) - 1) sumir, desaparecer, perder-se (inclusive da vista ou da memória, falando-se do que caminha ou parte): Kûeîsé, rakó, amõ kanhemi... - Ontem, é verdade que alguns sumiram. (Anch., Teatro, 12); Okanhem ygara xe suí. - Sumiu a canoa de mim (isto é, de minha vista). (VLB, II, 72); ...T'okanhẽ pe rekopûera... - Que desapareça vossa lei antiga. (Anch., Teatro, 54); Akanhẽ-kanhem. - Andei sumido. (VLB, I, 48); 2) perecer, morrer: ...Akanhem kó ixé re'a... - Eis que agora eu pereço. (Ar., Cat., 156) ● okanhemyba'e (ou okanhemba'e) - o que some, o que desaparece, o que perece (VLB, II, 73): Xe ra'yrĩ gûé, tesaraîtabamo okanhemba'epûera rekó resé nde ma'enduar. - Ó meu filhinho, lembra-te de que os que pereceram são objeto de esquecimento. (Ar., Cat., 157v-158); kanhembara - fugitivo, o que foge (Anch., Arte, 31); i kanhembyra - o que é perdido, sumido: Kó santo o mongetasara oîmoîekosub i mba'e i kanhembyra... - Este santo faz aquele que roga a ele alcançar suas coisas sumidas. (Ar., Cat., 6); kanhembaba - tempo, lugar, causa, modo, etc. de desaparecer, de sumir; desaparecimento, sumiço: ...Tupã nhe'enga abŷagûera rakypûera kanhemagûama resé. - Para o desaparecimento dos vestígios da transgressão da palavra de Deus. (Ar., Cat., 91-91v); kanhembora - o fugidor, o que costuma fugir, o fujão (Anch., Arte, 15); kanhemixûera - fujão: Xe kanhemixûer. - Eu sou fujão. (VLB, I, 144)
kanindé (s.) - CANINDÉ, ave da família dos psitacídeos, de cor predominantemente azul, parecida à arara, e também chamado arari, ARARA-CANINDÉ, etc. (D'Abbeville, Histoire, 234; Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 270) "...Os índios os tomam novos nos ninhos para se criarem nas casas porque falam e gritam muito com voz alta e grossa." (Sousa, Trat. Descr., 228): To! Anhẽ, mba'epe ké kanindé-oby îasûara? - Oh! Que há aqui, na verdade, semelhante a um canindé azul? (Anch., Teatro, 62)
kapibara (ou kapi'ibara ou kapi'iûara) (etim. - comedor de capim) (s.) - CAPIVARA, carpincho, o maior roedor do mundo, que pode atingir mais de 50 quilos. Pertence à família dos hidroquerídeos (Hydrochoerus hydrochoeris L.), da América do Sul oriental. Vive à beira dos rios, nos brejos, nas lagoas, sendo grande nadadora, habitando também perto de matas ou cerrados. Sai geralmente à noite, vivendo sempre em bandos. (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 230)
karagûatá (ou karaûatá ou karûatá) (s.) - 1) CARAGUATÁ, CRAGUATÁ, GRAVATÁ, nome comum a várias plantas bromeliáceas, de diversos gêneros. A mais conhecida delas, a Bromelia antiacantha Bertol., tem folhas compridas, grossas e espinhosas, com frutos muito amarelos, arredondados, do tamanho de pêssegos, dispostos em forma piramidal. São também chamadas CARUATÁ, COROÁ, CRAUAÇU, CARUATÁ-DE-PAU, COROÁ-VERDADEIRO, GRAGUATÁ, CRAUATÁ, CURUATÁ, etc. "...Dá grande cópia de linho fino e assaz proveitoso." (Brandão, Diálogos, 203); 2) erva-babosa, aloés, liliáceas do gênero africano Aloe, introduzidas no Brasil; 3) licor fabricado com o suco dessas plantas (D'Abbeville, Histoire, 228; Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 37)
karaíba1 (s.) - CARAÍBA, profeta indígena que ia de aldeia em aldeia, anunciando a Terra sem Mal (Léry, Histoire, 396, 1994; Thevet, Les Sing. de la France Antart., 52v)
karaku (s.) - pasta ou suco produzidos pela mastigação de raízes picadas de aipim-macaxeira, que eram depois cuspidos em vasilha para a fabricação de cauim (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 272; Nieuhof, Mem. Viag., 305)
karamuru (s.) - CARAMURU, nome comum a certos peixes da família dos murenídeos, também chamados lampréia, enguia, miroró, moréia, mororó, tororó. (D'Abbeville, Histoire, 246; VLB, II, 18; VLB, II, 42). "Há muitos homens aleijados de suas mordeduras, de lhes apodrecerem as mãos ou pernas onde foram mordidos." (Cardim, Trat. Terra e Gente do Brasil, 56)
karana'yba1 (s.) - CARNAÚBA, CARANAÍBA, CARANDÁ, 1) nome comum a palmeiras do Norte do Brasil, dentre as quais a Copernicia prunifera (Mill.) H.E. Moore, especificamente distinta da espécie Copernicia alba Morong ex Morong & Britton, encontrada no Mato Grosso e regiões limítrofes; 2) cera extraída da folha dessa palmeira, de muitas utilidades (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 130; Piso, De Med. Bras.,IV,181)
karuka (s.) - tarde, entardecer, CARUCA: Tiá nde karuka! - Boa tarde! (D'Evreux, Viagem, 246) ● karukeme - à tarde (Fig., Arte, 128): Marãpe asé rekóû karukeme, o ker-y îanondé? - Como a gente faz à tarde, antes de dormir? (Ar., Cat., 74v); karukĩneme - ao entardecer (VLB, I, 36)
ka'uba (s.) - CAÚBA, "árvore semelhante à macieira, com folhas parecidas, porém um pouco mais largas. A flor é amarela e vermelha e o fruto do tamanho mais ou menos de uma laranja e de gosto quase igual, com pevides." (D'Abbeville, Histoire, 220)
kity (s.) - pau-de-sabão, planta sapindácea (Sapindus saponaria L.). "A polpa... acha-se rodeada de uma cutícula mole e glutinosa, fazendo as vezes de sabão porque também produz espuma." (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 113)
2 (s.) - lavoura, roça (VLB, II, 19); campo semeado (VLB, I, 65): Aîur xe kó suí. - Venho da minha roça. (Fig., Arte, 9); Pedro o kópe sekóû. - Pedro está na sua roça. (Fig., Arte, 81); Aîkó-monhang xe ruba. - Faço a roça de meu pai. (Fig., Arte, 87); Asó xe ruba pyri kópe, nhũ rupi. - Vou para junto de meu pai à roça, pelo campo. (Fig., Arte, 7); Eremondarõpe nde rapixaba kópe? - Furtaste na roça de teu próximo? (Anch., Doutr. Cristã, II, 98); Aîkó-me'eng Pedro. - Dou roça a Pedro. (Anch., Arte, 33); (adj.) - roceiro; (xe) ter roça: Xe kó. - Eu tenho roça. (Fig., Arte, 67) ● kopûera - roçado antigo, onde o mato cresceu de novo (VLB, II, 33)
NOTA - COIVARA passou a ter, no P.B., mais sentidos: 1) restos ou pilha de ramagens não atingidas pela queimada, na roça à qual se deitou fogo, e que se juntam para serem incineradas a fim de limpar o terreno e adubá-lo com as cinzas, para uma lavoura; 2) (MA) galhadas e troncos de árvores derrubados pelas cheias e que descem rio abaixo (in Novo Dicion. Aurélio).
kuakumandyba (s.) - raiz silvestre semelhante à mandioca (Piso, De Med. Bras. IV, 177)
kûeî (dem. adj.) - aquele (es, a, as); esse (es, a, as) (VLB, I, 39)
kunapu (s.) - CANAPU, CANAPU-GUAÇU, peixe da família dos serranídeos. São "peixes a que chamam, em Portugal, meros, os quais são muito grandes". (Sousa, Trat. Descr., 281) Pode atingir até 3 metros de comprimento: ...kunapu rekyî-etébo... - pescando bem os canapus (Anch., Poemas, 152)
kupîá (s.) - variedade de formiga, de cor castanha, com tenazes que se salientam à maneira de dentes. A secção anterior do corpo tem o tamanho de um grão de ervilha. Num certo tempo adquire quatro asas. (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 253)
makukagûá (ou makukaûá) (s.) - MACUCAGUÁ, MACAGUÁ, MACUCAU, MACUCAUÁ, ave da família dos tinamídeos, muito comum no passado em várias partes do Brasil. É parecida à perdiz. (Cardim, Trat. Terra e Gente do Brasil, 37): -Esenõî gûyrá ixébe. -Îaku, mutũ, makukagûá... -Nomeia as aves para mim. -Jacu, mutum, macucaguá. (Léry, Histoire, 348)
mandi'ĩ (s.) - MANDIM, MANDI, nome comum a diversos peixes de rio, da família dos pimelodídeos (VLB, I, 50)
mandi'opuba (ou mani'opuba) (etim. - mandioca mole) (s.) - mandioca macerada e amolecida em água pelo espaço de quatro a cinco dias (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 67)
mandubé (s.) - MANDUBÉ, MANDUBI, MANDUVÁ, nome comum a certos peixes da família dos ageniosídeos (D'Abbeville, Histoire, 247)
mandyba1 (s.) - "árvore grande que dá fruto do mesmo nome, tamanho como cerejas, de cor vermelha e muito doce; come-se como sorva, lançando-lhe o caroço fora e uma pevide que tem dentro, que é a sua semente" (Sousa, Trat. Descr., 194)
mangará (s.) - MANGARÁ, nome comum a diversas espécies de plantas aráceas com tubérculos comestíveis (Cardim, Trat. Terra e Gente do Brasil, 47). "...Quando se colhem, arrancam-nos debaixo da terra em touças... e tiram-se de cada pé duzentos e trezentos juntos." (Sousa, Trat. Descr., 181)
mani'oka (ou mandi'oka) (s.) - MANDIOCA, MANDIOCA-MANSA, nome comum a plantas leitosas da família das euforbiáceas, entre as quais a Manihot esculenta Crantz, cujos tubérculos são muito usados para a alimentação. Existem espécies venenosas, usadas para se fazer farinha. É também chamada aipim, macaxeira, MANDIOCA-DOCE, maniva, pão-de-pobre, etc.
mani'okaba (s.) - variedade de mandioca utilizada pelos índios para a preparação de papas e uma bebida chamada karaku (v.) (D'Abbeville, Histoire, 230)
mani'yba (ou mandi'yba) (etim. - pé de mani) (s.) - MANIBA, MANIVA, outro nome para a variedade de mandioca Manihot esculenta Crantz (D'Abbeville, Histoire, 229v; Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 65)
maraîa'yba (s.) - MARAJÁ, MARAJAÍBA, nome de várias palmeiras do gênero Bactris, entre as quais a Bactris setosa Mart., também chamada coco-de-natal, jacum, tucum-amarelo, etc. (VLB, II, 63)
marana2 (ou marã) (s.) - guerra, batalha: ...Îandé maranirũ, îandé abaîtéba... - Nossa companheira de guerras, causa de nossa bravura. (Anch., Poemas, 88); Oîkuá-katu marana... - Conhece bem as guerras. (Anch., Teatro, 138); Eteumẽ kori marana rerekóbo xe resé. - Guarda-te, hoje, de ter guerra comigo. (Anch., Poemas, 150); Ta peapysyketé irã marana pab'iré. - Haveis de vos consolar muito futuramente, após acabar a batalha. (Ar., Cat., 169-170); Aîkó marana ri. - Estou em guerra. (VLB, I, 152); Asepîak, erimba'e, Gûaîxará maranusu. - Vi, outrora, a grande batalha de Gûaîxará. (Anch., Teatro, 18) ● maranaba - tempo, modo, lugar, etc. de guerra, de batalha: N'opytáî amõ abá maranápe. - Não ficou ninguém no lugar da batalha. (Anch., Teatro, 20)
marigûi1 (ou maringûĩ) (s.) - MARUIM, MARIGUI, MERUÍ, BIRIGUI, BARIGUI, nome comum a insetos da família dos ceratopogonídeos. As fêmeas são hematófagas. Picam o homem e os animais domésticos, produzindo violenta comichão e inchando a pele. É também chamado MERUIM, MARINGUIM, MIRUIM, MURUIM, mosquito-do-mangue, etc. (D'Abbeville, Histoire, 255; Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 257; VLB, II, 43): - Xe su'umo marigûi... - Picar-me-ia o marigui... (Anch., Teatro, 62)
matu'ĩtu'ĩ (s.) - MATUIM, MUTUÍ, BATOVI, BATUÍRA, nome comum a certas aves do continente americano, que vivem nas praias e margens de rios (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 217)
mba'e?1 (ou ma'e?) (interr.) - 1) quê? que coisa?: Mba'e-tepe peseká kó xe retama pupé? - Mas que procurais nesta minha terra? (Anch., Teatro, 28); Mba'epe ké tuî...? - Que está deitado aqui? (Anch., Teatro, 42); ...Mba'epe ké kanindé-oby îasûara? - Que há aqui semelhante a um canindé azul? (Anch., Teatro, 62); Mba'epe te'õ? - Que é a morte? (Ar., Cat., 43v); Mba'e-takó? - Que era, mesmo, aquilo? (como quem se esquece do que passou) (VLB, II, 92); Mba'e-pipó? - Quê? Que é? (respondendo ao que chamou) (VLB, II, 92); 2) qual? que...?, qual coisa?: Mba'e abépe asé 'anga remi'u? - Qual é também o alimento de nossa alma? (Ar., Cat., 28); Mba'e apŷabap'aîpó? - Que índios são esses? (Anch., Teatro, 142, 2006) ● mba'e-mba'e? - que? (referindo-se a mais de um), que coisas?: Mba'e-mba'epe Anhanga oîpotar? - Que coisas quer o diabo? (Ar., Cat., 27v); mba'e? (ou mba'epe? ou mba'ehẽ? ou mba'e-pipó?) - Quê? Que dizes? (como quem não entendeu bem o que se disse) (VLB, II, 91); mba'e-embiarĩ-pakó? - que coisa é? qual é a coisa? (em adivinhação): Mba'e-embiarĩ-pakó og ubixaba robá resé opûá-opûar? - Que coisa é que fica batendo no rosto de seu próprio chefe? (VLB, II, 92); mba'e-tepe? - não é mesmo? (isto é, verás que te digo a verdade) (VLB, II, 55)
mba'e2 (ou ma'e) (pron.) - 1) (na afirm.) algo: Apokok mba'e resé. - Dou combate a algo. (Fig., Arte, 124); 2) (na neg.) nada: ...Kûesé bé mba'e n'a'uî. - Desde ontem não como nada. (Anch., Poemas, 150); ...N'aîkuakubi mba'e... - Não omiti nada. (Anch., Teatro, 176, 2006) (Pode também ser usado com amõ, com os mesmos sentidos): 1) (na afirm.) algo (VLB, I, 31): Oîporarápe mba'e amõ a'epe oîkóbone? - Sofrerão algo estando ali? (Ar., Cat., 48); 2) (na neg.) nada: Nd'oîkóî mba'e amõ sekoabe'yma. - Não há nada em que ele não esteja. (Bettendorff, Compêndio, 40); ...N'oîkotebẽî ma'e amõ resé. - Não se afligem por nada. (Ar., Cat., 167)
mba'e3 (ou ma'e) (s.) - 1) coisa: O mba'e, nipó, asé o py'a pupé saûsubi. - Suas próprias coisas, na verdade, a gente ama em seu coração. (Anch., Teatro, 28); Mba'e-eté ka'ugûasu... - Coisa muito boa é uma grande bebedeira. (Anch., Teatro, 6); 2) bens, riqueza, haveres, mercadoria, objeto, tudo o que pertence a alguém: Kó abá semirekó abé opá o mba'e mombabi... - Esse homem e sua esposa também fizeram acabar todas as suas riquezas... (Ar., Cat., 7); Aîpó abá ma'e îara îandébe. - Esses homens são os que portam riquezas para nós. (Léry, Histoire, 355); A'epe n'oerekóî pe rubixaba ma'e? - E vosso rei não tem riquezas? (Léry, Histoire, 362); 3) animal, bicho, ser inferior: mba'e-kagûera - gordura de animal (VLB, I, 117); 4) termo usado para chamar alguém de forma depreciativa ou vulgar: Mba'e-embegûasu! - Coisa beiçuda! (VLB, I, 54); Mba'e-mondá! - ladrão! (lit., coisa que rouba); Mba'e-poru! - Comedor de carne humana! (Anch., Arte, 32); Mba'e-u'uma...! - Coisa enlameada! (Anch., Teatro, 44); (adj.) - rico, (xe) ter bens: Xe mba'e. - Eu tenho bens. (VLB, I, 54) ● i mba'eba'e - o que tem coisas, o que é rico: I mba'eba'e ixé. - Eu sou o que é rico. (VLB, II, 105)
miaratakaka (s.) - MARITACACA, marita-fede, nome comum a várias espécies de pequenos mamíferos carnívoros da família dos mustelídeos, do gênero Conepatus (dos quais a mais comum é a Conepatus semistriatus), que exalam cheiro terrível que impregna tudo em seu redor. (Sousa, Trat. Descr., 248). É também chamada JAGUACACACA, JAGUARITACA, JARATATACA, JARITACACA, JERITATACA, IRITATACA, MARATATACA.
muresipetinga (s.) - variedade de MURICI, nome comum a várias árvores e arbustos (v. murisi) (Piso, De Med. Bras. IV, 187)
murukuîá (s.) - MARACUJÁ, 1) nome comum a várias plantas da família das passifloráceas, gênero Passiflora; 2) o fruto de tais plantas (D'Abbeville, Histoire, 183; Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 71; Piso, De Med. Bras., IV, 197-198)
nhakuundá (s.) - JACUNDÁ, nome comum a certos peixes da família dos ciclídeos, dos mais lindos das nossas águas doces (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 171)
nhamby (ou îamby) (s.) - NHAMBI, planta da família das umbelíferas, Eryngium foetidum L. É também chamada coentro-do-pará, coentrão, coentro-caboclo ou coentro-do-maranhão. "...Parece na folha com coentro, e queima como mastruços, a qual os comem índios e os mestiços crua, e temperam as panelas dos seus manjares com ela, de quem é mui estimada." (Sousa, Trat. Descr., 200). Era "remédio para os doentes de fígado e pedra". (Cardim, Trat. Terra e Gente do Brasil, 47)
nhatiman (ou îatiman) (v. intr.) - andar à roda, andar em círculos, rodar (não no chão, como uma roda de carroça, mas como a roda do engenho, a roda de mão, roda de algodão, etc.) (VLB, I, 35); fazer voltas, descrever círculo (p.ex., o caminho) (VLB, II, 147)
nhe'engixûera (s.) - tagarela, falador, parola: Aîuru-mopen nhe'engixûera. - Quebro a boca de um tagarela. (Fig., Arte, 88); (adj.: nhe'engixûer) - falador, tagarela; paroleiro; (xe) papear: Xe nhe'engixûer. - Eu sou falador. (VLB, I, 133); abá-nhe'engixûera - pessoa paroleira (VLB, II, 66); Xe nhe'engixûer gûitekóbo. - Eu vivo papeando. (VLB, II, 64)
paka (s.) - PACA, nome comum de mamíferos roedores da família dos cuniculídeos, que aparecem em todo o Brasil, entre os quais a espécie Cuniculus paca L. (D'Abbeville, Histoire, 96v; Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 224; Léry, Histoire, 347-348)
pakoseroka (s.) - PACO-SEROCA, cardamomo-da-terra, nome comum a várias espécies de plantas da família das zingiberáceas, principalmente a Renealmia brasiliensis K. Schum (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 48)
parapara'yba (s.) - PARAPARÁ, nome comum a plantas de diferentes famílias: a Jacarandá copaia (Aubl.) D. Don, da família das bignoniáceas, a Schefflera morototoni (Aubl.) Maguire, Steyerm. & Frodin, das araliáceas, e a Cordia tetrandra L., da família das borragináceas (Sousa, Trat. Descr., 219)
parati2 (s.) - variedade de mandioca, comestível a partir de oito meses de plantio, apta para cultivo em terras fracas e de areia; o mesmo que mandi'yparati (v.) (Sousa, Trat. Descr., 173)
NOTA - PICUÁ, no P.B., tem, ainda, outros significados: 1) saco de lona ou de algodão para levar roupa ou comida; 2) peça cilíndrica e oca, para guardar diamantes, feita de um gomo de taquara, de chifre, de osso ou doutra substância, e fechada à rolha na extremidade aberta (in Novo Dicion. Aurélio).
1 (forma braquissêmica da posposição supé [v.], com os mesmos sentidos desta) - a, para, junto de, em busca de, etc.: Miapé tekobé îara Tupã raûsupara pé. - Pão que porta a vida para os amigos de Deus. (Valente, Cantigas, VIII, in Ar. Cat., 1618); Peîkoeté pe robaîara pé. - Sede corajosos junto de vosso inimigo. (Ar., Cat., 89); Aîme'eng xe ruba pé. - Dei-o a meu pai. (Anch., Arte, 42); Asó xe ruba pé. - Vou em busca de meu pai (isto é, por meu pai). (Anch., Arte, 42); Oré ma'e îara ahẽ pé. - Nós somos portadores de riquezas para ele. (Léry, Histoire, 362)
4 (s.) - casco, escama (p.ex., de peixe, de cobra, etc.), casca (p.ex., de madeira, de ferida, etc.): Aîpé-'ok. - Arranquei-lhe a casca (fal. de árvore ou madeira). (VLB, I, 97); (adj.) - cascudo; (xe) ter casca, ter casco: Xe pé-bur. - Eu tenho casca (de ferida) erguida. (VLB, I, 60) ● i peba'e - o que tem casca, escamas; o escamoso (VLB, I, 122)
potĩ (s.) - camarão, POTI, nome comum a crustáceos decápodes, peneídeos, macruros, sejam de água doce, sejam de água salgada (Sousa, Trat. Descr., 303; VLB, I, 64; Lisboa, Hist. Anim. e Árv. do Maranhão, fl. 169v)
pyryb2 (forma nasal: mbyryb) (adv.) - tirante a, com um ar de, como que: Gûyrá pepóbo pyryb. - Como que em asas de pássaro. (VLB, II, 17); pyrã-mbyryb - tirante a vermelho (VLB, II, 128)
sa'i (s.) - SAÍ, nome comum a vários pássaros das famílias dos cerebídeos e dos traupídeos (Soares, Coisas Not. Bras. [ms .c] 1328-1331)
sakûaritá (s.) - SACURITÁ, SAGUARITÁ, caramujo, nome comum a crustáceos da família dos pagurídeos, que vivem em conchas de moluscos, mudando de habitação conforme crescem (VLB, I, 66)
sapé (s.) - SAPÉ, SAPÊ, JUÇAPÉ, nome comum a plantas gramíneas do gênero Imperata (I. brasiliensis Trin. e Imperata contracta (Kunth) Hitchc.), esta última conhecida como SAPÊ-MACHO. Suas folhas são muito utilizadas para a cobertura de habitações rústicas. Cresce em terrenos pobres e é mal aceito pelo gado como alimento. (Piso, De Med. Bras., IV, 194)
sarakura (s.) - SARACURA, nome comum a certas aves gruiformes da família dos ralídeos (Cardim, Trat. Terra e Gente do Brasil, 62)
sarapó (s.) - SARAPÓ, SARAPÓ-TUVIRA, CARAPÓ, nome comum a peixes de água-doce, da família dos gimnotídeos, que aparecem em todo o Brasil. Produz pequenas descargas elétricas. (D'Abbeville, Histoire, 247v; Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 170; VLB, II, 12): sarapó 'y - rio dos sarapós (Léry, Histoire, 349)
sarigûeîa (ou sarigûé) (s.) - SARIGUEIA, SARIGUÊ, SARUÊ, SAURÊ, gambá, nome comum a mamíferos marsupiais da família dos didelfídeos, do gênero Didelphis L., que aparecem em quase toda a América. São placentários, tendo a fêmea uma bolsa marsupial em que amamenta e protege seus filhotes que aí permanecem durante algum tempo. São onívoros e de vida noturna. (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 222): Erĩ, sarigûeîa é! - Irra, gambá! (Anch., Teatro, 42)
sebitu (s.) - SABITU, IÇABITU, CABITU, SAVITU, BITU, VITU, nome comum a certas formigas, insetos himenópteros formicídeos do gênero Atta, do sexo masculino, dotados de asas (VLB, I, 142)
sema (s.) - saída: -Mba'epe te'õ? -Asé reté suí asé 'anga sema. -Que é a morte? -A saída de nossa alma de nosso corpo. (Ar., Cat., 43v)
NOTA - CERNAMBI ou SARNAMBI, no Pará, podem ser sinônimos de SAMBAQUI, acúmulo de conchas, restos de cozinha e cerâmica feito por tribos que habitaram a costa em épocas pré-históricas. Daí, também, o nome do peixe carangídeo CERNAMBIGUARA ("comedor de cernambis").
tagûá (s.) - TAUÁ, TAGUÁ, 1) barro amarelo com que se dá cor à louça (VLB, I, 52); 2) barro vermelho (Fig., Arte, 77)
taîá (s.) - TAIÁ, 1) nome comum a várias plantas da família das aráceas, que possuem raízes comestíveis "as quais se comem cozidas na água, mas sempre ficam tesas" (Sousa, Trat. Descr., 181); 2) a raiz dessas plantas (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 35)
taîaoba1 (ou taîoba) (etim. - taiá folhudo) (s.) - TAIOBA, TAIOVA, 1) nome comum a plantas herbáceas alimentícias tropicais da família das aráceas, como, por exemplo, a Xanthosoma sagittifolium (L.) Schott (também chamada arão, aro, jarro, etc.) e a Colocasia esculenta (L.) Schott (taioba-de-são-tomé); 2) as folhas dessas plantas, comidas como couve (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 35; Brandão, Diálogos, 198); 3) couve (Fig., Arte, 77)
taîyby (s.) - sarigué macho, que não tem a bolsa marsupial de que a fêmea é dotada (v. sarigûeîa) (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 223)
takurandá (s.) - TARACUÁ, TACUÁ, TRACUÁ, TRAGUÁ, nome comum a certas formigas que fazem formigueiros nas árvores e que, ao serem tocadas, fazem barulho característico de sopro forte e prolongado (Sousa, Trat. Descr., 239)
tamarutaka (ou tamburutaka) (s.) - TAMARUTACA, TAMBURUTACA, nome comum a algumas espécies de crustáceos marinhos carnívoros, parecidos à lagosta, com patas anteriores preênseis: Eîori, mba'enem, mba'e-poxy..., tamarutaka! - Vem, coisa fedorenta, coisa nojenta, tamarutaca! (Anch., Teatro, 44)
tamûatá (s.) - TAMUATÁ, TAMBUATÁ, CAMOATÁ, TAMBOATÁ, nome comum a certos peixes da família dos caliquitídeos (D'Abbeville, Histoire, 247v; Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 151; Gândavo, Hist., VIII, fl. 28v-29)
tamũîa1 (ou tamuîa ou tamỹîa) (etim. - os avós) (s. etnôn.) - TAMOIO, nação indígena que habitava a Baía da Guanabara e o Vale do Paraíba (Cardim, Trat. Terra e Gente do Brasil, 122): ...Xe tamũîusu Aîmbiré... - Eu sou o grande tamoio Aimbirê. (Anch., Teatro, 28); São Sebastião... tamũîa, kyre'ymbagûera, omombab erimba'e... - São Sebastião destruiu os tamoios, os valentes. (Anch., Teatro, 52)
tangará (s.) - TANGARÁ, ATANGARÁ, nome comum a certos pássaros da família dos piprídeos (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 214)
tapeti1 (ou tapiti) (s.) - TAPITI, coelho-do-mato, nome comum a roedores leporídeos americanos (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 223; VLB, I, 76; Léry, Histoire, 347-348)
tapeti2 (ou tapiti) (s.) - TIPITI, cilindro feito de folha de palmeira, usado pelos índios para espremer a massa da mandioca ralada (Piso, De Med. Bras. IV, 177) (o mesmo que tepiti - v.)
tapiuîa (s.) - TAPIÚ, TAPIÚJA, nome comum a certos insetos himenópteros da família dos vespídeos. São vespas sociais muito temidas. "...São grandes e criam em ninhos que fazem nas pontas dos ramos das árvores, com barro." (Sousa, Trat. Descr., 240)
tapuîa1 (ou tapyîa) (s.) - 1) choupana (Fig., Arte, 76); choça: Aîtapuî-mongaturõ xe sy. - Arrumo a choupana à minha mãe. (Fig., Arte, 88); 2) ramada, latada, cobertura de plantas para abrigo contra o calor ou contra as chuvas (VLB, II, 96)
tapyîtinga (ou tapuîtĩ) (etim. - tapuia branco) (s.) - 1) alcunha dada pelos tupinambás do Maranhão aos ingleses e a outros europeus inimigos dos franceses e daqueles índios (D'Abbeville, Histoire, 298): Tapuîtĩ i poxy, sekate'ỹngatupabẽ. - O tapuia branco é mau; ele é muito avaro. (D'Abbevile, Histoire, L); 2) indiano: Ké suí serã i asabi India tapyîtinga retãme. - Daqui, certamente, passou para a Índia, terra dos indianos. (Ar., Cat., 9v)
tatu (s.) - TATU, nome comum a mamíferos desdentados da família dos dasipodídeos, com muitos gêneros e espécies diferentes. Têm o corpo coberto por uma couraça, formada por placas justapostas. Vivem em galerias abertas no chão. Têm de 4 a 6 filhotes em cada ninhada, em que todos eles têm o mesmo sexo. Têm hábitos noturnos. (D'Abbeville, Histoire, 96v; Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 231; Cardim, Trat. Terra e Gente do Brasil, 28)
terepomonga (s.) - sanguessuga, verme da família dos hirudinídeos (Cardim, Trat. Terra e Gente do Brasil, 57) "...Os animais que a tocam se colam tão firmemente nela que dificilmente se desprendem e é deles que ela se alimenta..." (Laet, Livro XV, cap. XII, §21)
ûaká (s.) - UACÁ, planta da família das sapotáceas (Ecclinusa ramiflora Mart.). "Depois de derrubadas, as fendem os índios de alto a baixo... para fazerem os remos." (Sousa, Trat. Descr., 222)
ûapakari (s.) - raiz com a qual se produz uma espuma branca, que era utilizada pelos índios para limpar os cabelos, a cabeça e tudo o mais (D'Abbeville, Histoire, 267v)
ûapiku (s.) - var. de pica-pau, ave da família dos picídeos. "...Têm o corpo preto e as asas pintadas de branco e bico comprido, tão duro e agudo que fura com ele as árvores... e quando dão as picadas no pau, soa a pancada a oitenta passos e mais." (Sousa, Trat. Descr., 238)
ûatapu (s.) - UATAPU, GUATAPI, búzio grande. Serve de trombeta aos jangadeiros do Pará para chamar os companheiros ou fregueses. Os índios criam ter ele a virtude de atrair o peixe. (Sousa, Trat. Descr., 293; Staden, Viagem, 148)
ubatĩ1 (s.) - variedade de milho, o milho-da-guiné ou zaburro. "A cor geral deste milho é branca." (Sousa, Trat. Descr., 182)
u'i (s.) - farinha (feita pelos índios com raspas espremidas de raízes como a mandioca ou a macaxeira) (D'Abbeville, Histoire, 305): Ere'upe so'o... u'i rerekóbo nhẽpe...? - Comeste carne de caça, tendo farinha? (Ar., Cat., 111); Aîeruré u'i resé. - Peço por farinha. (D'Evreux, Viagem, 144) ● u'i-abiruru - farinha feita de mandiopuba (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 67); u'i-atã (ou u'itã) - farinha dura de raízes, principalmente de mandioca, feita com a mistura da mandioca apodrecida, antes de seca, com a mandioca seca e com a fresca; farinha de guerra, isto é, a que se levava para as batalhas para nutrir os índios (Staden, Viagem, 142); farinha de mandioca seca (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 67); u'i-apu'a - pelouros grandes que se faziam da mandioca curtida, com que depois davam cor à farinha de guerra (VLB, II, 71); u'i-esakûatinga - var. de farinha menos torrada e durável que a u'i-atã, por ser menos cozida (VLB, I, 135; Vasconcelos, Crônica [Not.], II, §73, 148); farinha de mandioca quase seca (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 67); u'i-îará - var. de farinha: Eîori u'i-îará gûabo. - Vem para comer farinha. (Fig., Arte, 141); u'ipeba - farinha fresca retirada da mandiopuba (Piso, De Med. Bras. IV, 177); u'i-puba - farinha puba, farinha d'água, ou seja, de mandioca curtida, que se espremia no tipiti e que se passava pela urupema (VLB, I, 135); u'i-puku - var. de farinha de mandioca (VLB, I, 114); farinha feita de mandiopuba; bolas de farinha puba feitas com as mãos e secadas ao calor do sol (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 67); u'i-syka - farinha de mandioca seca (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 67); u'i-tinga - farinha de mandioca ainda mole, meio cozida (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 67)
unaúna (s.) - var. de besouro. "Têm asas e são negros, com a cabeça, pescoço e pernas muito resplandecentes." (Sousa, Trat. Descr., 243)
'yba6 (s.) - baixo, a parte de baixo: ...Ybaté koty ogûetymã moîarukari, 'yba koty o akanga. - Para cima mandou pregar suas pernas e, para baixo, sua cabeça. (Ar., Cat., 9)
ygara (s.) - canoa, IGARA, barco, barca, embarcação (que pode conter trinta ou quarenta homens), almadia, navio (VLB, II, 48): Îarybobõ omonguî, ygara kuabĩ potá. - A ponte derrubam, querendo que a canoa passe. (Anch., Poemas, 154); Ygara setá-katu. - As canoas eram muitíssimas. (Anch., Teatro, 18) ● ybyrá-ygara - canoa de madeira; ypé-ygara - almadia de casca, canoa de casca; piripiri-ygara - canoa de junco (VLB, I, 32); ygara rokabytera - convés da embarcação (VLB, I, 81); ygara rerekoara - barqueiro, condutor de embarcação; ygá-membyra - barco de navio, barco salva-vidas (VLB, I, 53); ygarosara (ou ygá-'osara) - pessoa que calafeta embarcações; calafetador (VLB, I, 63)
'ygûaburu (s.) - vasilha d'água (em relação a quem bebe por ela): xe 'ygûaburu - minha vasilha d'água (isto é, aquela em que bebo) (Fig., Arte, 79)
ypy3 (s.) - base; (adj.) (xe) - ter base: Xe ypy-ten. - Eu tenho a base fixa. (VLB, I, 140)
Araxá (MG). Não é palavra tupi: "Os primeiros relatos sobre a região em que se encontra a cidade de Araxá, iniciam no ano de 1669, onde foram encontrados os primeiros habitantes, Índios Arachás, descendentes dos Cataguás que viviam nas cercanias de Bambuí." (fonte: IBGE)
Barueri (SP). Talvez a mesma etimologia de Bariri (v.).
Biturana (MG). Da língua geral bituba*, nome dado a um peixe loricariídeo + ran + -a - pseudos-bitubas, falsos bitubas.
Borborema (serra da PB). De yby + mbor(a) (v. pora) + e'ym + -a: terra sem habitantes; lugar despovoado, estéril (in Novo Dicion. Aurélio).
Cajaíba, Ponta (RJ). A mesma etim. de Acajaíba (v.).
Cuíca, Ponta da (RS). De gûaîkuíka - nome comum a certos mamíferos marsupiais.
Curupu, Ponta do (MA). De kuruka + pu: barulho de resmungo, agitação de peixes que vêm à flor da água na época da desova.
Ipiíba (RJ). Da língua geral meridional, ipeúba*: "Madeira de grande duração, e só o fogo a pode extinguir (...)" (Anônimo - muito provavelmente Joseph Barbosa de Sáa) [1765], p. 221).
Itabira (serra de MG). De itá + byr + -a: pedras erguidas.
Itapecuru (serra de PE). A mesma etimologia de Itapicuru (v.).
Jacarara, Serra do (PB). De îakaré + ar (de îar / ar) + -a: apanhador de jacaré.
Jurujuba (enseada do RJ). De aîuru, certas aves psitacídeas, jurus + îub + -a: jurus amarelos.
Mantiqueira (serra de MG). De amana - chuva + tykyra - gota: gotas de chuva. "E dahi vem o dizerem, que todo o que paſſou a Serra de Amantiquira, ahi deixou dependurada, ou ſepultada a conſciencia." (André João Antonil [1711], p. 161).
Miracatu (SP). "A denominação Miracatu... foi adotada em 1944, por ter desaparecido a "prainha" que originou o antigo nome, e também por existir, no norte do País, outra cidade com a mesma denominação." (fonte: IBGE). Da língua geral setentrional mira - gente (Frei Arronches, Caderno da Língua, p. 144) + catu - bom (ibidem, p. 83): gente boa.
Peri-Peri (serra da BA). De piripiri ou piripirĩ - espécie de junco: "As embarcações, de que este gentio usava, eram de uma palha comprida como a das esteiras de tabúa, que fazem em Santarem, a que elles chamam periperí (...)." (Sousa, Trat. Descr., XIX).
Piracicaba (SP). Da língua geral meridional, pirá + sykaba: lugar de chegar dos peixes, chegada dos peixes. "Chegar por rio", como fazem os peixes, em tupi antigo, é îepotar. Na língua geral do século XVIII o verbo syk passou a ser usado com esse sentido: "...continuou a penetrar o sertão a parte oriental seguindo o Rio Piracicaba que é o mesmo que dizer lugar onde o peixe chega vindo das barras do mar e dali não passa a subir para cima, por impedido das cachoeiras mui altas que não podem avançar..." (Manuel José Pires da Silva Pontes [n.d.], p. 32].
Piranga2, Serra da (PA). Da língua geral setentrional, arvoreta bignoniácea com que os índios preparavam um corante vermelho para a pele. O mesmo que caapiranga: "Há também muitas outras tintas roxas; mas como o caa piranga é tão abundante e tinta muito fina, e viva, não fazem caso de outras..." (Pe. João Daniel, [1757], p. 431)
Taguatinga (serra de GO). De tagûá - tauá, taguá, barro amarelo + ting + -a: tauá claro.
Upanema, Ponta (RN). A mesma etim. de Ipanema (v.).
Uruçanga, Serra de (RJ). De 'y + ro'ysang/a - muito frio (Fig., Arte, 38) + suf. -a: água muito fria.
Urucum, Serra do (MG). A mesma etim. de Urucu (v.).
noite - pytuna ● às noites, pelas noites, todas as noites, de noite: pytunybo; a noite toda, toda a noite: pysaré
quebrar (tr.) - ká (-îo-); mopen; mondok; mombuk; monarang ● quebrar a cabeça de: akangá
agûaí (s.) - 1) AGUAÍ, arbusto da família das apocináceas [Thevetia ahoua (L.) A. DC], com flores amarelo-pálidas e com látex e sementes venenosos. É também chamado AGAÍ, AUAÍ, cascaveleira, tingui-de-leite; 2) nome de sua fruta, de cuja casca faziam-se colares (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 271; VLB, I, 68)
'akok1 (v.tr.) - apoiar ou encostar a cabeça de, manter abraçado pela cabeça: Aî'akok.- Apoio sua cabeça, mantenho-o abraçado pela cabeça. (VLB, I, 18)
akura'a (ou 'yakura'a) (s.) - poços ou remansos de rio; fundo do rio onde a água está parada (VLB, II, 79)
amõ4 (v.tr.) - aguar (a casa, etc.), molhar, regar (VLB, II, 99): Aîamõ. - Aguei-a. (VLB, I, 24; Fig., Arte, 110)
amynyîu (s.) - 1) árvore do algodão, nome antigo das malváceas do gênero Gossypium, cuja espécie mais comum é o Gossypium barbadense L., árvore copada, de flores ora amarelas, ora brancas (D'Abbeville, Histoire, 226v; Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 59); 2) algodão, penugem que envolve as sementes do algodoeiro: Aamynyîu-poban. - Fiei o algodão. (VLB, I, 138) ● amynyîu-tyba - algodoal (VLB, I, 31); amynyîu-aoba - malha de algodão para a defesa na guerra; amynyîu-aó-poanama - malha de algodão grossa para a defesa na guerra (VLB, I, 41); amynyîu-'yba - pé de algodão, algodoeiro (VLB, I, 31)
apixa'ĩ1(s.) - bolotas pequenas que faziam da mandioca curtida, com que depois davam cor à farinha de guerra (VLB, II, 71)
'apixyb (v.tr.) - afagar (a cabeça com a mão): Aî'apixyb. - Afago-lhe a cabeça. (VLB, I, 22)
apyear (v.tr.) - amortalhar, envolver o morto num pano, à maneira dos índios: Aîapyear. - Amortalhei-os. (VLB, I, 35)
'ara1 (s.) - dia; luz do dia (VLB, II, 25): 'arangaturameté... - dia muito bom (Anch., Poemas, 94); Osó kó 'ara pupé... - Vai neste dia. (Anch., Poemas, 94); ...Eresó kó 'ara ri. - Vais neste dia. (Anch., Poemas, 94); Sory karaibebé, ikó 'ara momoranga. - Estão felizes os anjos, festejando este dia. (Anch., Poemas, 130); Mba'erama ri bépe asé santos 'ara kuabi? - Por que mais a gente reconhece o dia dos santos? (Ar., Cat., 24) ● 'arybo - de dia, todo o dia (Anch., Arte, 42v): ...Temiminõ 'arybo nhẽ oîmombe'u o angaîpá-mirĩ anhõ. - Os temiminós, de dia, confessam seus pecadilhos, somente. (Anch., Teatro, 160, 2006); 'arybondûara - o que é de dia (VLB, I, 91); 'ara îabi'õ - cotidianamente, a cada dia (VLB, II, 94); 'ara-îabi'õndûara - coisa cotidiana, o que é de cada dia (VLB, II, 94); 'ara pukuî - todo o dia; o dia todo (VLB, II, 130)
aratikupaná (s.) - 1) ARATICU-PANÁ, ARATICU-DO-BREJO, árvore anonácea (Annona glabra L.); 2) outra espécie a que também se aplica a denominação araticu-paná é a Duguetia furfuracea (A. St.-Hil.) Saff. (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 93). "Das raízes destas árvores fazem bóias para redes e são tão leves como cortiças." (Cardim, Trat. Terra e Gente do Brasil, 40)
asura (s.) - 1) altibaixos (na terra), lombada (como a que, às vezes, tem a faca ou a vara acepilhada e o mais que houvera de ser direito ou igual) (VLB, I, 33); 2) calombo; inchação produzida por golpe, pancada, sem pus (VLB, II, 24; 80); corcova; (adj.: asur) - calombento; corcovado: Xe asur. - Eu estou calombento. (VLB, II, 24); kupé-asura - costas corcovadas (VLB, I, 30)
-ba'e (ou -yba'e após temas terminados em consoante) (suf. nominalizador): oîukaba'e - o que mata; osoba'e - o que vai (Anch., Arte, 30v); ...Santa Maria seryba'e... - a que tem nome Santa Maria (Ar., Cat., 22v); Abápe aîpoba'e oîmonhang erimba'e...? - Quem fez isso outrora? (Ar., Cat., 25)
basem1 (ou mbasem ou basẽ) (v. intr. compl. posp.) - chegar: ...Ybaté t'orobasẽ... - Que cheguemos ao alto. (Anch., Poemas, 148); Anhangerekó îepé, aîpó supé n'abasemi. - Embora me interessasse por elas, junto àquelas não cheguei. (Anch., Teatro, 176); Santa Maria resé tekopoxy nd'obasemi. - A Santa Maria o pecado não chegou. (Anch., Poemas, 180); T'orobasẽne ybakype... - Havemos de chegar ao céu. (Ar., Cat., 27); ...T'obasem esapy'a o îukaûãme... - Que chegue logo ao lugar de o matarem. (Ar., Cat., 61v) ● mbasemaba (ou mbasembaba) - tempo, lugar, modo, etc. de chegar: O îara reká, reîá mbasembápe... sory nde py'a. - Buscando seu Senhor, ao chegarem os reis, alegrou-se teu coração. (Anch., Poemas, 118); Te'õ mbasembápe, Tupã Tuba pyri Îesu nde rupiri... - Quando chegou a morte, para junto de Deus-Pai Jesus fez-te subir. (Anch., Poemas, 126)
eîar (ou eîá) (s) (v.tr.) 1) deixar (no sentido de abandonar): Oîabab i xuí, seîá... - Fugiram dele, deixando-o. (Ar., Cat., 55); ...Aseîá kûesé xe roka... - Deixei ontem minha casa. (Anch., Poemas, 112); Ybaka rasapa, osó, nde reîá... - Atravessando o céu foi, deixando-te. (Anch., Poemas, 124); 2) deixar (no sentido de pôr à disposição, legar, entregar): Kó santo o mbo'esara rekopûera erimba'e oîkûatiar îandébo, seîá. - Esse santo a vida de seu mestre escreveu para nós, deixando-a. (Ar., Cat., 134); 3) omitir, pôr de lado: Xe resaraî é gûitekóbo, n'aseîá-potá ruã! - Eu estava, mesmo, esquecendo, não que o quisesse omitir. (Anch., Teatro, 180, 2006) ● eîasaba (t) - tempo, lugar, companhia, modo, etc. de deixar: Ouîebype erimba'e o boîá reîasagûerype? - Voltou a vir ao lugar em que tinha deixado seus discípulos? (Ar., Cat., 53); emieîara (t) - o que alguém deixa: Cristãos i mongaraibypyra tekokuaparamo Cristo remieîara... - O que Cristo deixa como chefes dos cristãos batizados. (Ar., Cat., 6-6v); seîarypyra - o que é (ou deve ser) deixado: Seîarypyrama ruã-tepe mba'e tetiruã kûáî? - Acaso o que será deixado é tudo? (Ar., Cat., 165)
enondé2 (t) (s.) - a frente, o que está adiante: ...Esepîá-katu nde renonderama ybaka piarype nde ropare'ymamo... - Vê bem a tua frente para que não te percas no caminho do céu. (Ar., Cat., 82)
erekokatu (v.) - 1) afagar, mimar (VLB, I, 22); 2) favorecer, fazer favor a: Aîkuá-katu Tupã ko'y nde rerekokatu. - Bem sei que Deus agora te favorece. (D'Abbeville, Histoire, 350) ● erekokatûaba (t) - tempo, lugar, modo, etc. de afagar, de favorecer; benefício, favor: ...Aîkuá-katu opabinhẽ nde xe rerekokatûagûera... - Conheço bem todos os teus benefícios a mim. (Bettendorff, Compêndio, 89-90); serekokatupyra - o que é afagado, o que é favorecido; o que é tratado com mimos, o mimoso (VLB, II, 38)
erokakar (v.tr.) - acercar-se de, ir chegando a, aproximar-se de: ...Arokakar Gûenũ. - Aproximei-me de Guenum (a Ilha dos Frades). (VLB, I, 20); ...Arokakar xe rekobé-etérama re'ĩ. - Hei de me aproximar de minha futura e verdadeira vida. (Ar., Cat., 158v)
eroko'em (v.tr.) - amanhecer com, fazer amanhecer consigo: -Opabenhẽ serã erimba'e a'epe tekoara iî a'oîa'oû...? -Opabenhẽ, pysaré, serekomemûã bé reroko'ema. -Será que todos aqueles que ali estavam ficaram a injuriá-lo? -Todos, a noite toda, amanhecendo também com maus tratos a ele. (Ar., Cat., 56v)
eropotyrõ (v.tr.) - agir ou trabalhar em conjunto com, fazer agir ou trabalhar consigo: Kó 'ara îamoeté. I pupé îudeus itá reropotyrõû, Santo Estevão apîá-apîábo, i akanga kábo... - Este dia honramos. Nele, os judeus agiram em conjunto, com pedras, ficando a atirar em Santo Estêvão, quebrando sua cabeça. (Ar., Cat., 10)
esapy'ar (ou esapy'a) (s) (v.tr.) - surpreender, tomar de súbito, despercebido, antes do tempo esperado, apanhar de surpresa, tomar descuidado: Asesapy'a é nakó. - Surpreendi-o, na verdade. (VLB, I, 36); ...T'anhemombe'une kori bé, te'õ xe resapy'a e'ymebé... - Hei de me confessar ainda hoje, antes de me surpreender a morte. (Ar., Cat., 76v); Xe resapy'a ahẽ, oú. - Surpreendeu-me ele, vindo. (VLB, I, 97); ...Nde resapy'ari Tupã oré nhe'enga morypa. - Surpreendeu-te Deus a deleitar-te com nossas palavras. (Anch., Teatro, 166)
eseîa (t) (s.) - a fronteira, a frente, o lado em face (Anch., Arte, 41)
gûaînumby1 (s.) - GUANUMBI, GUANAMBI, GUINUMBI, GAUNUMBI, beija-flor, nome comum a várias aves da família dos troquilídeos, de bela plumagem e de vôo extremamente rápido. Sua alimentação consiste em néctar de flores e em pequenos insetos. (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 196)
gûaîugûaîu (s.) - GUAJU-GUAJU, formiga-de-correição, nome comum a certas espécies de formigas da família dos dorilídeos, de vida nômade. É também chamada guerreira ou saca-saia. "São pequenas e ruivas e mordem muito. Estas, de tempos em tempos, se saem da cova, maiormente depois que chove muito... e dão numa casa... e matam as baratas, as aranhas, os ratos e todos os bichos que andam... e matam também as cobras que acham descuidadas..." (Sousa, Trat. Descr., 270)
gûanabanu (s.) - GUANABANO, árvore da família das anonáceas (Annona muricata L.), a graviola (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 94)
gûaperûá (ou gûaperugûá) (s.) - nome comum a peixes de diferentes famílias (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 145; VLB, II, 70)
gûará1 (s.) - GUARÁ, ave ciconiforme da família dos tresquiornitídeos, que vive em mangues e áreas pantanosas. "Quando nasce é preto e depois se faz pardo; quando já voa faz-se todo branco e, depois, faz-se vermelho claro e, enfim, torna-se vermelho... e nesta cor permanece até a morte." (Cardim, Trat. Terra e Gente do Brasil, 62; Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 270)
gûará2 (s.) - GUARÁ, nome comum a peixes de diferentes famílias (D'Abbeville, Histoire, 245; Lisboa, Hist. Anim. e Árv. do Maranhão, fl. 164v)
gûaragûá (s.) - GUARAGUÁ, peixe-boi (Trichechus inunguis Desm.), mamífero da ordem dos sirênios, de grande porte, da família dos triquequídeos. Sua carne era muito apreciada e a espécie Trichechus manatus está quase extinta da costa brasileira. (Sousa, Trat. Descr., 279; VLB, II, 70)
gûarugûaru (s.) - GUARU-GUARU, GARGAÚ, nome comum a várias espécies de peixes das famílias dos ciprinodontídeos e dos rivulídeos (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 169; Lisboa, Hist. Anim. e Árv. do Maranhão, fl. 166v)
gûaxima (s.) - GUAXIMA, GUAXUMA, GUAXIÚMA, GUANXUMA, UAICIMA, nome comum a numerosas espécies de plantas de diversas famílias afins que fornecem fibras têxteis utilizadas na fabricação de cordas, cabos, vassouras, etc. "Postas sobre chagas e coçaduras das pernas que têm fogagem, as desafogam..." (Sousa, Trat. Descr., 205)
îagûasinĩ (s.) - GUAXINIM, JAGUACINIM, nome comum a diversas espécies de carnívoros do gênero Procyon, da família dos procionídeos. Costumam lavar os alimentos antes de comê-los. São também conhecidos como iguanara, jaguaracambé, rato-lavador, urso-lavador, mão-pelada. (VLB, II, 96; Cardim, Trat. Terra e Gente do Brasil, 30)
îambu (ou inambu ou nambu ou nhambu) (s.) - INHAMBU, INAMBU, NAMBU, NHAMBU, INAMU, LAMBU, designação comum a aves tinamiformes da família dos tinamídeos. Duas de suas espécies menores são o NHAMBUXORORÓ e o NHAMBUXINTÃ (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 192)
îarok (ou îearok) (v.tr.) - consumir-se, gastar-se, acabar-se (uma quantidade de algo): ...I îaroketé rupibé amoaé sapixara rerasóbono. - Levando uma outra semelhante a ela tão logo se consuma muito. (Ar., Cat., 353, 1686)
îarybobõ (ou nharybobõ) (s.) - ponte: Îarybobõ omonguî... - A ponte derrubam. (Anch., Poemas, 154); Anharybobõ-rung. - Coloquei uma ponte, fiz uma ponte. (VLB, II, 81)
îekyegûasu (s.) - grande massa usada pelos potiguaras para fazer feitiço para aqueles a quem queriam mal, matando-os (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 279)
NOTA - JUREMA pode ser também, no P.B., bebida feita com a casca, raízes ou frutos dessa planta, com propriedades alucinógenas (in Novo Dicion. Aurélio).
îia (s.) - JIA, nome comum a rãs da família dos leptodactilídeos (Brandão, Diálogos, 257)
inhûapupé (s.) - ENAPUPÊ, nome de ave semelhante à perdiz, da família dos tinamídeos; o mesmo que nhapupé (v.) (Brandão, Diálogos, 227)
îoakypûerekar (ou îoakypûereká) (etim. - buscar as pegadas) (v. intr.) - esquadrinhar todos os lugares, ir por toda a parte: Té, oîoakypûereká... îandébe. - Ah, esquadrinham todos os lugares por nós. (Léry, Histoire, 355)
itaîngapema1 (ou itangapema) (s.) - TANGAPEMA, TACAPE; espada: Enhonong nde itaîngapema nde ku'aî. - Põe a tua espada na tua ilharga. (Fig., Arte, 125); S. Pedro itangapema osekyî... - São Pedro puxou a espada... (Ar., Cat., 54v)
ityk / eîtyk(a) (t) (v.tr.) - 1) lançar, atirar, jogar, lançar à água (um navio ou uma canoa): Aîtyk ygara. - Lanço [à água] a canoa. (VLB, II, 48); Eîori, muru mombapa, satápe seîtyka nhẽ. - Vem para destruir o maldito, em seu fogo lançando-o. (Anch., Poemas, 132); 2) lançar fora, jogar fora: T'aîtyk pá koty... - Que eu lance fora todas as armadilhas. (Anch., Poemas, 130); Xe rekó i porang-eté; n'aîpotari abá seîtyka... - Minha lei é muito bela; não quero que ninguém a lance fora. (Anch. Teatro, 6); T'oroîtyk oré poxy... - Que lancemos fora nossa maldade. (Anch., Teatro, 118); Opá xe ramyîa ma'epûera aîtyk. - Todos os bens de meus avós joguei fora. (Léry, Histoire, 356); ...Xe 'anga ky'a reîtyka... - Lançando fora a sujeira de minha alma. (Ar., Cat., 86); 3) derrubar, vencer, derrotar: Eîori xe sumarã reîtyka... - Vem para derrotar meus inimigos... (Anch., Teatro, 178); Xe reîtyk korine mã! - Ah, vencer-me-ão hoje. (Anch., Teatro, 26) ● eîtykara (t) - o que lança, o que derruba (Fig., Arte, 61); emityka (t) - o que alguém lança, o que alguém derruba: ...Tekoangaîpab-ypy moroesé Adão remitykûera pe'abo. - Afastando o pecado original, o que Adão lançou na gente. (Ar., Cat., 6); eîtykaba (t) - tempo, lugar, modo, etc. de lançar, de derrubar, de lançar fora, de atirar; ato de lançar, lançamento: Nd'ereîkuabype Tupã... opakatu ikó 'ara pupé îandé remimborará-tyba abé seîtykagûera? - Não sabes que Deus lançou neste mundo também tudo o que a gente sofre costumeiramente? (Ar., Cat., 112) ● ityk nhe'enga - dizer mal de alguém, murmurar [compl. com ri ou esé (r, s)]: Aîtyk nhe'enga (abá) resé. - Digo mal do homem. (VLB, II, 28, adapt.); Tupã resé tiruã kó nhe'enga reîtyki... - Eis que até mesmo contra Deus murmura. (Ar., Cat., 56v)
îuba (s.) - o amarelo, a cor amarela; a cor loura; a cor ruiva: tupi'a-îuba - o amarelo do ovo, isto é, a gema (VLB, I, 147); (adj.: îub) - amarelo; louro; ruivo: Xe robá-îub. - Eu estou de rosto amarelo, eu estou pálido. (VLB, I, 34); I îub. - Ele é amarelo. Xe îub. - Eu sou amarelo. (Anch., Arte, 50); Eu sou louro. (VLB, II, 24); -Mba'epe ereru nde karamemûã pupé? -Aoba. -Marãba'e? -Soby-eté, (i) pyrang, i îub. -Que trouxeste dentro de tua caixa? -Roupas. -De que tipo? -Elas são azuis, vermelhas, elas são amarelas. (Léry, Histoire, 342-343)
koty3 (s.) - quarto; aposento, dependência; canto; ambiente, meio; cela (VLB, I, 70): O koty og o'o repyîagûama resé... - Para a aspersão de seu aposento e de seu próprio corpo. (Ar., Cat., 93); ...Ereroîképe nde kotype? - Entraste com ele em teu aposento? (Ar., Cat., 107); O koty suí mba'epoxy reîtyk'iré, abá nd'ogûeroîebyri o kotype, i mosãîa... - Após lançar fora de seu meio os vícios, o homem não os faz voltar consigo para seu meio, dispersando-os. (Ar., Cat., 250); ...Aîosub abá koty. - Visito os aposentos dos índios. (Anch., Teatro, 8)
kuab (ou kuá ou kugûab) (v.tr.) - 1) - conhecer, saber: Marãpe i kugûabine? - Como o saberão? (Anch., Doutr. Cristã, I, 229); Tupana kuapa, ko'y asaûsu xe îara Îesu. - Conhecendo a Deus, agora amo meu senhor Jesus. (Anch., Poemas, 106); N'aîkuabi a'e abá... - Não conheço esse homem. (Ar., Cat., 57); 2) reconhecer, conhecer de novo: ...O îarĩ kuapa aunhenhẽ. - Seu senhorzinho reconhecendo imediatamente. (Anch., Poemas, 118); 3) agradecer, reconhecer (algum bem): Aîkugûab. - Agradeci-o. (VLB, I, 23); Marãnamope asé santos 'ara kuabi? - Por que a gente reconhece o dia dos santos? (Ar., Cat., 24); 4) adivinhar: ...Eîkuá ra'u nde ri opûaryba'e...! - Adivinha, vamos ver, aquele que bateu em ti! (Ar., Cat., 56v); 5) interpretar (VLB, II, 13); 6) julgar (o que é duvidoso) (VLB, II, 16); 7) perceber, sentir: N'aîkugûabi xe îybá (ou xe îybá-e'õ). - Não sinto meu braço (ou meu braço morto). (VLB, II, 130) ● oîkuaba'e (ou oîkuabyba'e) - o que conhece - Oîabyeté seté tiruã oîkuabe'ymba'e. - Transgride-os muito o que não conhece sequer sua substância. (Bettendorff, Compêndio, 103); kuapara - conhecedor, o que conhece, sabedor: Abá angaîpá-nhemima i kuapare'yma supé mombegûabo. - Contando os pecados escondidos de alguém para quem não os conhece. (Ar., Cat., 73v); kuapaba: lugar, tempo, modo, instrumento, etc. de conhecer, de reconhecer, etc.; conhecimento, reconhecimento: A'e kuapápe, ko'y asaûsu... - Por conhecê-lo, agora amo-o. (Anch., Poemas, 108); Oîkuapá-me'eng umûãpe Îudas Îandé Îara îudeus supé erimba'e? - Já tinha dado Judas aos judeus o meio de reconhecer Nosso Senhor? (Ar., Cat., 54); eminguaba (t) - o que alguém sabe, o conhecido, o sabido: ...O eminguá-katue'yma oîmombe'uba'e... - O que conta o que não sabe bem... (Ar., Cat., 67); i kuabypyra - o conhecido, o sabido: ...Se'yî i kuabypyre'yma... - São numerosos os que não são conhecidos. (Ar., Cat., 37); i kugûabypypabẽ - o que é totalmente conhecido, coisa notória por fama (VLB, II, 51); i kuabypyre'yma - o que não é conhecido, coisa secreta (VLB, II, 114)
kûab1 (ou kûá) (v. intr.) - 1) passar (com os mesmos sentidos que tem esse verbo em português): Ne emongetá nde Tupã t'okûab é amanusu... - Roga a teu Deus para que passe a tempestade. (Staden, Viagem, 66); Akûab îõte. - Passei, somente (sem entrar nem pousar). (VLB, II, 67); Sobabo akûab. - Diante deles passei. (VLB, II, 67); Nhoesembé robabo i kûáî. - Ele passou diante de Ilhéus. (VLB, II, 67); Kûarasy nipó oberá, putunusu kûab'iré. - O sol certamente brilha após passar a grande noite. (Anch., Poemas, 142); ...O membyraragûera kûab'iré, Santa Maria o membyra Îesus rerasóû Tupãokype... - Após passar o seu parto, Santa Maria levou seu filho Jesus para o templo. (Ar., Cat., 3v); 2) ir: T'akûáne pe renondé... - Hei de ir adiante de vós. (Anch., Teatro, 66); Ebokûé rupi ekûab. - Vai por aí. (VLB, II, 81); Xe ranhẽ t'akûáne. - Eu hei de ir primeiro. (Anch., Teatro, 20); Ekûá ké suí ra'a! - Vai-te daqui já! (Anch., Teatro, 32) ● kûapaba - tempo, lugar, modo, etc. de passar, de ir; lugar por onde se passa (VLB, II, 67); passagem: 'y kûapaba - passagem de água, rego para água (VLB, II, 100); kûab-apûan - passar rápido, correr (p.ex., o rio, o navio) (VLB, I, 82)
kûab2 (ou kûá) (v. intr.) - estar (Em geral usado só no pl., mas há exceções.): Oker okûapa tekotebẽ suí nhẽ. - Estavam dormindo de aflição. (Ar., Cat., 53); A'e memẽpe tupãoka îakatu i kûáî? - Ele mesmo está em todas as igrejas? (Anch., Doutr. Cristã, I, 216); Okûá-bépe amõ ikó 'ara pupé? - Estão ainda alguns neste mundo? (Bettendorff, Compêndio, 37); ...O îoybyri se'õmbûera paranã ybyri i kûáî. - Lado a lado seus cadáveres ao longo do mar estavam. (Anch., Teatro, 52) ● okûaba'e - o que está: T'oîkuab pabẽngatu abá yby îakatu okûaba'e karaibamo nde rera rekó. - Que saibam todos os homens que estão em toda a terra que teu nome é santo. (Thevet, Cosm. Univ., II, 925)
kuakub (ou kuaku) (v.tr.) - 1) esconder, ocultar, omitir, calar, negar, encobrir: ...O mũetéramo sekó kuakupa. - Escondendo ser parente legítimo dela. (Ar., Cat., 71v); Aûîé kunumĩgûasu o ekoaibeté oîomim, oîkuaku... - Enfim, os moços escondem seus muito maus procedimentos, calam-nos. (Anch., Teatro, 38); Mosapy ipó xe boîáramo nde rekó ereîkuakub mokõî gûyrá sapukaî'e'ymebéne... - Na verdade, três vezes negarás ser meu discípulo antes de o galo cantar duas vezes. (Ar., Cat., 57); 2) recusar: ...Pitanga kuakupa... - Recusando uma criança (que iria nascer). (Ar., Cat., 66v); 3) dissimular, disfarçar a existência de: O a'yra kuakupa emonã sekóû. - Assim procede para disfarçar a existência de seus filhotes. (VLB, I, 104); O embiara kuakupa aîpó i 'éû. - Para disfarçar a existência de suas presas ele disse isso. (VLB, I, 104) ● emikuakuba (t) - o que alguém esconde, nega, etc.: ...O emimombe'upûera o emikuakugûera irũmo bé i mombe'uîebyrine. - Os que confessou com os que escondeu voltará a confessar. (Ar., Cat., 90); kuakupaba - tempo, lugar, modo, etc. de ocultar, de recusar, etc.; ocultamento: ...mba'e kuakubagûera... - o ocultamento das coisas (Ar., Cat., 161v); i kuakubypyra - o que é (ou deve ser) escondido: ...I kuakubypyre'yma i nhyrõngatu i xupé. - Os que não são escondidos perdoa bem a eles. (Anch., Teatro, 158)
kûandu (s.) - CUANDU, ouriço-cacheiro, porco-espinho, cuim, nome comum a mamíferos roedores da família dos eretizontídeos, dos gêneros Coendou Lac., Sphiggurus e Chaetomys Gray, os únicos que ocorrem no Brasil, dentre os quais o Coendou prehensibis L. Vivem sobre árvores, com pés com calosidade preensora, cauda preênsil. (D'Abbeville, Histoire, 249v; Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 233)
kûati (s.) - QUATI, COATI, QUATI-DE-BANDO, nome comum a mamíferos carnívoros que vivem em bandos de oito a dez, da família dos procionídeos, do gênero Nasua, que aparecem em todo o Brasil, dentre os quais se destacam as espécies Nasua socialis Newied, Nasua nasua L. e Nasua narica L., esta semelhante à raposa, tendo fina cauda de até 1,20 m de comprimento (D'Abbeville, Histoire, 251; Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 228)
ma'etakó (ou mba'etakó) (conj.) - isso porque, da mesma forma que: ...Ma'etakó nhusana oín nhote, gûyrá aé osó i pupé. - ...Da mesma forma que o laço está parado e é o pássaro que vai para dentro dele. (Ar., Cat., 29v); Aîpoba'e tene nd'oîabyî mboîa, mba'etakó mboîa o emindu'u rekobé mokanhemukar-y îanondé, o ekobé reîari o akanga patukasagûerype. - Esses, enfim, não diferem da cobra, isso porque a cobra, antes de fazer destruir a vida daquele que morde, deixa sua própria vida ao pisarem sua cabeça. (Ar., Cat., 241, 1686)
maman (v.tr.) - amarrar, enrolar, enrodilhar (como a corda num tronco, a vela do navio, etc.), laçar, rodear: Aîe'a-maman. - Amarrei-me o cabelo. (VLB, I, 113); Asetymã-maman. - Lacei a perna dele. (VLB, I, 41); Aîmaman okytá ysypó pupé. - Amarrei o esteio com cipó. Aîmaman ysypó okytá resé. - Enrolei o cipó no esteio. (VLB, I, 117)
mara'ara (ou mbara'ara) (s.) - 1) doença (entre os tupinambás era doença grave, mortal) (VLB, I, 105): Abá 'anga mara'ara i pupé opûeîrá-katu... - As doenças da alma do homem com ela saram bem. (Anch., Teatro, 38); ...T'osó-pá xe mara'ara kûepe xe 'anga suí. - Que vá toda a minha doença para longe de minha alma. (Anch., Poemas, 168); Esepîak xe mara'ara t'eresaûsubar xe 'anga. - Vê minha doença para que te compadeças de minha alma. (Valente, Cantigas, VII, in Ar., Cat., 1618); 2) agonia: Mba'easybora o mara'ara kakareme, t'osenõîukar abaré... - Ao se aproximar o doente da agonia, que mandem chamar o padre. (Ar., Cat., 137v); (adj.: mara'ar ou mara'a) 1) doente (na variante dialetal tupinambá era doente grave, perto do fim), agonizante; (xe) adoecer, ficar doente, agonizar: ...I mara'areté e'ymebé t'osó abá xe renõîa. - Antes que ele agonize verdadeiramente, que vá alguém me chamar. (Ar., Cat., 142v); -I mara'a-tepe îandé 'anga? -I mara'a. -Mas adoece nossa alma? -Adoece. (Anch., Doutr. Cristã, 199); I xy n'i membyrasyî, nda sugûyî, n'i mara'ari. - Sua mãe não teve dor de parto, não sangrou, não ficou doente. (Anch., Poemas, 162); Xe rybyt, nde nhyrõ xebo; xe rasy, xe mara'a. - Meu irmão, perdoa tu a mim; eu tenho dor, eu estou doente. (Anch., Teatro, 46); 2) envergonhado (VLB, I, 83): Sasyeté niã... ogûekomara'ara reroína. - Eis que sofrem muito, tendo sua vida envergonhada. (Ar., Cat., 163) ● i mara'aryba'e - o que está doente (Anch., Arte, 32); mara'asara - o doente, o que está doente (Anch., Arte, 32); mara'abora (ou marabora) - o que está doente, o doente (VLB, I, 105): ...Eremombûeîrá mara'abora... - Curaste os doentes. (Anch., Teatro, 120)
mboyî (v.tr.) - acalentar (a criança, para que durma): Aîmboyî. - Acalentei-a. (VLB, I, 44)
moabaeté1 (ou moabaîté) (v.tr.) - 1) irar, enfurecer, agastar: Anhanga nde moabaîté... - O diabo te agasta. (Anch., Poemas, 144); Xe n'aîu-potari biã, karaíba moabaîtébo. - Eu não queria vir, irando os homens brancos. (Anch., Poemas, 194); 2) odiar, aborrecer, detestar: Osykyîé nde suí Anhanga, nde moabaetébo. - Tem medo de ti o diabo, odiando-te. (Valente, Cantigas, II, in Ar., Cat., 1618); Nd'e'i te'e ipó asé pecado... moabaetébo te'õ sosé?... - Por isso, na verdade, é que a gente detesta o pecado mais que a morte? (Anch., Diál. da Fé, 232)
moangaîpab (ou moangaîpá) (v.tr.) - 1) tornar mau, fazer ruim, perverter, estragar (p.ex., fruta); tornar pecador, fazer pecar: Aîmoangaîpab. - Faço-o ruim. (Anch., Arte, 48v); ...Aîmoangaîpá pá benhẽne. - Farei todos pecarem de novo. (Anch., Teatro, 136); Opá taba moangaîpabi! - Tudo faz a aldeia pecar! (Anch., Teatro, 38); 2) fazer mal a, arruinar, maltratar (a dor ou a doença ao que a tem) (VLB, II, 29): Îapopûaratã, i moangaîpapa. - Amarram-lhe as mãos fortemente, fazendo-lhe mal. (Anch., Poemas, 120) ● moangaîpapara - o que faz pecar, o que faz perverter; pervertedor: ...Tubixá-katu Aîmbiré, apŷaba moangaîpapara. - O grande chefe Aimbirê, o pervertedor dos índios. (Anch., Teatro, 8); Onheŷnhang umã sesé kunumĩ-etá kagûara, kó taba moangaîpapara... - Já se juntaram por causa disso muitos moços bebedores de cauim, os pervertedores desta aldeia. (Anch., Teatro, 24)
moanhan (ou moanhã) (v.tr.) - empurrar, dar encontrão em: ...Oîmoanhã satápe... - Empurra-o para seu fogo. (Anch., Poemas, 188); Xe-te xe mboú kori pe moanhana, pe mondóbo ikó setama suí. - E a mim é que faz vir hoje para vos empurrar, enxotando-vos desta sua terra. (Anch., Teatro, 180); Ereîmomaranype nde mena... "-t'oropyk" i 'éreme, i moanhana? - Resististe a teu marido quando ele disse: "-hei de te cobrir", empurrando-o? (Anch., Doutr. Cristã, II, 98)
moaning (ou moanĩ) (v.tr.) - excitar, causar arrepio a, estimular (os órgãos sexuais): Ereîmoanĩpe nde remimborará, kunhã resé nde ma'enduaramo? - Excitaste teu órgão sexual, lembrando-te de mulheres? (Ar., Cat., 104)
mobyr2 (v.tr.) - aguçar: Asapûá-mobyr. - Aguço a ponta dela. (VLB, I, 27)
moîerobur (v.tr.) - avivar, renovar (chagas velhas, inimizades, etc.) (VLB, II, 101): Sarûab amõme asé posangygûaba, mara'ara moîerobu-bé-uká... - Não faz efeito, às vezes, nosso remédio, fazendo avivar mais a doença. (Anch., Doutr. Cristã, II, 78)
moingotebẽ (v.tr.) - afligir, atribular, entristecer: I xy mombe'u-poranga xe moingotebẽngatu... - A bela proclamação de sua mãe afligiu-me muito. (Anch., Teatro, 126) ● moingotebẽsaba - tempo, lugar, modo, causa, etc., de afligir, de atribular; aflição: ...Nde apysy-katu ko'yté pytunusu nde 'anga moingotebẽsagûera suí nde sem'iré. - Consola-te muito, enfim, após tua saída da escuridão, da aflição de tua alma. (Ar., Cat., 126-126v)
moîoapyr (v.tr.) - acrescentar, emendar (p.ex., uma corda com a outra), aumentar: Ikó 'ara pupé Tupã raûsubagûera ta pemoîoapyr... - Que aumenteis o amor a Deus neste mundo. (Ar., Cat., 170); Oîmoîoapyr-y bépe aîpó o nhe'enga? - Emendou também aquelas suas palavras?... (Ar., Cat., 40)
moîo'ar (v.tr.) - aumentar; acrescentar (em números), multiplicar, aumentar o número de; desenvolver, dobrar (p.ex., a pena de um degredado) (VLB, I, 21): ...Moropotara nde resá moîo'arype? - O desejo sensual aumentou teus olhos? (Anch., Doutr. Cristã, II, 95)
moka'ẽ1 (s.) - 1) ato de MOQUEAR, técnica indígena de preparo de carnes (Sousa, Trat. Descr., 338); 2) MOQUÉM, MOQUETEIRO (SP), grelha onde, a fogo lento, os índios assavam a carne dos inimigos, a caça ou o peixe, formada por quatro forquilhas de madeira, fincadas no chão em forma de quadrado ou retângulo, erguida três pés acima do chão, possuindo largura e comprimento proporcionais à quantidade que seria moqueada (D'Abbeville, Histoire, 294); 3) MOQUÉM, carne assada em grelhas; tostado (VLB, II, 134): Nde ro'o xe moka'ẽ serã... - Tua carne será meu moquém. (Staden, Viagem, 157)
momboî1 (v.tr.) - ameçar, intimidar: Îandé rokesỹ memẽ Anhanga, îandé momboîa. - Toma-nos a dianteira sempre o diabo, ameaçando-nos. (Anch., Poemas, 186); Aîmomboî-katu. - Ameaço-o muito. (VLB, II, 16); Omarãmonhã-monhanga, oîmomboî abá akanga. - Ficando eles a fazer guerras, ameaçam as cabeças dos índios. (Anch., Teatro, 152) ● momboîtara - o que ameaça, ameaçador (Anch., Teatro, 156); momboîsaba (ou momboîtaba) - tempo, lugar, modo, etc. de ameaçar; ameaça...: Te'õ a'e mendasareté momboîsabamo. - A morte é a ameaça daqueles que se casam verdadeiramente. (Ar., Cat., 94v); Kó nde momboîtaba kó! - Eis tua ameaça aqui! (Anch., Teatro, 76)
mombo'ir (v.tr.) - apartar, afastar, separar (p.ex., um casal, os amancebados, etc.): Ereîmombo'irype kunhã amõ i mena suí? - Apartaste alguma mulher de seu marido?... (Ar., Cat., 102) ● mombo'isara - o que aparta, o que separa: ...Te'õ a'e mendasabeté mombo'isaramo. - A morte é o que separa os verdadeiros cônjuges. (Anch., Dial. da Fé, 158); mombo'isaba - tempo, lugar, causa, meio, etc. de apartar, de afastar: ...Te'õ anhõ i mombo'isaba. - A morte somente é a causa de afastá-los. (Ar., Cat., 284, 1686)
mombub (v.tr.) - amolecer (VLB, I, 34; II, 40), amolentar; abrandar, amansar: Marã e'ipe asé Tupã mombu-potá? - Que diz a gente, querendo abrandar a Deus? (Anch., Dial. da Fé, 229)
momorandub (v.tr.) - avisar, informar (algo ou alguém) (VLB, II, 12); dar notícias a (VLB, II, 97): Tupã karaibebé mbouri São José mosaûsuba pupé i momorandupa... - Deus fez vir um anjo no sonho de São José para o avisar. (Ar., Cat., 140); Aîu nde momorandupa xe porapiti resé. - Vim para informar-te sobre minhas chacinas. (Anch., Teatro, 142, 2006) ● momorandupara - o que informa, o que avisa (VLB, II, 35)
mopoîaî (v.tr.) - abrir a mão de (VLB, I, 116)
mototomba'e (v.tr.) - alijar, deitar fora (da embarcação, aliviando a carga) (VLB, I, 32)
NOTA - MUTUCA (ou BUTUCA) também designa, no P.B., a espora, instrumento de espicaçar o cavalo para que corra. Daí, a expressão FICAR de BUTUCA, isto é, ficar preparado para sair correndo na hora certa. Dali também provêm as palavras MUTUCAL, MUTUCADA, BUTUCADA, etc.
na (ou nda) (part. de negação. É acompanhada pelo suf. -i ou pela part. ruã, dependendo do termo negado.) - 1) não: N'i nhyrõî. - Não perdoa. (Ar., Cat., 89v); Na xe rorybi. - Eu não estou feliz. (Anch., Arte, 34v); Na emonani xûémo xe sórememo. - Não seria assim se eu fosse. (Fig., Arte, 143); ...Na xe reroŷrõî îepé. - Tu não me detestas. (Anch., Poemas, 96); N'asó-potari mamõ... - Não quero ir para longe. (Anch., Poemas, 100); Na nde ruã-te...? - Mas não foste tu? (Anch., Teatro, 176); Na mboby ruã. - Não são poucos. (Anch., Teatro, 168); Na tenhẽ ruã... - Não foi à toa... (Ar., Cat., 100); Na marã xe rekóreme ruã. - Não porque eu fizesse algum mal. (VLB, II, 46); Na Tupã ruã-tepe a'e? - Mas ele não era Deus? (Ar., Cat., 43); N'i potare'ỹme ruã - Não porque não queira. (Anch., Arte, 34v); Na ixé ruã. - Eu não. (VLB, I, 30); 2) para que não, para não, senão: Taté, taté, kunumĩ, na nde nupãî karaíba... - Cuidado, cuidado, menino, para que não te castigue o homem branco. (Anch., Poemas, 194); Xe renõî umẽ îepé i xupé na xe îukáî. - Não me chames tu pelo nome diante dele senão me mata. (Anch., Teatro, 32, 2006); Penhemongatu mamõ xe suí n'opoapyî. - Sossegai longe de mim senão vos queimo. (Anch., Poesias, 56) ● na... ruã ymã, na... ruã-eté-ymã (ou na... ruã mã ou na... ruã-eté... mã) - tomara fosse, oxalá fosse: Na xe ruba ruã ymã; Na xe ruba ruã iké ymã - Tomara fosse meu pai aqui; Na xe ruba ruã iké turi mã. - Oxalá fosse meu pai que para cá viesse; Na xe ruã-eté ikó mã. - Oxalá não fosse eu. (VLB, II, 47); na... îanondé ruã - não que, não antes que: ...Na abá o aûsubar-y îanondé ruã, na abá o pysyrõ îanondé ruãne... - Não que alguém se compadecerá deles, não que alguém vá libertá-los. (Ar., Cat., 163v); na... e'ymi - não deixar de: N'aîukae'ymi. - Não o deixo de matar. (Fig., Arte, 34); N'aîmonhange'ymi. - Não o deixo de fazer. (Fig., Arte, 34); N'aîpotare'ymi. - Não o deixo de querer. (Anch., Arte, 34v); N'aîpotare'ymi xûéne. - Não deixarei de o querer. (Anch., Arte, 34v)
nhandi'a (s.) - NHANDIÁ, JUNDIÁ, nome comum a certos peixes marinhos e de água doce (v. îundi'a) (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 149)
nhandy2 (ou nhandu) (s.) - NHANDI, NHANDU, nome aplicado a diversos arbustos da família das piperáceas, dentre os quais a espécie Piper marginatum Jacq. Tais plantas são também chamadas de betel, betre, bitre, pimenta-do-mato, pimenta-dos-índios, capeba-cheirosa. (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 75; Piso, De Med. Bras., IV, 194)
nheangerekó1 (ou nhangerekó ou îangerekó) (etim. - estar com seus pensamentos) (v. intr. compl. posp.) - preocupar-se, interessar-se, considerar, refletir, pensar [em algo, com algo, em alguém, por alguém, etc.: compl. com a posp. esé (r, s)]: ...onheangerekóbo o angaîpagûera resé. - ...refletindo sobre suas maldades. (Ar., Cat., 74v-75); Anhangerekó îepé, aîpó supé n'abasemi. - Embora me interessasse, junto àquelas não cheguei. (Anch., Teatro, 178, 2006); Penheangerekó amõ 'ara pupé te'õ pe rokena motaka turagûama resé é... - Pensai que, algum dia, a morte virá para bater em vossas portas. (Ar., Cat., 158); Ma'e resé... aîangerekó. - Penso em algo. (D'Evreux, Viagem, 145); Nde resé... aîangerekó. - Penso em ti. (D'Evreux, Viagem, 145) ● onheangerekoba'e - o que se preocupa, o que reflete, etc.: ...Se'õagûera resé onheangerekoba'e... - O que reflete sobre sua morte. (Ar., Cat., 68); nheangerekosara - o que se preocupa, o que reflete, etc.: ...Tupã resé o nheangerekosara... - O que se preocupa com Deus. (Ar., Cat., 68); nheangerekosaba (ou nheangerekoaba) - tempo, lugar, modo, etc. de se preocupar, de refletir; preocupação, consideração: ...poxy resé o nheangerekosápe... - na sua preocupação com torpezas (Ar., Cat., 71)
nheangu (ou îeangu) (etim. - devorar-se a alma) (v. intr. compl. posp.) - recear, temer, ter medo [de algo ou de alguém, por algo ou por alguém: compl. com suí ou esé (r, s)]: ...Te'õ suí o nheangu îabi'õ... - Cada vez que tem medo da morte. (Ar., Cat., 91); ...O 'anga resé oîeangûabo. - Receando por suas almas. (Ar., Cat., 161); Anheangu (abá) resé. - Temo pelo homem (que ele faça algo que não deve). (VLB, I, 42, adapt.) ● nheangûaba - tempo, lugar, modo, causa, etc. de temer, de recear; temor, receio: Mba'e-mba'e-piã te'õ suí nheangûaba? - Quais são, por acaso, as ocasiões de se ter medo da morte? (Ar., Cat., 91); ...Nde nheangûaba bé irumõ-rumõmo. - Ficando a aumentar teu temor também. (Ar., Cat., 112)
nhemoŷrõndûera (s.) - 1) agastamento, irritação, raiva habitual (VLB, I, 24); 2) pessoa raivosa (VLB, II, 95); (adj.: nhemoŷrõndûer) - agastadiço, que tem inclinação a se irritar: Xe nhemoyrõndûer. - Eu sou agastadiço; eu tenho inclinação a me irritar. (Anch., Arte, 51v; VLB, I, 24)
obaîa (t) (s.) - a frente, o lado contrário, a banda de além (Anch., Arte, 41); sobaîa resé - da banda de além dele, na frente dele (Fig., Arte, 126)
obapytymabok (ou obapytymbabok) (s) (etim. - arrancar a cobertura) (v.tr.) - destapar, abrir (p.ex., buraco, caixa) (VLB, I, 101)
obasem (ou obasẽ) (r, s) (xe) (etim. - cara saída) (v. da 2ª classe) - aparecer, dar a cara: Abápe ké sobasẽ...? - Quem aqui dá a cara? (Anch., Teatro, 138)
opar (ou opá) (r, s) (xe) (v. da 2ª classe) - perder-se, errar o caminho, andar perdido; transviar-se: Esepîá-katu nde renonderama ybaka pîarype nde ropare'ymamo... - Vê bem a tua frente para que não te percas no caminho do céu. (Ar., Cat., 82); Anheté, kó nde rapé... Nd'aîpotari nde ropara. - Verdadeiramente, eis aqui teu caminho. Não quero que tu te percas. (Anch., Teatro, 162); Xe ropá-ropar. - Ando perdido. (VLB, I, 121); Sopar. - Ele anda perdido. (Fig., Arte, 38); Xe ropá serã? - Será que me perdi? (Anch., Teatro, 162, 2006) ● soparyba'e - o que se perde, o que erra o caminho (Fig., Arte, 115)
pasendó (s.) - planta "a modo de canas que se tem por legume" (Brandão, Diálogos, 198)
-pe1 (posp. átona. Forma nasalizada: -me. Há também o alomorfe -ype.) - 1) em (locativo): Sygépe o eterama Tupã tari .... - Em seu ventre Deus tomou seu próprio corpo. (Anch., Poemas, 88); I îurupe nhõ Tupã rerobîara ruî. - A crença em Deus está somente em suas bocas. (Anch., Teatro, 30); ...Xe pópe nhote arasó. - Nas minhas mãos, somente, levei-as. (Anch., Teatro, 46); Tynysẽ Tupã raûsuba nde nhy'ãme erimba'e. - Abundava o amor de Deus em teu coração outrora. (Anch., Teatro, 120); ...setãme... - em sua terra (Anch., Teatro, 122); 2) a, para, em (de direção, com movimento): Asó okype. - Vou para a casa. (Anch., Arte, 40); Eîké kori xe nhy'ãme... - Entra hoje em meu coração. (Anch., Poemas, 92); Asó-potá nde retãme... - Quero ir para tua terra. (Anch., Poemas, 92); ...Mundépe i porerasóû... - Para as armadilhas eles levam gente... (Anch., Teatro, 36); Gûaîxará t'osó tatápe!... - Que vá Guaixará para o fogo! (Anch., Teatro, 56); 3) com deverbais em -sab(a) para construir orações subordinadas finais, causais ou temporais (a fim de, para; por causa de; por ocasião de, quando): ...N'aker-angáî sekasápe... - Não dormi, absolutamente, para procurá-los. (Anch., Teatro, 48); Memẽ anhanga popûari pe ri sembiá-potasápe. - Sempre atam as mãos dos diabos quando querem em vós suas presas. (Anch., Teatro, 54); Pe 'anga raûsukatûápe, o boîáramo pe rari. - Por amar muito vossas almas, como seus discípulos vos tomaram. (Anch., Teatro, 54); Kó oroîkó oronhemborypa nde 'ara momorangápe. - Aqui estamos alegrando-nos para festejar teu dia. (Anch., Teatro, 118); ...xe îukasápe - por ocasião de minha morte, quando me matarem (Anch., Arte, 33)
peká (v.tr.) - abrir (sem cortar, como o que abre caminho por meio à multidão ou como o que abre a mata cerrada, sem a cortar); arrombar, fazer rombo ou buraco sem cortar: Nd'e'i te'e oá nhote i xuí, nd'i pekábo ruã... - Por isso tão somente nasceu dela, não lhe fazendo rombo. (Anch., Doutr. Cristã, I, 194); Erepokokype nde rapopé resé, i pekábo? - Passaste a mão nas tuas pudendas, abrindo-as? (Anch., Doutr. Cristã, II, 95)
pepó (s.) - 1) asa (de ave, de pássaro) (VLB, I, 44); 2) penas das asas (de ave): Aîpepó-'ok. - Arranquei as penas de sua asa. (VLB, I, 94); Aîpepó-pûar. - Amarrei penas de asa nela (isto é, na flecha). (VLB, I, 112); 3) empenadura de flecha; penas de asas de pássaros que eram atadas às flechas (VLB, I, 112) ● pepó-ypy - encontros das asas, isto é, a parte superior delas, onde vão fazendo a volta e onde nascem as penas maiores (VLB, I, 115); u'upepó - empenadura de flecha, isto é, penas de asas de pássaros que eram atadas às flechas (VLB, I, 112)
pîaba (s.) - PIABA, PIAVA, PIAU, nome comum a várias espécies de peixes de rio da família dos caracídeos (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 170; Sousa, Trat. Descr., 296)
pîar (ou pîá) (-îo-) (v.tr.) - 1) cercar (p.ex., os inimigos), rodear: Aîopîar. - Cerquei-os. (VLB, I, 70); Marãnamo-pakó tobaîara nde retama pîareme ko'arapukuî pysaré ereîkó sesé enhemosako'îabo, ekere'yma? - Por que, quando os inimigos cercam tua terra, o dia todo e a noite toda, estás preocupando-te com eles, não dormindo? (Ar., Cat., 158); 2) escudar, cobrir, defender: ...I katupenhẽ, i xy aé ipó opîá o akangaobĩ pupé. - Ele estava nu, cobrindo-o sua própria mãe com seu véu. (Ar., Cat., 62); I xy, i aso'ikatûabo, oîopîá ro'y suí... - Sua mãe, cobrindo-o bem, defende-o do frio. (Anch., Poemas, 162)
pirar1 (v.tr.) - abrir (p.ex., a boca, as pernas, etc.) (VLB, I, 19): ...Oîabekatu o îuru pirá. - Abrindo sua boca suficientemente. (Bettendorff, Compêndio, 88); Aîeîuru-pirar. - Abri-me a boca, bocejei. (VLB, I, 56)
pûan (ou pûã) (-îo- ou -nho-) (v.tr.) - passar à frente de; adiantar-se a, ultrapassar, passar (fal. de navio: um cabo, uma ponta de terra, uma ilha); levar vantagem sobre (na corrida, na caminhada, na estatura): Anhopûan. - Adiantei-me a ele; passei-o. (VLB, I, 21; II, 67); ...Opá ereîopûã, oré sumarã reîtyka memẽ. - Passaste à frente de tudo, nosso inimigo vencendo para sempre. (Anch., Poemas, 126)
pûar1 (ou pûá) (-îo-) (v.tr.) - amarrar, atar: Aîakã-mbûar. - Amarrei-lhe a cabeça (isto é, fiz-lhe tranças no cabelo, com fita). (VLB, I, 113); ...Peîpûá muru! - Amarrai os malditos! (Anch., Teatro, 42); Aîpepó-pûar. - Atei-lhe penas. (VLB, I, 112) ● pûasaba (m) - tempo, lugar, instrumento, etc. de atar; atadura, atilho (VLB, I, 46)
puku2 (s.) (metátese de kupy3 - v.) (VLB, II, 74) - parte delgada da perna: Aîpukuîurar. - Lacei a perna dele. (VLB, I, 41)
pysaîé (s.) - 1) alta noite (Fig., Arte, 128; VLB, II, 145); 2) meia-noite: Asé n'omba'e-'u-angáî pysaîé bé... - A gente não come absolutamente nada desde a meia-noite. (Bettendorff, Compêndio, 87); (adv.) a altas horas: A'e ré, moxy rekóû pysaîé okybỹîa asá-asapa... - Depois disso, os malvados estão, a altas horas, atravessando o interior das ocas. (Anch., Teatro, 150) ● pysaîé-katu ké-gûyrybo - "sob o sono da bem alta noite", isto é, nas horas mortas da noite, em que todos dormem (VLB, I, 32); pysaîe'ĩ (ou pysaîekatu'ĩ) - horas mortas da madrugada, modorra (VLB, II, 40)
pytybõ (v.tr.) - ajudar, auxiliar: ...T'oropytybõne... - Hei de te ajudar. (Anch., Teatro, 36); T'oú îandé pytybõmo xe rybyra... - Que venha para nos ajudar meu irmão mais moço. (Anch., Teatro, 130); ...Ereîpytybõpe abá mondá resé? - Ajudaste alguém num roubo? (Ar., Cat., 107); Aînhe'ẽ-pytybõ. - Ajudei-o em suas palavras (isto é, ajudei-o naquilo que dizia, argumentando a favor dele). (VLB, I, 134) ● pytybõsara (ou pytybõana) - o que ajuda, o ajudante: ...São Lourenço pytybõana. - ...ajudante de São Lourenço. (Anch., Teatro, 40); -Mba'erama resépe Tupã semirekorama monhangi? -I pytybõsarama resé... -Para que Deus criou a esposa dele? -Para sua ajudante... (Ar., Cat., 48, 1686); pytybõsaba - tempo, lugar, meio, etc. de ajudar; ajuda, auxílio: Tupã asé pytybõsaba amõ... - algum auxílio de Deus à gente (Bettendorff, Compêndio, 76); Îandé pytybõagûama resé oîerurébo. - Pedindo para nos ajudarem (etim. - pela nossa futura ajuda). (Ar., Cat., 125)
-(r)amo (posp. átona - sua forma nasalizada é -namo): 1) como, na condição de; em [Com o verbo ikó / ekó (t) forma locução correspondente ao verbo ser do português.]: ...Ybyramo i moingó-ukare'yma. - Em terra não os fazendo transformar. (Ar., Cat., 179v); ...Serekoaramo ûitekóbo... - Estando como seu guardião (ou sendo seu guardião). (Anch., Teatro, 4); Pitangamo seni Maria îybápe. - Como criança está sentado nos braços de Maria. (Anch., Poemas, 108); Nde manhanamo t'oîkóne! - Ele há de ser (ou há de estar na condição de) teu espião! (Anch., Teatro, 32); ...Xe boîáramo pabẽ xe pópe arekó-katu. - Como meus súditos em minhas mãos bem os tenho a todos. (Anch., Teatro, 34); Pitangĩnamo ereîkó… - Uma criancinha és (ou na condição de uma criancinha estás). (Anch., Poemas, 100); 2) segundo, conforme: Xe anama, erimba'e, tekó-ypyramo sekóû. - Minha nação, outrora, estava segundo a lei primeira. (Anch., Poemas, 114); 3) Forma o gerúndio de predicados nominais: ...o mba'epûeramo... - sendo coisa antiga (Ar., Cat., 74); O angaîpabamo... - Sendo mau. (Ar., Cat., 27); Xe katuramo. - Sendo eu bom; Nde katuramo. - Sendo tu bom. (Anch., Arte, 29); 4) Forma o modo indicativo circunstancial dos verbos da segunda classe: Koromõ xe rorybamo. - Logo eu estou feliz. (Anch., Arte, 40)
rumõ (v.tr.) - aumentar: ...Nde rekomemûã rumõ-rumõmo nhẽ. - Teus pecados estando a aumentar, com efeito. (Ar., Cat., 157) (o mesmo que irumõ - v.)
so'o1 (s.) - 1) animal (quadrúpede), bicho, caça: ...So'o, pirá, gûyrá retãme'engaba é ikó 'ara... - Este mundo é a terra prometida dos animais quadrúpedes, dos peixes e dos pássaros... (Ar., Cat., 166v); Okûabépe irã so'o...? - Escaparão futuramente os animais quadrúpedes? (Ar., Cat., 46); 2) carne de caça, carne vermelha de animal: Nd'o'uî asé so'o îekuakuba 'ara pupé. - A gente não come carne de caça no dia de jejum. (Ar., Cat., 10v); Aîeruré so'o resé. - Peço por carne (de caça). (D'Evreux, Viagem, 144); So'o resé aîkó. - Estou em busca de caça. (VLB, II, 41) ● so'o-Îurupari - animais com que Jurupari convive, que só andam à noite, soltando gritos horríveis, servindo àquele sexualmente, ativa ou passivamente (D'Evreux, Viagem, 293); so'o-aíba - animal quadrúpede que não se come (VLB, I, 36); so'o-kugûaba - conhecedor de animais, bom de caça (fal. de cão) (VLB, I, 62)
sûé (v.tr.) - atrair: ...Tupã nhemoŷrõ nhẽ ereîxûé nde îoupéne. - A ira de Deus atrairás para ti mesmo. (Ar., Cat., 157)
supé (posp.) (após i ou y assume a forma xupé) - 1) diante de, perante, junto de, junto a: ...Ybyrá supé nhẽpe asé îerokyû? - Diante de uma madeira a gente se inclina? (Ar., Cat., 22); Ta sasy muru supé! - Que eles sofram junto dos malditos! (Anch., Teatro, 56); Mbype erebasẽ i xupé? - Chegaste perto junto a eles? (ou Achaste-os por perto?) (Anch., Teatro, 46); 2) para, a (dat.): Irũmbûera... aîme'eng abá supé. - Seus antigos companheiros dei aos índios. (Anch., Teatro, 46); A'e iî abaíbymo abá supé xe ro'o 'u... - Mas seria difícil para as pessoas comer minha carne. (Ar., Cat., 84v); Enhe'eng nde ruba supé. - Fala a teu pai. (Fig., Arte, 6); Aporombo'eukar Pedro supé. - Faço a Pedro ensinar gente. (Fig., Arte, 146); 3) contra: Anhanga supé Tupã asé mopyatãgûama resé. - Para Deus nos encorajar contra o diabo. (Ar., Cat., 82v); ...I abaeté muru supé São Sebastião ru'uba... - Foram terríveis contra os malditos as flechas de São Sebastião. (Anch., Teatro, 52); 4) para junto de: ...Karaibebé reîkéû i xupé. - O anjo entrou para junto dela. (Ar., Cat., 30v); 5) por, em busca de: Xe ruba supépe eresó? - Vais em busca de meu pai? (Anch., Arte, 36); Kûaî nde ruba supé. - Vai em busca de teu pai. (Fig., Arte, 122). [Tal posp. usa-se apenas com a 3.ª p.: Pero supé - a Pedro (ou para Pedro). Pode ocorrer com outras pessoas, o que não é errado, mas passa por licença poética: Ixé supé - a mim (ou para mim). (VLB, II, 64)] ● mba'e supé? - para quê? para que coisa? a quê? (VLB, I, 39): Mba'e supépe asé graça i 'éû? - A que coisa chamamos graça? (Ar., Cat., 31); abá supé? - para quem? a quem?: Abá supépe asé îeruréû...? - Para quem a gente reza? (Ar., Cat., 23)
tarakutinga (s.) - TRACUTINGA, TRACUXINGA, SARACUTINGA, formiga com aguilhão de cor preta e picada muito dolorosa, da família dos formicídeos, que pode chegar a mais de 2cm de comprimento. Constrói formigueiro subterrâneo. (VLB, I, 142)
5 (v.tr.) - atar, amarrar, armar (p.ex., a rede): Eîotĩ nde kesaba xe porupi. - Amarra tua rede ao lado de mim. (Anch., Arte, 44); Asupá-tĩ xe ruba. - Armo a rede a meu pai. (Fig., Arte, 88)
tyba2 (s.) - 1) ajuntamento, reunião, multidão, TIBA, TUBA, conjunto, abundância: Pa'igûasu irũndyba... - a multidão de companheiros do provincial (Anch., Poemas, 114); takûarusutyba - ajuntamento de taquaras grandes (Staden, Viagem, 116); tá-tyba - ajuntamento de aldeias (VLB, II, 84); Rerityba - "ajuntamento de ostras", nome de um lugar (Anch., Poemas, 112); 2) existência, ocorrência: -Nd'e'ikatupe amoaé abá oporomongaraípa abaré suí? -E'ikatu, abaré tybe'ỹme é. -Não pode outra pessoa batizar em vez do padre? -Pode, no caso de não existência, mesmo, de padre. (Ar., Cat., 80v)
ûarumaûasu1 (s.) - GUARUMAGUAÇU, planta marantácea (Ischnosiphon arouma (Aubl.) Körn.) com a qual se faziam peneiras para farinha (D'Abbeville, Histoire, 182)
ubapeba (s.) - GUAPEBA, trepadeira da família das cucurbitáceas (Fevillea passiflora Vell.). "É cipó que trepa por riba das árvores; ...a fruta é tamanha como uma laranja... e tem dentro três ou quatro castanhas." (Lisboa, Hist. Anim. e Árv. do Maranhão, fl. 181)
umari (s.) - UMARI, 1) nome comum a duas plantas da família das icacináceas, Poraqueiba paraensis Ducke e P. cericea Tul.; 2) nome da árvore leguminosa Geoffroea spinosa Jacq.; 3) o fruto dessas árvores (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 121)
umby3 (t) (s.) - ancas, quadris (Castilho, Nomes, 40); lombos, pela parte inferior deles, a que chamam cadeiras (VLB, II, 24): -Mba'e-mba'epe asé suí i pitubypyra? -Asé rumby. - Que é ungido de nós? - Nossas ancas. (Ar., Cat., 92)
xerorõ (s.) - NHAMBUXORORÓ, INHAMBUXORORÓ, NAMBUXORORÓ, ave da família dos tinamídeos, parecida com a perdiz (VLB, II, 73)
'y (s.) - 1) água: Oîeypyî 'y-karaíba pupé. - Asperge-se com água benta. (Ar., Cat., 24); Erur 'y ixébe. - Traze água para mim. (Léry, Histoire, 367); Asó 'y gûabo. - Vou para beber água. (VLB, I, 154); Aîeruré 'y resé. - Peço por água. (D'Evreux, Viagem, 144); 2) rio: Xe parati 'y suí aîu... - Eu vim do rio dos paratis. (Anch., Poemas, 110); 3) fonte: Kûãî 'ype. - Vai à fonte. (Léry, Histoire, 367) ● 'y-e'ẽ - água salgada (do mar) (VLB, I, 24); 'y-eté - água doce (VLB, I, 24); madre do rio, o leito dentro de suas margens, que às vezes fica descoberto (VLB, II, 27); fonte, água perene (VLB, II, 73); 'y-katu - águas tranquilas, bonança (VLB, I, 57); 'y anhẽ - água sem mistura (VLB, II, 123); 'y rapé - rego d'água (VLB, I, 65); 'y-embe'yba - margem de rio, praia, ourela de mar ou rio (VLB, II, 60); 'y-apé 'arybo - à flor d'água, na superfície da água (VLB, I, 144); 'y-apyra - cabeceiras de rio (VLB, I, 61); 'y-kûabapûana - corrente d'água (no rio ou no mar); 'y-syryka - água corrente (VLB, I, 82); maré descendente; vazante de maré (VLB, I, 91; II, 142); 'y-îebyra - remanso d'água (VLB, II, 100); 'y-pabe'ymba'e - fonte, água perene (VLB, II, 73); 'y-pytera - meio das águas, alto-mar: 'Y-pytera koty asó. - Fui em direção ao meio das águas; fui para o alto-mar. (VLB, I, 112); 'y-akã - braço de rio (VLB, I, 58); 'y-anhangoty - rio acima, a montante (VLB, II, 106); 'y-ape'ara - tona d' água, superfície d'água; 'y-ape'ara rupi - à tona d'água, na superfície da água (VLB, I, 50); 'y-apyrakoty - rio acima, a montante (VLB, II, 106); 'y-embykoty - rio abaixo, a jusante (VLB, II, 106); 'y-mombukaba - sangradouro de rio (VLB, II, 112); 'y-aíba - água ruim, água turva, água velha (D'Abbeville, Histoire, 182v)
ybŷá (ou ybá ou bŷá) (part. que expressa indeterminação do sujeito ou do objeto. Como sujeito, equivale ao se do português em "Come-se bem aqui" ou à 3ª p. do plural em "falaram bem dele". Como objeto, aparece com partículas de sentido indefinido.): Marãpe ybŷá serekóû aîpó i 'ereme? - Como o trataram ao dizer ele isso? (Ar., Cat., 55v); Kó 'ara nungara pupé Santa Maria sóû o ykera amõ ybá Santa Isabel supa. - Num dia semelhante a este, Santa Maria foi para visitar uma certa prima sua, Santa Isabel. (Ar., Cat., 6v)
ysá (s.) - IÇÁ, a fêmea da saúva, inseto himenóptero da família dos formicídeos. "A estas formigas comem os índios torradas sobre o fogo e fazem-lhe muita festa.... Têm asas... e se saem dos formigueiros depois que chove muito, a enxugar-se ao sol; e têm grande boca e tão aguda que cortam com ela como tesoura o fato a que chegam." (Sousa, Trat. Descr., 271) ● ysá rupi'a - ovos de içá (VLB, I, 142)
ysaeté (ou ysaúba) (etim. - içá verdadeira) (s.) - espécie de formiga. Vivem em grandes montes de terra que elas edificam, possuem asas e voam aos bandos. (D'Abbeville, Histoire, 255v). "É a praga do Brasil... pois se dá nele tudo o que se pode desejar, o que esta maldição impede." (Sousa, Trat. Descr., 269)
Acupe (rio da BA). Nome registrado já no começo do século XIX: " [...] corre a costa da Saubara pela parte da Aratella athé o rio Arariba, chamado hoje Acupe [...]" (Luiz dos Santos Vilhena [1802], Carta Primeira, 32). Pode provir de 'y + akub + -pe: na água quente.
Criciúma (SC) - Da língua geral meridional, nome comum a várias plantas gramináceas cujo colmo tem largo emprego na fabricação de balaios e cestos; gurixima, quixiúna, etc.
Cunhambebe (RJ). Era o nome de um famoso chefe tamoio do século XVI: "Foi continuando a derrota até á Ilha dos Porcos, a que uma sesmaria antiga chama Tapéra de Cunhambéba, por nella ter existido uma aldêa, de que era cacique Cunhambéba, aquelle indio, que na sua canôa conduzio para S. Vicente ao veneravel Padre José de Anchieta, quando voltava de Iperoyg." (Frei Gaspar da Madre de Deus [1767], Memorias para a Historia da Capitania de S. Vicente hoje Chamada de S. Paulo, p, 118.). De kunhã + mbeb (forma nasalizada de peb) + -a: mulher achatada (i.e., sem seios, de seios muito pequenos). Tal etimologia não parecerá estranha se se lembrar que há o termo kambeba (kama + peb + -a: seio achatado), que designa uma fêmea estéril (VLB, II, 31). Cunhambeba devia ter um peito bem desenvolvido e musculoso.
Itanhentinga (rio da BA). De itá + nha'ẽ + ting + -a: bacia de pedra branca.
Jaguaré (SP). D'Abbeville, Histoire, 183v, diz que é "cão fedorento", de îagûara - onça, cão + rem - fedorento. O termo Jaguaré, contudo, no século XVIII, designava um outro animal: "Antonia Gomes, natural do Piancho, acometida de hum ferocissimo Jaquaré, especie de Tigre muy feroz, summamente alentada rebateo a sua fúria". (Fr. Domingos de Loreto Couto [1757], p. 174)
Jaguariúna (SP). "Jaguariúna iniciou-se às margens do rio Jaguari (...). Em 1944 o Distrito de Jaguari alterou seu nome para Jaguariúna (...) que significa "rio da onça preta", segundo Theodoro Sampaio." (fonte: IBGE). A etimologia acima fere a gramática da língua tupi. Jaguariúna só poderia significar rio preto das onças. Rio da onça preta, em tupi clássico ou nas línguas gerais dela originárias, seria Jaguaruni.
Japara (rio da BA). De 'y + apar + -a: água torta, rio torto. O PDBLP (p. 874) define japara como um "terreno arenoso, à beira-mar, alagado no inverno", sentido este que deve ter assumido o termo no Brasil colonial: "Entra este rio ou braço de mar pela ilha dentro três léguas, pouco mais ou menos, até os sítios de Aracanga, e se divide em vários braços, a saber: Japara, o rio das Bicas, o rio Itã e o rio que entra para as fazendas do Bonfim." (Caetano da Costa Matoso [1749], p. 927)
Maroim (rio da BA). A mesma etimologia de Maruim (v.).
Mumbaba (rio da PB). A forma mais antiga do nome é outra: "Segue-se o Gramame, entra n'este pela parte do Sul, o Iacoca, e pelo poente o Paranombababa, ou Mombaba." (desconhecido [n.d.], Informação Geral da Capitania de Pernambuco, p. 475). De paranã + papaba (mb) (do v. pab): final do mar.
Peruaçu (rio da BA). De yperu + -ûasu: tubarões grandes. "(...) escrevo a vosa altesa o que me socedeo na guerra que tive com o gentio do peroaçu (...)" Mem de Sá [1560], Carta de Mem de Saa, governador do brazil para El Rey..., p. 227).
Piranhas (rio da PB). De pirá + ãî (r, s) + -a: peixes dentados.
Tingui (rio da BA). De tingy: líquido de enjôo, arbusto da família das sapindáceas que, lançado à água doce, serve para pescar o peixe, envenenando-o: "...foram a um rio dar tinguí, sc. barbasco ao peixe, e ficaram bem providos..." (Pe. Fernão Cardim [1583], Informação da Missão do P. Christovão Gouvêa ás partes do Brasil - anno de 83, p. 155).
Ubatuba (SP). Duas etimologias são possíveis: 1) de u'ubá - cana-ubá, cana-de-flecha (da qual se faziam flechas pelos índios) + tyba: ajuntamento de canas-ubás, de canas-de-flecha. "As cannas da Bahia chama o gentio ubá, as quaes tem folhas como as de Hespanha." (Sousa, Trat. Descr., LXII); 2) De ubá - var. de canoa, de embarcação indígena (Sotomaior, Jornada ao Pacajá, in DAP, VIII [1945], 2): "Falo aqui só das canoas ordinárias; porque também algũas vezes por algũas conveniências particulares, fazem [outros] a que chamam ubá com feitio mais ligeiro quase semelhante ao que costumam os castelhanos." (Pe. João Daniel [1757], p. 422).
MELLO, José A. G., D. Antônio Felipe Camarão, Capitão-Mor dos Índios da Costa do Brasil. Universidade do Recife, 1954.
Poemas - Lírica Portuguesa e Tupi (Organização, tradução e notas de Eduardo de Almeida Navarro). Editora Martins Fontes, São Paulo, 1997 (cotejado com a edição documentária de Maria de Lourdes de Paula Martins).
RENDON, Joze Arouche de Toledo [1802], Plano em que se propoem o melhoramento da sorte dos indios, reduzindo-se a freguezias as suas aldeas, e extinguindo se este nome, e esta antiga separaçaõ em que tem vivido a mais de dois séculos. Documentos Interessantes para a História dos Costumes de São Paulo (DIHCSP). São Paulo: Editora da Unesp, 1990, p. 91-110. 1802.
caminho (em relação a quem passa por ele): (a)pé (r, s); (em relação ao lugar aonde ele leva): piara (mb)
filho(a) (em relação à mãe) - membyra
filhote (em relação à fêmea) - membyra
homem - (índio): abá; apŷaba; (negro): tapy'yîuna; (branco): karaíba; (em oposição a mulher): apŷaba; abá; (em oposição a animal bruto): abá
ababykagûere'yma (etim. - a não tocada de homem) (s.) - virgem: Kunhã-angaturama ababykagûere'yma... - Mulher bondosa, uma virgem. (Ar., Cat., 22v)
'abiú (v.tr.) - catar a cabeça de: Aî'abiú. - Catei-lhe a cabeça. (VLB, I, 69)
agûasá (s.) - 1) mancebia: Agûasá pupé aîkó. - Vivo na mancebia, vivo amancebado. (VLB, I, 17); ...I agûasá repîakĩamo... - Permitindo sua mancebia. (Ar., Cat., 69); 2) mancebo (a), amante, adúltero (a) (VLB, II, 30): Ereîpe'ape nde ra'yra, nde remiaûsuba i agûasá suí? - Afastaste teu filho e teu escravo de suas amantes? (Ar., Cat., 100v); 3) (adj.) - amante (VLB, II, 46); amancebado; (xe) amancebar-se, cometer adultério: Xe agûasá gûitekóbo. - Eu estou-me amancebando. (VLB, I, 33) ● i agûasaba'e - o que se amanceba: -Abápe aîpoba'e oîaby? -I aguasaba'e, o mendasabe'yma resé oîkoba'e abé. -Quem transgride aquele? -O que se amanceba e também o que tem relações sexuais com o que não é seu cônjuge. (Ar., Cat., 71); agûasá membyra - filho bastardo, filho do amante (VLB, I, 53)
a'i (s.) - 1) mãe: Kó a'i Tupã Marie. - Eis a mãe de Deus, Maria. (D'Evreux, Viagem, 73); 2) s. vocativo de 1ª p. - minha mãe! (h. e m.): A'i, eîori! - Minha mãe, vem! (Ar., Cat., 268)
aîarõ (xe) (v. da 2ª classe) - parecer bem, fazer sentido: N'i aîarõî Îesu Cristo taté é te'õ suí i îepirapûana, tuba i moingoaba se'õ a'e i aîarõ. - Não parece bem fazer ele a defesa da morte fora de Jesus Cristo, mas faz sentido que sua morte fosse a finalidade com que seu Pai o fez viver. (Ar., Cat., 4)
aíba1 (s.) - 1) maldade, ruindade; AÍVA, coisa vil (VLB, I, 136; II, 145); ...Îandé aíba t'oîpe'a. - Que afaste nossa maldade. (Anch., Poemas, 182); 2) feiúra: Anotĩ xe aíba. - Envergonho-me de minha feiúra. (VLB, I, 83); 3) grosseria (VLB, I, 151); 4) aspereza (do mato, do caminho) (VLB, I, 44); 5) incompleteza, superficialidade; (adj.: aíb) - 1) mau, ruim, AÍVA, podre (em geral), desprezível, vil (VLB, I, 100; II, 80): Aûîé kunumĩgûasu o ekó-aíbeté oîomim... - Enfim, os moços escondem seus muito maus procedimentos. (Anch., Teatro, 38); I îasear apŷabaíba... - Uniram-se os homens maus. (Anch., Teatro, 54); anhangaíba... - diabo mau (Anch., Poemas, 90); 2) grosseiro, rústico, tosco, bruto: Xe aíbusu. - Eu sou grosseirão. (VLB, I, 151); 3) áspero, impraticável (fal. de mato, de caminho): pé-aíba - caminho impraticável (VLB, I, 45); 4) debilitado, enfraquecido, de saúde corrompida, estragado com o uso: Xe aíb. - Eu estou debilitado. (VLB, I, 83; 130); 5) envelhecido (com o uso; fal. de coisas) (VLB, I, 119); velho: Gûyrá-aibusu - pássaro muito velho (antropônimo) (D'Abbeville, Histoire, 187); 6) incompleto, superficial: mba'easy-aíba - doença superficial, indisposição, doença fraca (VLB, II, 28); (adv.) - 1) mal: Aîkó-aíb. - Vivo mal. (Fig., Arte, 138); Arekó-aíb. - Trato-o mal. (Fig., Arte, 138); 2) falsamente, não completamente, superficialmente: Amanõ-aíb. - Morro falsamente, isto é, desmaio, desfaleço. (VLB, I, 125); Asendub-aíb nde nhe'enga. - Entreouvi tuas palavras (isto é, ouvi-as superficialmente). (VLB, I, 119); 3) com afronta: Aîmondó-aíb. - Mando-o com afronta. (Fig., Arte, 138); 4) tirante a, que tende a: pyrangaíb - tirante a vermelho (VLB, II, 128)
aîub (xe) (v. da 2ª classe) - madurar, amadurecer; estar maduro e amarelo (fal. de fruta): Mbobype îasy kanhemi koîpó akaîu aîubamo...? - Quantas vezes a lua desapareceu ou o caju madurou? (Ar., Cat., 104v); Okuî rakó amũme 'ybarambûera o 'yba suí 'ybotyramo oîkóbo bé, amõ rakó ogûakyra pupé i kuî, amõ rakó ogûaîub'iré i kuî. - Caem às vezes os frutos de suas árvores sendo ainda flores, outras vezes em seu estado verde, outras vezes caem após madurarem. (Ar., Cat., 157v)
'aîubyr (xe) (v. da 2ª classe) - levantar a cabeça (como dizem dos muito doentes): Xe 'aîubyr. - Eu levanto a cabeça; Na xe 'aîubyri. - Eu não levanto a cabeça. (VLB, II, 21)
akaîu (s.) - 1) CAJUEIRO, nome dado principalmente a uma árvore da família das anacardiáceas, gênero Anacardium (Anacardium occidentale L.), de flores pequenas, avermelhadas e perfumadas, que exalam um odor muito forte; 2) CAJU, ACAJU, o fruto dessa árvore e das demais espécies de cajueiros (D'Abbeville, Histoire, 217): Mbobype îasy kanhemi koîpó akaîu 'aîubamo...? - Quantas vezes a lua desapareceu ou o caju madurou? (Ar., Cat., 104v); 3) pedicelo tuberizado, comestível, do fruto do cajueiro (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 94) ● akaîu 'y - licor de caju (VLB, II, 146); akaîu-kaûĩ - vinho feito pelos índios com o suco do caju (D'Abbeville, Histoire, 218); akaîu-'akaîá - castanha de caju (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 269)
akaîuakaîpirakoba (s.) - PIRAOBA, PIROABA, nome indígena das chuvas de outubro, no Nordeste, conhecidas por chuvas-de-caju; chuvas que prejudicam a floração do cajueiro (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 95)
amba'yba (s.) - EMBAÚBA, AMBAÍBA, AMBAÚBA, IMBAÍBA, IMBAÚVA, IMBAÚBA, designação comum a várias espécies de plantas do gênero Cecropia, da família das cecropiáceas. É o alimento preferido do bicho-preguiça, abrigando também formigas agressivas. Tem propriedades medicinais e é também chamada árvore-da-preguiça. (D'Abbeville, Histoire, 220; Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 91; VLB, I, 138). Serviam-se os índios de sua madeira para acender o fogo. (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 273)
angiré (etim. - após isto) (adv.) - doravante; d'agora em diante: Peteumẽ, pe poxyramo angiré... - Guardai-vos de serdes maus doravante. (Anch., Teatro, 54); ...Asapîá-katupe angiré ká. - Hei de obedecer muito a ele doravante. (Ar., Cat., 77); Angiré, pe poreaûsub umẽ... - Doravante, não estejais aflitos. (Anch., Teatro, 186)
anhangyîara (etim. - a que porta o Anhanga) (s.) - feiticeira indígena (Calado, O Valeroso Lucideno, V, III, 323)
apaîugûá (xe) (v. da 2ª classe) - 1) fazer confusão, fazer embrulhada, misturar alhos com bugalhos (naquilo que se conta, naquilo a que se refere, etc.): Xe apaîugûá. - Eu fiz confusão. (VLB, II, 71); 2) estar encaroçado (p.ex., a farinha, o mingau) (VLB, I, 148)
apakuî (xe) (v. da 2ª classe) - 1) cair pouco a pouco (como a parede que se está demolindo, etc.) (VLB, I, 63): A'ereme îasytatá o apakuîamo. - Então as estrelas cairão pouco a pouco. (Ar., Cat., 159v); 2) desmanchar-se, gastar-se, ir-se acabando, desfazer-se (com o uso, como a casa, a rede, etc.) (VLB, I, 99)
aparok (etim. - arrancar a tortuosidade) (v.tr.) - endireitar: Aîaparok. - Endireitei-o. (VLB, I, 115)
apengok (etim. - arrancar a tortuosidade) (v.tr.) - endireitar: Aîapengok. - Endireitei-o. (VLB, I, 115)
ape'ok (etim. - arrancar a casca) (v.tr.) - descascar (casca grossa, como, p.ex., de árvore, de favas); aparar (como marmelo): Aîape'ok. - Descasquei-o. (VLB, I, 37, 97)
apererá1 (xe) (v. da 2ª classe) - 1) fazer confusão, fazer embrulhada, misturar alhos com bugalhos (naquilo que se conta, a que se refere, etc.): Xe apererá. - Eu fiz confusão. (VLB, II, 71); 2) encaroçar; encaroçado (p.ex., a farinha, o mingau) (VLB, I, 148)
apetek (v.tr.) - barrear, fazer taipa: Oka aîyby-apetek. - Barreei a casa com terra. (VLB, II, 123)
'apin (v.tr.) - rapar a cabeça a: Aî'apin. - Rapo-lhe a cabeça. (VLB, II, 96)
'apirungá (v.tr.) - machucar a cabeça de: Aî'apirungá. - Machuco-lhe a cabeça. (VLB, II, 27)
apupa'ũ2 (t) (s.) - lanço, isto é, porção ou extensão de coisas construídas ou de áreas abertas contidas entre elementos arquitetônicos de referência, como pilastras, cantos, moirões, cercas, etc.: okarapupa'ũ - lanço da ocara, a parte da ocara contida entre, por exemplo, duas ocas (VLB, II, 18)
apupa'ũ3 (t) (s.) - parte do corpo entre a cintura e os joelhos, regaço (Castilho, Nomes, 38)
apykanhem (xe) (v. da 2ª classe) - desaparecer ao andar, sumir ao andar, sumir de vista (o que anda a pé, o navio, etc.): Xe apykanhem. - Eu sumi de vista. (VLB, I, 96)
apysá2 (xe) (v. da 2ª classe) - 1) ouvir, dar ouvidos a, importar-se: Na xe apysáî. - Não dou ouvidos, não me importo. (VLB, II, 46, 122); 2) na negativa também significa teimar, porfiar, insistir, não desistir (VLB, II, 125): Kunhã rakypûemondóbo, apŷaba n'i apysáî... - Seguindo o rastro das mulheres, os índios não desistem. (Anch., Teatro, 150); Na xe apysáî. - Insisti. (VLB, I, 118)
'apytera2 (s.) - criança que já não tem a moleira (VLB, II, 40)
arasagûasu (etim. - araçá grande) (s.) - 1) o mesmo que ARAÇANHUMA, ARAÇAÍBA, uma das espécies de araçá, planta da família das mirtáceas; 2) o fruto dessa árvore; 3) nome com que nossos índios tupis da costa chamavam a goiaba (Psidium guayava L.) (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 105; Brandão, Diálogos, 218)
arasaíba (etim. - araçá ruim) (s.) - ARAÇAÍBA (Psidium guineense Sw.), uma das espécies de araçá ou araçazeiro, nome comum a várias plantas da família das mirtáceas, tipicamente brasileiras, do gênero Psidium (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 105; Sousa, Trat. Descr., 187)
asébe (pron. dat.) - para a gente; para nós, a nós (Fig., Arte, 7): I nhyrõ bépe Tupã asébe?... - Perdoa também Deus a nós? (Ar., Cat., 91)
asébo (pron. dat.) - para a gente; para nós, a nós (Fig., Arte, 7): Se'õagûera resépe Tupã tuba nhyrõngaturamo asébo? - Por sua morte Deus-Pai bem perdoa a nós? (Anch., Dial. da Fé, 164)
asu (s.) - 1) mão esquerda (Castilho, Nomes, 28); 2) a esquerda, o lado esquerdo: Aûîé i asu koty é i angaîpaba'epûera oîkóbone... - Enfim, à sua esquerda estando os que foram pecadores. (Ar., Cat., 161v)
atyûasu (etim. - ati grande) (s.) - 1) ATIUAÇU, ATINGAÇU, ave da família dos cuculídeos. Vive na mata e à beira da mata, no cerrado e no cerradão. "...Tem as costas pardas, o peito e a barriga brancas, o rabo comprido, as pernas verdoengas, os olhos vermelhos." (Sousa, Trat. Descr., 238; VLB, I, 146)
berab (ou berá) (v. intr.) - 1) brilhar, ser luzente, resplandecer, reluzir: Kûarasy nipó oberá putunusu kûab'iré. - O sol certamente brilha após passar a grande noite. (Anch., Poemas, 142); 2) relampejar (VLB, I, 143) ● oberaba'e - o que brilha: Aó-kereîûá kûarasy sosé oberaba'e nungara... - Semelhante a uma roupa de querejuá que brilha mais que o sol... (Ar., Cat., 37v)
by'ar (ou by'a) (v. intr.) - 1) acomodar-se, ficar sossegado, ser ou ficar manso, ficar quieto; quedar-se, refestelar-se: Xe-te, xe 'anga raûsupa, aby'arĩ xe retãme. - Mas eu, amando minh'alma, fico quieto em minha terra. (Anch., Poemas, 112); Peîkó-aturõ t'oby'ar pe ri. - Agi ordenadamente para que se quede em vós. (Ar., Cat., 88v); 2) apegar-se: I 'anga t'o'a taûîé, o monhangara reîá, rõ oby'a îandé resé. - Que suas almas caiam logo, deixando seu criador, apegando-se, pois, a nós. (Anch., Teatro, 20); ...Oroby'a nde resé. - A ti nos apegamos. (Anch., Teatro, 122)
é9 (t) (s.) - sabor, gosto: so'o ré - gosto de carne (VLB, I, 149); Abámo... mba'e-katu 'uagûera n'oîkuabi xûé... sé katûagûera resé o esaraîamo? - Quem não saberia ter comido algo bom, esquecendo-se da excelência de seu sabor? (Ar., Cat., 88v); [adj.: é (r, s)] - gostoso, saboroso: Sé. - Ele é gostoso. (VLB, I, 149) ● seba'e - o que é saboroso: ...Amõ seba'e irũmo nhẽ. - Com algumas coisas que são saborosas. (Ar., Cat., 111); Seba'e-a'uba nhote resé... asé na sesaraî... - A gente não se esquece do que é saboroso só na aparência. (Ar., Cat., 88v); Setápe pirá seba'e? - São muitos os peixes que são gostosos? (Léry, Histoire, 348)
eboûĩ 1) (dem. adj.) - esse (es, a, as) (Fig., Arte, 85): Eboûĩ nde resá... erobak oré koty... - Esses teus olhos volta em nossa direção. (Ar., Cat., 14v); 2) (adv.) - eis que: Eboûĩ abá 'anga rupîatyba a'e. - Eis que o adversário costumeiro da alma do homem é ele. (Ar., Cat., 89); 3) (adv.) - aí, ali, esse lugar: eboûĩ suí - daí, desse lugar (em que estás) (VLB, I, 93); eboûĩ rupi - por aí, por ali, por esse lugar (VLB, II, 82)
e'ẽ (t) (s.) - sabor; [adj.: e'ẽ (r, s)] - saboroso (doce ou salgado): Îuky-karaíba oîmondeb nde îurupe ta se'ẽngatu Tupã nhe'enga... i xupé... - Sal bento pôs na tua boca para que seja muito saborosa a palavra de Deus a ela. (Ar., Cat., 188) ● se'ẽba'e - o que é saboroso, o que é doce, o que é salgado, o que tem sabor: Salve Rainha, moraûsubara sy, tekobé, se'ẽba'e... - Salve Rainha, mãe de misericórdia, vida, a que é doce. (Ar., Cat., 14); e'ẽ-moxy (r, s) - salgado demais, que não se pode comer: Se'ẽ-moxy. - Ele está salgado demais. (VLB, II, 112); e'ẽ-byk (r, s) - salobra (a água); Se'ẽ-byk. - Ela é salobra. (VLB, II, 112, adapt.)
ekate'yma (ou ekoate'yma) (t) (s.) - avareza: Tekate'yma robaîara tekate'yme'yma. - O oposto da avareza é a liberalidade. (Ar., Cat., 18); [adj.: ekate'ym (r, s)] - avaro: ...Pe rekate'ym sesé... - Vós sois avaros com ele. (Ar., Cat., 89)
embe'yba (t) (s.) - margem, beira, ourela, borda (de qualquer coisa): 'y-embe'yba - margem de rio, beira do mar (VLB, II, 60); ...Ka'a-embe'ype osóbo... - Indo para a borda da floresta. (Anch., Teatro, 150) ● embe'y-rung (s) - pôr borda, guarnecer a borda (p.ex., de canoa, colocando-lhe postiças para evitar a fácil abordagem): Asembe'y-rung. - Pus as bordas dela. (VLB, I, 58); embe'y-kytĩ (s) - aparar, cortar as bordas de (como as de pão, de hóstia, etc.): Asembe'y-kytĩ. - Aparei-o. (VLB, I, 37); [Para aparar cabelo, v. etab (s)]
embykyra (t) (s.) - rabadilha ou rabadela, a região superior das nádegas (de pessoa) (VLB, II, 95)
erasó (v.tr.) - fazer ir consigo, levar: ...T'ereîu ybaté xe rerasóbo. - Que venhas para levar-me para o alto. (Anch., Poemas, 102); Pedro nde rerasó o irũnamo. - Pedro leva-te consigo. (Fig., Arte, 83); Ogûerasó temõ sapy'a ybakype Tupana xe ruba mã! - Ah, oxalá cedo levasse Deus a meu pai para o céu! (Fig., Arte, 99); Erasó koba'e nde ruba pé. - Leva isto para teu pai. (Fig., Arte, 121); Aporoerasó. - Levo gente. (Fig., Arte, 89); ...T'arasó pá xe ratápe... - Hei de levar todos para meu fogo. (Anch., Poesias, 269) ● ogûerasoba'e - o que leva: Abá mondarõagûera o'uba'e koîpó og okype ogûerasoba'e. - O homem que come objeto de furto ou que o leva para sua casa. (Ar., Cat., 72v); erasoara (t) - o que leva (Fig., Arte, 65): O sybápe îandy-karaíba rasara rerasoara nd'e'ikatuî sesé omendá. - O que leva aquele que recebe o óleo santo em sua testa (isto é, seu padrinho de crisma) não pode casar-se com ele. (Ar., Cat., 129-129v); erasosaba (t) - tempo, lugar, modo, meio, instrumento, etc. de levar, de fazer ir consigo: Îarekópe amoaé ybakype asé rerasosaba aîpó nde remimombe'uagûera suí? - Temos outros meios de sermos levados para o céu, afora aqueles que tu mencionaste? (Bettendorff, Compêndio, 74); Abaré ogûerasoápe, n'asaûsubi... - Por os levarem os padres, não os amo. (Anch., Teatro, 12)
eroapy'am (v.tr.) - fazer inclinar-se consigo, inclinar-se com, fazer descer consigo, descer com (p.ex., o pastor com seu gado de uma montanha, mas não montado nele. V. tb. eroîyb.): Aroapy'am. - Desci com eles. (VLB, I, 91) ● eroapy'ambaba (t) - tempo, lugar, modo, etc. de descer; descida; ladeira: seroapy'ambaba - a descida dele (p.ex., de um monte) (VLB, I, 91)
erobobõ (v.tr.) - falar ao ouvido de; dizer segredos a: Pysaré, i ka'ugûasu riré, asó abá rerobobõmo... - A noite toda, após sua grande bebedeira, vou falar aos ouvidos dos índios. (Anch., Teatro, 134)
erogûeîyb (v.tr.) - fazer descer consigo, descer com: ...Tupã reroîypa ybaka suí. - Fazendo Deus descer consigo do céu. (Anch., Poemas, 124); ...O îase'o rerogûeîypa, ogûasẽ-gûasema rerasóbo. - Descendo com seus choros, indo com seus gritos. (Ar., Cat., 162v) ● erogûeîypaba (t) - tempo, lugar, modo, etc. de descer com; descida: serogûeîypaba - a descida dele (p.ex., de um monte) (VLB, I, 91)
eroîeaŷbyk (v.tr.) - fazer curvar a cabeça de, reverenciar: Nde pópe ogûapyka, osó kunumĩ, Tupã Tuba ri nde reroîeaŷbyka... - Em tuas mãos sentando-se, vai o menino, por Deus-Pai fazendo-te curvar a cabeça. (Anch., Poemas, 120)
e'ymebé (posp.) - antes que, antes de (em relação a algo que poderá ou não realizar-se): Mosapy ipó xe boîáramo nde rekó ereîkuakub mokõî gûyrá sapukaî'e'ymebéne... - Na verdade, três vezes negarás ser meu discípulo antes de o galo cantar duas vezes. (Ar., Cat., 57-57v); Emonãnamo enhenonhen esapy'a, te'õ nde resapy'a e'ymebé. - Portanto, corrige-te logo, antes que a morte te surpreenda. (Ar., Cat., 106v); Îasepenhan, îaîpysyk, i apysyk' e'ymebé... - Atacamo-los, prendemo-los, antes que se consolem. (Anch., Teatro, 66); Xe só e'ymebé t'eresó. - Hás de ir antes que eu vá. (Fig., Arte, 125); I kuab'e'ymebé, îasó muru rerasóbo. - Antes que ela saiba, vamos para levar os malditos. (Anch., Teatro, 130)
e'ymetemonaé (conj.) - a não ser que não: Tupã serekó e'ymetemonaémo. - A não ser que Deus não a fizesse estar consigo. (Ar., Cat., 32)
gûyraakangasaba (etim. - ave que cruza a cabeça) (s.) - nome de uma ave (Theat. Rer. Nat. Bras., I, 139)
gûyraakangatara (etim. - ave de cocar) (s.) - GUIRÁ-ACANGATARA, ave cuculiforme da família dos cuculídeos, comum em todo o país. Tem o alto da cabeça avermelhado e a nuca amarelada. Habita as matas e os cerrados. (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 216; Theat. Rer. Nat. Bras., I, 179)
gûyragûasu (etim. - ave grande) (s.) - nome comum a diferentes espécies de aves de rapina das famílias dos falconídeos e dos accipitrídeos; gavião (v. tb. ûyraûasu): gûyragûasu-aba - pena de gavião (Léry, Histoire, 349; VLB, I, 48)
gûyraúna (etim. - ave escura) (s.) - GRAÚNA, ARAÚNA, UIRAÚNA, CARAÚNA, CRAÚNA, IRAÚNA, nome comum a vários pássaros escuros, geralmente pertencentes à família dos icterídeos (Lisboa, Hist. Anim. Árv. do Maranhão, fl. 186v)
îá1 (s.) - totalidade, repleção; (adj.) repleto; (xe) estar à medida de, ser segundo a capacidade de, ser de acordo com a quantidade ou o número de, ser de conformidade com (medida, número ou peso): ...Xe îá nhote. - Está segundo minha medida, somente. (VLB, I, 79); N'i îáî pirá sembiara. - Não são segundo a quantidade deles os peixes que ele apanha (isto é, o que ele pesca é muito aquém dos peixes que há). (VLB, II, 16); Na xe îáî. - Não está em conformidade comigo, não é igual a mim. (VLB, I, 99)
îaeté (s.) - o máximo, o fino “em qualquer arte ou habilidade, em bom ou mau sentido” (VLB, II, 33; 76); obra-prima, coisa muito bem feita: Ixé-tene îaeté. - Obra-prima sou eu. (VLB, II, 86); (adj.) - máximo: Kó-tene i îaeté. - Este é o máximo. (VLB, II, 86); (adv. - tem valor de superlativo junto a nomes) - ao máximo: Kó-tene i angaîpab-y îaeté. - Este é ruim ao máximo; este é péssimo. (VLB, II, 86)
îagûasatigûasu (s.) - pica-peixe, uma espécie de martim-pescador existente no Brasil, pássaro da família dos alcedinídeos, que vive nos rios grandes, lagos, lagunas, manguezais e à beira-mar, sempre onde há barrancos ou rochas para fazer ninhos (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 194; Theat. Rer. Nat. Bras., I, 111)
Em Montoya (Tesoro, p. 175) vemos que, em guarani antigo, uma das variedades dessa ave era o ynambûtimĩtã (lit., inambu do bico avermelhado), que deve ser também a etimologia de inambuxintã ou nhambuxintã, forma corrompida que chegou até nós e não se encontra nos textos quinhentistas e seiscentistas.
îa'oka (s.) - separação: Sasy asé 'anga asé reté suí i îa'oka... - Dói a separação de nossa alma de nosso corpo. (Ar., Cat., 156)
îekugûagûamamõ (etim. - aparecer o sol ao longe) (v. intr.) - vir a alvorada, a aurora, clarear a manhã (VLB, I, 123)
îemonana (s.) - união, mistura: ...îandé ro'o resé Tupã-Ta'yra... îemonana... - a união de Deus-Filho com nossa carne (Ar., Cat., 132v)
îepé1 (conj.) - ainda que, embora, por mais que, apesar de, mesmo que: Pesa'ang îepé, peuî korite'ĩ nhote xe pyri... - Embora tentásseis, estivestes deitados só pouco tempo junto a mim. (Ar., Cat., 53); Îepémo asó... - Ainda que eu fosse... (Anch., Arte, 23v); Îepémo xe só umani... - Embora eu já tivesse ido... (Anch., Arte, 24); Aîpó n'i papasabi, kûarasymo oîké îepémo! - Isso não seria possível enumerar, ainda que o sol se pusesse! (Anch., Teatro, 38); I Tupãok îepé, Tupãmongetá-ngetábo, aîmomoxy pabenhẽ ... - Embora eles tenham igrejas para ficar rezando, a todos arruinei. (Anch., Teatro, 132); Ereîpysyrõ îepéne, nde pó suí anosẽne. - Ainda que os libertes, retirá-los-ei de tua mão. (Anch., Teatro, 40); Té! Morapitîara ixé, angaîpaba sykyîeba, morubixaba îepé. - Oh, eu sou assassino, causa do temor aos pecados, mesmo dos reis. (Anch., Teatro, 90)
îepirok (etim. - arrancar-se a pele) (v. intr.) - romper-se (p.ex., o dia) (VLB, I, 123)
ingapema (s.) - INGAPEMA, tacape indígena: ...Ingapema bé peru! - Trazei também a ingapema! (Anch., Teatro, 64); Kó bé ingapé-kûatiara, t'aîakã-mombuk muru. - Eis aqui também a ingapema pintada, para que arrebente a cabeça dos malditos. (Anch., Teatro, 66) (o mesmo que ybyrapema - v.)
itagûaí (etim. - aguaí de ferro) (s.) - guizo, esfera de metal com uma bolinha solta, dentro, que a faz soar (VLB, I, 68)
itaoka1 (etim. - arranca pedra) (s.) - peixe da família dos pimelodídeos. "Tem três quinas em o corpo que todo ele parece punhal.... Consiste a peçonha na pele, fígados, tripas e ossos e qualquer animal que o come logo morre." (Cardim, Trat. Terra e Gente do Brasil, 56)
îuraragûaî (xe) (v. da 2ª classe) - mentir: Pe îuraragûaî. - Vós mentis. (Anch., Teatro, 180); Îuraragûaî setatupabé. - Mentiu muitíssimo. (D'Evreux, Viagem, 88); O 'anga... renõîndara abé o îuraragûaîamo nhẽ, marãpe? - E mentindo também aquele que invoca sua alma, que acontece? (Ar., Cat., 67) ● îuraragûaîtaba (ou îuraragûaîaba) - tempo, lugar, modo, etc. de mentir; mentira: Eresenõî tenhẽpe Tupã nde îuraragûaîtápe? - Invocaste a Deus em vão ao mentires? (Anch., Doutr. Cristã, II, 84)
îuraú (s.) - JIRAU, armação feita de varas, de forquilhas e ripas que serve de cama, assento, para assar carnes, secar roupas, etc. É usado também por caçadores que ficam na mata à espreita de caça. (Travaços, Declaração do Brasil, XXVI, fl. 22v)
îybaypya'ỹîa (ou îybaypya'ynha) (etim. - semente da base do braço) (s.) - bucho do braço, polpa do braço, a parte mais grossa e carnuda dele, do cotovelo até o ombro (Castilho, Nomes, 32; VLB, II, 17)
ka'a (s.) - 1) mata, mato: Okûabépe irã so'o, gûyrá, pirá, ka'a...? - Escaparão futuramente os animais de caça, os pássaros, os peixes, as matas? (Ar., Cat., 46); Asó ka'abo. - Vou pelos matos. (Fig., Arte, 7); 2) ramo (de árvores ou plantas) (VLB, II, 96); 3) erva, folha, folhagem, planta: ka'a-roba - folha amarga (Cardim, Trat. Terra e Gente do Brasil, 42); 4) território de caça. Forma, com tal sentido, muitas expressões: Ka'abo aîkó. - Ando à caça (lit., estou pelas matas). Ka'abo asó. - Vou à caça. (VLB, II, 41) ● ka'a-pa'ũ - ilha de mato em meio a um descampado, CAPÃO (Léry, Histoire, 360; VLB, II, 9); moita de mato (VLB, II, 43); ka'ape só - ir defecar (lit., ir ao mato): Ka'ape asó. - Fui defecar. (VLB, I, 62); ka'aygûana (ou ka'abondûara) - animais da mata; o que vive ou vaga pelas matas (VLB, II, 41)
ka'ab (etim. - abrir a mata) (v. intr.) - defecar: Aka'ab. - Defequei. (VLB, I, 62)
kambu'i (s.) - 1) CAMBUÍ, CAMBUIM, nome comum a árvores da família das mirtáceas, do gênero Myrcia; 2) o fruto dessas plantas (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 108)
kambyk (etim. - apertar os seios) (v.tr.) - espremer (p.ex., com prensa, com a mão, etc.) (VLB, I, 127)
kamusi3 (s.) - cova, caverna onde eram postas as urnas que continham a ossada dos índios mortos (Brandão, Diálogos, 67)
NOTA - É provável que tal palavra designasse, também, um grande vaso de barro onde os índios colocavam os mortos, grande pote de barro que servia como uma urna funerária. Com efeito, no P.B., CAMOCIM (ou CAMOTIM) tem também esse sentido. Em José de Alencar, lemos: "O CAMUCIM, que recebeu o corpo de Iracema, embebido de resinas odoríferas, foi enterrado ao pé do coqueiro, à borda do rio." (in Iracema. Editora Record, São Paulo, 2006)
ka'u3 (v.tr.) - fazer papa de (p.ex., de grãos, de mandioca, etc.): Aîka'u. - Faço papa dela. (VLB, II, 64) ● eminga'u (t) - o que alguém empapa, o empapado, a papa, o MINGAU: xe reminga'u - meu mingau (Fig., Arte, 79)
kaûĩ (s.) - 1) CAUIM, bebida indígena, feita de caju (ou mandioca ou aipim) fervido e, depois, mastigado e cuspido por mulheres, para se fermentar com a enzima da saliva (Staden, Viagem, 58): Irũmbûera, ...kaûĩ repyrama ri, aîme'eng abá supé. - Seus antigos companheiros dei para os índios em troca de cauim. (Anch., Teatro, 46); 2) vinho (V. tb. kaûĩaîa1): ...Miapé o pópe o emiîara i moîebyû o etéramo, kaûĩ og ugûyramo. - O pão que apanhou em suas mãos devolveu-o como seu corpo e o vinho como seu sangue. (Ar., Cat., 5); (adj.) - embriagado de cauim; (xe) ter cauim: I kaûĩgûasu-pipó xe ramũîa Îagûaruna? - Tem muito cauim, porventura, meu avô Jaguaruna? (Anch., Teatro, 60) ● i kaûĩgûasuba'e - beberrão: Serapûan kó mosakara, i kaûĩgûasuba'e. - São famosos esses moçacaras, que são uns beberrões. (Anch., Teatro, 6)
Kaûĩagûé (etim. - a metade do cauim) (s. antrop.) - nome de índio tupi (D'Abbeville, Histoire, 186v)
ko'emytanga (etim. - avermelhamento da manhã) (s.) - aurora (VLB, I, 33); luz da manhã (VLB, II, 25): Our ko'emytanga. - Veio a aurora. (VLB, I, 123)
komandá (s.) - COMANDÁ, espécie de vagem; feijão, nome comum a várias plantas leguminosas-papilionáceas, do gênero Phaseolus, incluindo o feijão comum, P. vulgaris L. e o feijão-lima, Phaseolus lunatus L. (D'Abbeville, Histoire, 229)
ku'apûar (etim. - amarrar a cintura) (v.tr.) - cingir (p.ex., com cinto) (VLB, I, 74)
ku'apysyk (etim. - agarrar a cintura) (v.tr.) - abarcar, agarrar (algo bojudo), pegar (com os braços) (VLB, I, 17)
kûarasyeîkeaba (etim. - a entrada do sol) (s.) - ocidente, oeste, lugar em que se põe o sol (VLB, II, 54)
kuragûá (s.) - CURAUÁ, 1) planta bromeliácea; 2) casca dessa planta, com a qual se faziam alpargatas (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 271)
mba'enhemonhangabe'yma (etim. - a não geração das coisas) (s.) - esterilidade (fal. de terra) (VLB, I, 129)
mbeîutingy (etim. - água de biju claro) (s.) - bebida fermentada com biju, que se guardava durante muitos dias nos jurás, o que a fazia muito forte (VLB, II, 146); bebida feita de farinha de mandioca (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 274)
moakangagûá (v.tr.) - fazer cabeça no virote (arma antiga) para não ferir a caça (VLB, I, 61)
moapysaká (v.tr.) - dar remoque a, apreciar com remoque; censurar, exprobar (VLB, II, 101)
mo'ar4 (v.tr.) - fazer embarcar: Ybyrá karamemûã, ygarusu nungara... pupé, i mo'aruká. - Mandando fazê-los embarcar numa arca de madeira, semelhante a um navio... (Ar., Cat., 41v)
moasy (ou mboasy) (etim. - fazer doer) (v.tr.) - 1) invejar: Abá mba'ekatu moasy. - Invejar as coisas boas de alguém. (Anch., Doutr. Cristã, I, 151); 2) ressentir-se de; levar a mal: Aûîé sapirõmbyre'yma o moetee'yma oîmoasy... - Enfim, o que não é pranteado ressente-se de não o honrarem. (Ar., Cat., 85v); 3) sentir a dor de, ter dor por, lamentar: Aîmoasy nde só. - Lamento tua ida. (VLB, II, 75); Xe mba'e-moasy îá. - Eu lamento-me, de costume (isto é, reclamo de qualquer coisa). (VLB, I, 106); ...O sy suí o 'aragûera moasŷabo... - Lamentando terem nascido de suas mães. (Ar., Cat., 163-163v); ...O kaîa moasŷabo... - Tendo dor de suas queimaduras. (Ar., Cat., 161); 4) arrepender-se de: O ekó moasy riré, abá sóû îemombegûabo... - Após arrependerem-se de seus atos, os índios vão confessar-se. (Anch., Teatro, 38); Nd'oîmoasyîpe amõ o nhe'engaibagûera? - Não se arrependeram alguns de seus vitupérios? (Ar., Cat., 63); 5) fazer sofrer: Tupã sy îandé senõîa oîmoasy-katu-eté. - O nosso chamado à mãe de Deus fá-lo sofrer muito. (Anch., Poemas, 186) ● moasŷaba - tempo, lugar, modo, etc. de ressentir-se, de arrepender-se, etc.; arrependimento: ...I moasyagûera... repyramono. - Como recompensa também de seu arrependimento delas (isto é, das coisas más). (Ar., Cat., 169v); i moasypyra - aquilo de que se arrepende ou de que se deve arrepender; o que é (ou deve ser) lamentado, lastimado, o que é doído: ...Seroŷrõmo opakatu ikó 'ara pupé i moasypyra, seroŷrõmbyra sosé. - Detestando-os mais que tudo o que deve ser lamentado e o que se deve detestar neste mundo. (Ar., Cat., 220)
mobasem (v.tr.) - fazer que chegue, receber ● mobasembaba - tempo, lugar, modo, etc. de receber, de fazer que chegue: Îase'o rakó perekó peẽmo teîkeara moetesabamo, i mobasembabamo... - Com pranto estai, como modo de louvar o que entra junto a vós, como modo de o receber. (Ar., Cat., 85v)
moetekugûab (v.tr.) - fazer conhecer a verdade, desenganar (VLB, I, 116)
mogûapyk (v.tr.) - fazer sentar-se (VLB, I, 45); acomodar: ...O pyri pe mogûapyka. - Junto a si fazendo-vos sentar. (Anch., Poemas, 158)
moîab (v.tr.) - fazer que se abra (p.ex., o ovo a galinha que o choca) (VLB, I, 73)
moîapu (v.tr.) - bater, bater em: ...Erimba'e ipó xe 'anga robaîara... xe rokena moîapuûne re'a... - Futuramente, com certeza, a inimiga de minha alma há de bater em minha porta. (Ar., Cat., 158v)
moîatimung (v.tr.) - fazer balançar (o que está dependurado), embalar (a criança no berço) (VLB, I, 110)
moîekosub2 (v.tr.) - fazer alcançar a (o que muito desejava); conceder a, oferecer a. A pessoa a quem se concede algo é o objeto e aquilo que se concede vem com as posposições esé (r, s) ou supé: Amõ îudeu tuîba'e i tymagûera kuabe'engi, sesé îandé moîekosupa... - Certo judeu velho mostrou o lugar em que ela foi enterrada, fazendo-nos alcançá-la... (Ar., Cat., 5v); ...Kó santo o mongetasara oîmoîekosub i mba'e i kanhẽmbyra koîpó semiaûsuîababa supé. - Este santo faz aquele que a ele roga alcançar suas coisas sumidas ou seu escravo fugido. (Ar., Cat., 6) ● moîekosupaba - tempo, lugar, modo, causa, etc. de fazer alcançar, de conceder: Sesé îandé moîekosupagûera resé îandé ma'enduaramo kó 'ara îaîmoeté. - Comemoramos este dia, lembrando-nos do tempo em que nô-la fizeram alcançar. (Ar., Cat., 5v)
moîekuakub (v.tr.) - fazer jejuar: Nd'e'i te'e abá tekokatu potasara og o'opore'yma, i moîekuakupa... - Por isso mesmo o homem que quer a virtude se esvazia de corpo, fazendo-o jejuar. (Ar., Cat., 11)
moîerekoaíb (v.tr.) - fazer piorar: Nd'e'i te'e moxy ...abá ropenhana, ...abá angaîpaba moîerekoaibetébo... - Por isso mesmo o maldito ataca os homens, fazendo piorar muito a maldade das pessoas. (Ar., Cat., 89)
moingé (v.tr.) - fazer entrar, recolher (p.ex., o gado) (VLB, II, 98): Oîekotyrũ-tyrung, oporomoingé-potá. - Fica pondo armadilhas, querendo fazer a gente entrar. (Anch., Poemas, 190); Kotype muru amoingé... - Nas armadilhas fiz os malditos entrarem. (Anch., Teatro, 48) ● moingeara - o que faz entrar (Fig., Arte, 118); moingeaba - tempo, lugar, modo, etc. de fazer entrar (Fig., Arte, 118) (O gerúndio de moingé pode ser moingébo ou moingeabo - entrando.)
moingobé (v.tr.) - fazer viver: Îandé moingobé, te'õ porarábo... - Fez-nos viver, sofrendo a morte. (Anch., Poemas, 108); ...Ta xe moingobé-puku... - Que me faça viver longamente. (Ar., Cat., 128) ● moingobesara - o que faz viver: ...Memetipó îandé reté o irũeté o moingobesara o 'anga repîaka'upa... - Ainda mais nosso corpo tem saudades de sua alma, sua verdadeira companheira, a que o faz viver. (Ar., Cat., 156)
moîosar (v.tr.) - fazer arder, fazer queimar (como fazem certas plantas em contato com a pele): Xe retymã-moîosar. - Fez-me arder as pernas. (VLB, II, 102)
moîyb1 (v.tr.) - lavar (a roupa com lixívia) (VLB, I, 52)
mokambu (ou mokamby) (etim. - fazer beber leite) (v.tr.) - amamentar, aleitar, lactar (VLB, I, 33): ...i pitangĩ mokambûabo - ...amamentando seu neném (Anch., Poemas, 134) ● mokambûara - a que amamenta (VLB, I, 33)
mokambûara (etim. - a que faz beber leite) (s.) - ama-de-leite (VLB, I, 33)
mokanhem1 (ou mokanhẽ) (v.tr.) - 1) fazer sumir, fazer perder-se, fazer desaparecer: ...Kori bé t'i mokanhẽ... - Hoje mesmo havemos de fazê-lo sumir... (Anch., Teatro, 16); Pysaré serã ereîkó arinhama mokanhema...? - Será que a noite toda ages para fazer sumir as galinhas? (Anch., Teatro, 30); ...Îandé re'õ mokanhema... - Fazendo desaparecer nossa morte. (Anch., Poemas, 94); Adão, oré rubypy, oré mokanhemeté... - Adão, nosso primeiro pai, fez-nos perder verdadeiramente. (Anch., Poemas, 130); 2) destruir, arruinar, desgraçar... Oporomokanhem ikó... - Este desgraça as pessoas. (Ar., Cat., 66v); 3) perder: ...Sabeypora suí 'ara mokanhema... - Perdendo o entendimento por causa de sua bebedeira. (Ar., Cat., 78) ● emimokanhema (t) - o que alguém perde: ...Xe 'anga rekobepûera xe remimokanhẽûera oîmoîebyrukar ixébone... - A vida de minha alma, que eu perdi, fará devolver a mim. (Ar., Cat., 219); mokanhembaba - tempo, lugar, modo, etc. de destruir, de fazer desaparecer, de perder; destruição, perda: ...Opakatu... asé rekoangaîpagûera... mokanhembaba bé. - É também um modo de fazer desaparecer todos os nossos antigos pecados. (Bettendorff, Compêndio, 80)
mokanhem2 (ou mokanhẽ) (v.tr.) - descrer de, perder a esperança em: I 'angype mundé pora biã o semagûama mokanhẽû, "-asẽ esapy'a temõ ianga suí mã" o'îabo. - Nas suas almas, embora os que estão na prisão percam a esperança de sua saída, dizem: -"Ah, oxalá eu saia logo daqui". (Ar., Cat., 164v)
mokutẽkuteĩ (v.tr.) - sacudir (p.ex., a árvore, para que lhe caia o fruto, a roupa, para que lhe caia o pó, o saco, para que lhe caia o que está dentro) (VLB, II, 110, 111)
NOTA - MUQUIRANA passou também a significar, no P.B., pessoa maçante e, principalmente em São Paulo, pessoa avara (in Dicion. Caldas Aulete). (v. também a nota referente a kyra1.
momaran1 (ou momarã) (v.tr.) - arruinar, fazer sofrer, fazer mal, fazer adoecer, prejudicar: Nd'îaîmomarã-potari pitangĩ-moraûsubara... - Não lhe quis fazer mal o neném compadecedor. (Anch., Poemas, 162); Ne emongetá nde Tupã t'okûab é amanusu îandé momarane'yma resé. - Roga a teu Deus para que passe a tempestade para que não nos arruíne. (Staden, Viagem, 66)
momaran2 (ou momarã) (v.tr.) - desobedecer a, resistir a, combater: Aîmomaran xe ruba. - Desobedeci a meu pai. (VLB, I, 99); T'oú taûîé xe rarõana xe pysyrõmo i xuí, ...i momarana! - Que venha logo o que me guarda para me livrar dele, combatendo-o. (Anch., Teatro, 178, 2006); N'oîmomarã-mirĩ-angáîpe ybakygûara Tupã remimotara? - Não desobedecem nem um pouco os que moram no céu à vontade de Deus? (Ar., Cat., 27)
momba'e'u (v.tr.) - dar de comer a, alimentar: O pyri abá n'omomba'e'uî. - Junto de si mesmo ninguém lhes dá de comer. (Ar., Cat., 179)
mombiaryîar (v.tr.) - fazer vencer a si, fazer de alguém seu senhor (por ser derrotado): Amombiaryîar. - Fi-lo meu senhor. (VLB, II, 116)
mombipik (v.tr.) - lavrar, picar: Aitá-mombipik. - Lavrei a pedra. (VLB, II, 77)
mombok (v.tr.) - partir, dividir, rachar: Oîopyterybo rupi aîmombok. - Parti-o pelo meio. (VLB, II, 73) ● mombokaba - tempo, lugar, instrumento, etc. de partir, de rachar: ...Kó xe itangapema xe pópe nd'oîkóî tenhẽ, pe mombokaûama é. - Este meu tacape não está à toa nas minhas mãos, mas, sim, é o instrumento com que vos racharei. (Anch., Poesias, 56)
momondarõ (v.tr.) - fazer furtar, fazer roubar [alguma coisa: compl. com esé (r, s)]: ...Aîmomoxy pabenhẽ, ...i momondarõmo bé. - Arruinei a todos, fazendo-os roubar também. (Anch., Teatro, 132) ● oîmomondarõba'e - o que faz furtar ou roubar: Oîmomondarõba'e abé abá mba'e resé - O que faz também um homem furtar alguma coisa (Ar., Cat., 72v)
momosapyr (v.tr.) - fazer-se o terceiro, fazer pela terceira vez (VLB, II, 115) ● momosapysaba - tempo, lugar, modo, etc. de se fazer o terceiro; o terceiro: ...'Ara mokõî i momosapysaba pupé o ekobeîebyri... - Em dois dias e no tempo de se fazer o terceiro, voltou a viver. (Ar., Cat., 4v); I momosapysaba mendara moîekosupaba... - A terceira (virtude) dele é a satisfação dos cônjuges. (Ar., Cat., 133); momosapysara - terceiro (VLB, II, 127)
monduî (v.tr.) - fazer transbordar, fazer vir à tona; fazer regurgitar (Anch., Arte, 4); fazer extravasar: ...Sekó-nhemima monduîa... - Fazendo vir à tona seus atos escondidos. (Anch., Doutr. Cristã, II, 100)
monem (v.tr.) - fazer feder, tornar fétido: Xe 'anga omonem tekoangaîpaba. - Minha alma fez feder a vida pecaminosa. (Anch., Poemas, 106); ...Kó taba monema moropotara pupé. - Fazer feder esta aldeia com o desejo sensual. (Anch., Teatro, 138)
mongaru (v.tr.) - dar de comer a, apascentar (o gado), fazer pastar (VLB, I, 37)
monga'u (v.tr.) - fazer beber cauim, dar a beber vinho a: ...Abá mongagûabo koîpó se'yma... - Fazendo as pessoas beberem cauim ou dando-lhes de beber. (Ar., Cat., 78)
monhopa'ũ (v.tr.) - fazer intervalo, fazer a intervalos, alternar (p.ex., os dias em que se faz algo): Aîmonhopa'ũ-pa'ũ. - Fiquei-os alternando; faço-os com muitos intervalos. (VLB, I, 119; II, 13)
mopapang (v.tr.) - fazer aos trancos, fazer confusamente (p.ex., o que se lê, o que se conta, por se fazer muito à pressa) (VLB, I, 47, 116)
mopa'ũ (v.tr.) - fazer intervalo, fazer a intervalos, interromper, espaçar, intercalar, alternar: ...o nhemombe'ue'yma mopa'ũ-muku potare'yma... - ...não querendo espaçar longamente a falta de sua confissão (Ar., Cat., 76v); Ereîmopa'ũpe... 'areté amõ, Tupãokype eîkee'yma? - Alternaste alguns dias de guarda, não entrando na igreja? (Anch., Doutr. Cristã, II, 85); Aîmopa'ũ-pa'ũ nhote Tupãokype xe reîké. - Faço intervalos em minhas entradas na igreja (isto é, entro uma vez sim, outra não). (VLB, II, 13) ● mopa'ũsaba (ou mopa'ũama ou mopa'ũma) - tempo, lugar, modo, etc. de fazer intervalo, de interromper; interrupção, intercalação (Anch., Arte, 3)
moporabyky (v.tr.) - fazer trabalhar: ...O emirekó moporabykŷabo. - Fazendo sua esposa trabalhar. (Ar., Cat., 68) ● omoporabykyba'e - o que faz trabalhar: O a'yra, o embiaûsuba omoporabykyba'e... - O que a seu filho e a seu escravo faz trabalhar. (Anch., Diál. da Fé, 203); moporabykŷaba - tempo, lugar, causa, modo, etc. de fazer trabalhar: Karaíba nde moporabykŷápe, ereporabykype 'ara i momba'etepyra pupé...? - Por te fazer trabalhar um homem branco, trabalhaste num dia que deve ser guardado? (Ar., Cat., 110v)
moporoamotare'ym (v.tr.) - fazer odiar as pessoas: Erenhe'eng-aparatãpe abá supé, i moroŷrõmo, i moporoamotare'yma? - Falaste duramente a alguém, irritando-o, fazendo-o odiar as pessoas? (Anch., Doutr. Cristã, II, 103)
mopûerab (v.tr.) - fazer sarar, fazer curar-se ● mopûerasaba - tempo, lugar, modo, etc. de fazer curar-se, de fazer sarar: Mba'easy-etéba'e 'anga mopûerasaba... - O modo de fazer curar a alma dos que estão muito doentes. (Bettendorff, Compêndio, 98); Eresaûsu-potar-etépe... a'e nde mopûeráme? - Queres muito amá-lo por ele te fazer sarar? (Bettendorff, Compêndio, 125)
mopy'ir (v.tr.) - fazer soltarem-se os pés (p.ex., tirando-se a escada a alguém) (VLB, I, 122)
morambûer (ou morambûé) (v.tr.) - frustrar, impedir, estorvar (uma coisa ou uma pessoa): Amorambûé; opá xe nhe'engendubi. - Frustrei-os; ouviram-me as palavras todas. (Anch., Teatro, 12); Aîmorambûerukar ahẽ rekorambûera. - Fiz frustrar aquilo que fulano faria. (VLB, II, 10); Aîpó kuapamo, ereîmorambûé Tupã nhe'enga abyrambûeramo... - Sabendo disso, impedirias a transgressão da palavra de Deus. (Ar., Cat., 112) ● morambûesaba - tempo, lugar, modo, etc. de frustrar, de impedir; impedimento, frustração: Mba'e-eté anhẽ nhemombe'u... Anhanga ratápe nde sorambûera morambûesabamono. - Coisa muito boa é a confissão, como modo de impedir, também, tua ida para o inferno. (Ar., Cat., 220)
mosakara (s.) - MOÇACARA, homem importante de uma aldeia; nobre (VLB, II, 50); homem liberal, generoso, que dá de suas posses (VLB, II, 21): ...amõ karaíba mosakara... - certo homem branco nobre (Ar., Cat., 6v); (adj.: mosakar) - liberal, que dá de suas posses aos que visitam a aldeia; nobre, valente: Xe mosakar. - Eu sou liberal. (VLB, II, 21); morubixá-mosakara - chefes valentes (Anch., Teatro, 36)
mosyk (v.tr.) - fazer aproximar-se, fazer chegar; puxar para si (p.ex., como faz o pescador com a linha) (VLB, II, 110)
motak (v.tr.) - bater em, tocar (produzindo ruído seco, sem ressonância, p.ex., com pedra ou pau) (VLB, I, 53): Penheangerekó amõ 'ara pupé te'õ pe rokena motaka turagûama resé... - Pensai que, nalgum dia, a morte virá para bater em vossas portas. (Ar., Cat., 158)
moubixab (v.tr.) - fazer chefe, fazer rei: -Mba'epe oîme'eng i 'ekatûápe? -Takûara..., i moubixa-bixaba'upa... -Que deram em sua mão direita? -Uma cana, ficando a fazê-lo rei de mentira. (Ar., Cat., 60v)
nipó [contração das partículas ne e ipó (v.)] - 1) porventura, talvez, por acaso: Oîepé-ĩombé, nipó, i angaîpab amõme é. - Um ou outro, porventura, foi mau, às vezes. (Anch., Teatro, 36); Yby anhẽ nipó asé ro'o? - Porventura é terra, na verdade, a nossa carne? (Anch., Doutr. Cristã, I, 161); Osó nipó? - Vai, por acaso? (VLB, II, 82); 2) com certeza, realmente: Memẽ-te nipó, pe 'anga amotá... - Mas sempre, com certeza, a vossas almas querem bem. (Anch., Teatro, 54); Satãngatu-te nipó... - Eles são, realmente, muito fortes. (Anch., Teatro, 144, 2006)
nungara (s.) - igualha, (algo) semelhante a, (algo) desse jeito, sósia, cópia: ...Kó 'ara nungara pupé... - Num dia semelhante a este. (Ar., Cat., 5v); ...Ygarusu nungara... - Algo semelhante a um navio. (Ar., Cat., 41v); Emonã nungara amõ t'îasó kori seru. - Vamos hoje para trazer alguns assim desse jeito. (Anch., Teatro, 160, 2006); O manõ riremẽ serã emonã nungara sóû ybakypene? - Logo depois que morrerem irão para o céu os que foram assim desse jeito? (Anch., Doutr. Cristã, I, 208)
nhandugûasu1 (etim. - aranha grande) (s.) - NHANDU-AÇU, aranha caranguejeira, nome comum a certos insetos terafosídeos, de hábitos solitários, carnívoros. Seu pelo causa irritação na pele humana. Alimentam-se de pequenos animais. (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 248)
nhe'enga (s.) - 1) palavra, fala, discurso: N'asendubi nde nhe'enga. - Não ouço tuas palavras. (Anch., Teatro, 44); T'asó aîpó nhe'enga mopó... - Hei de ir para cumprir essas palavras. (Anch., Teatro, 60); Nama'eruã oîmonhang asé 'angamo, o nhe'enga pupé é i monhangi. - Do nada fez nossa alma, com sua palavra é que ele a fez. (Ar., Cat., 25); 2) sons emitidos pelos animais (urro, pio, berro, balido, bramido, canto, etc.): ...Gûyrá koîpó îagûara nhe'enga supé morangygûana o'îabo. - Dizendo que um canto de pássaro ou um urro de onça são agouros. (Ar., Cat., 66v); 3) língua, idioma, linguagem (VLB, II, 22): I abaíb aîpó nhe'enga. - É difícil essa língua. (Anch., Poemas, 196); 4) mensagem (VLB, II, 35); 5) opinião, parecer (VLB, II, 57); 6) resposta (VLB, II, 101); 7) recado que se manda (VLB, II, 98); (adj.: nhe'eng) - falante, o que tem fala, o que tem palavras: Xe nhe'ẽngatu - Eu tenho boa fala, eu sou bom falante. (VLB, I, 133); Xe nhe'engetekatu. - Eu sou muito falante. (VLB, I, 81) ● nhe'engasy - palavras ásperas, palavras más: I nhe'engasy n'opabi. - Suas palavras ásperas não cessam. (Anch., Teatro, 148); Xe nhe'engasy. - Eu tenho palavras ásperas (VLB, I, 40)
nhyrõ (s.) - 1) paz (como entre os que eram inimigos e tinham guerra) (VLB, II, 68); 2) perdão: Oré rerekomemûãsara supé oré nhyrõ îabé... - Como o nosso perdão aos que nos tratam mal. (Anch., Dial. da Fé, 230); (adj.) - pacífico; (xe) estar em paz; perdoar [pessoa a quem se perdoa: com supé; coisa perdoada: com esé (r, s)]: ...T'i nhyrõ Tupã orébo. - Que perdoe Deus a nós. (Anch., Poemas, 144); Xe rybyt, nde nhyrõ xebo. - Meu irmão, perdoa tu a mim. (Anch., Teatro, 46); Nde nhyrõ oré angaîpaba resé. - Perdoa tu nossas maldades. (Anch., Doutr. Cristã, I, 139) ● nhyrõaba (ou nhyrõsaba) - tempo, lugar, modo, objeto, etc. de perdoar; perdão: N'aîkuabi... ixébo Tupã nhyrõagûera. - Não sabia do perdão de Deus a mim. (Ar., Cat., 112); N'oîkotebẽî amõba'e Tupã nhyrõsabe'yma? - Não ficam receosos os outros de não serem objetos do perdão de Deus? (Anch., Teatro, 160, 2006)
oîabo (conj.) - assim como... do mesmo modo: Oîabo asé santos 'ara kuabi, oîabo bé asé i kangûerĩ tiruã momba'etéû, o aîuri serekóbo. - Assim como a gente reconhece o dia dos santos, do mesmo modo, também, até mesmo seus ossinhos a gente cultua, tendo-os no pescoço. (Ar., Cat., 12v)
oîopytera (s.) - metade, meio: Oîopytera rupi aîasy'ab. - Parti-o pelo meio. (VLB, II, 73); Oîopytera rupi aîmoîa'ok.- Reparti-os pela metade. (VLB, II, 73) ● oîopyterybo - no meio, no centro, pelo meio, pela metade (de comprido, de uma extremidade à outra) (VLB, II, 34, 73): Itá oîeká-îeká oîopyterybo. - As pedras ficaram-se quebrando pelo meio. (Ar., Cat., 64)
oîoybari (etim. - ao longo um do outro) (adv.) - de ombro a ombro (como os que carregam uma canoa): Oîoybari orogûar. - Tomamo-lo de ombro a ombro. (VLB, II, 131)
omenapoîe'yma (etim. - a que não alimenta seu marido) (s.) - espécie de batata, de caule sarmentoso, verde, de folhas cordiformes ou auriculares, provavelmente uma convolvulácea do gênero Ipomoea (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 51)
osanga (t) (s.) - paciência, sossego (VLB, II, 62; Fig., Arte, 38): Nhemoŷrõ robaîara tosanga. - O oposto da ira é a paciência. (Ar., Cat., 18); sofrimento em padecer (VLB, II, 120), resistência; [adj.: osang (r, s)] - paciente; sossegado (Fig., Arte, 38); sofrido; resistente; (xe) padecer, sofrer, ter resistência: ...Sosang poresé. - Sofre pela gente. (Anch., Poemas, 122); Mba'e o emimborará-tyba supé og osange'ymamo. - Para as coisas que costuma sofrer não tendo paciência. (Anch., Diál. da Fé, 231); Xe rosang - Eu sou paciente. (Fig., Arte, 109); Sosang, tatá porarábo... - Sofreu, suportando o fogo. (Anch., Teatro, 54); Na xe rosangi. - Eu não tenho resistência. (VLB, II, 10)
paba2 (mb) (s.) - acabamento, término (Anch., Arte, 2v); esgotamento; (adj.: pab) - esgotado, acabado: Ty-pab. - Ele tem a água esgotada. (VLB, I, 111)
parabok (etim. - arrancar a variedade) (v.tr.) - selecionar, tirar o que é estranho, vário, ruim; escolher (p.ex., o feijão, tirando-se a parte ruim da boa) (VLB, I, 37)
pari (m) (s.) - PARI, PARITÁ, canal de apanhar peixes, bloqueando-se com talas e varas a sua passagem (VLB, I, 65); camboa de peixes ● itá-pari - pari de pedras (D'Abbeville, Histoire, 140)
pata'yba (s.) - ripa para casas do tronco da palmeira pati, "...que é tão dura que com trabalho a passa um prego..." (Sousa, Trat. Descr., 198)
pe'ok (etim. - arrancar a casca) (v.tr.) - descascar, arrancar a casca de (fal. de árvore); escamar (VLB, I, 97, 122)
pipeká (etim. - abrir a pele) (v.tr.) - romper, abrir a pele de: Erepokokype nde rapopé resé... i pipekábo? - Tocaste nas tuas pudendas, abrindo-lhes a pele? (Anch., Doutr. Cristã, II, 95)
piringa (m) (s.) 1) arrepiamento: Teté piringa - arrepiamento do corpo; 2) tremor; 3) excitação (VLB, I, 129); (adj.: piring) - arrepiado, trêmulo, excitado; (xe) tremer, arrepiar-se; (por ext.) amedrontar-se, espantar-se; sobressaltar-se: Xe reté-piring. - Meu corpo treme (de medo). (VLB, I, 43); Xe piring. - Eu estou arrepiado; Xe ro'o-piring. - Tenho a carne arrepiada. (VLB, I, 43); Nde piring: nde angekotebẽ umẽ... - Tu tremes: não te aflijas. (Anch., Doutr. Cristã, II, 79); ...Te'õ suí o nhepysyrõ ra'angyîepébo, opiringamo ko'yté. - Da morte tentando inutilmente livrar-se, amedrontando-se, enfim. (Ar., Cat., 158)
pirok (etim. - arrancar a pele) (v.tr.) - 1) pelar, arrancar a pele de, tirar a pele de [pessoa, batatas, figo e de tudo o mais que tenha pele fina. Arrancar pele grossa é ape'ok (p.ex., de favas) ou pe'ok (p.ex., de madeira) (v.).]; esfolar: Aîpirok. - Tiro-lhe a pele. (Anch., Arte, 51); ...Serokypyre'yma São Bartolomeu piroki... - Os pagãos esfolaram São Bartolomeu. (Ar., Cat., 133); 2) debulhar (p.ex., milho) (VLB, I, 97)
pokok1 (etim. - apoiar a mão) (v. intr. compl. posp.) - 1) tocar, passar a mão; apalpar (VLB, I, 37) [compl. com esé (r, s) ou ri]: I potá nhote, sesé opokoka abé. - Somente desejando-a, nela tocando também. (Ar., Cat., 71); ...Opokok asé akanga resé... - Tocam na cabeça da gente. (Ar., Cat., 82); 2) furtar [compl. com esé (r, s)]: Apokok mba'e resé. - Furto coisas (lit., toco nas coisas). (Fig., Arte, 124) ● pokokaba - tempo, lugar, modo, etc. de tocar; o toque, o passar a mão: Ereîmombe'upe... kunhã resé nde pokó-pokokagûera abá supé? - Contaste para alguém que tu ficaste passando a mão em mulheres? (Ar., Cat., 104v); pokok mba'e resé - aplicar-se ao trabalho, pôr a mão na massa (Fig., Arte, 124)
pokok3 (etim. - apoiar a mão) (v.tr.) - guiar: Memẽ-te, nipó, pe 'anga amotá, ...i pokoka. - Mas sempre, com certeza, a vossas almas querem bem, guiando-as. (Anch., Teatro, 54); Eîori oré pokoka. - Vem para nos guiar. (Anch., Poemas, 144)
pokopy (xe) (v. da 2ª classe) - render, dar bom rendimento (p.ex., a obra, a comida, o caminho, etc.) (VLB, I, 144)
popytybõ (etim. - ajudar a mão) (v.tr.) - ajudar (VLB, I, 29): Ereîpopytybõpe nde ruba nde sy abé? - Ajudas teu pai e tua mãe? (Ar., Cat., 100v)
porakar2 (ou poraká) (v.tr.) - encher: Tupã raûsuba resé i 'anga porakari. - Do amor a Deus encheu suas almas. (Ar., Cat., 45v); Moraseîa rerobîara i py'a îaîporaká. - A crença na dança enche os corações deles. (Anch., Teatro, 30); ...Muru rokysyma îandé ratá poraká. - Cercando os miseráveis para encher nosso fogo. (Anch., Teatro, 158)
porakar3 (ou poraká) (v.tr.) - realizar, cumprir, obedecer a: Ereîporakápe taba rerekoara nhe'enga koîpó nde mbo'esara...? - Obedeceste às palavras do governante da aldeia ou a teu mestre? (Ar., Cat., 101); Xe nhe'enga nhõ ereîporaká. - Minhas palavras somente cumprirás. (Ar., Cat., 159v)
porandub1 (ou porandu) (v. intr. compl. posp.) - perguntar, informar-se, fazer pergunta [a alguém: compl. com supé; sobre, por, de alguém ou algo: compl. com esé (r, s)]: Oporandu benhẽpe Îandé Îara i xupé...? - Perguntou novamente a eles Nosso Senhor? (Ar., Cat., 54v); Nde ranhẽ eporandub. - Pergunta tu, primeiro. (Léry, Histoire, 361); Aporandub Pero supé tuba resé. - Perguntei a Pero por seu pai. (VLB, II, 84); Ixé sesé gûiporandupa, xe roka suí aîu. - Eu, dele perguntando, vim da minha casa. (Anch., Poemas, 194) ● porandupaba (m) - tempo, lugar, modo, etc. de perguntar; pergunta (VLB, II, 73)
porapitîara (m) (s.) - matador (VLB, II, 12); trucidador, assassino: anhangaíba, morapitîara... - diabo mau, assassino (Anch., Poemas, 90); Ahẽ morapitîarûera tatenhẽ anhẽ ybŷá oîuká. - Mataram erradamente a fulano em lugar do assassino. (VLB, II, 12); (V. tb. apiti)
poraseîa (m) (s.) - dança ritual, PORACÉ, dança exclusivamente masculina: Moraseîa é i katu... - A dança é que é boa. (Anch., Teatro, 6); Moraseîa rerobîara i py'a îaîporaká... - A crença na dança enche os corações deles. (Anch., Teatro, 30); T'oroîtyk oré poxy, paîé rerobîare'yma, moraseîa, mbyryryma... - Que lancemos fora nossa maldade, não acreditando nos pajés, em danças e rodopios. (Anch., Teatro, 118); Ererobîápe... maraká poraseîa? - Acreditas na dança do maracá? (Ar., Cat., 98v) ● poraseî-tapuîa - dança tapuia, tipo de dança realizada pelos tupinambás do Maranhão no séc. XVII, caracterizada por muitos deslocamentos, movimentos da cabeça e das mãos, por batidas dos pés na terra ao som da voz e do maracá. (D'Evreux, Viagem, 173)
poreaûsuba (ou poraûsuba) (m) (s.) - 1) miséria, infortúnio (VLB, II, 38), sofrimento, infelicidade, aflição: tekó poreaûsuba - misérias da vida (VLB, II, 38); 2) aflito: ...moreaûsuba rerekoara - protetora dos aflitos (Valente, Cantigas, IV, in Ar., Cat., 1618); (adj.: poreaûsub) - miserável, aflito, infeliz, coitado: Xe poreaûsukatu gûitekóbo. - Estou sendo muito miserável. (VLB, II, 38); Pe poreaûsu korine. - Estareis aflitos hoje. (Anch., Teatro, 42); Abá-poreaûsubĩ. - Homem coitadinho. (VLB, I, 76); I poreaûsubĩ mã! (ou I poreaûsubeté'ĩ mã! ou I poreaûsubĩ ra'u mã!) - Ah, coitadinho dele! Xe poreaûsubĩ mã! (ou Xe poreaûsubeté'ĩ ra'u mã!) - Ah, coitadinho de mim! (A mulher diz também amaeîu - v.) (VLB, I, 76; II, 53; Ar., Cat., 155v)
poreaûsubok (ou poraûsubok) (etim. - arrancar a aflição; tirar a miséria) (v.tr.) - compadecer-se de: Eporeaûsubok xe 'anga - Compadece-te de minha alma. (Valente, Cantigas, in Ar., Cat., 1618) ● poreaûsubokara - o que se compadece: îandé poreaûsubokara - os que se compadecem de nós (Léry, Histoire, 356)
porupi (posp.) - ao longo de (falando-se, p.ex., de dois que dormem em redes diferentes); paralelo a (mas sem estar colado), ao lado de: I porupy aîub. - Paralelo a ele eu estava deitado. (VLB, I, 106); Eké xe porupi. - Dorme ao lado de mim. (Anch., Arte, 43v); Eîotĩ nde kesaba xe porupi. - Amarra tua rede de dormir ao longo de mim. (Anch., Arte, 44); Xe porupi xe ra'yra keri. - Paralelo a mim meu filho dorme. (Fig., Arte, 123)
poungá (etim. - apertar as fibras) (v.tr.) - fiar, reduzir a fio adelgaçando as fibras onde elas ficam muito volumosas e bastas, igualando-as com as outras (VLB, I, 138; II, 9)
puraké1 (ou poraké) (s.) - 1) POROQUÊ, PORAQUÊ, PURAQUÊ, enguia-elétrica, 1) nome comum a peixes elétricos da família dos eletroforídeos. Realizam descargas elétricas, em sua defesa e para facilitar a captura de outros peixes. "Quem quer que o toca, logo fica tremendo... Morto, come-se e não tem peçonha." (Cardim, Trat. Terra e Gente do Brasil, 56); 2) gênero de raia conhecida como peixe-viola, da família dos rinobatídeos, peixe cartilaginoso com a parte anterior do corpo em forma de coração e que também produz descargas elétricas (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 151-152)
putupor (xe) (v. da 2ª classe) - reviver, tornar a si (o esmorecido): Xe putupor. - Revivi; tornei a mim. (VLB, II, 105; 132)
pytym (v.tr.) - fazer engasgar, produzir engasgamento (A comida é o sujeito e a pessoa que se engasga é o objeto.) (VLB, I, 116)
sananang (xe) (v. da 2ª classe) - estar largo (como a bota, o sapato, o anel, etc., jogando no pé ou no dedo) (VLB, II, 18)
sapukaîa (ou 'ybasapukaîa) (s.) - SAPUCAIA, SAPUCAIEIRA, nome comum de plantas lecitidáceas do gênero Lecythis. Uma das sapucaias, de fruto grande e achatado, e talvez a mais comum, é a Lecythis pisonis Cambess., que se distingue da Lecythis lanceolata Poir., a sapucaia branca, que é uma espécie que tem o fruto oblongo. (Sousa, Trat. Descr., 192) "A madeira da árvore é muito rija, não apodrece e é de estima para os eixos dos engenhos." (Cardim, Trat. Terra e Gente do Brasil, 39)
sobaîa (s.) - o lado de além, a banda de além; (adj.: sobaî) - d'além, que é doutras partes, de outras bandas: saûîá-sobaîa - sauiá doutras partes (cobaia ou coelho-da-índia) (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 224); (adv. - sobaî) - para o lado de além, para a banda de além: Asó sobaî. - Vou à banda de além. (Fig., Arte, 131)
taba1 (s.) - 1) TABA, aldeia (de índios) (Fig., Arte, 76): ...Xe mosẽ memẽ taba suí abaré... - Faz-me sair sempre da aldeia o padre. (Anch., Teatro, 126); Xe anhõ kó taba pupé aîkó... - Eu somente nesta aldeia morava. (Anch., Teatro, 4); 2) cidade, vila; povoação (VLB, II, 145): Taba Roma 'îápe... - Na cidade chamada Roma. (Ar., Cat., 6v); Opukubo taba amoín. - Assento a vila de comprido. (Anch., Arte, 43); 3) lugar (VLB, II, 25): -Umãmepe i momendari? -Paraíso Terreal tá-porãngatu pupé. -Onde os casou? -No Paraíso Terreal, lugar muito belo. (Anch., Doutr. Cristã, I, 226)
tukana (s.) - TUCANO, nome comum a diversas aves trepadoras da família dos ranfastídeos, de grande porte. É ave com bico enorme, desproporcional ao corpo, de belas cores. Vive em pequenos bandos. (D'Abbeville, Histoire, 237v; Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 217)
tyb (xe) (v. da 2ª classe) - haver, existir (usado apenas com a 3ª pessoa: i tyb): N'i tybi xe rasapaba ogûataba'e supé. - Não há como passar por mim para os que caminham. (Anch., Poemas, 158); N'i tybi a'epe îase'o, mba'easy n'i tybi, n'i tybi ambyasy, 'useîa bé n'i tybi... - Não há ali choro, não há doença, não há fome, sede também não há. (Ar., Cat., 167)
tyîuîok (etim. - arrancar espuma) (v. intr.) - espumar (como a panela, etc.) (VLB, I, 124)
tykyra1 (etim. - água tenra) (s.) - gota, pingo (de qualquer líquido): Tugûy tykyrûera abŷare'yma. - Semelhante a gotas de sangue. (Ar., Cat., 53v); (adj.: tykyr) - gotejante: Xe resa'y-tykyr. - Eu tenho lágrimas gotejantes. (VLB, II, 17)
NOTA - URUPEMA também passou a designar, no P.B., vedação de teto, paredes, janelas, etc., feita com esteira semelhante à urupema: "...as balas dos assaltantes já sibilavam pelas URUPEMAS do sobrado de João da Cunha." (Franklin Távora, in O Matuto, apud Novo Dicion. Aurélio)
ûyrate'õte'õ (etim. - ave-morte-morte) (s.) - GUIRATEUTÉU, TERÉU-TERÉU, TERO-TERO, TETÉU, TÉU-TÉU, ave da família dos caradriídeos, que vive nas várzeas, praias, beiras de rios, lagoas, brejos, pastagens. Era considerada capaz de ressuscitar: "pássaro que tem acidentes de morte e que morre e torna a viver." (Cardim, Trat. Terra e Gente do Brasil, 62). "Esses pássaros andam no mar, perto da terra e voam ao longo da água tanto, sem descansar, até que caem como mortos; e assim descansam até que se tornam a levantar e voam." (Sousa, Trat. Descr., 232)
yapûanusu (t) (s.) - mau cheiro, fedor; [adj.: yapûanusu (r, s)] - fedorento; (xe) cheirar a fártum, feder: Xe ryapûanusu. - Eu fedo. (VLB, I, 73)
ybaté1 (s.) 1) o alto, a altura, as alturas: Ybaté suí oú... - Veio das alturas. (Anch., Poemas, 160); 2) parte de cima, cima, cimo: ...Ybaté koty ogûetymã moîarukari... - Para cima suas pernas mandou pregar. (Ar., Cat., 9); (adj.) - elevado, alto (ref. a coisas ou lugares): Iîybaté-katupe? - Elas são muito altas? (Léry, Histoire, 363)
ybyîara (etim. - a que domina a terra) (s.) - IBIJARA, cobra-de-duas-cabeças, cobra-cega, nome genérico de répteis lacertílios da família dos anfisbenídeos. Têm corpo com a mesma grossura da cabeça à cauda; Daí, o nome popular. (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 239; VLB, I, 76)
ybyrá1 (s.) - 1) madeira, pau (Fig., Arte, 69); vara: Aînupã xe ra'yra ybyrá pupé. - Açoitei meu filho com uma vara. (Fig., Arte, 125); Ybyrá karamemûã, ygarusu nungara... pupé i mo'ar-uká. - Mandando fazê-los embarcar numa arca de madeira, semelhante a um navio... (Ar., Cat., 41v); ...Ereropûar ybyrá nde remirekó resé! - Bateste com o pau na tua esposa! (Anch., Teatro, 168); 2) árvore: Aybyrá-'ab. - Corto a árvore. (Fig., Arte, 145); 3) madeiro (VLB, II, 27); cruz: ...Ybyrá pupé omanõmo... - Morrendo na cruz. (Anch., Poemas, 90) ● ybyrá-ypypûera - cepo, o toco da árvore que foi cortada (VLB, I, 70); ybyrá'ĩ - vara (VLB, II, 141); ybyrá-pararanga - roda de madeira (de carro, etc.); ybyrá-nhatimana - roda de madeira, como mó de barbeiro, engenho de algodão (que não toca o chão), etc.; ybyrá-babaka - roda de madeira (para algodão) (VLB, II, 107)
ybyragûyba1 (s.) - lugar onde há ramos ou madeira que alguém toma para si; lugar onde há madeira ou frutas cuja extração é reservada a alguém; coutada: Morubixaba ybyragûype ahẽ sóû ybyrá-'apa. - Para a coutada do rei ele foi para cortar madeira. (VLB, II, 141)
ybyraoby (etim. - árvore verde) (s.) - pau-ferro, o mesmo que ybyrapyteruna (v.). "É uma das árvores brasileiras que mais crescem, cujo material é duríssimo e vermelho por dentro; não é sujeita à corrupção; não dá fruto; nasce em bosques altíssimos e vales." (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 141)
ybyrapiroka (etim. - árvore arranca-pele) (s.) - IBIRAPIROCA, árvore da família das mirtáceas, comprida, muito direita, de madeira pesada. "...Têm estas árvores a casca lisa, a qual péla cada ano e vem criando outra nova por baixo daquela pele." (Sousa, Trat. Descr., 218; Brandão, Diálogos, 171)
ybyrapytanga (etim. - árvore avermelhada, árvore rosada) (s.) - IBIRAPITANGA, ARABUTÃ, pau-brasil, pau-rosado, árvore da família das leguminosas (Caesalpinia echinata Lam.), de madeira vermelho-alaranjada e, depois, vermelho-violácea, pesada e dura. É também chamada pau-de-tinta, sapão, etc. O Brasil deve seu nome a essa árvore. (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 101; VLB, I, 59)
ygaybyrá (etim. - árvore de canoa) (s.) - nome de uma árvore, de cuja casca, destacada de cima a baixo, faziam-se canoas (Staden, Viagem, 156)
ysyka1 (s.) - goma (VLB, I, 149); leite de algum pau ou folha (VLB, II, 20); resina: kabure'ybysyka - resina de cabreúva (Piso, De Med. Bras. IV, 179); (adj.: ysyk) - resinoso: ysypó-ysyka - cipó resinoso (Theat. Rer. Nat. Bras., II, 215); (xe) ter leite, goma, resina (a árvore, a planta, etc.) (VLB, II, 20)
Finalmente, lemos acima que UMUARAMA significa "lugar ensolarado para o encontro de amigos." Onde aparece nesse nome o correspondente a encontro de amigos? Onde teria ele aprendido isso?
Abaíba (MG). De abá + aíb/a + -a: índios maus, i.e., ferozes [o mesmo que apŷabaíba, índio sem contato com os brancos] (VLB, II, 112).
Abaitinga (SP). De abá + a'yra (t) + ting + -a: filhos claros de índios, i.e., caboclos, mamelucos.
Ajuruoca (MG). De aîuru + oka (r, s): casa de papagaios: "(...) Aiuruóca, vocábulo de língua brasílica, quer dizer no nosso idioma: Casa de Papagaios, aludindo a um penhasco redondo, e elevado aos ares, sobre um dos mais altos montes daquele lugar, em que os papagaios faziam morada, naquele tempo em que os gentios habitavam aqueles lugares." (Manuel José Pires da Silva Pontes [n.d.], p. 47)
Amanari (CE). De amana + y (t, t): água de chuvas. Nome atribuído artificialmente por decreto-lei de 1943, substituindo o nome de Pocinhos. (fonte: IBGE). Esse topônimo também existe há séculos no Amazonas, mas não deve ter origem na língua geral: "Dos rios e riaxos, que dezaguão nas suas margens, até a dita caxoeira, sei eu, porque vi, na austral os dous riaxos Cubaticuni, e o Amanari." (Alexandre Rodrigues Ferreira [n.d.], p. 249)
Amandaba (SP). De amana + -sab + -a: lugar de chuvas.
Anhanguera (rodovia de SP). De anhanga - diabo + -ûer velho + suf. -a: diabo velho. Alcunha atribuída a bandeirante paulista, traficante de escravos: "Sahi da Cidade de S. Paulo a tres de Julho de 1722 em companhia do Capitão Bartholomeu Bueno da Silva, o Anhanguera de alcunha..." (José Peixoto da Silva Braga [1722], A Bandeira do Anhanguéra a Goyas em 1722, p. 10).
Anhumaí (ribeirão do PR). A mesma etimologia de Anhembi (v.).
Apiapitanga (ES). De apŷaba + pytang + -a: homens morenos.
Araguaia (rio brasileiro). Alguns textos coloniais usam as variantes Araguai e Araguay, o que no permite supor a origem desse nome na língua geral da Amazônia. Stradelli (379) diz que Arauay - Araguaí é uma "casta de maracanã".
Araporanga ( CE). De ará + porang + -a: arás bonitos.
Arapoti (PR). De ará + epoti: fezes de arás. Arapoti foi cacique de uma tribo tupi catequizada pelos jesuítas e que constituiu a redução de São Francisco Xavier, às margens do Rio Tibagi. (fonte: IBGE).
Araraquara (SP). De arará - var. de formiga + kûara - buraco, toca: buraco das ararás, ou ainda, pela língua geral meridional, arara + kûara: toca das araras. Distrito criado com a denominação de São Bento de Araraquara por alvará de 30 de outubro de 1817 no Município de Piracicaba. É também nome de morro próximo de Piracicaba: [...] pouzo no mato perto do morro de Arara coara, onde tem gentio, porèm trataõ de sua lavoira, e naõ fazem mal algum aos viagantes [...] (desconhecido [1754], Relaçaõ da chegada que teve a gente de Mato Groço..., p. 246).
Araruna (PB). De arara + un + suf. -a: araras escuras.
Atibaia (SP). De atybaîa - cabelo crescido que os índios tinham sobre as orelhas (VLB, I, 151). Talvez uma referência a índios da região, que tinham essa característica.
Avanhandava (SP). De abá - homem, índio + nhan - correr + suf. -aba - lugar: lugar da corrida dos homens: "[...] às onze passamos Itaupabas da Cachoeira Abanhandava merim, que quer dizer homem que corre, ou gente que corre por ser Cachoeira grande, em que todos vaõ por terra, por isso tem este significado [...]" (desconhecido [1754], Relação da chegada que teve a gente de Mato Groço..., p. 247).
Avaré (SP). De abaré - padre. Nome antigo de rio que banha a região, atribuído artificialmente ao município no final do século XIX. "(...) Nome de um monte avistado ao longe onde, segundo a lenda, fora encontrado um monge quando os posseiros ali penetraram." (fonte: IBGE)
Baruri (ig. do AM). Talvez a mesma etimologia de Bariri (v.).
Cajupiranga (RN). De akaîu + pyrang + -a: cajus vermelhos.
Camutanga (PE). De akanga + pytang + -a: cabeça parda, nome de uma ave, acamatanga, acamutanga.
Caratinga (MG). De akará + ting + -a: carás claros, var. de peixes.
Carioca (ribeirão do RJ e nome de antiga aldeia indígena da Guanabara, a mais próxima da vila de São Sebastião, fundada por Estácio de Sá). De kariîó, carijó, nome de grupo indígena com origem no Paraguai + oka (r, s): casa de carijós: "Yaupa Moçupiroka, Yequej, guatapitiba, [...] Carijo oca, Pacucaya, Araçatiba." (Anchieta, Poemas [Auto de São Lourenço], versos 147-151). Os carijós também estavam na costa: "(...) destes ha infinidade e correm pela costa do mar e sertão até o Paraguay." (Pe. Fernão Cardim, [1585], Do principio e origem dos Indios do Brasil, p. 103). De nome de lugar passou a designar, ainda no período colonial, também os que nascem no Rio de Janeiro: "[...]os Cariocas e Americanos eram fracos, vis, patifes e pusillanimes (Jeronymo de Castro e Souza [1789], Carta do Alferes Jeronymo de Castro e Souza, Denunciando o Tiradentes", pp. 266-267)
Cocuera (Mogi das Cruzes, SP). De kó + pûer + -a: roça extinta.
Cuieté, Ribeirão (MG). De kuîa + eté (r, s): cuias a valer; árvore bignoniácea que dá cuias.
Grupiúna (ribeirão da PB). De kuruba + 'y + un (r, s) + -a: rio escuro dos cascalhos.
Guarapiranga (represa de SP). De guará, ave tresquiornitídea + pyrang - vermelho + suf. -a: guarás vermelhos: "E como naquele tempo havia muito pássaro vermelho no rio, e pequenos, intitularam ao rio Guarapiranga [...]". (Caetano da Costa Matoso / Luís José Ferreira de Gouveia [1749], Informação das Antiguidades da Freguesia de Guarapiranga, p. 257). Dizer que um guará é vermelho pode parecer redundância, mas a questão é que a cor dessas aves varia ao longo de suas vidas: "[...] Guará - Nasce preto, e depois vae manxando athé q' fica todo encarnado [...]". (in Anônimo, muito provavelmente Barbosa de Sáa) [1765], p. 171)
Iaçurana (Ig. do AM). De 'y + -ûasu + ran + -a: o que parece um rio grande.
Igarapé Miri (PA). De ygara + (a)pé (r, s) + mirĩ: caminho pequeno de canoas. "Chama-se o furo — iguarapé merim — que soa na língoa brasílica — pequeno caminho de canoas." (Pe. João Daniel [1757], p. 46); "[...] o conduzio outro novo eſtreito, a que daõ o nome de Igarapémirim (que quer dizer caminho apertado de canoas) [...]" (Bernardo Pereira de Berredo [1718], p. 321)
Inhuporanga (CE). De anhuma + porang + -a: belas anhumas.
Ituetê (ribeirão de MG). De ytu + eté (r, s): cachoeira a valer.
Jerivá, ribeirão do (PR). A mesma etim. de Jeribá (v.).
Jundiapeba (Mogi das Cruzes, SP). De îundi'a + peb + -a: jundiás achatados.
Mirapiranga (ig. do AM). De pirá + pyrang + -a: peixes vermelhos, pirapirangas.
Piaugui (ribeirão de MT). A mesma etim. de Piauí (v.).
Tipoca (ig. do AP). De ty + pok + -a: água que estoura.
VIOTTI, Hélio A., Anchieta, o Apóstolo do Brasil. São Paulo, Edições Loyola, 1980.
cantar - nhe'engar; (a ave): nhe'eng
a'ang1 (s) (v.tr.) - assinalar, marcar, representar (VLB, II, 102): Marãnamope asé o îurupe sa'angino? - Por que a gente em sua boca a assinala também (isto é, a cruz)? (Ar., Cat., 21v) ● a'angaba (t) - tempo, lugar, modo, instrumento, etc. de assinalar, de marcar; sinal, marca, imagem, símbolo, significado; molde, exemplar (VLB, II, 40): Pa'i, Sumé pypûera'angaba a'e. - Padre, aquelas são as marcas dos pés de Sumé. (Vasconcelos, Crônica, [Not.] II, §20, 123); Santa Cruz ra'angaba resé oré pysyrõ îepé... - Pelo sinal da Santa Cruz livra-nos tu... (Anch., Doutr. Cristã, I, 139); Osobá-syb aó-tinga pupé; a'e resé sobá ra'angaba pytáû. - Limpou seu rosto com um pano branco; nele ficou a imagem de seu rosto. (Ar., Cat., 89); Nde rokangaturamûama oroîmoĩ, nde raûsupa, nde ra'angaba rerokupa. - Tua casa santa edificamos, amando-te, tua imagem fazendo estar conosco. (Anch., Poemas, 146); abá ra'angaba - estátua (VLB, I, 128); imagem de pessoa (VLB, I, 127); Tupã ra'angaba - imagem de Deus (VLB, II, 10)
a'anga (t) (s.) - imagem, representação: Aó-tinga pupé asé resé sobá ra'anga rari. - Num pano branco, por nossa causa, a imagem de seu rosto tomou. (Anch., Diál. da Fé, 188)
aby3 (v.tr.) - transgredir, infringir, violar: Eîori sa'anga, rõ, t'otupã-nhe'engaby... - Vai para prová-los, pois, para que transgridam a palavra de Deus. (Anch., Teatro, 16); Abápe aîpoba'e oîaby? - Quem aquele (mandamento) transgride? (Ar., Cat., 69v) ● abŷaba - tempo, lugar, modo, etc. de transgredir; transgressão: ...O angaîpaba, Tupã nhe'enga abŷagûera reroŷrõmo... - Detestando seu pecado, a transgressão da palavra de Deus. (Ar., Cat., 80v); abŷara - o que transgride, o transgressor: A'epe cristãos Tupã nhe'enga abŷara, marã? - E os cristãos transgressores da palavra de Deus, que lhes sucede? (Ar., Cat., 26v)
aîurueté (etim. - papagaio verdadeiro) (s.) - AJURUETÊ, ave da família dos psitacídeos, de cor verde, tendo os encontros das asas vermelhos e o toucado da cabeça amarelo. "...Criam nas árvores, em ninhos e comem a fruta delas, de que se mantêm." (Sousa, Trat. Descr., 231)
akaîuûasu (etim. - caju grande) (s.) - CAJUAÇU, a maior das espécies de caju, árvore da família das anacardiáceas (D'Abbeville, Histoire, 217)
NOTA - Em Gonçalves Dias lemos: "Brilhante enduape no corpo lhe cingem, / Sombreia-lhe a fronte gentil CANITAR." (in Antologia Poética. 5ª edição. Rio de Janeiro, Ed. Agir, 1969.)
akarapytanga (etim. - cará rosado) (s.) - CARAPUTANGA, nome comum a certos peixes percomorfos da família dos lutjanídeos (D'Abbeville, Histoire, 245)
akuti (s.) - CUTIA, AGUTI, ACUCHI, ACOUTI, ACUTI, nome genérico de diversos mamíferos roedores da família dos caviídeos ou dasiproctídeos, com nove espécies no território brasileiro, dentre as quais a espécie Dasyprocta leporina, que está associada à Mata Atlântica e à Amazônia. Vivem nas matas e capoeiras, de onde saem à tardinha para alimentar-se de frutos e sementes caídos das árvores, tendo predileção por coquinhos. A coloração varia entre as espécies. (D'Abbeville, Histoire, 96v; Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 224; Thevet, Les Sing. de la France Antarct., 62v)
akutimirĩ (s.) - CUTIA-MIRIM, variedade de cutia de cor parda, de rabo muito felpudo..., também conhecida como cutiara. Restrito à região amazônica, este animal é incluso no gênero Myoprocta, com três espécies reconhecidas. (Sousa, Trat. Descr., 252-253)
amana (s.) - chuva; água de chuva: Opyk amana. - Cessou a chuva. (VLB, I, 122); Asapé-monhang amana. - Faço caminho para a água da chuva. (Fig., Arte, 88); Oky-ko'ẽ-ko'ẽ amana, paranã momungábo... - A chuva ficava amanhecendo a cair, enchendo o mar. (Ar., Cat., 41v) ● amanusu - grande chuva, tempestade: Ne emongetá nde Tupã t'okûab é amanusu... - Roga a teu Deus para que passe a tempestade. (Staden, Viagem, 66)
amanaîé1 (s.) - mensageiro que chama outros índios para a guerra (VLB, II, 35)
amba'yrana (etim. - falsa embaúba) (s.) - EMBAUBARANA, planta da família das cecropiáceas, do gênero Porouma, semelhante à embaúba (Cecropia) (VLB, I, 127)
'anga6 (s.) - pensamento, idéia: xe 'anga - meu pensamento (Léry, Histoire, 366); (adj - 'ang) - pensante; (xe) pensar ● (redupl.) vir à memória, lembrar: I 'ã i 'ang xe retãme xe rekoagûera ixébo. - Vem-me à memória minha vida passada em minha terra. (VLB, II, 102)
anga'o2 (v.tr.) - 1) ameaçar: Aîanga'o (ou Anhanga'o). - Ameacei-o. (VLB, I, 34; Fig., Arte, 118); 2) ofender, vituperar: Ereîanga'ope nde ruba, nde sy, nde ramũîa, nde aryîa? - Vituperaste teu pai, tua mãe, teu avô, tua avó? (Ar., Cat., 100v); Pe poroanga'o umẽ, xe ra'yr-y gûé, ta perekó i mba'e. - Não vitupereis as pessoas, ó meus filhos, para que tenhais seus bens. (Léry, Histoire, 356); 3) afrontar: Kuîa nhẽ i tĩ-ngá-tĩ-ngábo, ereîanga'o abá... - Das cuias ficando a quebrar as pontas, afrontaste os homens. (Anch., Teatro, 168) ● angagûara - o que ameaça, o que vitupera, etc.; o ameaçador; angagûaba - tempo, modo, lugar, etc. de ameaçar, de vituperar, de afrontar (Fig., Arte, 118) (O gerúndio de anga'o é angagûabo)
angekoaíba (etim. - mal estar da alma) (s.) - aflição, angústia, tristeza (VLB, II, 62): Marã sekó resépe i angekoaíba îekuabi? - Por qual estado seu transparecia sua angústia? (Ar., Cat., 53); (adj.: angekoaíb) - aflito; angustiado, apreensivo, ansioso; triste: Xe angekoaíb nde resé. - Eu estou aflito por ti. (Fig., Arte, 124); I angekoaí-katu serã Îandé Îara i mongetapukûabo? - Será que Nosso Senhor estava muito angustiado, longamente rezando a Ele? (Ar., Cat., 53); Xe angekoaíb (mba'e) resé. - Eu estou apreensivo com as coisas. (VLB, I, 24, adapt.)
apekera (s.) - coisa rasa e igual por cima (como mato ou ramos de árvore que parecem podados) (VLB, II, 97); (adj.: apeker) - raso, tosado, tosquiado; carpido, capinado (p.ex., o terreno, a roça, as ervas, a plantação) (VLB, II, 9; 97)
apererá2 (s.) - coisa rasa e baixa (como o mato, a barba, etc.); (adj.) - raso e baixo (como o mato, a caatinga); tosado (fal. de barba) (VLB, II, 133)
apore'yma (etim. - não desistência) (s.) - pertinácia (VLB, II, 74); teima (VLB, II, 125); (adj.: apore'ym) - pertinaz, teimoso; (xe) - 1) teimar; insistir; 2) discutir; brigar por palavras: Ereîmoîebype kaûĩ, sesé nde apore'ymamo? - Vomitaste cauim, brigando por causa dele? (Ar., Cat., 111v) ● apore'ymbaba - tempo, lugar, modo, etc. de teimar, de insistir, de brigar por palavras; teima, insistência; discussão: Tupã nhe'enga abŷagûera t'ereîmombe'u..., apore'ymagûera béno. - Que confesses a transgressão da palavra de Deus, a persistência nisso também. (Anch., Doutr. Cristã, II, 79)
apûé (s.) - distância; longuidão; (adj.) - 1) distante, longínquo, longe (Fig., Arte, 130): N'apûéî. - Não é longe. (VLB, II, 75); apûé-katu - muito longe (Fig., Arte, 130; VLB, II, 24); ...Oîoîá te'õ rekóû kunumĩgûasu suí tuîba'e suí bé, n'apûéî. - Igualmente a morte está entre os moços e entre os velhos, não distante. (Ar., Cat., 157v); 2) longo (fal. de caminho) (VLB, I, 20)
'ara2 (s.) - sol: Asé 'apyterype 'ara ruî. - No alto de nossas cabeças o sol está. Îandé 'apytera 'arybo 'ara rume, xe ruri. - Quando o sol estava no alto de nossas cabeças, eu vim. (VLB, I, 112); 'Ara yby sokeme, xe ruri. - Ao fustigar o sol a terra, eu vim. (VLB, I, 112)
arybé (s.) - 1) tranquilidade, bonança, quietação; (adj.) tranquilo; quieto, bonançoso (falando-se do mar) (VLB, I, 18); 2) abrandamento, mitigação, melhora, cessação: ...Asé mba'easy arybé potá. - Querendo o abrandamento de nossa doença. (Ar., Cat., 91v); (adj.) (xe) - amainar (p.ex., a fúria), mitigar-se; aquietar-se, sossegar; parar de, cessar (p.ex., a doença): Nde arybé. Anheté kó nde rapé... - Aquieta-te. Verdadeiramente este é teu caminho. (Anch., Teatro, 162); Xe arybé (mba'e) suí. - Eu sosseguei das coisas. (VLB, I, 127, adapt.); Akanunduka porarasara... "-I arybé temõ xe suí mã" e'i... - O que sofre febre diz: -Ah, oxalá ela cessasse! (Ar., Cat., 165) ● i arybeba'e - o que se aquieta, o que melhora, o que se mitiga: ...Opakatu sasyeteba'e i arybeba'erame'yma porarábo. - Sofrendo tudo o que é doloroso, que não se mitigará. (Ar., Cat., 164)
'a'y (s.) - umidade (de fruto ou alimento); (adj.) - úmido, aguacento, aguado (fal. de fruto ou alimento, p.ex., a batata fora do tempo) (VLB, I, 24)
3 (conj.) - tão logo, assim que: Nd'e'i te'e asé a'ereme i moetébo sepîaka bé... - Por isso mesmo a gente, então, o louva assim que o vê. (Ar., Cat., 84v); osóbo bé - tão logo indo ele (Anch., Arte, 45v)
é8 (s.) - coisa distinta, coisa própria, coisa diferente; (adj.) - próprio, vário, outro, diferente, não comum aos outros, particular; separado (e não de parceria com alguém): Tub-é. - Tem outro pai (isto é, diferente do pai de seu irmão); Xe kó-é. - Eu tenho roça própria (isto é, que não faço com os outros). (VLB, I, 62); (adv.) - variamente, diversamente, à parte: Aindé. Estou à parte. (Anch., Arte, 58); Aîkoé. - Sou diferente. (VLB, I, 103)
eburusu (t) (s.) - grandeza; estado de crescido, de adulto: Xe putupá bé nde reburusu resé... - Eu estou admirado também por tua grandeza. (D'Abbeville, Histoire, 342); Nde reburusu riré, Tupã syramo ereîkóne. - Após seres grande, serás mãe de Deus. (Anch., Poemas, 146); [adj.: eburusu (r, s) (irreg.)] - 1) grande, crescido: Xe reburusu. - Eu sou grande. Seburusu - Ele é grande. (Anch., Arte, 13v); (Na 3ª p. pode-se usar a forma variante turusu): Turusu-katupe a'e cruz erimba'e? - Era muito grande aquela cruz? (Ar., Cat., 61v); Kunumĩ turusu. - O menino é grande. (Fig., Arte, 75); Turusupe? - Elas são grandes? (Léry, Histoire, 363); Turusu xe kane'õ. - Grande é meu cansaço. (Anch., Poemas, 152); 2) muito (em quantidade) (VLB, II, 44): Xe ky'a-te turusu... - Mas minha sujeira era muita. (Anch., Teatro, 172); Sugûy turusu. - Seu sangue era muito. (Anch., Poemas, 120) ● eburusu nhote (ou turusu-nhote ou turusu-katu-nhote) (r, s) - meão, médio, não muito grande (VLB, II, 34): Xe reburusu nhote. - Eu sou médio. (VLB, II, 34); turusu bé'ĩ - maior algum tanto (VLB, II, 28); turusu-eté - maior (com suí ou sosé): Peró turusu-eté nde suí. - Pedro é maior que tu. (VLB, II, 28); Xe roka turusu-eté nhẽ opakatu oka sosé. - Minha casa é maior que todas as casas. (Fig., Arte, 80); turusu-katu-eté - muito maior (VLB, II, 28)
(e)mbiara (r, s) (s.) - aquilo que se apanhou na caça, na pesca ou na guerra; presa (Fig., Arte, 79); prisioneiro, EMBIARA (Amaz.): ...Opakatu xe rembiara xe pó suí serasóû. - Todas as minhas presas de minhas mãos as levou. (Anch., Teatro, 126); Aîpó kó nde rembiarama setá... - Eis que estas tuas futuras presas são muitas. (Anch., Teatro, 130); Ereporapitipe marana pab'iré, mbiarûera nhẽ îukábo? - Assassinaste gente após acabar a guerra, matando prisioneiros? (Anch., Doutr. Cristã, II, 88); Xe rembiara rembyrûera arurĩ reîa supé. - O resto de minhas presas trouxe para a rainha. (Anch., Poemas, 154); [adj.: embiar (r, s)] - ter presas, apresar: Xe rembiar. - Eu tenho presas, eu faço presas, eu apreso. (VLB, II, 85)
embyeîtyk (s) (v.tr.) - alporcar, mergulhar os ramos, vimes de uma planta para a reproduzir (VLB, I, 32)
(e)nhau'uma [ou (e)nha'uma] (r, s) (s.) - barro: Nha'uma i monhangymbyra nhẽpe asé oîmoeté? - A gente adora, com efeito, o que é feito de barro? (Ar., Cat., 22); xe renhau'uma; senhau'uma - meu barro; o barro dele (Fig., Arte, 78); nhau'umoka - casa de barro (Anch., Arte, 2v)
erimba'e1 (ou rimba'e) (adv.) - 1) outrora, antigamente, no passado, outro dia, já não agora; há tempo; tempos atrás (VLB, II, 61): ...Tamũîa... omombab erimba'e... - Destruiu outrora os tamoios. (Anch., Teatro, 52); Xe anama, erimba'e, tekó-ypyramo sekóû. - Minha nação, outrora, estava segundo a lei primeira. (Anch., Poemas, 114); I porang, erimba'e, Mia'y, xe retãmbûera. - Era bela, outrora, Miaí, minha antiga região. (Anch., Poemas, 152); 2) futuramente, algum dia (VLB, I, 31): ...Peẽ bé ybŷá pe tymagûama na peîkuabi, "-rimba'e ipó ixénone" 'ee'yma? -Vós também não reconheceis que vos enterrarão, não dizendo "-futuramente serei eu também"? (Ar., Cat., 155v); (Erimba'e foi muito usado no tupi colonial para assinalar tempo passado, haja vista que, em tupi antigo, o verbo não expressa tempo. Muitas vezes não se traduz.) ● erimba'endûara (ou erimba'endûarûera) - o que é de antigamente, o que é de outrora; coisa antiga (VLB, II, 143): Erimba'endûarûera ixé. - Eu sou o que é antigo, o de tempos atrás. (VLB, I, 91)
erobîara (t) (s.) - o ato de crer, a crença: Moraseîa rerobîara i py'a îaîporaká... - A crença na dança enche os corações deles. (Anch., Teatro, 30); I îurupe nhõ Tupã rerobîara ruî. - A crença em Deus está somente em suas bocas. (Anch., Teatro, 30)
esaarũaíba (t) (s.) - travessura, lascívia; [adj.: esaarũaíb (r, s)] - dissoluto, travesso, lascivo (p.ex., a mulher que olha muito e fala muito): Xe resaarũaíb. - Eu sou travessa. (VLB, I, 104)
gûabiraba (s.) - 1) GUABIRABA, GUABIROBA, GUABIROVA, GUAVIROVA, GABIROBA, GABIROVA, GAVIROVA, nome aplicado a várias mirtáceas do gênero Campomanesia, árvores copadas e muito altas, com folhas pequenas e flores avermelhadas; 2) o fruto dessas plantas, do modo de azeitonas e doces (D'Abbeville, Histoire, 220; Brandão, Diálogos, 217)
gûaîkuíka (s.) - CUÍCA, QUAIQUICA, nome comum a várias espécies de mamíferos marsupiais da família dos didelfídeos: Andyrá ruãpe é, panama koîpó gûaîkuíka? - Será que é um morcego, uma borboleta ou uma cuíca? (Anch., Teatro, 42)
gûyrakereá (s.) - GUIRAQUEREÁ, ACURAUÁ, ACURAUA, CURIANGO, BACURAU, ACURAU, nome comum a várias aves da família dos caprimulgídeos, de hábitos noturnos (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 202)
gûyraoby (etim. - pássaro azul) (s.) - nome comum a pássaros da família dos corvídeos, de cor predominantemente azul (VLB, I, 150)
gûyrapunga (ou gûyraponga) (etim. - pássaro que bate, que percute) (s.) - ARAPONGA, IRAPONGA, GUIRAPONGA, nome comum a pássaros da família dos cotingídeos, também conhecidos com o nome de ferreiro e ferrador. Seu canto parece os sons metálicos do bater de ferro em bigorna. (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 201; Theat. Rer. Nat. Bras., I, 149-150)
gûyratyryka (etim. - pássaro arisco) (s.) - GUIRATIRICA, nome comum a vários pássaros da família dos fringilídeos, que aparecem em todo o Brasil (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 211)
gûyraundi (s.) - GUIRAUNDI, GUARUNDI, GUARANDI, GURUNDI, pássaro da família dos traupídeos, de cor preta, com topete vermelho, e a fêmea amarelada no dorso. Vive nas matas e nas capoeiras. (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 212)
îá5 (s.) - porção, pequena quantidade, um pouco (à semelhança de um partitivo. Às vezes é acompanhado pela partícula rá.): Eruri, t'a'une îá. - Traze-o para que eu coma um pouco dele. (Fig., Arte, 141); Îori u'i îá rá gûabo. - Vem para comer uma porção de farinha. (Fig., Arte, 141); Eruri îá. - Traze uma porção, traze um pouco. (Fig., Arte, 141); Ekûãî 'y îá rá gûabo (ou Ekûãî 'y îá r'ûabo). - Vai para beber um pouco d'água. (VLB, I, 154); Ekûãî îá reru. - Vai para trazer um pouco dela. (VLB, I, 154); Eîme'eng îá ixébo. - Dá-me dele; dá-me uma porção. (VLB, I, 93)
îagûapytangusu (etim. - jaguapitanga grande) (s.) - nome de animal mamífero da família dos felídeos, parecido à onça na forma e não na cor (VLB, II, 56)
îakuakanga (etim. - cabeça de jacu) (s.) - 1) JACUANGA, JACUACANGA, nome vulgar de plantas costáceas, dentre as quais se destaca a espécie Costus spicatus Willd., erva cultivada, ornamental, com propriedades diuréticas e febrífugas, também conhecida como cana-do-brejo, cana-do-mato, cana-roxa, cana-de-macaco, caatinga, paco-catinga, periná, ubacaiá; 2) fedegoso, planta borraginácea (Heliotropium indicum L.) (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 6; Piso, De Med. Bras., IV, 195)
îakutinga (etim. - jacu branco) (s.) - JACUTINGA, nome comum a certas aves galiformes da família dos cracídeos, que habitam as matas virgens (Soares, Coisas Not. Bras. [ms .c], 1388-1391; Léry, Histoire [1580], p. 278)
îandaîusu (etim. - jandaia grande) (s.) - JANDAIA, NHANDAIA, nome comum a certas aves da família dos psitacídeos (D'Abbeville, Histoire, 233v)
îasy1 (s.) - 1) lua: ...o supa îasy rureme - ao vir a lua para visitá-la (Ar., Cat., 75v-76); Îasy mba'e îa'u. (ou Mba'e îasy o'u.) - Algo comeu a lua (isto é, a lua eclipsou-se). (VLB, I, 108); Î aysó, nipó, îasy... - É formosa, certamente, a lua. (Anch., Poemas, 142); 2) mês: Marãeté'ĩ ra'umope amõ Anhanga ratá pora rekóû ikó 'ara pupé oîepé îasy Tupã ebanoĩ suí... o moingobérememo?... - Como será que um habitante do inferno viveria neste mundo se Deus o fizesse viver fora dali um mês? (Ar., Cat., 156v); mokõî îasy - por dois meses [lit., duas luas] (VLB, II, 36) ● îasy-angaîbara - lua minguante (VLB, II, 25); îasy-obagûasu - lua cheia (VLB, II, 25); îasy-semamo - lua nova (VLB, II, 25)
îekûab (ou îekûá) (v. intr.) - ser causa do próprio dano; danar-se, dar ocasião a seu próprio mal: ...Endé aé ereîekûá xe roka pobu-potá. - Tu mesmo és causa de teu dano, querendo revirar minha casa. (Anch., Teatro, 42); ...Peẽ aé peîekûá kó taba pobu-pobu. - Vós mesmos vos danais ao ficar perturbando esta aldeia. (Anch., Teatro, 180)
îekuab (ou îekuá ou îekugûab) (v. intr.) - 1) aparecer, reconhecer-se, mostrar-se, transparecer, ser visível, ser visto: Marã sekó resépe i angekoaíba îekuabi? - Por qual estado seu transparecia sua angústia? (Ar., Cat., 53); -Oîekuápe (asé 'anga)? -Nd'oîekuabi. -É visível (a alma da gente)? -Não é visível. (Anch., Doutr. Cristã, I, 161); 2) ser claro (o dia, o lugar, o que se diz, o que se lê) (VLB, I, 75)
îekûabok (ou îekoabok) (v. intr.) - ficar diferente, mudar-se, alterar-se, transformar-se, estar mudado (do que era ou de como procedia antes, ou seja, no trajo, no gesto, na condição) (VLB, II, 43; 61): Marãpe miapé Îandé Îara Îesus Cristo retéramo... i îekûaboki? - Como o pão se transforma no corpo de Nosso Senhor Jesus Cristo? (Bettendorff, Compêndio, 85) ● oîekûabokyba'e - o que muda, o que fica diferente: Oîekûabokyba'eramape tekopuku ybakype semierekorama? - A vida eterna que eles terão no céu é a que mudará? (Ar., Cat., 47); îekûabokaba - tempo, lugar, modo, etc. de ficar diferente, de mudar; mudança, alteração: Oîkuá-katupe i îekûaboke'ymagûama? - Eles bem sabem que não mudarão? (Ar., Cat., 47)
îemoabangab (ou îemoabangá) (v. intr.) - acovardar-se, desencorajar-se: Asé aé oîemoabangá i mborypa... - A gente mesma acovarda-se, consentindo-o. (Anch., Diál. da Fé, 231)
îeperibe'ĩ (conj.) - mal, ainda bem não: Îeperibe'ĩ asé marã i 'éû, onhemoŷrõ ymûan. - Mal a gente diz algo, já se irrita. (VLB, II, 11)
îepoeîtyk (etim. - lançar-se a mão) (v. intr. compl. posp.) - acenar com a mão (para alguém: compl. com supé): Ereîepoeîtykype... kunhã amõ supé? - Acenaste com a mão para alguma mulher? (Anch., Doutr. Cristã, II, 91)
îepyme'eng (etim. - dar-se a recompensa) (v. intr.) - retribuir: T'ame'ẽne pirá ruba endébo, ûiîepyme'enga... - Hei de dar ovas de peixe para ti, retribuindo... (Anch., Teatro, 44)
îetanong (ou nhetanong) (v. intr. compl. posp.) - fazer oferenda (p.ex., ao pajé, para obter algum favor: vitória na guerra, saúde, etc.), ofertar, dar presente [a alguém: compl. com esé (r, s)]: Anhetanong paîé resé. - Fiz oferenda para o pajé. (VLB, II, 55); I xy... supé t'îa'é, îaîetanonga: "T'oú îandé posanonga. - Para sua mãe digamos, fazendo oferenda: "-Que venha para nos curar". (Anch., Poemas, 166) ● îetanongaba - tempo, lugar, modo, etc. de presentear, de ofertar; oferenda, presente, oferta (para a Igreja ou para feiticeiros) (VLB, II, 55). "Honra, reverência e presentes que se devem oferecer aos profetas e santos caraíbas a fim de obter deles aquilo que lhes é necessário para manterem sua vida." (Thevet, Cosm. Univ., 914): ...I xupé ogûeru îetanongabamo itaîuba, ysykatã syapûãba'e, mirra... - Para ele trouxeram, como oferendas, ouro, incenso e mirra. (Ar., Cat., 3); ...I îetanongápe, sory nde py'a. - Ao presentearem-no, alegrou-se teu coração. (Anch., Poemas, 118)
îoapyapyra (s.) - festas religiosas; os oito dias que se seguem a elas (as oitavas) (VLB, I, 138)
itaîukamusi (etim. - vaso de ouro) (s.) - cálice (da missa): Mba'epe asé oîmoeté abaré itaîukamusi rupireme?... - Que a gente honra ao erguer o padre o cálice da missa? (Ar., Cat., 87v)
itakyru'uma (etim. - lama da mó) (s.) - amolada, a água suja que fica no fundo dos coches dos rebolos de afiar navalhas, facas, etc. (VLB, I, 34)
îu'iperereka (etim. - rã saltadeira) (s.) - PERERECA, nome genérico de anfíbios anuros, de ventosas nos dedos, que vivem nas moitas e sobem às árvores, pertencentes à família dos hilídeos, com mais de oitenta espécies no Brasil (Sousa, Trat. Descr., 265)
îukytaîa (etim. - sal ardido) (s.) - 1) JIQUITAIA, pimenta reduzida a pó misturada com sal, que os índios socavam conjuntamente, com que temperavam a comida; sal-pimenta (VLB, II, 112); 2) molho de pimenta; molho ou caldo picante (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 39)
îypytym (etim. - fazer engasgar a ferramenta) (v. intr.) - lavrar com sacho, cavando a terra para afofá-la (VLB, II, 110)
ka'amondó (etim. - fazer ir a mata) (v. intr.) - caçar, fazer caçada, ir à caça: Aka'amondó. - Caço. (VLB, I, 62; II, 41); Aka'amondó-mo'ang. - Fui à caça sem proveito. (Fig., Arte, 143) ● ka'amondoara - o que caça, caçador (VLB, II, 41)
ka'aromosorandyba (etim. - maçaranduba da folha amarga) (s.) - MAÇARANDUBA, nome comum a duas árvores da família das sapotáceas, a Manilkara elata (Allemão ex Miq.) Monach., do Leste (ou MAÇARANDUBEIRA) e a Manilkara huberi (Ducke) Chevalieri, do Norte (ou MAÇARANDUBA-DO-PARÁ) (Cardim, Trat. Terra e Gente do Brasil, 42)
NOTA - No P.B., CAIÇARA hoje designa também 1) ramos de árvores, postos dentro da água como armadilha de peixe; 2) curral, galhos de árvores abatidas no corte de madeira; 3) cercado de madeira, à margem de um rio ou igarapé navegável, para embarque de gado; 4) palhoça, junto à praia, para abrigar as embarcações ou apetrechos dos pescadores; 5) cerca tosca de troncos e galhos, em torno de uma roça, para impedir a entrada do gado; 6) recesso onde o caçador se embosca; 7) malandro, vagabundo; 8) caipira; 9) praiano; 10) natural ou habitante de Cananéia (SP) (in Novo Dicion. Aurélio).
kaîue'ẽ (etim. - caju doce) (s.) - árvore "semelhante à ameixeira, com flores brancas e um fruto arroxeado com um caroço pequeno dentro" (D'Abbeville, Histoire, 224)
kapi'ĩpururuka (etim. - capim que fica estalando) (s.) - var. de junco, nome comum a numerosas plantas herbáceas das famílias das ciperáceas e juncáceas (VLB, II, 16)
karaguatagûasu (etim. - caraguatá grande) (s.) - CARAGUATÁ-AÇU, 1) planta herbácea da família das bromeliáceas, do gênero Bromelia (Bromelia karatas L.), de cujas folhas se extrai fibra para cordoaria, tapetes, etc. É também chamada CARAGUATÁ-PITEIRA, CARUATÁ-AÇU, CURUATÁ-AÇU, GRAVATÁ-AÇU. (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 87); 2) nome comum a plantas da família das agaváceas, do gênero Furcraea. Destas, a nativa do Brasil é a Furcraea foetida (L.) Haw, chamada vulgarmente PITA-GRAGOATÁ, piteira-de-terra, etc. (Piso, De Med. Bras., IV, 199-200). Serviam-se os índios de sua madeira para acender o fogo. (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 273)
karaobamirĩ (etim. - cará da folha pequena) (s.) - CAROBA-MIRIM, variedade de CAROBA, planta da família das bignoniáceas, de tamanho diminuto, provavelmente do gênero Jacaranda. "É uma árvore como pessegueiro, mas tem a madeira muito seca e a folha miúda." (Sousa, Trat. Descr., 203)
keîrûá (s.) - CURUÁ, QUEIROÁ, rato-de espinho, nome comum a vários roedores da família dos equimiídeos. São como ouriços-cacheiros, caracterizados por seus pelos em forma de cerdas espinhosas. "Criam em covas debaixo do chão." (Sousa, Trat. Descr., 257)
kopiara (etim. - caminho da roça) (s.) - COPIAR, alpendre, varanda contígua à casa, formada pelo prolongamento da cobertura, passagem para o exterior (Bettendorff [1698], Crôn. do Maranhão, in RIH, LXXII, [1909], 488)
koybara (etim. - cata-paus de roça < kó + 'yba + ar + -a) (s.) - COIVARA, técnica indígena de manuseio da terra, que consiste em queimar restos de troncos, galhos de árvores e mato para preparar a terra para a lavoura, limpando-a (Rodrigues, Relação, in Leite, Novas Cartas Jesuíticas, 230)
kuabe'eng1 (etim. - dar a conhecer) (v.tr.) - 1) oferecer: Aîkuabe'eng (abá) supé. - Ofereci-o ao homem. (VLB, II, 54, adapt.); 2) prometer (VLB, II, 87)
kuabe'eng2 (etim. - dar a conhecer) (v.tr.) - mostrar: Eîkuabe'eng xe nhe'engaipaba... - Mostra o erro de minhas palavras... (Ar., Cat., 55v); Apé-kuabe'eng (abá) supé. - Mostrei o caminho ao homem. (VLB, I, 113, adapt.) ● kuabe'ẽsara - o que mostra, o mostrador: ...Îasytatá serekoarama resé... pé kuabe'ẽsaramo... - Pela estrela que os guia, como a que mostra o caminho. (Ar., Cat., 121, 1686)
kûabĩ (etim. - passar, sem mais) (v. intr.) - ir adiante, seguir, adiantar-se (a outrem que fica parado, que descansa, etc.); passar adiante: Akûabĩ. - Adiantei-me. (VLB, I, 102); ...ygara kûabĩ potá... - querendo que a canoa passe adiante (Anch., Poemas, 154); Akûabĩ tenondé. - Segui adiante. (VLB, II, 14)
kupe'ab (etim. - rachar as costas) (v.tr.) - atacar pelas costas, fazer cilada contra: Îasó sesé îapu'ama, Tupana sy kupe'apa. - Vamos para assaltá-la, atacando pelas costas a mãe de Deus. (Anch., Teatro, 130); A'e ré, moxy rekóû pysaîé... kunhã mena kupea'pa. - Depois disso, os malvados estão alta noite atacando pelas costas os maridos das mulheres. (Anch., Teatro, 150); Aîkupe'ab tobaîara i îukábo. - Fiz cilada contra o inimigo, matando-o. (VLB, I, 81)
kuruatá1 (s.) - COROATÁ, CROATÁ, 1) nome comum a plantas da família das bromeliáceas (Neoglaziovia variegata (Arruda) Mez e Bromelia karatas L.); 2) o fruto da segunda espécie de coroatá, "fruta branca e comprida que se come chupada, com deixar muito gosto" (Brandão, Diálogos, 217)
kuruba (s.) - 1) grão, grânulo, caroço (VLB, I, 150); 2) espinha: Tobá kuruba - espinhas do rosto (VLB, I, 126); 3) sarna, CURUBA, CORUBA (VLB, II, 113); borbulha, vesícula que se forma sobre a epiderme (VLB, I, 57); 4) verruga (Cardim, Trat. Terra e Gente do Brasil, 57); 5) bexigas; varíola (adj.: kurub) - CURUBENTO; com espinhas; sarnento; (xe) ter espinhas, ter bexigas: Xe robá-kuru-kurub. - Eu tenho o rosto muito curubento. (VLB, I, 126); Xe robá-kurub. - Eu tenho o rosto curubento. (VLB, I, 55) ● kurubabora - sarnento, curubento (D'Evreux, Viagem, 157)
mana'ytinga (etim. - manaíba branca) (s.) - variedade de mandioca, comestível a partir de oito meses de plantio, apta para cultivo em terras fracas e de areia (Sousa, Trat. Descr., 173)
mandi'oka'i (etim. - mandioca pequena) (s.) - MANDIOCAÍ, nome comum a várias plantas da família das araliáceas, do gênero Didymopanax; "árvore de madeira muito dura, pesada e de cor amarelaça" (Sousa, Trat. Descr., 218)
mangarapeúna (etim. - mangará da casca escura) (s.) - planta arácea parecida à taioba (Colocasia esculenta (L.) Schott) (Piso, De Med. Bras., IV, 194)
manima (s.) - cobra que anda sempre n'água... "e muito pintada... Tem-se por bem-aventurado o índio a quem ela se mostra, dizendo que hão de viver muito tempo..." (Cardim, Trat. Terra e Gente do Brasil, 64)
manipo'i (etim. - mani fininho) (s.) - sopa feita pelos índios com a manipuera, o caldo da mandioca espremida (D'Abbeville, Histoire, 223)
mba'ee'yma (etim. - falta de coisas) (s.) - pobreza ● i mba'ee'ymba'e - o que é pobre, o despossuído, o que não tem posses ou coisas: Tekokatueté rerekoara o emimotarybo é i mba'ee'ymba'e. - O que tem a bem-aventurança é o que é pobre por sua própria vontade. (Ar., Cat., 18v)
mboîa (s.) - cobra, serpente, BOI, MBOI, MOI: Eva, îandé sy-ypy, onhemomotareté 'ybá-poranga resé, mboîa nhe'enga rupi... - Eva, nossa mãe primeira, atraiu-se muito pelo belo fruto, de acordo com a palavra da serpente. (Anch., Poemas, 178); Mboîa oporosu'u. - A cobra morde a gente. (Fig., Arte, 6); Mboîa oîuká kunhã. - A cobra matou a mulher. (Fig., Arte, 8)
mbo'ir2 (etim. - fazer separar-se) (v.tr.) - desgrudar, desprender, separar; desapegar (o que está grudado), tirar: Oîmbo'ir i angaîpaba i xuíne. - Tirarão suas maldades deles. (Anch., Doutr. Cristã, I, 227) ● mbo'iraba - tempo, lugar, modo, etc. de desgrudar, de desprender; desprendimento: Nd'opo'ẽî xûé-tepe asé o îuru pupé i mbo'iragûama reséne? - Mas não porá a gente a mão na boca para desgrudá-la? (Anch., Doutr. Cristã, I, 217)
membeka (s.) - 1) fraqueza, moleza: O ati'yba ri krusá osupi. Membeka suí, Îesu sero'ari. - No seu próprio ombro levanta a cruz. De fraqueza, Jesus fá-la cair consigo. (Anch., Poemas, 122); 2) molengão (VLB, II, 40); o mole, o covarde, o fraco, o tímido: xe remipoîmembeka - o molengão que convido (Anch., Arte, 52v); (adj.: membek) - mole, fraco, MEMBECA; molengão: ...I membek, Anhanga pó gûyrybo nhẽ sekóû... - É mole, está sob as mãos do diabo. (Ar., Cat., 31v); Xe membek. - Eu sou molengão. (VLB, II, 40)
membyrara (etim. - nascimento de filho) (s.) - parto: ...O membyrara kûab'iré, Santa Maria o membyra Îesus rerasóû Tupãokype... - Após passar seu parto, Santa Maria levou seu filho Jesus ao templo. (Ar., Cat., 3v); ...Santa Maria o membyrá-kakara omo'ã-mo'ang... - Santa Maria está supondo a aproximação de seu parto. (Ar., Cat., 9); (adj.: membyrar) - parturiente; (xe) - parir, dar à luz: Xe membyrar. - Eu dou à luz. (VLB, II, 66) ● i membyraba'e - a que dá à luz: -Abá abépe nd'oîabyî oîekuakube'yma? -Kunumĩ, kunhataĩ, ... i membyraba'e... -Quem mais não o transgride, não jejuando? -Os meninos, as meninas, as que dão à luz. (Anch., Diál. da Fé, 203); membyrasara - parida, mulher que gerou filhos (VLB, II, 66); membyrasaba - tempo, lugar, modo, etc. de parir, de dar à luz; parto: N'i tybi tugûy nde membyrasápe. Não houve sangue em teu parto. (Anch., Poemas, 118)
mene'õ (etim. - marido morto) (s.) - viúva; (adj.) - viúva; (xe) enviuvar, ser viúva: kunhã-mene'õ - mulher viúva (VLB, II, 147); Xe mene'õ. - Eu enviuvei. (VLB, I, 120) ● i mene'õba'e - viúva, a que é viúva: I mba'ee'ymba'e memetipó tube'yma i mene'õba'e bé asé serekomemûãmo. - Tratando-se mal os pobres e, principalmente, os órfãos e as viúvas. (Bettendorff, Compêndio, 17)
minga'upetinga (s.) - MINGAUPITINGA, papa preparada com a mandiopeba (Piso, De Med. Bras., 62) [v. tb. (e)minga'u (r, s)]
moagûé (v.tr.) - mear, deixar pela metade (p.ex., a água do vaso), deixar menos que cheio: Aîmoagûé. - Deixei-o pela metade. (VLB, II, 34)
moanhẽ (v.tr.) - 1) apressar; acelerar; apressar-se para: Xe moanhẽ kó xe boîá... - Apressam-me estes meus súditos. (Anch., Teatro, 32); 2) ficar ansioso por, esperar ansiosamente: ...Te'õ moanhẽ-anhẽmo... - Ficando a esperar ansiosamente a morte. (Ar., Cat., 158v) ...Korikorinhẽa'ub 'ara repîaki, i moanhẽmo... - Deseja logo ver o dia, ficando ansioso por ele. (Anch., Doutr. Cristã, II, 79); ...Omoanhẽ ymã sepîakûama. - Já fica ansiosa por vê-lo. (Ar., Cat., 9v)
mo'ar1 (ou mbo'ar) (v.tr.) - fazer cair, derrubar: Ema'enãngatu xe ri, xe mbo'are'ym-uká. - Vela bem por mim, mandando que não me façam cair. (Anch., Poemas, 142); A'ereme amõ aîukáne, xe îusanyme i mbo'a... - Então, alguns matarei, no meu laço fazendo-os cair. (Anch., Poemas, 156); Oré mo'arukar umẽ îepé tentação pupé... - Não nos deixes tu fazer cair em tentação. (Anch., Doutr. Cristã, I, 139); Ekûãî moxy mbo'a îandé îusana pupé! - Vai para fazer cair os malditos em nosso laço! (Anch., Teatro, 20); Ema'enãngatu xe ri, xe mbo'are'ymuká. - Vela bem por mim, mandando que não me façam cair. (Anch., Poemas, 142); Xe t'oropysy-katu, xe mundépe nde mbo'a. - Eu hei de bem apanhar-te, na minha armadilha fazendo-te cair. (Anch., Teatro, 174, 2006) ● mbo'araba - tempo, lugar, causa, etc. de fazer cair, de derrubar: Marãpe sekoagûera peẽ i mbo'aragûama? - Como seus atos passados serão a causa de vós o derrubardes? (Anch., Teatro, 166, 2006)
mo'ar2 (ou mbo'ar) (etim. - fazer cair) (v.tr.) - fazer nascer, parir, gerar, dar à luz: ...Marã-pakó xe sy xe mbo'ari erimba'e...? - Por que minha mãe me deu à luz outrora? (Ar., Cat., 163); Aîmo'ar. - Dei-o à luz. (VLB, II, 66); I mbo'a tiruãpe i xy-angaturama rekóû ababykagûere'ymamo?... - Mesmo dando-o à luz sua mãe bondosa estava virgem? (Ar., Cat., 42) ● mo'asara - o que faz dar à luz, o que faz nascer: pitã-mo'asara - a que faz nascer crianças; a parteira (VLB, II, 66)
mo'ekatu (etim. - fazer poder) (v.tr.) - dar jeito a, dar possibilidade a, favorecer: Na xe mo'ekatuî. - Não me dá possibilidade. (VLB, I, 129)
moîekuab (etim. - fazer conhecer-se) (v.tr.) - mostrar, evidenciar: Peîmoîekuakatu aîpó Santíssima Trindade rekó. - Mostrai bem o que é essa Santíssima Trindade. (Anch., Doutr. Cristã, I, 134); Tupã raûsupareté oîmoîekuabukar o Tupã raûsuba. - Os que amam verdadeiramente a Deus fazem evidenciar seu amor a Deus. (Bettendorff, Compêndio, 111)
moín2 (v.tr.) - 1) apontar (para alguém: com supé): Aîmoín u'uba (abá) supé. - Apontei a flecha para o homem. (VLB, I, 39, adapt.); 2) dirigir (palavra), entoar (canto ou cantiga) (a ou para alguém: com supé) (VLB, I, 118): Aîmoín xe nhe'enga (abá) supé. - Dirigi minha fala ao homem. (VLB, II, 84, adapt.); Oîmoín-y bépe Pilatos o nhe'enga îudeus supé...? - Dirigiu de novo Pilatos sua fala aos judeus? (Ar., Cat., 59v)
moîurué (etim. - fazer a boca ter gosto) (v.tr.) - fazer apetecer; fazer ter vontade de comer; fazer ter apetite: Aîmoîurué. - Fi-lo ter vontade de comer. (VLB, I, 98)
mombab1 (ou mombá) (v.tr.) - destruir; esmagar; arrasar, acabar com, fazer matança de (como nas guerras) (VLB, II, 33): Eîori, muru mombapa... - Vem para destruir o maldito. (Anch., Poemas, 132); ...Îamombá taba îandune. - Destruiremos a aldeia, como de costume. (Anch., Teatro, 24); ...Tamũîa, kyre'ymbagûera, omombab erimba'e... - Destruiu outrora os tamoios, os valentes. (Anch., Teatro, 52)
momba'eté (ou momba'eeté) (etim. - tornar coisa muito boa) (v.tr.) - honrar, louvar, enaltecer, dignificar, cultuar, prezar (VLB, II, 86) (Referindo-se a coisas más, não se usa momba'eté, mas moeté - v.): ...Opabĩ kunhã sosé nde momba'etébo é. - Honrando-te mais que a todas as mulheres. (Anch., Poemas, 144); ...Opakatu karaíba xe momba'eté-katu. - Todos os cristãos honram-me muito. (Anch., Poemas, 114); Aîmomba'eté nde roka, i pupé gûiporaseîa. - Honro tua casa, dentro dela dançando. (Anch., Poemas, 170); ...I kangûerĩ tiruã momba'etéû... - Até mesmo seus ossinhos cultua. (Ar., Cat., 12v) ● i momba'etepyra - o que é (ou deve ser) honrado, louvado, etc.: 'Ara i momba'etepyra pupé missa rendupa... - Ouvindo missa nos dias que devem ser honrados. (Ar., Cat., 75v); emimomba'eté - o que alguém honra, louva, dignifica, etc.: Nde 'anga Tupã remimomba'eté me'enga anhanga pé... - Entregando tua alma, que Deus dignifica, para o diabo. (Anch., Doutr. Cristã, II, 112)
mombyk1 (v.tr.) - 1) atar (VLB, I, 46), amarrar; 2) travar (como a fruta): Xe apekũ-mombyk ikó 'ybá. - Trava-me a língua esta fruta. (VLB, II, 136)
momembek (v.tr.) - 1) amolecer, amolentar (VLB, I, 34; II, 40); (fig.) acovardar, enfraquecer; 2) fundir, derreter (p.ex., a cera, o metal) (VLB, I, 144): Peîori, perasó muru, supi îandé ratápe sapeka,... i momembeka. - Vinde, levai os malditos, erguendo-os para sapecá-los em nosso fogo, derretendo-os. (Anch., Teatro, 90)
mondok (etim. - fazer quebrar-se) (v.tr.) - 1) cortar [p.ex., vergas, cordas, varas, pau já derrubado, a garganta de alguém (com instrumento cortante), uma fila de pessoas, etc.]: S. Pedro itangapema osekyî... i nambi mondoka. - São Pedro puxou a espada..., cortando sua orelha. (Ar., Cat., 54v); Aîakã-mondok. - Cortei-lhe a cabeça. (VLB, I, 92); Asysy-mondok. - Cortei a fila deles. (VLB, I, 83); ...I 'apira mondoki. - Cortaram seu prepúcio. (Ar., Cat., 3); Aîpi-mondok. - Corto-lhe a pele. (Anch., Arte, 51); ybyrá mondoka - cortar árvores (D'Evreux, Viagem, 144); 2) quebrar (como corda, linha, etc.) (VLB, II, 93); 3) interromper (VLB, II, 13): 4) entalhar (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 277) ● mondokara - o que corta, o que quebra, etc.; mondokaba - tempo, lugar, modo, etc. de cortar, de quebrar, etc. (Fig., Arte, 119)
mongakuab1 (ou mongakugûab) (v.tr.) - dar as novas a, dar notícia a, informar [sobre algo: compl. com esé (r, s)]: Aîmongakuab (mba'e) resé. - Informo-o acerca das coisas. (VLB, II, 51, adapt.)
mongakuab2 (ou mongakugûab) (v.tr.) - 1) fazer crescer: Oîmopŷatã asé 'anga... i mongakuapa. - Fortalece a alma da gente, fazendo-a crescer. (Bettendorff, Compêndio, 90); 2) criar: T'oroîopytybõne oré poromonhangagûera mongakuapa... - Que ajudemos um ao outro para criarmos nossos filhos. (Ar., Cat., 95) ● mongakuasara - o que cria, o que faz crescer: A'e niã Tupã sy irũnamo Tupã Jesus mongakuasaramo sekóû. - Ele, com a mãe de Deus, foi o que criou a Jesus, Deus. (Ar., Cat., 123, 1686)
mongaturõ1 (ou mongatyrõ) (etim. - tornar bom, enfim) (v.tr.) - pôr ordem em, ordenar, arranjar (VLB, I, 33), arrumar (o que se desmanchou): Aîtapuîmongaturõ xe sy. - Arrumei a choupana à minha mãe. (Fig., Arte, 88); Xe 'anga mongaturõmo... - Para pôr ordem em minha alma. (Anch., 100); Sekó omongaturõ îandé rekó-poxypûera. - Sua lei pôs ordem em nossa antiga vida má. (Anch., Poemas, 184)
monharõ1 (etim. - fazer investir) (v.tr.) - fazer isca ou chamariz para, atrair (a caça ou as aves com assobios ou reclamos) (VLB, II, 48): Ereîmonharõpe kunhã amõ nde rapixara pyri? - Atraíste alguma mulher para junto de teu próximo? (Anch., Doutr. Cristã, II, 91)
monhemombe'u (etim. - fazer confessar-se) (v.tr.) - confessar, ouvir confissão: ...Asé monhemombegûabo... - Confessando a gente. (Ar., Cat., 93v) ● monhemombe'ûara (ou monhemombegûara) - confessor, o que ouve a confissão de: ...o monhemombe'ûarama resé oîkotebẽmo... - ...tendo falta de um confessor seu... (Ar., Cat., 76); monhemombegûaba - tempo, lugar, modo, etc. de confessar; confissão: Ereîmombe'upe abá rera abaré nde monhemombegûápe...? - Contas o nome de alguém quando te confessa o padre? (Ar., Cat., 108)
monhyrõ (v.tr.) - 1) apaziguar, aplacar, amansar, fazer perdoar: Aîmonhyrõ Tupã xe îopupé. - Aplaco a Deus para mim. (Fig., Arte, 81); Nde eîmonhyrõ Tupã nde îoupé. - Aplaca tu a Deus para ti. (Fig., Arte, 81); ...Xe angaîpaba rapirõmo, ...i monhyrõmo. - Pranteando meus pecados, fazendo-os perdoar. (Anch. Teatro, 168); 2) reconciliar (os discordes) (VLB, II, 98) ● omonhyrõba'e - o que apazigua, o que aplaca, etc.: Tekokatueté rerekoara oporomonhyrõba'e... - Os que têm a beatitude são os que apaziguam as pessoas. (Anch., Doutr. Cristã, I, 154); monhyrõsaba - tempo, lugar, modo, etc. de aplacar, de apaziguar: Mba'e-eté anhẽ nhemombe'u... Tupã remimonhangûera ikó 'ara pupé o monhyrõsabamo... - Coisa muito boa é a confissão, que Deus fez como modo de aplacá-lo neste mundo. (Ar., Cat., 220); monhyrõsara - o que aplaca, o que faz perdoar, apaziguador: Nd'e'i te'e abaré moingóbo... o monhyrõsaramo... - Por isso mesmo é que constituiu os padres como seus apaziguadores. (Anch., Doutr. Cristã, I, 195)
mopanem1 (v.tr.) - 1) ausentar-se de, estar ausente de; faltar a, deixar de, deixar de chegar a: N'aîmopanemi tupãoka. - Não falto à igreja. (VLB, II, 40); Ereîmopanemype missa renduba?... - Deixaste de ouvir a missa? (Ar., Cat., 110v); ...Oîoîá te'õ rekóû kunumĩgûasu suí tuîba'e suí bé, napûeî, ndaroîaî amõ abá mopanemi... - Igualmente a morte está entre os moços e entre os velhos, não longe, mas nem por isso deixa de chegar às outras pessoas. (Ar., Cat., 157v); 2) fazer carecer, fazer ter falta [de algo: compl. com esé (r, s)]: Nd'e'i te'e tekokatu amõ resé i mopaneme'ymi saûsupa. - Por isso mesmo, amando-a, não a fez carecer de nenhuma virtude. (Ar., Cat., 133, 1686); 3) fazer a intervalos (VLB, II, 13)
mopoîoybyr (etim. - fazer ficar as fibras lado a lado) (v.tr.) - dobrar (uma só vez), duplicar (p.ex., fio, pano) (VLB, I, 105)
moputupab (etim. - fazer cessar a respiração) (v.tr.) - espantar, assombrar: ...Opá îandé moputupabymo... - A todos nós espantaria. (Ar., Cat., 165v)
motuîuk (etim. - fazer água podre) (v.tr.) - enlamear: ...Asé 'anga motuîukukare'yma... - Para não fazer enlamear a alma da gente. (Ar., Cat., 81v)
motyb (etim. - fazer haver) (v.tr.) - fazer caso de, acatar, respeitar, ter em conta; prezar: -Marãpe Herodes serekó-ukari a'ereme? -N'oîmotybi... -Como Herodes, então, o fez tratar? -Não o respeitou... (Ar., Cat., 59); Aûîé, kó temiminõ nd' ogûari Tupã rekó, nd'osaûsubi, n'omotybi... - Enfim, esses temiminós não tomam a lei de Deus, não a amam, não a acatam... (Anch., Teatro, 20)
mou'um (v.tr.) - 1) amassar, fazendo lama (p.ex., a terra, a cal) (VLB, I, 34); 2) enlamear, lambuzar com coisa viscosa (VLB, I, 87)
moybysok (etim. - fazer socar a terra) (tr.) - fincar no chão (VLB, I, 139)
murukuîamirĩ (etim. - maracujá pequeno) (s.) - MARACUJÁ-MIRIM, a espécie mais comum de maracujá (Passiflora edulis Sims), planta trepadeira da família das passifloráceas. Considerava-se ter propriedades abortivas e medicinais. (Piso, De Med. Bras., IV, 198)
nhe'ẽmonhang (etim. - fabricar palavras) (v.tr.) - urdir palavras, inventar palavras, inventar (que alguém disse algo): "-E'i kó nde resé onhe'enga" eré tenhẽpe, abá nhe'ẽmonhã-tenhẽmo...? - Disseste falsamente: "-Disse isso, falando a teu respeito", urdindo palavras de alguém? (Anch., Doutr. Cristã, II, 100) ● oînhe'ẽmonhangyba'e - o que urde palavras: Abá oînhe'ẽmonhã-monhangyba'e. - O que fica urdindo as palavras de alguém. (Anch., Diál. da Fé, 215)
nhe'engaryryî (etim. - cantar tremendo) (v. intr.) - gargantear, trinar com a voz, cantando (VLB, I, 146)
nhe'ẽporoîukaíba (etim. - palavras que matam gente não completamente) (s.) - agressão (com palavras); (adj.: nhe'ẽporoîukaíb) - agressivo (nas palavras); (xe) fazer agressão com palavras, falar brioso: Nde nhe'ẽporoîukaípe abá supé? - Tu fizeste agressão com palavras a alguém? (Anch., Doutr. Cristã, II, 103)
nhemoangekoaíb (ou îemoangekoaíb) (etim. - fazer-se estar mal a alma) (v. intr. compl. posp.) - molestar-se; entristecer-se, afligir-se (VLB, II, 40), lastimar-se [por algo: compl. com a posp. esé (r, s)]: ...O apixara mba'e-katu rerekó moasŷabo, sesé onhemoangekoaípa. - Tendo inveja por seu próximo ter coisas boas, entristecendo-se por isso. (Ar., Cat., 109v); Taûîé pe poreaûsubagûama rapirõmo, peîemoangekoaíb peína. - Pranteai logo vossa miséria, estai a vos lastimar. (Ar., Cat., 165-165v)
nhemoesakûarasy (etim. - fazer-se ruim a cavidade dos olhos) (v. intr.) - ficar carrancudo, ficar mal-encarado (VLB, I, 140)
nhemoetee'yma (etim. - não se fazer muito bom) (s.) - humildade: Morerobîare'yma robaîxûara nhemoetee'yma. - O contrário da soberba é a humildade. (Bettendorff, Compêndio, 15)
nhemoingó (etim. - fazer-se estar) (v. intr.) - comportar-se: ...A'eboé Tupã ra'yramo anhemoingó re'a... - Muito a propósito comportei-me como filho de Deus. (Ar., Cat., 169)
nhemomboreaûsub (etim. - fazer-se miserável) (v. intr.) - humilhar-se: Onhemomboreaûsub, o angaîpaba moasŷabo... - (A gente) se humilha, arrependendo-se de suas maldades. (Anch., Dial. da Fé, 229)
nhemoputupab (etim. - fazer-se acabar a respiração) (v. intr.) - afligir-se: Ybakygûara onhemoputupab. - Os habitantes do céu afligiram-se. (Ar., Cat., 9v)
nhemosapysó (etim. - fazer-se estender os olhos) (v. intr. compl. posp.) - alongar-se a vista; olhar detidamente [para algo ou alguém: compl. com esé (r, s)]: ...Mendarûera amõ resé enhemosapysóbo. - Olhando detidamente para alguma que foi casada. (Anch., Doutr. Cristã, II, 101)
nhemotimbor (etim. - fazer-se fumaça) (v. intr.) - 1) defumar-se; incensar-se: Paîea'uba supé onhemotimbó-timborukaryba'e... - O que manda a um falso pajé ficar defumando a si... (Ar., Cat., 96, 1686); 2) perfumar-se (VLB, II, 73)
nhemo'yb (etim. - fazerem-se plantas) (v. intr.) - criar mato (a terra que já foi cultivada) (VLB, II, 33)
openhan1 (s) (v.tr.) - atacar, arremeter contra: Na i moetesaba ruã ka'u, ...o apixara rerekoaíba, sopenhana. - Não são modos de o honrar a bebedeira, o maltratar seu próximo, atacando-o. (Ar., Cat., 12);
oryba (t) (s.) - 1) alegria [por algum bem, por algo não natural, à diferença de esãîa (t) - v.] (VLB, I, 30), felicidade: Ybakype toryba. - A felicidade no céu. (Ar., Cat., 20); ...O manõ riré toryba rerekóbo... - Tendo alegria após sua morte. (Anch., Teatro, 54); 2) festa, folgança: Ndebo toryba monhanga xe anama xe mbouri. - Para fazer-te festa minha família fez-me vir. (Anch., Poemas, 154); [adj.: oryb ou ory (r, s)] - 1) alegre, feliz (por causa de algo, por alguma razão) (VLB, I, 30); (xe) alegrar-se: Ta sory îandé ra'yra... ! - Que se alegrem nossos filhos! (Anch., Teatro, 56); Xe roryb nde só resé. - Eu estou feliz por causa de tua ida. (Anch., Arte, 27); 2) divertido, folgazão: Xe roryb. - Eu sou folgazão. (D'Evreux, Viagem, 143) ● orypaba (t) - lugar, tempo, causa, etc. de alegria, de felicidade: ...Ta xe rerasó og orypápe. - Que ele me leve para seu lugar de felicidade. (Ar., Cat., 24v); ...Nde ko'ema, 'ara rorypabeté. - Tu és a manhã, causa verdadeira da alegria do dia. (Valente, Cantigas, IV, in Ar., Cat., 1618)
pakoka'atinga (etim. - pacova da folha clara) (s.) - PACÓ-CAATINGA, nome de duas espécies de ervas da família das zingiberáceas, a Costus spicatus (Jacq.) Sw. e a Costus spiralis (Jacq.) Roscoe (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 102)
NOTA - No P.B., PANAPANÃ também é a migração de borboletas em certas épocas do ano, em grandes revoadas coloridas; bando de borboletas.
NOTA - No P.B., PANEMA significa, também, "encosto" ou "a vítima de feitiço", "o que tem encosto ou mal-feito". PIRAPANEMA é, no P.B., trecho de um rio onde há pouco peixe.
paraba1 (mb) (s.) - mancha; (adj.: parab) - manchado, malhado de diversas cores: Xe pará-parab. - Eu sou muito manchado. (VLB, II, 23) ● ũ-mbarab (r, s) - manchado de preto; (xe) manchar-se de preto (p.ex., a uva madura) (VLB, II, 78); tĩ-mbarab - manchado de branco; (xe) manchar-se de branco (p.ex., a barba) (VLB, II, 78); îu-parab - manchado de amarelo: tu'ĩîu-paraba - tuim manchado de amarelo (nome de uma ave) (Theat. Rer. Nat. Bras., I, 171); pará-paraba - manchas diversas (VLB, II, 30)
paraba2 (mb) (s.) - variedade, diversidade: ...Esepîak tekó paraba. - Vê tu a variedade de coisas. (Valente, Cantigas, VIII, in Ar., Cat., 1686); (adj.: parab ou pará) - variado, variegado, multicor: I angaîpá-pará-pará... - Ela tem pecados variadíssimos. (Anch., Poemas, 112)
pe'yba (etim. - caminho-guia) (s.) - trilha; (adj.: pe'yb) - trilhado, batido (fal. de caminho), seguido, limpo de erva, etc.: I pe'ybĩ nakó tapiti kûara. - Está limpa, como se vê, a cova da lebre. (VLB, II, 114)
piamondó (etim. - fazer ir o caminho) (v.tr.) - fazer alguém ir atrás de, fazer alguém ir em busca de: Abaré abépe asé oîpiamondó? - A gente o faz ir em busca de padre também? (Anch., Doutr. Cristã, I, 222)
pindá1 (s.) - PINDÁ, anzol (Léry, Histoire, 346): Xe pindá-porangeté t'opindaîtykyne endébo... - Meu anzol muito ditoso há de pescar para ti. (Anch., Poemas, 152); T'i nhyrõngatu kori îandébo, pindá me'enga. - Que eles bem perdoem hoje a nós, dando anzóis. (Anch., Poemas, 196); (adj.) (xe) - ter anzol: Na xe pindáî. - Eu não tenho anzol. (Anch., Arte, 48) ● pindá monhangara - fazedor de anzóis, anzoleiro; pindá-tinga (ou pindá-tingusu) - anzol pargueiro; pindá-una (ou pindagûasu) - anzol de ferro (VLB, I, 37); pindá posyîtaba - chumbada do anzol (VLB, I, 74); pindá-aŷpypûasaba - estorvo do anzol, isto é, corda com que se reata este (VLB, I, 129)
pindá2 (s.) - PINDÁ, ouriço-do-mar, nome dado a muitas espécies de equinodermos equinoides, animais de corpos globulares, hemisféricos, revestidos por espinhos móveis (Sousa, Trat. Descr., 294)
pirasema (etim. - saída dos peixes) (s.) - PIRACEMA, a saída dos peixes para as cabeceiras dos rios ou para as ervas com pouca água, para desovar, deixando-se apanhar sem muito trabalho (Anch., Cartas, 116)
pisandó (s.) - PISSANDÓ, PAISSANDU, PISSANDU, COQUEIRO-PISSANDÓ, nome de duas espécies de palmeiras, a Allagoptera arenaria (Gomes) Kuntze e a Allagoptera campestris (Mart.) Kuntze. São palmeiras baixas, de terra fraca, de frutos de bom sabor. (Sousa, Trat. Descr., 198)
pitanga (s.) 1) criança (VLB, II, 12): O sy posé pitanga ruî. - Ao lado de sua mãe a criança está deitada. (Anch., Arte, 44); 2) bebê; feto: Kunhã muru'abora resé opûá, pitanga îukábo i xuí... - Batendo numa mulher grávida, matando o bebê dela. (Ar., Cat., 70v)
poban (v.tr.) - fiar, reduzir a fio (puxando, estendendo e torcendo as fibras) (Fig., Arte, 119): Aamyniîu-poban. - Fiei o algodão. (VLB, I, 138) ● pobandara - o que fia (Fig., Arte, 119), fiandeira (VLB, I, 138); pobandaba - tempo, lugar, modo, etc. de fiar (Fig., Arte, 119)
pokanga (etim. - mão ossuda) (s.) - raleamento; raridade; coisa rala (VLB, II, 95); (adj.: pokang) - ralo (p.ex., pano); raro ● i pokãba'e - o que é ralo; o que é raro, poucas vezes visto ou que não se acha a cada passo (VLB, II, 96); pokãngatu - muito ralo, sutil: ...I angaturamba'e reté i pokãngatu kûarasy sosé oberapa... - Os corpos dos que são bons serão sutis, brilhando mais que o sol. (Ar., Cat., 161); pokangi nhõte - raro (VLB, II, 96)
pokuab (ou pokuá ou pokugûab) (etim. - conhecer a mão) (v.tr.) - estar acostumado com, ter por costume, estar prático em, ter a prática de: Aîpokugûab. - Tenho-o por costume. (VLB, I, 84); Apŷaba xe pokuá... - Os homens estão acostumados comigo. (Anch., Teatro, 22) ● emipokuaba (t) - o que alguém torna costumeiro, o que alguém pratica: moropotara semipokuabe'yma - o desejo sensual que ele não torna costumeiro (Ar., Cat., 88v)
pomoîyb (etim. - lavar as fibras) (v.tr.) - fazer lixívia para (a lavagem de roupa), lavar com lixívia (a roupa) (VLB, I, 52)
pora1 (mb-) (s.) - habitante: Oroîeruré bé nde resé t'oîeme'eng apŷabangaturama oré retama pora ri... - Pedimos também a ti que se dêem homens bons para habitantes de nossa terra. (D'Abbeville, Histoire, 342); Abápe 'ara pora oîkó nde îabé? - Que habitante do mundo há como tu? (Anch., Poemas, 116); kunhãmuku taba pora... - as moças habitantes das aldeias (Anch., Teatro, 150)
pora4 (mb) (s.) - marca (de pancada ou golpe, que fica no lugar onde se deu); sinal (de cortadura de faca, dentada, unhada, etc.); marca de ferimento, sinal de ferimento, de golpe: kysé-pora - sinal de facada; îyapá-pora - sinal de ferimento com foice; itangapẽ-mbora - marca de espada, sinal de ferimento com espada (Anch., Arte, 31v); mina pora (ou mĩ-mbora) - marca de lança, sinal de ferimento com lança (Anch., Arte, 32); tãî-mbora - marca de dentes, sinal de dentada (VLB, I, 94); itá-pora - sinal de golpe com pedra (VLB, II, 63); ahẽ pûapẽ-mbora - a unhada de fulano, a marca das unhas de fulano (VLB, II, 118) ● porûera - marca antiga, sinal de antigo ferimento ou golpe: itá-kysé-porûera - marca antiga de facada (VLB, II, 118); itá-porûera - marca antiga de pedrada (VLB, II, 63)
poraûsubara (ou poroaûsubara) (m) (s.) - 1) compadecedor, clemente, misericordioso, compassivo: Eîori xe poraûsubara... - Vem, compadecedor de mim. (Valente, Cantigas, VIII, Ar., Cat., 1618); 2) compaixão, misericórdia (VLB, II, 38); piedade (VLB, II, 76): Salve Rainha, moraûsubara sy... - Salve Rainha, mãe de misericórdia. (Ar., Cat., 14); moroaûsubara 'yba... - princípio da compaixão (Valente, Cantigas, VIII, in Ar., Cat., 1618); [adj.: poraûsubar (m)]: Nde resá-poraûsubara erobak ixé koty. - Teus olhos misericordiosos volta em minha direção. (Anch., Poemas, 146); I poraûsubá-katu Tupã sy... - É muito misericordiosa a mãe de Deus. (Anch., Poemas, 182); pitangĩ-moraûsubara - neném compadecedor (Anch., Poemas, 160)
poromombab (etim. - fazer acabar a gente) (v. intr.) - fazer matança (apenas de pessoas) (VLB, II, 33)
potirygûasu (etim. - paturi grande) (s.) - ganso, ave da família dos anatídeos, introduzida no Brasil com a colonização (VLB, I, 146)
pukuî1 (etim. - na extensão) (loc. posp.) - durante, enquanto, no decorrer de, durante o tempo de, ao longo de: Oré raûsubá îepé oré rekobé pukuî. - Tem tu compaixão de nós durante nossa vida. (Anch., Teatro, 122); ...ture'yma pukuî - enquanto ele não vem (VLB, I, 118); Nd'e'ikatuî sesé omendá mimbápe serekó pukuî... - Não pode com ela casar-se enquanto a mantiver em esconderijo. (Ar., Cat., 128v); ...xe só pukuî - enquanto eu vou (Fig., Arte, 126); ...ixé i monhanga pukuî - enquanto eu o faço (VLB, I, 118); pé pukuî - ao longo do caminho, todo o caminho (VLB, II, 130); 'ara pukuî - ao longo do dia, todo o dia (VLB, II, 130)
pyk2 (v.tr.) - 1) apertar, oprimir, entalar, pôr em aperto: Aîopyîopyk. - Fiquei-o oprimindo. (VLB, I, 68); Oîopyk muru akanga... - Aperta a cabeça do maldito. (Anch., Poemas, 180); ...Oré py'a-pyk. - Oprime-nos o coração. (Anch., Teatro, 184, 2006); 2) cobrir (o macho a sua fêmea): T'oropyk. - Hei de cobrir-te. (Anch., Doutr. Cristã, II, 98)
pykopy (m) (s.) durabilidade; resistência; (adj.) - duradouro, resistente, tenaz, demorado (dizendo-se tb. de caminho) (VLB, I, 20); (xe) render, dar bom rendimento (p.ex., a obra, a comida, o caminho, etc.) (VLB, I, 144)
reriapỹîa (ou reriapynha) (etim. - ostra de argola) (s.) - nome comum a crustáceos cirrípodos, frequentes no território brasileiro, da família dos lepadídeos e dos balanídeos, que aderem a substratos sólidos (p.ex., madeira). Aparecem debaixo do costado dos navios ou nos rochedos e também nas carapaças das tartarugas e na casca dos crustáceos decápodos. (VLB, I, 85; Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 188)
s- (pref. usado com alguns temas nominais, verbais e posposições, indicando a 3ª p.) - 1) - ele (es, a, as), dele (es, a, as), o (os, a, as): Santa Maria sera... - Santa Maria é o nome dela. (Anch., Poemas, 88); T'asepîáne... - Hei de vê-lo. (Anch., Poemas, 98); Soryb. - Ele está feliz. (Anch., Arte, 21); N'osapîari. - Não obedecerá a ela. (Ar., Cat., 95v); 2) isso, aquilo: ...Sesé nhõ Tupã i moingóû Anhangamo... - Por causa disso, somente, Deus os fez ser diabos. (Ar., Cat., 112); N'aîpotari abá seîara. - Não quero que os índios deixem isso. (Anch., Teatro, 10, 2006)
sa'iûasu (etim. - saí grande) (s.) - SANHAÇO, ASSANHAÇO, SAÍ-AÇU, nome comum a certos pássaros da família dos traupídeos. (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 193)
sama (s.) - corda; trela (p.ex., do cão), fio: Opá sama pupé i apytĩû... - Com toda uma corda amarraram-no... (Ar., Cat., 62v); I xama ri arasó. - Levo-o na sua trela. (VLB, II, 136); urapá-sama - corda de arco; inĩ-xama; upá-sama - corda de rede (VLB, I, 82); (adj.: sam) (xe) - ter corda; formar fios (p.ex., o visgo, a clara de açúcar, etc.) (VLB, I, 139)
saporema (etim. - raiz fedorenta) (s.) - SAPOREMA, doença que ataca as plantas, principalmente a mandioca, e se caracteriza por suberização anormal (Anch., Arte, 3v)
sapotaîa (etim. - raiz ardida) (s.) - SAPOTAIA, feijão-de-boi, nome comum a várias plantas da família das caparidáceas (como Capparis flexuosa (L.) L.), cujo fruto é uma vagem muitas vezes oleaginosa (Brandão, Diálogos, 197)
seté (s.) - força vital, natural, poder natural: ka'a seté - a força da mata; 'Ybá seté kó sekóû. - A força vital das frutas aqui está. (VLB, I, 141)
sûasu (ou sygûasu) (s.) - SUAÇU, nome comum a vários animais da família dos cervídeos, do grupo dos cervos e veados (D'Abbeville, Histoire, 249; Sousa, Trat. Descr., 246)
sûasumandi'yba (etim. - mandioca de veado) (s.) - variedade de mandioca silvestre, de crescimento espontâneo, arbusto arborescente muito semelhante à mandioca comum. Talvez seja a Manihot pusilla Pohl ou a Jatropha sylvestris Vell. (Piso, De Med. Bras., IV, 178)
supi2 (s.) - verdade, bem: Supi oîmombe'u... - Conta a verdade. (Bettendorff, Compêndio, 94); Supi é. - É mesmo verdade. (Anch., Teatro, 170, 2006)
supikatu2 (s.) - verdade, justiça: Supikatu i kuabypyra supé "aan nhẽ" o'îabo tenhẽ. - Dizendo não para a verdade conhecida. (Bettendorff, Compêndio, 16) ● supikatundûara - o que é verdade, o que é justo, o que é verdadeiro: ...Marana supikatundûaramo sekóreme é. - Quando a guerra for aquilo que é justo. (Ar., Cat., 103)
sybá (s.) - testa (Castilho, Nomes, 37): Marãnamope asé o sybápe îoasaba moíni? - Por que a gente põe a cruz na testa? (Ar., Cat., 21)
t-2 (pref. usado com certos temas e que marca o estado absoluto, de não determinação): Te'õ rupîara nhẽ, tekobé îara. - Adversária da morte, senhora da vida. (Anch., Poemas, 88); Tupã Tuba - Deus-Pai (Anch., Poemas, 100); ...Aroŷrõ tekó-poxy. - Detesto a vida má. (Anch., Poemas, 102)
taîaobusu (etim. - tajá folhudo grande) (s.) - TAIOBUÇU, tipo de taioba, planta da família das aráceas, semelhante à couve (Sousa, Trat. Descr., 181)
takûara1 (ou tokûara) (s.) - TAQUARA, bambu, 1) nome comum a plantas da família das gramíneas, dos gêneros Merostachys e Guadua, como Guadua tagoara (Nees) Kunth, de longos colmos (D'Abbeville, Histoire, 289; Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 278; VLB, I, 65); 2) cana: -Mba'epe oîme'eng i 'ekatuápe? -Takûara... -Que deram em sua mão direita? -Uma cana. (Araújo, Cat., 60v) ● takûá-kysé - faca de taquara (VLB, I, 133)
takûara2 (ou tokûara) (s.) - flechas indígenas de caniço resistente, com um pé de comprimento, três dedos de largura, aguçadas como um chuço, possuíndo caniços à guisa de ponta (D'Abbeville, Histoire, 289)
takûari (etim. - taquarinha) (s.) - TAQUARI, TAQUARINHA, nome de muitas plantas da família das gramíneas (entre as quais várias espécies dos gêneros Merostachys e Olyra), usadas para a fabricação de cestos (VLB, I, 65)
tamandûa'i1 (etim. - tamanduazinho) (s.) - TAMANDUAÍ, 1) espécie de TAMANDUÁ, mamífero desdentado que habita as matas, da família dos mirmecofagídeos (Cyclopes didactylus L.), com cauda preênsil, vivendo sobre as árvores, enrolando a cauda em seus galhos. Tem dois dedos na mão e quatro nos pés; 2) TAMANDUÁ-MIRIM, espécie de tamanduá arborícola (Tamandua tetradactyla L.) (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 225)
tanimbuka (s.) - cinza: Quarta-feira-tanimbu-karaíba rasápe îekuakupabusu, Quaresma 'îaba nheypyrungi. - Ao passar a quarta-feira das cinzas sagradas, começa o grande jejum chamado Quaresma. (Ar., Cat., 122)
tapy'ymirĩ (etim. - tapuia pequeno) (s. etnôn.) - nome de nação indígena. "É gente pequena, anã, baixos do corpo... A estes chamam os portugueses pigmeus." (Cardim, Trat. Terra e Gente do Brasil, 126)
tataûrana1 (etim. - falso fogo escuro) (s.) - TATURANA, TATARANA, nome comum a lagartas de insetos lepidópteros que causam sensação urticante, de queimadura, quando tocam a pele; é também conhecida como lagarta-de-fogo: Akó xe îubykarûera, tataûrana...! - Esse é meu antigo enforcador, uma taturana... (Anch., Teatro, 62)
tata'yba2 (etim. - haste de fogo) (s.) - fuzil, antiga peça de aço, feridor movediço que, nas armas de fogo, sendo percutido com força pela pederneira, fazia cintilar fogo que, caindo em uma pequena porção de pólvora, incendiava-a, produzindo a detonação e a explosão dos projéteis com que a arma estava carregada (VLB, I, 143)
taté2 (posp.) - (para) outra pessoa que não; (para) outra parte que não, (para) outra coisa que não: Aîme'eng mba'e xe ruba taté nhẽ. - Dei coisas para outra pessoa que não a meu pai. (Anch., Arte, 40v); Gûyrá taté u'uba sóû. - Para outra coisa que não o pássaro a flecha foi. (Anch., Arte, 40v); Ahẽ morapitîarûera taté nhẽ anhẽ ybŷá oîuká. - Mataram, na verdade, a outra pessoa que não aquele assassino. (VLB, II, 12) ● taté é - fora de, a não ser em; muito longe de, fora ou ao revés do que é: N'i aîarõî Îesu Cristo taté é te'õ suí i îepirapûana... - Não parece bem fazer ele a defesa da morte fora de Jesus Cristo... (Ar., Cat., 4); I taté é (ou I taté-taté é). - Fora disso. Longe disso. Ao contrário disso. Tudo menos isso. (VLB, II, 51)
tenipó (conj.) - mas antes (VLB, II, 32): ...Opá yby rupi te'õmbûera rekobé-îebyri ko'yténe. Oîkoé-koé tenipó o îosuí: i angaturamba'e reté i pokangatu kûarasy sosé oberapa... - Por toda a terra os cadáveres voltarão a viver, enfim; mas, antes, estarão diferindo uns dos outros: os corpos dos que são bons serão sutis, brilhando mais que o sol. (Ar., Cat., 160v-161)
tinga1 (s.) - 1) brancura: Akó aoba i putukapyra sosé o 'anga tinga. - Mais que a roupa batida é a brancura de sua alma. (Ar., Cat., 188, 1686); 2) coisa branca: Mba'e-tepe kûé tinga asé remiepîaka abaré hóstia rupireme...? - Mas que é aquela coisa branca que vemos quando o padre ergue a hóstia? (Bettendorff, Compêndio, 84); 3) claridade; (adj.: ting) - 1) branco [irregular: xe ting - eu (sou) branco; ting - ele é branco - O t- vale pelo pronome de 3ª p.]: Osobá-syb aó-tinga pupé. - Limpou seu rosto com um pano branco. (Ar., Cat., 62); ...ybyku'i-tinga gûyri... - sob a areia branca (Anch., Teatro, 170); ...Ûyrá-tinga our xebe. - Um pássaro branco veio a mim. (D'Abbeville, Histoire, 353); 2) claro: Xe resá-ting. - Eu tenho olhos claros. (VLB, I, 147)
tuîba'e1 (ou tunhãba'e) - (s.) 1) o que é velho, homem velho, ancião (D'Abbeville, Histoire, 318v): ...Oîoîá te'õ rekóû kunumĩgûasu suí tuîba'e suí bé... - Igualmente a morte está entre os moços e entre os velhos. (Ar., Cat., 157v); Xe pó gûyrype arekó kunumĩgûasu-angaîpaba, tunhãba'e-kakuaba. - Sob minhas mãos tenho os moços pecadores, os velhos crescidos. (Anch., Teatro, 150); 2) velhice, estado de velho: ...Tuîba'epe se'õû. - Morreu na velhice. (D'Evreux, Viagem, 133), ...O tuîba'e pupé te'õ kuapa. - Conhecendo a morte em sua velhice. (Ar., Cat., 157v); ...o tunhãba'e e'ymebé... - antes de sua velhice (Ar., Cat., 157v); (adj.) - velho, envelhecido (como pron. de 3ª p. usa-se o t): Xe robá tuîba'e. - Meu rosto é envelhecido. (VLB, I, 119); Amõ îudeu-tuîba'e i tymagûera kuabe'engi... - Um certo judeu velho mostrou o lugar em que ela fora enterrada. (Ar., Cat., 5v)
u'ipeba (etim. - farinha achatada) (s.) - farinha delicada e de melhor qualidade, preparada a partir da mandiopuba (Piso, De Med. Bras., 62)
upîara (t) (s.) - 1) adversário, inimigo: São Lourenço rupîarûera. - Os antigos inimigos de São Lourenço. (Anch., Teatro, 64); Marã e'ipe supîarûera osóbo? - Que disseram seus adversários, indo? (Ar., Cat., 64); 2) matador (VLB, II, 33); perseguidor (p.ex., o cão perdigueiro); caçador: paka rupîara - caçador de pacas (VLB, II, 73); 3) presa, prisioneiro: Ikó îu'i, xe rupîara, t'ere'u... - Estas rãs, minhas presas, que as comas. (Anch., Poemas, 158); 4) armadilha, tudo o que serve para a destruição ou para a captura de alguém ou de algo (VLB, II, 97): gûabiru rupîara - armadilha de ratos, ratoeira (VLB, II, 97) [v. tb. obaîara (t) e sumarã]
ûyraûasu (etim. - passarão) (s.) - nome comum a certas aves de rapina, de grandes garras e possuidoras de grande fúria e força (D'Abbeville, Histoire, 232)
'ybasyka-kuîmbuka (etim. - cabaço de cumbuca) (s.) - árvore que dá a CUITÉ (v. kuîeté) (VLB, I, 61)
ybyapetekypyra (etim. - parede de terra batida < yby + pyá + petek + pyr + -a) (s.) - taipa de mão ou francesa (isto é, parede que se barreia à mão) (VLB, II, 123)
ybyîa'u (s.) - IBIJAÚ, nome comum a várias aves da família dos caprimulgídeos. Têm hábitos noturnos. Seu canto era considerado um agouro. (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 195; VLB, II, 50)
ybyku'i (etim. - farinha de terra) (s.) - areia: ...Ybyku'i-tinga gûyri... - Sob a areia branca. (Anch., Teatro, 170); ybyku'i-una - areia preta (VLB, I, 41)
ybyrá2 (s.) - cerca; cerca de moirões em torno de aldeia indígena para a defesa contra os inimigos e contra os animais perigosos; estacada (Staden, Viagem, 67): ...Ybyrá itá monhangymbyra kupépe so'o mimbaba roka ogûâr gûupabamo... - Atrás de uma cerca feita de pedras tomou a casa dos animais de criação como sua pousada. (Ar., Cat., 9v); Aybyrá-monhang. - Fiz uma cerca de moirões. (VLB, I, 142) ● ybyrá-patagûy - cerca de redes; ybyrá-pokanga - cerca feita de ramas (VLB, I, 70)
ybyrababaka1 (etim. - madeira que se move para um lado e para o outro) (s.) - pedaço de pau para atirar a alguma coisa, como para derrubar alguma fruta da árvore, etc. (VLB, II, 69)
ybyrae'ẽ (etim. - madeira doce) (s.) - 1) nome de uma árvore sapotácea nativa (Pradosia lactescens (Vell.) Radlk.), também chamada guaco, cujo fruto "é produzido cada quatriênio" (Piso, De Med. Bras., I, 6); 2) IVURANHÊ, BURANHÉM, GURANHÉM, EMIRAÉM, BURAÉM ou IVURAÉM, árvore da família das sapotáceas, de boa madeira, muito usada nos séculos XVI e XVII para a construção de navios (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 101; Brandão, Diálogos, 171)
ybyrakûá (s.) - UBIRAQUÁ, nome de uma serpente. "Em mordendo a uma pessoa, logo lhe faz deitar o sangue por todos os meatos que tem." (Cardim, Trat. Terra e Gente do Brasil, 33; VLB, I, 76)
ybyraparanga (etim. - madeira que resvala) (s.) - nome que designava a máquina de moagem da cana, o engenho de açúcar (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 83)
ybyrapinima (etim. - pau pintado) (s.) - IBIRAPINIMA, IBURAPINIMA, nome de uma árvore (Bettendorff [1698], Crôn. do Maranhão, in RIH, LXXII [1909], 33). "...É o pau mais precioso que se tem descoberto em toda a América Portuguesa." (Pe. José de Moraes [1759], livro IV, p. 502)
ybyrarema (etim. - madeira fedorenta) (s.) - IBIRAREMA, nome comum às seguintes plantas fitolacáceas: 1) a Gallesia integrifolia (Spreng.) Harms, chamada também GORAREMA, GURAREMA, GUAREMA, UARAREMA, GUARAREMA ou pau-d'alho. Quando cortada sua madeira, exala fedor terrível. (Sousa, Trat. Descr., 222); 2) o cipó-d'alho, Seguiera americana L. Essas plantas "a tal ponto rivalizam com as qualidades do alho que, tocadas ainda de mui leve, recendem de acentuadíssimo cheiro bosques e casas inteiros..." (Piso, De Med. Bras., 201)
ygarusu (etim. - canoa grande) (s.) - navio, IGARUÇU: ...Ygarusu nungara... - Algo semelhante a um navio. (Ar., Cat., 41v); Onhemombe'upe abá ...ygarusupe o 'ar-y îanondé? - Confessa-se alguém antes de embarcar num navio? (Anch., Doutr. Cristã, I, 212)
yîerebasaba [etim. - a que atravessa os rios que se reviram, i.e., meândricos < 'y + îereb + asab (s) + -a] (s.) - nome de uma ave rincopídea, a talha-mar, dos grandes rios do Norte e da costa atlântica do Brasil. Costuma voar junto da água, alimentando-se de peixes. (Theat. Rer. Nat. Bras., I, 102)
yperoba (etim. - casca amarga) (s.) - PEROBA, PEROBEIRA, nome comum a várias árvores das famílias das apocináceas e das bignoniáceas, de boa madeira (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 97)
'yrypya'angaba (s.) - sonda, prumo com que os marinheiros examinavam a fundura do mar (VLB, II, 121)
'ysokaúna (etim. - lagarta do pêlo preto) (s.) - nome de uma lagarta preta "...de cor muito fina, todas cheias de pêlo tão macio como veludo e tão peçonhento que faz inchar a carne se lhe tocam, com cujo pêlo os índios fazem crescer a natura (isto é, o pênis)" (Sousa, Trat. Descr., 266)
ysyka2 (s.) - ICICA, 1) ICICARIBA, árvore da família das anacardiáceas (Protium icicariba (DC.) Marchand), de madeira mole, o mesmo que almécega-verdadeira. "Onde está, cheira muito bem por um bom espaço.... Estila um óleo branco que se coalha. Serve para emplastos... e em lugar de incenso. (Cardim, Trat. Terra e Gente do Brasil, 42); 2) a resina extraída dessa árvore (Piso, De Med. Bras., IV, 180; VLB, I, 32)
Andiroba (MG). De îandyroba, planta cuburbitácea (de îandy - óleo + rob/a - amargo + suf. -a: óleo amargo).
Aracatiara (CE). De îarakatîá - jaracatiá, nome comum a várias plantas da família das caricáceas.
Buiuçu (ig. do PA). A mesma etim. de Buiçu (v.).
Caçapava (SP). De ka'a + asab (s) + -aba: lugar de atravessar a mata.
Caetés (PE). De ka'aeté - nome de povo indígena do Nordeste, extinto. A mesma etim. de Caeté (v.).
Cambaquara (SP). De cambá, palavra guarani que passou para a língua geral meridional, designando os negros brasileiros durante a guerra do Paraguai (1865-1870) + kûara: refúgio dos negros.
Cambuci (RJ). De kamusi: camucim, pote, jarro, talha. Também era o nome de uma planta mirtácea e de seu fruto, que tem a forma de uma talha indígena. Era, também, a cova, a caverna onde eram postas as urnas que continham a ossada dos índios mortos (Brandão, Diálogos, 67) ou a própria urna funerária.
Canguaretama (RN). De kangûer + etama (t): região de esqueletos. "A história de Canguaretama registra o episódio denominado "Martírio de Cunhaú", em 1645, durante o domínio holandês, quando o judeu alemão Jacob Rabi, delegado do Conde Maurício de Nassau junto a tribo dos Janduís, ali chegou, convocando os moradores para um encontro pacífico, após a missa dominical. Nesse domingo, por ocasião da elevação da hóstia, mandou que os índios invadissem a capela, matando todos os presentes, e até os que se encontravam na casa grande do engenho foram massacrados." (fonte: IBGE)
Capanema (MT). De ka'a + panem + -a: mata imprestável, mata azarada (i.e., que não tem caça).
Capetinga (MG). De kapi'i + ting + -a: capim claro, var. de gramínea que só medra à sombra das matas.
Capeva (SP). De ka'apeba: erva achatada, nome comum a plantas trepadeiras menispermáceas.
Capoeira (GO). De ka'a + pûer + suf. -a: mata extinta.
Capoeirana (MG). De ka'a + pûer + ran + -a: - o que parece mata extinta, falsa capoeira.
Caporanga (SP). De ka'a + porang + -a: mata bonita.
Caputira (MG). De ka'a + potyr (mb) + -a: mata florida.
Caraguatatuba (SP). De caraûatá + tyba: ajuntamento de gravatás. (v. Caraguatá). Topônimo dos tempos coloniais:"Que passei a Villa de S.^m Vicente, e a de S.^m Sebastiaõ proseguindo até Craguatatuba [...]." (Franca e Horta [1803], Para o exmo. snr. Visconde de Anadia, p. 103)
Carapicuíba (SP). De karapuku - carapucu ou peziza, cogumelo da família das marasmiáceas (VLB, I, 86) + aíb - mau, ruim, desprezível, vil (VLB, I, 100; II, 80) + suf. -a: carapucu ruim (para comer), não comestível. Também pode ser composição de akará + puku + aíb + -a: carás compridos e ruins, carapicus ruins (para comer), peixes gerrídeos. Também há o arbusto carapicu, talvez nome da língua geral meridional, podendo, então, Carapicuíba significar pé de carapicu: carapicu* + 'yba.
Cariacica (ES). De ûakary, acari, peixe loricariídeo + asyk + -a: acari pitoco, acari de rabo cortado.
Caucaia (CE). De ka'a + kaî + -a: mata queimada.
Caúna (RS). De ka'a + un (r, s) + -a: mata escura.
Guariroba (SP). De ûakury + rob + -a: guacuris amargos, coqueiros-amargosos, árvores palmáceas.
Içá, Rio do (AM). De ysá, a fêmea da saúva.
Ipiaçava (ig. do PA). De 'y - rio + peasaba1 - peaçaba, peaçava, caminho que vai do sertão para a praia (VLB, II, 83): rio-peaçava, i.e., rio que serve de caminho.
Itacuaí (rio do AM). Do nheengatu itacuã - pedra amarelada com que se alisa a louça de barro feita à mão (Stradelli, 477) + y: rio do itacuã.
Jaburuna (CE). De îabyru + un (r, s) + -a: jaburus escuros.
Jacarandapiranga (RJ). De îakarandá + pyrang + -a: jacarandás vermelhos, árvores leguminosas.
Jaciara (MT). De îasy + iara, a senhora da lua. O nome foi atribuído artificialmente em 1953, tendo sido extraído da obra do escritor Humberto de Campos, Lenda da Índia Jaciara, a Senhora da Lua, no texto Vitória Régia. (fonte: IBGE)
Jacupiranga (SP). De îaku - aves cracídeas + pyrang + -a: jacus vermelhos.
Jacutinga (MG). De îaku + ting + -a: jacus brancos.
Jaguarembé (RJ). De îagûara + 'yemby: rego das onças. Nome atribuído artificialmente em 1904 por lei estadual. Era, antes, o povoado de "Valão da Onça", nome do córrego que corta a vila. (fonte: IBGE)
Jaguaribara (CE). De îagûara + 'y + yûara: moradores do rio das onças, povo indígena extinto que habitava as margens do rio Jaguaribe, próximo à costa do CE.
Jaguaruna (SC). De îagûara + un(r, s) + -a: rio preto; rio escuro.
Jaguatirica (PR). De îagûara + tyryk + -a: onça arisca.
Javari (rio do AM). A mesma etimologia de Jauari (v.).
Juqui (rio do AM). A mesma etimologia de Jequi (v.).
Marapé (ES). De maíra + (a)pé (r, s): caminho do maíra. O nome Marapé foi documentado no século XVI: "Esta terra faz no cabo uma ponta; e virando d'ella sobre a mão direita vai fugindo a terra para traz, até dar em outro esteiro que chamam Marapé, onde se começam as terras de Mem de Sá." (Sousa, Trat. Descr., XXIV)
Marituba (rio de AL). A mesma etimologia de Umarituba (v.)
Pacobaíba (RJ). De pakoba + aíb + -a: pacovas ruins (para comer).
Pacujá (CE). De paku* - pacus, var. de peixes + îá - totalidade, repleção, o que está repleto de: o que está repleto de pacus. Nome dado por lei de 1883 a distrito do município de Ibiapina (fonte: IBGE).
Paranapiacaba (SP). De paranã + epîak + -aba: lugar de ver o mar. Nome antigo da Serra do Mar na capitania de São Vicente: "Subio a escabrosissima serra de Paranapiacaba: (este nome quer dizer, sitio donde se vê o mar.") (Frei Gaspar da Madre de Deus [1767], p. 176).
Paxuíba (rio do AM). A mesma etim. de Paxiúba (v.).
Pirajuí. Nome guarani dado em 1907 à vila de São Sebastião do Pouso Alegre, atravessada pela EF Noroeste do Brasil, e que significa rio dos pirajus, dos dourados. (fonte: IBGE)
Sapopara (CE). De sapó + apar + -a: raízes tortas.
Sapopemba (SP). De sapó + pem + -a: raízes angulosas. " [...] as mesmas raízes crescendo fora da terra, e unidas ao tronco umas conchas do feitio de grandes orelhas, a que os naturaes chamam sapopemas [...]." (Pe. João Daniel [1757], p. 39)
Sapucarana (PE). De sapukaîa + ran + -a: falsas sapucaias.
Tabaúna (MG). De taûá + un + -a: barro escuro.
Tamandaré (PE). De Tamandûaré, nome de um grande pajé da mitologia dos antigos tupis. Talvez de tamanduá + é: tamanduá diferente. "As Aldeas, que então o Irmão visitava, erão tres: huma de um principal chamado Simão, [...] a outra chamava-se Tamanduaré [...]." (Ir. António Blázquez [1557], Carta [...] ao P. Inácio de Loyola, pp. 380-381).
Tapanhunacanga (MG). De tapy'yîuna (ou tapy'yînhuna) + akanga: cabeça de negro. Nome dado ao minério de ferro: "O revestimento das muralhas é de uma pedra côr de ferro a que nesse país chamam em língua Tupinambá: Tapanhu-acanga, o que quer dizer Cabeça de Negro." (Antônio Pires da Silva Pontes [1781], p. 380); "[...] suposto q.' as Minas Geraes sejão quasi todas de ferro, q.' os Naturalistas nomeão por Emathytis, eos naturaes Tapanhuacanga, q. ^e quer dizer na língua Brasileira Cabeça de preto [...]" (Pontes Leme [n.d.], Memorias sobre a Extracção do Ouro na Capitania de Minas Geraes, p. 420)
Tapera (SE). De taba + pûer + -a: aldeia extinta. Durante o período colonial, tapera passou a significar também, fazenda abandonada. É com esse sentido que tal palavra aparece mais comumente na toponímia brasileira: "Por que cuidaes que se arruinam e desfabricam, e estão feitos taperas tantos engenhos?" (Pe. Antônio Vieira [1657], 3.° Sermão da Quarta Dominga da Quaresma, p. 69)
Tapirapé (GO). De tapi'ira - anta, tapiira + (a)pé (r, s): caminho de antas, nome tupi para a Via Láctea.
Tapiratiba (SP). De taperá + tyba: ajuntamento de andorinhas. Nome atribuído artificialmente: "Em 6 de dezembro de 1906, por Lei Estadual no 1028, o Distrito Policial de Soledade passou a denominar-se Tapiratiba". (fonte: IBGE)
Taquaritinga (SP). De takûara + 'y + ting/a + -a: rio claro das taquaras.
Tatajuba (CE). De tatá + îub/a + suf. -a: fogo amarelo, nome de uma árvore da família das moráceas.
Tauapiranga (PE). De taûá + pyrang + -a: tauá, barro vermelho.
O nome Ubatuba vem do século XVI, sendo que ubá, no sentido de canoa, só aparece em textos no final do século XVII, o que faz a primeira etimologia ser mais plausível.
CLASTRES, Hélène, A Terra sem Mal - O profetismo Tupi-Guarani. Editora Brasiliense, São Paulo, 1978.
_____Luís Figueira - A sua Vida Heróica e sua Obra Literária. Lisboa, Divisão de Publicações e Biblioteca, Agência Geral das Colônias, 1940.
quê? (= que coisa?): mba'epe? marãpe? (referindo-se a mais de um): mba'e-mba'epe? marã-marãpe ● que mais?: mba'epe amõ? de quê?: mba'e suípe?; com quê?: mba'e pupépe?; por quê?: mba'e resépe? (com sentido futuro): mba'erama resépe? mba'erama ripe?
a'ang3 (s) (v.tr.) - fazer traçado, fazer a planta de (p.ex., uma edificação) (VLB, II, 134)
'abo'o (v.tr.) - pelar a cabeça de, arrancar os cabelos de: Aî'abo'o. - Eu lhe pélo a cabeça. (VLB, I, 94; II, 70) ● 'abo'o-bo'o - escabelar, desfazer o penteado de, desgrenhar o cabelo de, etc. (VLB, I, 122): Aî'abo'o-bo'o. - Escabelei-o. (VLB, I, 122)
aîereba2 (s.) - lisura; cerceamento; (adj.: aîereb) - 1) liso, sem pontas ou protuberâncias (fal. de mastro ou árvore que não tem folhas, nem ramos, do outeiro limpo de árvores ou pedras; da árvore direita e lisa, sem marca de nó) (VLB, II, 96); raso (sem que reste sinal do membro cortado) (VLB, II, 97); 2) Pode-se usar em metáfora, falando-se de alguém de família numerosa que se ache livre do ônus dela, como que sem obrigação para com a mulher e os filhos; desimpedido: Xe aîereb (ou Xe aîerebĩ). - Eu estou desimpedido. (VLB, II, 23)
aír (s) (v.tr.) - fazer incisão em, riscar: Eresaírype nde ra'yra îasy semypyreme? - Fizeste incisões em teu filho quando a lua começou a sair? (Ar., Cat., 99); Opá nde reté raíri itatiãîa pupé. - Riscaram todo o teu corpo com ferro pontiagudo. (Anch., Teatro, 120) ● aisaba (t) - tempo, lugar, modo, etc. de riscar; risco, risca, incisão (VLB, II, 106)
aîyka (t) (s.) - veia, nervo (Castilho, Nomes, 38); [adj.: aîyk (r, s)] - fibroso, (xe) ter fibras ou nervos (p.ex., a carne ou a vara que, por mais que a dobrem, não quebra): Xe raîy-raîyk. - Eu sou fibroso. (VLB, II, 49)
akangaobusu (etim. - grande roupa de cabeça) (s.) - véu, espécie de touca com bico ou sem ele que cobria a cabeça das mulheres e parte de sua testa, principalmente das viúvas (VLB, I, 66)
(a)pé1 (r, s) (s.) - caminho (em relação a quem passa por ele): Pé ku'ape, kunumĩ pu'ama'ubi xe ri... - No meio do caminho, meninos assaltaram-me. (Anch., Poemas, 150); T'îasó sapépe... - Vamos ao seu caminho. (Ar., Cat., 53v); Asó xe ruba rapépe. - Vou ao caminho de meu pai. (VLB, II, 111); sapé - o caminho dele (Fig., Arte, 78); Asapé-monhang amana. - Faço caminho para a água da chuva. (Fig., Arte, 88) ● 'y rapé - rego d'água (VLB, I, 65); pé-îoasapaba (ou pé-îoasasaba) - encruzilhada do caminho (VLB, I, 115); pé-mirĩ - carreirão, caminho pequeno para quem vai a pé (VLB, I, 68); pé kugûapaba - baliza do caminho (VLB, I, 51); pé pukuî - ao longo do caminho; todo o caminho (VLB, II, 130)
apekũ1 (s.) - língua (parte da boca) (Castilho, Nomes, 28); Tatá-endy-etá, asé apekũ abŷare'yma anhõ osepîak. - Viram somente muitas chamas, parecidas com nossas línguas. (Ar., Cat., 45); Xe apekũ-mombyk ikó 'ybá. - Trava-me a língua esta fruta. (VLB, II, 136) ● apekũ apyra - a ponta da língua (Castilho, Nomes, 28)
apekysym (s) (etim. - atalhar o caminho) (v.tr.) - tomar dianteira a: Asapekysym. - Tomei-lhe a dianteira. (VLB, I, 103)
apirõ (s) (v.tr.) - fazer SAPIRÃO, prantear (Fig., Arte, 112), chorar por, lamentar (o morto, o hóspede que chega, no ritual conhecido como saudação lacrimosa): Osó kunhã semimbo'e-etá sapirõmo. - Iam mulheres, suas discípulas, pranteando-o. (Ar., Cat., 61v); Ixé-te, Tupã, xe ruba, aîmongetá memẽ nhẽ, xe katurama momboîa, xe angaîpaba rapirõmo... - Mas eu a Deus, meu pai, rezava sempre, propondo ser bom, pranteando meus pecados. (Anch., Teatro, 168) ● apirõaba (t) - tempo, lugar, modo, etc. de prantear; o pranto, o prantear, SAPIRÃO: ...Peîori... sapirõagûama resé pe pupé seîkéreme... - Vinde para pranteá-lo ao entrar ele em vós. (Ar., Cat., 85v); sapirõmbyra - o que é (ou deve ser) pranteado: Aûîé sapirõmbyre'yma o moetee'yma oîmoasy... - Enfim, o que não é pranteado ressente-se de não o honrarem. (Ar., Cat., 85v)
apó3 (v.tr.) - 1) fazer (coisas, comida, bebida, etc.): Aîapó minga'u. - Faço mingau. (VLB, II, 64); Mosangape ereîapó...? - Fizeste poções? (Anch., Poesias, 259); 2) transformar (com -ramo): Emonãnamope Tupã îandé rubypy arukanga nhẽ apóû semirekóramo? - Por isso Deus transformou a costela de nosso pai primeiro em sua esposa? (Anch., Doutr. Cristã, I, 228); 3) arranjar, arrumar, amanhar, concertar, ordenar (p.ex., as trouxas) (VLB, I, 33)
apopûera (s.) - rebotalho, refugo, o que sobra depois que se escolheu a melhor parte (VLB, II, 98)
'ar3 (v. intr.) - acontecer, ocorrer, suceder: O'ar 'yaíba ixébo. - Sucedeu-me uma tormenta. (VLB, II, 132); Na xe resé ruã i îukasaba 'arine... - Não por minha causa sua morte ocorrerá. (Ar., Cat., 61); Anhẽ te'õ xe resé i 'ara aîpotar. - Verdadeiramente quero que a morte suceda em mim. (D'Abbeville, Histoire, 351v) ● 'araba - tempo, lugar, modo, etc. de suceder; o suceder; a ocorrência: ...O îoesé te'õ 'aragûama andupa... - Percebendo que a morte sucederia a si. (Ar., Cat., 84)
araryba (etim. - planta da arara) (s.) - ARARIBA, ARARIBÁ, IRIRIBÁ, árvore da família das leguminosas [Centrolobium robustum (Vell.) Mart. ex Benth.], das florestas equatoriais e tropicais, também conhecida como putumuju (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 106). "... Dá outra tinta excelente em ser vermelha, muito mais fina e subida na cor que a do pau-do-brasil e dela se aproveitam as mulheres para o rosto." (Brandão, Diálogos, 208)
asapy (t) (s.) - detalhe, minúcia: Îandé îá, Tupã opakatu mba'e rasapy-epîaki. - Assim como a nós, Deus vê as minúcias de todas as coisas. (Anch., Doutr. Cristã, II, 77); ...Nd'oîkóî mba'e amõ semiasapy-papare'yma re'a... - Não há coisa alguma de que ele não conte os detalhes. (Anch., Doutr. Cristã, II, 78)
asé (pron.) - 1) a gente; nós (universal: eu, tu e ele; nós, vós e eles): O mba'e, nipó, asé o py'a pupé saûsubi. - Suas próprias coisas, na verdade, a gente ama em seu coração. (Anch., Teatro, 28); Ataramo é asé rekóû ikó yby pupé. - Como peregrinos é que a gente mora nesta terra. (Ar., Cat., 26); 2) se (índice de indeterminação do sujeito): ...Emonãnamo é "xe sy" asé 'éû i xupé. - Por isso é que se diz para ela: - "minha mãe". (Ar., Cat., 33v); 3) da gente, nosso: Moraûsuberekosápe, asé 'anga ereîosub. - Por teres misericórdia, nossa alma visitas. (Anch., Poemas, 102); Abápe asé sumarã? - Quem é o inimigo da gente? (Ar., Cat., 21v)
asyka (s.) - 1) pedaço (de um membro decepado), coto; cepo, toco: Aîasy-'ab. - Cortei um pedaço dela. (VLB, I, 83); îybá-asyka - toco de braço (VLB, I, 84); 2) a pessoa que perdeu um membro, aleijado: nambi-asyka - o aleijado de orelhas (VLB, I, 134); (adj.: asyk) - 1) de membro cortado; maneta, pitoco: Ené, rõ, kururu-asyka! - Eia, pois, sapo maneta! (Anch., Teatro, 42); Îabebyrasyka - arraia pitoca (Léry, Histoire, 349); 2) cortado: aobasyka - roupa cortada; gibão; jaqueta (VLB, I, 148); Xe rûaîasyk. - Eu tenho o rabo cortado. (VLB, I, 95)
asykûera2 (s.) - 1) irmão(s) ou irmã(s); 2) a irmandade, o conjunto dos irmãos: O asykûera resé nd'e'ikatuî abá omendá. - Com seus irmãos não pode ninguém se casar. (Ar., Cat., 113v)
atõî (v.tr.) - tocar: Anhatõî. - Toquei-o. (VLB, II, 129); Oîposanong, i nambi atõîa nhõte... - Curou-o, somente tocando sua orelha. (Ar., Cat., 55); ...'Useîeté, na 'y atõî' îanondé ruã... - Sede verdadeira, não a de antes de tocar a água. (Ar., Cat., 164); Pe atõîa n'oîpotari. - Não querem que vos toquem. (Anch., Teatro, 54) ● i atõîmbyra - o que é (ou deve ser) tocado: Na tubi; onhemonhang é o sy i atõîmbyre'yma rygépe. - Não teve pai; gerou-se, na verdade, no ventre de sua mãe não tocada. (Ar., Cat., 23)
a'ysy (t, t) (s.) - mãe dos filhos, a esposa com quem se têm filhos, a esposa verdadeira: xe ra'ysy - a mãe de meus filhos (Anch., Cartas, 459)
ekó6 (t) (s.) - vida: Tekó-katu arekó. - Tenho vida boa. (VLB, II, 145); ...xe 'anga rekó-puku. - vida longa de minha alma (Valente, Cantigas, VIII, in Ar., Cat., 1618); Asekó-monhang Pedro. - Faço Pedro ter vida (isto é, dou ordem de vida a Pedro). (Fig., Arte, 88)
ekomonhangaba (t) (s.) - 1) mandamento: Mobype a'e asé rekomonhangaba? - Quantos são os mandamentos dele à gente? (Ar., Cat., 65v); 2) lei, regimento (VLB, II, 19); ordenação, estatuto (VLB, II, 58); 3) rito; sentença (VLB, II, 116) ● ekomonhangábo - segundo o mandamento, segundo a lei, segundo o rito: ...Îudeos ekomonhangábo, i 'apira mondoki. - Segundo o rito dos judeus, seu prepúcio cortaram. (Ar., Cat., 3)
ekopoxŷaba (t) (s.) - pecado, maldade: Ereîmombe'upe abá rekopoxŷagûera...? - Contaste a maldade de alguém? (Ar., Cat., 108)
(e)mbetara [ou (e)metara] (r, s) (s.) - TEMBETÁ, TAMETARA, METARA, osso ou pedra que se punham atravessados no beiço; pedra de beiço: xe remetara - minha pedra de beiço (Fig., Arte, 78); semetara - a pedra de beiço dele (Fig., Arte, 78); metarapûá - pedra de beiço pontuda (VLB, II, 69); metara kanga - osso de tembetá (VLB, I, 147); metaroby - tembetá verde ou azul (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 271) (Pode também ser pluriforme regular, com forma absol. em t-): tembetara (Anch., Arte, 13v)
embyra1 (s.) - IMBIRA, ENVIRA, nome comum a arbustos ou árvores brasileiras da família das timeleáceas, anonáceas, esterculiáceas ou malváceas que se caracterizam por produzir boa fibra na entrecasca, a qual é usada na fabricação de cordas, etc. Ocorrem nas matas úmidas. (Piso, De Med. Bras., IV, 185)
emirekó (t) (etim. - a que alguém faz estar consigo) (s.) - esposa (com a qual um homem se une com ânimo marital ou não): A'epe o mena koîpó o emirekó mũetéramo sekó mombe'ue'yma, marã? - E não confessando ser parente, de fato, de seu marido ou de sua esposa, que acontece? (Ar., Cat., 71v); Nde ererupe nde remirekó? - Tu trouxeste tua esposa? (Léry, Histoire, 352); Ogûemirekó resé, i mena nd'o'u-poûsubi... - Por causa de sua esposa, o marido dela não temeu comê-lo. (Anch., Poemas, 178); xe remirekorama - minha futura esposa (Thevet, Cosm. Univ., II, 932) ● emirekó-eté (t) - 1) esposa legítima, com a qual alguém se casou na igreja; 2) a "mulher mais estimada ou mais querida, a qual, muitas vezes, é a última que se tomou... " (Anch., Cartas, 459)
(e)panakũ1 (r, s) (s.) - PANACU, PANACUM, variedade de cesto oblongo (Anch., Arte, 13v); cesto comprido onde as mulheres comumente levavam suas coisas; canastra para se conduzirem objetos em viagem: xe repanakũ - meu cesto; sepanakũ - seu cesto (Fig., Arte, 78); ysypó-panakũ - panacu de cipó (Thevet, Cosm. Univ., II, 941v) ● panakũ-popesama - a corda do panacu com que se ata o que vai nele e também a corda que vai pelas bordas dele; panakũ-sama - corda de panacu, a que vai pela cabeça daquele que o leva (VLB, I, 82)
(ep)uru (r, s) (s.) - vasilha, cuia (com relação a quem a traz ou a tem): xe repuru; sepuru - minha vasilha (a que eu trago ou tenho); a vasilha dele (a que ele traz ou tem). (Fig., Arte, 79; Anch., Arte, 13v)
epy (t) (s.) - 1) pagamento; recompensa, retribuição; troca, troco: Aîme'eng sepyramo. - Dou-o em recompensa. (VLB, II, 98); Ikó îu'i... t'ere'u sepy resé. - Estas rãs, que as comas em retribuição por isso. (Anch., Poemas, 158); Oîme'eng-îeby sepypûera morubixabetá... supé... - Devolveu seu pagamento aos príncipes. (Ar., Cat., 57v); T'otupã-mongetá xe resé ixé o aûsuba, ixé o moeté... repyramo... - Que rezem por mim a Deus como retribuição de eu os amar, de eu os honrar. (Ar., Cat., 12v); Itaîuba repyramo aîme'eng. - Dei-o a troco de dinheiro. (VLB, I, 90); Irũmbûera, akûeîmebé, kaûĩ repyrama ri aîme'eng abá supé. - Seus antigos companheiros, então, em troca de cauim dei aos índios. (Anch., Teatro, 46); 2) preço: Mba'epe sepyrama? - Qual é o preço delas? (Léry, Histoire, 344); 3) pena, reparação (de crime ou falta cometidos), revide: Abá-mondá morapitîagûera repyramo mundeokype i mondebypyrûera. - Um homem ladrão que foi posto na prisão como pena de assassinatos. (Ar., Cat., 59v); ...Sepyramo é anhẽ te'õ rekóû i pupé... - A morte estava dentro deles como sua pena. (Ar., Cat., 85); 4) dívida: -Mba'epe Purgatório? -Tatá asé angaîpaba repy mondykaba. -Que é o Purgatório? -O fogo em que se elimina a dívida de nossos pecados. (Ar., Cat., 48v); 5) remissão: Sepyrama xe pûaîtaba. - Sua remissão foi minha determinação. (Anch., Teatro, 170); [adj.: epy (r, s)] (xe) - ter preço, ter retribuição, ter recompensa, ter reparação: ...Ta sepy nde mondagûera. - Que tenha reparação o teu roubo. (Anch., Teatro, 46); ...T'okaî nde ratá pupé, ta sepy muru angaîpaba. - Que queimem em teu fogo, para que os pecados dos malditos tenham retribuição. (Anch., Teatro, 60); Na xe repy-etéî. - Eu não tenho muito preço; Na xe repy-marangatuî. - Eu não sou caro; Xe repy-mokonhõ'ĩ. - Eu tenho um preço baixinho. (VLB, I, 51) ● sepyba'e - o que tem preço: Nde 'anga sepy-etéba'e... - Tua alma é o que tem muito preço. (Anch., Doutr. Cristã, II, 112); mba'e repyrama - resgate futuro; despesa, tudo o que se leva para comprar ou resgatar (VLB, I, 100)
erekó1 (v.tr.) - 1) fazer estar consigo, ter: ...Toryba rerekóbo... - Tendo alegria. (Anch., Teatro, 54); ...Saûsuba rerekóbo... - Tendo-lhe amor. (Anch., Poemas, 86); Pitangĩ abé îandé rubypy angaîpaba nhõ ogûerekó. - As criancinhas também têm somente o pecado de nosso pai primeiro... (Anch., Doutr. Cristã, I, 201); Orogûerekó xe ra'yramo. - Tenho-te como meu filho. (Anch., Arte, 41v); 2) cuidar de, pastorear (o gado): Erekó-katu nde ma'easy ko'y. - Cuida bem da tua doença agora. (D'Abbeville, Histoire, 350); 3) tratar, portar-se com: O tupãnamo ta xe rerekó... - Que me tratem como a seu próprio deus. (Ar., Cat., 160); Marãpe i boîá rekóû emonã o îara rerekó repîaka? - Como seus discípulos procederam vendo tratar assim a seu senhor? (Ar., Cat., 54v); I angaîpá kó nde boîá, na xe rerekó-katuî. - São maus estes teus servos, não me tratam bem. (Anch., Poemas, 154); Ererekó-memûãpe nde sabeypora? - Portaste-te mal com tua embriaguez? (Anch., Doutr. Cristã, II, 103); 4) manter, conservar: Sepîakypyra niã aîpoba'e re'ombûera o marane'yma rerekó mosapyr koîpó oîoirundyk seîxu ybŷá o tym'iré... - São vistos os cadáveres daqueles manterem sua incorruptibilidade três ou quatro anos após os enterrarem. (Ar., Cat., 179v); ...Okaî oúpa... o ekobé rerekóbo... - Estão queimando, conservando suas vidas. (Ar., Cat., 248); 5) guardar, reter...: A'e aé ipó xe rerekó... - Ele mesmo certamente me guarda. (Ar., Cat., 25v); 6) fazer com: I aogûerape marã serekóû? - E suas velhas roupas, que fizeram com elas? (Ar., Cat., 62); Marãpe serekóû i tym-y îanondé? - Que fizeram com ele antes de o enterrarem? (Ar., Cat., 64v) ● erekoara (ou erekosara) (t) - o que tem; o que cuida, o que trata, etc.: Tekokatu-eté rerekoara onherane'ymba'e... - O que tem a bem-aventurança é o que é manso. (Ar., Cat., 18v); São Sebastião abé, marana rerekoarûera, tamũîa, kyre'ymbagûera, omombab erimba'e... - São Sebastião também, o que cuidava das guerras, destruiu os tamoios, os valentes. (Anch., Teatro, 52); emierekó (t) - o que alguém tem, o que alguém faz estar consigo, o que alguém guarda, etc.: Xe rureme, asobaîtĩ xe remierekopûera. - Ao vir eu, encontrei o que guardara. (Léry, Histoire, 375); Oîekûabokyba'eramape tekopuku ybakype semierekorama? - A vida eterna que eles terão no céu é a que mudará? (Ar., Cat., 47); erekoaba (t) - tempo, lugar, modo, etc. de ter, de fazer estar consigo, de cuidar, de tratar, de guardar, etc.; a posse, o ter, o trato, a guarda: Eîkuab abaré nde mongaraipápe nde rerekoagûera... - Conhece o modo pelo qual o padre te tratou ao te batizar. (Ar., Cat., 187); serekopyra - o que é tido, guardado, mantido, tratado, etc.: Emonã serekopyra rakó abá obasẽ-porang... - Assim tratada, certamente, uma pessoa chega bem. (Ar., Cat., 85v); -Na peamotare'ymipe oré rubixaba? -Erimã. Serekó-katupyre'ymetémo. -Não detestais nosso chefe? -Absolutamente. Ele não seria muito bem tratado (se o detestássemos). (Léry, Histoire, 353); Mba'epe aûîeramanhẽ serekopyrama ikó 'ara pupé? - Que é o que será mantido para sempre neste mundo? (Ar., Cat., 165)
erekoaíb (ou erekoaí) (v.tr.) - maltratar; injuriar com palavras (VLB, II, 12): ...o apixara rerekoaíba... - maltratar a seu próximo (Ar., Cat., 12); I amotare'ymetébo, perekoaí-aí. - Detestando-os muito, tratai-los muito mal. (Anch., Teatro, 40)
ero'ar1 (v.tr.) - 1) fazer cair consigo; cair com: Turusukatu. Nd'e'i te'e sero'a-ro'a... - Era muito grande. Por isso mesmo ficava caindo com ela. (Ar., Cat., 61v); Anga îá, angaîpabora aîuká, xe ratápe sero'ane... - Como a esses, matarei os que costumam pecar, fazendo-os cair comigo em meu fogo. (Anch., Teatro, 92); O ati'yba ri, krusá osupi. Membeka suí, Îesu sero'ari. - No seu próprio ombro, levanta a cruz. Por fraqueza, Jesus fá-la cair consigo. (Anch., Poemas, 122); 2) saltear com enganos (VLB, II, 112)
ero'ar2 (v.tr.) - 1) fazer embarcar consigo, embarcar com (VLB, I, 110): ...A'e ygarusu pupé sero'arukáno. - Dentro daquele navio fazendo-os embarcar consigo também. (Ar., Cat., 41v); 2) lançar (à água navio ou canoa): Aro'ar ygara. - Lanço (à água) a canoa. (VLB, II, 48)
erobak (v.tr.) - 1) fazer virar consigo, virar com, voltar: Erobak oré koty nde resá-poraûsubara... - Volta em nossa direção teus olhos compadecedores. (Anch., Poemas, 168); ...Nde koty xe rerobaka. - Em tua direção fazendo-me voltar. (Anch., Poemas, 92); 2) converter: E'i tenhẽ abaré Tupã resé serobaka potara'upa. - Em vão o padre quer convertê-la a Deus. (Anch., Teatro, 148); 3) fazer mudar de direção: ...Kûeîbo nhẽ xe rerobaka. - Fazendo-me mudar de direção por aí. (Anch., Teatro, 162); 4) virar ao contrário, de ponta-cabeça (p.ex., o tonel, a arca, o barco, etc.): Arobak. - Virei-o ao contrário. (VLB, II, 146)
erobîar (ou erobîá) (v.tr.) - crer (Fig., Arte, 108); acreditar em, confiar: Pitangĩ-porangeté, orogûerobîá-katu. - Criancinha muito bela, creio muito em ti. (Anch., Poemas, 128); E'i tenhẽ nde rerobîá... - Em vão crêem em ti. (Anch., Teatro, 40); ...I pyrybé perobîá... - Acreditai um pouco mais nele. (Anch., Teatro, 56); Nd'arobîari Makaxera... - Não confio em Macaxeras... (Anch., Teatro, 62); T'oroîtyk oré poxy, paîé rerobîare'yma... - Que lancemos fora nossa maldade, não acreditando nos pajés. (Anch., Teatro, 118) ● ogûerobîaryba'e - o que crê, o que acredita: E'ikatupe ybakype osóbo oîepé Tupã... ogûerobîare'ymba'e...? - Pode ir para o céu o que não crê em um só Deus? (Bettendorff, Compêndio, 102); erobîasara (t) - o que crê, o que acredita: ...Serobîasare'yma potyrõû iî ybõîybõmo... - Os que não acreditavam nele trabalharam em conjunto, ficando a flechá-lo... (Ar., Cat., 3v); serobîarypyra - o que é acreditado, aquele em quem se deve acreditar (Fig., Arte, 108): Ixé serobîarypyra,... Gûaîxará seryba'e. - Eu sou aquele em quem se deve acreditar, o que tem nome Guaixará. (Anch., Teatro, 6); emierobîara (t) - aquilo em que alguém crê, a crença: Catorze asé remierobîarama... - Catorze são aquelas coisas em que creremos. (Ar., Cat., 15v); erobîasaba (ou erobîaraba) (t) - tempo, lugar, modo, etc. de crer, de acreditar; a crença: Ereîmorype abá paîé rerobîaragûama resé? - Toleraste as pessoas em sua crença no pajé? (Ar., Cat., 98v)
eroîyb (v.tr.) - 1) fazer descer consigo, descer com, amainar (p.ex., as velas da embarcação): Osó bé amõ maranaritekoara a'e mokõî mondá retymã mopena... seroîypa. - Foram de novo alguns soldados para quebrar as pernas daqueles dois ladrões, fazendo-os descer consigo. (Ar., Cat., 64); Aroîyb aoba. - Amainei a vela. (VLB, I, 33); 2) descarregar (fazendo baixar, como, p.ex., a carga que vai no lombo do burro): Eroîyb ahẽ supé. - Descarrega-a a ele. (VLB, I, 97). V. tb. erogûeîyb.
erokûab (v.tr.) - 1) passar com, fazer passar consigo; levar (de passagem): Oroîoerokûab. - Fizemo-nos passar uns aos outros, passamos uns com os outros. (VLB, II, 67); 2) levar diante; servir (p.ex., a comida): Asemi'u-erokûab. - Servi a comida dele. (VLB, I, 81); 3) apresentar: Arokûab. - Apresentei-o. (VLB, I, 39)
eropor (v.tr.) - 1) saltar com (p.ex., com a carga que traz às costas), fazer saltar consigo: Aropor. - Salto com ela. (VLB, II, 112); 2) lançar fora de si: Oroîu nde momoranga, ore aíba reropó. - Viemos para te festejar, lançando fora nossa maldade. (Anch., Poesias, 582-583)
erub (v.tr.) - 1) fazer estar (deitado) consigo, estar (deitado) com: Nã temõ ixé serubi mã! - Quem me dera eu o fizesse estar deitado comigo assim! (Ar., Cat., 235); Eîori, xe îara sy, xe 'anga pupé serupa! - Vem, mãe de meu senhor, para fazê-lo estar contigo dentro de minh'alma. (Anch., Poemas, 102); 2) ter, conter, levar consigo: ...I porang kó tupãoka, îegûakabetá rerupa! - É bonita esta igreja, contendo muitos enfeites! (Anch., Poemas, 112); Tupana rerupa, i por nde rygé. - Contendo a Deus, está cheio teu ventre. (Anch., Poemas, 116); Peîori, pebaka Tupã koty, pe py'a pupé serupa. - Vinde, para vos voltar para Deus, levando-o convosco em vossos corações. (Anch., Teatro, 56)
esapykanga (t) (s.) - ribanceira (É propriamente quando o mar cava a praia de maneira que fica dificultosa a subida para o lado do mato, seja grande ou pequeno o desnível produzido.): yby-esapykanga - ribanceira da terra (VLB, I, 52)
e'ym1 (s) (v.tr.) - dar a beber a, servir bebida a, servir cauim a: Ose'ymype gûá? - Deram-lhe de beber? (Anch., Diál. da Fé, 191); Apore'ym. - Dou de beber às pessoas. (VLB, I, 122) ● e'ymbara (t) - o que dá a beber (cauim) a: Onheŷnhang umã sesé kunumĩetá kagûara, ...kunhãmuku i more'ymbara. - Já se juntaram por causa disso muitos moços bebedores de cauim e as moças que dão de beber às pessoas. (Anch., Teatro, 24)
gûaîamirĩ (etim. - guajá pequeno) (s.) - GUAJÁ-MIRIM, pequeno caranguejo pertencente, provavelmente, à família dos xantídeos (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 183)
gûyrok (v.tr.) - roçar; limpar por baixo (a mata): Aka'agûyrok. - Roço a mata. (VLB, II, 107)
îab (v. intr.) - abrir-se (naturalmente, como a flor, a manhã, o ovo, a ostra, etc.): Oîab mbotyra. - Abre-se a flor. (Fig., Arte, 145)
îanondé 1) (posp.) - antes de (expressando tempo anterior a algo que se realizará depois, necessariamente): Xe îebyr-y îanondé. - Antes de minha volta. (Fig., Arte, 158); ...Oporaseî pysaré, oîemopaîeangaípa, tatápe o só îanondé. - Dançaram a noite toda, fazendo feitiçarias, antes de irem para o inferno. (Anch., Teatro, 14); Abá rokype erekûá, tá, nhemim-y îanondé? - Na casa de quem passaste, tomando-as [isto é, as coisas roubadas], antes de te esconderes? (Anch., Teatro, 44); Marã e'ipe asé o ké îanondé...? - Como diz a gente antes de dormir? (Ar., Cat., 24v); Xe angaturam ybakype xe só îanondé. - Eu fui bom antes de ir para o céu. (Anch., Arte, 45); 2) (adv.) antes (comparação): ...Ybakype i pyri o só îanondé Anhanga ratápe o só suí. - Antes sua ida para junto dele no céu que sua ida para o inferno. (Ar., Cat., 110)
îe'aîtyk (v. intr.) - acenar com a cabeça, chamando ou assentindo: ...Ereîe'aîtykype kunhã amõ supé? - Acenaste com a cabeça para alguma mulher? (Anch., Doutr. Cristã, II, 91)
îeîukaaíb (ou îeîukaíb) (v. intr. compl. posp.) - insistir, ficar insistente, esforçar-se; (fig.) matar-se [por alguém ou por algo: compl. com esé (r, s)]: Oîeîukaaíb-eté serã serasoaretá a'ereme, oposẽ-posema? - Acaso insistiram muito, então, os que o levaram, ficando a gritar? (Ar., Cat., 58v); Aîeîukaíb (abá) resé. - Matei-me pelas pessoas. (VLB, II, 33, adapt.)
îemo'esaba (s.) - ensinamento; (adj.: îemo'esab) - ensinado, sábio, douto: Oroîeruré bé nde resé toîeme'eng apŷabangaturama oré retama pora ri, pa'i-îemo'esaba bé Tupã resé i'ekatuba'e... - Pedimos também a ti que se dêem homens bons para habitantes de nossa terra e padres doutos que saibam acerca de Deus. (D'Abbeville, Histoire, 342) (v. mbo'e)
îemomembyrakyrar (v. intr.) - abortar ● oîemomembyrakyraryba'e - a que aborta: -Abá abépe oîaby?... -Oîemomembyrakyraryba'e abé. -Quem mais o transgride? -Também a que aborta. (Ar., Cat., 70)
îepoerur (etim. - trazerem-se as mãos) (v. intr.) - acenar com a mão (principalmente chamando) (VLB, I, 19)
îerobîara1 (s.) - confiança: Ereroŷrõ-mbápe o îoesé i îerobîara...? - Detestas completamente a confiança dele em si mesmo? (Ar., Cat., 1686, 184)
îerobur (v. intr.) - avivar-se, renovar-se (p.ex., a chaga, a inimizade, o ruído, etc.) (VLB, II, 101)
îese'ar (ou îese'a) (v. intr. compl. posp.) - 1) unir-se, juntar-se [a algo ou a alguém: compl. com esé (r, s) ou ri]: T'oîese'ar-y berame'ĩ oîepekaturamo... - Que pareçam juntar-se como um só. (Ar., Cat., 95v); ...Îandé ri oîese'a. - Uniu-se a nós. (Anch., Poemas, 160); 2) misturar-se (coisas da mesma espécie): Oroîese'ar. - Nós nos misturamos. (VLB, II, 36) ● îese'araba - tempo, lugar, modo, etc. de unir-se, de juntar-se; união junção: ...îandé ro'o resé îese'aragûera... - a união à nossa carne (Ar., Cat., 132v)
ingá (s.) - 1) INGÁ, ANGÁ nome comum a árvores muito grandes da família das leguminosas, do gênero Inga, que aparecem em todo o Brasil, tendo frutos com sementes brancas e doces, envolvidas numa massa carnosa, geralmente comestível; 2) o fruto dessa árvore (D'Abbeville, Histoire, 226; Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 112)
îoba'ok (v. intr.) - alargar-se (como a ferida, a chaga, a roda com água, etc.) (VLB, I, 29)
îoba'u (v. intr.) - alargar-se (como a ferida, a chaga, a roda com água, etc.) (VLB, I, 29)
îupika'i (s.) - JUPICAÍ, JUPIEDI, erva-de-impigem, nome comum a plantas xiridáceas (Xyris laxifolia Mart. e Xyris jupicai Rich.), conhecidas também como botão-de-ouro, usadas medicinalmente contra afecções cutâneas (Piso, De Med. Bras., IV, 202)
îuruba (s.) - JURUVA, JERUVA, JIRIBA, nome comum a certas aves momotídeas, espécie de papagaio do tamanho do canindé (D'Abbeville, Histoire, 234v; Brandão, Diálogos, 229)
îurupara2 (s.) - flecha que tem a ponta de cana chamada takûara (v.) (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 278)
îyka (s.) - dureza, resistência, consistência; (adj.: îyk) - duro (p.ex., a carne crua), resistente (p.ex., corda, linha), fibroso, estopento (p.ex., vara ou madeira de má qualidade) (VLB, I, 143), consistente, grosso (p.ex., a massa, o mingau): apytaîyka - mingau grosso, massa (que se punha sobre queijo, manjar branco, etc.) (VLB, II, 146)
kanga1 (s.) - secura; (adj.: kang) - seco, enxuto, que perdeu toda a água (VLB, I, 120)
kaopyá (etim. - planta de parede) (s.) - nome comum a plantas gutiferáceas do gênero Vismia, principalmente a Vismia guianensis (Aubl.) Pers., também chamada lacre, pau-de-lacre e árvore-da-febre (Piso, De Med. Bras., IV, 181)
kiri (ou kiryba) (s.) - QUIRI, QUIRIM, planta da família das borragináceas (Cordia goeldiana Huber), "que corta pelo ferro por ser mais duro que ele, cujo branco de fora pode suprir a falta de marfim em qualquer obra". É também conhecida como frei-jorge. (Brandão, Diálogos, 171)
kopa'yba (s.) - 1) COPAÍBA, COPAIBEIRA, pau-de-óleo, bálsamo, árvore frondosa de madeira avermelhada da família das leguminosas (Copaifera llangsdorffii Desf.). Produz um óleo amarelado de propriedades medicinais, bem viscoso. (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 130). "...Para feridas é muito estimado e tira todo sinal. Também serve para as candeias, e arde bem." (Cardim, Trat. Terra e Gente do Brasil, 41); 2) Designa também a madeira e o óleo ou resina obtidas da seiva de várias das árvores desse gênero, especialmente da copaíba-verdadeira e da copaíba-vermelha. (Piso, De Med. Bras. IV, 178; Sousa, Trat. Descr., 202)
kûara1 (s.) - 1) buraco; furna; furo (inclusive do hímen, por relação sexual): yby kûara - buraco do chão (VLB, I, 60); yby-kûarusu - buraco grande, furna na terra; itá-kûarusu - furna em penedos ou rochas (VLB, I, 145); (adj.: kûar) - esburacado, furado; desvirginada; (xe) ter buraco, ter furo: I xy na sugûyî tiruã: i aku'i, n'i kûari, nhẽ. - Sua mãe sequer sangrou: ela estava seca, não estava desvirginada (lit., não estava furada). (Anch., Poemas, 184); Xe kûarusu. - Eu tenho um buraco grande. (VLB, II, 19); Xe kûar ymûan. - Eu já estou desvirginada. (VLB, I, 83); 2) vagina (VLB, II, 35); 3) covil, toca, abrigo, refúgio (p.ex., de animais, etc.) (VLB, I, 84; II, 129); 4) cova (de defuntos): Tyby-kûara - cova de sepultura (VLB, I, 84); 5) mina: itaîu-kûara - mina de ouro (VLB, II, 142) ● i kûaryba'e - o que está furado; a que está desvirginada (VLB, I, 83)
Daí, no P.B., ITAQUATIARA, inscrições feitas pelos índios pré-históricos nas pedras; QUATIARA, COTIARA, BOICOATIARA ou BOIQUATIARA (mboî + kûatiar + -a - "cobra pintada"), nome de uma serpente da família dos crotalídeos. ITAQUATIARA também é nome de muitos lugares no Brasil (v. p. 386).
kûatimundé (etim. - quati de armadilha) (s.) - QUATI-MUNDÉU, macho adulto dos quatis (Nasua nasua), que foi expulso do bando. Os quatis possuem uma organização social dominada por fêmeas. No bando, além destas, somente os machos jovens são admitidos. Quando chegam à idade adulta, estes são expulsos. O macho adulto é maior e, em geral, de coloração avermelhada. Como vive desgarrado de um bando, tendo vida solitária, é mais facilmente aprisionado, donde seu nome. (Soares, Coisas Not. Bras. [ms .c], 1130-1137)
kupu'ygûasu (etim. - grande ávore da abelha "kupy") (s.) - 1) CUPUAÇU (Theobroma grandiflorum (Willd. ex Spreng.) K. Schum.), árvore grande da família das esterculiáceas, de flor branca, fruto comprido e amarelado, com três duros caroços; 2) o fruto dessa árvore, muito apreciado por sua polpa aromática, doce, usado para a fabricação de sorvetes, refrescos, etc. (D'Abbeville, Histoire, 222v)
kurimatá (ou kurimatã) (etim. - curimã duro) (s.) - CURIMATÁ, CURIMBATÁ, CURIMATÃ, nome comum a peixes da família dos caracídeos, com mais de vinte espécies em todo o Brasil. São também chamados CORIMATÁ, CORIMBATÁ, CURIMATAÚ, CURIMBA, CURUMBATÁ, CURIBATÁ, GRUMATÁ ou GRUMATÃ. (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 156)
kurubipûera (etim. - grãozinho que foi) (s.) - migalha (de qualquer coisa) (VLB, II, 37): ...I kurubipûera anhõte îepé asé o'u. - Ainda que somente uma migalha dele a gente come. (Ar., Cat., 85)
kurupyka'yba (etim. - planta cessa-sarna) (s.) - CURUPICAÍ, leiteira, pau-de-leite, planta da família das euforbiáceas, do gênero Sapium. "As folhas estilam um leite como o das figueiras de Espanha, o qual é único remédio para feridas... "Se lhe picam a casca, deita grande quantidade de visco com que se tomam os passarinhos." (Cardim, Trat. Terra e Gente do Brasil, 42; VLB, II, 146)
kyra2 (s.) - o criado, o súdito, o filho em relação a seus superiores ou a seus pais; o subordinado, o que está sob a tutela de: Na oré ruã, oré kyra é. - Não fomos nós, mas nossos subordinados. (VLB, II, 126)
mba'eme'engaba (etim. - doação das coisas) (s.) - patrimônio que o pai dá enquanto vivo: xe ruba xe mba'eme'engaba - o patrimônio dado a mim por meu pai (VLB, II, 68)
moapaîugûá2 (v.tr.) - encaroçar (p.ex., a papa), engrolar (VLB, I, 117)
moarybé (v.tr.) - 1) fazer cessar, acalmar, abrandar: Mba'easybora remimborará moarybé-ukasara bé 'ykaraíba... - A água benta é o que faz abrandar também o que os doentes sofrem. (Ar., Cat., 352); 2) tirar o efeito de, neutralizar (p.ex., o veneno): A'e ipó... oîmoarybé-ukar xe suí... - Ele, certamente, faz tirar-lhe o efeito de mim. (Ar., Cat., 219, 1618)
mobabak (v.tr.) - virar para um e outro lado (p.ex., ao negar), balançar para um lado e para o outro (p.ex., como faz o cão com o rabo): Anheakã-mobabak. - Virei-me a cabeça para um e outro lado (dizendo que não queria). (VLB, I, 48); Aîmobabak xe rûaîa. - Balanço meu rabo. (VLB, II, 95)
moîekosub1 (v.tr.) - 1) fazer regozijar-se, agradar, fazer rejubilar-se, fazer alegrar-se muito: T'îandé rerasó o orypápe o îoesé îandé moîekosupa. - Que nos leve para seu lugar de felicidade para nos fazer regozijar consigo. (Ar., Cat., 5); Îori xe moîekosupa, nde rekokatu me'enga. - Vem para me fazer regozijar, dando tua boa lei. (Anch., Poemas, 130); 2) consolar: Ereîmoîekosupe nde ruba nde sy sekotebẽsaba ri? - Consolas teu pai e tua mãe em suas aflições? (Ar., Cat., 101); 3) ajudar (VLB, I, 29) ● moîekosupaba - tempo, lugar, modo, etc. de fazer regozijar-se; regozijo, satisfação: ...mendara moîekosupaba... - a satisfação dos cônjuges (Ar., Cat., 283, 1686); moîekosupara - o que faz regozijar-se, o que agrada, o que consola, o ajudador (em coisa difícil) (VLB, I, 29): Nd'e'i te'e... mba'e amõ resé i moîekosupara... Tupã nhe'enga abŷabo... - Por isso mesmo, o que os agrada em alguma coisa transgride a palavra de Deus. (Ar., Cat., 179)
moîerekûab (v.tr.) - 1) fazer perdoar, aplacar, abrandar: ...Tupã moîerekûapa... - Aplacando a Deus. (Ar., Cat., 249); ...T'omoîerekûab orébo. - Que o faça perdoar a nós. (Anch., Poemas, 114); 2) pacificar (VLB, II, 62); 3) amansar (VLB, I, 33); 4) reconciliar (os discordes) (VLB, II, 98)
moingó (v.tr.) - 1) fazer estar, colocar, pôr, estabelecer: Oîaobok serã ybŷa katupe nhẽ i moingóbo?... - Por acaso arrancaram sua roupa, fazendo-o estar nu? (Ar., Cat., 59v); ...Tupã remimotara rupi xe moingóbo... - Pondo-me segundo a vontade de Deus. (Ar., Cat., 23v); 2) fazer viver: Eresapîápe tekopoxy... resé nde moingóreme? - Obedeces a eles quando te fazem viver no vício? (Ar., Cat., 100v); 3) fazer agir, fazer proceder; empregar: Ereîmoingópe abá 'aretéreme marã i moporabykŷabo? - Empregaste alguém por ocasião de um feriado, fazendo-o trabalhar em algo? (Anch., Doutr. Cristã, II, 85); Pedro aé emonã xe moingó-ukar. - O próprio Pedro mandou-me fazer proceder assim. (VLB, II, 12); 4) transformar: Ybyramo i moingoukare'yma. - Em terra não os mandando transformar. (Ar., Cat., 179v); 5) determinar, estabelecer, definir: Osapîápe asé i nhe'enga, o 'anga rekorama resé o moingóremene? - Obedeceremos a suas palavras quando ele determinar a respeito do futuro procedimento de nossa alma? (Anch., Doutr. Cristã, I, 224); 6) constituir, fazer (no sentido de atribuir funções, como fi-lo capitão, ele foi feito cavaleiro, etc.): Oromoingó tubixabamo. - Constituímos-te chefe. (VLB, II, 81); ...Taba raroanamo nhẽ Îandé Îara xe moingóû. - Nosso Senhor constituiu-me guardião da aldeia. (Anch., Teatro, 50); 7) encarregar: Pe îabi'õ Pa'i Tupã karaibebé moingóû. - De cada um de vós o Senhor Deus encarregou um anjo. (Anch., Teatro, 50) ● moingosara (ou moingoara) - o que faz estar, o que faz viver: ...Tekokatu resé îandé moingoara. - A que nos faz viver na virtude. (Anch., Poemas, 88); Tupã remimotara rupi asé moingosara - O que nos faz estar segundo a vontade de Deus. (Ar., Cat., 37v); i moingopyra: o que é (ou deve ser) colocado, posto, encarregado, etc.: Abaré asé rerekoaramo i moingopyra. - O padre que é colocado como guardião da gente. (Ar., Cat., 94); moingoaba (ou moingosaba) - tempo, lugar, modo, finalidade, causa, etc. de fazer estar, de fazer viver, de estabelecer; determinação, etc.: ...Tuba i moingoaba se'õ a'e i aîarõ. - Parece bem que sua morte fosse a finalidade com que seu pai o fez viver. (Ar., Cat., 4); Ereîkópe... abaré nde moingoaba rupi? - Procedeste segundo a determinação do padre a ti? (Ar., Cat., 98)
moîoîab (ou moîoîá) (v.tr.) - 1) igualar (VLB, I, 20), ser igual a, ser do tamanho de: Tupã moîoîapa, sekóû ybaté. - Sendo igual a Deus, está nas alturas. (Anch., Poemas, 124); Xe moîoîab ikó xe ra'yra. - Este meu filho iguala-me; este meu filho é de meu tamanho; Oronhomoîoîá. - Nós nos igualamos um ao outro. (VLB, II, 9); 2) repletar (ser igual o conteúdo àquilo que o contém): Xe moîoîá xe îemoŷrõ... - Repleta-me minha ira. (Ar., Cat., 41)
Em José de Alencar lemos: "A cumari arde no lábio do guerreiro; mas torna mais gostosa a carne do veado assado no MOQUÉM." (in Ubirajara)
mombor (v.tr.) - 1) fazer pular, fazer saltar, projetar, lançar fora, atirar, lançar (VLB, II, 18): ...Tekoaíba oromombó. - A vida ruim lançamos fora. (Anch., Poemas, 84); Îasó umẽ, îandé nupã, tatápe îandé mombómo. - Não vamos, ela nos castiga, fazendo-nos saltar no fogo. (Anch., Teatro, 130); Aîmombor ybype. - Lancei-o no chão. (VLB, I, 110); 2) expulsar: Nde reroŷrõ, nde mombóne. - Odeiam-te, expulsar-te-ão. (Anch., Teatro, 136); 3) botar (ovos a ave): Aîupi'a-mombor. - Botei-me os ovos. (VLB, II, 81); 4) tirar, retirar: Naînanĩ temiminõ... o erumûana mombó. - De modo nenhum os temiminós tiram seus nomes antigos. (Anch., Teatro, 144)
mombytá (ou momytá) (v.tr.) - 1) fazer ficar, fazer permanecer: Sory-katu xe repîaka; xe aîubã, xe mombytábo... - Estavam felizes ao ver-me; abraçaram-me, fazendo-me ficar. (Anch., Teatro, 10); Marãpe Tupã rasara rekóû o îoesé Tupã mombytábo...? - Que faz o comungante para fazer Deus ficar consigo? (Ar., Cat., 77); 2) dar pouso a, hospedar: Atara mombytá. - Hospedar os peregrinos. (Ar., Cat., 18v); 3) fazer parar, deter (VLB, II, 64) ● mombytasara (ou momytasara) - o que faz ficar, o que hospeda, etc.: ...O apysykamo... o momytasara ri... - Agradando-se com o que o hospeda. (Ar., Cat., 85v)
momotar (ou momotá) (etim. - fazer desejar) (v.tr.) - atrair: Aîmomotar Pedro. - Atraio a Pedro. (Anch., Arte, 49); Xe momotar Tupã. - Deus me atrai. (Anch., Arte, 49); Xe momotar ahẽ aoba. - Atrai-me a roupa daquele. (VLB, I, 75); Ygasápe kaûĩ-tuîa, a'e ré, îamomotá... - Depois disso, o cauim transbordante nas igaçabas atrai-os. (Anch., Teatro, 28)
mondó (v.tr.) - 1) mandar, fazer ir, enviar de cá para lá: -Mamõpe Pilatos senosemi a'ereme? -Okarype... i mondó-nhẽ-motá. -Para onde Pilatos o retirou, então? -Para a a praça, querendo fazê-lo ir, sem problemas. (Ar., Cat., 60v); Aîmondó-aíb. - Mandei-o afrontado. (Fig., Arte, 138); Eîori t'eremondó xe suí tekoangaîpaba. - Vem para que faças ir de mim a maldade. (Anch., Poemas, 128); Pedro osó o mondóreme. - Pedro vai porque o mandam. (Fig., Arte, 84); ...Kori é t'oromondóne. - Hoje mesmo hei de te fazer ir. (Anch., Teatro, 32); 2) largar (p.ex., a corda, algo da mão) - Aîmondó-mondó. - Eu os fui largando. (VLB, II, 18); 3) repelir, expulsar, enxotar (compl. com suí): ...pe 'anga suí i mondóû. - enxota-os de vossas almas. (Anch., Teatro, 50) ● mondoara - o que manda, o que envia; o que enxota, etc. (Fig., Arte, 70): Aîkobé pe mondoarama... - Eis que aqui estou, o que vos enxota. (Anch., Poesias, 56); mondoaba (ou mondosaba) - tempo, lugar, modo, instrumento, etc. de fazer ir, de mandar, de enxotar, etc.: Osó o mondoápe. - Vai aonde o mandam. (Fig., Arte, 84); mberu mondoaba - instrumento de enxotar moscas, abano de moscas (VLB, I, 48); emimondó (t) - o que alguém manda: Xe remimondó. - O que eu mando. (Fig., Arte, 70)
mondorok1 (v.tr.) - 1) rasgar, romper: ...o aobusu mondoró-ndoroka... - ...suas túnicas ficando a rasgar. (Ar., Cat., 56v); 2) estuprar: Ereîmombukype kunhataĩ amõ, i mokûá, i mondoroka? - Desvirginaste alguma menina, furando-a, estuprando-a? (Anch., Doutr. Cristã, II, 89); 3) quebrar (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 277)
mongaraíb (v.tr.) - 1) santificar; benzer, consagrar: I angaîpabetépe abá... oporomongaraiba'upa? - Peca muito o homem, benzendo falsamente as pessoas? (Ar., Cat., 66); ...Domingo momba'eté-ukari i mongaraibypyretá supé o ekobé îebyragûera pupé Îandé Îara i mongaraib'iré... - Mandam que os batizados honrem o domingo após Nosso Senhor o santificar com seu retorno à vida. (Ar., Cat., 12); 2) batizar ● mongaraipara - o que batiza, o que benze, o que santifica, etc.: A'e abaré nde mongaraipara iraîtytataendy me'engi nde pópe. - Aquele padre que te batiza dá uma vela na tua mão. (Ar., Cat., 187); i mongaraibypyra - o que é (ou deve ser) batizado, bento, santificado, etc.: I mongaraibypyra ixé. - Eu estou bento. (VLB, I, 54); mongaraipaba - tempo, lugar, modo, etc. de santificar, de benzer, de batizar; o ato de santificar, de batizar: ...O aó-tinga o mongaraibagûera... repyramo... reroína. - Estando com suas roupas brancas, como recompensa de o terem batizado. (Ar., Cat., 168-168v)
mongûab (ou mongûá) (v.tr.) - fazer passar: Îamongûá moxy ru'uba... - Fazemos passar as flechas dos malditos. (Anch., Teatro, 26); ...Opá o boîá nde pópe i mongûapa. - Todos os seus discípulos para tuas mãos fazendo-os passar. (Anch., Poemas, 124); T'i rambûer iã xe remimborarama..., t'amongûabyne. - Que se frustre esse meu futuro sofrimento, que eu o faça passar. (Ar., Cat., 53) ● mongûapaba - tempo, lugar, finalidade, etc. de fazer passar: hóstia mongûapagûama resé asé îuru resé... - para fazer passar a hóstia em nossa boca (Anch., Doutr. Cristã, I, 217)
monhang (v.tr.) - 1) fazer: a) no sentido de fabricar: Aîkó-monhang xe ruba. - Faço a roça de meu pai. (Fig., Arte, 87); Aîmonhang oka. - Fiz uma casa. Xe rokûama aîmonhang. - Faço minha futura casa. (VLB, I, 108); b) no sentido de causar, levar a: ...Ybakype îandé sorama monhanga... - Fazendo-nos ir para o céu. (Ar., Cat., 53, 1686); c) no sentido de criar, gerar: N'asé ruba ruã-tepe asé reté oîmonhang? - Mas não foi nosso pai que fez nosso corpo? (Ar., Cat., 25); d) no sentido de realizar, proceder, agir, cometer: ...Semimonhangûera îamonhangyne. - Faremos o que ele fez. (Ar., Cat., 122, 1686); e) no sentido de proferir: ...Opakatu abá sóû ladainhas monhanga... - Todas as pessoas vão fazendo as ladainhas. (Ar., Cat., 126); 2) transformar (com a posp. -ramo): Mba'epe erimba'e oîmonhang 'aramo? - Que transformou outrora em mundo? (isto é, de que fez o mundo?) (Anch., Doutr. Cristã, I, 159); ...'Y anhẽ monhangi kaûĩnamo... - A água transformou em vinho. (Ar., Cat., 12); Aîmonhang itá pindáramo. - Transformo o ferro em anzol. (Anch., Arte, 43v); So'o ragûera aobamo îaîmonhang. - A lã em roupa transformamos (isto é, da lã fazemos roupa). (VLB, I, 136); 3) urdir, maquinar: ...E'i mo'ema monhanga... - Mostram-se a urdir mentiras. (Anch., Teatro, 36); 4) modelar, dar forma, tender (os pães, a partir de uma massa) (VLB, II, 126) ● monhangara - o que faz (Fig., Arte, 120); criador, autor, causador (VLB, I, 48): ...O monhangaramo nde rekó kuapa... - Reconhecendo que tu és o seu próprio criador. (Ar., Cat., 26); emimonhanga (t) - a obra, o feito, o que alguém faz ou gera: ...T'oîkuab ybaka piara, Tupana remimonhanga. - Que conheça o caminho do céu, obra de Deus (lit., o que Deus faz). (Valente, Cantigas, VI, in Ar., Cat., 1618); monhangaba - tempo, lugar, etc. de fazer, de gerar, de criar; geração, criação: ...T'ereîub moreaûsuba monhangápe. - Que estejas prostrado no lugar de se fazerem sofrimentos. (Anch., Teatro, 48); i monhangymbyra - o que é (ou deve ser) feito, criado; feito de: ...ybyrá itá-monhangymbyra kupépe... - atrás de uma cerca feita de pedras (Ar., Cat., 9v); Tupã syrama ri i monhangymbyra... - Para mãe de Deus é feita. (Anch., Poemas, 88)
mosusung (v.tr.) - 1) sacudir (p.ex., a árvore, para que caia o fruto, a roupa, para que lhe caia o pó, etc.) (VLB, II, 110); 2) acalentar (p.ex., a criança, para que durma) (VLB, I, 44)
muru'apora (ou muru'abora) (etim. - carregada de feto) (s.) - grávida, gestante: - A'epe muru'apora membyrasy kakara na nheangûaba bé ruã? - E a aproximação do parto de uma grávida não é também motivo de se ter medo? (Ar., Cat., 91); -Abá bépe n'oîabyî oîekuakube'yma? -Muru'apora... -Quem também não o transgride, não jejuando? -As grávidas. (Ar., Cat., 77v)
mutuka (s.) - MUTUCA, BUTUCA, nome genérico de certos insetos da família dos tabanídeos. As fêmeas picam a pele e o couro dos animais e sugam seu sangue. (D'Abbeville, Histoire, 255)
nhambugûasu2 (etim. - nhambu grande) (s.) - mamoneira, carrapateira ou rícino, nome comum a várias plantas euforbiáceas, dentre as quais a espécie Ricinus communis L. (Piso, De Med. Bras., IV, 192-193)
nheangerur (etim. - trazer-se a alma) (v. intr.) - suspirar: Ndebe oronheangerur. - A ti suspiramos. (Ar., Cat., 2, 1686)
nhemoanhẽ (v. intr.) - apressar-se: ...Anhemoanhẽ-anhẽ saûîá reru-rerupa. - Fiquei-me apressando em ter sauiás. (Anch., Poemas, 156); ...kori bé penhemoanhẽ-anhẽmo tekokatueté pé pegûasemagûama resé. - ...ainda hoje apressando-vos para encontrar a felicidade verdadeira. (Ar., Cat., 169v)
nhemomembek (v. intr.) - acovardar-se, amolecer-se: Nd'e'i te'e abá tekokatu potasara og o'opore'yma, i moîekuakupa, "t'onhemomembek, t'onhemoapapu" o'îabo. - Por isso mesmo, o homem que quer a virtude esvazia-se de corpo, fazendo-o jejuar, dizendo: - "Que se amoleça, que se abrande". (Ar., Cat., 11)
nhemongué (v. intr.) - agitar-se: ...Yby abé a'ereme onhemonguébo, oryryîane... - A terra também, então, agitando-se, tremendo. (Ar., Cat., 160)
nhemosako'i (ou îemosako'i) (v. intr. compl. posp.) - 1) acautelar-se, estar à espreita, estar de sobreaviso: T'onhemosako'i irã yby pora t'ogûerobîar umẽ... - Que se acautelem futuramente os habitantes da terra para que não creiam nele. (Ar., Cat., 160v); 2) aperceber-se, preparar-se (para algo que se espera); fazer preparativos para receber [compl. com esé (r, s)]: Anhemosako'i (mba'e) resé. - Preparo-me para algo. (VLB, I, 38, adapt.); Xe nhemosako'i e'ymebé turi. - Veio antes que eu me preparasse. (VLB, I, 97); Anhemosako'i xe ruba resé. - Fiz preparativos para receber a meu pai; Anhemosako'i tobaîara resé. - Fiz preparativos para receber o inimigo. (VLB, II, 88); Peîemosako'i!... - Preparai-vos! (Ar., Cat., 6); Pa'i Îesus rekobeîebyragûama resé onhemosako'îabo... - Preparando-se para a futura ressurreição do senhor Jesus. (Ar., Cat., 64v) ● nhemosako'îaba - tempo, lugar, causa, etc. de se acautelar, de se aperceber, de se preparar; preparativos [p.ex., artilharia para a guerra ou fogos de artifício para receber um amigo] (VLB, I, 38): Ybaka aé Tupã îandé resé i nhemosako'îaba... - O próprio céu é o que Deus prepara para nós. (Ar., Cat., 167)
nhokendabok (v. intr.) - abrir-se (p.ex., a porta, a janela, o tampo) (VLB, I, 18)
o1 1) (poss. da 3ª p. do sing. e pl. que reflete o sujeito da oração) - seu próprio (s, a, as): O sy posé pitanga ruî. - Ao lado de sua própria mãe a criança está deitada. (Anch., Arte, 44); ...miapé rari o pópe... - ...tomou o pão em suas mãos. (Ar., Cat., 84v); 2) (pron. refl. da 3ª p. do sing. e pl.; refere-se sempre ao sujeito da oração): Nd'e'i te'e kunumĩgûasu, morubixaba o sogûápe, oîkébo memẽ kagûápe... - Por isso mesmo os moços, por os convidarem os chefes, entram sempre no lugar de beber cauim. (Anch., Teatro, 34)
okena (r, s) (s.) - tampo, janela, porta: okena potãîa - tranca da porta (VLB, I, 30); Marã e'ipe kunhã okena rerekoara S. Pedro supé? - Que disse a mulher que guardava a porta a São Pedro? (Ar., Cat., 55v)
okendabok (s) (etim. - arrancar o tampo) (v.tr.) - abrir (p.ex., a porta, a janela, o tampo de): Esokendabok nde roka. - Abre a porta de tua casa. (VLB, I, 18)
o'o (t) (s.) - 1) carne (Castilho, Nomes, 40): ...Og o'o remimotara rupi oîkó-potare'yma. - Não querendo proceder segundo a vontade de sua própria carne. (Ar., Cat., 27v); ...Eîmoasy nde angaîpagûera, to'o amõ 'u ré... - Arrepende-te de tuas maldades, após teres comido alguma carne (humana). (Ar., Cat., 118v); Nde ro'o xe moka'ẽ serã... - Tua carne será meu moquém. (Staden, Viagem, 157); 2) polpa (de fruta) (VLB, I, 67); cerne: ...mirra, mosanga to'o suí... - mirra, poção de polpa (Ar., Cat., 3); 3) corpo: O koty og o'o repyîagûama resé... - Para a aspersão de seu aposento e de seu próprio corpo. (Ar., Cat., 93)
paîé (m) (s.) - 1) pajé, curandeiro, feiticeiro indígena (Thevet, Les Sing. de la France Antart., 65): T'oroîtyk oré poxy, paîé rerobîare'yma... - Que lancemos fora nossa maldade, não acreditando nos pajés. (Anch., Teatro, 118); Kûesé paîé mba'easybora subani. - Ontem o feiticeiro chupou o enfermo. (Fig., Arte, 96); 2) padre (por ordens ou hábito) (VLB, II, 62) ● paîé-aíba (ou paîé-angaíba) - pajé ruim, pajé aliado a espírito malfazejo. Diferenciava-se o paîé-aíba do paîé propriamente dito (às vezes também chamado de paîé-katu, pajé bom), porque o espírito deste último "tudo o que faz é em favor comum, isto é, dar vitórias nas guerras, etc. O espírito deste se chama Gûaîupîá (v.)." O paîé-aíba é "inclinado a matar e causar diversas enfermidades, fomes e fazer ausentar o peixe das pescarias, etc., e por isso também recebe o adjetivo aíb ou angaíb, mau. E são muitos os diabos de que se ajuda. Também se chama mosangyîara, que quer dizer senhor das mezinhas ou feitiços, os quais faz para matar." (VLB, I, 137): T'ereîuká ixébe paîé-aíba supé... - Que o mates para mim diante do pajé ruim. (Ar., Cat., 70v); Supixûar ikó paîé-angaíba... - Este pajé ruim tem um espírito protetor. (Ar., Cat., 98v)
patuká (v.tr.) - pisar, apisoar, bater em, machucar ● patukasaba - tempo, lugar, modo, etc. de pisar, de apisoar: ...Mboîa... o ekobé reîari o akanga patukasagûerype. - A cobra deixa sua própria vida ao pisarem sua cabeça. (Ar., Cat., 241)
Daí, no P.B., PIAÇAVA, PIAÇABA (peir + saba, "instrumento de varrer"), 1) nome comum a várias palmeiras que fornecem fibras para a fabricação de vassouras; 2) vassoura feita com tais fibras.
periná (s.) - PERINÁ, nome de uma planta; outro nome para a pakoka'atinga (v.)
pîabusu (etim. - piaba grande) (s.) - PIABUÇU, designação comum a certos peixes da família dos caracídeos, de porte avantajado (D'Abbeville, Histoire, 247v; Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 170)
piarõ (etim. - guardar o caminho) (v.tr.) - ficar à espera de (como faz o gato ao rato); ficar no caminho de (para atacar): Aîpiarõ. - Fico à espera dele, fico no caminho dele. (VLB, I, 23)
poepyka (m) (s.) - desagravo, revide, vingança: Xe anama poepyka a'e. - Isso é o desagravo a minha família. (Staden, Viagem, 157)
posé (m) (posp.) - ao longo de, ao lado de, para o lado de, com (pessoa) (Fig., Arte, 121): Our temõ kunhã xe posé mã! - Ah, quem me dera uma mulher viesse para o meu lado! (Ar., Cat., 104); Eîori xe posé. - Vem para o meu lado! (Anch., Doutr. Cristã, I, 227); O sy posé pitanga ruî. - Ao lado de sua mãe a criança está deitada. (Anch., Arte, 44); Xe posé i keri. - Dormiu comigo. (VLB, I, 106); ...mosé esó-potá... - querendo ir tu para o lado de gente (Anch., Doutr. Cristã, II, 91)
pûerab (ou pûeîrab) (v. intr.) - sarar, curar-se; convalescer, tornar a si (o esmorecido) (VLB, II, 103): Abá 'anga mara'ara i pupé opûeîrá-katu... - As doenças da alma do homem com ela saram bem. (Anch., Teatro, 38); opûerab é ipó xe 'anga nde nhe'enga pupé nhote. - Sara mesmo minha alma somente com tuas palavras. (Ar., Cat., 86v) ● pûerasaba (ou pûerapaba) - tempo, lugar, meio, instrumento, etc. de sarar, de curar-se; cura: Îarekópe mosanga amõ îandé pûerasabamo? - Temos algum remédio como meio de nos curarmos? (Ar., Cat., 79v)
putuna (ou pytuna ou pyxuna) (s.) - noite; escuridão: O'ar pytuna. - Caiu a noite; anoiteceu. (VLB, I, 36); Kûarasy, nipó, oberá, putunusu kûab'iré. - O sol brilha, certamente, após passar a grande noite. (Anch., Poemas, 142); ...Putuna rupi okagûabo... - Bebendo cauim durante a noite. (Anch., Teatro, 150); (adj.: putun, putũ ou pytun) - escuro: T'amoberab Tupã robá-pytuna xe 'anga supé... - Que eu faça brilhar a face escura de Deus para minha alma. (Ar., Cat., 128, 1686); I pytũ-pytun 'ara. - O dia está muito escuro (como que para chover). (VLB, I, 71); I pytun xe roka. - Minha casa está escura. (VLB, I, 124); (xe) ser ou estar noite (VLB, II, 50); (adv.) de noite, à noite: ...putũ gûixóbo... - indo eu de noite (Anch., Teatro, 160) ● putunybo - toda a noite, pelas noites (Anch., Arte, 42v); putunyme - de noite (não costumeiramente) (Anch., Arte, 42v); Tiá nde putuna! - Boa noite! (D'Evreux, Viagem, 143); Pytũ 'ã (ou Pytun iã). - Eis que é noite. (VLB, II, 50); pytuneme - de noite, às noites (isto é, habitualmente) (Fig., Arte, 128); pytunĩneme (ou pytũ-pytunĩneme) - ao anoitecer (VLB, I, 36)
pypirar1 (ou pupirar) (v.tr.) - abrir (p.ex., a mão, os olhos, o arco, o saco de farinha, a vagina, etc.), alargar, abrir estendendo: Erepokokype nde rapopé resé i pekábo,... i pypirá? - Passaste a mão nas tuas pudendas, abrindo-as, alargando-as? (Anch., Doutr. Cristã, II, 95)
-pyr(a)1 [ou -ypyr(a)] (suf. nominalizador. Forma deverbais passivos. Pode incluir a idéia de dever. Suas formas nasalizadas são -mbyr e -ymbyr.): i nambi-mondokypyra - sua orelha arrancada (Ar., Cat., 55); i moetepyra - os que devem ser honrados (Ar., Cat., 5v); serobîarypyra - aquele em quem se deve acreditar (Anch., Teatro, 6); i îukapyra - o que é morto, o que deve ser morto, o morto (Anch., Arte, 19v); Tupã syrama ri i monhangymbyra... - Para mãe de Deus é que é feita. (Anch., Poemas, 88)
pysyk (v.tr.) - pegar, capturar, prender, agarrar, apanhar, segurar com as mãos, tomar às mãos: Xe pysyk kó makaxera! - Prendeu-me este macaxera! (Anch., Teatro, 48); ...Anhanga îandé pysyki. - O diabo nos capturou. (Anch., Poemas, 178); Aîpysyk-atã. - Segurei-o fortemente; apertei-o. (VLB, I, 38) ● pysykaba - tempo, lugar, modo, objeto, etc., de apanhar, de pegar; presa: ...Putuna îudeus i pysykagûeramo sekóreme, ...cristãos rorybe'ymamo. - A noite em que estava ele como presa dos judeus, os cristãos não estavam felizes. (Ar., Cat., 5v)
pytunarõ (etim. - guardar a noite) (v. intr.) - 1) vigiar de noite; 2) fazer espionagem à noite (VLB, II, 145)
ro'yrypy'oka (os tupinambás diziam ro'yrypy'aka) (etim. - frio coalhado) (s.) - geada; neve (VLB, II, 49): ...O akanetá-beraba ro'yrypy'aka sosé morotingyba'e reroína. - Estando com seus cocares brilhantes que são mais brancos que a geada. (Ar., Cat., 168v)
sosé (posp.) - 1) acima de: Ixé nde sosé (ou Nde sosé ixé). - Estou acima de ti. (VLB, II, 119); 2) em cima de, sobre: xe sosé - em cima de mim; itá sosé - sobre a pedra (Anch., Arte, 43v); ...Krusá sosé nhẽ xe îara moîá. - Sobre a cruz pregando meu senhor. (Anch., Poemas, 122); 3) mais que (comparativo), mais de; melhor que, maior que: ...Kûarasy sosé o poranga kuabe'enga... - Mostrando sua própria beleza mais que o sol. (Ar., Cat., 4v); Nde sosé ixé. - Eu sou mais que tu. (VLB, I, 48); Kó oka sosé. - Maior que esta casa. (VLB, II, 28); Ixé nde sosé. - Eu sou maior que tu. (VLB, II, 28); vinte sosé - mais de vinte (VLB, II, 67); I xosémo nã ky xe re'õ. - Melhor que isso me seria, pois, morrer. (VLB, II, 38); Aîkuab mba'e nde sosé. - Sei mais que tu. (Fig., Arte, 121)
syryryk (v. intr.) - arrastar-se, esfregar-se (p.ex., a roupa comprida) (VLB, I, 42)
tanga (s.) - moleza, tenrura, frescor; (adj. - tang) - mole, tenro, fresco: gûyrá-tange'yma (lit., pássaro sem moleza, isto é, pássaro aprumado) - nome de um pássaro da família dos icterídeos (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 192); pitanga (pira + tang + -a: lit. - pele tenra) - criança (VLB, II, 12)
tangaraká (lit, folha de tangarás) (s.) - TANGARACÁ, erva-do-rato, nome dado a várias ervas rubiáceas dos gêneros Psychotria e Palicourea, todas elas caracterizando-se pela elevada toxidez; suas flores e frutos são venenosos e têm como antídoto suas próprias raízes. Também designa uma pequena erva da família das nictagináceas (Boerhavia hirsuta Jacq.) (Piso, De Med. Bras., IV, 193; Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 60; Theat. Rer. Nat. Bras., II, 224)
tare'imboîa (etim. - traíra cobra) (s.) - TRAIRABÓIA, TRAIRAMBÓIA, cobra-d'água, réptil ofídio da família dos colubrídeos, de uma braça de comprimento e da grossura de uma perna (D'Abbeville, Histoire, 253v; Piso, De Med. Bras., III, 171); ..."Criam nos rios, sem saírem à terra.... São amarelas e muito compridas e grossas." (Sousa, Trat. Descr., 260)
tiîegûasuparûara (s.) - TIÉ-GUAÇU-PAROARA, cardeal, PAROARA, PARAUARA, cabeça-vermelha, nome comum a pássaros da família dos fringilídeos, que aparecem em todo o Brasil (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 214; Theat. Rer. Nat. Bras., I, 146)
tingaíba (etim. - claro não completamente) (s.) - cor trigueira; cor tirante a pardo, moreno (VLB, II, 137)
tiriba (s.) - TIRIBA, TIRIVA, TIRIBAÍ, TIRIBINHA, nome comum a certos pássaros da família dos psitacídeos; espécie de papagaio (Heriarte, Descr. Maranhão, Pará, in Varnhagen, Hist., III, 188)
tubyra (ou tybyra) (s.) - pó, poeira (Anch., Arte, 14; Fig., Arte, 76): Eîpytybyrok xe roka... - Arranca de minha casa a poeira dos pés. (Valente, Cantigas, VIII, in Ar., Cat., 1618); yby tubyra - poeira da terra (VLB, II, 80)
tu'ĩatĩ'yba (etim. - planta do tuim de penas brancas) (s.) - árvore "de casca cinzenta, madeira frágil, que cresce até atingir a amplidão da macieira silvestre" (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 136)
tuîuk (v. intr.) - apodrecer (o que tem sangue, sumo, isto é, a carne, o peixe, a fruta, etc.): Atuîuk. - Apodreci. (VLB, I, 38)
tyarõ (v. intr.) - amadurecer, estar no ponto (como a fruta ou qualquer coisa que chegou a sua perfeição) (VLB, I, 102; II, 11)
tytyka (ou tutuka) (s.) - palpitação (Fig., Arte, 76); (adj.: tytyk) - palpitante; (xe) palpitar, tremer, estremecer (como faz algumas vezes o olho, alguma parte do corpo, a carne morta, etc.): Xe py'a-tytyk. - Eu tenho o coração palpitante. (VLB, I, 53); Xe ro'o-tytyk. - Eu tenho a carne palpitante. (VLB, I, 130)
ugûy (t) (s.) - 1) sangue: ...Og ugûy pupé xe reî... - Com seu sangue me lavou. (Anch., Teatro, 172); Opá og ugûy me'engi... - Todo seu sangue deu. (Anch., Poemas, 108); N'i tybi tugûy nde membyrasápe. - Não houve sangue em teu parto. (Anch., Poemas, 118); 2) sangue menstrual, menstruação [após a segunda delas. A primeira e a segunda menstruações tinham nomes diferentes: nhemondy'ara (v.) e îeporero'ypoka (v.), respectivamente. (VLB, I, 84)]; [adj.: ugûy (r, s)] - sangrado; (xe) ter sangue; estar menstruada: Xe rugûy. - Eu estou menstruada. (VLB, I, 84) ● tugûygûasu (ou tugûy-pabe'yma) - fluxo de sangue (VLB, I, 140)
ukar (v.tr.) - 1) fazer (no sentido de obrigar): ...Aîuká-ukar îagûara Pedro supé. - Fiz a Pedro matar uma onça. (Fig., Arte, 146); Aîe'apin-ukar. - Fiz-me rapar a cabeça. (Fig., Arte, 146); Aporombo'e-ukar Pedro supé. - Faço a Pedro ensinar gente. (Fig., Arte, 146); Abá-abápe Tupã rera oîmoeté-ukar? - Quem faz louvar o nome de Deus? (Ar., Cat., 26v); 2) mandar: ...Eîmoîar-ukar ybyraîoasaba resé... - Manda pregá-lo na cruz... (Ar., Cat., 60v); Ema'enãngatu xe ri, xe mbo'are'ymuká. - Vela bem por mim, mandando que não me façam cair. (Anch., Poemas, 142); Aîuká-ukar. - Mando matá-lo. (VLB, II, 30); 3) deixar: Arasó-ukar. - Deixo-o levar. (VLB, I, 92) ● ukasara - o que manda, o que faz fazer algo, o mandante: ...i îuká-ukasara... - o que manda matá-lo (Ar., Cat., 279, 1686); ukasaba (ou ukaraba) - tempo, lugar, modo, etc. de mandar, de fazer alguém fazer; o ato de mandar: Pitanga mokõî ro'y omoaûîeba'e mombab-ukaragûera 'ara îaîmoeté ko'yr... - Agora comemoramos o dia em que mandou eliminar as crianças que completavam dois anos. (Ar., Cat., 139, 1686)
umbykyra (t) (s.) - 1) rabadilha, uropígio SAMBIQUIRA; 2) pequeno osso que termina inferiormente à coluna vertebral do homem, cóccix (Castilho, Nomes, 40)
u'ubapegûasu (r, s) (s.) - casca grossa que cobre os pés dos ramos e toma toda a palmeira à roda (VLB, II, 72)
'ybapekanga (etim. - planta da casca ossuda) (s.) - salsaparrilha, JAPECANGA, nome comum a duas plantas esmilacáceas, Smilax papyracea Duhamel e Smilax officinalis Kunth (VLB, II, 62)
yby'ab (s) (etim. - abrir a terra) (v.tr.) - arar: Asyby'ab. - Arei-o. (VLB, I, 40)
ybỹîa (ou ybỹnha) (s.) - 1) interior, vão, parte de dentro: Tupã-eté rerobîara îaîporaká xe ybỹîa. - A crença no Deus verdadeiro encheu meu interior. (Anch., Teatro, 166); ...Opá okybỹnha supa. - Visitando o interior de todas as ocas. (Anch., Teatro, 20); 2) entranhas (Castilho, Nomes, 32): ...Nde ybỹîa pupé pitangamo oúpa. - Dentro de tuas entranhas como criança estando (deitado). (Anch., Poemas, 116); (adj.: ybỹî) - oco, vão por dentro: Xe kûarybỹî. - Eu tenho um buraco oco. (VLB, II, 53)
ybykoî (s) (v.tr.) - cavar; desenterrar, escavar; lavrar (com sacho, cavando a terra para afofá-la e arrancando as más ervas) (VLB, II, 110): Asybykoî-atã. - Cavei-o duramente. (VLB, I, 107); Ayby-ybykoî. - Cavei a terra. (VLB, I, 69)
ybyryba (s.) - BIRIBÁ, BERIBÁ, BIRIBAZEIRO, BIRIBA, 1) árvore mirtácea (Eugenia ligustrina (Sw.) Willd.) (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 132); 2) nome comum a várias plantas da família das anonáceas. "Servem-se os índios das achas desta madeira como candeias com que se servem de noite à falta delas." (Sousa, Trat. Descr., 216)
ybytinga1 (etim. - brancura da terra) (s.) - 1) nuvem: ...Pesepîak irã... ybytinga 'arybo xe rura béne... - Vereis também futuramente minha vinda sobre as nuvens. (Ar., Cat., 56v); Yby opá ybytinga ybaka suí o'aryba'e i aso'iûne. - A terra, todas as nuvens que caem do céu cobri-la-ão. (Ar., Cat., 7); 2) névoa, nevoeiro (VLB, II, 49; Léry, Histoire, 359)
ykepuba (etim. - flanco mole) (s.) - ilhargas (VLB, II, 142); ilhais dos bois, isto é, cada uma das duas partes situadas entre a última costela, a ponta da alcatra e o lombo da rês (VLB, II, 10)
Baependi (MG). De mba'eapin/a + 'y + -pe: no rio do baeapina. Sobre o que era o baeapina, v. Mapendipe e Baepina. A primeira datação de que dispomos é de 1749: "Contrato da passagem de Baependi - Teve princípio este contrato em mil setecentos e dezesseis, e não teve subsistência alguma mais que o primeiro ano, por não concorrer mais gente pela tal passagem." (Caetano da Costa Matoso [1749], Relação dos Contratos e Rendas que sua Majestade tem nesta Capitania das Minas, p. 620).
Caipuna (Juquitiba, SP). De ka'i + pó + un + -a: macaco caí da mão preta, macaco prego (Bodin, p. 93)
Cambu (rio do PA). A mesma etimologia de Camu (v.).
Coriaí (rio do PA). A mesma etimologia de Coreaú (v.).
Curimataú (rio do PA). A mesma etimologia de Curimataí (v.).
Curuapanema (rio do PA). De keîruá + panem + -a: curuá imprestável. (v. Curuá)
Gargaú (RJ). De gûarugûaru, nome comum a certos peixes das famílias dos ciprinodontídeos e dos rivulídeos.
Guapeva (Juquitiba, SP). Da língua geral meridional, nome de uma trepadeira da família das cucurbitáceas. De 'ybá + peb + -a: frutos achatados.
Guará (SP). De gûará, aves ciconiformes. "Em 1903 a Companhia Mogiana de Estrada de Ferro (...) inaugurou uma estação na região, denominando-a Guará. Escolheu esse nome devido à existência de uma lagoa próxima à parada ferroviária, onde havia uma grande quantidade de aves pernaltas de plumagem rósea, chamadas Guarás." (fonte: IBGE)
Guaramiranga (CE). De guará + pyrang + -a: guarás vermelhos.
Guarapina (RJ). De gûará + apin + -a: guarás pelados.
Guaraqueçaba (PR). De guará + ker + -sab + -a: lugar de dormir dos guarás, aves tresquiornitídeas.
Guaripiranga (SP). De gûari* (de língua geral colonial) + pyrang + -a: guariúva vermelha, árvore morácea.
Guavirá (MT). De gûabiraba, nome aplicado a várias plantas mirtáceas.
Gurijuba (rio do PA). De kuri + îub + -a: guris amarelos.
Igaraçu (PE). De ygara + -usu: canoa grande, navio. A primeira datação é do século XVI: "Na capitania de Pernabuco alem da villa principal chamada Olinda ha outra que se chama Igaraçú que dista della cinco léguas (...)" (Anchieta [1584], Enformaçaõ do Brasil e de Suas Capitanias, p. 427)
Igarapé (MG). De ygara + (a)pé (r, s): caminho de canoas: "[...] o mar se comunica com os ditos esteiros, que os naturaes chamam garapés, que quer dizer caminho de canoas, como na verdade o são: porque os navegantes, temendo a braveza do mar no descuberto das costas, buscam sempre o asilo dos garapés, por mais seguros." (Pe. João Daniel [1757], p. 80)
Igarapeba (PE). De ygara + peb + -a: canoa achatada.
Iguatama (MG). Nome atribuído artificialmente em 1943 a partir das palavras tupis 'y + kûá + etama (t): terra da enseada do rio, para se referir a um remanso do rio São Francisco. (fonte: IBGE)
Indaiabira (MG). De inaîá + byr + -a: indaiás empinados.
Ipanguaçu (RN). De ypa'ũ + ûasu: ilha grande. "...Nome de um pajé, guerreiro potiguar, que decisivamente auxiliou a fixação colonizadora dos portugueses no Potengi (...)." (fonte: IBGE)
Ipaporanga (CE). De upaba + porang + -a: lagoa bonita.
Ipatinga (MG). De upaba + ting + -a: lagoa clara.
Ipeúna (SP). Nome atribuído artificialmente em 1944, significando ipê escuro. A palavra ipê, por sua vez, deve provir das línguas gerais coloniais. A primeira datação conhecida é de 1765 (in Anônimo - muito provavelmente Joseph Barbosa de Sáa, p. 221).
Irauçuba (CE). Nome atribuído artificialmente em 1899: "A partir de junho de 1899, o desembargador Álvaro de Alencar, de acordo com o povo, conseguiu mudar o topônimo para Irauçuba, que na língua indígena significa "amizade". (fonte: IBGE). Na verdade, o nome correto deveria ser Ioauçuba (VLB, I, 34).
Itaberaba (MG). De itá + berab + -a: pedras brilhantes, pedras luzentes: "(...) Acharam mostras de ouro na povoação que hoje é chamada Itaverava, e já então assim a denominava o gentio; é vocábulo de língua brasílica que quer dizer: Pedra luzente". (Manuel José Pires da Silva Pontes [n.d.], p. 25)
Itaboca (RJ). De itá + bok + -a: pedras rachadas.
Itacaiuna (rio do PA). De itá + ka'i + un + -a: macaco caí escuro de pedra.
Itacambira (MG). De itá + akanga + apyr + -a: pedra da cabeça pontuda.
Itacima (CE). De itá + sym + -a: pedras escorregadias.
Itaiacoca (PR). De itá + îekok + -a: pedras encostadas.
Itaiçaba (CE). Nome atribuído artificialmente em 1938: "Cortado pelo Rio Jaguaribe, num imenso vale, surgiu o lugarejo Passagem das Pedras, onde se situa Itaiçaba." (fonte: IBGE). De itá + asab + -a: passagem das pedras.
Itaipaba (CE). De itá + upaba: lagoa das pedras, itaupaba, itaupava, barra transversal, recife ou rocha, por cima da qual passam as águas de um rio. "Este primeiro rio, a que chamam Tieté, é o mais cheio de cachoeiras e das peores. O fundo d'elle é quasi todo pedra, quando esta é assentada por igual, mas com pouco fundo, de modo que algumas partes era calháo, onde roçam as canôas; chamam a isto itaupaba (...)." (D. Antonio Rolim [1751], Relação, p. 475).
Itajobi (SP). Nome artificial: distrito criado com a denominação de Itajubi em 1906. Poderia ser um topônimo com significado se proviesse da composição de itá + îá + oby: repleto de pedras verdes. Mas parece que foi Theodoro Sampaio quem criou o nome, dando-lhe outra significação, que não procede.
Itajubá (MG). De itá + îub + -a: pedras amarelas, i.e., ouro. O nome original era "Soledade de Itajubá" (fonte: IBGE).
Itajubatiba (PB). De itá + îub + -a + tyba: ajuntamento de pedras amarelas, i.e., de ouro.
Itamuri (MG). Nome atribuído artificialmente a um distrito de Muriaé (MG).
Itanhaém (SP). De itá + (e)nha'ẽ (r, s): bacia de pedra. Alusão a um aspecto do relevo fluvial da região.
Itapacoronha (SC). De itá + peb + korõî + -a: pedras achatadas ásperas.
Itapecerica (MG). De itá + peb + syryk + -a: pedra achatada escorregadia.
Itapecum (SC). De itá - pedra + apekũ2 - brejo de água salgada à beira-mar; limite da terra-firme com o mangue (ABN, LXXXII, 257): brejo das pedras.
Itapema (SP). De itá + pem/a + -a: pedras angulosas.
Itaperuna (RJ). De itá + byr + un (r, s) + -a: pedra erguida escura.
Itapetininga (SP). De itá + peb/a + tining/a + -a: pedra achatada seca, laje seca.
Itapeúna (SP). De itá + peb/a + un (r, s) + -a: pedra achatada escura.
Itapeva (SP). De itá + peb/a + -a: pedra achatada.
Itapina (ES). De itá + apin/a + -a: pedra pelada.
Itapipoca (CE). De itá + pir/a + pok + -a: pedra da pele estourada, pedra estalada.
Itapira (SP). De itá + byr + -a: pedra erguida.
Itapissuma (PE). De itá + pyxun/a + -a: pedras escuras.
Itaporanga (SP). De itá + porang/a + -a: pedra bonita.
Itapororoca (PB). De itá + pororok + -a: pedras explodidas ou explosão das pedras.
Itapuca (RS). De itá + puk + -a: pedra fendida.
Itaquitinga (PE). De itá + kytyng* - sujo, manchado, enferrujado (conhecido na composição kytyngok) + -a: pedra manchada, pedra enferrujada.
Itarana (ES). De itá + ran + -a: o que parece pedra.
Itarema (CE). De itá + rem + -a: pedras fedorentas. Nome atribuído artificialmente por lei de 1937.
Itatiaia (RJ). De itá + atîaî/a (r, s) + -a: pedras pontudas.
Itatinga (SP). De itá + ting + -a: pedra branca.
Itaúna (MG). De itá + un (r, s) + -a: pedra preta.
Itobi (SP). Nome atribuído artificialmente em 1898: "Rio Verde passou a ser chamada Itobi, que, em tupi-guarani, significa água corrente verde ou rio verde." (fonte: IBGE). "Rio verde", em tupi antigo, é 'y-oby. A localidade deveria chamar-se, pois, Iobi e não Itobi.
Iturama (MG). Nome artificial: de ytu + ama (t), corruptela de etama (t): região de cachoeiras. O nome passou a ser usado a partir de 1949. (fonte: IBGE)
Jandiá (rio do PA). A mesma etimologia de Jundiá (v.).
Juatinga (RJ). De îuá + ting + -a: juazeiros claros.
Reriutaba (CE). Lembra os índios Reriús que habitavam a região (fonte: IBGE). De reriú + taba: aldeia dos reriús.
Tacanhuna (rio do PA). Nome de grupo indígena. De takûãîa - pênis + un (r, s) + -a: pênis escuros.
Tambaú (SP). "Legoa e meia acima d'este salto se encontra a cachoeira Avanhandava-mirim, e logo a do Campo, da qual se navega o Tieté pelo espaço de 14 legeas de rio limpo, até à cachoeira Cambayu-voca, a que se seguem as duas Tambaú-mirim, e Tambaú-uassú..." (Vasconcellos de Drummond [1797], Descripção geographica da capitania de mato-grosso: anno de 1797, p. 240). Da língua geral meridional, tambá*, concha bivalve + 'y: rio das conchas.
Taúna (RJ). De itá + un (r, s) + -a: pedras escuras.
Ubaporanga (MG). Nome adotado artificialmente no séc. XX: de u'ubá + porang + -a: belas canas ubás.
Ubaúna (CE). De ubá - canoa, embarcação indígena + un (r, s) + -a: canoas pretas.
Upatininga (PE). De upaba + tining + -a: lagoa seca.
Votuporanga (SP). Nome atribuído artificialmente em 1937, tomado da língua geral meridional: de votura* + poranga*: morro bonito. A etimologia "bons ares", corrente naquela cidade, não tem fundamento.
resistir - (intr.): nheran; nhemobabak; (tr. - resistir a): momarã; popyatã; moabangab2
aane'yme (conj.) - senão; quando não: -Emonãnamo onhemosaînã-eté pabẽpe Tupã nhe'enga kuabaûama?... -Emonãnamo, aane'yme anhanga ratápe i xóûne. - Portanto cuidarão bem todos de conhecer a palavra de Deus? - De fato, senão irão para o inferno. (Bettendorff, Compêndio, 104); E'u umẽ ikó 'ybá... aane'yme opabinhẽ pemanõne... - Não comas este fruto, senão todos morrereis. (Bettendorff, Compêndio, 38) ● aane'yme? (ou aane'yme é?) - E quando não? (VLB, I, 121)
akangupaba (etim. - lugar de estar deitada a cabeça) (s.) - almofada (VLB, I, 32); travesseiro (VLB, I, 61)
aman (v.tr.) - cercar (em roda), circundar, rodear, envolver, abarcar: Anhaman. - Rodeei-o. (VLB, I, 43); Marã e'ipe irã abá a'ereme tobaîá-katupabẽ o amaneme sekyîabone? - Como, então, futuramente, os homens dirão, invocando-o, ao circundarem-nos muitíssimos inimigos? (Ar., Cat., 162); I ndi, kori, t'îasó temiminõ repenhana, aûnhenhẽ setama amana. - Com ele, hoje, vamos atacar os temiminós, cercando imediatamente sua terra. (Anch., Teatro, 138); ...Opá tekotebẽ abá amana ko'yté. - Toda a aflição envolvendo o homem, enfim. (Ar., Cat., 156)
amana-tupaba (etim. - lugar em que está a chuva) (s.) - nuvem d'água (Thevet, Cosm. Univ., 913v)
anga'o1 (v.tr.) - cuidar de, tratar de, importar-se com ● angagûara - o que se importa com, o que cuida de: Tekokatu angagûara Tupã sy-angaturama. - A que cuida da virtude é a mãe de Deus bondosa. (Valente, Cantigas, III, in Ar. Cat., 1618)
angaturama (s.) - 1) bondade natural, afabilidade, virtude: Eîori xe poreaûsubara, nde angaturama ri... - Vem, meu compadecedor, por tua bondade... (Valente, Cantigas, VIII, in Ar., Cat., 1618); Aromanõ xe angaturama. - Morro com minha virtude. (Fig., Arte, 92); 2) homem franco, liberal (VLB, I, 143); nobre (s.) (VLB, II, 50); título dado a homem e atribuído àquele que se mostra excelente sobre todos os outros (Thevet, Cosm. Univ., 920v); (adj.: angaturam) - bom, bondoso, virtuoso naturalmente, próspero, santo, digno, afável, sagrado, honrado: 'arangaturam-eté... - dia muito bom (Anch., Poemas, 94); Rerityba, xe retama, tabangaturãngatu. - Reritiba, minha terra, aldeia muito boa. (Anch., Poemas, 112); I angaturam, ko'yré,... xe remiarõ îandune. - Serão bons, doravante, os que eu guardo de costume. (Anch., Teatro, 50); ...T'oré angaturãne Cristo remienõîûera resé. - Que sejamos dignos do que Cristo prometeu. (Ar., Cat., 14v); Xe nhe'engangaturam. - Eu tenho palavras afáveis. (VLB, I, 22); Nde angaturam. - Tu és bondoso. (Fig., Arte, 38); (adv.) perfeitamente (VLB, II, 73) ● i angaturamba'e - o que é bom: ...i angaturamba'e remimonhãngatu - as boas obras dos que são bons (Ar., Cat., 1686, 67); angaturambaba - tempo, lugar, causa, modo, companhia, etc. da bondade; bondade: Tupã syramo oîkóbo é i angaturambabetéramo sekóû. - Sendo mãe de Deus é que ela é a causa verdadeira da bondade dele. (Ar., Cat., 1686, 36)
angerasó (etim. - levar a alma) (v.tr.) - 1) espantar, atemorizar; apavorar, assombrar (como uma visão, uma coisa má) (VLB, I, 46): Xe angerasó. - Apavorou-me; Aîangerasó. - Apavorei-o. (VLB, II, 66); 2) maravilhar, extasiar: Nde angerasópe abá-porangepîaka? - Maravilhou-te a vista de homens belos? (Anch., Doutr. Cristã, II, 97)
anhangyar (etim. - tomar a água do anhanga) (xe) (v. da 2ª classe) - estar de luto, vestir luto: Xe anhangyar. - Eu estou de luto. (VLB, I, 105)
aoba (s.) - 1) roupa: Oîaobok serã ybŷa katupe nhẽ i moingóbo?... - Por acaso arrancaram sua roupa, fazendo-o estar nu? (Ar., Cat., 59v); Aîeruré aoba resé Pedro supé. - Peço a Pedro por roupa. (Anch., Arte, 44); 2) fato, vestido (VLB, I, 135); 3) pano; vela (de navio): Aroîyb aoba. - Amainei a vela. (VLB, I, 33); Osobá-syb aó-tinga pupé. - Limpou seu rosto com um pano branco. (Ar., Cat., 62); ybyraoba - pano de linho; amynyîu-aoba - pano de algodão (VLB, II, 64) ● aopesembûera - pedaço de roupa, retalho de pano (VLB, II, 104); iî aoba'e - o que está vestido (VLB, II, 144)
apan (v.tr.) - resvalar em (como a espada que não tomou a cabeça em cheio ou encontrou capacete): Anhapan. - Resvalei nele; Xe apan itaingapema. - A espada resvalou em mim; Xe apan ahẽ itaingapema pupé. - Resvalou em mim o fulano com a espada. (VLB, II, 104)
'apyterendaba (s.) - rodilha para levar peso à cabeça (VLB, II, 107)
'ar4 (v. intr.) - cair: O'ar ybype. - Caiu no chão. (VLB, I, 72); O'ar so'o mundépe. - Caiu caça na armadilha; O'ar mundé. - A armadilha caiu (apanhando caça). (VLB, I, 63); Opá i îeakypûereroîebyri, o atukupé pyterybo o'á ybype. - Todos eles voltaram para trás, caindo no chão de costas. (Ar., Cat., 54v) ● 'araba (ou 'asaba) - tempo, lugar, modo, etc. de cair; queda: Oîoesé te'õ 'asápe... abá 'anga re'õû nhẽ. - Ao cair a morte neles, as almas dos homens morrem. (Anch., Teatro, 146, 2006)
atuaupaba (etim. - lugar de estar deitada a nuca) (s.) - almofada (VLB, I, 32)
atyká2 (v.tr.) - fincar: A'eîbépe ybŷá cruz mo'ami i atykábo? - Logo, então, a cruz ergueram, fincando-a? (Ar., Cat., 62v)
bok (v. intr.) - rachar, romper-se, fender-se, arregoar (p.ex., o figo); arrebentar (VLB, I, 42): Obok nde nhy'ã saûsuba resé. - Rompeu-se teu coração por amor a ele. (Anch., Poemas, 120); I ku'a-bok serã moxy...? - Acaso estava o maldito com a cintura fendida? (Ar., Cat., 57v); ...Tekotebẽ suí nde nhy'ã-boke'ymi. - Tu não tens o coração arrebentado de aflição. (Ar., Cat., 157)
buîeîa (s.) - BUIJEJA, espécie de lagarta nativa, "a qual é muito resplandescente...; parece uma candeia acesa e, quando anda, é ainda mais resplandescente" (Sousa, Trat. Descr., 270)
eîmbaba (t) (s.) - MUMBAVO, MUMBAVA, XERIMBABO, animal de criação, criação, o animal que alguém cria, a cria: abá reîmbaba îukábo... - matando as criações de alguém (Ar., Cat., 72v); O eîmbaba îagûara... resé oîepyka, abá n'oîmomba'e'uî... - Para se vingar de seu cão que cria, um homem não o alimenta. (Ar., Cat., 11); xe reîmbaba tapi'ira - a vaca que crio (Anch., Arte, 14v); Xe reîmbaba endé. - Tu és minha cria. (Staden, Viagem, 65); [adj.: eîmbab (r, s)] (xe) - ter criações: Xe reîmbab. - Eu tenho criações. (VLB, I, 85)
eîyî (s) (v.tr.) - 1) afastar (de lugar), desviar, tirar de um lugar para outro: Aseîyî (abá) suí. - Afastei-o do homem. (VLB, I, 22, adapt.); ...Sekó-poxy suí îandé reîyîa. - De sua vida má nos afastando. (Anch., Poemas, 88); Ne'ĩ, taûîé, xe reîyîa... - Eia, depressa desviando-me. (Anch., Poemas, 98); 2) repelir: Maria t'îambory, Anhanga rekó reîyîa. - Que a Maria alegremos, a lei do diabo repelindo. (Anch., Poemas, 188); Eseîyî-ukar umẽ iké suí xe retama. - Não o deixes afastar daqui minha morada. (Anch., Poesias, 58)
ekoangaîpaba (t) (etim. - mau proceder) (s.) - maldade; pecado: Xe 'anga omonem tekoangaîpaba. - A maldade fez feder minha alma. (Anch., Poemas, 106); Ta xe pe'a Tupã tekoangaîpaba suí... - Que me livre Deus do pecado. (Ar., Cat., 21v)
ekoate'yme'yma (t) (etim. - falta de avareza) (s.) - liberalidade: Tupã myatã-eté-eté, sekoate'yme'ymeté-eté... - A imensa força de Deus, sua imensa liberalidade. (Bettendorff, Compêndio, 62); [adj.: ekoate'yme'ym (r, s)] - liberal: abá-ekoate'yme'yma - homem liberal (VLB, II, 21)
emi'uru (t) (etim. - vasilha de comida) (s.) - 1) receptáculo, vasilha, tigela (com relação a quem come neles): xe remi'uru - minha vasilha (isto é, aquela em que eu como); semi'uru - sua vasilha (isto é, aquela em que ele come) (Fig., Arte, 79); 2) manjedoura, cocho (sempre com relação a quem come neles): taîasu remi'uru - cocho de porcos (VLB, I, 76); ...Semi'uru rupápe i xy i nongi... - Sua mãe o pôs no lugar onde estava a manjedoura deles. (Ar., Cat., 9v). V. tb. uru (r, s) e (ep)uru (r, s).
enondear (s) (v.tr.) - 1) antecipar; atalhar (p.ex., a fala de alguém): Aînhe'engenondear. - Antecipei (ou atalhei) sua fala. (VLB, I, 46); 2) vir antes de; adiantar-se a, cercar pela frente (p.ex., ao que foge): Asenondear. - Adiantei-me a ele; vim antes dele. (VLB, I, 21; 36)
NOTA - De xe rera ("meu nome") originou-se, no P.B., a palavra XARÁ, pessoa que tem o mesmo nome que outra (ou também XARAPA, XARAPIM, XERA, XERO).
erekoara2 (t) (s.) - 1) guardião, o que toma conta de; tutor (como de órfão) (VLB, II, 129); Iesu toryberekoara - Jesus, guardião da alegria. (Valente, Cantigas, I, in Ar., Cat., 1618); Oré oroîkó pe rerekoaretéramo. - Nós somos vossos verdadeiros guardiães. (D'Abbeville, Histoire, 341v); 2) governante, regedor (de um povo, de uma aldeia): Ereîporakápe taba rerekoara nhe'enga...? - Cumpriste as palavras do governante da aldeia? (Ar., Cat., 101); 3) aprisionador: Marã e'ipe Pilatos serekoaretá supé? - Como disse Pilatos aos seus aprisionadores? (Ar., Cat., 58v); 4) guia, o que guia, regente (de música ou dança): Îasytatá serekoarama resé... pé kuabe'ẽsaramo... - Pela estrela que os guia, como a que mostra o caminho. (Ar., Cat., 121); 5) o responsável por: 'Ikatu bé abá omendá amoaé abaré robaké abaré ogûerekoara remimotara rupi. - Podem também as pessoas casar-se diante de um outro padre, de acordo com a vontade do padre responsável por elas. (Ar., Cat., 128)
erobyk (v.tr.) - juntar-se a, aproximar-se de; chegar-se a, achegar-se a, tocar em: Aroby-katupe ká i porangepîá-katûabo. - Hei de me aproximar muito dela para ver bem sua beleza. (Anch., Poemas, 110); Te'õ rerobyka, syaî-tekatu. - Aproximando-se da morte, suou bastante. (Anch., Poemas, 120); Nd'erekatuî xûé angiré nde remirekó rerobyka...-ne. - Não poderás doravante juntar-te a tua esposa. (Anch., Doutr. Cristã, II, 94); Te'õ rerobyka é, xe angaîpá-tubixagûera amosẽne... - Aproximando-me da morte, meus antigos e grandes pecados farei sair. (Anch., Teatro, 38); Arobyk tatá. - Chego-me ao fogo. (Anch., Arte, 49); Oroîoerobyk. - Achegamo-nos um ao outro. (VLB, I, 73)
esakuruba (t) (etim. - caroço de olho) (s.) - grão [como de sal, farinha grossa, etc., à diferença de grão de milho ou de arroz, que é a'ỹîa (t) - v.] (VLB, I, 150); [adj.: esakurub (r, s)] - granuloso, grosso (p.ex., farinha ainda não transformada em pó) (VLB, I, 151)
etá (t) (s.) - 1) grande número, multidão: nde rekobesaba 'ara retá... - o grande número de dias de tua vida (Ar., Cat., 157); Îandé retá îandé pe'abo. - A multidão de nós afastando. (Anch., Teatro, 158, 2006); 2) (aparece como substantivo, muitas vezes, na função de objeto): muitos, muitas coisas, muitas pessoas: Ereruretá serã? - Trouxeste muitas coisas, porventura? (Anch., Teatro, 44); -Ererupe itá kysé amõ? -Aruretá. -Trouxeste algumas facas de ferro? -Trouxe muitas. (Léry, Histoire, 346); Aruretá kó reri... - Trouxe muitas destas ostras. (Anch., Poemas, 150); [adj.: etá (r, s)] - muitos (em número), numerosos, múltiplos, diversos; (xe) ter muitos: kunumĩ-etá - muitos meninos (Anch., Teatro, 24); tatá-endy-etá - muitas chamas de fogo (Ar., Cat., 45); Oré retá. - Nós somos muitos. (VLB, II, 44); Xe retá. - Eu tenho muitos (parentes). (VLB, I, 37); Na setáî xe angaîpaba... - Não são muitos meus pecados. (Anch., Teatro, 76); I porang kó tupãoka, îegûakabetá rerupa! - É bonita esta igreja, contendo muitos enfeites! (Anch., Poemas, 112); (adv.) 1) muitas vezes: Marãnamope asé îobasabetá-etáûne? - Por que a gente se persignará muitas e muitas vezes? (Ar., Cat., 21v); 2) muito, demais: Xe repy-etá. - Eu tenho muito preço. (VLB, I, 88); Okeretápe se'õmbûera...? - Dormiu demais seu cadáver? (Ar., Cat., 44v); 3) No tupi colonial também serviu, às vezes, como desinência de plural, como o -s do português: Emonãnamope asé îeruréû santos-etá supé? - Portanto, nós rezamos aos santos? (Ar., Cat., 23v) ● etá-katu (ou etá-tekatunhẽ ou etá-katutenhẽ) (r, s) - muitíssimos, muitíssimas vezes (VLB, II, 44); etá-eté (r, s) - mais; muito mais (VLB, II, 28); etá nhote (r, s) - mais ou menos (em número), medíocre (em número) (VLB, II, 34)
etee'yma (t) (etim. - falta de corpo) (s.) - incorporeidade; [adj.: etee'ym (r, s)] - incorpóreo, sem corpo: -Oîekuabi (asé 'anga)? -Nd'oîekuabi. -Marãnamope? -O etee'ymamo nhẽ. -É visível (a alma da gente)? -Não é visível. -Por quê? -Por ser incorpórea. (Anch., Doutr. Cristã, I, 161) ● setee'ymba'e - o que não tem corpo, o incorpóreo: Marãpe sepîaki, setee'ymba'eramo sekó e'ymeté? - Como o viu se ele é o que não tem corpo? (Ar., Cat., 31)
gûaîbĩkûara (etim. - buraco, vagina de velha) (s.) - ABIQUARA, BIQUARA, nome comum a certos peixes da família dos pomadasídeos (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 163)
gûaraabuku (etim. - penas compridas de guará) (s.) - manto de penas de guará usado pelos índios tupis da costa, e que tinha na parte superior um capuz, de sorte que podia cobrir toda a cabeça, os ombros e as coxas até as nádegas (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 271)
gûembegûasu (ou imbegûasu) (s.) - IMBÉ, planta trepadeira da família das aráceas, de grandes folhas, flores muito pequenas reunidas em inflorescência densa e maciça e caule com raízes aéreas que fornecem fibras para a fabricação de barbantes e cordas (Cardim, Trat. Terra e Gente do Brasil, 48)
-'ĩ2 (ou -ĩ) (suf. A oclusiva glotal ' cai após tema em consoante, ficando o sufixo com a forma -ĩ.) 1) expressa o diminutivo: Pitangĩ repîaka'upa, aîur xe roka suí. - Tendo saudades do nenenzinho, vim de minha casa. (Anch., Poemas, 102); Asaûsub nde membyrĩ. - Amo teu filhinho. (Anch., Poemas, 102); ...xe rubĩ ... - meu paizinho (Anch., Poemas, 104); xe mba'e'ĩ - minhas coisinhas (Anch., Arte, 54); 2) um pouco, um pouquinho: ...T'oîmoîa'ok nde membyra tekokatu'ĩ amõ orébe. - Que reparta teu filho um pouquinho de virtude conosco. (Ar., Cat., 32v); 3) bem fininho, bem miudinho, bem pouquinho: Aîmopoîĩ. - Afilei-o bem fininho. (VLB, I, 21); 4) só, único, tão somente, somente: -Mobype abá remirekóne? -Oîepé'ĩ. -Quantas serão as esposas de um homem? -Uma somente. (Anch., Doutr. Cristã, I, 226); ...Nd'e'ikatuî oîepé'ĩ tiruã Tupã nhe'enga abŷagûera o îoupé i mombe'upyrûera mombegûabo abá supé... - Não pode sequer uma única vez contar para alguém a transgressão da palavra de Deus que foi contada para si. (Ar., Cat., 98); 5) mais ou menos, medianamente: Turusu'ĩ. - Ele é medianamente grande. (VLB, II, 34)
îagûarakangusu (etim. - onça da cabeça grande) (s.) - CANGUÇU, variedade de felino, maior que a onça, "cuja cabeça é tão grande como de um boi novilho. Criam-se estas alimárias pelo sertão, longe do mar." (Sousa, Trat. Descr., 245)
îagûareté1 (etim. - onça verdadeira) (s.) - JAGUARETÉ, onça, o mesmo que îagûara1 (v.). Segundo Martius, é a Panthera onca de pelagem escura. (Sousa, Trat. Descr., 244)
îeaîtytyk (v. intr.) - lançar-se ao fundo a âncora, fundear (p.ex., o navio) (VLB, I, 144)
îekuakuba (s.) - 1) couvade, conjunto de restrições alimentares e de ritos praticados por um homem durante a gravidez da mulher e logo depois do nascimento da criança; 2) jejum (significação assumida após a chegada dos missionários): Îekuakuba oîkoé so'o gûabe'yma suí... - O jejum difere de não comer carne. (Ar., Cat., 10v); Aîá pá îekuakuba... - Guardei todos os jejuns. (Anch., Teatro, 172)
îekuapaba (ou îekugûapaba) (s.) - 1) reconhecimento: I îekuapabamo oré rubixaba oré mbourukar pe retama pupé. - Como reconhecimento disso, nosso chefe nos mandou vir para vossa terra. (D'Abbeville, Histoire, 342); 2) sinal, símbolo, meio de se conhecer: -Mba'epe cristãos îekuapaba? -Santa cruz. -Qual é o símbolo dos cristãos? -A santa cruz. (Ar., Cat., 1618, 21); -Tupã Espírito Santo anhẽ a'e tatá? -Nda Tupã Espírito Santo ruã, tura îekuapaba é. - Deus Espírito Santo era, na verdade, aquele fogo? - Não era Deus Espírito Santo, mas um sinal da sua vinda. (Anch., Doutr. Cristã, I, 170)
îeku'apûar (ou îekugûapûar) (etim. - amarrar-se a cintura) (v. intr.) - cingir-se: Aîeku'apûar. - Cingi-me. (VLB, I, 74)
îekunasaba (ou îekundasaba) (s.) - entrecruzamento em forma de X; paus entrecruzados em forma de X; a forma de X (VLB, I, 44); (adj.: îekunasab) - entrecruzados: ybyrá-îekunasaba - madeiras entrecruzadas, cruz (Thevet, Cosm. Univ., II, 925)
îemopaîé (ou nhemopaîé) (v. intr.) - tornar-se pajé, fazer-se pajé, fazer pajelança: ...I angaîpabetépe abá onhemopaîé-paîébo...? - Erra muito o homem que se fica fazendo pajé? (Ar., Cat., 66); A'e, rakó, i angaîpá, oîemopaîé-paîébo... - Elas, na verdade, são más, ficando a fazer pajelança. (Anch., Teatro, 14) ● nhemopaîeaba - tempo, lugar, modo, etc. de fazer-se pajé, de fazer pajelança; pajelança: ...i nhemopaîeagûera, i paîé rerobîaragûera... - suas pajelanças, sua antiga crença nos pajés (Ar., Cat., 161v)
îemopaîeangaíb (v. intr.) - fazer feitiçarias: ...Oporaseî pysaré, oîemopaîeangaípa... - Dançaram a noite toda, fazendo feitiçarias. (Anch., Teatro, 14)
inambukaru (etim. - repasto de inhambu) (s.) - nome de planta trepadeira de "folha como a laranjeira.... A fruta é como um ovo de galinha... e tem a flor em feição de campainha". (Lisboa, Hist. Anim. e Árv. do Maranhão, fl. 181)
inambutinga (etim. - inhambu-branco) (s.) - INHAMBUTINGA, ave da família dos tinamídeos, "do tamanho de uma galinha. Tem a plumagem branca manchada de preto." Os índios serviam-se de suas penas para pintar e enfeitar suas armas. (D'Abbeville, Histoire, 237; VLB, I, 76)
îoasykûera (etim. - pedaço um do outro) (s.) - o parentesco entre irmãos, a irmandade: ...O îoasykûera ri îasûaramo i îogûerekóû. - Eles se tratam uns aos outros como semelhantes por causa de sua irmandade. (Ar., Cat., 82v)
'ira (s.) - soltura, desprendimento; (adj.: 'ir) - solto: Xe py-'ir. - Eu estava de pés soltos, meus pés soltaram-se (p.ex., subindo eu a escada). (VLB, I, 122)
iraîtyendaba (etim. - lugar de estar a cera) (s.) - castiçal (VLB, I, 68)
îuka (s.) - podridão; (adj.: îuk) - podre (fal. de coisa inorgânica, p.ex., pau, corda, fio, água, etc. Com relação a coisas que têm sangue ou sumo, como carne, peixe, laranjas, etc., diz-se tuîuk - v.) (VLB, I, 38; II, 80)
îukatu (etim. - estar bem deitado) (v. intr.) - estar tranquilo (VLB, I, 38); estar bonançoso (falando-se do mar) (VLB, I, 18); amainar (p.ex., a fúria), acalmar-se, serenar, tranquilizar-se: Aîukatu. - Acalmei-me. (VLB, I, 33)
îurar (etim. - tomar o pescoço) (v.tr.) - laçar, tomar com laço: Aîpukuîurar. - Lacei a perna dele. (VLB, I, 41)
îurarapeba (etim. - jurará achatado) (s.) - espécie de tartaruga, coberta de "um casco pardo pelas bordas, de meio palmo de comprido, e há a cabeça e os pés e pescoço pintado de pardo e amarelo e verde e vermelho" (Lisboa, Hist. Anim. e Árv. do Maranhão, fl. 174v)
NOTA - No P.B., JIRAU tem, além dos sentidos acima, mais os seguintes: 1) armação de madeira sobre a qual se edificam as casas a fim de evitar a água e a umidade; 2) (p. ext.) qualquer armação de madeira em forma de estrado ou palanque; 3) cama de varas; 4) (arquit.) no interior de um compartimento, piso a meia altura que cobre, apenas parcialmente, a sua área; 5) sobreloja (in Novo Dicion. Aurélio). "JIRAO chamam no Amazonas ũa como grade de paos levantados da terra, onde costumam secar carnes, peixe, ou qualquer outra cousa (...)" (Pe. João Daniel [1757], p. 300)
Îurupari (etim. - boca torta) (s. antrop.) - JURUPARI, 1) nome de uma entidade sobrenatural, na mitologia dos primitivos índios tupis da costa do Brasil: Eresykyîpe Anhanga, Tagûaíba, Kurupira, Îurupari koîpó te'õ abá supé? - Invocaste o Anhanga, o Taguaíba, o Curupira, o Jurupari ou a morte para alguém? (Ar., Cat., 102v); 2) o diabo cristão: Eîpe'a îurupari kó 'ara suí... - Afasta o jurupari deste mundo... (Valente, Cantigas, III, in Ar., Cat., 1618); Kûesenhe'ym oroîkó îurupari ra'yramo... - Antigamente estávamos como filhos do diabo. (D'Abbeville, Histoire, 341v-342)
ka'apeba (etim. - erva achatada) (s.) - CAAPEBA ou CAPEBA, nome comum a plantas trepadeiras da família das menispermáceas, segundo a Flora de Martius, entre as quais, no Rio de Janeiro, a Abuta rufescens Aubl., a Chondrodendron platiphyllum (A. St.-Hil.) Miers e a Cissampelos pareira L.; 2) Designa também plantas da família das piperáceas, dentre as quais a espécie Piper arboreum Aubl., arbusto de raiz amarga e medicinal, também chamada pari-paroba. (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 25; Piso, De Med. Bras., III, 172; Sousa, Trat. Descr., 210)
kaba2 (s.) - gordura (p.ex., do corpo); nata (do leite) (VLB, II, 48): xe kaba, nde kaba, i kaba - minha gordura, tua gordura, a gordura dele (Castilho, Nomes, 31); (adj.: kab) - gorduroso, que tem gordura (VLB, I, 149)
kamby'ok (etim. - tirar leite) (v.tr.) - ordenhar (p.ex., a vaca) (VLB, II, 58)
kanhema (s.) - perdição; desaparecimento, sumiço: Îandé kanhem'iré..., Tupã amõ kunhãngatu monhangi. - Após nossa perdição, Deus fez uma mulher bondosa. (Anch., Poemas, 86); (adj.: kanhem) - perdido, sumido, desaparecido, acabado, morto: Mba'e-kanhema o basemagûera i îara supé i me'enge'yma. - Não dando para seu dono a coisa sumida que ele achou. (Ar., Cat., 72v); abá-kanhema - homem fugido (Anch., Arte, 32); Teté-kanhema - corpo morto (Anch., Teatro, 146, 2006)
kapŷaba (etim. - lugar da queimada da mata < ka'a + apy + -ab +a) (s.) - CAPUAVA, casa na roça, quinta (VLB, I, 68); herdade onde há casa (VLB, I, 121; Anch., Arte, 6v), propriedade rural, incluindo a sede, a área de plantação e o pasto: kapŷápe tekoara - residente na capuava (VLB, II, 102)
karaimonhang (v. intr.) - fazer feitiços: Moraseîa é i katu, îegûaka, îemopyranga, ...karaimonhã-monhanga... - A dança é que é boa, enfeitar-se, avermelhar-se, ficar fazendo feitiços. (Anch., Teatro, 6)
katu'ok (etim. - tirar o bom) (v.tr.) - selecionar, tirar o que é bom, escolher (p.ex. o feijão, tirando-se a parte boa da ruim): Aîkatu'ok. - Selecionei-o. (VLB, I, 37)
kopa'ymbuka (etim. - copaíba de fenda, copaíba de furo) (s.) - gameleira, espécie de árvore morácea (Ficus gomelleira Kunth), de madeira mole, de raízes tabulares. "Estas árvores têm umas raízes sobre a terra feitas por tal artifício que parecem tábuas postas ali a mão, as quais lhe cortam ao machado, de que se tiram tabuões, de que se fazem gamelas de cinco, seis palmos de largo... de onde se fazem também muitas rodelas..." (Sousa, Trat. Descr., 219)
ku'a2 (s.) - cintura (Castilho, Nomes, 31): Xe ku'aî arekó. - Tenho-o na cintura. (VLB, I, 74); ...Nde rapixara ku'a îubana... - Abraçando a cintura de teu companheiro. (Anch., Doutr. Cristã, II, 96-97); Enhonong nde itaîngapema nde ku'aî. - Põe tua espada na tua cintura. (Fig., Arte, 125)
kumarumirĩ (etim. - cumaru pequeno) (s.) - variedade de CUMARU (v.), que "se parece muito com a cerejeira, com flores semelhantes às do pessegueiro; o fruto é uma noz do tamanho de um pêssego branco, encontrando-se dentro cinco ou seis grãos muito bons e medicinais". (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 176)
kupé (s.) - 1) costas (Anch., Arte, 42v); 2) parte traseira; parte de trás (VLB, I, 102) ● kupé koty; kupépe; kupébo - pelas costas, na ausência, à traição (VLB, II, 134); atrás de, na parte anterior de: Xe kupépe é ahẽ aîpó i 'éû. - Na minha aûsência é que ele disse isso. (VLB, I, 48); Xe kupébo aîpó eré. - Pelas minhas costas disseste isso. (VLB, II, 81); Xe kupébo xe mombe'u. - Infamam-me pelas costas. (Anch., Arte, 42v); Xe kupébo erenhe'eng. - Falas pelas minhas costas. (Fig., Arte, 122); ...Ybyrá itá monhangymbyra kupépe so'o mimbaba roka ogûar og upabamo... - Atrás de uma cerca feita de pedras, tomou a casa dos animais de criação como sua pousada. (Ar., Cat., 9v); ó-kupépe - detrás da casa, atrás da casa (VLB, I, 102)
kurab (v.tr.) - 1) chacotear, escarnecer, chamar nomes a, dar nomes a (VLB, I, 38): Aûnhenhẽ o apixarĩ... îepyki, ...i kurapa... - Imediatamente, de seu próximo eles se vingam, chacoteando-os. (Anch., Teatro, 130); Aîkurá-kurab. - Fico-o chacoteando. (VLB, II, 51); ...oporokurá-kurapa... - Ficando a chacotear as pessoas. (Ar., Cat., 74); 2) injuriar (D'Evreux, Viagem, 148) ● oîkuraba'e - o que chacoteia, o que escarnece de, o que injuria: Oporokurá-kuraba'e... - O que fica escarnecendo das pessoas. (Anch., Diál. da Fé, 215)
ky'a (s.) - sujeira: ...Asé 'anga ky'a reîme. - Por lavar a sujeira de nossa alma. (Anch., Doutr. Cristã, I, 201); (adj.) - sujo: Xe ky'a. - Eu estou sujo. (VLB, I, 87) ● ky'asaba - tempo, lugar, causa, etc., da sujeira; sujidade, sujeira: Mba'epe asé 'anga ky'asabamo? - Qual é a causa da sujeira de nossa alma? (Ar., Cat., 80v)
kybõ (ou kûybõ) (adv.) - aqui nestes lados, por aqui, cá nestas partes (VLB, II, 91); para cá; mais para cá (Fig., Arte, 129): Té oureté kybõ Reriûasu mã! - Ah, veio mesmo para cá o Ostra Grande! (Léry, Histoire, 341); Abápe ké sobasẽ, kûybõ oma'ẽ-nhemima? - Quem aqui dá a cara, para cá olhando furtivamente? (Anch., Teatro, 138); Mobype tubixá-katu kybõ? - Quantos são os chefes principais por aqui? (Léry, Histoire, 350) ● kybõ-ngoty - para cá; mais para cá (Fig., Arte, 129); aquém (VLB, I, 40); kybõ-ngoty bé - mais para cá (VLB, II, 91); kybõ-ngoty-pyryb - um pouco mais para cá (VLB, II, 91)
kytyngok (v.tr.) - limpar esfregando, tirar a sujeira de, brunir, polir, açacalar; limpar de ferrugem: Aîkytyngok. - Limpo-o de ferrugem. (VLB, II, 22)
kytyngoka (s.) - esfregamento, polimento, limpeza; (adj.: kytyngok) - esfregado, polido, limpo: ...Nde 'ã-kytyngokyne. - Tu terás a alma limpa. (Anch., Doutr. Cristã, II, 113)
marane'ymaba (etim. - estado de falta de doença) (s.) - saúde: Abá supépe asé îeruréû o eté marane'ymaûama resé...? - Para quem a gente pede pela saúde de seu corpo? (Bettendorff, Compêndio, 64)
matueté1 (s.) - 1) coisa agradável, coisa bela (VLB, I, 54); formosura; elegância; 2) riqueza, luxo; 3) suavidade (fal. de música); (adj.) 1) agradável, elegante; ótimo, bem feito; fino, apessoado; vistoso (VLB, II, 147): Xe matueté. - Eu sou agradável. (VLB, I, 27); Xe nhe'ẽ-matueté. - Eu sou elegante nas palavras. (VLB, I, 109); I matueté nhẽ! - Está muito bem feito! (Fig., Arte, 136); Morubixaba ri é taba matuetéramo. - É por causa do chefe que a aldeia é ótima. (VLB, I, 117); kunhã-matueté - mulher fina; abá-matuetegûasu - homem apessoado, gentil-homem (VLB, I, 148); 2) rico, luxuoso (VLB, II, 105); 3) suave (p.ex., música) (VLB, II, 122); (adv.) ricamente: Xe aó-mondé-matueté. - Eu estou ricamente vestido de roupas. (VLB, II, 105) ● matueté! - está muito bem feito! (Fig., Arte, 136)
mba'eeté (s.) - 1) coisa verdadeira, coisa preciosa, coisa ótima, coisa de estima (VLB, I, 129); coisa prezada (VLB, II, 86); 2) verdade: Îesu, mba'eeté, pe'ĩ, pesaûsu! - Eia, amai a Jesus, a verdade! (Anch., Poemas, 108); Sorybeté rakó abá mba'eeté amõ resé o îekosub'iré. - É muito feliz, certamente, o homem, após alcançar alguma verdade. (Ar., Cat., 126); Tupã anhõ mba'eeté... - Somente Deus é a verdade. (Ar., Cat., 117v)
mbegûé (s.) - lentidão, vagar; fleugma; (adj.) - vagaroso, lento, fleumático, molengão (VLB, II, 40): Xe mbegûé. - Eu sou fleumático, eu sou vagaroso. (VLB, I, 143; II, 140); (adv.) 1) devagar; aos poucos, lentamente, vagarosamente: T'îasó, mbegûé, îapu'ama... - Vamos, devagar, para fazer o assalto. (Anch., Teatro, 24); Mbegûé-katu aîmonhang. - Bem devagar o fiz. (VLB, II, 140); 2) baixo (som ou voz): Mbegûé îaîomongetá, t'onhandu umẽ abá. - Conversemos baixo, para que não o percebam os índios. (Anch., Teatro, 146) ● mbegûé-mbegûé (nhẽ) - pouco a pouco (VLB, II, 83), aos poucos: Mbegûé-mbegûé gûyrá nhemoaî. - Aos poucos a ave se torna papuda. (Isto é, como se diria em português: "de grão em grão a galinha enche o papo".) (VLB, I, 150); Sobaké suí mbegûé-mbegûé i xóû oîeupi... - De diante deles ele foi, aos poucos, subindo. (Ar., Cat., 4v); mbegûé-katu - brandamente, suavemente (VLB, I, 34); tardiamente (VLB, II, 125); mbegûé irã - logo mais: -N'asepîaki xópene? -Mbegûé irã. -Não as verei? -Logo mais. (Léry, Histoire, 345); mbegûé nhote - devagar; mbegûé'ĩ (ou mbegûé'ĩ nhote) - devagarinho; mbegûé-mbegûé nhote (ou mbegûé-mbegûé nhẽ) - aos passinhos, devagarinho (p.ex., como anda o doente) (VLB, II, 67)
membyraty (ou membytaty) (s.) - 1) nora (de m.); 2) a mulher do sobrinho (de m.) (Ar., Cat., 114v)
mendar (v. intr.) - casar-se: Mba'erama resépe abá mendari? - Por que alguém se casa? (Ar., Cat., 95); Abá omendar kunhã resé. - Um homem casa-se com uma mulher. (Fig., Arte, 124) ● omendaryba'e - o que se casa: Oîaby-etépe omendaryba'e Tupã nhe'enga o îosuí omondarõmo? - Transgridem muito a palavra de Deus os que se casam, traindo-se um ao outro? (Ar., Cat., 94v); mendasara - o que se casa; noivo(a) (VLB, II, 50); o(a) casado(a): Te'õ a'e mendasareté momboîsabamo. - A morte, na verdade, é a ameaça dos que se casam verdadeiramente. (Ar., Cat., 94v); i mendarypyra - o que é (ou deve ser) casado: Ogûeronhe'eng i mendarypyrama... - Anuncia os que serão casados. (Ar., Cat., 94); mendasaba (ou mendaraba) - tempo, lugar, modo, companhia do casar-se; casamento; cônjuge: Xe mendasabeté resé nhõ t'aîkóne... - Com meu cônjuge verdadeiro somente hei de ter relações sexuais. (Ar., Cat., 95)
mie'esaba (etim. - lugar de ralar) (s.) - instrumento utilizado para ralar a mandioca (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 66)
mimbaba1 (etim. - lugar de esconder) (s.) - esconderijo: ...Nd'e'ikatuî sesé omendá mimbápe serekó pukuî... - Não pode com ela casar-se enquanto a mantiver em esconderijo. (Ar., Cat., 128v)
mi'umoîypaba (etim. - lugar de cozer a comida) (s.) - cozinha (VLB, I, 85)
moabaeté2 (v.tr.) - honrar, respeitar; temer (VLB, II, 125): Tupã moabaeté. - Honrar a Deus. (Ar., Cat., 19v); ...Tupã 'éagûera moabaetee'yma. - Não respeitando o que Deus dissera. (Ar., Cat., 85)
moakaar (v.tr.) - dobrar [p.ex., o pano, o fio ou a corda, a modo de meada ou várias vezes, etc.] (VLB, I, 105)
mo'ang1 (etim. - idear, fazer idéia) (v.tr.) - supor, pensar em, crer, imaginar, presumir, ter para si, julgar, considerar, entender: Îandé repenhã-penhã, îandé momoxy mo'anga. - Fica-nos atacando, pensando em perverter-nos. (Anch., Poemas, 188); N'aîmo'angi nde só. - Não entendo tua ida, não entendo que tu vás. (VLB, II, 110); ...Oú-mo'ang pe mondyîa. - Pensa em vir para vos espantar. (Anch., Teatro, 182, 2006); Te'õ o îoesé i 'a-mo'angeme. - Quando supõe cair em si a morte. (Ar., Cat., 88); "-Ikatupe temõ mã!" erépe, nde gûyrype kunhã resé nde rekó mo'ang'iré? - Disseste: "-Ah, quem me dera estivesse nua!", após imaginares estar com uma mulher debaixo de ti? (Anch., Doutr. Cristã, II, 93); ...Santa Maria o membyrá-kakara omo'ã-mo'ang... - Santa Maria está pensando na aproximação de seu parto. (Ar., Cat., 9); Xe ra'yt, aîmo'ang nde re'õaûama... - Meu filho, penso que tu morrerás. (Bettendorff, Compêndio, 118); ...Peîmo'ang pe re'õ pupé pe ruba... - Imaginai, em vossa morte, estardes vós deitados. (Ar., Cat., 155v) ● oîmo'angyba'e - o que pensa, o que supõe, o que imagina, etc.: Nhandy-karaíba pupé abaré omanõ-mo'angyba'e pytuba. - Ungir o padre com óleo bento o que supõe morrer. (Anch., Doutr. Cristã, I, 219)
moaysó (v.tr.) - tornar formoso, aformosear: Memẽ-te nipó pe 'anga amotá, ...i moaysóbo... - Mas sempre, com certeza, a vossas almas querem bem, aformoseando-as. (Anch., Teatro, 54); ...Nde moaysó-eté i xuí... - Tornou-te mais formosa que ela. (Anch., Poemas, 142)
moerapûan (v.tr.) - tornar famoso; dar boa ou má fama a: Abá supé marã o'îabo tenhẽ, ...i moerapûana... - Dizendo maldades à toa para alguém, dando-lhe má fama. (Ar., Cat., 74); Oîmoerapûan-y bé, o îurupe i momoxŷabo. - Tornam-nos famosos também, em suas bocas vilipendiando-os. (Anch., Teatro, 130) ● i moerapûanymbyra - o que é afamado, o tornado famoso: Xe, anhangusu-mixyra, Gûaîxará seryba'e, kûepe i moerapûanymbyra. - Eu, o diabão assado, o que tem nome Guaixará, o que é afamado por aí. (Anch., Teatro, 6)
moesagûyryb (v.tr.) - enjoar; dar vertigens a (VLB, I, 117)
moeté (v.tr.) - honrar, dignificar; reverenciar, comemorar, santificar, louvar, prezar; fazer caso de; adorar, glorificar, venerar (VLB, II, 143) [Para se referir a coisas más, isto é, louvar o vício, também se usa este verbo. Já momba'eté (v.) somente se emprega com relação a coisas boas. (VLB, I, 113)]: Îandé moetébo apŷaba nhemosaraî. - Para nos honrarem os índios fazem festa. (Anch., Teatro, 24); ...N'omoetéî o monhangara... - Não honram seu criador. (Anch., Teatro, 30); Eîmoeté nde ruba nde sy abé. - Honra teu pai e tua mãe. (Bettendorff, Compêndio, 10; Anch., Teatro, 54) ● moetesara - o que honra, o que louva, etc.: Tupã o monhangareté moetesare'yma... - O que não honra a Deus, seu verdadeiro criador. (Ar., Cat., 66); moetesaba (ou moeteaba) - tempo, lugar, modo, instrumento, causa, etc. de honrar, de louvar; louvor, honra: ...Nde rupiri nde moetesápe. - Fez-te subir por te honrar. (Anch., Poemas, 126); Turagûera moetesabamo... kó 'ara îamoeté. - Como modo de honrar sua vinda, comemoramos este dia. (Ar., Cat., 5); i moetepyra - o que é (ou deve ser) honrado, glorificado, venerado, etc.: S. Filipe, S.Tiago kó 'ara i moetepyra... - São Filipe e São Tiago são os que devem ser honrados neste dia... (Ar., Cat., 5v); I moetepyramo nde rera t'oîkó... - Santificado seja teu nome. (Ar., Cat., 13v); (fig.) o que é íntimo, o que priva com: I moetepyramo aîkó (abá) supé. - Eu privo com os homens, isto é, eu sou o que é honrado junto deles, o que tem intimidade com eles. (VLB, II, 87, adapt.); emimoeté (t) - o que alguém honra, etc.; (fig.) o íntimo, o que priva com: Semimoetéramo aîkó. - Sou íntimo deles, isto é, sou o que eles honram. (VLB, II, 87)
moîa'oîa'okaba (s.) - comunhão, partilha: Tupã resé marã o ekó o îoupé moîa'oîa'okaba... - A partilha entre si de suas obras por Deus. (Ar., Cat., 179)
moîar2 (v.tr.) - cercar, encurralar: Opá Îandé Îara moîari sesé osyka... - Todos cercaram Nosso Senhor, achegando-se a ele. (Ar., Cat., 54v)
mokakûara (etim. - buraco do instrumento de estouro) (s.) - bombardeira, abertura no muro para colocar a boca do canhão (VLB, I, 57)
monan2 (v.tr.) - borrar (o que está escrito ou pintado) (VLB, I, 58): Nde 'anga... ybaka... rerekoarambûera mba'enẽ-memûã pupé oîmomemûã, sesé i monana. - Tua alma elimina a posse do céu com coisas fétidas e más, borrando-a por causa delas. (Anch., Doutr. Cristã, II, 112)
mopining (v.tr.) - pintar: Ereîeîuru-mopiningype, abá supé epukamirĩamo? - Pintaste-te a boca para sorrir para os homens? (Anch., Doutr. Cristã, II, 96)
mopym (v.tr.) - deixar duro, deixar ereto, enrijecer (p.ex., o rabo, a orelha, o pênis, o laço, etc.) (VLB, I, 153)
moro-esé (posp.) - pela gente, por causa da gente, a respeito da gente, na gente, etc. [v. esé (r, s)]: ...To'o suí mirra moroesé se'õagûama mombegûaba. - A mirra de polpa era o anúncio de sua futura morte pela gente. (Ar., Cat., 3v)
moronambiokaba (etim. - lugar de arrancar a orelha das pessoas) (s.) - pelourinho (VLB, II, 71)
moropotare'yma (etim. - o não desejar gente) (s.) - pureza; castidade (Bettendorff, Compêndio, 20): Moropotara robaîara moropotare'yma. - O oposto do desejo sensual é a pureza. (Ar., Cat., 18)
mosyryrĩ (v.tr.) - fritar ● i mosyryrĩmbyra - o que é frito, a fritura (VLB, I, 144)
moxyryryk (v.tr.) - fritar ● i moxyryrykypyra - o que é frito, a fritura (VLB, I, 144)
nunduk (v. intr.) - latejar (p.ex., a ferida ou a cabeça, quando doem) (VLB, II, 19)
nheangerekó2 (etim. - estar com seus pensamentos) (s.) - cuidado, preocupação, consideração: ...Ogûe'õnama resé nheangerekó n'oîkuabi... - Não conhece a preocupação com sua própria morte. (Ar., Cat., 155)
nhemoîasuk (ou nhemoîasyk) (etim. - fazer-se lavar) (v. intr.) - batizar-se (Bettendorff, Compêndio, 113): ...A'eboé Tupã ra'yramo anhemoingó re'a, gûinhemoîasukuká... - Muito a propósito comportei-me como filho de Deus, fazendo-me batizar. (Ar., Cat., 169)
nhemokunu'unu'uma'ub (etim. - ficar-se fazendo carinhoso falsamente) (v. intr. compl. posp.) - lisonjear, fazer lisonjas [a alguém: compl. com a posp. esé (r, s)]: Anhemokunu'unu'uma'ub abá resé. - Faço lisonjas ao homem. (VLB, II, 23, adapt.)
nhemonhang - 1) (v. intr.) a) fazer-se, realizar-se: T'onhemonhang nde remimotara. - Faça-se tua vontade. (Ar., Cat., 13v); b) nascer, gerar-se: Pitanga nhemonhanga suí oîeposanõ-sanonga. - Ficando a tomar poções para não se gerar uma criança. (Ar., Cat., 97); Anhemonhang. - Nasci. (VLB, II, 46); Na tubi; onhemonhang é o sy i atõîmbyre'yma rygépe. - Não teve pai; gerou-se, na verdade, no ventre de sua mãe intocada. (Ar., Cat., 23); c) criar-se, crescer: Xe Îetu'u ra'yrûera. Anhemonhang i pupé. - Eu sou antigo filho de Jetuú. Criei-me dentro dela. (Anch., Poemas, 152); d) desenvolver-se (p.ex., planta, plantação); 2) (v. intr. compl. posp.) - tornar-se, converter-se, transformar-se (em algo: compl. com -ramo): Ybyramo i nhemonhangyne. - Em terra ele se transformará. (Anch., Doutr. Cristã, I, 161); Anhemonhang a'eramo. - Converti-me naquilo. Anhemonhang gûyráramo. - Converti-me num pássaro. (VLB, II, 133); Emonãnamope anhanga remiaûsubamo pabẽ asé nhemonhangi? - Portanto, como escravos do diabo tornamo-nos totalmente? (Anch., Doutr. Cristã, I, 162) ● onhemonhangyba'e - o que se gera, o que se transforma: O membyra gûygépe onhemonhangyba'e 'arama osepîaka'ub... - Deseja ardentemente ver o nascimento de seu filho que se gera em seu ventre. (Ar., Cat., 9v); nhemonhangaba - tempo, lugar, causa, etc. de gerar, de transformar; concepção, geração; progenitor (i.e., a causa do gerar): Ko'y, nde nhemonhangaba ogûeru torybeté. - Agora tua concepção trouxe grande alegria. (Anch., Poemas, 146); Toryba nhemonhangaba... - Geração da alegria... (Valente, Cantigas, VIII, in Ar., Cat., 1618); Nd'e'i te'e îandé rubypyrama monhanga îandé nhemonhangabamo. - Por isso mesmo fez nosso pai primeiro como nosso progenitor. (Anch., Doutr. Cristã, I, 193)
nhemopepó (v. intr.) - dar asas a si, adquirir asas: Nd'e'i te'e abá tekokatu pupé onhemopepóbo o beberama resé. - Por isso mesmo o homem, com a virtude, dá asas a si para voar. (Ar., Cat., 169-169v)
nhemosaraîa (etim. - o fazer-se esquecer de si) (s.) - 1) brincadeira (de crianças), folguedo, diversão, jogo (de adultos) (VLB, I, 60): I porambyrambykĩ xe nhemosaraîa ixébo. - Estava agradável a mim meu jogo. (VLB, I, 71); Nhemosaraîa aîmonhang. - Faço a brincadeira, o jogo. (VLB, II, 14); 2) festa: Nhemosaraîa aîmonhang (abá) resé. - Fiz festa por causa do homem. (VLB, I, 138; adapt.) ● nhemosaraîxûera - gozador, brincalhão, zombeteiro (VLB, I, 59); folgazão (VLB, I, 141)
nhetĩapyapyr (v. intr.) - lançar ao fundo a âncora, fundear (p.ex., o navio) (VLB, I, 144)
oîoparaba (s) - intercalação: Na tenhẽ ruã 'areté marãtekoaba ri oîoparabamo 'ari îandébo... - Não foi à toa que os feriados surgiram para nós como um intercalação no trabalho. (Ar., Cat., 100); Oîoparabamo orokûab. - Estamos em intercalação. (VLB, I, 119)
oka (r, s) (s.) - OCA, casa indígena, casa em geral: Aîur xe roka suí. - Vim de minha casa. (Anch., Poemas, 102); soka. - a casa dele (Fig., Arte, 78); Oîképe a'e i boîá aé Anás rokype? - Entraram aqueles mesmos discípulos seus na casa de Anás? (Ar., Cat., 55); Xe roka turusueté nhẽ opakatu oka sosé. - Minha casa é maior que todas as casas. (Fig., Arte, 80); Asó okybo. - Vou pelas casas. (Fig., Arte, 7); Aîmonhang sokûama. - Faço sua futura casa. (VLB, I, 108); 2) reduto, toca, habitat: mbyryki-oka - reduto de buriquis (Staden, Viagem, 55) ● kamusy-oka - casa de telha (VLB, II, 125); okybaté - casa assobradada (lit., casa alta) (VLB, II, 119); itá-oka - casa de pedra (VLB, I, 68); oka rerekoara - o que cuida da casa, caseiro (VLB, I, 68)
NOTA - No P.B., TOCAIA tem, atualmente, o sentido de "emboscada", "espreita ao inimigo ou à caça". Dessa palavra originou-se o nome ITAOCAIA (de município do RJ) (v. p. 386).
o'opore'yma (t) (etim. - falta de conteúdo do corpo) (s.) - o que tem corpo mirrado, o que tem pouco corpo; [adj.: o'opore'ym (r, s)] - de corpo mirrado; (xe) mirrar-se de corpo, esvaziar-se de corpo: Nd'e'i te'e abá tekokatu potasara gûo'opore'yma. - Por isso mesmo, a pessoa que deseja a virtude mirra-se de corpo. (Ar., Cat., 11)
opebypebyka (t) (etim. - pálpebras que ficam a tocar-se) (s.) - cochilo; [adj.: opebypebyk (r, s)] (xe) - cochilar: Xe ropebypebyk. - Eu cochilo. (VLB, II, 133)
openhan2 (s) (v.tr.) - 1) acudir a, socorrer, valer a; salvar de perigo: Asopenhan. - Acudi-o. (VLB, I, 20); 3) ir ao encontro de: 'Y pytera asopenhan. - Fui ao encontro do meio das águas (isto é, para o alto-mar). (VLB, I, 112)
opepytanga (t) (etim. - vagem rosada) (s.) - broto, folhinha tenra e nova da planta; [adj.: opepytang (r, s)] (xe) - ter brotos, ter folhinhas novas a brotar (VLB, I, 60)
peasaba1 (etim. - lugar em que se toma caminho) (s.) - PEAÇABA, PEAÇAVA, caminho que vai do sertão para a praia (VLB, II, 83)
pekuabe'eng (ou pekugûabe'eng) (etim. - dar a conhecer o caminho) (v. intr. compl. posp.) - guiar, mostrar o caminho (a alguém: compl. com a posp. supé): Apekuabe'eng (abá) supé. - Mostro o caminho para os homens (VLB, I, 152, adapt.) ● pekugûabe'engara - o que mostra o caminho; o que guia (VLB, I, 152)
pepek1 (v. intr.) - bater asas: gûyrá pepekeme - quando a ave bate asas (VLB, I, 66)
piku'i1 (m) (etim. - farinha da pele) (s.) - carepa, caspa miúda que se cria pelo rosto e por outras partes do corpo (VLB, I, 67); pequenas escamações esbranquiçadas da pele: Aîpiku'i-momemûã. - Esfreguei-lhe a caspa. (VLB, I, 124)
pimondá (m) (etim. - ladrão de pele) (s.) - borbulhas que destroem a pele e não criam humor aquoso ou purulento (VLB, I, 57)
pindoba (s.) - PINDOBA, nome comum a diversas palmeiras do gênero Attalea, dentre as quais a Attalea phalerata Mart. ex Spreng., espécie de belo porte encontrada em amplos palmeirais em grande parte do Nordeste e do Centro-Oeste do Brasil, onde é, muitas vezes, também chamada oacuri ou coqueiro-tuí. Apresenta nozes muito duras, com algumas sementes, ricas em óleo utilizável. Outra espécie designada por esse nome é a Attalea humilis Mart. ex Spreng., também denominada catolé ou coqueiro anajá-mirim. (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 133; VLB, II, 63): Aîopûaî amõ abá pindoba resé. - Mandei um homem em busca de pindoba. (VLB, I, 114)
pitangûagûasu (etim. - pitauá grande) (s.) - PITANGUÁ-AÇU, bem-te-vi, nome comum a pássaros tiranídeos que ocorrem em todo o Brasil (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 216)
po'ok (etim. - tirar a mão) (v. intr.) - parar (de chorar, de chover, de mamar, etc.) (VLB, I, 63)
popysyk (etim. - tomar a mão) (v.tr.) - 1) receber: Oroîopopysyk. - Recebemo-nos uns aos outros. (VLB, II, 98); 2) casar-se com ● oîpopysykyba'e - o que se casa com: Oîoaûsu-katupe amẽ oîopopysykyba'epûera? - Devem amar-se muito os que se casaram um com o outro? (Ar., Cat., 95)
poraseî (v. intr.) - dançar, bailar: Aîmomba'eté nde roka, i pupé gûiporaseîa. - Honro tua casa, dentro dela dançando. (Anch., Poemas, 170); Oporaseî pysaré... - Dançaram a noite toda. (Anch., Teatro, 14)
porerobîare'yma1 (m) (etim. - não acreditar em gente) (s.) - soberba, altivez, denodo (em coisas de guerra ou briga), orgulho: Morerobîare'yma robaîxûara nhemoetee'yma. - O contrário da soberba é a humildade. (Bettendorff, Compêndio, 15); (adj.: porerobîare'ym ou morerobîare'ym) - soberbo, altivo (VLB, II, 118), orgulhoso: Abá-porerobîare'yma ixé. - Eu sou um homem soberbo. (VLB, II, 118)
poromotare'yma (m) (etim. - não querer bem à gente) (s.) - ódio (VLB, II, 54)
posub (v. intr.) - fazer visitas (Fig., Arte, 86) ● posubixûera (m) - o que visita a todos, visitador: Xe posubixûer. - Eu sou visitador. (VLB, I, 35; II, 146)
posuban (v. intr.) - fazer sucção (de doentes, isto é, chupar a parte doente de seus corpos para curá-los, como faziam os pajés): Erenhemopaîépe... eposubana? - Tornaste-te pajé, fazendo sucções? (Ar., Cat., 98v)
rana (s.) - 1) coisa grosseira, grosseria; rudeza, rusticidade, bruteza; (adj.: ran) - grosseiro, rude, mal feito: Xe ran. - Eu sou grosseiro. Xe ranusu. - Eu sou muito grosseiro, eu sou grosseirão. (VLB, I, 20); I ranusu nhẽ kûé nde remimonhanga. - É muito mal feito aquilo que fazes. (VLB, II, 29); 2) parecença, semelhança; (adj.: ran) - parecido com, semelhante a; o que parece; (xe) parecer (o que não é) (VLB, II, 115): abá-rana - o que parece pessoa (mas não o é); upá-rana - o que parece lago (mas não o é): brejo (VLB, I, 59); îuky-rana - o que parece sal (mas não o é): salitre (VLB, II, 112), okaî-rana (t) - o que parece choça ou curral (VLB, II, 121); Xe ran (ou Xe rã-xe-ran). - Pareço o que não sou. (VLB, II, 65)
remebé (posp.) - durante, enquanto: O sy rygépe sekó remebé Tupã i mongaraíbi. - Durante a estada dele no ventre de sua mãe, Deus o santificou. (Ar., Cat., 6); Ixé serasó remebé. - Enquanto eu o levo. (VLB, I, 118)
-sab(a) (suf. nominalizador) - 1) nominalizador de complemento circunstancial. Traduz-se por tempo, lugar, companhia, modo, causa, instrumento, finalidade, etc. Tem os alomorfes -ab(a), -b(a), -á, -ndab(a), etc.: îukasaba - tempo, lugar, instrumento, causa, modo, companhia, etc. de matar (Anch., Arte, 19); ...N'i papasabi. - Não há modo de contá-los. (Ar., Cat., 38); ...i 'ekatûaba kotysaba é... - o que estava à sua direita (isto é, a companhia do lado da sua mão direita) (Anch., Diál. da Fé, 190); Xe 'angorypaba. - A causa da alegria de minha alma. (Anch., Poemas, 106); 2) Forma substantivos abstratos: angaipaba - maldade (lit. - qualidade da alma ruim) (Anch., Teatro, 34)
sambok (etim. - tirar a corda) (v.tr.) - desatar, desencabrestar (p.ex., o animal): Aîuru-sambok. - Desatei a boca dele (isto é, do cavalo), desencabrestei-o. (VLB, I, 96; 98)
seîxuîurá (etim. - jirau das plêiades) (s. astron.) - constelação com nove estrelas dispostas em forma de grelha, que, segundo os índios, anunciava a chuva (D'Abbeville, Histoire, 316v)
sembiararaîybo'ira (etim. - colar da filha da sua presa) (s.) - constelação que, segundo os índios, anunciava a chuva (D'Abbeville, Histoire, 316v)
soaba (etim. - finalidade da ida) (s.) - destino, lugar de chegada: Pekûãî pe soápe. - Ide para o vosso destino. (Depoimento de Pero Leitão, apud Viotti, 1980, 207); Xe soaba Tupã retama... - Meu destino é a terra de Deus. (Anch., Teatro, 162, 2006)
NOTA - Foi de uma errônea leitura deste termo pelo naturalista Lineu que se originou a palavra COBAIA, que entrou no léxico de muitas línguas do mundo. Com efeito, em Marcgrave lê-se CAVIA COBAIA (a grafia correta deveria ser ÇAUIÁ ÇOBAIA, isto é, o sauiá que é da banda de além, ou seja, que não é originário do Brasil, o porquinho-da-índia, oriundo da América Espanhola andina (as Índias Ocidentais). Lineu pensou que COBAIA fosse o nome do animal, quando, na verdade, significava outra coisa, como vimos.
sokó (s.) - SOCÓ, SAVACU, nome comum a aves ciconiformes da família dos ardeídeos, que vivem em lugares pantanosos ou perto de rios ou lagoas (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 199): Xe îyboîa, xe sokó, xe tamuîusu Aîmbiré... - Eu sou uma jibóia, eu sou um socó, eu sou o grande tamoio Aimbirê. (Anch., Teatro, 28)
soko'i (s.) - SOCOÍ, ave ciconiforme da família dos ardeídeos, a maior das espécies brasileiras (Theat. Rer. Nat. Bras., I, 117)
-sûar (suf. nominalizador. Tem o alomorfe -xûar, após i ou y.) - o que está, o que é: T'oîkó pabẽ ybypesûara nde remimotara rupi... - Que esteja tudo o que está na terra segundo a tua vontade. (Ar., Cat., 27); xe ybyrixûara - o que está à minha ilharga (Fig., Arte, 139); ...kó Yby'apapesûara... - estes que estão em Ibiapaba (Anch., Poesias, 269)
suban (v.tr.) - chupar, sugar (a parte molesta do corpo de um doente, para retirar-lhe o mal, prática comum entre os feiticeiros): Kûesé paîé mba'easybora subani. - Ontem o feiticeiro sugou o enfermo. (Fig., Arte, 96); Aporosuban. - Chupo gente. (Fig., Arte, 89) ● oîxubanyba'e - o que chupa, o que suga: Paîé-a'uba supé... amõ abá oîxuban-ukaryba'e... - O que manda um falso pajé sugar outra pessoa. (Ar., Cat., 66v); i xubanymbyra - o que é (ou deve ser) chupado, sugado (Fig., Arte, 107)
teîpó (conj.) - finalmente, enfim (Fig., Arte, 148) (Leva o verbo para o gerúndio.): ...Teîpó yby oîe'apa, i mokona, ...teîpó Anhanga irũnamo i angaîpaba'e osóbo... - Finalmente abre-se a terra engolindo-os, finalmente com o diabo vão os que pecam. (Ar., Cat., 162v)
te'yîupaba (etim. - lugar de estar deitada a multidão) (s.) - TIJUPÁ, TIJUPABA, TAJUPÁ, TAJUPAR, TIJUPAR, TUJUPAR, choupana feita para abrigo durante as viagens pela floresta; pequena cabana coberta de folhagem e aberta por todos os lados (D'Evreux, Viagem, 77; Sousa, Trat. Descr., 321; VLB, I, 74)
tybyrok (v.tr.) - limpar de pó, arrancar a poeira de (VLB, II, 22): Eîpy-tybyrok xe roka... - Arranca de minha casa a poeira dos pés... (Valente, Cantigas, VIII, in Ar., Cat., 1618)
tyîuîar (etim. - tirar espuma) (v. intr.) - espumar (como a panela, etc.) (VLB, I, 124)
tykûar (v.tr.) - juntar água (ao vinho, à panela que seca, etc.): Atykûar. - Junto água. (VLB, I, 24)
u'imoîypaba (etim. - lugar de assar farinha) (s.) - vaso utilizado para secar a farinha de mandioca (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 67)
upaba1 (etim. - lugar em que jaz a água < 'y + ub + -aba) (s.) - lago; lagoa (VLB, II, 17)
yby1 (s.) - 1) terra a) (no sentido de mundo, região, pátria): Yby îar, nde angaturameté erimba'e... - Senhor da terra, tu foste muito bondoso. (D'Abbeville, Histoire, 341v); ...Asé i angaîpaba'e ipó ikó ybype Tupã remimotara n'oîmonhangi. - Os que, de nós, são maus são os que não fazem nesta terra a vontade de Deus. (Ar., Cat., 27); ...Our kó xe yby supa rimba'e. - Veio para visitar esta minha terra outrora. (Ar., Cat., 9v); b) (no sentido de solo, matéria rochosa decomposta): Ere'upe yby? - Comeste terra? (Anch., Doutr. Cristã, II, 88); yby-pytanga - terra avermelhada, barro (VLB, I, 52); yby-oka - casa de terra (Anch., Teatro, 184, 2006); 2) chão: Sugûy turusu... ybype osyryka... - Seu sangue era muito, no chão escorrendo. (Anch., Poemas, 120); O'ar ybype. - Caiu no chão. (VLB, I, 72); 3) terra firme (em oposição a mar): Opá ybaka ereîmopó, paranã, yby abé. - Todo o céu preenches, o mar e a terra firme também. (Anch., Poemas, 128) ● mba'e ybybondûara - coisa que costuma estar no chão (Fig., Arte, 139); ybype - em baixo, na lájea (VLB, I, 110)
'ykûapaba (etim. - lugar de passar a água) (s.) - rego d'água (VLB, II, 100)
'ymombîasaba (etim. - lugar de desviar a água) (s.) - sangradouro (VLB, II, 112)
'yno'ongaba (etim. - lugar de ajuntar-se a água) (s.) - cisterna (VLB, I, 75)
'ype'asaba (etim. - lugar de afastar a água) (s.) - levada d'água, corrente de água que se desviava de um rio para regar ou mover algum engenho (VLB, II, 20)
'ypîasaba (etim. - lugar de desviar-se a água) (s.) - rego d'água (VLB, II, 20)
ysysay'ambaba (etim. - lugar de estar a candeia) (s.) - haste fincada num cepo com pé, na qual se pendurava a candeia (VLB, I, 65); tocheiro (VLB, II, 130)
ysysayendaba (etim. - lugar de estar a candeia) (s.) - castiçal (VLB, I, 68); tocheiro (VLB, II, 130)
Angatuba (MG). De ingá + tyba: abundância de ingás. Em 1908, o município de Espírito Santo da Boa Vista passou a denominar-se Angatuba. O topônimo indígena, que significa "abundância de ingás foi adotado, segundo crônica local, em virtude da existência de ingazeiros no local, na época da fundação". (IBGE).
Aracitaba (MG). De eirasy (< mãe do mel, abelha) + suf. -(s)ab + -a: lugar de abelhas.
Batinga (SE). De 'yba + ting + -a: pau branco, arbusto da família das mirtáceas.
Bauru (SP). De 'ybá - fruta + uru - cesto; celeiro: celeiro de frutas. Há etimologias antigas controvertidas: "Sahimos huma hora Itaupaba de cima isto baixio, e logo a Cachoeira de Baurú, que quer dizer que Baú cahio na agoa por ser Cachoeira grande, em que antigamente sempre se perdia canôa, e tem sua sirga por ser baixio por baixo da dita". (desconhecido [1754], Relaçaõ da chegada, que teve a gente de Mato Groço..., p. 246)
Camandocaia (SP). De komandá - fava + kaî - queimar, queimado + suf. -a: favas queimadas.
Cuipiranga (CE). De kuîa + pyrang + -a: cuias vermelhas.
Guajuru, Furo do (PA). A mesma etim. de Guajeru (v.).
Guamiranga (PR). De 'ybá + pyrang + -a, talvez pela língua geral meridional: frutos vermelhos; nome de uma planta.
Iratinga (CE). De ûyrá + ting + -a: aves brancas, garças.
Miraporanga (MG). De pirá + porang + -a: peixes bonitos.
Paupina (CE). De 'ypa'ũ + apin + -a: ilha pelada.
Perequê (SP). De pirá + eîké (t): entrada dos peixes, i.e., para a desova nos altos cursos dos rios. "Não há dúvida que há na dita Ilha bastante peixe para os moradores que nela moram (...), mas se se povoarem com bastante gente, terão o preciso para o sustento, que para secas só as poderão fazer no tempo do piraquê." (Manoel Gonçalves de Aguiar [n.d.], Notícia, p. 214).
Piracaia (SP). De pirá + kaî + -a: peixes queimados. Nome da língua geral meridional. Foi criada a freguesia "com a denominação de Piracaia por Lei Provincial no 44, de 05 de março de 1836, no Município de Atibaia". (fonte: IBGE)
Pirajubá (MG). De pirá + îub/a + a: peixes amarelos, i.e., os dourados, peixes caracídeos.
Pirapanema (MG). De pirá + panem + -a: peixes imprestáveis.
Pirapetinga (MG). De pirá + piting + -a: peixes pintados.
Pirapora (MG). De pirá + por + -a: peixes que pulam: "...fomos a Pirapora Cachoeira grande, peixe que está saltando..." (desconhecido [1754], Relação da chegada, que teve a gente de Mato Groço, p. 245).
Pirassununga (SP). De pirá + sunung + -a: estrondo de peixes. Freguesia criada em 1842, no Município de Mogi-Mirim, "a 9 km da Cachoeira das Emas, na realidade uma corredeira à qual os índios de grupos tupis chamavam de pirá cynunga". (fonte IBGE)
Poranga (CE). De poranga: beleza, formosura. Por decreto-lei de 1943, o distrito de Formosa passou a denominar-se Poranga. (fonte: IBGE)
Sabará (MG). É forma abreviada de Sabarabuçu: "...apresentavam as primeiras mostras de Ouro deste Sertão chamado até aquêle tempo de Cataguazes e Sabarabuçu, que a corrupção do mesmo tempo fêz o seu nome conhecido pelo de Minas de Sabará." (Pedro Taques, Notícias das Minas, p. 89). De (te)sá + berab + usu: grandes olhos brilhantes, referência às pepitas de ouro ali encontradas.
Socatinga (CE). De soka + ab/a (r, s) + ting/a + -a: lagartas dos pelos claros.
Descripción del Tupinambá en el Período Colonial: El Arte de José de Anchieta. Colóquio Internacional sobre a Descrição das Línguas Ameríndias no Período Colonial. Ibero-amerikanisches Institut, Berlin, 1995.
îagûapuká (s.) (etim. - Îagûara; puká) - Hiena | Hyena | Îagûapuká o'u te'õmbûera - A hiena comeu o cadáver - The hyena ate the corpse (CPB Tupi, 19/08/2024, Cpb chat) - neologismo
nós - oré (excl.); îandé (incl.) ● a nós: orébe; orébo (excl.); îandébe; îandébo (incl.)
rapar - pin (-îo-) ● rapar a cabeça de: 'apin
NOTA - Hoje em dia a palavra ABARÉ, na umbanda, designa um médium desenvolvido; ABARÉ-MIRIM designa, na umbanda, um médium iniciante.
abyky1 (v.tr.) - pentear; escovar, cardar (p.ex., algodão) (VLB, I, 67): Aîabyky. - Penteio-o. (VLB, I, 32) ● abykŷaba - tempo, lugar, modo, instrumento, etc. de pentear, de cardar; carda, prancha de madeira forrada de lata e ouriçada de pontas de ferro para pentear a lã, o algodão, para os tornar fáceis de fiar (VLB, I, 67)
akangá (v.tr.) - quebrar a cabeça de: Ereîakangá-ngápe nde membyra i akyrar-y îanondé? - Ficaste quebrando a cabeça de teu filho antes de o abortar? (Anch., Doutr. Cristã, II, 88)
akangaoba (etim. - roupa de cabeça) (s.) - 1) chapéu; carapuça (VLB, I, 67): Nd'e'i te'e... i xupé o akangaó-'okara Tupã nhe'enga abŷabo... - Por isso mesmo os que tiram seu chapéu para eles transgridem a palavra de Deus. (Ar., Cat., 179); 2) touca, toucado (VLB, II, 134): Aîakangaó-rung. - Pus-lhe touca. (VLB, II, 134) ● akangaoburupé - var. de chapéu em forma de cogumelo (VLB, I, 72; Léry, Histoire, 342-343); akangaó-îepepira - var. de chapéu (VLB, I, 72)
akûaur (r, s) (xe) (v. da 2ª classe) - pubescer, passar a ter pêlos pubianos (VLB, II, 89)
aobusu (etim. - roupão) (s.) - túnica; roupão, saio alto (VLB, II, 108): ...O aobusu mondoró-ndoroka... - Suas túnicas ficando a rasgar. (Ar., Cat., 56v)
apearõ (s) (etim. - guardar o caminho) (v.tr.) - esperar no caminho de, esperar escondido (p.ex., a caça, o inimigo, para apanhá-los) (VLB, I, 126): Oîkuá-katu marana, morapearõ-arõmo. - Conhece bem as guerras, ficando a esperar escondido as pessoas. (Anch., Teatro, 138); Asapearõ. - Espero-o no seu caminho. (VLB, I, 126)
apependûar (s) (v.tr.) - ir ao caminho de, sair a receber ao caminho (como ao amigo que vem): Asapependûar. - Fui ao caminho dele. (VLB, II, 111)
'apiramõ (etim. - molhar a pele da cabeça) (v.tr.) - 1) mergulhar; regar, aguar (p.ex., a casa) (VLB, I, 24; II, 99); 2) molhar a cabeça de; batizar: 'Y pupé asé 'apiramõû. - Com água nos molham a cabeça. (Ar., Cat., 80v); Marãîasûaramo temõ abaré xe 'apiramõneme xe angaîpab'e'ymebé xe re'õ mã!... - Ah, que bom seria minha morte ao me batizar o padre, antes de eu pecar. (Ar., Cat., 1686, 249)
apó2 (s, r, s) (s.) - raiz: sapó-pema - raízes esquinadas, angulosas; SAPOPEMBA (Léry, Histoire, 376); sapó-rema - raiz fedorenta, SAPOREMA, doença que ataca as plantas (Anch., Arte, 3v); sapó-taîa - raiz ardida, nome comum a várias plantas da família das caparidáceas (Brandão, Diálogos, 197); [adj.: apó (r, s)] (xe) - enraizar-se, ter ou lançar raízes: Xe rapó. - Eu tenho (ou eu lanço) raízes. (VLB, II, 95)
asyrõ (t) (s.) - quebranto (VLB, II, 92); [adj. asyrõ (r, s)]: quebrantado, com dores no corpo (como, p.ex., com a mudança de tempo ou como a mulher muito pejada): Xe rasyrõ. - Eu estou quebrantado. (VLB, II, 92)
atapyĩ'ok (s) - espevitar (o fogo, tirar a pevide, o morrão às velas ou candieiros para darem luz mais clara): Asatapyĩ'ok. - Espevitei-o. (VLB, I, 126)
ate'yma (s.) - preguiça; (adj.: ate'ym) - preguiçoso: Xe ate'ym. - Eu sou preguiçoso; abá-ate'ymusu - homem muito preguiçoso (VLB, II, 73); -Ké muru ruri obébo? -Irõ, n'i ate'ym-angáî! -Não é que o maldito veio voando? -Portanto, não é, de modo algum, preguiçoso! (Anch., Teatro, 24); Nde mba'easyramo épe nd'eresendubi koîpó nde ate'ymamo nhẽ? - Estando doente, de verdade, não a ouviste, ou sendo preguiçoso? (Ar., Cat., 110v)
a'uba (s.) - 1) pessoa ou coisa vil (VLB, II, 145); 2) trampas, sujeira, excrementos; coisa insignificante, desprezível (VLB, II, 46): A'uba nhote i por re'a. - Há de ser coisa insignificante somente. (Ar., Cat., 163v); ahẽ a'uba - excremento de fulano; kunumĩ a'uba - sujeira do menino (VLB, II, 135); 3) falsidade, aparência: A'uba nhote ikó 'ara'uba. - É aparência, somente, este mundo falso. (Ar., Cat., 169); (adj.: a'ub ou a'u) - 1) mesquinho, miserável, vil: Na sa'ubi iké xe robaké nde rur'e'ymebé... - Ele não foi mesquinho antes de tua vinda aqui diante de mim. (Ar., Cat., 249); Nd'e'ikatu béî aîpó i pe'apyra'uba missa renduba resé. - Também não pode aquele excomungado miserável ouvir a missa. (Ar., Cat., 179); Aîrumõ-rumõmo xe rekoangaîpagûera'uba ikó yby pupé gûitekóbomo... - Ficaria aumentando meus miseráveis pecados vivendo nesta terra. (Ar., Cat., 142); 2) falso, na aparência, fingido, fictício, sem consequências: Ererobîápe îetanonga'uba...? - Acreditas em falsas oferendas? (Ar., Cat., 98v); Seba'e-a'uba nhote resé... asé na sesaraî... - A gente não se esquece do que é saboroso só na aparência. (Ar., Cat., 88v); ...Na sa'ubi nde rekopoxy... - Não são sem consequências os teus pecados. (Ar., Cat., 112); N'aîkó-potari ymã ikó 'ara'uba pupé. - Já não quero viver neste mundo falso. (Ar., Cat., 142); (adv.) 1) mesquinhamente, miseravelmente; de má vontade, de modo vil: A'e o mena supé 'ybá-'u-ukar-a'ubi. - Ela fez seu marido comer o fruto de modo vil. (Anch., Poemas, 178); Asó-a'ub. - Vou de má vontade. (Fig., Arte, 138); 2) fingidamente, falsamente, na imaginação, ilusoriamente, na mente, sem consequências, na aparência, sem efeito, em vão: Asaûsub-a'ub. - Amo-o em vão. (Anch., Arte, 35; VLB, II, 127); E'i tenhẽ abaré Tupã resé serobaka potara'upa. - Em vão o padre quer fazê-la voltar para Deus. (Anch., Teatro, 148): ...O Tupãnamo i moeté-a'upa. - Honrando-o falsamente como seu Deus. (Ar., Cat., 66); Oporombo'e-a'u Tupã nhe'enga ra'anga. - Ensina falsamente as pessoas a provarem a palavra de Deus. (Anch., Teatro, 134); Nde rory-roryb-a'u, xe boîá momara'a. - Tu estás muito feliz, ilusoriamente, envergonhando meus súditos. (Anch., Teatro, 172) ● (com o verbo reduplicado ou com o verbo na negativa com e'ym): fingir que, fazer que: Asó-asó-a'ub. - Finjo que vou. (Anch., Arte, 35); Arasó-rasó-a'ub. - Finjo que o levo, faço que o levo. (Anch., Arte, 35); N'asendube'ym-a'ubi. - Fiz que não o ouvi. N'asepîake'ym-a'ubi. - Fiz que não o vi. (VLB, I, 104); N'aîkugûabe'ym-a'ubi. - Fiz que não o conhecia. (VLB, I, 130); N'asepîake'ym-a'ubi. - Faço que não o vejo. (VLB, I, 139); N'aîpotare'ym-a'ubi. - Finjo que não o quero. (Anch., Arte, 35)
a'ubar (s) (v.tr.) - errar, tentando agarrar (algo que escapa, como o que quer apanhar a vara com que alguém o bate, ou o gato que quer agarrar a corda com que alguém brinca com ele, etc.), tomar em seco: Asa'ubar. - Tomei-o em seco. (VLB, II, 131)
ebobõ (r, s) (xe) (v. da 2ª classe) - retumbar (a fala, o sino, etc.) (VLB, II, 104)
ebokûea (ou ebokûeîa) 1) (dem. pron.) - esse (es, a, as), isso (VLB, I, 127): Xe resendûara ebokûea. - Isso é referente a mim, isso é o que me concerne. (VLB, II, 74); 2) (adv.) - aí, ali, lá: ebokûea rupi - por ali, por aí (VLB, II, 81)
ebyk (r, s) (xe) (v. da 2ª classe) - agradar; ter bom sabor; fartar (a comida), cevar (com o bom gosto): Seby-sebykĩ ixébo. - Vai fartando a mim (a comida). (VLB, I, 71)
eke'yra (t, t) (s.) - irmão, primo (filho de tio paterno) ou sobrinho (filho de irmão) mais velhos (de h.): -Abá abépe asé oîmoeté aîpó Tupã nhe'enga mopóne? -Ogû eke'yra... -Quem mais a gente honrará para cumprir aquela palavra de Deus? -A seu irmão mais velho. (Ar., Cat., 69)
ekoaba4 (t) (s.) - 1) morada provisória, lugar de estar: ...So'o, pirá, gûyrá retãme'engaba é ikó 'ara; îandé rekoabamo nhote rimba'e pa'i Tupã îandébe i me'engi biã... - Este mundo é a terra prometida dos animais quadrúpedes, dos peixes e dos pássaros; como nossa morada provisória, somente, o Senhor Deus a deu para nós. (Ar., Cat., 166v); 2) morada permanente: Tupã îandé rekomonhang'iré... mokõî nhõ abá rekoabane: koniã ybaka Tupã raûsupara rekoabamo, koniã Anhanga ratá i angaîpaba'e rekoabamono. - Após Deus nos julgar, duas somente serão as moradas dos homens: de um lado, o céu, como morada dos que amam a Deus, e, doutro lado, o inferno, como a morada dos que são pecadores. (Ar., Cat., 163)
ekoabok2 (s) (v.tr.) - mudar (o propósito, a promessa; o parecer; o trajo, a condição, etc.), modificar: Asekoabok xe nhe'enga. - Mudei minhas palavras. (VLB, II, 44); Xe ikó asaûsu pe 'anga... tekopûera rekoaboka. - Eis que eu amo vossas almas, modificando os costumes antigos. (Anch., Teatro, 186)
ekobîarõ (s) (v.tr.) - mudar (o propósito, a promessa, etc.), substituir, trocar; desdizer (fal. de palavras): Asekobîarõ xe nhe'enga. - Desdisse minhas palavras. (VLB, I, 97); E'ikatupe asé... ogûera rekobîarõmo? - Pode a gente trocar seu próprio nome? (Ar., Cat., 83v); Asekobîarõ seîmbaba i xupé. - Troquei-lhe uma criação. (VLB, II, 103) ● sekobîarõmbyra - o que é (ou deve ser) substituído, o que é (ou deve ser) trocado: Sekobîarõmbyrape temirekó-eté...? - Deve ser substituída a esposa verdadeira? (Ar., Cat., 96)
ekokuab1 (ou ekokugûab) (s) (v.tr.) - conhecer, reconhecer: Oîabypemo abá Tupã nhe'enga emonã sekokuapa...? - Transgrediria o homem a palavra de Deus assim os conhecendo? (Ar., Cat., 94v); ...Abá Tupãetéramo sekokuabi? - Os homens reconheceram-no como Deus verdadeiro? (Ar., Cat., 42v)
(e)kuîa (r, s) (s.) - CUIA (Anch., Arte, 13v); cabaço, cabaça, fruto da cuieira, vaso feito desse fruto maduro depois de esvaziado do miolo: Ygasápe kaûĩ-tuîa a'e ré îamomotá, oîoîá gûaîbĩ rekuîa... - O cauim transbordante nas igaçabas, depois disso, os atrai, e, igualmente, as cuias das velhas... (Anch., Teatro, 28); xe rekuîa - meu cabaço; sekuîa - seu cabaço (Fig., Arte, 78); Kuîa nhẽ i tĩ-ngá-tĩ-ngábo, ereîanga'o abá... - Das cuias ficando a quebrar as pontas, afrontaste os homens. (Anch., Teatro, 168)
embyrûera (ou emyrûera) (t) (s.) - resto, sobra: Xe rembiara rembyrûera arurĩ reîá supé. - O resto de minhas presas trouxe para a rainha. (Anch., Poemas, 154); asé angaîpaba rembyrûera... - os restos de nossos pecados (Anch., Doutr. Cristã, I, 219); N'i tyb-etáî semyrûera... - Não há muitos restos deles... (Anch., Teatro, 14); [adj.: embyrûer (r, s)] - restante; (xe) sobrar: Xe rembyrûer. - Eu sobrei. (VLB, II, 118)
endaba (t) (s.) - 1) morada, residência, pouso, estância, sede, lugar de estar (sentado ou parado): Tupã rendabeté, Tupã raîyra. - Verdadeira morada de Deus, filha de Deus. (Anch., Poemas, 88); itá-endaba - pouso de pedra (D'Abbeville, Histoire, 15); 2) poleiro (VLB, II, 80): gûyrá rendaba - poleiro das aves (VLB, II, 80); 3) estrado: Xe rendaba - meu estrado (VLB, I, 130); 4) sela (de cavalo), assento: sendaba - a sela dele (VLB, II, 115)
ene'ĩ (interj.) - Eia!, Vamos! Sus! [Usada com a 2ª p. do sing. para exortar, ordenar, incitar ou rogar. Leva o verbo para o gerúndio. Talvez seja forma imperativa de 'i / 'é, segundo nos diz Anchieta (Arte, 56v).]: -Ene'ĩ esóbo! - Eia, vai! (Anch., Arte, 56v); Ene'ĩ t'asóne! - Eia, que eu vá! (Anch., Arte, 56v); Ene'ĩ, t'îasó taûîé! - Eia, vamos logo! (Anch., Poemas, 182)
enhũî (r, s) (xe) (v. da 2ª classe) - 1) nascer (o que foi plantado); brotar (a planta, a semente); 2) reverdecer (a árvore) (VLB, I, 42)
eno'ẽ (v.tr.) - retirar (como a comida da panela, algo do buraco, da cova, etc.); tirar: Ano'ẽ. - Retirei-a. (VLB, II, 129)
enondé1 (r, s) (posp.) - adiante de, à frente de: Ene'ĩ, t'îarasó senondé kó musurana. - Eia, levemos adiante deles esta muçurana. (Anch., Teatro, 138); Osó xe renondé. - Foi à frente de mim. (Anch., Arte, 45; Fig., Arte, 122); Îandé manhana ranhẽ t'osó îandé renondé... - Nosso espião vá primeiro, à frente de nós. (Anch., Teatro, 20); Oú bé senha'ẽpepó, t'omoîy xe renondé. - Veio também sua panela para que os cozinhe adiante de mim. (Anch., Teatro, 66)
(e)panakũ2 (r, s) (s.) - sela: kabaru repanakũ - a sela do cavalo (VLB, II, 115)
erimba'e?2 (interr.) - quando? (com relação a fato passado ou futuro): Erimba'epe ereîur? - Quando vieste? (Fig., Arte, 166); Erimba'epe sa'angi? - Quando o proferiu? (Ar., Cat., 30v); Erimba'epe i xóû i xupa? - Quando foi para visitá-la? (Ar., Cat., 32v); Erimba'epe aîpó nde 'îaba ereîmopóne? - Quando cumprirás isso que dizes? (Ar., Cat., 111v)
esaraî (r, s) (xe) (v. da 2ª classe) - 1) esquecer-se [de algo ou de alguém: compl. com esé (r, s) ou suí]: Na xe resaraî nde resé. - Eu não me esqueço de ti. (Fig., Arte, 124); Xe resaraî (mba'e) suí. - Eu me esqueci de algo. (VLB, I, 127, adapt.); Xe resaraî é gûitekóbo. - Eu estava-me esquecendo mesmo. (Anch., Teatro, 178); 2) esquecer (algo a alguém), ficar por esquecimento, ficar esquecido, apagar-se da memória de [compl. com esé (r, s)] (VLB, I, 127) ● esaraîtaba (ou esaraîaba) (t) - tempo, lugar, modo, etc. de esquecer; o esquecimento, o objeto do esquecimento, a coisa esquecida (VLB, I, 127): Xe ra'yrĩ gûé, tesaraîtabamo okanhemba'epûera rekó resé nde ma'enduar. - Ó meu filhinho, lembra-te de que os que pereceram são objeto de esquecimento. (Ar., Cat., 157v-158); A'epe marã abá rekóû a'e o esaraîagûera supé ogûasemane? - E como alguém procederá encontrando aquilo que esqueceu? (Ar., Cat., 90)
esemõ1 (s) (v.tr.) - 1) fazer provisões de, fazer reservas de: Asesemõ. - Fiz provisões dele. (VLB, I, 17); 2) sobrar a, sobejar a, abundar a: Xe resemõ îepé itaîuba. - Sobra-me dinheiro, certamente. (VLB, I, 17); I angaturãngatueté, tekokatu... o esemõneme. - Ela é boníssima porque lhe abunda a virtude. (Ar., Cat., 32); Xe resemõ irã mba'ekatu-pabẽ i potarypyra... - Abundar-me-á futuramente toda a felicidade desejada. (Ar., Cat., 166v); ...Nde resemõ arinhama, taîasu. - Sobram-te galinhas e porcos. (Anch., Poemas, 152); ...Xe resemõ saûîá. - Sobram-me sauiás. (Anch., Poemas, 156)
eyî (s) (v.tr.) - mudar (qualquer coisa do lugar onde estava); renovar a posição (de móveis, casa, aldeia, etc.): Aseyî. - Mudei-a. (VLB, II, 44)
gûarinĩ1 (s.) - 1) guerra (VLB, I, 152); 2) guerreiro, soldado: Marãpe gûarinĩetá i pysykara serekóû a'ereme? - Como os soldados que o agarravam trataram-no, então? (Anch., Dial. da Fé, 175) ● gûarinĩ-(ramo) só [ou gûarinĩ-(namo) só] - ir à guerra, ir como guerreiro, guerrear: -Mba'e-mba'e-piã te'õ suí nheangûaba? -Gûarinĩ-namo só, paranãgûasu rasabano. -Quais são, por acaso, as ocasiões de se ter medo da morte? -Ir à guerra, atravessar o oceano também. (Ar., Cat., 91); Onhemombe'upe abá gûarinĩ-namo o só îanondé? - Confessa-se alguém antes de ir à guerra? (Anch., Doutr. Cristã, I, 212); Nd'eresóî xópe irã gûarinĩ? - Não irás futuramente à guerra? (Léry, Histoire, 353); Asó gûarinĩramo. - Vou à guerra, vou como guerreiro. (VLB, I, 152)
gûatá (v. intr.) - 1) andar, caminhar: Agûatá ko'arapukuî... - Caminhei o dia todo. (Anch., Poemas, 150); Nhũ rupi agûatá. - Ando pelo campo. (Fig., Arte, 123); Eregûatápe nhaîmbiara rupi kunhã resé? - Andaste pelos caminhos de fontes com mulheres? (Ar., Cat., 234); 2) passar: Koromõ ipó eregûatá xe rekoápe... - Logo, decerto, passarás no lugar onde moro. (Anch., Poemas, 156); 3) seguir, andar (no sentido de deslocar-se em meio de transporte): Paranã rupi agûatá. - Segui pelo mar (em navio). 'Y rupi agûatá. - Andei pelo rio (de barco). (VLB, II, 48); 4) passear: Abaregûasu ogûatá. - O bispo passeia. (Fig., Arte, 6) ● ogûataba'e - o que anda, o que caminha, o caminhante; o que passeia, o que passa: ...pé rupi ogûataba'e... - os que andam pelo caminho (Ar., Cat., 63); gûatasaba - tempo, lugar, modo, etc. de andar, de passar, de passear; caminhada, passeio, etc.: Xe anama gûatasápe, nde morerekoá sesé. - Ao passar minha família, tu cuidavas dela. (Anch., Poemas, 154); guatá-tenhẽ - andar à toa, andar de cá para lá, vaguear: Agûatá-gûatá-tenhẽ. - Fico andando à toa. (VLB, II, 140)
gûyra (s.) - fundo, parte inferior, parte de baixo: Aîpó îandé ratá gûyra porama... - Aqueles serão os futuros habitantes do fundo de nosso fogo. (Anch., Teatro, 158); ka'a gûyra - a parte de baixo das árvores, a sombra das árvores (D'Abbeville, Histoire, 186v); (adj. - gûyr) - baixo, inferior, deprimido: akã-gûyra - cabeça baixa, desânimo (VLB, I, 95) ● gûyra resé - debaixo, na parte de baixo (Fig., Arte, 126); gûyra rupi - por baixo: i gûyra rupi - por baixo dele (Fig., Arte, 132); gûyra suí - de debaixo: Eresẽ-potá tenhẽ oré pó gûyra suí. - Queres sair em vão de debaixo de nossas mãos. (Anch., Teatro, 172, 2006)
îanypaba (s.) - 1) JENIPAPO, JENIPAPEIRO, árvore da família das rubiáceas (Genipa americana L.), de grande altura e muito grossa, que aparece em todo o Brasil; 2) JENIPAPO, o fruto dessa árvore, cujo suco era usado por certos indígenas para escurecer a pele, e do qual se faz um licor muito popular no Norte e Nordeste do Brasil (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 92; Piso, De Med. Bras., IV, 183-184; Staden, Viagem, 175). "Desta fruta se faz tinta preta; quando se tira é branca e, em untando-se com ela, não tinge logo, mas daí a algumas horas fica uma pessoa tão preta como azeviche." (Cardim, Trat. Terra e Gente do Brasil, 43)
îar2 (v. intr.) - 1) aderir, estar pegado; pegar-se (como a cera a alguma coisa): Oîaratã serã i aoba... i moperé-perebagûera resé? - Pegou-se fortemente sua roupa às suas chagas? (Ar., Cat., 62); Aîar. - Estou pegado. (Fig., Arte, 102); 2) encalhar (p.ex., o navio, no baixio ou na terra) (VLB, I, 113): T'îaîar. - Encalhemos. (VLB, I, 113); 3) soldar-se, pregar-se, atar-se (VLB, II, 120)
îe'ab (v. intr.) - 1) abrir-se, fender-se (de forma anômala, não natural, não esperada, acidental, como acontece com o pão, com a terra, com a vasilha, com o couro, etc. - v. tb. îab): Oîe'ab oka. - Fendeu-se a casa. (Fig., Arte, 145); 2) quebrar-se (p.ex., mastro, trave, etc.) (VLB, II, 101); 3) torcer (a mão ou o pé) (VLB, II, 132)
îeîurupirar (v. intr.) - 1) abrir a boca: ...Sobaké Anhanga onheŷnhanga, i mokona motá, oîeîurupirá okûapane... - Diante deles os diabos ajuntando-se, querendo engoli-los, estando a abrir suas bocas. (Ar., Cat., 161v); 2) bocejar: Aîeîurupirar. - Bocejei. (VLB, I, 56)
îekuakubusu (etim. - o grande jejum) (s.) - Quaresma: -Mba'e-mba'eremepe asé nhemombe'une? -Îekuakubusureme... -Em que ocasiões a gente se confessará? -Na Quaresma. (Ar., Cat., 90v-91)
îemomotar (ou îemomotá ou nhemomotar ou nhemomotá) (v. intr. compl. posp.) - atrair-se, ter cobiça [por alguém ou algo: compl. com esé (r, s) ou ri]: Ereîemomotápe abá mba'e resé? - Tiveste cobiça pelas coisas de alguém...? (Ar., Cat., 109v); Na nde ruã-te p'akó kunhã ri ereîemomotá? - Não foste tu, certamente, que te atraíste pelas mulheres? (Anch., Teatro, 176); Onhemomotá xe 'anga nde 'anga poranga ri. - Atraiu-se minha alma pela beleza de tua alma. (Anch., Poemas, 140) ● onhemomotaryba'e - o que se atrai; nhemomotasara - o que se atrai: Mene'yma resé oîkoba'e abiã koîpó sesé onhemomotaryba'e oîabyeté Tupã nhe'enga, memetipó mendara momoxysara koîpó sesé nhemomotasara. - Se o que tem relações sexuais com uma solteira ou por ela se atrai transgride muito a palavra de Deus, tanto mais o que perverte uma casada ou o que se atrai por ela. (Ar., Cat., 109); nhemomotaraba - tempo, lugar, modo, etc. de se atrair; a atração: ...Sesé nde nhemomotaragûera ranhẽ t'ereîmombe'u... - Hás de confessar primeiro tua atração por eles. (Ar., Cat., 103v)
îemongaraíb (ou nhemongaraíb) (v. intr.) - batizar-se ● oîemongaraiba'e - o que se batiza: T'ogûerobîá oîemongaraiba'erama... - Para que creiam os que se batizarão... (Anch., Doutr. Cristã, I, 200-201); nhemongaraipaba (ou nhemongaraibaba) - tempo, lugar, modo, instrumento, etc. de se santificar, de se batizar; ato de se santificar, de se batizar; santificação: Oîpotá-katu o nhemongaraibagûama... - Quer muito a sua futura santificação. (Ar., Cat., 80v)
îo-1 (ou nho- em ambiente nasal) (pref. obj. refl. ou recíp. de 3ª p.) - 1) uns aos outros, um(s) do(s) outro(s), um(s) com o(s) outro(s), um(s) ao(s) outro(s), etc.: ...îo'u... - comer um ao outro (Anch., Teatro, 8); Peîoîuká. - Vós vos matais uns aos outros. (Fig., Arte, 80); ...O îoirũmo bé... i îukáû... - Uns com os outros também o mataram. (Ar., Cat., 6v); Oroîoîuká. - Matamo-nos um ao outro. (Anch., Arte, 35v); ...Oroîo'u raka'e. - Comíamos uns aos outros. (D'Abbeville, Histoire, 341v-342); Onhomongetá. - Conversam uns com os outros (ou um com o outro). (Fig., Arte, 80); ...O îoybyri se'õmbûera paranã ybyri i kûáî. - Ao lado uns dos outros seus cadáveres estavam ao longo do mar. (Anch., Teatro, 52); Oroîoapi. - Golpeamos um ao outro. Oroîoapi-api. - Ficamos golpeando um ao outro. (VLB, II, 32); 2) (pref.) - mútuo, recíproco, comum: îoapixaba - ferimentos mútuos (Anch., Teatro, 54); ikó îope'asagûera - este desterro comum (Ar., Cat., 14v); îoa'o - injúria recíproca (com palavras) (VLB, II, 12); Îarekó îandé îomba'e. - Temos nossas coisas comuns. (Anch., Arte, 16); oré îomba'e - nossas coisas mútuas (Anch., Arte, 16); i îomba'e - suas coisas comuns (Anch., Arte, 16) (As formas o îo podem ser usadas para se referirem a outras pessoas que não somente à terceira): Îarekó o îomba'e. - Temos coisas comuns. (Anch., Arte, 16)
îobasab (etim. - cruzar-se o rosto) (v. intr.) - benzer-se: Marã e'ipe asé oîobasapa? - Que diz a gente benzendo-se? (Bettendorff, Compêndio, 35)
irõ1 (interj.) - 1) (afirm.) - Olhai isto! (como o que se queixa) (VLB, II, 58); Olhai-me isto! (agastando-se) (VLB, II, 56); Irra! (VLB, II, 7); Olha e verás que te digo a verdade! Não é mesmo? Olha lá! (VLB, II, 55); 2) (interr.) - vedes isto? (Fig., Arte, 148) ● Também vem acompanhada das partículas hẽ, no, nhandu, nhandu hẽ, nhandu gûé (VLB, II, 7)
itaaoba (etim. - roupa de ferro) (s.) - couraça, armadura para a defesa na guerra ● itaaoba monhangara - armeiro, fazedor de armaduras (VLB, I, 41)
itaemboaoba (etim. - roupa de vergas de ferro) (s.) - saia de malha para a guerra; cota (VLB, I, 84)
itakereîugûá (etim. - pedra-querejuá) (s.) - rubi ou pedra semelhante a ele (VLB, II, 109)
itamembeka2 (etim. - pedra mole) (s.) - esponja, animal metazoário porífero marinho inferior sem simetria nem tubo digestivo, com numerosos poros pelos quais entra e sai a água (Sousa, Trat. Descr., 294)
itasama (etim. - corda de ferro) (s.) - 1) amarra (VLB, I, 34); 2) âncora (VLB, I, 35): Aîtyk itasama. - Lancei a âncora (VLB, I, 35)
îurebeba (ou îurepeba ou îuripeba) (s.) - JURUBEBA, nome comum a várias espécies de árvores do gênero Solanum, da família das solanáceas, tidas como de valor medicinal (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 89; Piso, De Med. Bras. IV, 190)
îuru'ar (xe) (etim. - cair a boca) (v. da 2ª classe) - dizer mal; boquejar; murmurar, falar mal [de algo ou de alguém: compl. com esé (r, s) ou ri]: T'e'i tenhẽ umẽ xe ri o îuru'aramo. - Não fique ele boquejando a meu respeito. (VLB, II, 28; VLB, II, 29); Nde îuru'arype abá amõ resé? - Tu falaste mal de alguém? (Anch., Doutr. Cristã, II, 100)
îuruobaîtĩ (xe) (etim. - dar com a boca) (v. da 2ª classe) - responder agressivamente, replicar violentamente, bater boca: Erenhe'eng-ybõpe nde ruba, i îuruobaîtĩamo...? - Dardejaste palavras em teu pai, respondendo ele agressivamente? (Anch., Doutr. Cristã, II, 86)
îurupyter (etim. - chupar a boca) (v.tr.) - beijar: Aîurupyter. - Beijo-o. (D'Evreux, Viagem, 158)
îyboîa (etim. - cobra do arco-íris < îy'yba + mboîa) (s.) - JIBOIA, nome comum a serpentes encontradas em todo o Brasil e não venenosas, da família dos boídeos, dentre as quais destaca-se a espécie Boa constrictor L. Seu habitat são as florestas e os campos. São arborícolas e carnívoras. Há relatos de jiboias que engoliram animais inteiros, após triturá-los. (D'Abbeville, Histoire, 253v; Cardim, Trat. Terra e Gente do Brasil, 31): Xe îyboîa, xe sokó, xe tamuîusu Aîmbiré... - Eu sou uma jibóia, eu sou um socó, eu sou o grande tamoio Aimbirê. (Anch., Teatro, 28)
i'yra [s. irregular. Na forma absoluta é i'yra e nas formas relacionadas recebe r- e não aceita s-, sendo que a forma i'yra pode também ser relacionada, incluindo o pronome i, assimilado pela vogal inicial do nome: i i'yra → i'yra - sobrinho dele (Anch., Arte, 14).] - 1) primo (filho da tia ou tio paternos): ...São João Batista o i'yra pé onhemoîasuk-ukar'iré... - Após fazer a São João Batista, seu primo, batizá-lo. (Ar., Cat., 12-12v); S. Tiago, Îesu Cristo ri'yra, Apóstolo, o akanga o ekobé me'engi... - São Tiago, primo de Jesus Cristo, Apóstolo, entregou sua cabeça e sua vida. (Ar., Cat., 6v); 2) sobrinho (filho da irmã de h.): xe ri'yra - meu sobrinho (Anch., Arte, 14); [adj.: i'yr (r-)] - ter sobrinho: Xe ri'yr. - Eu tenho sobrinhos (por parte de minhas irmãs). (Fig., Arte, 38); 3) tio (filho da avó do h.); 4) enteado (de h.) (Ar., Cat., 114v); 5) filho de prima (de h.) (VLB, II, 119)
ka'aeté1 (etim. - folha muito boa) (s.) - CAITÉ, designação de várias plantas da família das marantáceas e das canáceas. "Servem estas folhas aos índios para fazerem delas uns vasos em que metem a farinha;... ainda que chova muito, não lhe entra água dentro." (Sousa, Trat. Descr., 225)
ka'api'a (etim. - folha-testículo) (s.) - CAPIÁ, CAAPIÁ, CAIAPIÁ, CAPIÁ, nome comum a várias espécies de plantas moráceas do gênero Dorstenia; ervas que têm "flores brancas... das quais se faz tinta amarela como açafrão muito fino, do que usam os índios no seu modo de tintas". (Sousa, Trat. Descr., 209; Theat. Rer. Nat. Bras., II, 228). São também chamadas CARAPIÁ e contraerva, por causa da suposição de sua eficácia no tratamento do envenenamento ofídico. Sua raiz nodosa, moída e tomada com água, serve de antídoto para venenos. (Piso, De Med. Bras., III, 171; Sousa, Trat. Descr., 209; Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 52)
ka'apomonga (etim. - folha viscosa) (s.) - 1) CAAPOMONGA, trepadeira ornamental da família das plumbagináceas (Plumbago scandens L.), também chamada erva-do-diabo, folhas-de-louco (devido às aplicações locais que se faziam desta planta na nuca dos alienados mentais), jasmim-azul, louco e erva-divina. Era chamada, no século XVII, visgueira ou erva-do-amor, por grudar nas mãos e nas roupas devido a sua viscosidade. (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 28; Piso, De Med. Bras., IV, 197)
kandaûasu (s.) - lombriga redonda usada para a pesca (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 272)
kereîûá (s.) - QUEREJUÁ, GUIRUÁ, CREJUÁ, nome comum a pássaros do litoral do Brasil oriental, da família dos cotingídeos, de cores brilhantes e vistosas, de rara beleza. São também chamados CATINGÁ, CREJICA, SUIRUÁ, QUIRUÁ, CURUÁ. (D'Abbeville, Histoire, 239; Cardim, Trat. Terra e Gente do Brasil, 36): Aó-kereîûá kûarasy sosé oberaba'e nungara... - Semelhante a uma roupa de querejuá que brilha mais que o sol. (Ar., Cat., 37v)
kopir (etim. - mondar a roça) (v. intr.) - lavrar a terra, fazer lavoura, fazer roça; CARPIR, roçar: Akopir. - Faço roça. (VLB, II, 19) ● kopirara - carpidor, roçador: Kopirarûera ké aîur. - Venho aqui depois de ter roçado (lit., Aqui venho, o que foi roçador.) (D'Evreux, Viagem, 144)
kûeea (dem. pron.) - aquele (es, a, as) lá, aquilo lá (usados para o que está longe) (VLB, I, 109)
kûepe (ou kûeîpe) (adv.) - 1) longe, para longe: ...T'osó-pá xe mara'ara kûepe xe 'anga suí. - Que vá toda a minha doença para longe de minha alma. (Anch., Poemas, 168); Îasytatá kûepe é i nhemimi... - As estrelas bem longe se escondem... (Valente, Cantigas, IV, in Ar., Cat); ...Îaîu kûepe suí. - Viemos de longe. (Anch., Poemas, 96); T'osó umẽ temirekó kûepe. - Que não vá longe a esposa. (Ar., Cat., 284, 1686); 2) por aí; por aí afora; em toda parte: Xe mokõ kûepe mboîusu amõne. - Engolir-me-á por aí alguma cobra grande. (Anch., Teatro, 162); ...kûepe i moerapûanymbyra - o que é afamado por aí (Anch., Teatro, 12); Opakatupe kûeîpe abá nhe'enga kuabukari i xupé? - Todas as línguas dos homens por aí afora fê-los conhecer? (Ar., Cat., 45v); 3) fora, para fora: ...Kûepe osóbo, missa renduba reîá. - Indo para fora, deixando de ouvir missa. (Ar., Cat., 75v); Asó kûeîpe. - Vou para fora. (VLB, I, 141); 4) alguma parte, em alguma parte, em algum lugar, algures; a alguma parte, para algum lugar (VLB, I, 32; Fig., Arte, 130): kûeîpe suí - de alguma parte, dalgures (VLB, I, 89) ● kûé-kûeîpe é - muito longe (VLB, II, 51)
kunumĩgûasu (ou kunumĩûasu) (etim. - menino grande) (s.) - 1) rapaz, moço, adolescente; mancebo (VLB, II, 30): ...Kunumĩgûasu, apŷaba, kunhãmuku, xe boîáramo pabẽ xe pópe arekó-katu. - Os moços, os homens, as moças, a todos bem os tenho em minhas mãos como meus súditos. (Anch., Teatro, 34); A'epe kunumĩgûasu kunhã... oîmomosemba'e...? - E os rapazes que perseguem mulheres? (Anch., Teatro, 36); ...Karaibebé îepîakukari i xupé kunumĩgûasu-porãngaturamo nhẽ. - O anjo revelou-se a ela como um rapaz muito belo. (Ar., Cat., 31); 2) adolescência, juventude (de 15 a 25 anos) (D'Evreux, Viagem, 130): I kunumĩûasureme se'õû. - Em sua adolescência morreu. (D'Evreux, Viagem, 131) ● kunumĩgûasu-kakuabamo - mancebo de pouca idade (VLB, II, 30)
CURUBA pode ser, também, o bicho que provoca a sarna (in Dicion. Caldas Aulete)
kururuka (s.) - CURURUCA, nome comum a certos peixes marinhos, da família dos cianídeos (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 147)
matueté2 (s.) - imensidão, grande número; os muitos: O matueté aysó resé é oîerobîá... - Confiando na formosura de muitos de si... (Ar., Cat., 37v); (adj.) - imenso, muito: Xe aysó-matueté resé é, Tupã îepîakukari xebene... - Por causa de minha imensa formosura, Deus revelar-se-á a mim... (Ar., Cat., 38)
mba'epûera2 (etim. - coisas que foram) (s.) - 1) mexerico, intriga; 2) dizeres vãos, fúteis, coisas equivocadas, baboseiras, tolices: ...Mba'epûera peîépe? - Dissestes tolices? (Ar., Cat., 157v); (adj.: mba'epûer) - mexeriqueiro; (xe) - fazer mexericos, mexericar: Nde mba'epûerype nde rapixarĩ nhe'engûera mombegûabo? - Tu fizeste mexericos, contando as palavras de teu próximo? (Anch., Doutr. Cristã, II, 99); Ereîmombe'upe abá marã'eagûera... nde mba'epûeramo? - Contaste a maledicência de alguém, sendo mexeriqueiro? (Ar., Cat., 108); Xe mba'epûer. - Eu sou mexeriqueiro; Xe mba'epûer-y îá. - Eu costumo mexericar. (VLB, II, 37)
mba'etatá (etim. - coisa-fogo) (s.) - BOITATÁ (Anch., Arte, 9), BAITATÁ, BIATATÁ, BITATÁ, BATATÃO, mito dos antigos indígenas da costa brasileira. "...Há também outros (fantasmas), máxime nas praias, que vivem a maior parte do tempo junto do mar e dos rios, e são chamados baetatá, que quer dizer cousa de fogo, o que é o mesmo como se se dissesse o que é todo fogo. Não se vê outra cousa senão um facho cintilante correndo para ali; acomete rapidamente os índios e mata-os, como os curupiras; o que seja isto ainda não se sabe com certeza." (Anchieta, Cartas, Rio de Janeiro, 1933).
mboîoby (etim. - cobra verde) (s.) - BOIOBI, nome comum a várias espécies de cobras, geralmente verdes, finas e alongadas (VLB, I, 76)
NOTA - Entre os caipiras, BIRU era a mosca varejeira, que ataca e persegue os animais, atraída pela carne.
moeraîmombub (v.tr.) - esfriar a pele de (pintando-lhe o corpo para o refrigerar) (VLB, I, 32)
moîa'ok1 (v.tr.) - 1) repartir, dividir (coisas múltiplas) (aquele com quem se reparte: compl. com supé ou pé): Aîmoîa'ok xe itaîuba ahẽ pé (ou supé). - Reparti meu dinheiro com ele. (VLB, II, 66); Oîopytera rupi aîmoîa'ok. - Reparti-os pela metade. (VLB, II, 73); -I aogûera, marã serekóû? -I îukasarama oîmoîa'ok o îoupé. -E suas velhas roupas, que fizeram com elas? -Seus matadores repartiram-nas uns com os outros. (Ar., Cat., 62); Opá kombó îabi'õ Tupã supé oîepé asé mba'e moîa'oka. - De cada dez, repartir uma de nossas coisas com Deus. (Ar., Cat., 17); 2) apartar (p.ex., os que brigam): Aîmoîa'ok. - Apartei-os. (VLB, I, 130) ● i moîa'okypyra - o que é (ou deve ser) repartido, dividido:... Mba'eramo i moîa'okypyra rekóreme. - Por ser coisa que deve ser dividida. (Ar., Cat., 78v); emimoîa'oka - o que alguém reparte, divide: ...Ogûemimoîa'oka ogûa'yra pé ranhẽ onhe'enga... - Falando primeiro a seus filhos, que divide (isto é, os bons dos maus). (Ar., Cat., 162)
mombeb1 (v.tr.) - 1) esmagar, arrasar, achatar, acaçapar: ...T'opûar anhanga ri, mburu mombepa ....Que bata no diabo, esmagando o maldito. (Anch., Poemas, 88); 2) deitar, acamar (p.ex., a cana, a erva que estavam em pé), dispor deitado (VLB, I, 19); 3) alastrar (VLB, I, 29); 4) amassar (p.ex., vaso de estanho, casco de ferro, etc.) (VLB, I, 34) ● mombebaba (ou mombepaba) - tempo, lugar, modo, etc. de arrasar, de amassar, etc.; esmagamento: ...Akûeî tabusu Îerusalém 'îaba pora mombebaûama kuapa nhẽ aîpó i 'éû. - Disse isso conhecendo o futuro esmagamento dos habitantes daquela cidade chamada Jerusalém. (Ar., Cat., 61v-62); i mombebypyra - o que é (ou deve ser) esmagado, arrasado, etc. (Fig., Arte, 108)
mombîá (v.tr.) - desviar; derregar (fazer regos para levar embora a água da chuva): Aty-mombîá. - Desviei as águas. (VLB, I, 95) ● mombîasaba - tempo, lugar, instrumento, etc. de desviar, de derregar: 'y-mombîasaba - instrumento de desvio de água, sangradouro (VLB, II, 112)
mombuk (v.tr.) - 1) furar, fazer buraco em (VLB, I, 60): Oîké îugûasu i akanga kutuka, opá i mombuka. - Entram grandes espinhos, espetando sua cabeça, furando-a toda. (Anch., Poemas, 122); ...Omombuk-y bé xe akanga. - Furou também minha cabeça. (Anch., Teatro, 126); 2) arrombar (como arca, cabaço, navio) (VLB, I, 44); 3) desvirginar: Ereîmombukype kunhataĩ amõ...? - Desvirginaste alguma menina? (Anch., Doutr. Cristã, II, 89); 4) quebrar, arrebentar (VLB, I, 42): Abá mba'e mombuka... - Arrebentando as coisas de alguém. (Anch., Diál. da Fé, 213); Kó bé ingapé-kûatiara, t'aîakã-mombuk muru. - Eis aqui também a ingapema pintada, para que arrebente a cabeça dos malditos. (Anch., Teatro, 66) ● i mombukypyra - o que é (ou deve ser) furado, desvirginado, etc.; a mulher que não é mais virgem, a desvirginada (VLB, I, 83)
mondeb1 (v.tr.) - colocar, pôr, meter, enfiar, vestir (a roupa ou a pessoa), calçar: Opabĩ tekoaíba mondebi-katu o py'ape. - Todos os vícios colocaram bem em seus corações. (Anch., Teatro, 10); Aîaó-mondeb. - Vesti a roupa nele. (VLB, II, 144); ...Îandé py'a pupé sekó mondepa... - Dentro de nosso coração colocando sua lei. (Anch., Poemas, 88); Eîmondeb itangapema surupe.- Enfia a espada na bainha... (Ar., Cat., 54v); Aîmondeb o aîurybo. - Meto-o pelo pescoço. (Anch., Arte, 43); Aîpyapasá-mondeb. - Calcei o sapato; Aîepyapasá-mondeb. - Calcei-me os sapatos. (VLB, I, 63) ● mondepaba - tempo, lugar, etc. de pôr, de colocar, etc.: Okeretápe se'õmbûera o mondebagûerype oupa? - Dormiu demais seu cadáver, estando deitado no lugar em que o puseram? (Ar., Cat., 44v)
mopen (v.tr.) - quebrar: Aîuru mopen nhe'engixûera. - Quebro a boca de um tagarela. (Fig., Arte, 88); Osó bé amõ maranaritekoara a'e mokõî mondá retymã mopena... - Foram de novo alguns soldados para quebrar as pernas daqueles dois ladrões. (Ar., Cat., 64)
mopopyatambab (etim. - tornar mãos e pés completamente duros) (v.tr.) - 1) vencer a braços, vencer à força de braços (VLB, I, 141); 2) cansar, enfraquecer (VLB, I, 65)
mo'ypiting (etim. - tornar a água pintada) (v.tr.) - turvar a água de: Aîmo'ypiting. - Turvei sua água. (VLB, II, 138)
ne'ĩ (ou ene'ĩ) (part.) - 1) eia! vamos! pois! pois sim! sus! (VLB, I, 33) (Leva o verbo para o gerúndio.): Ne'ĩ taûîé xe reîyîa...! - Eia, afasta-me depressa! (Anch., Poemas, 98); Ne'ĩ sekyîa ko'yté! - Eia, puxa-o enfim! (VLB, II, 58); ...Ne'ĩ t'asó nde irũmo...! - Eia, hei de ir contigo...! (Anch., Teatro, 64); Ne'ĩ t'osó! - Sus, que ele vá! (Anch., Arte, 56v); Ne'ĩ mba'e monhanga! - Vamos, faze algo! (Fig., Arte, 163); 2) tudo bem; de acordo; muito bem; está certo (consentindo) (Fig., Arte, 136): Ne'ĩ a'é. - Digo que está muito bem (aceitando como opinião própria ou concedendo algo). (VLB, I, 19); -Esenõî mbá! -Koromõ! -Ne'ĩ! -Nomeia tudo! -Logo mais! -Tudo bem! (Léry, Histoire, 343) ● ne'ĩ n'endé aé - faze como te parece (VLB, II, 17); ne'ĩ anhẽ (ou ne'ĩ anhẽhengûy) - forma negativa de ne'ĩ (VLB, II, 58); neĩ bé! - outra vez! torna a fazer! (Fig., Arte, 135); ne'ĩ îandé (ou ne'ĩ nehẽ ou ne'ĩ-ne îandé ranhẽ ou ne'ĩ ranhẽ) - saudação do que se despede (VLB, II, 113); ne'ĩ ne'ĩ! - eia! (incitando com ênfase) (VLB, I, 29); ne'ĩ rõ! (ou ne'ĩ-ne rõ!) - eia, pois; pois assim; pois assim o queres (VLB, I, 108)
no'ong (v. intr.) - 1) ajuntar-se; aumentar (p.ex., a riqueza, os bens): Ono'ong mba'e ixébo. - Aumentaram as riquezas para mim. (VLB, I, 117); 2) subir, crescer (p.ex., a água na fonte, no poço) (VLB, I, 85)
nhemõîa (s.) - comborça, a outra mulher do marido em relação a sua esposa verdadeira ou a correlação de duas mulheres em concubinato com o mesmo homem (VLB, I, 77); (adj.: nhemõî) (xe) - ter comborça: Xe nhemõîetá. - Eu tenho muitas comborças. (Ar., Cat., 115)
obabo'o (s) (v.tr.) - pelar a testa: Asobabo'o. - Pelei-lhe a testa. (VLB, II, 70)
pab2 (v. intr.) - 1) acabar, terminar, chegar ao fim, esgotar-se: Graça semime'enga n'opabi. - A graça que ele dá não acaba. (Ar., Cat., 5); quarenta 'ara pab'iré... - após acabarem os quarenta dias (Bettendorff, Compêndio, 51); Oropab oromanõmo. - Morrendo, chegamos ao fim. (Anch., Poemas, 82); 2) perecer; sofrer mortandade (VLB, II, 42) ● opaba'e - o que acaba: tekobé opaba'erame'yma - a vida que não acabará (isto é, a vida eterna) (Ar., Cat., 27); papaba (ou papagûaba) - tempo, lugar, causa, etc. de acabar; o fim; o término, a conclusão: N'i sykabi, n'i papabi. - Não tem limite, não tem fim. (Ar., Cat., 165); ...'ara papápe... - no fim do mundo (lit., no tempo de acabar o mundo) (Ar., Cat., 16)
paîemarĩoba (etim. - folha do pajé manco) (s.) - PAJAMARIOBA, MAJERIOBA, MANJERIOBA, nome comum de plantas leguminosas-cesalpinoídeas do gênero Senna, conhecidas também como PAJOMARIOBA, PAIERIABA, folha-de-pajé, mata-pasto, fedegoso-verdadeiro. A espécie mais importante é a Senna occidentalis (L.) Link, espalhada por quase todo o Brasil. (Brandão, Diálogos, 118)
pe3 (Ênclise usada para a interrogação em tupi. O termo que se quer enfatizar, na pergunta, aparece no início da frase, com -pe enclítico.): Xepe asóne? - Eu irei? Asópe ixéne? - Irei eu? (Fig., Arte, 166); Abá nhe'engûerape aîpó? - Palavras de quem são aquelas? (Ar., Cat., 32v); Ereîukápe? - Mataste? (Anch., Arte, 35v); Xe rubape osó? - Meu pai foi? (Anch., Arte, 36); Ndepe nde îuká? - A ti é que matam? (Anch., Arte, 36); Ereîpotápe itaîuba? - Queres ouro? (Anch., Teatro, 44)
pe'arung (etim. - pôr afastamento) (v.tr.) - afastar: Sarûab amõme asé posangygûaba, mara'ara moîerobu-bé-uká, amõme i pe'arunga o arûabíreme. - Não faz efeito, às vezes, nosso remédio, fazendo avivar mais a doença, às vezes por sua ineficácia em afastá-la. (Anch., Doutr. Cristã, II, 78)
No Nordeste há a expressão PEGAR UM PEBA, isto é, cair, levar um tombo, achatando-se (in PDBLP, 920). Como adjetivo, no P.B. (NE), PEBA pode significar reles, ordinário; NAPEVA é "curto de pernas, nanico" (em referência, geralmente, a galináceos ou a cães); PEVA, raça de galinha de pernas curtas; JAGUAPEVA ou JAGUAPEBA (S.) (îagûar + peb + -a), variedades de cães domésticos de pernas curtas; PEBADO (CE pop.)
pe'ĩ1! (interj.) - eia! vamos! pois! pois sim! avante! sus! (com a 2ª p. do pl.): Pe'ĩ, peîpûá muru! - Eia, amarrai os malditos! (Anch., Teatro, 42); Pe'ĩ, îandé bé îaîekuakub... - Eia, nós também jejuemos. (Ar., Cat., 9v) ● Pe'ĩ tîá! - Sus! Avante! (Anch., Arte, 23) (V. tb. pene'ĩ)
pereba (m) (s.) - ferida, chaga, PEREBA, PEREVA, BEREBA, BEREVA: Nde nhyrõ... xebe... nde pereba i moetepyreté resé... - Perdoa a mim por tuas chagas veneráveis. (Bettendorff, Compêndio, 128); (adj.: pereb) - PEREBENTO, que tem chaga, ferida: Xe pereb. - Eu tenho ferida; Xe peré-pereb. - Eu sou muito perebento. (VLB, I, 60)
petek (v.tr.) - golpear; esbofetear; bater (com a mão espalmada), espalmar: Aîatypetek. - Esbofeteei suas têmporas. (VLB, I, 56); Morubixaba boîá amõ osobá-petek... - Um servo do príncipe esbofeteou sua cara. (Ar., Cat., 55v); Sebira aîpetek. - Esbofeteei suas nádegas. (VLB, I, 21); Aîpó-petek. - Esbofeteei suas mãos (isto é, bati-lhe com palmatória). (VLB, II, 63) ● petekara - o que bate, o esbofeteador, o que esbofeteia: -Opabenhẽ serã erimba'e a'e petekara iî a'o-îa'oû? - Será que todos aqueles esbofeteadores dele ficaram a injuriá-lo? (Ar., Cat., 56v)
petyma (s.) - 1) PETIMA, PETEMA, PETUM, PETUME, tabaco, nome genérico de plantas solanáceas (entre as quais a Nicotina tabacum L.), cujas folhas, depois de preparadas, servem para cheirar, fumar ou mastigar (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 274; Staden, Viagem, 154): Ererupe nde petyma? - Trouxeste teu fumo? (Anch., Teatro, 146); 2) fumaça que se inala ao se fumar (VLB, I, 144) ● petymaoba - folhas de tabaco (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 274)
pixyb (etim. - limpar a pele) (v.tr.) - untar; ungir: Oropixyb umã îandy-karaíba pupé... - Já te ungi com o óleo bento. (Ar., Cat., 315); Ereîpotápe îandy-karaíba pupé ixé nde pixyba? - Queres que eu te unte com óleo bento? (Ar., Cat., 309)
poî (-îo-) (v.tr.) - 1) alimentar, dar de comer a, sustentar: Ambyasybora poîa. - Dar de comer aos famintos. (Ar., Cat., 18); ...I poîa-mirĩ nde kama pupé. - Alimentando-o um pouco em teu seio. (Anch., Poemas, 118); Eîori xe poîkatûabo. - Vem para me alimentar bem. (Anch., Poemas, 134); Aruretá kó reri, i pupé nde poî-potá. - Trouxe muitas destas ostras, com elas querendo alimentar-te. (Anch., Poemas, 150); 2) fazer oferendas a: ...Îatyby-poî ma'e amõ nonga... - Fazemos oferendas às sepulturas, pondo algumas coisas (nelas). (Ar., Cat., 8v); 3) convidar para comer (Anch., Arte, 52v); 4) repartir com (alguma coisa: compl. com pupé): Aîopoî ahẽ so'o pupé. - Reparti com ele a carne. (VLB, II, 66) ● emipoîa (t) - o que alguém alimenta, o que alguém convida para comer, etc.: xe remipoîangaîbara - o magro que convido para comer (Anch., Arte, 52v); xe remipoîmembeka - o fraco que convido para comer (Anch., Arte, 52v); i poîpyra - o que é (ou deve ser) alimentado, sustentado, etc. (Fig., Arte, 107); poîtara - o que alimenta, etc. (Fig., Arte, 119); poîtaba - tempo, lugar, modo, etc. de alimentar, de sustentar, etc. (Fig., Arte, 119)
pokyram (v.tr.) - excitar, estimular: ...nde rapixara ku'a îubana, nde poropotá-pokyramamo - abraçando a cintura de teu companheiro, estimulando teu desejo sensual (Anch., Doutr. Cristã, II, 96-97)
pororoka (s.) - POROROCA, 1) explosão, rebentamento; 2) fenômeno de encontro das águas dos grandes rios com a água do mar durante as marés de sizígia, produzindo ondas muito grandes que provocam destruição ao se deslocarem. Acontece particularmente na foz do rio Amazonas. (Figueira, Missão do Maranhão, in Leite, Luiz Figueira [1940], 189-190; Heriarte, Descr. Maranhão, Pará, in Varnhagen, Hist. [4ª ed., 1951, III, 176])
poru2 (v.tr.) - revezar-se com [em algo: compl. com esé (r, s)]: -Setápe i nupã-nupãsara? -Setá, sesé oîoporu-porûabo... - Eram muitos os que estavam a castigá-lo? -Eram muitos, ficando a revezar-se uns com os outros nisso. (Ar., Cat., 60); Oroîoporu. - Revezamo-nos uns com os outros. (VLB, II, 104)
poûsub2 (v.tr.) - recusar; opor-se a (VLB, II, 99)
putupyk (etim. - cessar o fôlego) (v.tr.) - tapar a boca a: Aîputupyk. - Tapei-lhe a boca. (VLB, II, 124)
pyky'yra (m) (s.) - 1) irmã mais moça (de m.): O me'engabeté pyky'yra koîpó tykera... resé obykyba'e n'e'ikatuî omendá o me'engabeté resé tiruã... - O que tocou na irmã mais moça ou na irmã mais velha de sua noiva não pode casar-se nem mesmo com sua noiva. (Ar., Cat., 131); 2) prima mais moça (de m.): Oîmombe'u uman karaibebé i pyky'yra pé i puru'aramo sekó. - Já anunciara o anjo a sua prima estar ela grávida dele. (Ar., Cat., 6v); 3) sobrinha mais moça (de m.) (Ar., Cat., 270)
pytumimbyka (s.) - escuridão: ...Sesaý pytumimbyka rupi pé resapébo. - Fachos para iluminar o caminho pela escuridão. (Ar., Cat., 74, 1686); (adj.: pytumimbyk) - muito escuro (VLB, I, 124): O pytumimbykamo nhẽ nhemongaraibypyre'yma 'anga rekóû. - Muito escura é a alma do que não é batizado. (Ar., Cat., 187, 1686)
samambaîa (etim. - corda de pesos, i.e., corda de brincos, de pingentes) (s.) - SAMAMBAIA, SAMAMBAIA-DO-MATO-VIRGEM, gleiquênia, 1) planta bromeliácea, Tillandsia usneoides (L.) L., segundo a Flora de Martius; 2) fetos xerófilos da família das gleiqueniáceas, do gênero Dicranopteris, muito ornamentais (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 46)
sapukaî1 (v. intr.) - bradar, gritar, cantar (o galo, etc.): Ndebe orosapuká-pukaî. - A ti ficamos bradando... (Ar., Cat., 14); Mosapy ipó xe boîáramo nde rekó ereîkuakub mokõî gûyrá sapukaî' e'ymebéne... - Na verdade, três vezes negarás ser meu discípulo antes de o galo cantar duas vezes. (Ar., Cat., 57-57v); Karaíba osapukaî tenhẽ "terre, terre". Ybakuna supinhẽ. - Os homens brancos gritam, por engano: "-Terra, terra." Na verdade, são nuvens escuras. (D'Abbeville, Histoire, LI)
sebypyra (ou sepepyra ou sapopyra) (s.) - SIBIPIRA, SUCUPIRA, designação comum a três árvores da família das leguminosas (Bowdichia virgilioides Kunth., Diplotropis racemosa (Hoehne) Amshoff e Diplotropis brasiliensis (Tul.) Benth.), da floresta densa e úmida, que se caracterizam pela madeira castanho-escura, de fibras amarelas, muito dura e pesada, utilizada em construção e marcenaria. São também conhecidas como SAPUPIRA-DA-MATA, SAPUPIRA e SICOPIRA. (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 100)
seîxutatá (etim. - plêiades de fogo) (s.) - ano: ...Tupã oîmonhyrõ o îoupé setá nhẽ seîxutatá tekoangaîpaba repy-mondykápe... - Fazem aplacar a Deus a si mesmos, ao eliminarem a dívida dos pecados de muitos anos. (Ar., Cat., 142v)
tĩapyra (etim. - ponta de bico) (s.) - 1) dianteira (VLB, I, 103); guia, o que vai à frente, vanguarda (Anch., Arte, 14); o dianteiro na ordem (VLB, I, 152): marana tĩapyra - a vanguarda da guerra, o que vai à frente dos outros na guerra (para obter informações do campo inimigo) (VLB, II, 141); 2) espião: Tupinakyîa, keygûara, tĩapyra moroupîara. - Tupiniquins, habitantes daqui, espiões inimigos. (Anch., Teatro, 140)
tyapyî (v.tr.) - esgotar a água de (algum lugar ou algum recipiente que a contenha): Aîtyapyî. - Esgotei a água dele. (VLB, I, 125)
uba3 (t, t) (s.) - 1) pai: Enhe'eng nde ruba supé. - Fala a teu pai. (Fig., Arte, 6); Asopatĩ xe ruba. - Armo a rede a meu pai. (Fig., Arte, 88); Korite'ĩ Pedro xe ruba mongetáû. - Agora Pedro com meu pai falou. (Fig., Arte, 96); 2) tio paterno (Ar., Cat., 116v); 3) primo paterno (Ar., Cat., 116v); 4) padrinho de pia (VLB, II, 62); 5) os pais, os progenitores (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 276); [adj.: ub (r, t)] (xe) - ter pai: Xe rub. - Eu tenho pai; Nde rub. - Tu tens pai; Tub. - Ele tem pai. (Fig., Arte, 39) ● tugûera - o que foi pai (VLB, II, 62); o pai extinto, antigo (Anch., Arte, 33v); xe ruba xe monhangara - meu pai, o que me gerou (para não haver confusão com outros parentes que também eram chamados tuba) (Anch., Cartas, 459); xe membyra ruba - o pai de meus filhos (isto é, meu marido legítimo) (Anch., Cartas, 459)
umby2 (r, s) (xe) (v. da 2ª classe) - torcer-se (como o lagarto que, quando o matam, revira o rabo ou a metade do corpo para cima, em arco) (VLB, II, 132)
uru3 (r, s) (s.) - embarcação (enquanto algo que contém coisas e pessoas): Xe ruru. - Minha embarcação (isto é, a que me contém, não aquela que me pertence). (VLB, I, 110)
urumbeba (s.) - URUMBEBA, URUMBEVA, nome comum a plantas cactáceas dos gêneros Opuntia Tournefort e Nopalea Salm. Dyck., conhecidas vulgarmente também como palmatória, IURUMBEBA, URURUMBEBA e IURUROBEBA. No Brasil as espécies mais comuns são a O. brasiliensis (Willd.) Haw. e a O. monocantha (Willd.) Haw. (Piso, De Med. Bras., IV, 195)
u'uma (r, s) (s.) - 1) lama, barro: -Mba'epe oîmonhang setéramo? -Yby-u'uma nhẽ. -De que fez seu corpo? -Do barro da terra. (Ar., Cat., 38v); 2) (fig.) sujeira: Nd'e'i te'e nde ru'umusu abá 'anga momoxŷabo. - Por isso mesmo tua grande sujeira estraga as almas dos índios. (Anch., Teatro, 44); 3) borra de um líquido, isto é, a parte sólida de algum líquido que se deposita no fundo de uma garrafa; sedimento (VLB, I, 58); [adj.: u'um (r, s)] - 1) enlameado, borrado, sujo: Mba'e-u'uma, taîasu...! - Coisa enlameada, porco...! (Anch., Teatro, 44); Xe ru'um. - Eu estou enlameado. (VLB, I, 117); 2) (fig.) espesso, compacto, viscoso (p.ex., a papa) (VLB, I, 53)
'ybab (etim. - cortar a planta) (v.tr.) - podar: Aî'ybab. - Podei-a. (VLB, II, 79)
'ybakamusi (etim. - fruta-pote) (s.) - CAMBUCI, 1) árvore da família das mirtáceas (Campomanesia phaea (O. Berg) Landrum); 2) o fruto dessa árvore, "semelhante ao limão, com uma casca fina, muito suco, acre como a uva brava" (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 141)
ybyeté (etim. - terra verdadeira) (s.) - terra firme, em oposição ao mar ou ao que está no mar: T'îasó ybyetépe. - Vamos a terra (diz o que está no navio). (VLB, II, 127)
ybyku'yba (s.) - IBICUÍBA, BICUIBEIRA, BICUÍBA, BICUÍBA-DE-FOLHA-MIÚDA, árvore da família das miristicáceas (Myristica bicuhyba Schott ex Spreng.), de boa madeira, usada para a marcenaria e de caule e casca com propriedades medicinais. É também chamada BICUÍBA-VERMELHA, BOCUBA, BOCUUVAÇU, BOCUIABÁ*, BUCUUVA. (Soares, Coisas Not. Bras. [ms .c], 1872-1883; Vasconcelos, Crônica [Not.], II, §81, 153)
ybyra2 (s.) - 1) estopa: yby-pomombykypyra - estopa torcida (VLB, I, 82); [adj.: ybyr (r, s)] - estopento: Tukũ sybyr. - O tucum é estopento (isto é, fibroso como a estopa). (VLB, I, 129); 2) linho: ybyraoba - pano de linho (VLB, II, 64)
ybyra6 (t, t) (s.) - irmão mais novo (de h.) (VLB, II, 14): T'oú îandé pytybõmo xe rybyra... - Que venha para nos ajudar meu irmão mais moço. (Anch., Teatro, 130); Aîtyby-nupã. - Açoutei-lhe o irmão. (Anch., Arte, 50v) (No vocativo, a consoante final -r do tema pode mudar-se em -t.): Xe rybyt, nde nhyrõ xebo... - Meu irmão, perdoa tu a mim. (Anch., Teatro, 46)
ybytyra (r, t) (etim. - amontoado de terra < yby + atyra) (s.) - 1) montanha, morro; monte; cabeço, lugar alto (VLB, I, 61); outeiro (VLB, II, 55): Akûeîme apytá memẽ nde pyri, ybytyrapûápe. - Antigamente eu ficava sempre junto de ti, no alto do morro. (Anch., Poemas, 154); -Mamõpe gûá Îandé Îara rerosyki ko'yté? -Ybytyra Monte Calvário 'îápe. -Aonde chegaram com Nosso Senhor, finalmente? -Ao outeiro chamado Monte Calvário. (Ar., Cat., 89, 1686); 2) serra: Taba supa, ybytyrype xe sóû... - Para visitar a aldeia, eu fui à serra. (Anch., Teatro, 10); [adj.: ybytyr (r, s)] - serrano, montanhoso; (xe) ter outeiros (a terra ou o caminho) (VLB, II, 60) ● ybyty-bytyra - muitos outeiros, serrania (VLB, II, 60; 117)
ypy1 (v.tr.) - começar a (com verbo incorporado): ...sa'ang-ypŷabo - começando a pronunciá-lo (Ar., Cat., 25v); Osepîápe karaibebé Tupã o monhangara o monhang-ypyreme? - Viram os anjos a Deus, seu criador, quando ele começou a criá-los? (Ar., Cat., 37v)
Baraúna (RN). De ybyrá + un (r, s) + -a: madeira escura.
Biguatinga (MG). De migûá + ting + -a: biguás claros.
Botovi (rio de MT). A mesma etimologia de Batovi (v.).
Buquira (rio de SP). A mesma etim. de Boquira (v.).
Camburiú (rio de SP). A mesma etim. de Camboriú (v).
Caratuva (rio do PR). A mesma etim. de Caratuba (v.).
Cauvi (rio de SP). A mesma etimologia de Caubi (v.).
Cunhaporanga (PR). De kunhã + porang + -a: mulheres bonitas.
Curimataí (rio de MG). A mesma etimologia de Corumbataí (v.).
Embiacica (morro de São Paulo, SP). De yby - terra + asyk - cortado, decepado + -a: terra cortada.
Groatá (rib. de GO). A mesma etim. de Caraguatá (v.).
Guararema (SP). De ybyrá + rem + -a: árvore fedorenta (o pau-d'alho).
Guaratuba (rio de SP). A mesma etim. de Guaratiba (v.).
Guiratinga (MT). De gûyrá + ting + -a: aves brancas, garças.
Ibiracica (MG). De ybyrá + ysysk/a + -a: árvores resinosas.
Ibiraçu (ES). De ybyrá + -ûasu: árvore grande. Só "em 1943 o município passou a chamar-se Ibiraçu, que significa Pau Gigante." (fonte: IBGE).
Ibirajuba (PE). De ybyrá + îub + -a: árvore amarela. "Em 1933, por sugestão do escritor Mario Melo, a povoação de Gameleira passou a se chamar Ibirajuba (...)". (fonte: IBGE)
Ibirapuera (SP). De ybyrá + pûer + -a: árvores velhas.
Ibiratinga (PE). De ybyrá + ting + -a: árvore branca, pau branco. "Pelo decreto-lei estadual nº 235, de 09-12-1938, o município passou a ser grafado Sirinhaém e o distrito de Pau Branco passou a denominar-se Ibiratinga." (fonte: IBGE)
Itariru (rio de SP). A mesma etimologia de Itareru (v.).
Jundaí (rio de SP). A mesma etimologia de Jundiaí (v.).
Pequeri (rio de MT). A mesma etimologia de Piqueri (v.).
Piriqui (rio do PR). A mesma etim. de Piraquê (v.).
Piririca (rio de Iguape, SP). Da língua geral meridional, pequena corredeira ou ondulação à tona da água, produzida pelos peixes.
Putuna (rio do PR). A mesma etimologia de Pituna (v.).
Taboco (rio do MT). A mesma etim. de Tabocas (v.).
Taquaru (rio de SP). A mesma etim. de Taquari (v.).
Tatajiba (rio do RS). A mesma etim. de Tatajuba (v.).
Tijuco (rib. de SP). A mesma etimologia de Tijuca (v.). "...é de barro, ou tijuco, que assim se chama por cá, é de não dificultosa subida." (Caetano da Costa Matoso [1749], Diário da Jornada que fez o ouvidor Caetano da Costa Matoso..., p. 895).
Tutinga (rio de Cubatão). De ty + ting + -a: rio claro.
COUTO, José Vieira [1801], Appendice sobre a nova lorena diamantina - descripção das minas contidas no terceiro cofre, e dispostas segundo os systemas de linnco, wallerio, e bergman. In Memória sobre as minas - Capitania de Minas Geraes. Belo Horizonte: Fundação João Pinheiro, 1994.
DESCONHECIDO [1754], Relação da chegada que teve a gente de Mato Groço, e agora se acha em Companhia do Senhor D. Antonio Rolim desde o porto de Araritaguaba, até a esta Villa Real do Senhor Bom Jesus de Cuyabá. Anais da Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro, v. 20, p. 245-248, 1988.
a'angamỹîa (t) (s.) (etim. - a'angaba; mỹîa) - vídeo; filme | vídeo; movie | Asepîak mbarakaîá ra'angamỹîa kûesé. - Ontem eu vi um vídeo de um gato - Yestarday, I saw a video of a cat (CPB Tupi, 2018, Comum) - neologismo
a'e2 (dem. pron. e adj.) - 1) - esse (es, a, as); aquele (es, a, as), isso, aquilo: A'e ré kori îasó tubixaba akanga kábo. - Depois disso, hoje vamos quebrar as cabeças dos reis. (Anch., Teatro, 60); N'aîkuabi a'e abá... - Não conheço esse homem... (Ar., Cat., 57); ...A'epûera nongatûabo é îandé îabé apŷabetéramo i nhemonhangi erimba'e... - Para acalmar aquele, como nós ele se fez homem verdadeiro. (Ar., Cat., 84); 2) ele (es, a, as): Osobá-syb aó-tinga pupé; a'e resé sobá ra'angaba pytáû. - Limpou seu rosto com um pano branco; nele ficou a imagem de seu rosto. (Ar., Cat., 62); Karaibebé a'e, moroîubyka puaîtara. - Ele é o anjo que encomenda o enforcamento. (Anch., Teatro, 62); 3) aquele (es, a, as) que: A'e asetobapé-pyténe... peîpysy-katu kori, i popûá... - Aquele que eu beijar na face, agarrai-o, atando-lhe as mãos. (Ar., Cat., 75) ● a'erama ri - para tanto, para isso: A'erama ri Tupã asé rekomonhangaba resé... o ma'enduaramo... - Para tanto, lembra-se a gente dos mandamentos de Deus. (Bettendorff, Compêndio, 92); a'e îabé - outro tanto; da mesma maneira (VLB, II, 61); a'e îá - assim, desse modo: A'e îá bépe gûá i py rerekóû, itapygûá pupé i moîáno? - Assim também fizeram com seus pés, pregando-os com cravos? (Anch., Diál. da Fé, 189)
ahẽ1 (dem. pron. e adj.) 1) aquele, ele (s, a, as): Ahẽ xe re'õ-motareme, aîpotá-katu... - Se ele quiser minha morte, folgo com ela. (D'Abbeville, Histoire, 351v); Oré ma'e îara ahẽ pé. - Nós somos portadores de riquezas para ele. (Léry, Histoire, 362); ...Oré mo'esara ahẽ t'oîkó... - Que eles sejam nossos mestres (D'Abbeville, Histoire, 342); Tó! Mamõpe ahẽ rekóû?... - Eh! Onde ele está? (Anch., Teatro, 10); N'i mba'e-katuî xûé-temo ahẽ mã!... - Oxalá ele não tivesse coisas boas! (Ar., Cat., 73); Xe momotar ahẽ aoba. - Atrai-me a roupa daquele. (VLB, I, 75); 2) fulano: Marã îasûaramo ahẽ kûepe se'õ mã...? - Ah, como será a morte do fulano por aí? (Ar., Cat., 101v); Anhomim temõ ahẽ mba'e amõ mã!... - Ah, quem me dera esconder alguma coisa do fulano! (Anch., Doutr. Cristã, II, 101); Ahẽ repîaka suí ké aîur. - Veio aqui para não ver fulano. (D'Evreux, Viagem, 144) ● amõ ahẽ - alguém (h.) (VLB, I, 154)
aîpó (dem. pron. e adj.) - esse (es, a, as), aquele (es, a, as), isso, aquilo: Mbobype aîpó i 'éû? - Quantas vezes disse isso? (Ar., Cat., 55v); Aîpó nhẽ-pipó ereîkó? - Porventura fazes isso à toa? (Anch., Teatro, 22); Aîpó nhõ-pipó nde rera? - Esse, somente, é de fato teu nome? (Anch., Teatro, 44); T'asó aîpó nhe'enga mopó... - Hei de ir cumprir essas palavras. (Anch., Teatro, 60); T'asó nde pyri, kori, aîpó tubixaba gûabo. - Hei de ir junto de ti, hoje, para comer aqueles reis. (Anch., Teatro, 66); Eteumẽ, aîpó tekó kuab'iré, tekó-poxy rerekóbo. - Guarda-te, após conhecer essa lei, de ter má vida. (Anch., Poemas, 158); Aîporama resé é peîmongaraíb abaré pyri. - É por isso que o batizais junto ao padre. (Ar., Cat., 127v); Abá nhe'engûerape aîpó? - Palavras de quem são essas? (Ar., Cat., 35); (adv.) eis que esse (es, a, as), eis que aquele (es, a, as): Aîpó turi. - Eis que esse vem (ouvindo sua voz, somente, não o vendo). (VLB, I, 109); Aîpó xe me'engarama ruri... - Eis que veio o que me entregará. (Ar., Cat., 53v) ● aîpó nhẽ! - É isso! Aí é que está!: Aîpó nhẽ! Xe putupab nhẽ nde ri. - Aí é que está! Eu estou surpreso por tua causa. (Léry, Histoire, 353); aîpó suí - daí, desse lugar (que tu dizes) (VLB, I, 89)
akó1 (dem. pron. e adj.) - 1) este (es, a, as), esse (es, a, as), aquele (es, a, as); isto, isso, aquilo (vis. ou n.vis.): N'osa'angi-tep'akó nhembo'e ko'arapukuî? - Mas não tentam esses aprender sempre? (Anch., Teatro, 30); Akó xe îubykarûera... - Esse é meu antigo enforcador. (Anch., Teatro, 62); Akó 'y asé reté moîasuka îabé, akûeîa îabé. - Assim como esta água lava o corpo da gente, também aquela (lava). (Anch., Doutr. Cristã, I, 201); Akó tubixanẽmbûera? - Aqueles velhos reis fedorentos? (Anch., Teatro, 64); 2) (adv.) eis que: Akó ybakype ogûekó îakatu, Îandé Îara... rekóû miapepûera pupé nhẽ abaré pópe re'a... - Eis que, como está no céu, Nosso Senhor está dentro do pão nas mãos do padre, com certeza. (Ar., Cat., 84v); 3) aquele que: Akó oîké rakó Tupãokype... - Aquele que entrava na igreja. (VLB, I, 40) ● akó amõaé - aquele outro (VLB, I, 40)
akypûeri (r, s) (etim. - nas pegadas) (loc. posp.) - atrás de, no encalço de, em seguida a, no rastro de, pelo rastro de: Nd'osóîpe i boîá amõ sakypûeri? - Não foi algum discípulo seu atrás dele? (Ar., Cat., 55); Sakypûeri aîkó. - Estou atrás dele (isto é, no seu encalço). (VLB, I, 47); Sakypûeri asó. - Vou atrás dele. (VLB, II, 135); Abá 'anga mara'ara i pupé opûeîrá-katu; sakypûeri Tupã rara. - As doenças da alma do homem com ela saram bem; em seguida a ela, a comunhão. (Anch., Teatro, 38) ● o îoakypûeri - um atrás do outro; o îoakypûé-kypûeri - uns atrás dos outros (VLB, I, 154)
amandaba (s.) - redondeza (de coisa plana); círculo: - Akó morotinga, i amandaba bé asé osepîak... - A gente vê aquela coisa branca e sua redondeza também. (Anch., Doutr. Cristã, I, 216); (adj.: amandab) - redondo, circular: Xe amandab. - Eu sou redondo. (VLB, II, 99)
amby (s.) - ventrecha, parte inferior da barriga, parte do corpo entre o umbigo e a virilha; colo (Castilho, Nomes, 38): Xe ambyî arekó. - Trago-o no meu colo. (VLB, I, 77)
amorepyxuna (etim. - moréia escura) (s.) - AMOREPIXUNA, AMBOREPIXUNA, peixe da família dos gobiídeos, que tem a nadadeira ventral em forma de ventosa, com que se agarra às pedras (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 166)
angaîpaba (etim. - ruindade da alma) (s.) - 1) maldade, mau ato; pecado: T'aîpapáne i angaîpaba ta xe rerobîá îepé. - Hei de contar os pecados deles para que tu acredites em mim. (Anch., Teatro, 34); Na setáî xe angaîpaba... - Não são muitos meus pecados... (Anch., Teatro, 76); ...Temiminõ 'arybo nhẽ oîmombe'u o angaîpá-mirĩ anhõ. - Os temiminós de dia confessam seus pecadilhos, somente. (Anch., Teatro, 160, 2006); 2) o pecador, o mau: Tupã rerobîara mombe'u posykyîee'yma resé, angaîpaba São Mateus... îukáû. - Por não recear proclamar a fé em Deus, os pecadores mataram São Mateus. (Ar., Cat., 7v); (adj.: angaîpab ou angaîpá) - maldoso; mau; pecador: I angaîpá kó nde boîá; na xe rerekó-katuî. - São maus estes teus servos; não me tratam bem. (Anch., Poemas, 154); Xe angaîpab-eté... - Eu sou muito pecador. (Anch., Dial. da Fé, 229); (xe) cometer pecado [com esé (r, s): cometer pecado carnal]: I angaîpab rakó nde remirekó resé... - Ele certamente comete pecado com tua mulher. (Ar., Cat., 108); (adv.) - maldosamente, velhacamente: Aîkó-angaîpab. - Ajo velhacamente. (VLB, II, 143) ● i angaîpaba'e - o que é pecador: Etupãmongetá oré i angaîpaba'e resé. - Roga a Deus por nós, os que somos pecadores. (Anch., Doutr. Cristã, I, 139); angaîpabora - pecador; o que costuma pecar: Abá angaîpabora São Mateus... îukáû. - Os homens pecadores mataram São Mateus. (Ar., Cat., 134, 1686); 'Anga îá, angaîpabora aîuká, xe ratápe sero'ane... - Como a esses, matarei os que costumam pecar, fazendo-os cair comigo em meu fogo. (Anch., Teatro, 92)
a'o (v.tr.) - injuriar, desonrar com palavras, insultar: Opabenhẽ serã erimba'e a'epe tekoara iî a'o-îa'oû...? - Por acaso todos os que estavam ali ficaram a injuriá-lo? (Ar., Cat., 56v); Nd'e'i te'e moxy onhana... oîoa'o-marangatûabo... - Por isso mesmo as malditas correm, insultando-se muito umas às outras. (Anch., Teatro, 128); Oîa'o-îa'ope o mena emonã sekó reséne? - Ficará injuriando seu marido por ele assim proceder? (Anch., Doutr. Cristã, I, 228) [O gerúndio é agûabo: i agûabo - injuriando-o (Ar., Cat., 74)]
apar (v.tr.) - entortar, arquear, encurvar (p.ex., a vara): Aîapar. - Entortei-a. (VLB, I, 40)
api'aîuru'uma (t) (s.) - esmegma, secreção branca que cobre a base da glande (Castilho, Nomes, 29)
apó1 (dem. pron. e adj.) - aquele (es, a, as), aquilo (como quando se esquece do nome): Apó é. - Aquele mesmo. (VLB, I, 39); T'i îerobîar apó abá ri. - Confiemos nesses homens. (Léry, Histoire, 355)
'ar5 (v. intr.) - embarcar: A'ar. - Embarquei. (VLB, I, 110); Onhemombe'upe abá gûarinĩnamo o só îanondé, ygarusupe o 'ar-y îanondé? - Confessa-se alguém antes de ir à guerra, antes de embarcar num navio? (Anch., Doutr. Cristã, I, 212)
arinhama (s.) - nome de ave parecida com a galinha; galinha: Endé-te, nde resemõ arinhama, taîasu. Mas a ti, sobram-te galinhas e porcos. (Anch., Poemas, 152); Pysaré serã ereîkó arinhama mokanhema? - Será que a noite toda ages para fazer sumir as galinhas? (Anch., Teatro, 30); arinhama rupi'a - ovo de arinhama (Léry, Histoire [1580], p. 276)
'asyb (v.tr.) - tosquiar os cabelos (de modo particular, ou seja, por toda a moleira, quase rente e tudo o mais ao comprido até o pescoço ou, pelo menos, muito mais alto) (VLB, II, 137) ● 'asypaba - tempo, lugar, modo, etc. de tosquiar; tosquia (VLB, II, 137)
ati'yba (s.) - ombro: Okarype senosemi, cruz nonga i ati'yba ri. - Retiraram-no para o pátio, colocando uma cruz no ombro dele. (Ar., Cat., 61v); Xe ati'yba ri aîar. - Tomo-o no meu ombro. (VLB, II, 56); O ati'yba ri krusá osupi. - No seu próprio ombro levanta a cruz. (Anch., Poemas, 122) ● o îoati'yba ri - sobre os ombros de duas pessoas, de um e do outro ombro (como a levar uma escada muito comprida) (VLB, II, 56)
atyká1 (v.tr.) - esmurrar: ...i aŷpy atyká-tykábo... - sua cerviz ficando a esmurrar... (Ar., Cat., 56v)
aûîeté3 (conj.) - embora; contudo, apesar disso: Aûîeté a'e semimonhangûera, karaibebé amõ amõ oîemoangaîpab... - Embora eles fossem obra d'Ele, alguns anjos tornaram-se maus. (Anch., Doutr. Cristã, I, 193); Aûîeté a'e îandé rubypy, "-E'u umẽ ikó 'ybá" 'îagûera. - Embora ele fosse nosso pai primeiro, o que (lhe) foi dito foi "-Não comas este fruto." (Anch., Doutr. Cristã, I, 193); Aûîeté, gûe'õ ré, 'ara mosapyra resé bé sekobeîebyri. - Contudo, após sua morte, no terceiro dia voltou a viver. (Anch., Doutr. Cristã, I, 195); ...Sasy tekopoxy, tekomemûã pe'a biã, aûîeté a'e roîré abá apysykaturamo... - É doloroso deixar o vício, a vida má, contudo, depois disso, o homem consola-se muito. (Ar., Cat., 169)
aûsubar (s) (v.tr.) - compadecer-se de, ter piedade de, ter misericórdia de, ter pena de: Oré raûsubá îepé... - Compadece-te de nós. (Anch., Poemas, 100); Eîori, oré raûsubá... - Vem para te compadeceres de nós. (Anch., Teatro, 120); Ta xe raûsubar... - Que ele se compadeça de mim... (Ar., Cat., 23v); Eresaûsubápe nde sy, nde ruba...? - Compadeceste-te de tua mãe e de teu pai? (Ar., Cat., 101); N'asaûsubari mba'e. - Não tenho pena das coisas (isto é, sou pródigo). (VLB, II, 87) ● saûsubaryba'e - o que tem misericórdia, o que tem pena: Tekokatu-eté rerekoara i poraûsubaryba'e... - Os que têm a bem-aventurança são os que têm pena das pessoas. (Ar., Cat., 19); saûsubarypyra - o que é objeto de compaixão, aquele de quem se tem pena, o que recebe compaixão: Mbobype saûsubarypyra? - Quantos são os que recebem compaixão? (Ar., Cat., 41v); aûsubaraba (ou aûsubasaba) (t) - tempo, lugar, modo, causa, etc. de se compadecer; compaixão: Tupã o aûsubaraûama resé onhemoapysyka. - Consolando-se com a compaixão de Deus. (Ar., Cat., 41); Xe raûsubasápe, xe 'anga moteni. - Por se compadecer de mim, minh'alma faz firme. (Anch., Poemas, 108)
aŷpy1 (s.) - cerviz, cachaço, a parte posterior do pescoço (Castilho, Nomes, 28): ...I aŷpy atyká-tykábo... - Sua cerviz ficando a esmurrar. (Ar., Cat., 56v); (adj.) (xe) - ter cerviz, ter cachaço: Xe aŷpygûasu. - Eu tenho cachaço grande. (VLB, I, 62) ● iî aŷpype (adv.) - pelo cachaço (VLB, II, 100)
aŷpy2 (s.) (fig.) - reigada, lugar em que a parte está mais junta a seu todo (como o cacho de frutas à árvore, o dedo à mão, a orelha à cabeça, etc.), base, raiz: Iî aŷpy rupi eîasy'ab. - Corta-o pela sua base (isto é, cerce). (VLB, II, 100) ● iî aŷpype (adv.) - pela juntura, na juntura, pela base, cerce (VLB, II, 100)
aysó (s.) - formosura: ...O aysó abé osepîak. - Sua própria formosura também viram. (Ar., Cat., 37v); (adj.) - formoso, airoso, vistoso, polido, agradável, bem feito (p.ex., coisa artificial, comida): Xe aysó. - Eu sou bem feito. (VLB, I, 54); Î aysó, nipó, îasy, og obagûasu reru. - É formosa, certamente, a lua, vindo com sua grande face. (Anch., Poemas, 142); Xe aysó-katu. - Eu sou muito formoso. (VLB, I, 138); (adv.) - formosamente: ...Oberab-aysó... - Brilhou formosamente. (Ar., Cat., 4v)
bak (v. intr.) - virar-se, voltar-se: Peîori pebaka Tupã koty... - Vinde para vos voltar para Deus. (Anch., Teatro, 56); A'e roîré ko'yté... i koty obaka onhe'eng-abaetéramo... - Depois disso, finalmente, volta-se em direção a eles, falando muito terrivelmente. (Ar., Cat., 162v)
bura (s.) - 1) borbotão, borbulho: 'y-bura - borbotão d'água, água que brota para cima (VLB, I, 65); 2) emersão, levantamento, soerguimento, saliência; (adj.: bur) - erguido, saliente: pé-bura - casca erguida (de ferida prestes a sarar); Xe pé-bur. - Eu tenho casca (de ferida) erguida. (VLB, I, 60)
NOTA - Em Confederação dos Tamoios, epopéia de Gonçalves de Magalhães, lemos "Outras [velhas] cavam o chão, e nos buracos / Lançam a carne ou peixe envolto em folhas, / Depois de terra os cobrem, sobre a terra / Fogo acendem; destarte as carnes torram, / E a isto dão de BIARIBI o nome." (Confederação dos Tamoios [Edição fac-similada seguida da polêmica]. 1ª ed., Editora da UFPR, Curitiba, 2007)
ekó2 (t) (s.) - cultura, conjunto de valores: Nde rekokatu potá, aroŷrõ xe rekopûera. - Querendo tua virtude, detesto minha cultura antiga. (Anch., Poemas, 104); Xe anama, erimba'e, tekó-ypyramo sekóû. - Minha nação, outrora, estava de acordo com a cultura primeira. (Anch., Poemas, 114)
ekokatu (t) (etim. - vida boa) (s.) - 1) felicidade: Asé rekokaturama mombegûabo. - Anunciando nossa futura felicidade. (Ar., Cat., 93v); 2) virtude: Îesu, tekokatu îara... - Jesus, senhor da virtude. (Valente, Cantigas, I, in Ar., Cat., 1618); ...nde rekokatu ra'anga. - imitando tua virtude (Anch., Poemas, 98); 3) justiça: ...tekokatu 'useîtara... - o que tem sede de justiça. (Ar., Cat., 19); 4) paz, quietação, sossego (Bettendorff, Compêndio, 20; VLB, II, 68) ● ekokatûaba (ou ekokatusaba) (t) - tempo, lugar, modo, causa, etc., da felicidade, da virtude; virtude, felicidade: Abá supé sekokatusagûama mombe'u. - Contar aos homens a futura felicidade deles. (Ar., Cat., 18v)
ekopuku (t) (etim. - vida longa) (s.) - vida eterna: T'orogûerekó, setãme, nde pyri, tekopuku. - Que tenhamos, em sua terra, junto de ti, a vida eterna. (Anch., Teatro, 122)
ekotenhẽ (ou ekotenhẽa) (t) (etim. - estar à toa) (s.) - ociosidade (VLB, II, 54; 140); preguiça, vadiagem, mândria (VLB, II, 108); [adj.: ekotenhẽ (r, s)] - ocioso, vadio, preguiçoso: Abá-ekotenhẽ ixé. - Eu sou um homem vadio. (VLB, II, 140)
emirekó-pyky'yra (t) (etim. - irmã mais nova da esposa) (s.) - cunhada mais moça (de h.), a irmã mais nova de sua esposa (Ar., Cat., 116)
emirekó-ykera (t) (etim. - irmã mais velha da esposa) - a cunhada mais velha do homem, a irmã mais velha de sua esposa (Ar., Cat., 116)
endébe (pron. pess. dat. de 2ª p. do sing.) - a ti, para ti: Tupãeté resé aporandub endébe... - Pelo Deus verdadeiro faço perguntas a ti. (Ar., Cat., 56)
endébo (pron. pess. dat. de 2ª p. do sing.) - a ti, para ti: Oroaûsu-potá-katu, oroîeme'enga endébo. - Queremos amar-te muito, entregando-nos a ti. (Anch., Poemas, 136); Xe pindá-porangeté t'opindaîtykyne endébo... - Meu anzol muito ditoso há de pescar para ti. (Anch., Poemas, 152); T'ame'ẽne pirá ruba endébo... - Hei de dar ovas de peixe para ti. (Anch., Teatro, 44) (O mesmo que endébe - v.)
enõî (s) (v.tr.) - 1) chamar, invocar, nomear, dar o nome de, chamar pelo nome: Xe renõî umẽ îepé i xupé, na xe îukáî! - Não me chames pelo nome diante dele, senão me mata! (Anch., Teatro, 30); Esenõî mbá. - Nomeia tudo. (Léry, Histoire, 343); Asenõî apŷabetá... - Chamo os homens. (Valente, Cantigas, VI, in Ar., Cat., 1618); "Anheté" eré tenhẽ umẽ, Tupã rera renõîa... - Não digas em vão: "-É verdade", invocando o nome de Deus. (Ar., Cat., 67); 2) evocar, trazer à lembrança: ...xe îara re'õ renõîa... - Evocando a morte de meu Senhor. (Anch., Teatro, 168); Mba'epe asé osenõî i xupé, o îerobîasabamo? - Que a gente evoca diante dele como sua esperança? (Ar., Cat., 30); 3) prometer, jurar (VLB, II, 87); 4) culpar: Asenõî tenhẽ. - Culpei-o falsamente. (VLB, I, 87) ● enõîndara (ou enõîtara) (t): o que invoca, o que chama, o que promete, etc.: O'anga koîpó abá 'anga koîpó santo amõ ybakype tekoara renõîndara abé o îuraragûaîamo nhẽ, marãpe? - E mentindo aquele que invoca sua própria alma, a alma de alguém ou também algum santo que está no céu, que acontece? (Ar., Cat., 67); emienõîa (t) - o que alguém chama; o chamamento; o invocado, o que alguém invoca, promete ou jura: ...T'oré angaturãne Cristo remienõîûera resé... - Para que sejamos dignos do que Cristo prometeu. (Ar., Cat., 14v); enõîndaba (ou enõîtaba) (t) - tempo, lugar, modo, etc. de invocar, de chamar, etc.: Our ogûenõîndápe. - Vem aonde o chamam. (Fig., Arte, 84); A'ereme bé opá omanõba'epûera 'angûera ruri o enõîndápe... - Então também as almas de todos os que morreram virão quando forem chamadas. (Ar., Cat., 160v); Marãpe i mongaraibypyramo renõîndabeté? - Qual é o modo verdadeiro de chamar os batizados? (Ar., Cat., 22v); senõîmbyra - o que é (ou deve ser) chamado, prometido, culpado, etc.: Grácia sera, kó nde rainhamo senõîmbyra... - Graça é seu nome, eis que esta é a que deve ser chamada "tua rainha". (Anch., Poemas, 156)
erekó2 (v.tr.) - governar, ter a seu cargo, guiar, reger (pessoas na música ou na dança); ter a seu cuidado, assumir: Aporoerekó. - Rejo pessoas. (VLB, II, 100); João xe rerekó. - João me governa. (Fig., Arte, 152)
erosyk (v.tr.) - 1) chegar com, fazer chegar consigo: Mamõpe gûá Îandé Îara rerosyki ko'yté? - Aonde chegaram com Nosso Senhor, finalmente? (Ar., Cat., 89); 2) aproximar-se de, achegar-se a, acercar-se de ● serosypyra - o que está (ou deve estar) achegado: Nde resé serosypyra... - Os que estão achegados a ti. (Anch., Poemas, 96)
etama (t) (s.) - 1) região, pátria, terra (habitada, onde se vive ou onde se nasce): ...Nde angaturameté erimba'e, apŷaba, morubixaba, kyre'ymbaba mondóbo xe retama pupé. - Tu foste muito bondoso, enviando homens, chefes e guerreiros, para minha terra. (D'Abbeville, Histoire, 341v); N'asé retama ruã-tepe ikó yby asé rekoaba? - Mas não é nossa pátria esta terra em que moramos? (Ar., Cat., 26); T'îasó, mbegûé... t'ixapy moxy retama. - Vamos, devagar, para queimar a terra dos malditos. (Anch., Teatro, 24); Eîori nde retamûama repîaka. - Vem para ver tua futura terra. (Léry, Histoire, 341); 2) residência, morada: T'orogûerekó, setã-me, nde pyri, tekó-puku. - Que tenhamos, em sua morada, junto de ti, a vida eterna. (Anch., Teatro, 122); Sekobîarõmbyrape temirekoeté koîpó meneté pe retãmendûara? - Devem ser substituídos a esposa ou o marido verdadeiros que estão em vossas residências? (Ar., Cat., 96); 3) viveiro, lugar onde se criam ou onde habitam animais (VLB, I, 142)
etapurũ (s) (v.tr.) - pintar o rosto (com uma risca ao longo do cabelo que toma toda a testa e vem morrer junto às orelhas ou que vem da ponta do cabelo por entre as sobrancelhas até a ponta do nariz) (VLB, II, 78)
eté1 (t) (s.) - 1) verdade, legitimidade; 2) excelência; 3) normalidade; [adj.: eté (r, s)] - 1) verdadeiro, legítimo, autêntico, genuíno: Tupã rendabeté, Tupã raîyra. - Verdadeira estância de Deus, filha de Deus. (Anch., Poemas, 88); T'orosaûsu îandé ruba, îandé monhangareté. - Que amemos nosso pai, nosso verdadeiro criador. (Anch., Teatro, 120); 2) muito bom; excelente, ótimo; fino; enorme, fora do comum, a valer: Mba'e-eté ka'ugûasu... - Coisa muito boa é uma grande bebedeira. (Anch., Teatro, 6); ka'aeté - mata ótima, de boa madeira (Anch., Cartas, 460); ybyrá-eté - madeira fina, ótima (Anch., Cartas, 460); 3) normal: kunhãeté - mulher normal (isto é, que nunca foi escrava) (VLB, I, 142); karaibeté - cristão normal (isto é, o que não é missionário; leigo) (VLB, II, 20); 4) mais, maior, melhor: Turusueté - Ele é maior. I porangeté - Ele é mais bonito. (VLB, II, 35); Ixé xe katueté. - Eu sou melhor. (VLB, II, 35); (adv.) - muito, bastante; verdadeiramente, de fato: Sekó-te i poxyeté... - Mas sua vida é muito má. (Anch., Teatro, 28); Aûîé; xe rorybeté. - Basta; eu estou muito contente. (Anch., Teatro, 128); 'Arangaturameté... - Dia muito bom. (Anch., Poemas, 94); Adão, oré rubypy, oré mokanhemeté... - Adão, nosso primeiro pai, fez-nos perder verdadeiramente. (Anch., Poemas, 130); Té oureté kybõ Reriûasu mã! - Ah, veio de fato para cá o Ostra Grande! (Léry, Histoire, 341) ● eté-eté (r, s) (adj.) - imenso, grandioso: Tupã myatã-eté-eté... - a imensa força de Deus (Bettendorff, Compêndio, 62); (adv.) - demais, muitíssimo: O'u-eté-eté ahẽ mba'e. - Ele comeu demais aquela coisa. (VLB, II, 118); etekatu - muitíssimo, demais: Xe moaîu-marangatu, xe moŷrõ-etekatûabo, aîpó tekó-pysasu. - Importuna-me bem, irritando-me muitíssimo, aquela lei nova. (Anch., Teatro, 4); Asé ra'angetekatu... Anhanga...? - Tenta-nos demais o diabo? (Ar., Cat., 92v); eté nhẽ - muito; muito bem (VLB, II, 44); eté'ĩ - muito, verdadeiramente: Xe angaîpabeté'ĩ ra'u mã! - Ah, eu fui muito pecador! (Anch., Doutr. Cristã, I, 195); eté'ĩ ...mã! - ó, como me alegro! graças a Deus!: Our-eté'ĩ xe ruba mã! - Graças a Deus meu pai veio! (VLB, II, 54)
e'yîa (t) (s.) - multidão, bando, ajuntamento, grande número (Fig., Arte, 5; VLB, I, 135); cardume (VLB, I, 67): T'asóne parati'ype, tupinakyîa re'yîpe... - Hei de ir para o rio dos paratis, ao bando dos tupiniquins. (Anch., Teatro, 182); Mamõpe erimba'e te'yî-katupabẽ Îandé Îara rerasóû...? - Para onde a multidão numerosíssima levou Nosso Senhor? (Ar., Cat., 58); itá re'yîa - ajuntamento de pedras (VLB, I, 29); [adj.: e'yî (r, s)] - numerosos, muitos: Se'yî nde rekasara... - São numerosos os que te procuram. (Valente, Cantigas, IV, in Ar., Cat., 1618); ...Se'yî i kuabypyre'yma Tupã i monhangara remingûaba nhõ. - São muitos os não conhecidos que Deus somente, o criador deles, conhece. (Ar., Cat., 37); Oré re'yî. - Nós somos numerosos. (VLB, I, 51)
gûarikuîa (s.) - nome de ave a que os índios atribuíam a origem do fogo. Jamais era morta ou comida. (Soares, Coisas Not. Bras. [ms .c], 700-707)
gûetikorõîa (etim. - oiti áspero, nodoso) (s.) - GUITI-COROIÁ, nome comum a algumas árvores da família das crisobalanáceas, principalmente dos gêneros Licania e Couepia e também a algumas árvores sapotáceas, também chamadas OITI-COROIÁ e UITI-CURUBA (Piso, De Med. Bras., IV, 183)
gûyapy3 (v. intr.) - desarmar-se (a armadilha, quando quebra a corda do pinguelo) (VLB, I, 63)
îakatu3 (v. intr.) - igualar, ser igual: Nde poropotare'yma t'oîakatu xe resé. - Tua pureza seja igual em mim. (Anch., Poemas, 132) ● îakatundûara (s.) - o que é igual a; o igual de (VLB, II, 9)
îandébe (pron. pess. dat. de 1ª p. pl. incl.) - 1) para nós, a nós (Fig., Arte, 6): ...Kó 'ara oîme'eng îandébe... - Este dia deu para nós. (Ar., Cat., 8v); 2) junto de nós: T'i rekó-katu îandébe. - Tratemo-los bem, junto de nós. (Léry, Histoire, 355); 3) por nós, para nosso bem: Té, oîoakypûereká... îandébe. - Ah, esquadrinham todos os lugares por nós. (Léry, Histoire, 355)
îandébo (pron. pess. dat. de 1ª p. pl. incl.) - 1) para nós, a nós: ...O'a îandébo kori. - Nasceu para nós hoje. (Anch., Poemas, 94); I nhyrõngatu-potá îandébo... - Quer perdoar muito a nós. (Anch., Poemas, 160); ...T'oîme'eng kori îandébo o memby-porangeté. - Que dê hoje a nós seu filho muito belo. (Anch., Poemas, 182)
îandyroba (etim. - óleo amargo) (s.) - NHANDIROBA, trepadeira ou erva prostrada, da família das cucurbitáceas (Fevillea trilobata L.), também chamada ANDIROBA, ANDIROVA, NHANDIROVA, JANDIROBA, JENDIROBA, cipó-de-jabutá, etc. De seu fruto preparavam os indígenas um óleo para a iluminação. (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 46)
îanungara (s.) - o semelhante a (VLB, II, 123) (v. tb. nungara)
îasûara (s.) - o semelhante, o que é parecido, o sósia: Pe'ĩ pe îara momburu îasûara suí... - Eia, para não serdes semelhantes a uma maldição a vosso senhor. (Ar., Cat., 85v); ...Mba'epe ké kanindé-oby îasûara? - Que há aqui semelhante a um canindé azul? (Anch., Teatro, 62); (adj.: îasûar ou îasûá) - parecido com; semelhante a, como, como que; (xe) parecer: ...I mongaraibypyretá oîepegûasu îasûá... - Os cristãos como uma unidade. (Ar., Cat., 49v); Îasûareté mã! - Ah, bem parece! (VLB, II, 65); (adv.) - aparentemente, na aparência, parece que: Osó îasûar. - Aparentemente ele foi; parece que ele foi. (VLB, II, 65); A'e îasûar. - Parece que é ele. (VLB, II, 65)
îekytybá (s.) - JEQUITIBÁ, árvore de tronco muito grosso e alto da família das lecitidáceas (Cariniana legalis (Mart.) Kuntze). "Tem a cor brancacenta, é leve e pouco durável onde lhe chove." (Sousa, Trat. Descr., 214)
îepeká (etim. - quebrar-se o caminho) (v. intr.) - abrir caminho (em meio à multidão, em meio à mata, sem a cortar): Oroîepeká. - Abrimos caminho. (VLB, I, 22; II, 108)
îepokuab (ou îepokugûab) (etim. - conhecer-se a mão) (v. intr.) - acostumar-se, estar em seu natural: N'aîepokuabi. - Não me acostumei. (VLB, II, 47)
îerok (v. intr.) - mudar de nome, tomar nome novo (segundo o ritual indígena. Acontecia sempre que se matava um inimigo, quebrando-se-lhe a cabeça.): Aîerok kori seséne. - Mudarei de nome hoje, por causa deles. (Anch., Teatro, 64); Aîerok muru resé; xe rera "Kururupeba." - Mudo de nome por causa dos malditos; meu nome é "Sapo Achatado". (Anch., Teatro, 90)
îesok (v. intr.) - picar-se: Aîesok. - Pico-me a mim mesmo. (Fig., Arte, 83)
îobabo'o (v. intr.) - pelar a testa a si mesma (a mulher): Aîobabo'o. - Pélo a testa a mim mesma. (VLB, II, 70)
îoerobobõ (s.) - segredo; algo que se fala à orelha (VLB, II, 90)
îuká1 (etim. - quebrar o pescoço < aîura + ká) (v.tr.) - matar: Aîuká îagûara. - Matei uma onça. (Fig., Arte, 150); Aûîé, xe îuká îepé! - Basta, tu me matas! (Anch., Teatro, 76); Îaîuká memẽ aîpó 'îara... - Matemos juntos o que diz isso. (Ar., Cat., 79, 1686); Aîuká-matutenhẽ. - Matei-os muito, fiz matança. (VLB, II, 33); Aporoîuká. - Mato gente. (VLB, II, 33); Atuîuká Francisco. - Matei o pai de Francisco. (Fig., Arte, 88) ● îukasara - o que mata, o matador: o mena... îukasara... - a que mata seu marido (Ar., Cat., 279); ...Îandé 'anga îukasara. - Matador de nossa alma. (Anch., Poemas, 90); i îukapyra - o morto, o que é (ou deve ser) morto: Mboîa i îukapyra. - A que é morta é a cobra. (Fig., Arte, 8); i îukapyre'ymaûama - coisa que não há de ser morta, digna de se não matar (Fig., Arte, 32); emiîuká (t) - o que alguém mata: Ereîápe so'o... îagûara remiîukapûera? - Tomaste o animal que a onça matou? (Ar., Cat., 107v); îukába (ou îukasaba) - tempo, lugar, modo, instrumento, etc. de matar (Anch., Arte, 19)
ixébe (pron pess. dat. de 1ª p. do sing.) - a mim, para mim: I nhyrõ ipó kori ixébene... - Perdoará hoje, certamente, a mim. (Ar., Cat., 92v); Eîmonhyrõ Tupã ixébe. - Aplacai a Deus para mim. (Fig., Arte, 82)
ixébo (pron. pess. dat. de 1ª p. do sing.) - 1) a mim, para mim: ...Peîmonhyrõ Tupã Îandé Îara ixébo... - Fazei a Deus Nosso Senhor perdoar a mim. (Ar., Cat., 142); I abaeté sepîaka ixébo... - É para mim terrível vê-los... (Anch., Teatro, 26); 2) junto a mim, comigo: ...Morubixá, mosakara, t'e'i ixébo!... - Que estejam os chefes e os moçacaras junto a mim... (Anch., Teatro, 34)
kanga2 (s.) - 1) osso (Castilho, Nomes, 31): ...I kanga îepotasaba pe'abo o îosuí. - As juntas de seus ossos afastando umas das outras. (Ar., Cat., 62v); ...Asé i kangûerĩ tiruã momba'etéû, o aîuri serekóbo... - Até mesmo seus ossinhos a gente cultua, tendo-os no pescoço. (Ar., Cat., 12v); 2) espinha (de peixe) ● kanga putu'uma - tutano dos ossos (VLB, II, 138; D'Evreux, Viagem, 159); kangûera - osso fora do corpo, osso descarnado; espinha já fora do peixe (VLB, I, 126)
karaíba4 (s.) - homem branco (VLB, I, 153), CARAÍBA: ...Apŷaba karaíba atûasaba kori oîkó. - Os índios e os homens brancos hoje são companheiros. (D'Abbeville, Histoire, 342); I katu karaíba. - São bons os homens brancos. (D'Evreux, Viagem, 245); ...Oîepé karaíbypy rekoangaîpaba ikó 'ara pupé seîkeagûera... - O pecado de um primeiro homem branco foi a causa de sua entrada neste mundo. (Ar., Cat., 154v-155)
1 (dem. pron. e adj.) - este (es, a, as); esse (es, a, as), isto: Akûeîme kó tabygûara xe pó gûyrybo sekóû. - Antigamente esses habitantes da aldeia sob minhas mãos estavam. (Anch., Teatro, 126); Kó a'e ybaka îandé remiepîakûama oîmonhang. - Esse fez aquele céu que vemos. (Ar., Cat., 86); ...Aseîá kûesé xe roka kó pupé missa rendupa. - Deixei ontem minha casa para ouvir a missa dentro desta (igreja). (Anch., Poemas, 112); 2) (dem. adv.) - eis, eis que, eis que aqui (Fig., Arte, 134), eis que este: Pysaré kó i kere'ymi... - Eis que a noite toda ele não dormiu. (Anch., Teatro, 32); Kó xe 'akusu, xe ranha... - Eis aqui meus chifrões, meus dentes... (Anch., Teatro, 40); N'asapîari kó xe rubeté... - Eis que não obedeço a meu pai verdadeiro. (Ar., Cat., 25v); Kó xe rekóû nde reká... - Eis que aqui estou para te procurar. (Anch., Poemas, 104); 3) (dem. adv.) - aqui: Xe ra'yt, aîmo'ang nde re'õaûama kó nde eîupa ko'yté. - Meu filho, penso que tu morrerás, enfim, estando aqui deitado. (Bettendorff, Compêndio, 118); Kó sekóû kó. - Eis que está aqui; Kó tuî kó. - Eis que aqui ele está deitado. (VLB, I, 109); kó rupi - por aqui (VLB, II, 81) ● kó amoaé - este outro (VLB, I, 130); kó amoaé-te (ou kó amõ-te) - este outro (e não ele) (VLB, I, 130); kó é - eis cá, eis aqui, eis que aqui (e não lá onde tu buscas ou olhas): Kó é turi. - Eis que aqui ele vem; Kó é i xóû. - Eis que aqui ele vai; Kó é aîkó. - Eis que aqui estou. (VLB, I, 109); kó-te - este outro (e não ele) (VLB, I, 130)
kopîasó (v. intr.) - ir à roça: Erekopîasópe domingo koîpó 'areté amõ pupé? - Foste à roça no domingo ou em algum dia de guarda? (Anch., Doutr. Cristã, II, 85); Akopîasó. - Vou à roça. (VLB, II, 14) ● kopîasoara - o que vai à roça (VLB, II, 14)
korikoria'ub (ou korikoria'u ou korikorinhẽa'ub) (adv.) - 1) muito depressa, logo (Fig., Arte, 137); 2) ansiosamente, com desejo: ...korikoria'u i gûabo îepi... - comendo-o ansiosamente sempre (Anch., Dial. da Fé, 228); 3) indica desejo ou ansiedade em se realizar alguma coisa: Korikoria'ub oroepîak. - Desejo muito ver-te; não via a hora de ver-te. (VLB, II, 48). Às vezes a partícula nhẽ pode intercalar-se: Memeté rakó pé o emingûabe'yma rupi oguataba'e o angekotebẽnamo, korikorinhẽa'ub 'ara repîaki... - Quanto mais um caminhante por um caminho que não conhece se aflige, mais deseja logo ver o dia. (Anch., Doutr. Cristã, II, 79)
ku'a1 (s.) - meio, metade: ...Pé ku'ape, kunumĩ pu'ama'ubi xe ri... - No meio do caminho, meninos assaltaram-me mesquinhamente. (Anch., Poemas, 150); Iî ypy suí-katupe eresendu koîpó i ku'a suí nhote? - Bem desde o começo dela ouviste-a ou somente a partir do meio dela? (Ar., Cat., 110v) ● ku'a rupi - pelo meio, até o meio, pela metade (o vaso): Kamusi ku'a rupi nhote kaûĩ reni. - O cauim está pela metade da vasilha somente. (VLB, II, 34); I ku'a rupi aîmoín. - Coloco-o [o líquido] até o meio dela; I ku'a rupi aseîar. - Deixei-o [o líquido] até o meio dela [a vasilha]. (VLB, II, 34)
kub (v. intr.) - estar (em sentido geral. Usa-se apenas no plural, quando não se sabe ou não se tem interesse em se definir a posição em que está o sujeito.): Mokõnhõ... kó taba pupé sekóû, oîepysyrõmo okupa. - Poucos nesta aldeia moram, estando a salvar-se. (Anch., Teatro, 16); Oîkó kûepe mba'e resé nde ma'enduara,... enhemongetábo ekupa? - Estava longe tua lembrança das coisas, estando a conversar contigo mesmo? (Anch., Doutr. Cristã, II, 105); Orokub ikó. - Eis que aqui nós estamos. (VLB, I, 128); ...Nde membyramo orokupa... - Como teus filhos estando nós. (Anch., Poemas, 148)
kuî (v. intr.) - 1) cair (no sentido de desprender-se, p.ex., a folha, o dente, o fruto, o cabelo, etc.): Okuî rakó amũme 'ybarambûera o 'yba suí 'ybotyramo oîkóbo bé. - Caem, às vezes, os que seriam os frutos das árvores, sendo ainda flores. (Ar., Cat., 157v); 2) nascer: Erenhemombe'upe nde memby-kuî îanondé? - Confessaste-te antes de nascer teu filho? (Anch., Doutr. Cristã, II, 84)
kunhataĩmirĩ (etim. - menina pequena) (s.) - menina de um a sete anos de idade (D'Evreux, Viagem, 135)
mene'yma (etim. - sem marido) (s.) - mulher solteira; solteira: Mene'yma resé oîkoba'e... oîaby-eté Tupã nhe'enga... - O que tem relações sexuais com uma solteira transgride muito a palavra de Deus. (Ar., Cat., 109)
menõ (v.tr.) - fecundar, ter relação sexual com, conhecer (o macho à fêmea): Aîmenõ. - Fecundei-a. (VLB, I, 29)
moaparar (v.tr.) - derrubar, fazer cair: Sekoaba'e kûé kunhã oré akanga i apiti... oré moapará-pará... - O que é comum é aquela mulher espedaçar nossas cabeças, ficando a derrubar-nos. (Anch., Teatro, 182)
mogûaî (v.tr.) - 1) cortar (com faca, espada, ferramenta, machado, etc.); dar cutilada (com espada, machado) (VLB, I, 83); 2) ferir (o corpo em geral, exceto a cabeça, para o que se emprega o verbo 'apixab, v.); ferir gravemente (VLB, I, 88; 137)
moîar1 (v.tr.) - 1) pregar, colar, soldar, grudar (VLB, I, 151): ...Eîmoîar ybyraîoasaba resé... - Prega-o na cruz. (Ar., Cat., 59v); ...Krusá sosé nhẽ xe îara moîá. - Sobre a cruz pregando meu senhor. (Anch., Poemas, 122); 2) encalhar: Aîmoîar ygara. - Encalhei a canoa. (VLB, I, 113); 3) entalar (VLB, I, 118); 4) cerrar, fechar (sem fecho nem chave, como, p.ex., a porta) (VLB, I, 71) ● i moîarypyra - o que é (ou deve ser) pregado, etc.: Aîpó i pyri i moîarypyrûera abé. - Aqueles pregados junto dele também. (Ar., Cat., 63); moîaraba (ou moîasaba) - tempo, lugar, modo, instrumento, etc. de pregar, de colar, etc.: Cruz Cristo Îandé Îara moîaragûera îudeus otym erimba'e... - A cruz, lugar em que se pregou a Cristo, Nosso Senhor, os judeus a enterraram. (Ar., Cat., 5v)
mombûerab (ou mombûeîrab) (v.tr.) - curar: Marãpe Îandé îara i mombûerabi? - Como Nosso Senhor a cura? (Anch., Doutr. Cristã, I, 199); Eîorino i mombûeîrá pá! - Vem novamente para curá-los todos! (Anch., Teatro, 120) ● mombûerasaba - tempo, lugar, causa, etc. de curar; cura: ...mosanga... asé 'anga mombûerasaba - remédio que é a causa da cura de nossa alma (Ar., Cat., 219)
mombukab1 (v.tr.) - 1) derramar: Sugûy mombukapa, îaînupã-nupã. - Derramando o seu sangue, ficaram a açoitá-lo. (Anch., Poemas, 120); 2) desperdiçar: Ereîmombukápe abá mba'e? - Desperdiçaste as coisas de alguém?... (Ar., Cat., 107v)
mongetá1 (v.tr.) - pedir a, rogar a: Atupã-mongetá xe îoesé, eîmongetá nde resé, Pedro t'oîmongetá o îoesé. - Eu rogo a Deus por mim, roga a Ele por ti e Pedro rogue a Ele por si. (Fig., Arte, 81); Ne emongetá nde Tupã t'okûab é amanusu... - Roga tu a teu Deus para que passe mesmo a tempestade. (Staden, Viagem, 66) ● mongetasara - o que roga a, o que pede a: Abá-abápe asé resé Tupã mongetasaramo sekóû? - Quem são os que rogam a Deus por nós? (Ar., Cat., 23v); mongetasaba - tempo, lugar, modo, etc. de rogar, de pedir, etc.: ...'angûera... resé Tupã mongetasagûama - ...tempo de rogar a Deus pelas almas (Ar., Cat., 136)
monguî (v.tr.) - derrubar, fazer cair (p.ex., frutas, construções, folhas, etc.), sacudir (p.ex., o pó da roupa): Îarybobõ omonguî... - A ponte derrubam. (Anch., Poemas, 154); Aîmonguî soba. - Derrubei as folhas dela. (VLB, I, 99)
morebobõ (s.) - segredo, ato de falar à orelha (VLB, II, 90)
morubixaba (ou mborubixaba) (etim. - chefe de gente) (s.) - 1) chefe tribal, MORUBIXABA, MURUMUXAUA, MURUXAUA, cacique: ...Apŷaba, morubixaba, kyre'ymbaba mondóbo xe retama pupé. - Homens, chefes e pessoas valentes enviando para minha terra. (D'Abbeville, Histoire, 341v); Morubixaba tuîba'e onhe'eng memẽ i xupé... - Os chefes velhos falam sempre a eles. (Anch., Teatro, 34); ...mosapyr morubixaba - três chefes (Ar., Cat., 3); 2) príncipe; rei (Knivet, The Adm. Adv., 1208): Xe resy Lorẽ-ka'ẽ, xe morubixaba biã. - Assa-me o Lourenço tostado, embora eu seja um rei. (Anch., Teatro, 90); Morubixaba Anás seryba'e supé. - Para um príncipe que tinha nome Anás. (Ar., Cat., 55); 3) juiz: Morubixaba mondá îaînambi-'okukar... - O juiz mandou desorelhar o ladrão. (Anch., Arte, 36v); 4) governador; superior (Fig., Arte, 9); 5) senhor: Morubixaba, nde akanga omanõ? - Senhor, tua cabeça dói? (D'Abbéville, Histoire, 327)
mote'e (v.tr.) - 1) estranhar, não reconhecer: Teumẽ xe mote'ebo. - Guarda-te de me estranhares. (VLB, I, 130); 2) repudiar, abandonar: Aîmote'e xe ruba rekopûera. - Repudiei a antiga lei de meu pai; Teumẽ nde rekó mote'ebo. - Guarda-te de abandonar tua obra. (VLB, I, 130); 3) deitar a perder: Amote'e umẽpe xe ruba ká... - Não hei de deitar a perder a meu pai. (Anch., Diál. da Fé, 220)
moten (v.tr.) - 1) firmar, fazer firme, fixar (Anch., Arte, 57): ...Xe 'anga moteni. - Minh'alma faz firme. (Anch., Poemas, 108); 2) trancar, travar (p.ex., porta, língua, etc.): apekũ-moten - travar a língua (p.ex., a fruta, a gordura fria, etc.)
ndebe (pron. pess. dat. de 2ª p. sing.) - a ti, para ti, te: Anhemombe'u... ndebe, pa'i abaré... - Confesso a ti, senhor padre. (Ar., Cat., 20v)
ndebo (pron. pess. dat. de 2ª p. sing.) - a ti, para ti, te (Fig., Arte, 6) (o mesmo que ndebe - v.)
nhe'ẽpoepyk (etim. - revidar as palavras) (v.tr.) - 1) replicar a, responder a: Aînhe'ẽpoepyk Pero. - Replico a Pero. (VLB, II, 101); 2) discutir com, altercar com (VLB, I, 33) ● nhe'ẽpoepykaba - tempo, lugar, modo, etc. de replicar, de responder, de discutir; réplica; resposta; discussão (VLB, II, 101)
nhemongetá2 (ou îemongetá) (etim. - conversar consigo mesmo): (v. intr.) - pensar, refletir, devanear: Nd'ei te'e, o py'a pupé oîemongetá-ngetábo, Tupã momburukatûabo... - Por isso mesmo é que, em seus corações ficando a refletir, desafiam muito a Deus. (Anch., Teatro, 30); Oîkó kûepe mba'e resé nde ma'enduara... enhemongetábo ekupa? - Estava longe tua lembrança das coisas, estando a devanear? (Anch., Doutr. Cristã, II, 105)
obaún (s) (v.tr.) - pintar de preto o rosto a, entisnar o rosto de, fazer riscos pretos no rosto de: Asobaún. - Entisnei o rosto dele. (VLB, I, 118)
oby (t) (s.) - verde, azul, roxo (Não há termos distintos para essas cores no tupi antigo. Usam-se, em certos casos, adjetivos para diferenciá-las.); [adj.: oby (r, s)]: Xe roby. - Eu sou azul; Soby. - Ele é azul. (VLB, I, 49); aoboby - roupa verde, pano verde (VLB, II, 144); ...Mba'epe ké kanindeoby îasûara? - Que há aqui semelhante a um canindé azul? (Anch., Teatro, 62) ● sobyba'e - o que é azul, o que é verde, o que é roxo (VLB, II, 108); oby-kanugûá (t) - roxo furta-cor, isto é, tirante a dourado e que resplandece ou brilha, variando-se segundo lhe atinja o sol (VLB, II, 108): Xe roby-kanugûá. - Eu estou roxo furta-cor. (VLB, II, 108); oby-manisoba (t) - verde-maniçoba: -Aoba. -Marãba'e? -Soby-manisob. -Roupas. -De que tipo? -Elas são verdes-maniçoba. (Léry, Histoire, 342-343)
opepirekó (t) (etim. - estar com casca a pálpebra) (s.) - terçol dos olhos; (adj.) (xe) - ter terçol: Xe ropepirekó. - Eu tenho terçol. (VLB, II, 127)
opytaerobak (s) (etim. - virar a popa) (v.tr.) - dirigir (p.ex., embarcação) (VLB, I, 149)
orébe (pron. pess. dat. de 1ª p. pl. excl.) - a nós, para nós: Eîmombe'u-katu Tupã ra'yramo nde rekó orébe. - Confessa bem a nós que tu és o filho de Deus. (Ar., Cat., 56)
orébo (pron. pess. dat. de 1ª p. pl. excl.) - a nós, para nós (Fig., Arte, 6): ...O memby-porangeté t'omoîerekûab orébo. - Que ela faça seu mui belo filho perdoar a nós. (Anch., Poemas, 114); Nde t'ereîme'eng orébo nde membyporanga. - Que tu dês para nós teu belo filho. (Anch., Poemas, 136)
peẽmo (pron. pess. dat. de 2ª p. pl.) - 1) a vós, para vós, vos - Marãeté'ĩ-pipó peẽmo? - Como vos parece, porventura? (Ar., Cat., 56v); 2) para junto de vós: ...Îase'o rakó perekó peẽmo teîkeara moetesabamo... - Estai com pranto, como modo de honrar o que entra para junto de vós. (Ar., Cat., 85v)
peîepé (pron. pess. da 2ª p. do pl., usado quando o objeto é da 1ª p. do sing. ou pl.) - vós: Xe ipó xe rekar peîepé... - A mim certamente é que vós procurais. (Ar., Cat., 54v); Xe îuká peîepé. - Vós me matais. (Anch., Arte, 37)
pen2 (v. intr.) - 1) partir-se, quebrar-se (como pau, vara, flecha, serra, espada, etc.); 2) render-se (a pessoa, p.ex., com algum peso) (VLB, II, 92; Anch., Arte, 1v)
po'ẽ2 (s.) - tipo de armadilha (Vasconcelos, Crônica [Not.], I, §122, 99); pinguela de esteira, isto é, tipo de esteirinha ou grade feita de varinhas delgadas que toma quase todo o vão da armadilha. Quando se arma, fica essa esteirinha dois ou três dedos levantada do chão e, assim que a caça põe os pés para passar por cima dela, faz desarmar o pinguelo que se apoiava em uma das varinhas da extremidade. (VLB, II, 77)
pokokaba (m) (etim. - lugar de apoiar a mão) (s.) - bordão, bengala (VLB, I, 58)
posangaíba (m) (etim. - poção ruim) (s.) - feitiço (para afastar o mal). "São algumas coisas com que se untam, como o escravo, para que o senhor não o açoute, e a mulher, com medo do marido, etc." (VLB, I, 137)
pûaî (-îo-) (v.tr.) - 1) dar ordens a, mandar, ordenar, mandar fazer [aquilo que se manda ou se ordena pode vir com esé (r, s)]: Xe îara é xe pûaî sesé. - Meu senhor é que me mandou fazê-lo. (VLB, II, 30); Santa Madre Igreja... îekuaku-pûaîa îabi'õ îekuakuba. - Jejuar cada vez que a Santa Madre Igreja mandar jejuar. (Ar., Cat., 17); Ereîmorype i nhe'enga mba'e-katu resé nde pûaîme? - Aceitaste suas palavras ao dar ordens a ti para alguma coisa boa? (Ar., Cat., 100v); Apindó-pûaî. - Mandei fazer palma. (VLB, I, 114); Asó u'i pûaîa. - Vou para mandar fazer farinha. (VLB, II, 30); 2) encomendar a, mandar ir em busca [de algo: compl. com esé (r, s)]: Ereîopûaîpe nde remirekó kunhã resé? - Mandaste tua esposa ir em busca de mulheres? (Ar., Cat., 236); Aîopûaî amõ abá pindoba resé... - Mandei um homem ir em busca de palma. (VLB, I, 114); 3) ocupar (mandando fazer alguma coisa), encarregar [de algo: compl. com esé (r, s) ou ri]: Xe pûaî îepé. - Ocupa-me tu. (VLB, II, 30); Aîopûaî Pedro îepeaba resé. - Encarreguei Pedro da lenha. (VLB, I, 21, adapt.); Osapîá-katupe kunhã o mena tekó-katu resé o pûaîme? - Obedece bem a mulher a seu marido ao encarregá-la de boas coisas? (Ar., Cat., 95v); 4) apregoar: Amarã-mbûaî (ou Agûarinĩ-mbûaî). - Apregôo a guerra. (VLB, I, 39) ● pûaîtaba (ou pûaîaba) - tempo, lugar, modo, etc. de ordenar, de mandar etc; ordem, mandado; encomenda; encargo: Sepyrama xe pûaîtaba... - Sua remissão foi meu encargo. (Anch., Teatro, 170); E'ikatupe asé... abaré o pûaîtagûera rupi oîkoe'yma? - Pode a gente não proceder conforme o mandado do padre? (Ar., Cat., 90v); pûaîtara - o que ordena, o que dá ordens a, o que manda fazer, o que encomenda, etc.: karaibebé pûaîtara: a que dá ordens aos anjos (Valente, Cantigas, III, in Ar., Cat., 1618); A'e-te kaûĩ pûaîtara. - Mas são eles os que mandam fazer cauim. (Anch., Teatro, 34); Karaibebé a'e, moroîubyka pûaîtara. - Ele é o anjo que encomenda o enforcamento. (Anch., Teatro, 62); emimbûaîa (t) - o que alguém ordena, aquele em quem alguém manda, etc.: Kó nde remimbûaîetá t'oîtyk pá tekopoxy. - Que estes em quem mandas lancem fora toda a maldade. (Anch., Poemas, 158)
pupoí-pupoí (s.) - nome de ave noturna de plumagem parda que faz barulho durante toda a noite (D'Abbeville, Histoire, 239v)
puruk (v. intr.) - estalar (como a árvore ou a viga da casa quando caem) (VLB, I, 127) ● pururuk (redupl.) - ficar estalando: kapi'ĩ-pururuka - capim que fica estalando, junco (VLB, II, 16)
py'a (mb) (s.) - 1) fígado (Castilho, Nomes, 30): I py'apûera xe potabamo t'oîkó. - Seus fígados hão de ser minha porção. (Anch., Teatro, 64); 2) entranhas, estômago (Léry, Histoire, 365); 3) coração (no sentido de sede dos sentimentos. O fígado era considerado pelos índios tupis a sede das emoções e dos sentimentos.): Omboasy-katu o angaîpaba o py'ape. - Arrepende-se muito de seus pecados em seu coração. (Ar., Cat., 24); 4) interior, íntimo do ser: ...Xe nhy'ãme t'ereîké, xe py'a moingatûabo. - Que entres em meu coração, guardando meu interior. (Anch., Poemas, 130); 5) mente (sede da consciência) ● xe py'ape (ou xe py'ape-katu ou xe py'ape nhote) - cá comigo, em minha mente, por vontade (VLB, II, 13; 36); comigo mesmo, interiormente, de coração (VLB, I, 91): Îé t'asóne xe mondoápe. Memeté ixé, xe py'ape, emonã tekó potá... - Hei de ir para onde me mandam. Mesmo porque eu, por vontade, assim quero fazer... (Anch., Teatro, 22); "Our temõ mã!", a'é xe py'ape. - Disse em meu coração: - Ah, oxalá ele venha! (VLB, II, 72)
pyk1 (v. intr.) - 1) calar-se: Opyk o'ama, i nhe'engobaîxûare'yma. - Estava-se calando, não respondendo as palavras deles. (Ar., Cat., 56); 2) acalmar-se (o vento, etc.); amainar (p.ex., a fúria) (VLB, I, 19); aquietar-se: Mba'epe ké tuî opyka? - Que aqui está deitado, aquietando-se? (Anch., Teatro, 42); 3) cessar, cessar de, parar de, deixar de ser: N'opyki i nhe'engatã... - Não cessam suas palavras duras. (Anch., Teatro, 148); Opyk amana. - Cessou a chuva. (VLB, I, 122); Nde angaturama n'opyki. - Tua bondade não cessa. (Valente, Cantigas, V, in Ar., Cat., 1618); ...Marã 'é n'opyki xóne... - Não cessarão de dizer maldades. (Anch., Teatro, 36); Îandé-te îapyk umẽ senõîa... - Mas que nós não paremos de chamá-la. (Anch., Poemas, 186); N'opyki nhemombegûara îandé pó suí sembiara. - Não deixam de ser presas de nossas mãos os que se confessam. (Anch., Teatro, 158, 2006); 4) ficar pensativo, ficar absorto: Apyk gûitekóbo. - Eu estou ficando pensativo. (VLB, II, 72); (v.tr.) calar: Aîîuru-pyk. - Calei a boca dele. (VLB, II, 124); Aîopyk xe nhe'enga. - Calei minhas palavras. (VLB, I, 19) ● pykaba - tempo, lugar, modo, etc. de calar, de cessar, etc.; cessação: ...Aîpó sábado pysyrõû i pupé ybŷá morabyky suí o pykápe... - Eis que o sábado reservou para a cessação do trabalho nele. (Ar., Cat., 11v)
pyryrym (v. intr.) - rodar (como um pião), rodopiar, fazer corrupio (p.ex., a ventoinha) (VLB, I, 35)
pytasaba (m) (etim. - lugar de ficar) (s.) - pouso, pousada: Eîpytybyrok xe roka, nde pytasaba îepi. - A poeira dos pés arranca de minha casa, tua pousada sempre. (Valente, Cantigas, VIII, in Ar., Cat., 1618)
rame'ĩ (conj.) - 1) igual a, semelhante a, como, como que, semelhantemente a (Fig., Arte, 149): A'e rame'ĩpe ybŷá i py rerekóû itapygûá pupé i moîáno? - Semelhantemente a isso fizeram com seus pés, pregando-os também com cravos? (Ar., Cat., 62v); Îagûara rame'ĩ xe repenhani. - Como um cão, atacou-me. (VLB, I, 45); ...Oporomoingobébo rame'ĩ, na supi ruã-te. - Como que fazendo as pessoas viverem, mas não de verdade. (Ar., Cat., 160); Kokoty paranã aé rame'ĩ o abaetéramo erimba'e gûekoagûera sosé... - E por outra parte, semelhantemente, o próprio mar será mais terrível do que era seu costume. (Ar., Cat., 159v); ...Pe apysykĩ serã peîkóbo... te'õ repîakare'yma rame'ĩ...? - Será que estais sossegados, como os que não vêem a morte? (Ar., Cat., 166); 2) como quando: Pema'ẽ rame'ĩ ybaka resé, pesepîak i poranga... - Como quando olhais para o céu, vedes sua beleza. (Ar., Cat., 168)
samysyk (etim. - segurar a corda) (v.tr.) - amarrar com corda; puxar por corda: Oîxamysyk sero'ama... - Amarraram-no com corda, fazendo-o estar em pé. (Ar., Cat., 56v)
-sûer2 (suf.) (Tem os alomorfes -sûé, -ixûer, -ixûé, -xûer e -ndûer.) (Expressa propensão, tendência, costume ou inclinação para realizar o processo descrito pelo verbo.) - ter inclinação a, ter propensão a, ter o costume de: Nde pu'amixûé... nde ruba... pé? - Tu costumas levantar-te diante de teu pai? (Anch., Doutr. Cristã, II, 86); Xe poropoîxûer. - Costumo alimentar gente. (Anch., Arte, 51v); Xe îeruresûer. - Eu tenho inclinação a pedir. (Anch., Arte, 51v); Xe nhemoŷrõndûer. - Eu tenho inclinação a me irritar. (Anch., Arte, 51v); Aîababixûer. - Sou fujão (sou inclinado a fugir). (VLB, II, 11)
sugûasuremi'u (etim. - comida de veado) (s.) - nome de raízes silvestres semelhantes à mandioca (Piso, De Med. Bras. IV, 178; Theat. Rer. Nat. Bras., II, 170)
syk2 (v.tr.) - esfregar; tocar: T'asóne nde ropé syka... - Hei de ir tocar tuas pálpebras. (Anch., Poemas, 96) ● osyba'e - o que esfrega: ...Tupinambá... i Tupã osyba'epûera opakatu îamombá. - Os tupinambás que esfregavam a seu Deus arrasamos todos. (Anch., Teatro, 14)
tĩmondepyka (s.) - gurupé, var. de mastro que se lança nos navios do bico de proa para a frente, no plano longitudinal, com uma inclinação de cerca de 35° acima do plano horizontal (VLB, I, 151)
tĩmuku1 (etim. - tromba comprida) (s.) - gorgulho, nome comum a várias espécies de insetos coleópteros, dos quais alguns se criam entre os grãos de cereais, que vão roendo e destruindo (VLB, I, 149)
tirik (v. intr.) - estalar (como a árvore ou a viga da casa para cair) (VLB, I, 127)
tu'ĩtyryka (etim. - tuim arisco) (s.) - TUITIRICA, periquito da família dos psitacídeos, provavelmente a fêmea do pássaro conhecido genericamente como tuim (v. tu'ĩ) (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 206)
Tupana2 (s.) - Deus, Tupã: Tupana kuapa... - conhecendo a Deus (Anch., Poemas, 106); Ogûerasó temõ sapy'a ybakype Tupana xe ruba mã! - Ah, oxalá Deus levasse logo a meu pai para o céu! (Fig., Arte, 99)
Cardim, por outro lado (p. 26), fala-nos sobre o "Tayaçutirica, sc., porco que bate e trinca os dentes", termo que inclui o verbo tirik (v.) e não a forma nominal tyryk.
ura2 (t, t) (s.) - vinda: ...Pesepîak irã... ybytinga 'arybo xe rura béne... - Vereis também, futuramente, minha vinda sobre as nuvens... (Ar., Cat., 56v); Osepîakype i boîá tura? - Viram seus discípulos a vinda dele? (Ar., Cat., 45)
urutueíra (etim. - urutu-abelha) (s.) - nome comum a várias espécies de abelhas da família dos meliponídeos (Piso, De Med. Bras., IV, 178)
xebe (pron. pess. dat. de 1ª p. do sing.) - 1) a mim, para mim: ...Ûyrá-tinga our xebe. - Um pássaro branco veio a mim. (D'Abbeville, Histoire, 353); ...Tupã îepîakukari xebene... - Deus revelar-se-á a mim... (Ar., Cat., 38); 2) para junto de mim: ...xebe teîkeara... - o que entra para junto de mim (Ar., Cat., 85v)
xebo (pron. pess. dat. de 1ª p. do sing.) - a mim, para mim: Xe rybyt, nde nhyrõ xebo... - Meu irmão, perdoa tu a mim. (Anch., Teatro, 46); I abaí xebo sa'anga. - É difícil para mim tentá-los. (Anch., Teatro, 16) (o mesmo que xebe - v.)
ypy'abyka (t, t) (s.) - borra de um líquido, isto é, a parte sólida dele que se deposita no fundo de uma garrafa; sedimento (VLB, I, 58)
ypykyryrá (t, t) (s.) - borra de um líquido, isto é, a parte sólida dele que se deposita no fundo de uma garrafa; sedimento (VLB, I, 58)
ypyu'uma (t, t) (etim. - barro do fundo) (s.) - borra de um líquido, isto é, a parte sólida dele que se deposita no fundo de uma garrafa; sedimento (VLB, I, 58)
ysypopytanga (etim. - cipó avermelhado) (s.) - raiz avermelhada utilizada pelos índios para fazer a farinha que lhes servia de matéria-prima para a fabricação do pão (D'Abbeville, Histoire, 230)
Araraú (morro de Itanhaém, SP). A mesma etim. de Araraí (v.).
Bituva (rio de SC). Da língua geral meridional bituba*, nome dado a certos peixes loricariídeos.
Caatinga (morro de Itanhaém, SP). De ka'a + ting + -a: mata clara.
Corumbaíba (GO). De kurimã + aíb + -a: curimãs ruins, var. de tainhas.
Curimatá (PI). De kurimatá: curimã duro, nome comum a certos peixes caracídeos.
Imbaúba (córr. de MT). A mesma etim. de embaúba (v.).
Inhacuru (rio do MT). Variedade de milho nativo: "Há porém ainda nesta mesma espécie outras castas de milho [...] já bem conhecidos. Além do graúdo, há o segundo, a que os naturaes chamam mapira inhacuro (...)" (Pe. João Daniel [1757], p. 311)
Ipojuca (PE). De 'y + apó + îuk + -a: água das raízes podres. Nome do século XVI: "(...) mistura-se ao entrar do salgado com o rio de Ipojuca (...)" (Sousa, Trat. Descr., XVII).
Japaraíba (MG). De 'y + apar + aíb + -a: japara ruim (v. Japara).
Marangatu (RJ). Em tupi antigo significa bondade, virtude, termo atribuído artificialmente a uma localidade, mas registrado em textos quinhentistas.
Pirabanha (rib. de GO). Da língua geral meridional, piraba* - peixe caracídeo + anh/a (r, s) + -a: pirabas dentadas.
Porangaba (SP). Nome criado no século XX. De porangaba: beleza. Para evitar problemas de endereçamento, por haver um outro distrito de igual nome na capital do estado, foi alterada em 1919 a denominação de Bela Vista para Porangaba. (fonte: IBGE)
Potirendaba (SP). De potyra + endaba (t) [v. in / en(a) (t)]: assentamento de flores, lugar em que estão as flores. Nome atribuído artificialmente, em 1919, a distrito do município de Rio Preto (fonte: IBGE). Em correto tupi antigo dir-se-ia 'ybotyrendaba.
Sapucaetaba (morro de Itanhaém, SP). De sapukaîa - sapucaia, planta lecitidácea + suf. -(t)ab/a + -a: lugar de sapucaias.
HAENSCH, Günther et al., La Lexicografia de la Lingüística Teórica a la Lexicografia Prática. Madrid, Gredos, 1982.
gente - pref. poro- ● a gente: asé
quando?2 - (referindo-se ao futuro): moîrãpe?; (referindo-se ao futuro ou ao passado): erimba'epe?; (= em que ocasiões?, referindo-se a fatos habituais): marã-nemepe?
sugar (os doentes, para arrancar-lhes a doença) - suban
abaeté1 (etim. - homem a valer) (s.) - ABAETÊ, 1) homem honrado, digno, de bem; 2) homem forro, escravo alforriado: Abaetéramo aîmoingó. - Fi-lo estar como forro, alforriei-o. (VLB, I, 142); 3) leigo (VLB, II, 20)
abiîxûara (s.) - o que está aconchegado, o que está junto: Ereîtykype kunumĩ amõ nde abiîxûara nde 'arybo moropotara suí? - Lançaste algum menino que estava aconchegado a ti sobre ti por desejo sensual? (Anch., Doutr. Cristã, II, 95)
akapé (t) (s.) - 1) o espaço que há do umbigo até a virilha, púbis (Castilho, Nomes, 37) ● akapé-aba (t) - os pêlos do púbis (Castilho, Nomes, 37); 2) a frente do corpo, em geral (Léry, Histoire, 365)
amombokoty (num.) - cinco: -Îarekó bépe tekomonhangaba amõ Santa Madre Igreja remimonhanga? -Îarekó bé. -Mobype? -Amombokoty. -Temos também alguns mandamentos que a Santa Madre Igreja faz? -Temos. -Quantos? -Cinco. (Ar., Cat., 75)
apekũ2 (s.) - brejo de água salgada à beira-mar; limite da terra-firme com o mangue (ABN, LXXXII, 257)
api2 (v.tr.) - 1) golpear; apedrejar, atirar; dar pancadas em; dar pedradas em; acertar (o alvo sem o atravessar ou furar) (VLB, II, 63); picar (com coisa sem ponta ou sem penetrar o corpo, atirando algo com a mão, com arco), dar marrada (p.ex., o carneiro, etc.) (Difere de sok porque o uso deste implica não se largar da mão o objeto com que se pica.) (VLB, II, 77): ...I pupé Îudeus nheŷnhangi Santo Estêvão apîá-apîábo... - Nele os judeus juntaram-se para ficar atirando pedras em Santo Estêvão. (Ar., Cat., 138-139); Nde serã i poepyka tekomemûã..., poropotara... ereîapi ko'arapukuî. - Tu, talvez, para retribuir, a vida má, o desejo sensual atiras nele o dia todo. (Anch., Doutr. Cristã, II, 112); Aîapi-api. - Fiquei-o apedrejando. (VLB, I, 38); 2) dar topadas em (p.ex., em parede, como quem anda às escuras): Aîapi okytá. - Dou topadas no esteio. (VLB, II, 32)
'araybysokeme (etim. - o sol, ao fustigar a terra) (s.) - meio dia (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 276)
arõ1 (v.tr.) - bem estar em, bem ficar em, convir a, adequar-se a (p.ex., o traje, o feito, o dito, etc.): Xe arõ xe aoba. - Fica bem em mim minha roupa; Na nde arõî nde puká. - Não te convém o riso, não te fica bem o riso. (VLB, I, 54); Tatá nde arõ-eté, i pupé t'ereîesy. - O fogo te convém verdadeiramente para que nele te asses. (Anch., Teatro, 172, 2006)
aso'i (v.tr.) - cobrir, abafar cobrindo, tapar: Yby opá ybytinga ybaka suí o'aryba'e i aso'iûne. - Todas as nuvens que caem do céu cobrirão a terra. (Ar., Cat., 7); Aîaso'i. - Cubro-o. (VLB, I, 76); I xy i aso'ikatûabo, oîopîá ro'y suí. - Sua mãe, cobrindo-o bem, defende-o do frio. (Anch., Poemas, 162)
atypy (t) (s.) - bochecha ● atypygûasu (t) - bochecha que faz alguém, tendo alguma coisa na boca: satypygûasu - a bochecha dele (com a boca cheia); (adj.) - bochechudo; (xe) ter, fazer bochecha: Xe ratypygûasu. - Eu faço bochecha (comendo). (VLB, I, 56; Castilho, Nomes, 38)
a'yraty (t, t) (s.) - 1) nora (do h.); 2) a mulher do sobrinho, filho de irmão (de h.) (Ar., Cat., 115v-116)
'aysyka (s.) - leite de algum pau ou folha (VLB, II, 20); (adj.: 'aysyk) - leitoso, o que tem leite; (xe) ter leite (a árvore): I 'aysyk. - Ela é leitosa. (VLB, II, 20, adapt.)
ebixama (t) (etim. - corda de popa) (s.) - corda com que se comanda a vela da embarcação para virá-la, para tomar mais ou menos vento; escota (VLB, I, 123)
ekobeîebyraba (t) (etim. - volta à vida) (s.) - ressurreição: Arobîar asé rekobeîebyragûama. - Creio na nossa futura ressurreição. (Anch., Doutr. Cristã, I, 142)
ekyî3 (s) (v.tr.) - 1) puxar (p.ex., por corda), arrastar, sacar, arrancar (o que está fincado nalgum lugar) (VLB, I, 41), levantar (p.ex., âncora): S. Pedro itangapema osekyî... - São Pedro puxou a espada. (Ar., Cat., 54v); Asekyî itasama (ou Aitasamekyî). - Levantei a âncora. (VLB, II, 21); ...ogûatápe oré rekyîa - para seu fogo arrastando-nos (Anch., Poemas, 146); Taûîé, xe rekyî-atã. - Depressa, arrastam-me fortemente. (Anch., Teatro, 180, 2006); 2) arrebatar: Eîori oré rekyîa... - Vem para nos arrebatar. (Anch., Teatro, 122) ● îuraragûaîa ekyî (s): urdir mentiras: Eresekyîpe îuraragûaîa abá supé? - Urdiste mentiras contra alguém? (Anch., Doutr. Cristã, II, 103); ekyîtaba (t) - tempo, lugar, modo, etc. de puxar, de levantar, de arrastar: ygara rekyîtaba - lugar de arrastar canoas (D'Abbeville, Histoire, 187)
emiminõ (t) (s.) - 1) neto (a) (de h.): O emiminõ... resé nd'e'ikatuî abá omendá. - Com sua própria neta não pode ninguém casar-se. (Ar., Cat., 128v); 2) descendente: A'e roîré bépe Noé remiminõetá roparamo?... - Depois disso, os descendentes de Noé perderam-se? (Ar., Cat., 41v)
emo'emyîara (t) (etim. - portador de mentiras) (s.) - mentiroso: ...Temo'emyîara... o 'anga rekobesaba... mokanhemi. - O mentiroso perde a vida de sua alma. (Ar., Cat., 241, 1686)
enosem (v.tr.) - 1) retirar, arrancar, fazer sair consigo: Mamõpe Pilatos senosemi a'ereme? - Para onde Pilatos retirou-o, então? (Ar., Cat., 60v); Kó nhõ anosẽ îepé moxy suí... - Na verdade, somente estas retirei dos malditos. (Anch., Poemas, 150); 2) resgatar: I momiaûsubypyra renosema. - Resgatar os cativos. (Ar., Cat., 18v); 3) desembarcar, descarregar (p.ex., embarcação): Anosem mba'e ygara suí. - Descarreguei as coisas da canoa. (VLB, I, 97) ● enosemara (t) - o que retira, o que resgata: ...N'oîeruré-pytubari Tupã supé ogûenosemarûera resé. - Não se cansam de pedir a Deus pelos que os resgataram. (Ar., Cat., 8v); enosembaba (t) - tempo, lugar, modo, etc. de retirar; retirada: Arobîar... asé rubypy-karaibetá 'angûera a'epe turama osarõba'e renosemagûera bé. - Creio que ele retirou também as almas dos nossos primeiros e santos pais (da mansão dos mortos), que aí esperavam sua vinda. (Ar., Cat., 16); emienosema (t) - o retirado, o que alguém faz sair consigo, o que alguém retira: Marãpe a'e semienosegûama rekóû a'epe? - Que faziam aí os que ele faria sair consigo? (Ar., Cat., 44); Anosẽ-nosem (ou Anosẽ-nosemĩ). - Vivo retirando-o; Anosẽ-sem. - Vivo retirando-as [quando são muitas coisas]. (VLB, II, 129)
ereroín (v.tr.) - denominar a si, chamar a si, dar o nome a si ● sereroĩmbyra - o que é (ou deve ser) denominado, chamado, etc.: Sereroĩmbyra abá-mondá apŷabaíba... rekoaba é. - Ser chamado ladrão é característica do homem mau. (Ar., Cat., 107v)
erosub (v.tr.) - encontrar-se com, fazer encontrar-se consigo: ...Ybytyrype xe sóû îandé boîá rerosupa. - À serra eu fui para encontrar-me com nossos súditos. (Anch., Teatro, 10)
etapokanga (t) (s.) - pouquidão (em relação a outra coisa); [adj.: etapokang (r, s)] - relativamente poucos, poucos em relação a algo que se toma por referência (e não absolutamente), raro: ...Gûyrá setapokang... - Os pássaros eram relativamente poucos. (Ar., Cat., 41v); Oré retapokang. - Nós somos poucos (em relação ao número de pessoas que seriam necessárias). (VLB, II, 83) ● setapokãba'e - o que é raro, poucas vezes visto ou que se não acha a cada passo (VLB, II, 96)
etobapé (t) (s.) - bochechas (naturais, não as que se incham com ar ou comida), faces (Castilho, Nomes, 39): A'e ipó asetobapé-pyténe... - A ele eu beijarei suas faces... (Ar., Cat., 54); [adj.: etobapé (r, s)]; (xe) ter bochechas: Xe retobapegûasu. - Eu sou muito bochechudo, eu tenho bochechas grandes. (VLB, I, 56)
îá2 (conj.) - como, da mesma maneira que, assim como: Abebé kó ybytu îá... - Vôo como este vento. (Anch., Teatro, 40); Anga îá, angaîpabora aîuká... - Como a esses, matarei os que costumam pecar. (Anch., Teatro, 92); T'oré pyatã, angá, mba'easy porarábo... nde îá. - Que sejamos corajosos, sim, suportando as coisas dolorosas como tu. (Anch., Teatro, 120); Nd'e'i te'e moxy onhana tatá piririka îá... - Por isso mesmo as malditas correm como faíscas de fogo. (Anch., Teatro, 128); Abápe kori xe îá? - Quem, hoje, é como eu? (Anch., Teatro, 132); kó îá - como este (VLB, II, 123); koba'e îá - como isto, como este (VLB, II, 9; 124) ● îandûara - o que é igual a algo ou a alguém (VLB, II, 9) (V. tb. îakatu e îabé)
îabé1 (conj.) - como; da mesma maneira que, semelhante a: Soryb, xe îabé, xe ruba Tupinakyîa. - Está alegre, como eu, meu pai tupiniquim. (Anch., Poemas, 110); ...Abápe 'ara pora oîkó nde îabé? - Que habitante do mundo há como tu? (Anch., Poemas, 116); Nde îabé ixé i kugûabi. - Sei-o tão bem como tu. (VLB, II, 124); ...apŷab-eté îandé îabé - homem verdadeiro como nós (Ar., Cat., 22v); Xe, Tatapytera, xe tatagûasu îabé, asapy nhemoŷrõmbûera. - Eu, Tatapitera, assim como meu grande fogo, inflamo os antigos ódios. (Anch., Teatro, 128) ● îabendûara - o que é igual a algo ou a alguém, a igualha de, o igual de (VLB, II, 123) (V. tb. îakatu e îá) (VLB, II, 9)
îabutikaba (etim. - gordura de jabuti* < îaboti + kaba) (s.) - 1) JABUTICABEIRA, árvore da família das mirtáceas, cuja principal espécie é a Myrciaria cauliflora (Mart.) O. Berg, em cujo tronco aparecem os frutos parecidos a uvas, mas de casca mais dura. (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 141); 2) o fruto da jabuticabeira, JABUTICABA (Cardim, Trat. Terra e Gente do Brasil, 40)
NOTA - Em Rego de Carvalho lemos: "Até os caçadores mais espertos se arrepiam quando a CANGUÇU dá aquele rugido ao ser baleada." (in Somos Todos Inocentes, apud Novo Dicion. Aurélio)
îe- (pref.) - 1) (Forma que reflete o sujeito, formando a voz reflexiva em tupi. É usado em todas as pessoas gramaticais com verbos transitivos.) - me, te, se, nos, vos, a si mesmo, de si mesmo: Aîemĩngatu-pe ká... - Hei de me esconder bem. (Anch., Teatro, 32); Eîepe'a! - Afasta-te! (Anch., Teatro, 32); Eîeapirõ! - Lamenta-te! (Anch., Teatro, 42); Gûiîembo'ebo. - Ensinando eu a mim mesmo; Eîembo'ebo. - Ensinando tu a ti mesmo (Anch., Arte, 29); (Às vezes pode ser usado redundantemente): Tuba oîeubamo sekóû (em vez de o ubamo). - Ele tem seu próprio pai. (Anch., Arte, 17); 2) (forma apassivadora): Aîemonhang. - Sou feito. (Anch., Arte, 35); Oîe'u. - Come-se; é comido. (Anch., Arte, 35); Aîeîuká-ukar. - Faço-me matar. (Anch., Arte, 35)
îebyr (v. intr.) - voltar, tornar: Oú-îebype erimba'e o boîá reîasagûerype? - Voltou a vir aonde tinha deixado seus discípulos? (Ar., Cat., 53); Aîur gûiîeby. - Vim, voltando. (VLB, II, 133); Omanõba'epûera suí sekobé-îebyri. - Voltou a viver dos que morreram. (Anch., Doutr. Cristã, I, 141) ● îebyraba - tempo, lugar, modo, causa, etc., do voltar; volta, retorno: ...Ebapó ta peîkó pe îebyragûama resé ixé nde momorandube'yma pukuî. - Ali ficai enquanto eu não vos informar acerca de vossa futura volta. (Ar., Cat., 10v); îeby benhẽ - voltar atrás: Aîeby benhẽ, gûixóbo. - Indo, voltei atrás. (VLB, I, 43)
îekuakub (v. intr.) - 1) praticar o couvade, isto é, um conjunto de restrições alimentares e de ritos observados por um homem durante a gravidez da mulher e logo depois do nascimento da criança; fazer resguardo: Ereîekuakupe nde remirekó membyrara resé? - Fizeste resguardo por causa do parto de tua mulher? (Ar., Cat., 99); 2) jejuar (como prática cristã): -Abá abépe nd'oîabyî oîekuakube'yma? - Quem mais não o transgride, não jejuando? (Anch., Diál. da Fé, 203) ● oîekuakuba'e - o que jejua, o que faz resguardo: Oîaby bépe aîpó o emirekó membyrara resé oîekuakuba'e...? - Transgride também aquele (mandamento) o que faz resguardo por causa do parto de sua esposa? (Ar., Cat., 66v-67); îekuakupaba - tempo, lugar, modo, etc. de jejuar; jejum: 'Ara i pîasaba, îekuakupaba. - Dia de guarda e de jejum. (Ar., Cat., 4)
îekytyûasu (s.) - JEQUITIGUAÇU, saboeiro, árvore da família das sapindáceas (Sapindus divaricatus Willd. Ex A. St.-Hil.), de grande difusão, com frutos e casca ricos em saponinas e que espumam muito em água. É também chamada sabão-de-macaco, sabão-de-soldado, saboneteiro, sabãozinho, salta-martim. "A casca... serve de sabão e, assim, ensaboa como o melhor de Portugal." (Cardim, Trat. Terra e Gente do Brasil, 44)
îemopyrang (v. intr.) - pintar-se de vermelho, avermelhar-se: Moraseîa é i katu, îegûaka, îemopyranga... - A dança é que é boa, enfeitar-se, pintar-se de vermelho. (Anch., Teatro, 6)
îeporero'ypok (v. intr.) - ter a segunda menstruação: Aîeporero'ypok. - Tive a segunda menstruação. (VLB, I, 84)
îeupir (v. intr.) - elevar-se, subir, ascender, trepar, montar (p.ex., em cavalo): ...São Matias, ybakype Tupã Ta'yra îeupir'iré, S. Pedro o irũ-etá resebé... tari apóstoloramo. - São Pedro, com seus companheiros, tomou como apóstolo a São Matias, após subir Deus-Filho ao céu. (Ar., Cat., 121) ● îeupiraba - tempo, lugar, modo, etc. de subir; subida: Arobîar ybakype i îeupiragûera... - Creio na subida dele ao céu. (Ar., Cat., 16)
ipó2 (dem. pron. ou adj.) - esse (es, a, as), isso: Mba'ep'ipó? - Que é isso? (respondendo ao que chamou) (VLB, II, 92); Îaûarap'ipó? - É esse o cão? (Knivet, The Adm. Adv., 1208)
îukurutu (s.) - JUCURUTU, ave noturna caprimúlgida, do tamanho de um frango, de plumagem vermelha misturada de negro, que grita durante toda a noite (D'Abbeville, Histoire, 240; Sousa, Trat. Descr., 234-235)
îuruîaî (xe) (etim. - boca aberta) (v. da 2ª classe) - bocejar (como o que está morrendo), ter a boca entreaberta (VLB, I, 57)
kagûera (etim. - gordura que foi) (s.) - gordura (fora da carne, de carne cortada ou prestes a ser comida, de caldo, etc.) (VLB, I, 149); banha (VLB, I, 51); (adj.: kagûer) - gorduroso, que tem gordura: Aîkyty-kytyk mba'e-kagûera pupé. - Fiquei-o esfregando com coisa gordurosa. (VLB, I, 117)
NOTA - Como se vê, daí provém, em português, a palavra MINGAU, que, em tupi antigo, era oxítona.
korine'yba (s.) - CORINDIÚBA, CORINDIBA, QUATINDIBA, nome comum a plantas arbustivas e espinescentes da família das ulmáceas, de boa madeira (Sousa, Trat. Descr., 204)
kotyasaba (etim. - o companheiro do lado) (s.) - aliado, que pode até mesmo casar-se com a filha ou irmã de seu aliado (Léry, Histoire, 358)
kûé3 (dem. pron. ou adj.) - esse (es, a, as): kûé amõ; kûé amõaé - esse outro (VLB, I, 127)
kupeanga'o (v.tr.) - vituperar pelas costas: Ereîkupeanga'ope nde ruba, nde mbo'esara? - Vituperaste pelas costas a teu pai, a teu mestre? (Anch., Doutr. Cristã, II, 84)
NOTA - É de kuriboka que se originou CABOCLO, em português. O termo passou a designar, mais tarde, também o filho de mãe índia e pai branco.
kyre'ymbaba (s.) - 1) QUIRIMBABA, CURIMBABA, homem valente e bravo, homem poderoso e ditoso nas guerras e capaz de grandes coisas; valentão, magnânimo, venturoso, guerreiro; afouto: ...Tamũîa, kyre'ymbagûera, omombab erimba'e... - Destruiu outrora os tamoios, os valentes. (Anch., Teatro, 52); ...Kyre'ymbaba mondóbo xe retama pupé. - Enviando homens valentes para dentro de minha terra. (D'Abbeville, Histoire, 341v); Kó a'e xe kyre'ymbaba oîkuá morapiti... - Eis que esses meus valentões sabem assassinar. (Anch., Teatro, 142); 2) valentia, destemor, bravura, audácia: Sekoaba é kyre'ymbaba. - É-lhe natural a valentia. (Anch., Teatro, 164)
manõ1 (s.) - morte: Sosang, tatá porarábo, o manõ riré toryba rerekóbo... - Sofreu, suportando o fogo, tendo alegria após sua morte. (Anch., Teatro, 54); (adj.) 1) doente à beira da morte: Nde manõ, xe atûasap? - Estás doente, meu companheiro? (D'Evreux, Viagem, 124); 2) morto: itá-manõ - pedra morta (D'Abbeville, Histoire, 183)
mba'ereme? (etim. - por ocasião de que coisas?) (interr.) - quando? em que situação? por ocasião de quê? (Fig., Arte, 133); em que hora? (Fig., Arte, 127) ● mba'e-mba'ereme? - quando? em que situações? em que ocasiões? em que horas: Mba'e-mba'eremepe asé îeruréû i xupé? - Em que situações a gente reza para ele? (Ar., Cat., 23v); Mba'e-mba'eremepe asé nhemombe'une? - Em que ocasiões a gente se confessará? (Ar., Cat., 90v-91)
mbype2 (etim. - no pé) (adv.) - 1) perto; por perto; por aqui, aqui (Fig., Arte, 128; VLB, II, 81), aí por perto: Mbype erebasẽ i xupé? - Achaste-os por perto? (Anch., Teatro, 46); Koba'e îakatu mbype, xe re'õ roîré ybŷá xe rerekóûne. - Como a estes por aqui, farão comigo após minha morte. (Ar., Cat., 155); Mbype emondarõ sesé. - Rouba-o aí por perto. (Anch., Teatro, 148, 2006)
moapyr (v.tr.) - 1) esgotar (p.ex., a taça ou o vinho que ela contém); 2) abaixar (nível de líquido, altura de algo) (VLB, I, 125)
mogûab1 (v.tr.) - 1) joeirar, coar, peneirar: Au'i-mogûab. - Peneirei a farinha. (VLB, II, 72); 2) (fig.) abrandar: N'oîmogûabi o nhemoŷrõ, n'i nhyrõî... - Não abrandam sua raiva, não perdoam. (Anch., Teatro, 148)
moîobaî (v.tr.) - opor (uma coisa a outra) (VLB, II, 57)
mombe'u (v.tr.) - 1) proclamar, anunciar: ...Tupã rekó mombegûabo. - Proclamando a lei de Deus. (Anch., Teatro, 8); 2) contar (p.ex., segredo): Abá angaîpá-nhemima i kuapare'yma supé mombegûabo. - Contando as maldades escondidas de alguém para quem não as conhece. (Ar., Cat., 73v); 3) acusar, denunciar, infamar, queixar-se de (VLB, II, 94): Nd'oromombe'uî xóne. - Não te denunciarei. (Anch., Teatro, 32); Marã e'ipe îudeus i xupé, i mombegûabo? - Que disseram os judeus, acusando-o? (Ar., Cat., 56); Xe kupébo xe mombe'u. - Infamam-me pelas costas. (Anch., Arte, 42v); 4) confessar: Eîmombe'u-katu Tupã ra'yramo nde rekó orébe. - Confessa bem a nós que és o filho de Deus. (Ar., Cat., 56); 5) citar, mencionar: Ereîmombe'upe abá rera... abaré supé? - Mencionaste o nome de alguém para o padre? (Ar., Cat., 108); Opá mendara moarûapaba aîmombe'u ymã... - Todos os impedimentos do casamento já mencionei. (Ar., Cat., 132); 6) determinar, orientar, mandar: Oîemombe'u-potá Santa Madre Igreja i mombe'u rupi. - Querendo confessar-se segundo o que determina a ele a Santa Madre Igreja. (Anch., Doutr. Cristã, I, 210); 7) descrever: Emombe'u nde retama ixébe. - Descreve tua terra para mim. (Léry, Histoire, 360); 8) narrar: Xe moory-katu îepé, inã tekó mombegûabo. - Tu me alegras muito, narrando assim os fatos. (Anch., Teatro, 14); 9) afirmar, declarar: Îaîmombe'u aîpó i momorangymbyra. - Afirmamos que isso é o que deve ser festejado. (Anch., Teatro, 6); 10) dar notícia de: Aîmombe'u (abá) supé. - Dou notícias dela para o homem. (VLB, II, 51, adapt.); 11) prometer (VLB, II, 87); 12) externar: Aîur-y bé xe roryba mombegûabo. - Vim de novo para externar minha alegria. (Anch., Poesias, 57) ● oîmombe'uba'e - o que conta, o que anuncia, o que confessa, etc.: Abá angaîpá-nhemima... oîmombe'uba'e. - O que conta os pecados escondidos de alguém. (Anch., Diál. da Fé, 215); mombegûara - o contador, o que conta, o que proclama, o proclamador, etc.: ...i nhe'enga mombegûara. - ...o que proclama suas palavras. (Ar., Cat., 154); mombegûaba - lugar, tempo, modo, instrumento, etc. de proclamar, de contar, de anunciar: ...Itaîuba morubixaba, Reiamo sekó mombegûaba... - O ouro era o meio de anunciar que ele era um príncipe, um rei... (Ar., Cat., 3-3v); i mombe'upyra - o que é (ou deve ser) contado, anunciado, etc.: I marangatu supi é i mombe'upyra rekóreme é... - Ele é bom quando o que é contado é mesmo verdade. (Ar., Cat., 67v); emimombe'u (t) - o que alguém conta, confessa, proclama, orienta, etc.: ...O emimombe'upûera o emikuakugûera irũmo bé i mombe'uîebyrine. - Todos os que confessou com os que escondeu voltará a confessar. (Ar., Cat., 90) (O gerúndio de mombe'u é mombegûabo.)
momungá (v.tr.) - impregnar, inchar, engrossar, encher: Oky-ko'ẽ-ko'ẽ amana, paranã momungábo... - A chuva ficava amanhecendo a cair, enchendo o mar. (Ar., Cat., 41v) ● momungasara - o que impregna, o que incha, o que enche: ...nhemoŷrõ nde momungasara - ira que te impregna (Anch., Doutr. Cristã, II, 102)
mopungá (v.tr.) - engrossar, encher, inchar: Oky-ko'ẽ-ko'ẽ amana, paranã mopungábo... - A chuva ficava amanhecendo a cair, enchendo o mar. (Ar., Cat., 41v)
moynysem (v.tr.) - encher (até o limite da capacidade, até não caber mais, à diferença de mopor ou porakar - v.), impregnar [de algo: compl. com esé (r, s) ou ri]: Tupã nde raûsubeté, graça ri nde moynysema. - Deus ama-te muito, enchendo-te de graça. (Anch., Poemas, 144); ...T'ogûenosem mba'e-aíba xe 'anga suí o poroaûsuba resé i moynysema... - Que retire as coisas más de minha alma, enchendo-a com seu amor. (Ar., Cat., 31v)
mukuîé (s.) - MUCUJÊ, planta da família das apocináceas (Couma rigida Mull. Arg.), cuja característica mais notável é fornecer um látex adocicado e potável, usado como leite. "Quando se hão de escolher, sempre se corta toda a árvore por serem muito altas e se não fora esta destruição houvera mais abundância." (Cardim, Trat. Terra e Gente do Brasil, 39)
nhemoaî (v. intr.) - tornar-se papudo, encher o papo: Mbegûé-mbegûé gûyrá nhemoaî. - Aos poucos a ave se torna papuda. (VLB, I, 150)
nhemogûyrá (v. intr.) - tornar-se pássaro: Panama onhemogûyrá. - A borboleta tornou-se pássaro. (VLB, II, 133)
nhemondy'ar (v. intr.) - ter a primeira menstruação (VLB, I, 84)
nhemote'õ'a (ou nhemotegûá) (etim. - fazer cair a morte em si) (v. intr.) - 1) desfalecer: Onhemote'õ'a moxy... - Desfaleceram os maus. (Anch., Teatro, 136); 2) ficar impotente, ficar atônito, ficar sem interesse: Erenhemote'õ'ape nde remirekó supé, i amotare'yma nhẽ? - Ficaste impotente diante de tua esposa, detestando-a? (Ar., Cat., 235-236)
obaîxûar2 (s) (v.tr.) - 1) ir ao encontro de (para pelejar, para fazer cortesia, etc.): ...xe îara robaîxûare'yma - não indo ao encontro de meu senhor (Ar., Cat., 85v-86); 2) opor-se a: Asobaîxûar. - Oponho-me a ele. (VLB, II, 57)
obasab (s) (etim. - cruzar o rosto) (v.tr.) - fazer o sinal da cruz, benzer: Osobasápe asé o emi'urama? - Benze a gente sua comida? (Ar., Cat., 21v)
obasakatu (s) (etim. - cruzar bem o rosto) (v.tr.) - abençoar ● obasakatûaba (t) - tempo, lugar, modo, etc. de abençoar; bênção: ...Îandé porabykysaba robasakatûagûama resé bé. - Para a benção também do nosso trabalho. (Ar., Cat., 126, 1686)
oŷpyra (r, s) (s.) - 1) zelador da casa (de pessoa ausente); o que está ou fica na casa (de pessoa ausente): Aîmbiré, îarasó muru taûîé, îandé roŷpyra moesãîa. - Aimbirê, levemos os malditos logo, para alegrar os que ficaram em nossas casas. (Anch., Teatro, 40); T'o'u îandé roŷpyrûera. - Que os comam os que ficaram em nossas casas. (Anch., Teatro, 64); 2) o que fica no lugar de, substituto (p.ex., o ovo que se põe no lugar onde se quer que a galinha vá botar; indez) (VLB, I, 115): Nd'e'i te'e abá... soŷpyra abaré supé onhemombegûabo. - Por isso mesmo o homem se confessa a seu substituto, o padre. (Anch., Doutr. Cristã, II, 77); Aîkó nde roŷpyramo. - Estou em teu lugar; sou teu substituto. (Anch., Arte, 44v)
paba1 (mb) (s.) - 1) mortandade; destroços de gente morta (VLB, I, 101); eliminação, matança (como nas guerras) (VLB, II, 33), estrago (de mortes) (VLB, I, 130): so'o paba - a mortandade da caça (VLB, II, 42); mbaba - mortandade de gente (VLB, II, 42); 2) peste: mbabyîara - o que porta pestes, coisa pestilencial (VLB, II, 76)
paîa (mb) (s.) - peso, carga: nambi-paîa - peso de orelha, orelheira (VLB, I, 42); (adj.: paî) - pesado, repleto, carregado (como a levar diversas coisas em trouxa às costas e outras dependuradas no ombro): Xe paî (ou Xe paî-xe-paî). - Eu estou carregado. (VLB, II, 70)
parang (v. intr.) - resvalar (como a flecha que não deu com a ponta em cheio) (VLB, II, 103)
pikitinga (s.) - PIQUITINGA, PITITINGA, nome comum a certos peixes da família dos engraulídeos (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 159)
poepyk (v.tr.) - 1) revidar, replicar (o que dizem), responder nos mesmos termos a, pagar na mesma moeda a (O objeto deste verbo pode ser uma coisa ou uma pessoa.): Abá nhe'enga poepyka tiruãpe asé Tupã nhe'enga abyû? - Mesmo replicando as palavras de alguém a gente transgride a palavra de Deus? (Ar., Cat., 74); Aîpoepyk Pero. - Replico a Pero (isto é, respondo-lhe nos mesmos termos). Aînhe'ẽ-poepyk Pero. - Replico as palavras de Pero. (VLB, II, 101); 2) retribuir: nde raûsuba poepyka... - retribuindo o amor a ti (Valente, Cantigas, VI, in Ar., Cat., 1618); Aîpoepyk semikûatiara. - Retribuí o que ele escreveu (isto é, escrevi-lhe como ele fez a mim). (VLB, I, 90); 3) vingar, desagravar: Xe anama poepyka ké ixé aîkó. - Para vingar minha família aqui eu estou. (Staden, Viagem, 157); 4) ter questões com (VLB, II, 94) ● poepykaba - tempo, lugar, modo, etc. de replicar, de revidar, de retribuir, etc.; réplica, resposta (VLB, II, 102); paga na mesma moeda ou de uma coisa por outra da mesma espécie (p.ex., ouro por ouro, punhada por punhada, carta em resposta a carta, etc.) (VLB, II, 62); poepykara - o que replica, o que retribui, etc.: ...Tupã o aûsuba poepykareté... - o que retribui verdadeiramente o amor de Deus a si (Ar., Cat., 166v)
poti'a (m) (s.) - peito (Castilho, Nomes, 34): Marãnamope asé o poti'ape i moíni? - Por que a gente a põe em seu próprio peito? (Ar., Cat., 21v); ...Amõ amõ o poti'a resé opûá-pûá... - Alguns ficavam batendo no peito. (Ar., Cat., 64) ● poti'a-aba - pêlos do peito (Castilho, Nomes, 34)
potyrõ (m-) (v. intr.) - trabalhar em conjunto, em grupo: ...Serobîasare'yma potyrõû iî ybõîybõmo... - Os que não acreditavam nele trabalharam em conjunto, ficando a flechá-lo. (Ar., Cat., 3v); Erepotyrõpe 'aretéreme? - Trabalhaste em conjunto por ocasião dos feriados? (Anch., Doutr. Cristã, II, 85)
pu2 (v. intr.) - cessar (tb. a chuva); estiar (VLB, I, 122)
pupuk (xe) (etim. - ficar a romper-se) (v. da 2ª classe) - masturbar-se, poluir-se ● I pupukyba'e - o que se masturba (Ar., Cat., 72)
putumuîú (s.) - PUTUMUJU, árvore da família das leguminosas (Centrolobium robustum (Vell.) Mart. ex Benth.). "...A cor desta madeira é amarela, com umas veias vermelhas; é pesada e dura." (Sousa, Trat. Descr., 210)
pyapyrá (xe) (etim. - tomar a ponta dos pés) (v. da 2ª classe) - levantar-se nas pontas dos pés (VLB, II, 21)
surukuku (s.) - SURUCUCU, a maior cobra venenosa do Brasil, da família dos crotalídeos, que vive nas matas ou capoeirões (VLB, I, 76; Knivet, The Adm. Adv., 1230)
tekokuabar (xe) (etim. - tomar conhecimento dos fatos) (v. da 2ª classe) - voltar à razão, retomar o juízo, recuperar o bom senso: Xe tekokuabar. - Eu retomei o bom senso. (VLB, II, 133)
ybõ (v.tr.) - 1) flechar: T'aîybõne! - Hei de flechá-lo! (Anch., Teatro, 32); ...Serobîasare'yma potyrõû, iî ybõîybõmo... - Os que não criam nele trabalharam em conjunto, ficando a flechá-lo. (Ar., Cat., 3); 2) espinhar (VLB, I, 126); 3) arpoar (VLB, I, 41); fisgar (VLB, I, 140) ● iî ybõmbyra - o que é (ou deve ser) flechado: Xe abé iî ybõmbyrûera Bastião xe moaûîé. - A mim também o flechado Bastião derrotou-me. (Anch., Teatro, 48); emiybõ (t) - o que alguém flecha: Akó xe remiybõmbûera? - Esse é o que eu flechei? (Anch., Teatro, 18); moro-ybõ - flechar gente (Anch., Teatro, 172, 2006)
ygapukuî (etim. - mexer a canoa) (v. intr.) - remar: Aygapukuî. - Remo. (VLB, II, 100)
ykera (t, t) (s.) - 1) irmã mais velha (de m.): O me'engabeté pyky'yra koîpó tykera... resé obykyba'e n'e'ikatuî omendá o me'engabeté resé tiruã... - O que tocou na irmã mais moça ou na irmã mais velha de sua noiva não pode casar-se nem mesmo com sua noiva. (Ar., Cat., 131); 2) prima mais velha (de m.): Kó 'ara nungara pupé Santa Maria sóû o ykera amõ ybá Santa Isabel supa. - Num dia semelhante a este, Santa Maria foi para visitar uma certa prima sua, Santa Isabel. (Ar., Cat., 6v)
'ypa'ũ (etim. - intervalo das águas) (s.) - ilha: 'Ypa'ũgûasu - Ilha Grande (antigo nome de ilha das costas do Rio de Janeiro) (VLB, II, 9); 'Ypa'ũ-mirĩ - Ilha Pequena (nome que davam os indígenas à ilha de Santana, no Maranhão) (D'Abbeville, Histoire, 57) ● 'ypa'ũmendûara - o que está na ilha, o que é da ilha: ...opá 'ypa'ũmendûara... - todos os que estão nas ilhas (Anch., Teatro, 12)
'ysoka (etim. - fere pau: 'yb + sok + -a) (s.) - nome comum a vários insetos ou vermes que atacam carne, madeira, etc. (VLB, I, 55; II, 17)
Biapina (CE). De yby + apin + -a: terra pelada.
Boturuna (SP). De ybytyra (na língua geral meridional botura*) + un (r, s) + suf. -a: montanha escura.
Cocaia (SP). De kó + kaî + -a: roça queimada.
Ibitinema (RJ). De ybytyra + nem + -a: morro fedorento.
Ibitipoca (MG). De ybytyra - montanha + pok - estourar + suf. -a: montanhas estouradas (i.e., com grutas). O Parque Estadual do Ibitipoca possui a segunda maior gruta de quartzito do planeta. É nome do século XVIII: "Neste dia se me mostrou para a parte de oeste uma altíssima serra chamada da Ibitipoca, de que nasce o rio Paraibuna [...]" (Caetano da Costa Matoso [1749], p. 894)
Ibitirama (ES). De ybytyra + ama (t), variante de etama (t), usada no nheengatu (Stradelli, 657): região de montanhas. "Pelo decreto-lei estadual nº 15177, de 31-12-1943, o distrito de Caparaó passou a denominar-se Ibitirama." (fonte: IBGE)
Ibituporanga (RJ). De ybytyra + porang + -a: morro bonito; serra bonita.
Ibituruna (MG). De ybytyra + un (r, s) + -a: serra escura. É nome que deve remontar ao século XVII: "(...) olhando para o Sul vimos ao longe uma Serra que nos disseram ser da Ibituruna." (desconhecido [1704], Encontrando quilombos, p. 98.)
Iguaçu (PR). De 'y + -ûasu: rio grande. Primeira datação: "Êste assento, de que falo, principia logo acima do Rio Mourão, e vem acabar defronte do Salto do Iguaçu, mediando a cordilheira, que o acompanha. (S. Paio e Sousa [1769], Diário, p. 200)
Itirapina (SP). De ybytyra - monte, morro + apin - depenado, tosquiado, pelado + suf. -a: morro pelado. Em 1885 a Companhia Paulista de Estradas de Ferro inaugurou a estação de Morro Pelado, próxima ao monte de igual nome (fonte: IBGE). Em 1900, essa denominação foi alterada para Itirapina.
Sapetiba (porto do RJ). A mesma etim. de Sapetuba (v.).
Tejucupapo (PE). "...destroida a Capaoba foram ao Tujucupapo, aonde tiverão a maior briga de todas." (texto apócrifo [1585], p. 1). De tyîuka + upaba + -pe: no lago da água podre, no lago do tijuco.
(DHA) DOCUMENTOS PARA A HISTÓRIA DO AÇÚCAR. Instituto do Açúcar e do Álcool. Vol. II. Engenho Sergipe do Conde. Livro de Contas [1622-1653]. Rio de Janeiro, 1956.
a'ang2 (s) (v.tr.) - 1) compassar, medir, tirar a medida de: Asa'ang. - Medi-o. (VLB, I, 78); Atypy-a'ang. - Medi a profundidade dele. (VLB, II, 121); Aty-ypy-a'ang. - Eu meço a profundidade do rio. (VLB, II, 63); 2) pesar (com pesos, balanças) (VLB, II, 75) ● sa'angymbyra - o que é (ou deve ser) medido (VLB, II, 34); a'angaba (t) - tempo, lugar, modo, instrumento, etc. de medir; medida, peso (VLB, II, 34)
a'ang7 (s) (v.tr.) - 1) tentar, experimentar, pôr à prova: I abaí xébo sa'anga. - É difícil para mim tentá-los. (Anch., Teatro, 16); ...Tupã nhe'enga asa'ang. - A palavra de Deus experimentei. (Anch., Teatro, 172); T'isa'ang apŷaba marã îandé irũ. - Experimentemos a força dos homens conosco. (Léry, Histoire, 357); 2) exercitar-se em, ensaiar-se em, esforçar-se por: Pesa'ang îepé peuî korite'ĩ nhõte xe pyri, pekere'yma... - Embora vos tivésseis esforçado, estivestes deitados só pouco tempo junto a mim, não dormindo. (Ar., Cat., 53); N'osa'angi-tep'akó nhembo'e ko'arapukuî? - Mas não se esforçam esses por aprender sempre? (Anch., Teatro, 30); 3) provar (dar provas de), demonstrar poder (com um dos verbos no gerúndio): Esa'ang serasóbo. - Prova-o, levando-o; prova que o levas. (VLB, II, 88); 4) provar, gostar (sentir o gosto de): Marã e'ipe sa'ang' iré? - Que disse após prová-la (isto é, a bebida)? (Ar., Cat., 63v);... E'i mo'ema monhanga, mosanga ra'ã-ra'anga... - Mostram-se a urdir mentiras, ficando a provar poções. (Anch., Teatro, 36) ● a'ang îepé (s) - tentar sem que surta efeito: Asa'ang îepé i monhanga (ou Asa'ang îepé i monhangambûera). - Tentei fazê-lo, sem conseguir. (VLB, II, 13); Mbegûé é ko'yté abá tekokuá kanhemi, sesapysopûera kanhemi, ...o nhe'engabûera ra'ang îepébo... - Lentamente, enfim, o homem perde entendimento, sua vista aguda de outrora desaparece, tentando inutilmente a fala. (Ar., Cat., 156); osa'angyba'e - o que tenta, o que prova, etc.: Apŷaba kunhã resé o ekó osa'angîepéba'e nd'e'ikatuî omendá. - O homem que tenta, sem êxito, ter relações sexuais com uma mulher, não pode casar. (Ar., Cat., 131v); a'angara (t) - tentador: Emokanhem xe ra'angara... - Faze sumir meu tentador... (Valente, Cantigas, III, in Ar., Cat., 1686)
abŷare'yma (etim. - o que não difere) (s.) - símile, imitação, coisa semelhante: Îusana abŷare'yma nhẽ serã tentação?... - Porventura a tentação é coisa semelhante a um laço? (Anch., Diál. da Fé, 232); Mba'e abyare'ymape syaîa? - Semelhante a que coisa era o suor dele? (Ar., Cat., 53v); (adj.: abŷare'ym) - parecido com, semelhante a: Tatá-endy-etá, asé apekũ-abyare'yma anhõ osepîak. - Viram somente muitas chamas de fogo, parecidas com nossas línguas. (Ar., Cat., 45)
akamby1 (t) (s.) - forquilha: Asakamby'ok. - Arranco-lhe a forquilha (p.ex., ao galho da árvore); ybyrá kamby - forquilha de madeira (VLB, I, 142)
aké1 (dem.) - esse (es, a, as) (Fig., Arte, 85)
ambé2 (t) (s.) - ventrecha (a parte das virilhas) (VLB, I, 52)
amõ1 (pron. subst. e adj.) 1) (na afirm. e interr. afirm.): algum (ns, a, as); certo (os, a, as); alguém; vários (as): Kó bé xe rembiaretá t'ame'ẽne amõ endébo... - Eis que também minhas muitas presas hei de dar algumas a ti. (Anch., Teatro, 46); Tupã amõ kunhãngatu monhangi. - Deus fez certa mulher bondosa. (Anch., Poemas, 86); ...I xupé o apixara amõ me'enga... - Dando para ele alguma semelhante a si. (Ar., Cat., 72); Oîmonhangype Îandé Îara amõ sobaké? - Fez Nosso Senhor algum (milagre) diante dele? (Ar., Cat., 58v); "Ixé-temõ aîmombuk mã," erépe amõ supé? - Disseste a alguém: "-Ah, quem me dera desvirginá-la"? (Ar., Cat., 103v); 2) (na neg.): nenhum: Nd'aruri amõ parati... - Não trouxe nenhum parati. (Anch., Poemas, 152); ...Abá 'angûera amõ soe'ymi ybakype erimba'e? - Não ia para o céu outrora a alma de nenhum homem? (Anch., Doutr. Cristã, I, 163); 3) outro (os, a, as): ...amõ taba rapekóbo. - ...outras aldeias frequentando. (Anch., Teatro, 4); Eîar-y bé amõ. - Toma mais outro. (VLB, II, 60); Amõ abá abé mokõî robaké omendare'ymba'e n'omendari. - Não estão casados os que não se casam diante de duas outras pessoas também. (Ar., Cat., 128); ...Umãba'e bépe amõ sosé sekóû?... - Qual está acima dos outros? (Bettendorff, Compêndio, 42); 4) mais, além disso: Mba'epe amõ? - Que mais? (Léry, Histoire, 343); 5) um pouco de, uns poucos: Inimbó'i amõ reru. - Trazendo um pouco de linha. (VLB, I, 154) ● amõ amõ - 1) alguns (as); vários (as), diversos (as) (s. ou adj.): ...Amõ amõ o poti'a resé opûá-pûá... - Alguns ficavam batendo no peito. (Ar., Cat., 64); ...amõ amõ santos... - alguns santos (Ar., Cat., 139, 1686); Karaíba amõ amõ i angaîpá... - Vários homens brancos são pecadores. (Anch., Poesias, 55); 2) outros: Oîmoeté bé asé amõ amõ 'ara, i pupé oporabykye'yma. - Honra a gente também outros dias, neles não trabalhando. (Ar., Cat., 12v)
apyra (s.) - 1) extremidade, ponta (p.ex., de corda) (VLB, I, 61); cume (p.ex., de monte); auge: okapyra - cume de casa (VLB, I, 87); apyrytá - estrutura de cume, cumieira (VLB, I, 87); ...Ybytyra Olivete seryba'e apyra 'arybo o sy o boîá rerasóû... - Levou sua mãe e seus discípulos sobre o cume do monte chamado "das Oliveiras". (Ar., Cat., 4v); Okyr ko'ẽ-ko'ẽ amana, paranã mopungábo, ybytyra apyra sosé-katu i mopu'ama. - Caiu a chuva sem parar, enchendo o mar, levantando-o bem acima do cume das montanhas. (Ar., Cat., 41v); xe pó apyra - extremidades de minhas mãos (VLB, I, 131); sakãpyra - ponta de galho (VLB, II, 80); 2) final, término; conclusão (VLB, I, 127): Xe nhe'enga apyrûerype ahẽ nhe'engi. - No final de minha fala, ele falou. (VLB, I, 79) ● apyri - na ponta, na extremidade (Anch., Arte, 41)
atimung (v. intr.) - oscilar, balançar: I ku'a-bok serã moxy oatimunga? - Por acaso estava com a cintura fendida o maldito, balançando? (Ar., Cat., 57v)
bebuîtaba (s.) - 1) BUBUITUBA, bóia (tanto de anzol quanto de âncora) (VLB, I, 56); 2) cortiça de rede, pedaços de cortiça que sustentam à tona d'água uma das bordas de certas redes de pesca (VLB, I, 83)
emi- (pref. que forma deverbais passivos): emiîuká (t) - o que alguém mata: îagûara remiîukapûera - o que a onça matou, o morto pela onça (Ar., Cat., 107v); Tupana remimonhanga - o que Deus faz, o feito de Deus (Valente, Cantigas, VI, in Ar., Cat., 1618)
enondesaba (t) (s.) - período anterior; a véspera: I 'ara renondesaba 'ara îekuakupaba. - O período anterior ao dia dele é dia em que se jejua. (Ar., Cat., 121)
epîakatu (s) (v.tr.) - observar, notar só com a vista (para depois conhecer a causa): Asepîakatu. - Observei-o. (VLB, II, 51)
epyk (s) (v.tr.) - 1) vingar, desagravar: Nd'ereîuri xe repyka? - Não vens para me vingar? (Anch., Teatro, 50); Erĩ! Xe rapy Tupã, o boîá repyka nhẽ. -Ai! Queima-me Deus, vingando seu servo. (Anch., Teatro, 90); ...Nd'e'i te'e o apixara akakapa, sepyka. - Por isso mesmo repreendeu a seu companheiro, desagravando-o. (Ar., Cat., 63); ...Ixé t'oroepyk... - Eu hei de vingar-te. (Ar., Cat., 102); 2) falar em favor de, excusar: Asepy-sepyk. - Fiquei falando em favor dele. (VLB, I, 134)
epysama (t) (s.) - 1) intervalo, interstício, divisão que há entre as partes pudendas da frente da mulher e seu ânus (VLB, II, 22); 2) faixa, língua (p.ex., de mato que ficou em pé após a derrubada da floresta, de terra que une duas ilhas, etc.) (VLB, II, 22)
eroŷrõ (v.tr.) - 1) detestar, odiar, abominar, desprezar, pôr defeito em: T'aroŷrõ tekomemûã... - Que deteste a vida má. (Anch., Poemas, 92); T'aroŷrõngatu Anhanga... - Que eu deteste muito o diabo. (Anch., Poemas, 98); ...Na xe reroŷrõî îepé. - Tu não me detestas. (Anch., Poemas, 96); Kó temiminó-poxy îandé rekó ogûeroŷrõ... - Esses temiminós malvados nossa lei detestam... (Anch., Teatro, 16); 2) renunciar a, enjeitar, reprovar (VLB, II, 101) ● seroŷrõmbyra - o que é (ou deve ser) detestado, odiado: ...Seroŷrõmbyramo oîkóbo bé... - Sendo também odiados. (Ar., Cat., 179); ...Seroŷrõmo opakatu ikó 'ara pupé... seroŷrõmbyra sosé. - Detestando-os mais que tudo o que se deve detestar neste mundo. (Ar., Cat., 220); emieroŷrõ (t) - o que alguém detesta: O angaîpagûera... o emieroŷrõagûera reroîeby-potare'yma. - Não querendo repetir seu pecado que ele detestava. (Ar., Cat., 188); eroŷrõsaba (ou eroŷrõaba) (t) - tempo, lugar, causa, etc. de odiar, de detestar; ódio: Nde resa'y eîmondyky seroŷrõsápe... - Destila tuas lágrimas, por detestá-los. (Anch., Doutr. Cristã, II, 112)
erur (ou eru) (v.tr.) - fazer vir consigo, vir com, trazer: Aîpó tekó-pysasu abá serã ogûeru...? - Aquela lei nova, quem será que a trouxe? (Anch., Teatro, 4); ...Mokaba ogûeru tenhẽ. - Trouxeram pólvora em vão. (Anch., Teatro, 52); Tataûrana, eru ké nde musurana! - Tataurana, traze aqui tua muçurana! (Anch., Teatro, 64); Ereruretá serã? - Acaso trouxeste muitas coisas? (Anch., Teatro, 44); I aysó, nipó, îasy, og obagûasu reru. - É formosa, certamente, a lua, vindo com sua grande face. (Anch., Poemas, 142); Ikó abá arur iké... ta peîkuab... - Este homem trago aqui para que o reconheçais... (Ar., Cat., 60v); Ererupe nde karamemûã? - Trouxeste tua caixa? (Léry, Histoire, 342) ● eru-erur - acarretar, acarrear (VLB, I, 19)
esapé (s) (v.tr.) - iluminar: ...Esesapé kori xe 'anga resá... - Ilumina hoje os olhos de minha alma. (Ar., Cat., 24v); ...Nde-te ereberá i xosé, oré resapébo pá nde rekokatu pupé. - Mas tu brilhas mais que ele, iluminando-nos todos com tua virtude. (Anch., Poemas, 142) ● esapesaba (t) - tempo, lugar, causa, etc. de iluminar, a iluminação, a luz, o lume: ...Asé 'anga resapesaba gûeba potare'yma. - Não querendo que se apague a luz de nossa alma. (Ar., Cat., 81v-82)
esaraîpotara (t) (s.) - tendência a esquecer; [adj.: esaraîpotar (r, s)] - esquecido (isto é, que costuma esquecer), esquecidiço: Xe resaraîpotar. - Eu sou esquecidiço. (VLB, I, 127)
îandé 1) (pron. pess. da 1ª p. do pl. Inclui a pessoa com quem se fala.) - a) (pron. sujeito) - nós (Anch., Arte, 11): ...îandé ma'enduaramo... - lembrando nós (Ar., Cat., 5v); b) (pron. objeto) - nos, nós: Îandé repîaka our! - Veio para nos ver! (Léry, Histoire, 341); Îandé moingobé... - Fez-nos viver. (Anch., Poemas, 108); ...Îandé ri oîese'a. - Uniu-se a nós. (Anch., Poemas, 160); Îandé moetébo apŷaba nhemosaraî. - Para nos honrar os índios fazem festa. (Anch., Teatro, 24); 2) (possessivo da 1ª p. do pl. incl.) - nosso (os, a, as): îandé karaibebé - nosso anjo da guarda (Valente, Cantigas, V, in Ar., Cat., 1618); îandé rubeté - nosso pai verdadeiro (Anch., Poemas, 90)
îatimung (v. intr.) - oscilar, balançar: I ku'a-bok serã moxy oatimunga? - Por acaso estava o maldito com a cintura fendida, balançando? (Ar., Cat., 57v)
îepepyr (v. intr.) - empenar-se, estar empenado (p.ex., a tábua, por causa do sol) (VLB, I, 112)
îepîakukar (v. intr.) - mostrar-se, revelar-se, manifestar-se, fazer ver-se: Oîepîakukar i xupé nhõ... i moesãîa. - Manifestou-se a eles, somente, alegrando-os. (Ar., Cat., 45) ● îepîakukasaba - tempo, lugar, modo, etc. de mostrar-se, de revelar-se; revelação: T'orobasẽne ybakype... nde îepîakukasápe... - Havemos de chegar ao céu, ao lugar em que tu te revelas. (Ar., Cat., 27)
îereb (v. intr.) - 1) virar-se; revirar-se, voltar-se; 2) espojar-se, lançar-se em terra de costas e revolver-se, agitar-se para se coçar (p.ex., os cães, os gatos): Aîeré-îereb. - Fico a espojar-me. (VLB, I, 127); 3) investir, fazer ataque: Aîereb (abá) supé. - Investi contra os homens. (VLB, II, 147, adapt.)
imongaraibypyre'yma (etim. - o que não é batizado) (s.) - pagão (VLB, II, 62): Cristãos rekokatu repîaka é ipó imongaraibypyre'yma... - Vendo os pagãos a virtude dos cristãos. (Ar., Cat., 26v)
îo-2 (pref. que forma substantivos a partir de temas verbais): îonupã - o açoite: Angaîpaba oîporará îonupã. - Os maus padecem açoites. (Anch., Arte, 35v); îoaûsuba - amizade, amor: Tupã îoaûsuba pupé îaîkóbo... - Estando nós no amor de Deus (Anch., Doutr. Cristã, I, 202)
îurupyke'yma (etim. - o que não cessa a boca) (s.) - comilão (VLB, I, 146)
katu (s.) - o bem; coisa boa; bondade: …Opabĩ abá raûsubi i katurama resé. - A todos os homens ama para o bem deles. (Anch., Teatro, 158, 2006); A'e aé koba'e katu me'engara re'a... - É ele o que dá o bem desses. (Ar., Cat., 66); (adj.) - 1) bom; bondoso; bonançoso (fal. do mar) (VLB, I, 18): Xe katu. - Eu sou bom. (Fig., Arte, 67); ...Tupã amõ kunhãngatu monhangi. - Deus fez certa mulher bondosa. (Anch., Poemas, 86); (fal. de alimentos): I katu nhẽ, t'ere'u. - Estão bons; que os comas. (Anch., Poemas, 154); Abámo... mba'e-katu 'uagûera n'oîkuabi xûé...? - Quem não reconheceria ter comido algo bom? (Ar., Cat., 88v); Xe katupe ká... - Hei de ser bom. (Anch., Teatro, 38); 2) grande, muito: Nde porãngatu raûsupa... - Amando tua grande beleza. (Anch., Poemas, 84); ...tubixá-katu Aîmbiré - o grande chefe Aimbirê (Anch., Teatro, 8); Aîerekoaibeté xe angaîpá-katu suí. - Piorei muito de meu grande mal. (VLB, I, 112); 3) direito (fal. de tronco de árvore) (VLB, I, 103); 4) limpo (VLB, II, 22); 5) airoso: Xe katu. - Eu sou airoso. (VLB, I, 28); 6) polido (VLB, II, 80); 7) delicado (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 276); (adv.) - 1) muito, bem, largamente (VLB, II, 18): Nde py'ape-katupe aîpó eré? - Bem no teu coração disseste isso? (Ar., Cat., 102); Turusu-katupe a'e cruz erimba'e? - Era muito grande aquela cruz? (Ar., Cat., 61v); Aîemĩngatu... - Escondo-me bem. (Anch., Teatro, 32); Abá 'anga mara'ara i pupé opûeîrá-katu... - As doenças da alma do homem com ele saram bem. (Anch., Teatro, 38); 2) exatamente, perfeitamente, precisamente: Îaîpe'a nhẽmope i xuí a'e roîré katu...? - Apartá-lo-íamos dele precisamente depois disso? (Ar., Cat., 96); -Mbobype tekoangaîpaba oîoaname'yma? -Mosapyr katu... -Quantos são os gêneros de pecados? -Três, exatamente. (Bettendorff, Compêndio, 70); 3) por inteiro, inteiramente (VLB, II, 13); completamente: Xe resaraî-te-katu. - Mas eu me esqueci completamente. (Anch., Teatro, 178, 2006); 4) nomeadamente, particularmente: Nde katu nde renõî. - Ele te chama particularmente. (VLB, II, 50); 5) de fato: Xe syramongatu t'oîkó .... - Que seja minha mãe, de fato. (Anch., Poemas, 86) ● i katu! (ou i katu-eté!) - muito bem! (Fig., Arte, 136)
kokoty2 (conj.) - de um lado... de outro lado (repetindo-se o termo); por um lado... por outro lado: Kokoty tatá rasyeté, kokoty-kokoty ro'y oporomoryryîeteba'e, i moîasegûabone; kokoty ambyasy, 'useîeté... - Por um lado, a grande dor do fogo, por outro lado, um frio que faz as pessoas tremerem muito, fazendo-as chorar; por outro lado, a fome, uma grande sede. (Ar., Cat., 164)
ku'aman (etim. - circundar a cintura) (v.tr.) - abarcar, agarrar cingindo, pegar (com os braços); cingir (p.ex., com cinto): Aîku'aman. - Cingi-o. (VLB, I, 17)
NOTA - O verbo CUTUCAR (ou CATUCAR), no P.B., tem os seguintes sentidos: 1) tocar ligeiramente (alguém) com o dedo, o cotovelo, etc., ou algum objeto, principalmente para fazer uma advertência que não se quer ou não se pode fazer de viva voz; 2) introduzir a ponta do dedo, ou objeto fino, pontiagudo, em (orifício do corpo, fechadura, etc.): CUTUCAR o ouvido; 3) (fam.) coçar ou bulir insistentemente em (ferida, machucado); 4) machucar levemente; incomodar: O broche mal fechado CUTUCAVA-lhe o seio. (in Novo Dicion. Aurélio)
ky'ĩ (s. voc. de m.) - mana! (como diz uma mulher a outra); minha irmã! (VLB, II, 30; Anch., Arte, 14v)
kyna'ĩ (s. voc., de m.) - mana! (como diz uma mulher a outra); minha irmã! (Anch., Arte, 14v; VLB, II, 30)
kytynga (s.) - ferrugem, mancha: Aîkytyngok. - Tiro a sua ferrugem. (VLB, II, 22)
maíra2 (s.) - 1) homem branco: ...Na satãngatuî maíra! - Não é muito forte o homem branco. (Anch., Teatro, 16); Aîpó maíra... ybytuûasu oîmoú. - Aquele homem branco fez vir a ventania. (Staden, Viagem, 91); 2) francês: "Que veut dire que vous autres Mairs et Peros, c'est à dire François et Portugais, veniez de si loin querir du bois pour vous chauffer?" - Por quê vocês, maíras e perós, quer dizer, franceses e portugueses, vêm de tão longe procurar madeira para se aquecerem?  (Léry, Histoire, cap. XIII)
mba'eîare'yma (etim. - o que não porta coisas) (s.) - pobre: ...Mba'eîare'yma îabé... so'o mimbaba roka ogûâr og upabamo... - Como um pobre, tomou a casa dos animais de criação como sua pousada. (Ar., Cat., 9v)
mo-1 (ou mbo-) (pref. da voz causativa): Emoîerekûab orébo... - Faze perdoar a nós. (Anch., Poemas, 84); ...O pyri pe mogûapyka. - Junto a si fazendo-vos sentar. (Anch., Poemas, 158)
mo'am1 (v.tr.) - erguer, fazer estar em pé, erigir, pôr, encostar de pé (p.ex., pau ou lança à parede): A'eîbépe ybŷá cruz mo'ami i atykábo? - Logo, então, a cruz ergueram, fincando-a? (Ar., Cat., 62v); Oîaobok, itá okytá resé i popûá i mo'ama. - Despiram-no, amarrando-lhe as mãos numa coluna de pedra, fazendo-o estar de pé. (Ar., Cat., 60)
moangaturam (v.tr.) - dignificar, honrar; tornar bom, enobrecer, aperfeiçoar: A'e ipó Tupã n'omoangaturami... - Esses, na verdade, não honram a Deus. (Ar., Cat., 26v); Nde moangaturameté pa'i Tupã... - Tornou-te muito bondosa o senhor Deus. (Anch., Poemas, 132) ● moangaturãsaba - tempo, lugar, causa, meio, instrumento, etc. de honrar, de dignificar, de fazer bom: Mba'e nungarape aîpó graça i moangaturãsaba? - Semelhante a que é essa graça, o meio de fazê-los bons? (Ar., Cat., 37v)
moapysyk (v.tr.) - 1) consolar, confortar: Nde pópe ogûapyka, osó kunumĩ... nde moapysyka... - Em tuas mãos sentando-se, vai o menino, consolando-te. (Anch., Poemas, 120); Xe moapysyk îepé. - Conforta-me tu. (Valente, Cantigas, II, in Ar., Cat., 1618); Our i moapysyka... - Vieram para consolá-lo. (Ar., Cat., 53v); 2) edificar (moralmente) (VLB, I, 108); 3) deleitar, agradar (VLB, I, 27); Xe moapysy-katu. - Deleita-me muito. (VLB, I, 27; 93); 4) fartar a vontade de, o apetite de, satisfazer (fal. de comida) (VLB, I, 135) ● i moapysykypyra - o que é (ou deve ser) consolado, o consolado: A'eba'e i moapysykypyramo sekóûne. - Aqueles serão consolados. (Ar., Cat., 19); moapysykaba - tempo, lugar, modo, etc. de consolar, de deleitar, etc.; o ato de consolar, o consolo: Nde 'anga moapysykápe, oroîaîubã-îubã. - Para confortar a tua alma, nós o ficamos abraçando. (Anch., Poemas, 134)
mogûyapi (v.tr.) - 1) derrubar, lutando (VLB, I, 95); 2) fazer cair, fazer desarmar-se (p.ex., a armadilha de peso, quando se quebra a corda do pinguelo) (VLB, I, 96)
moîasekó (v.tr.) - dependurar (VLB, I, 94), suspender: Aîpó tekoporanga resé asé serekóû o kotype, a'epe i moîasekóbo i gûaburu... - Para esse belo procedimento, a gente a mantém em seu próprio quarto (isto é, a água benta), aí dependurando o recipiente em que a bebe. (Ar., Cat., 353)
mokaîe'yba (etim. - pé de macaé) (s.) - MOCAJAÍBA, MACAÚBA, BOCAIÚVA, nome comum a certas palmeiras do gênero Acrocomia, principalmente a Acrocomia aculeata (Jacq.) Lodd. ex Mart., também chamada MACAÉ, MACAÚVA, MACAÍBA, MACACAÚBA, MACAIBEIRA, MUCAJÁ, MUCAIA, MUCAJUBA (D'Abbeville, Histoire, 224)
momoxy (v.tr.) - prejudicar, perverter, enfeiar, fazer mal a, arruinar: Xe xe 'anga aîmomoxy... - Eu enfeio minh'alma. (Anch., Poemas, 134); Kûepe kunhã-mendarûera ereîmomoxy-moxy. - Por aí as mulheres casadas ficavas pervertendo. (Anch., Teatro, 170); Ereîukaípe mendare'yma i momoxy îanondé...? - Forçaste uma solteira antes de lhe fazer mal? (Ar., Cat., 103v) ● emimomoxy (t) - o que alguém perverte, enfeia, etc.: ...O emimomoxypûera o mũetéramo sekó kuakupa. - Escondendo ser sua parente verdadeira a que ele perverteu. (Ar., Cat., 71v); momoxysara - o que perverte, etc.: ...mendara momoxysara... - ...o que perverte uma casada... (Ar., Cat., 109); momoxysaba - tempo, lugar, meio, etc. de perverter, de prejudicar, etc.: ...asé 'anga momoxysabamo sekó resé... - Por serem meio de arruinar nossas almas. (Bettendorff, Compêndio, 93)
musiky (ou musiku) (s.) - água-viva, medusa, alforreca, "excreção transparente do mar, lindamente vermelha e mui lisa, semelhante a umas bolhas de variada figura, ora oval, ora quase triangular.... Os que andam pelas praias descalços,... pisando essa bolha venenosa, sentem ardor acentuado e doloroso nas plantas dos pés". (Piso, De Med. Bras., III, 51; Sousa, Trat. Descr., 294)
-ndûar (suf. que nominaliza complementos circunstanciais) - 1) o que é, o que está: Oîerokype asé... santos ybakypendûara... supé bé? - A gente se inclina para os santos que estão no céu também? (Ar., Cat., 22); Oré remi'u 'ara îabi'õndûara eîme'eng kori orébe. - Nossa comida, a que é de cada dia, dá hoje para nós. (Anch., Doutr. Cristã, I, 139); Opakatupe Tupã asé py'apendûara tiruã repîaki? - Tudo, mesmo o que está no coração da gente, Deus vê? (Anch., Doutr. Cristã, I, 158); ...O îoesendûara pabẽ... - Todos os que estão consigo... (Bettendorff, Compêndio, 103); mba'e ybybondûara - coisa que está no chão (Fig., Arte, 139); Ikendûara n'ikó. - O que é daqui é este. (VLB, II, 74); 2) o referente a, o que diz respeito a, o que toca a: Ereîmombe'u ymã mene'yma resé nde rekoangaîpagûera; ko'yr t'ereîmombe'u mendara resendûarûera. - Já confessaste teus pecados com as solteiras; que confesses agora os que dizem respeito às casadas. (Ar., Cat., 109); xe soremendûara - o que toca a quando eu fui (Anch., Arte, 10v); 3) natural, o que é ou está naturalmente, habitante (animal ou planta): nhũbondûara (ou nhũmendûara) - natural dos campos, o que está (naturalmente) pelos campos (VLB, II, 41) (V. tb. -sûar)
nhemang (v. intr.) - empenar, estar empenado (p.ex., a tábua, por causa do sol) (VLB, I, 112)
nhemondubyr (etim. - empoeirar-se) (v. intr.) - espojar-se, lançar-se em terra de costas e revolver-se, agitar-se para se coçar: Anhemonduby-ndubyr. - Fico a espojar-me. (VLB, I, 127)
'ok (-îo-) (v.tr.) - 1) tirar, arrancar (tb. o que está fincado ou encravado, como o prego, a batata, o bicho-de-pé, ervas, raízes, etc.): Oré rekopoxy 'oka... - Arrancando nossos vícios. (Anch., Poemas, 144); Aîo'ok xe aoba. - Tirei minha roupa. (VLB, I, 96); ...I poraûsuboka... - Arrancando suas aflições. (Anch., Teatro, 54); ...T'oîe'ok ixé suí xe resá-poropotara... - Que se arranquem de mim meus olhos concupiscentes. (Anch., Poemas, 146); ...Oîmoîasyk i ky'a 'oka. - Banha-a, arrancando sua sujeira. (Bettendorff, Compêndio, 113); 2) apanhar: Ausá-'ok. - Apanho caranguejos. (VLB, I, 66); 3) agadanhar, agarrar com as unhas (VLB, I, 23) ● 'okara - o que tira, o que apanha, etc.: Tekoangaîpabokaramo Îandé Îara Îesu Cristo rekóreme. - Por ser Nosso Senhor Jesus Cristo o que tira os pecados. (Ar., Cat., 52)
opytakok (s) (etim. - escorar a popa) (v.tr.) - dirigir (p.ex., embarcação) (VLB, I, 149)
oré - 1) (pron. pess. da 1ª p. do pl. - exclui a pessoa com quem se fala) - a) (pron. sujeito) - nós: Ema'ẽ oré resé! - Olha para nós! (Anch., Teatro, 120); T'oré pyatã. - Que nós sejamos corajosos. (Anch., Teatro, 120); b) (pron. objeto) - nos: T'oú... oré moorypa... - Que venha para nos fazer felizes. (Anch., Teatro, 118); Oré pysyrõ îepé... - Livra-nos tu. (Anch., Doutr. Cristã, I, 139); 2) (poss. da 1ª p. do pl. excl.) - nosso (a, s, as): Esarõ oré retama oré sumarã suí. - Guarda nossa terra de nossos inimigos. (Anch., Teatro, 118); T'oroîtyk oré poxy... - Que lancemos fora nossa maldade. (Anch., Teatro, 118)
pe5 1) (pron. pess. da 2ª p. do pl.) - a) (pron. sujeito) - vós: Pe ma'enduar. - Vós lembrais. (Anch., Arte, 20v); b) (pron. objeto) - vos: Pe îuká xe îara. - Meu senhor vos mata. (Anch., Arte, 12v); Pe rapy tataendyne! - Queimar-vos-ão as chamas! (Anch., Teatro, 42); 2) (poss. da 2ª p. do pl.) - vosso (os, a, as): Aîur ybaka suí pe rokybỹîa rupi... - Vim do céu pelo interior de vossas ocas. (Anch., Teatro, 50)
pepek2 (v. intr.) - cordear (a vela da embarcação) (VLB, II, 100)
poanama (etim. - grossura de fibra) (s.) - espessura, grossura (de tecido); (adj.: poanam) - grosso, áspero (ao tato): amyniîu-aó-poanama - roupa de algodão grossa (isto é, malha para a defesa na guerra) (VLB, I, 41)
poropotara (m) (etim. - desejar gente) (s.) - lascívia, luxúria, desejo sensual, concupiscência: Ereîtykype kunumĩ amõ... nde 'arybo moropotara suí? - Lançaste algum menino sobre ti por desejo sensual? (Anch., Doutr. Cristã, II, 95); (adj.: poropotar) - lascivo, lúbrico, desejoso de sexo, concupiscente, luxurioso: Nde resá-poropotápe amõ resé ema'ẽmo? - Tu tens olhos concupiscentes, olhando para alguém? (Ar., Cat., 104v); abá-poropotara - homem luxurioso (VLB, II, 25) ● i poropotaryba'e - o que é luxurioso: sesá-poropotaryba'e... - o que tem olhos que são luxuriosos (Ar., Cat., 71v); poropotarixûera (m) - o que tem tendência à luxúria, luxurioso (VLB, II, 25)
poxy (m) (s.) - 1) torpeza, abjeção, maldade, desonestidade: ...Oré 'anga poxy reîa. - Lavando a maldade de nossa alma. (Anch., Poemas, 172); 2) feiúra; 3) estrago, deterioração (fal. de alimentos): Nd'ere'uî xûémo; ...i angaîbaratã moxy suí! - Não o comerás; ele está duramente ressequido por deterioração. (Anch., Poemas, 152); 4) maldito, malvado: Eîerok moxy resé... - Arranca-te o nome por causa dos malditos. (Anch., Teatro, 46); Onharõ moxy; xe 'une! - Está bravo o maldito; comer-me-á! (Anch., Teatro, 62); (adj.) - 1) torpe, nojento, abjeto, mau; asqueroso (p.ex., uma ferida ou chaga; um guardanapo, por estar muito sujo), desonesto, imprestável (para se comer): pirá-poxy - peixe imprestável (isto é, que não é bom para se comer) (Léry, Histoire, 297, 1994); "...dão frutos parecidos com as nossas nêsperas, mas muito perigosos; por isso, os selvagens, quando vêem os estrangeiros aproximando-se para colhê-los, repetem muitas vezes seu "i poxy", e advertem-nos para que se abstenham." (Laet, Novus Orbis, Livro XV, cap. IX, §6); Eîori, mba'enem, mba'e-poxy! - Vem, coisa fedorenta, coisa nojenta! (Anch., Teatro, 44); Peteumẽ pe poxyramo angiré... - Guardai-vos de serdes maus doravante. (Anch., Teatro, 54); Nde poxype nde remirekó asykûereté amõ resé...? - Tu foste desonesto com alguma irmã verdadeira de tua esposa? (Anch., Doutr. Cristã, II, 94); 2) feio, disforme: -Emonã abépe i angaîpaba'e reténe? -Aani, i poxy-katune. -Assim também serão os corpos dos que são maus? -Não, eles serão muito feios. (Ar., Cat., 46v); (adv.) torpemente, abjetamente, mal: Penhe'eng poxype pe îoupé...? - Falastes torpemente para vós mesmos? (Ar., Cat., 233); Aîkó-poxy. - Vivo mal. (Anch., Arte, 10v) ● i poxyba'e - o que é torpe, o que é feio, o que é mau, etc.: - Îarekó é rakó mba'e-katu i poxyba'e suí i mouruébo. - Tenhamos as coisas boas, apartando-as do que é torpe. (Ar., Cat., 89); poxŷaba - torpeza, feiúra, abjeção, maldade, etc.: ...o nhe'enga poxŷagûera - a maldade de suas palavras (Ar., Cat., 90)
pubuîereb (v.tr.) - 1) despejar, emborcar (um recipiente noutro), virar de boca para baixo (p.ex., barco, vaso, etc.); 2) fazer ir a pique, fazer naufragar, afundar (p.ex., o navio, a embarcação) (VLB, I, 100)
pytá1 (v. intr.) - 1) ficar, permanecer: Akûeîme apytá memẽ nde pyri... - Antigamente eu ficava sempre junto de ti. (Anch., Poemas, 154); Osobá-syb aó-tinga pupé; a'e resé sobá ra'angaba pytáû. - Limpou seu rosto com um pano branco; nele ficou a imagem de seu rosto. (Ar., Cat., 89, 1686); Abápe opytá a'epe? - Quem ficou ali? (Ar., Cat., 64); 2) agasalhar-se, hospedar-se: Apytá Pero resé. - Hospedo-me com Pedro. (VLB, II, 59); 3) parar: Apytá. - Parei. (VLB, II, 65) ● opytaba'e - o que fica, o que para, etc.: ...Ybakype... opytaba'epûera rubixaba. - Chefe dos que ficaram no céu. (Ar., Cat., 134, 1686); pytasaba - tempo, lugar, causa, finalidade, etc. de ficar, de parar, de permanecer, etc.; permanência, parada: Nd'e'i te'e og orybamo, Tupãó-pyri i pytasagûera resé. - Por isso mesmo eles estão felizes, pela permanência dele junto à casa de Deus. (Ar., Cat., 5v)
O escritor Guimarães Rosa usou tal sufixo para a criação do nome de uma obra sua: SAGARANA ("o que parece uma saga").
riré (posp. - com temas terminados em consoante assume a forma iré) - após, depois de: ...Saraûaîa rur'iré, îamombá taba îandune. - Após vir Sarauaia, destruiremos a aldeia, como de costume. (Anch., Teatro, 24); ...O manõ riré toryba rerekóbo... - Tendo alegria após sua morte. (Anch., Teatro, 54); Mamõpe i xóû o mba'e'u-pab'iré? - Aonde ele foi após acabar de comer? (Ar., Cat., 52v); Kûarasy nipó oberá, putunusu kûab'iré. - O sol certamente brilha, após passar a grande noite. (Anch., Poemas, 142) ● riré bé - logo que, logo em: ...'Ara mosapyra riré bé sekobeîebyri. - Logo no terceiro dia voltou a viver. (Ar., Cat., 58, 1686)
rung (v. irreg. Só usado com objeto incorporado nas formas verbais propriamente ditas. Nas formas nominais, comporta-se como qualquer outro verbo regular.) - pôr, estabelecer, arranjar, preparar, fazer (no sentido de estabelecer): Aîkó-rung xe ruba. - Fiz a roça de meu pai. (Fig., Arte, 145); T'îasó mundé runga. - Vamos para pôr armadilha. (Fig., Arte, 145); Aîypy-rung. - Pus-lhe início (isto é, comecei-o). (Fig., Arte, 145); Atupá-rung abati. - Estabeleci uma plantação de milho. (VLB, II, 81)
sabeypora (s.) - 1) bebedeira, embriaguez: ...Sabeypora suí bé oîoapixá-pixapa. - Também por embriaguez ficando a ferirem-se uns aos outros. (Anch., Teatro, 34); ...Sabeypora suí 'ara mokanhema... - Perdendo o entendimento por causa de bebedeira. (Ar., Cat., 78); 2) bêbado, o que bebe: Xe-te, xe rembiá-potá sabeypora amõ resé... - Eu, em vez disso, quero presas nas pessoas de alguns bêbados. (Anch., Teatro, 148)
sirigûasu (etim. - siri grande) (s.) - SIRIAÇU, crustáceo da família dos portunídeos, a espécie de maior tamanho da família (VLB, I, 67)
timbor (v. intr.) - fumegar, soltar fumaça (p.ex., o fogo), soltar vapor, bafejar (com a boca): Atimbor. - Bafejo. (VLB, I, 144)
to'ĩ (s. voc. de m.) - mana (como diz uma mulher a outra) (VLB, II, 30)
ûĩba'e (dem. pron.) - essa coisa; esse(es, a, as), isso (VLB, II, 15): Supikatu serã uîba'e ûyrá-memûã mbouri. - Na verdade, esse fez vir o pássaro mau. (D'Abbeville, Histoire, 353)
upaba3 (t, t) (etim. - lugar de estar deitado) (s.) - leito, cama, rede: Kó xe 'anga, nde rusaba, nde rupabamo t'oîkó. - Eis que minh' alma, à qual tu vens, há de estar como teu leito. (Anch., Poemas, 128) ● upagûera (t) - leito que já foi usado (onde se deitou pessoa ou animal que já se foi) (VLB, II, 7)
upaba4 (t, t) (etim. - lugar de estar deitado) (s.) - pousada (de caminhantes, de viajantes) (VLB, II, 84): ...Ybyrá itá monhangymbyra kupépe so'o mimbaba roka ogûar og upabamo... - Atrás de uma cerca feita de pedras, tomou a casa dos animais de criação como sua pousada. (Ar., Cat., 9v)
ybyrapandara (etim. - o que lavra a madeira) (s.) - carpinteiro (VLB, I, 67)
ybyrapeasoka (etim. - verme da casca das árvores) (s.) - inseto negro alado, coleóptero, da família dos escarabeídeos. "Devora as raízes, seguindo-se, daí, a destruição total da cana." (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 83)
ynysema (t, t) (s.) - 1) coisa cheia (Fig., Arte, 75); 2) transbordamento; 3) abundância; repleção; [adj.: ynysem ou ynysẽ (r, t)] - cheio, repleto, abundante; (xe) estar cheio, transbordar; abundar [recebe complemento com a posposição esé (r, s)]: Tynysẽngatupe Santa Maria aîpó mba'e-eté "graça" 'îaba resé? - Está muito cheia Santa Maria daquela coisa muito boa chamada "graça"? (Ar., Cat., 31v); ...Tynysẽ umã kaûĩ... - Já transborda o cauim. (Anch., Teatro, 24); Tynysẽ memẽ ygasaba. - Estão sempre cheias as igaçabas. (Anch., Teatro, 34); Tynysẽ Tupã raûsuba nde nhy'ãme erimba'e. - Abundava o amor de Deus em teu coração outrora. (Anch., Teatro, 120) ● tynysemba'e - o que está cheio, o que está repleto: Ave Maria, graça resé tynysemba'e... - Ave Maria, a que está cheia de graça. (Anch., Doutr. Cristã, I, 139)
ypab (r, t) (xe) (etim. - água acabada) (v. da 2ª classe) - secar, esgotar-se a água de (p.ex., rio, vaso, etc.): Typab. - Ele secou. (VLB, I, 111); Xe rypab. - Eu seco. (VLB, II, 114)
ypy6 (r, t) (s.) - fundura, profundeza (de rio, mar, etc.) (VLB, I, 145; II, 63); o fundo: typy - fundura dele (VLB, I, 33); Ypy suí berame'ĩ abur (ou Abur-berame'ĩ ypy suí). - Como que do fundo emergi (diz quem saiu de algum grande aperto em que estava). (VLB, I, 31; II, 103); Atypy-a'ang. - Medi a profundidade dele. (VLB, II, 121); [adj.: ypy (r, t)] - fundo, profundo (p.ex., rio, mar, qualquer água): Typy. - Ele é fundo. (VLB, I, 33, 145); Na typyî. - Ele (isto é, o mar, o rio) não é fundo. (VLB, I, 51)
ypy'aka (t, t) (s.) - 1) borra de um líquido, isto é, a parte sólida dele que se deposita no fundo de uma garrafa; sedimento (VLB, I, 58); 2) água com matéria coalhada (como, p.ex., mandioca crua); caldo ou líquido coalhado, isto é, que perdeu a fluidez; coalhada, TIPIACA: Typy'a-ku'i - farinha de tipiaca, isto é, feita da mandioca crua coalhada em suspensão na água (VLB, I, 135)
Acangapiranga (rib. de RO). De akanga + pyrang/a + -a: cabeças vermelhas.
Anhembi (rio de SP). De anhuma - ave pernalta que habita a beira de rios + 'y - rio, água: rio das anhumas.
Araci (nome de pessoa). A mesma etim. de Iraci (v.).
Cambaúba (GO). Nome de uma variedade de taquara, termo das línguas gerais coloniais: "Tacoára- Hé planta sim^e a Cana; [...] as especies mais comuns são Tacoarusu, Jateboca, Taquapeni, Tacoaboca, Tacoaobú, Tacoaquise, Cambaiuba, Tacoarí [...]" [Anônimo (muito provavelmente Joseph Barbosa de Sáa] [1765], Noticia (p. 36)
Cuiambuca (PE). De kuîmbuka: cuias fendidas (kuîa + puk + -a).
Jacirema (nome de pessoa). De 'y + asy (r, s) + rem + -a: água ruim e fedorenta.
Miragaia (nome de pessoa). De mirukaîa, miragaia, murucaia, miraguaia, peixe da família dos cianídeos. Pode também ser nome de origem portuguesa, havendo em Portugal a Vila de Miragaia.
Piranga1, Rio (MG). De pyrang/a: vermelho. Durante a fase de emprego das línguas gerais coloniais, foi comum o uso de adjetivos tupis com substantivos portugueses: Monte Piranga, Rio Una, etc.
Pororoca (RN). De pororoka: explosão, rebentamento, macaréu de vários metros e de grande estrondo que acontece próximo à foz de alguns grandes rios do norte do Brasil.
acalmar-se - putusok ● rel. a vento: pyk
acender - (o fogo): mondyk; (a luz): moendy
recipiente - uru (r, s); (em relação à pessoa que o leva): (ep)uru (r, s)
aîyba (t) (s.) - queixo ● aîygûera (t) - queixo separado do corpo, com ou sem a carne (VLB, II, 93)
ambyagûá (t) (s.) - o que está ao lado; o vizinho: Erenhemosaînanype nde ra'yra, nde roka pora... nde rambyagûá missa iî ypyrungápe sendubagûama ri? - Tu te preocupaste com que teu filho, os que estão em tua casa, teus vizinhos ouvissem a missa desde o começo dela? (Anch., Doutr. Cristã, II, 105)
apin (v.tr. ou intr.) - rapar, tosquiar, tosar: Aîapin. - Tosquio-o. (Fig., Arte, 101); Aîeapin-ukar. - Fiz-me rapar. (Fig., Arte, 146); Asendybá-apin. - Rapei-lhe a barba. (VLB, I, 52); Nãmo oroapin. - Rapamos nesta medida. (VLB, II, 129)
apixab (v.tr.) - ferir (geralmente na cabeça), dar cutilada: S. Pedro itangapema osekyî morubixaba rembiaûsuba Malko seryba'e apixapa... - São Pedro puxou a espada, ferindo um amigo do chefe, chamado Malco... (Ar., Cat., 76, 1686); ...Sabeypora suí bé oîoapixá-pixapa. - Também por embriaguez ficando a ferirem-se uns aos outros. (Anch., Teatro, 34); Ereî'apixabype amõno? - Feriste alguém também? (Anch., Doutr. Cristã, II, 87)
apixara (t) (s.) - 1) o colega, o semelhante, o próximo, o companheiro, o da mesma condição na sociedade indígena, o símile; o parceiro no nome, na feição, no ofício: Tapi'ira osó ogûapixara pyri. - O boi foi para junto dos seus companheiros. (Fig., Arte, 126); xe rapixara - meu parceiro (VLB, II, 65); ...Sapixara rerasóbono. - Levando uma outra semelhante a ela. (Ar., Cat., 353); O apixara robaké... kunhã resé oîkóbo. - Tendo relações sexuais com mulheres diante de sua companheira. (Ar., Cat., 72); A'epe marã asé rekóû o îeaûsuba îabé-katu o apixara raûsupa? - E como a gente procede para amar seu próximo como ama a si mesmo? (Ar., Cat., 75); ...nde rapixara ku'a îubana - abraçando a cintura de teu parceiro (Anch., Doutr. Cristã, II, 96-97); 2) o que se parece com, o parecido a: Pitanga i angaîpabe'ymba'e rapixaramo nhẽpe asé rekóû?... - A gente é parecida à criança que não tem pecado? (Anch., Doutr. Cristã, I, 201); Nde rapixara pixé, mba'enem-y îu! - És parecido com um chamusco, ó coisa fedorenta! (Anch., Teatro, 128)
apy2 (s) (v.tr.) - 1) queimar (o fogo ou com fogo; queimar tocando com brasa, tição, azeite ou água quente); inflamar, pôr fogo; abrasar: Asapy. - Queimo-o. (VLB, II, 93; Fig., Arte, 2); Xe, Tatapytera, xe tatagûasu îabé, asapy nhemoŷrõmbûera. - Eu, Tatapitera, assim como meu grande fogo, inflamo os antigos ódios. (Anch., Teatro, 128); Asapy nhũ. - Queimei o campo. (VLB, I, 140); T'îasó, mbegûé, îapu'ama, t'ixapy moxy retama. - Vamos, devagar, para fazer o assalto, para queimar a terra dos malditos. (Anch., Teatro, 24); ...Pe rapy tatá-endyne! - Queimar-vos-ão as chamas! (Anch., Teatro, 42); Nde 'anga osapy satá... - Abrasou tua alma o fogo dele. (Anch., Poemas, 124); 2) ferrar, marcar (p.ex., o gado): Asapy. - Ferrei-o. (VLB, I, 138) ● osapyba'e - o que queima: ...N'i porangyba'e ruã a'e tatá: sun, i poxy, oporoapyeteba'e... - Aquele fogo não é aquilo que é belo: ele é escuro, ele é feio, é o que queima muito as pessoas. (Ar., Cat., 163v); apŷara (ou apysara) (t) - o que queima, queimador: Ixé aé sapysarûera, sekobeaba resé. - Eu mesmo sou quem o queimou, no tempo em que ele vivia. (Anch., Teatro, 18); sapypyra - o que é (ou deve ser) queimado: Aîpó îandé ratá gûyra porama, sapypyrama. - Aqueles serão os futuros habitantes do fundo do nosso fogo, os que serão queimados. (Anch., Teatro, 160, 2006)
arõana2 (s.) - o que é igual a; o igual: xe arõana - meu igual (VLB, II, 9)
asy (t) (s.) - 1) dor, pena: 'Y berame'ĩ ikó îandé ratá rasy: n'osyki Anhanga ratá rasy resé. - Eis que a dor de nosso fogo parece a da água: não se equipara à dor do fogo do diabo. (Ar., Cat., 163v); Oîporará Tupã repîake'yma rasy. - Sofrem a dor de não verem a Deus. (Ar., Cat., 48); 2) mal, ruindade; problema: Na sasyî. - Não faz mal, não há problema. (Anch., Teatro, 148, 2006); [adj.: asy (r, s)] - 1) dolorido, doloroso, penoso, trabalhoso, árduo; (xe) doer, ser penoso, ser causa de pesar; pesar; ter dor, sentir dor; sofrer: T'oré pyatã, angá, mba'e-asy porarábo... - Que sejamos corajosos, sim, suportando as coisas dolorosas. (Anch., Teatro, 120); Sasy nakó ygá-pukuîa. - É penoso, de fato, remar canoa. (VLB, II, 134); Sasy nde só ixébe. - Dói-me tua ida. (Também se emprega com o gerúndio.): Sasy-eté ahẽ osóbo. - É doloroso ir-se fulano. Sasy-eté ahẽ oure'yma ixé o enõîndápe. - É muito doloroso não vir fulano ao meu chamado. (VLB, II, 75); Xe rybyt, nde nhyrõ xebo; xe rasy, xe mara'a. - Meu irmão, perdoa tu a mim; eu tenho dor, eu estou doente. (Anch., Teatro, 46); Ta sasy muru supé! - Que eles sofram junto dos malditos! (Anch., Teatro, 56); Mba'epe sasyeté a'epe tekoara supé?... - Que é mais penoso aos que estão ali? (Ar., Cat., 47v); Sasy ixébe. - Dói a mim; pesa-me (alguma coisa). (VLB, I, 105); Anhanga ratá îabépe satá rasyramo? - Como o fogo do diabo o fogo dele é penoso? (Ar., Cat., 48v); Sasy Peró supé. - Pesa a Pedro (alguma coisa); dói a Pedro (alguma coisa). (VLB, I, 105); Sasy-eté abá supé ogûe'õnama anduba. - Dói muito ao homem perceber sua morte. (Ar., Cat., 156); 2) mau, ruim: nhe'engasy - palavra ruim (VLB, I, 40); tobasy - cara ruim, mau humor (VLB, I, 140); (adv.) - demais, de doer, dolorosamente: Saîasy. - Ele está azedo demais (lit., azedo de doer). (VLB, I, 143); Osem okarype oîase'o-asykatûabo. - Saiu para o pátio chorando muito dolorosamente. (Ar., Cat., 57v) ● mba'e rasy - dor (em sentido genérico) (VLB, I, 106)
ekyî1 (s) (v.tr.) - 1) invocar: Oîaby bépe abá aîpó Tupã nhe'enga o py'ape-katu o apixara supé Anhanga koîpó te'õ koîpó Îurupari rekyîa? - Transgride também o homem aquela palavra de Deus invocando para seu próximo, bem em seu coração, o diabo ou a morte ou Jurupari? (Ar., Cat., 70v); Osekyî-sekyî te'õ. - Ficam invocando a morte. (Anch., Teatro, 150, 2006); 2) trazer à tona, trazer à lembrança, evocar: Xe rekó-ekyî îepé, a'epûera aîmoasy... - Embora me evoques os atos, daqueles arrependo-me. (Anch., Teatro, 168)
endy2 (ou eny) (t) (s.) - chama, lume, luz (de fogo, de candeia, etc.) (VLB, II, 25, 26); brilho (como o do mar, à noite): ...tatá-endy îabé... - como uma luz de fogo (Ar., Cat., 81v-82); Osyk oré ri sendy îepinhẽ. - Chegou a nós sua luz para sempre. (Anch., Poemas, 124); ...Pe rapy tatá-endyne! - Queimar-vos-ão as chamas de fogo! (Anch., Teatro, 42); [adj.: endy (r, s)] - brilhante, chamejante; (xe) brilhar, luzir: Xe rendy. - Eu brilho. (VLB, I, 40); Kó taba renyreme, pe pyri nhẽ xe rekóû. - Por esta aldeia luzir, eu estou junto de vós. (Anch., Teatro, 186) ● ma'endy (ma'e-endy) - coisa chamejante (Léry, Histoire, 351)
esaeté (t) (etim. - olhos a valer) (s.) - lascívia, libertinagem, erotismo; [adj.: esaeté (r, s)] - lascivo, libertino (diz-se de mulher ligeira em olhar para homens): Xe resaeté. - Eu sou libertina. (VLB, I, 96)
esaeté (t) (etim. - olhos a valer) (s.) - espanto, susto; [adj.: esaeté (r, s)] - espantadiço (VLB, I, 125); assustado, arisco (como o animal bravo e muito espantadiço, como o pássaro que não espera o tiro): Xe resaeté. - Eu sou arisco. (VLB, I, 59)
-gû-1 (ou û-) (representação da semivogal w, que se insere entre os prefixos número-pessoais o- e oro- e alguns verbos iniciados por vogal): T'orogûerekó (leia-se torowerekó), setãme, nde pyri, tekó-puku. - Que tenhamos, em sua terra, junto de ti, a vida eterna. (Anch., Teatro, 122); Pitangĩ abé îandé rubypy angaîpaba nhõ ogûerekó. - As criancinhas também têm somente o pecado de nosso pai primeiro. (Anch., Doutr. Cristã, 201)
gûyará (s.) - nome comum a diversos peixes de diversas espécies (Sousa, Trat. Descr., 282)
îapurusá (s.) - nome comum a certos insetos miriápodes (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 253)
îase'o2 (v. intr.) - 1) chorar: Ereîase'o îepi. - Choravas sempre. (Anch., Poemas, 96); Osem okarype, oîase'o-asy-katûabo. - Saiu para o pátio, chorando muito dolorosamente. (Ar., Cat., 57v); Ta sasẽ, oîasegûabo! - Que eles gritem, chorando! (Anch., Teatro, 56); T'oroîase'o memẽ... - Choremos sempre. (Anch., Teatro, 122); 2) ganir (o cão) (VLB, I, 146) ● oîase'oba'e - o que chora: Tekokatueté rerekoara oîase'oba'e. - Os que têm a bem-aventurança são os que choram. (Ar., Cat., 19); îasegûaba - tempo, lugar, modo, etc. de chorar: ...ikó ybytygûaîa îasegûaba pupé - neste vale, lugar de chorar (Ar., Cat., 14v)
îeapapûar (v. intr.) - enroscar-se (p.ex., a cobra) (VLB, I, 117)
îegûak (v. intr.) - enfeitar-se, ornar-se, adornar-se, pintar-se: Moraseîa é i katu, îegûaka, îemopyranga... - A dança é que é boa, enfeitar-se, pintar-se de vermelho. (Anch., Teatro, 6); Aûîeté pakó, aîegûak ûinhemoúna... - Na verdade hei de me enfeitar, pretejando-me... (Anch., Teatro, 60); Erenhemoatyrõpe eîegûaka nde poropotaramo? - Enfeitaste-te, pintando-te, tendo desejos carnais? (Ar., Cat., 234) ● îegûakaba - tempo, lugar, modo, etc. de enfeitar-se, enfeite, adorno, atavio: I porang kó tupãoka, îegûakabetá rerupa! - É bonita esta igreja, tendo muitos adornos! (Anch., Poemas, 112)
îemomorang (v. intr.) - enfeitar-se: ...O aûsuba oîpotarĩ, oîemomorã-moranga. - Querem, sem mais, que as amem, ficando a enfeitar-se. (Anch., Teatro, 36)
îepubuîereb (v. intr.) - emborcar-se, naufragar, ir a pique, soçobrar, afundar (p.ex., a embarcação ou quem vai nela) (VLB, II, 134): Aîepubuîereb. - Naufraguei. (VLB, I, 111)
îeroŷrõ (v. intr.) - detestar a si mesmo, detestar-se, odiar-se: ...O py'ape oîeroŷrõmo... - Detestando-se em seu coração. (Anch., Doutr. Cristã, II, 112)
kera (s.) - sono, dormida, dormição: ...Xe keranama mombaka ...- De meu pesado sono despertando-me. (Anch., Poemas, 92); ...I kerype "-xe reryîara tupãoka eîmonhang", e'i Santa Maria i xupé. - No seu sono, Santa Maria disse a ele: "-Faze uma igreja que porte meu nome". (Ar., Cat., 7)
ko'em (ou ko'ẽ) (xe) (v. da 2ª classe) - amanhecer: Oky-ko'ẽ-ko'ẽ amana... - A chuva ficava amanhecendo a cair. (Ar., Cat., 41v)
me'engaba2 (s.) - 1) dom, oferta: ...pe rekobé me'engaba rerekóbo... - tendo o dom da vossa vida (Ar., Cat., 162); 2) entrega, traição: A'epe Îudas n'oîkotebẽî Îudeus supé o îara me'engagûera resé? - E Judas não se afligiu junto aos judeus pela traição a seu senhor? (Ar., Cat., 57v)
momara'ar1 (v.tr.) - envergonhar, constranger: Ereîmomara'a tenhẽpe nde remirekó...? - Envergonhaste à toa tua esposa? (Ar., Cat., 106); Nde rory-roryb-a'u, xe boîá momara'a. - Tu estás muito feliz, ilusoriamente, envergonhando meus súditos. (Anch., Teatro, 172) ● momara'araba - tempo, lugar, modo, etc. de envergonhar; vergonha: Eîmo'ẽ nde resa'y, nde 'anga i momara'aragûera rapirõmo. - Derrama tuas lágrimas, pranteando a vergonha de tua alma. (Anch., Doutr. Cristã, II, 112)
momorang1 (v.tr.) - 1) embelezar: Xe ikó asaûsu pe 'anga... i moaysóbo, i momoranga... - Eis que eu amo vossas almas, aformoseando-as, embelezando-as. (Anch., Teatro, 186); Abá sosé pabẽ i momorangi... Mais que a todas as pessoas embelezou-a. (Anch., Poemas, 86); 2) festejar: Peîó pabẽnhẽ, Îesu momoranga... - Vinde todos para festejar a Jesus. (Anch., Poemas, 108); T'îanhe'engá-mirĩ ranhẽ 'ara momorãngatûabo... - Cantemos um pouquinho, primeiro, para festejarmos bem o dia. (Anch., Teatro, 56); 3) enaltecer: ...pe rekopoxypûera momoranga - ...enaltecendo vossos antigos pecados (Ar., Cat., 233) ● momorangaba - tempo, causa, lugar, etc. de festejar, de embelezar, etc.: Kó oroîkó oronhemborypa nde 'ara momorangápe. - Aqui estamos alegrando-nos para festejarmos teu dia. (Anch., Teatro, 118); i momorangymbyra - o que é (ou deve ser) embelezado, festejado, enaltecido: Îamombe'u aîpó i momorangymbyra. - Afirmamos que isso é o que deve ser enaltecido. (Anch., Teatro, 6)
mongetá2 1) (v.tr.) - conversar com, falar com: ...I mongetá-potare'yma. - Não querendo conversar com ele. (Ar., Cat., 179); Onhomongetá. - Falam uns com os outros. (Fig., Arte, 80); Korite'ĩ Pedro xe ruba mongetáû. - Agora Pedro com meu pai falou. (Fig., Arte, 96); 2) (v. intr.) - conversar [com alguém: compl. com ri ou esé (r, s)]: Ne'ĩ t'îamongetá îandé rekasara ri. - Vamos, conversemos com os que nos procuram. (Léry, Histoire, 9) ● mongetasara - o que conversa com, o que fala com: Nd'e'i te'e i mongetasara... Tupã nhe'enga abŷabo... - Por isso mesmo os que conversam com eles transgridem a palavra de Deus. (Ar., Cat., 179)
nhemoîegûak (v. intr.) - enfeitar-se, adornar-se: Xe Parati 'y suí aîu Tupã sy repîaka, gûinhemoîegûá-îegûaka... - Eu vim do rio dos paratis para ver a mãe de Deus, ficando a enfeitar-me. (Anch., Poemas, 110)
nhesen (v. intr.) - entornar-se [o líquido, a farinha, etc.] (VLB, I, 119). V. também ẽ (-nho-s-).
obaîar (s) (v.tr.) - opor-se a (respondendo, enfrentando): Asobaîar. - Oponho-me a ele. (VLB, II, 57)
obaîara3 (t) (s.) - 1) o contrário, o oposto: aîpó tekoangaîpaba robaîara... - o oposto daqueles pecados (Ar., Cat., 18); 2) inimigo, adversário: Îandé robaîareté te'õ. - Nossa verdadeira inimiga é a morte. (Ar., Cat., 155); Kaburé, îori enhana tobaîara t'îa'u! - Caburé, vem correndo para que comamos os inimigos! (Anch., Teatro, 64); Morobaîaramo aîkó. - Sou inimigo das pessoas. (VLB, I, 144). V. tb. sumarã e upîara (t).
pará (s.) - 1) rio (de grande volume d'água)*: pará-aíba - rio ruim (imprestável para a navegação, para a pesca, etc.) (Staden, Viagem, 135); 2) mar: "Por isso os naturais lhe chamam Pará e os portugueses Maranhão, que tudo quer dizer mar e mar grande." (Pe. Antônio Vieira [n.d.], Sermão do Espírito Santo, 418)
pe'a (v.tr.) - 1) desterrar, degredar: Xe pe'a umẽ îepé - Não me desterres tu. (Valente, Cantigas, I, in Ar., Cat., 1618); 2) afastar, desviar, repelir, apartar (p.ex., os que lutam, os que brigam): ...anhanga pe'abo... - afastando o diabo (Anch., Poemas, 108); Aîpe'a umûã emonã xe angaîpaba. - Já afastei dessa maneira minhas maldades. (VLB, II, 129); Oîpe'ape i angaîpaba'e i angaturamba'e suíne? - Afastará os que são maus dos que são bons? (Ar., Cat., 47); Eîpe'a pabenhẽ mba'e-memûã oré suí. - Afasta todas as coisas más de nós. (Thevet, Cosm. Univ., II, 925); 3) separar, reservar, preservar: I 'anga seté pupé i mondepa bé, Tupã i pe'aû. - Assim que pôs sua alma em seu corpo, Deus a preservou. (Ar., Cat., 9); 4) deixar de: ...Tupã osaûsupe'a... - Deus deixou de amá-los. (Anch., Teatro, 28); 5) evitar (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 277) ● i pe'apyra - o que é (ou deve ser) desterrado, degredado, afastado, etc.; excomungado: Orosapuká-pukaî i pe'apyramo... - Ficamos bradando, como desterrados. (Ar., Cat., 14); ...I angaturamba'e suí i pe'apyra (..). - Afastados dos que são bons. (Ar., Cat., 49v); pe'asaba - tempo, lugar, modo, etc. de desterrar, de afastar, etc.; desterro: ...Ikó îope'asagûera syk'iré esepîakukar orébe. - Após acabar este desterro comum, faze a nós vê-lo. (Ar., Cat., 14v); emipe'a (t) - o que alguém desterra, repele, separa, etc.: Sasyeté niã Tupã remipe'apûera... - Eis que sofrem muito os que Deus repeliu. (Ar., Cat., 163)
pesembûera (ou pese'õmbûera) (s.) - pedaço (VLB, II, 66); caco (de vaso, cerâmica, etc.); lasca (p.ex., de pau) (VLB, II, 19): itá-pesembûera - cacos de pedra (VLB, II, 127); ybyrá-pesembûera - lasca de madeira (VLB, II, 19); A'epe abaré hóstia pese'õ-etá-etáreme i pese'õmbûera îabi'õ Îandé Îara Îesu Cristo rekóû? - E ao partir muitas vezes o padre a hóstia em pedaços, em cada pedaço dela Nosso Senhor Jesus Cristo está? (Ar., Cat., 87v)
pira (mb) (s.) - 1) pele (Castilho, Nomes, 30): Nd'e'i te'e a'ereme Îudeus sykyîatãmo, i pira abé reru... - Por isso mesmo, então, os judeus a puxaram fortemente, fazendo vir junto a pele dele também. (Ar., Cat., 62); Aîpi-kutuk. - Furo-lhe a pele. (Anch., Arte, 8); Aîpi-mondok. - Corto-lhe a pele. (Anch., Arte, 51); 2) casca (de fruta mole) (VLB, I, 68) ● pirûera - pele esfolada, fora da carne (VLB, II, 70); couro, PIRERA.
pirabebé (etim. - peixe voador) (s.) - PIRABEBE, peixe-voador, nome de várias espécies de peixes marinhos, com peitorais triangulares, semelhantes a asas, que voam frequentemente fora d'água para apanhar peixes pequenos e crustáceos (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 162; VLB, II, 70, 147)
pitangĩ (s.) - 1) neném, criancinha: Pitangĩnamo ereîkó. - És uma criancinha. (Anch., Poemas, 100); Pitangĩ repîaka'upa, aîur xe roka suí. - Tendo saudades do neném, vim de minha casa. (Anch., Poemas, 102); 2) estado de bebê, primeira infância: ...O pitangĩ pupé bé te'õ kuapa. - Conhecendo a morte ainda em sua primeira infância. (Ar., Cat., 157v)
poka (s.) - estouro, estalo, arrebentamento, disparo; (adj.: pok) - estourado, estalado: Xe pé-pok. - Eu tenho casca (isto é, de ferida prestes a sarar) estalada. (VLB, I, 60)
NOTA - No P.B. (N., N.E.), PUBA também significa 1) a mandioca enterrada em lama ou posta na água até amolecer e fermentar: mingau de puba; 2) terreno úmido, coberto de capim (in Dicion. Caldas Aulete). Daí, também, CAPIMPUBA ("capim brando"), erva da família das gramíneas; PUBAR, por (mandioca) a curtir na água ou na lama; (N.) apodrecer, fermentar (in Dicion. Caldas Aulete).
pytũaroana (etim. - o que guarda a respiração) (s.) - 1) vigia da noite; 2) espião que age à noite (VLB, II, 145)
samoín (etim. - pôr cordas) (v.tr.) - amarrar (com corda); encabrestar (p.ex., a besta) (VLB, I, 47)
sugûaraîy1 (s.) - 1) prostituta: Ereîkópe kunhã amõ resé... nde sugûaraîyramo? - Tiveste relações sexuais com alguma mulher como tua prostituta? (Anch., Doutr. Cristã, II, 91); 2) prostituição: Nde serã i poepyka... sugûaraîy... ereîapi ko'arapukuî. - Tu, talvez para retribuir, atiras nele, o dia todo, a prostituição. (Anch., Doutr. Cristã, II, 112)
su'u (v.tr.) - 1) morder, abocanhar mordendo; mastigar: Aîxu'u - Mastigo-o. (D'Evreux, Viagem, 158); Aî'asu'u. - Eu lhe mordo a cabeça. (VLB, II, 42); Mboîa oporosu'u. - A cobra morde as pessoas. (Fig., Arte, 6); 2) picar: Xe su'umo marigûi. - Picar-me-ia o marigui. (Anch., Teatro, 62) ● emindu'u [ou emixu'u (t)] - o que alguém morde, mastiga ou pica: ...Mboîa o emindu'u rekobé mokanhemukar-y îanondé, o ekobé reîari o akanga patukasagûerype. - A cobra, antes de fazer destruir a vida daquele que morde, deixa sua própria vida, ao pisarem sua cabeça. (Ar., Cat., 241, 1686); ...Nd'ere'uî xó kori xe remindu'une! - Não beberás hoje o que eu mastigo. (Anch., Teatro, 10)
timbogûasu (etim. - timbó grande) (s.) - TIMBÓ-AÇU, variedade de barbasco, grande cipó da floresta de várzea, nome comum às plantas Magonia pubescens A. St.-Hil., da família das sapindáceas, e Deguelia scandens Aubl., da família das leguminosas (Piso, De Med. Bras., IV, 201)
ubypy (etim. - começo da coxa) (s.) - a raiz da coxa junto à virilha (Castilho, Nomes, 41)
No Nordeste do Brasil há a expressão BESTA COMO ARUÁ, isto é, tolo ou ingênuo em demasia:
ypytym (s) (etim. - enterrar o fundo) (v.tr.) - entulhar (como a parede que a água dos beirais descarnou) (VLB, I, 119)
'ysokó1 (s.) - nome comum a certas lagartas de borboletas (Griebe, Brasil Holandês, vol. III, 48)
Bopeba (distrito de Praia Grande, SP). De mboîa + peb + -a: cobra achatada, boipeva, cobra não peçonhenta da família dos colubrídeos (VLB, I, 76).
Caetetu (córrego de MT). A mesma etim. de Caetetuba.
Guaxupé (MG) - nome de uma abelha da família dos meliponídeos, termo das línguas gerais coloniais: "Abelhas - Se-tem descoberto 24 especies: Jatíhí, Jatihi merim, Mombuca (...) Uraxupé, q' faz caza nos gr^es arvoredos [...] (Anônimo - muito provavelmente Joseph Barbosa de Sáa [1765], p. 175). Stradelli (op. cit., p. 385) registra a forma axupé, com o mesmo sentido.
Iconha (ES). De 'y + kõî/a + -a: rios gêmeos. Nome surgido em meados do século XIX. (fonte: IBGE)
Imburana (GO). De imbu + ran + -a: falsos imbus.
Inhomirim (rio do RJ). Provavelmente de anhuma + mirĩ: pequenas inhaúmas. O nome não deve ser o de um rio, pois não é rio pequeno: "Chegamos à boca do rio de Inhomirim pelas nove e meia. Tem este rio dois tiros de mosquete de largura, com bastante profundidade, entrando por ele embarcações do alto (...)" (Caetano da Costa Matoso [1749], p. 884).
Iporanga (SP). De 'y + porang + -a: rio bonito.
Itaguacira (pico de Mogi das Cruzes, SP). De itá - pedra + ku'a3 - grosso, bojudo (VLB, I, 150) + asyr - corcovado (VLB, I, 30) + suf. -a: pedra grossa corcovada.
Jaguariaíva (rio do PR). De îagûara + 'y + aíb + -a: rio ruim das onças.
Paracatu (rio de MG). De pará - rio + katu - bom, limpo: rio limpo, rio bom. "O rio Paracatu, grande rio (...), porque dele tomaram o nome aquelas famosíssimas minas que enriqueceram a tantos homens. (Caetano da Costa Matoso [1749], p. 941).
Paraibuna (rio de SP). De pará + aíb/a + un (r, s) + -a: rio ruim e escuro.
Paraitinga (rio de SP). De pará + aíb/a + ting + -a: rio ruim e claro.
Paraopeba (rio de MG). De pará + popeb + -a: rio largo.
Paraúna (rio de MG). De pará + un (r, s) + -a: rio escuro.
Persinunga (rio de PE). De pará + sunung + -a: rio barulhento. "(...) principião do rio Parasinunga ao Norte." (Jozé Cezar de Menezes [n.d.], p. 54)
Taguaruçu (córrego do MT). A mesma etimologia de Taquaruçu (v.).
Uberaba (MG). De 'y + berab + -a: água brilhante. É um nome do século XVIII, oriundo da língua geral meridional: "[...] o território do atual Município de Uberaba foi passagem forçada de todos os exploradores que se encaminhavam aos sertões goianos." (fonte: IBGE)
As edições e os manuscritos utilizados aparecem a seguir, tendo à frente, entre parênteses, o nome abreviado ou por extenso do autor, da obra ou da instituição que a publica, na forma em que figura no dicionário.
DESCONHECIDO [1704], Encontrando quilombos (transcrição por Maria Filgueiras Gonçalves e introdução de Ana Lúcia Louzada Werneck - Notícia diária e individual das marchas [,] e acontecimentos ma(i)s condigno(s) da jornada que fez o senhor mestre de campo, regente[,] e guarda(-)mor Inácio Correa Pamplona, desde que saiu de sua casa[,] e fazenda do Capote às conquistas do sertão, até se tornar a recolher à mesma sua dita fazenda do Capote, etc., etc.etc. Anais da Biblioteca National, 108 (1988), pp. 47-113
ybaté (koty) (s.) (etim. - extensão semântica) - norte; ponto cardeal | north; cardinal point | "Îerobîara 'yembe'ypendûara / ybaté suí toryba oguerur." - "Orgulho do litoral norte / que nos traz grande alegria." - (Versos 15-16 do texto "A diversidade da 14ª região", no TPK, 2024, 31) - neologismo
aby1 (v.tr.) - ser desigual de; não se parecer com; diferir de; ser diferente de: N'aîabyî. - Não sou diferente dele, pareço-me com ele. (VLB, II, 65); Oroîoaby. - Somos desiguais um do outro. (VLB, I, 99); Aîpoba'e tenhẽ n'oîabyî mboîa. - Aquele, de fato, não é diferente da cobra. (Ar., Cat., 108v); Oîaby rakó abá rekó xe retama... - É muito diferente, de fato, a morada dos homens da minha residência. (Ar., Cat., 167); Nd'oîabyî muru arara... - O maldito não difere de uma arara... (Anch., Teatro, 62)
'apỹînhugûana (s.) - o risco que atravessa a cabeça de orelha a orelha (Castilho, Nomes, 29)
apysanga (s.) - líquido ou caldo coalhado, isto é, que perdeu a fluidez; coalhada (VLB, I, 75); (adj.: apysang) - coalhado, espesso, compacto, viscoso (p.ex., a papa) (VLB, I, 53)
'arybondûara (etim. - o que está por cima) (s.) - sela, assento: i 'arybondûara - a sela dele; Aî'arybondûá-rung. - Ponho sela nele (isto é, no cavalo); selo-o (o cavalo). (VLB, II, 115)
-bor (suf. que expressa o agente habitual, hábito, constância, frequência): Anga îá, angaîpabora aîuká... - Como a esses, matarei os que costumam pecar. (Anch., Teatro, 92); mara'abora - o doente; miraibora - o bexigoso; kanhembora - o fujão, o que tem costume de fugir (Anch., Arte, 31)
ekokatueté (t) (etim. - felicidade verdadeira) (s.) - bem-aventurança: Tekokatueté rerekoara onherane'ymba'e... - O que tem a bem-aventurança é o que não agride. (Ar., Cat., 18v-19)
embyra2 (t) (s.) - resto, sobra [o mesmo que embyrûera (t) - v.] (VLB, II, 103); [adj.: embyr (r, s)] - restante, que sobra; (xe) sobrar: Xe rembyr. - Eu sobrei. (VLB, II, 118); (adv.) - de resto, finalmente: Nde piring: nde angekotebẽ umẽ, Tupã nhe'enga abŷagûera mombe'u poûsub-embyre'yma... - Tu estremeces: não te aflijas, não temendo, de resto, confessar a transgressão da palavra de Deus. (Anch., Doutr. Cristã, II, 79)
(e)minga'u (r, s) (etim. - o empapado) (s.) - MINGAU; papa; sopa rala (Staden, Viagem, 143): Aîapó minga'u. - Faço mingau. (VLB, II, 64); xe reminga'u - meu mingau (Fig., Arte, 79) ● minga'u-pomonga - mingau grudento (VLB, I, 151); amido ou glúten feitos de mandioca (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 67); espécie de goma ou grude usado para se prenderem penas no corpo (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 271); minga'upetinga (ou minga'u-pitinga)* - espécie de papa preparada a partir da mandiopeba misturada com ervas, lagostins, peixe ou carne cozida (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 67; Piso, De Med. Bras. IV, 177)
epenhan2 (s) (tr.) - 1) encontrar, ir ao encontro de: Eîori xe repenhana! - Vem para me encontrar. (Anch., Teatro, 176); Îandé-te, îandé retama... t'ixepenhan... - Nós, ao contrário, havemos de ir ao encontro da nossa pátria. (Anch., Teatro, 184); 2) socorrer, valer a: Asepenhan. - Socorri-o. (VLB, II, 141) ● epenhandara (t) - o que encontra, o que socorre: morepenhandara - o que socorre gente (VLB, II, 119); epenhandaba (t) - tempo, lugar, modo, etc. de ir ao encontro, de socorrer; ato de ir ao encontro, socorro: ...Tekokatu repenhandápe peîkóbo. - Vivendo para ir ao encontro da virtude. (Ar., Cat., 284, 1686)
(e)ro- [pref. que indica a voz causativo-comitativa. Assume, antes de nasal, a forma (e)no-.]: Abebé kó ybytu îá; anonhan, arobebéne... - Vôo como este vento; fá-los-ei correr comigo, fá-los-ei voar comigo... (Anch., Teatro, 40); ...Xe anametá aroporaseî seru. - Meus parentes trazendo, faço-os dançar comigo. (Anch., Poemas, 138)
-e'ym2 (suf. que expressa negação ou privação) - não, sem: sye'yma - o sem mãe, o órfão de mãe (VLB, II, 59); membyre'yma - a sem-filhos, a fêmea estéril (VLB, II, 31); ...Anhanga o îaramo sekó potare'yma. - Não querendo que o diabo esteja como seu senhor. (Ar., Cat., 26v); ...Abá 'angûera amõ soe'ymi ybakype erimba'e? - Não ia para o céu outrora a alma de ninguém? (Anch., Doutr. Cristã, I, 163); Aîukae'ym. - Não mato. (Anch., Arte, 20); I îukapyrûere'yma - O que não foi morto (Anch., Arte, 19v); Miîukae'yma - O que não é morto (Anch., Arte, 19v); Pysaré kó i kere'ymi... - Eis que a noite toda ele não dormiu. (Anch., Teatro, 32); N'oîpotar-ipe Tupã xe re'õe'yma xe retãme ûixóbo...? - Não quer Deus que eu não morra para ir para minha terra? (D'Abbeville, Histoire, 351v) ● e'yma nhõ - não falta mais que; resta somente isto, falta apenas isto: Serasoe'yma nhõ. - Resta apenas levá-lo; Onhe'eng-atã-atã ahẽ o sy supé; i nupãe'yma nhõ. - Ele fala asperamente a sua mãe; falta apenas bater nela. (VLB, II, 103)
gûeb (ou gûé) (v. intr.) - apagar-se: ...Xe ratá-te ogûé! - Mas meu fogo apagou-se. (Anch., Teatro, 146); ...Nde 'anga resapesaba gûeba potare'yma... - Não querendo que se apague a luz de tua alma. (Ar., Cat., 187) ● ogûeba'e - o que se apaga: Anhangamo nhẽ i mondóû... tatá... ogûeba'erame'yma monhanga. - Mandou-os como diabos para fazer o fogo que não se apagará. (Ar., Cat., 38)
gûyra'ingaetá (s.) - nome de um pássaro. "Êste pássaro tem grande amor aos filhos, que por lhos não furtarem, vai lavrar seu ninho de ordinário a par de alguma toca, aonde as abelhas lavram mel, as quais, por esta maneira, lhes ficam servindo de guardas dos filhos..." (Brandão, Diálogos, V, p. 228)
-i3 (suf. que expressa o modo indicativo circunstancial) - Koromõ xe kanhemi. - Logo fujo. (Anch., Arte, 39v); Koromõ sepîaki. - Logo o viu. (Anch., Arte, 39v); Tupã amõ kunhãngatu monhangi. - Deus fez uma certa mulher bondosa. (Anch., Poemas, 86); Abá sosé pabẽ i momorangi... - Mais que a todos os seres humanos embelezou-a. (Anch., Poemas, 86); Emonãnamo, xe ruri... Portanto, eu vim. (Anch., Poemas, 100)
îeoî (v. intr. irreg. usado somente no plural) - 1) irem ou passarem sucessivamente, uns atrás dos outros: Oroîeoî. - Vamos (ou passamos) sucessivamente, uns atrás dos outros. (VLB, II, 14); 2) partirem-se, irem-se: ...Seté îukáû, i 'anga-te oîeoî tekobé opaba'erame'yma ri oîekosupa... - Mataram seus corpos, mas suas almas foram-se para encontrar a vida que não acabará. (Ar., Cat., 5v)
îe'yaponhang (etim. - encher-se a embarcação) (v. intr.) - fazer aguada, fazer armazenamento de água (p.ex., como o navio) (VLB, I, 24)
îe'yaporakar (etim. - encher-se a embarcação) (v. intr.) - fazer aguada, fazer armazenamento de água (p.ex., como o navio) (VLB, I, 24)
îopotara (s.) - desejo sensual: Eresepîakĩpe îopotara nde kotype? - Toleraste o desejo sensual em direção a ti? (Ar., Cat., 233)
1 (-îo-) (v.tr.) - 1) quebrar (coisa oca como cana; coisa côncava ou redonda como bola) (VLB, II, 92); romper: Kobé xe rembiaretá t'ame'ẽne amõ endébo, i akanga t'ereîoká. - Eis que também minhas presas hei de dar algumas para ti, para que quebres suas cabeças. (Anch., Teatro, 46); A'e ré kori îasó tubixaba akanga kábo. - Depois disso, vamos hoje para quebrar as cabeças dos reis. (Anch., Teatro, 60); 2) arrombar (como arca, cabaço, navio) (VLB, I, 44) ● kasara - o que rompe, o que quebra: ...kunhataĩ rugûy kasara - o que rompe o sangue de uma moça, o que a desvirgina (Ar., Cat., 71v); itá kasara - quebrador de pedras (VLB, I, 69)
ka'amombyrõ (etim. - revolver a mata) (v. intr.) - caçar (sem cães), cercando e correndo o mato com muita gente (VLB, I, 62; II, 41)
karu2 (v. intr.) - comer; pastar (o gado): Akaru. - Comi. (VLB, I, 77) ● karûaba - tempo, lugar, modo, finalidade, etc. de comer, de pastar (VLB, II, 67): ...Gûemimbo'e pyri o karûápe, miapé... moîebyû gûetéramo... - Ao comer junto dos seus discípulos, o pão devolveu como seu corpo. (Ar., Cat., 5) ...Kapi'ĩ sosé kó tuî, tapi'irusu karûápe. - Eis que sobre o capim ele está deitado, no lugar em que a vaca come. (Anch., Poemas, 164)
kûesenhe'ymĩkaé (interj. - Expressa saudade do tempo passado. Aparece com a partícula mã no final do período.) - bom tempo aquele em que: Kûesenhe'ymĩkaé xe sóû a'epe mã! - Ah, bom tempo aquele em que lá fui! (VLB, II, 120)
kupi'ĩ (s.) - CUPIM, térmita, itapicuim, nome comum aos insetos da ordem dos isópteros. Algumas espécies são xilófagas, destruindo a madeira e outras são vegetarianas, alimentando-se de plantas, sementes, cereais, etc. Constroem grandes ninhos, chamados cupinzeiros, no solo ou na madeira. São sociais e vivem em comunidades de muitos indivíduos, alados ou ápteros. (VLB, I, 142; Sousa, Trat. Descr., 272-273)
Kurupira (etim. - pele de sarna, pele de verrugas) (s. antrop.) - CURUPIRA, nome de entidade sobrenatural, habitante das florestas, que tinha os pés voltados para trás: Eresykyîpe Anhanga, Tagûaíba, Kurupira, Îurupari koîpó te'õ abá supé? - Invocaste o Anhanga, o Taguaíba, o Curupira, o Jurupari ou a morte para alguém? (Ar., Cat., 102v)
ma'enduara (etim. - o que está na vista) (s.) - lembrança: sesé o ma'enduara îabi'õ... - a cada lembrança dela; cada vez que se lembra dela (Ar., Cat., 71v); Aîkuab xe resé nde ma'enduara. - Sei que tu te lembras de mim (lit., sei de tua lembrança de mim). (Fig., Arte, 156)
maîriá (s.) - nome de um pássaro "do tamanho de um canário; é todo preto, afora a cabeça, que tem branca como neve" (Lisboa, Hist. Anim. e Árv. do Maranhão, fl. 194)
me'engaba1 (etim. - dom, oferta) (s.) - 1) cônjuge: O me'engabeté re'õneme, abá nd'e'ikatuî omendá i asykûera amõ resé. - Quando morre seu cônjuge verdadeiro, uma pessoa não pode casar-se com algum irmão ou irmã dele. (Ar., Cat., 280); 2) noivo (a), prometido (a): O me'engabeté pyky'yra koîpó tykera... resé obykyba'e n'e'ikatuî omendá o me'engabeté resé tiruã... - O que tocou na irmã mais moça ou na irmã mais velha de sua noiva verdadeira não pode casar-se nem mesmo com sua noiva. (Ar., Cat., 131)
moîekûer (v.tr.) - convencer a ir: Aîmoîekûer. - Convenci-o a ir. (VLB, II, 43)
monan1 (v.tr.) - 1) mexer (duas coisas de diversas espécies para que se misturem); misturar (VLB, II, 36, 37) [com algo: compl. com esé (r, s)]: Mba'e-py'aûpîara kaûĩaîasy resé i monani... - Uma coisa amarga misturaram com vinagre. (Ar., Cat., 63v); 2) confundir: ...o poromonã-monana. - ...ficando a confundir as pessoas. (Anch., Teatro, 140, 2006) ● i monanymbyra - o que é (ou deve ser) misturado; mistura (de diversas coisas) (VLB, II, 36)
mongaraû (v.tr.) - desconjuntar (Fig., Arte, 2), desconcertar; torcer (mão ou pé): Xe py-mongaraû ybyrá. - Um pau me desconjuntou o pé. (VLB, I, 97); Aîepy-mongaraû. - Desconjuntei-me o pé. (VLB, I, 97); Aîepó-mongaraû. - Torci-me a mão. (VLB, II, 132)
muresigûasu (etim. - murici grande) (s.) - var. de MURICI, nome comum a várias árvores e arbustos (v. murisi) (Piso, De Med. Bras. IV, 188)
muruanha (etim. - biru dentado) (s.) - MERUANHA, BERUANHA, BIRONHA, MURUANHA, BERONHA, variedade de mosca, menor que a mutuca e azulada, da família dos muscídeos. Suga o sangue de animais, provocando feridas. (Sousa, Trat. Descr., 241)
nhandé2 (v. intr.) - correr a valer, correr mesmo (Fig., Arte, 140; Anch., Arte, 54)
NOTA - O termo PERERECA, no P.B., formou-se da composição îu'i-perereka ("rã saltadeira"), em que desapareceu o primeiro membro dela (îu'i), fenômeno comum no desenvolvimento histórico do tupi antigo. Isso aconteceu, também, na formação da palavra PITANGA ('ybá-pytanga, "fruto avermelhado"), nome de uma conhecida fruta e da planta que a produz. Dali, também, TERERECA, 1) falador, tagarela; 2) agitado, inquieto; 3) inconstante, volúvel; 4) (SP) pião que gira saltando (in Novo Dicion. Aurélio).
porará (v.tr.) - 1) sofrer, padecer, suportar, defrontar-se com: ...Te'õ ereîporará. - Sofreste a morte. (Anch., Teatro, 120); T'oré pyatã, angá, mba'easy porarábo. - Que sejamos corajosos, sim, suportando as coisas dolorosas. (Anch., Teatro, 120); Putunusu porarábo, oroîkotebẽngatu. - Suportando a grande noite, estamos muito aflitos. (Anch., Poemas, 142); 2) levar, passar (fal. de vida, situação, etc.); gozar (o que dá grande gosto) (VLB, II, 62): Tekó-katu aîporará. - Levo uma vida boa. (VLB, II, 145) ● emiporará (t) - o que alguém sofre: Mba'epe sasyeté a'epe tekoara supé opakatu semiporará sosé? - Que pesa mais ao que está ali do que tudo o que sofre? (Ar., Cat., 63, 1686); porarasara - o que sofre, o que padece, o que suporta, o que se defronta com, o sofredor: ...Tekokatu resé mba'e porarasara... - Os que sofrem algo pela justiça. (Ar., Cat., 19); Tegûama porarasara... - o que se defronta com a morte (Ar., Cat., 219, 1686); porarasaba - tempo, lugar, modo, causa, etc. de sofrer, de suportar, etc.; sofrimento, paixão: Ereîerobîarype... i porarasagûera resé bé...? - Tens esperança na sua paixão também? (Bettendorff, Compêndio, 123); i porarapyra - o que é (ou deve ser) sofrido, o que se sofre, etc.: Penhemoma'enduá Anhanga ratápe i porarapyra resé. - Lembrai-vos do que se sofre no inferno. (Ar., Cat., 156v)
pore'ymbara (m) (etim. - o que dá de beber à gente) (s.) - copeiro, o que serve vinho; a que serve cauim; a que tem a função de dar de beber (VLB, I, 81)
poropokuab (etim. - conhecer a mão das pessoas) (v. intr.) - ser manso (VLB, II, 31)
posykyîé3 (v.tr.) - temer, recear: Tupã rerobîara mombe'u posykyîee'yma resé, angaîpaba São Mateus... îukáû. - Por não recear proclamar a fé em Deus, os pecadores mataram São Mateus. (Ar., Cat., 7v)
poûsub1 (v.tr.) - temer, recear: ...I mena nd'o'u-poûsubi... - O marido dela não temeu comê-lo. (Anch., Poemas, 178); Peîpoûsub ymẽ... - Não o temais. (Ar., Cat., 4); ...Nde momburu, nde robá repîá-poûsupa. - Amaldiçoa-te, temendo ver tua face. (Anch., Poemas, 142); Arasó-poûsub. - Receio levá-lo. (Anch., Arte, 52) ● i poûsubypyra - o que é (ou deve ser) temido: ...Asé oîpoûsubeté opakatu i poûsubypyra sosé. - A gente o teme mais do que tudo o que deve ser temido. (Ar., Cat., 83)
puru'a (s.) - feto: O puru'a îuká-potá mosanga o'uba'e. - A que ingere uma poção, querendo matar seu feto. (Anch., Diál. da Fé, 209); (adj.) - grávida; (xe) engravidar, emprenhar, estar prenhe, ter feto: Ereposangu'upe nde puru'a-potare'ymamo? - Tomaste remédio, não querendo ficar grávida? (Ar., Cat., 102); Oîmombe'u umã karaibebé i pyky'yra pé i puru'aramo sekó. - Já anunciara o anjo a sua prima estar ela grávida. Ar., Cat., 6v) ● i puru'aba'e - a que está grávida: Kunhã i puru'aba'e resé opûá... - Batendo numa mulher que está grávida. (Ar., Cat., 104)
(posp.) - 1) depois, após; o mesmo que riré (v.): São Lourenço îuká ré, t'okaî nde ratá pupé... - Após matarem a São Lourenço, que queimem em teu fogo. (Anch., Teatro, 60); ...A'e ré t'asepenhan! - Depois disso, hei de atacá-los. (Anch., Teatro, 74); Marã e'ipe o boîá mosapyr supé mitỹme o iké ré? - Como disse aos seus três discípulos após sua entrada no horto? (Ar., Cat., 52v); 2) além de: Ygasápe kaûĩ-tuîa a'e ré îamomotá... - Além disso, atrai-os o cauim transbordante nas igaçabas. (Anch., Teatro, 30, 2006)
saybi (v. intr.) - chuviscar; cair lentamente (a chuva): Osaybi amana. - A chuva caiu lentamente. (VLB, I, 74)
sub (-îo-) (v.tr.) - 1) visitar: ...Asé 'anga ereîosub. - Nossa alma visitas. (Anch., Poemas, 102); ...Nde rokype oîkébo, nde supa aûnhenhẽ. - Entrando em tua casa, visitando-te imediatamente. (Anch., Poemas, 124); ...Aîosub abá koty... - Visito os aposentos dos índios. (Anch., Teatro, 8); ...Our kó xe yby supa rimba'e. - Veio para visitar esta minha terra outrora. (Ar., Cat., 9v); 2) revistar, passar busca a, esquadrinhar, examinar: Opá ahẽ xe subi. - Completamente ele me revistou. (VLB, I, 123); Abá mundé supa, i pora rá. - Examinando a armadilha de alguém, tomando o seu conteúdo. (Ar., Cat., 72v) ● supara - o que visita, o visitador: ...O supara rapirõmo. - Pranteando o que o visita. (Ar., Cat., 77)
taîasu1 (etim. - dentes grandes) (s.) - TAIAÇU, TAJAÇU, TANHAÇU, animal mamífero da família dos taiaçuídeos (Tayassu pecari), espécie de porco silvestre que tem no dorso uma glândula que produz forte cheiro almiscarado. Tem cor escura e pelos longos nas costas (D'Abbeville, Histoire, 249; Sousa, Trat. Descr., 249; Staden, Viagem, 171); 2) porco (em geral) (VLB, II, 82): Endé-te, nde resemõ arinhama, taîasu. - Mas a ti, sobram-te galinhas e porcos. (Anch., Poemas, 152); Pedro taîasu. - O porco de Pedro. (Fig. Arte, 77) ● taîasu-kunhã - porca fêmea (VLB, II, 82); taîasua'yra (ou taîasua'yrusu) - bacorinho (VLB, I, 50); leitão (VLB, II, 20). V. tb. taîasugûaîa.
turuygûera (etim. - turu de pau velho) (s.) - TURU, verme que se cria na madeira e a destrói, da família dos teredinídeos (VLB, I, 60)
ybyboboka (etim. - fende-terra) (s.) - IBIBOBOCA, IBIBOCA, IBIOCA, coral-verdadeira, nome de vários répteis ofídios da família dos elapídeos. "Não somente os campos e matos, mas até as casas andam cheias delas." (Cardim, Trat. Terra e Gente do Brasil, 33). "... Elas, no rojarem, fendem a terra à maneira de toupeiras...", donde seu nome. (Anch., Cartas, 124)
-ygûar (suf. que expressa procedência, naturalidade, estância) - o que é de, o que está em; o habitante de, o natural ou o morador de (VLB, II, 48) (A forma nasalizada é -ygûan.): ybakygûara - os habitantes do céu (Ar., Cat., 27); ...opá Paraibygûara... - todos os habitantes do Paraíba (Anch., Teatro, 12); ...Kó tabygûara xe pó gûyrybo sekóû. - Estes habitantes da aldeia sob minhas mãos estavam. (Anch., Teatro, 126); keygûara - os daqui (Anch., Teatro, 136); Erenhomimype erimba'e Tupãokygûara mba'e amõ? - Escondeste alguma coisa que estava na igreja? (Anch., Doutr. Cristã, II, 99); N'asepîaki kybõygûara. - Não vi os de cá. (Léry, Histoire, 347); Mba'e-katu amõ asé 'anga pupeygûara... - Alguma coisa boa que está dentro da alma da gente. (Bettendorff, Compêndio, 75); Pakataygûara - morador de Pacatá (VLB, II, 41); nhũygûana - cria dos campos (animal ou planta) (VLB, II, 41); ...kó Paranambukygûara - estes habitantes de Pernambuco (Anch., Poesias, 269); 'ygûara ('y + -ygûar + -a) - morador do rio: Eîmonhangukar 'ygûara... - Faze transformar os moradores do rio... (Anch., Poemas, 158)
'ypîasó (v. intr.) - ir buscar água (à fonte): A'ypîasó. - Vou buscar água (à fonte). (VLB, II, 14) ● 'ypîasoara - o que vai buscar água (à fonte) (VLB, II, 14)
'ypyasó (v. intr.) - ir buscar água (a uma fonte ou a um rio) (VLB, II, 14) ● 'ypyasoara - o que vai buscar água (VLB, II, 14)
ysy (ou esy) (t) (s.) - 1) carreira, fila, fileira: Asesy-rung. - Ponho-o em fila. (Fig., Arte, 145); Asysy-mondok. - Cortei a fila deles. (VLB, I, 83; 68); 2) fio, cordão (de contas, de se pôr algo enfiado e enfileirado, como, p.ex., os peixes apanhados pelos pescadores): mbo'yrysy - cordão de contas (VLB, I, 139); [adj.: ysy ou esy (r, s)]: enfileirado; (xe) estar em fila ou em fileira: Oré rysy. - Nós estamos enfileirados. (VLB, I, 139)
Bugi (córrego de MG). Talvez a mesma etimologia de Mogi (v.) ou, ainda, pela língua geral meridional, nome de uma erva que brota às primeiras chuvas (in Dicion. Caldas Aulete, 538).
Itacoca (rib. do PR). De itá + kok + -a: encosto da pedra.
Itamumbuca (rio de SP). De itá + mombuk + -a: fura-pedras.
Ituporanga (SC). De ytu + porang + -a: cachoeira bonita.
Ituverava (SP). De ytu + berab + -a: cachoeira brilhante. Nome dado em 1899, por causa da cascata do Rio do Carmo dentro do perímetro da cidade. (fonte: IBGE)
Nuporanga (SP). De nhũ + porang + -a: campo bonito.
Suassuna (rio do RJ). De sûasu + un (r, s) + -a: veado escuro. "[...] em a qual se mette outro rio, que se diz Suaçuna [...]" (Sousa, Trat. Descr., LII)
Ubajara (CE). Nome de um cacique que habitou a região. De ubá + îara: dono de canoas. Tal nome foi atribuído quando foi criado o município, em 1915. (fonte: IBGE)
Una, Rio (PE). Em tupi antigo é preto, escuro. Durante a fase de emprego da língua geral, foi comum o uso de adjetivos tupis com substantivos portugueses: Monte Piranga, Rio Una, etc.
vós - peẽ; pe; peîepé ● a vós, para vós: peẽme; peẽmo
a'ĩ (s. voc. de h. e m.): mano! meu irmão! (Anch., Arte, 14v) (Diz um homem a outro ou uma mulher ao irmão.) (VLB, II, 31)
apîar (s) (v.tr.) - obedecer (a alguém ou a algo): Aînhe'engapîar. - Obedeço às palavras dele. (VLB, II, 53); Oroîmomburu anhanga, nde nhõ nde rapîaretébo. - Amaldiçoamos o diabo, a ti somente obedecendo muito. (Anch., Poemas, 174); Xe rapîakatu abá. - Obedecem-me bem os índios. (Anch., Teatro, 134); Asapîakatupe ká. - Hei de obedecer bem a ele. (Ar., Cat., 25v); -Esapîá-te! - Tu, ao contrário, obedece a ele! (Anch., Teatro, 62) ● apîaraba - tempo, lugar, modo, etc. de obedecer; obediência: Marãngatupe asé rekóû Tupã o apîaraûama rine? - Como a gente procederá para obedecer a Deus? (Ar., Cat., 30)
apyri (loc. posp.) - junto a, colado a, junto de, à ilharga de (Fig., Arte, 123), ao lado de: T'asóne nde apyri. - Vou nas tuas ancas, vou colado a ti; Arasó xe apyri. - Levo-o junto de mim. (VLB, I, 35); Xe roka apyri tuî. - Ele mora ao lado de minha casa; Xe apyri tuî. - Ele mora a meu lado. O îoapyri oré roka ruî. - Nossas casas estão estabelecidas uma junto da outra. (VLB, II, 145); (adv.) de parede-meia: Apyri aîkó. - Moro de parede-meia. (VLB, II, 65)
aroane'ym2 (conj.) - em vez de, ao contrário de, em vez de ser (VLB, II, 51): -Abá bépe Tupã n'oîmoetéî? -I mba'e-kuá-mo'ang-a'uba'e aroane'ym Tupã rekó oîmombe'uba'e. -Quem também não honra a Deus? -O que pensa falsamente saber das coisas em vez de ser o que proclama a lei de Deus. (Ar., Cat., 66) ● aroane'ỹngatu - muito longe, fora ou ao revés do que é (VLB, II, 51)
eîkûaru'umbok (s) (v.tr.) - desemporcalhar, tirar a sujeira das fezes do que defecou: Aseîkûaru'umbok. - Desemporcalhei-o. (VLB, II, 22)
'ekatuaba3 (s.) - poder; potência: Mosapyr ma'e resé asé 'anga 'ekatuaba. - Três são as potências de nossa alma a respeito das coisas. (Ar., Cat., 19v)
epîak (s) (v.tr.) - ver: Sory-katu xe repîaka... - Estavam felizes ao ver-me. (Anch., Teatro, 10); I abaeté sepîaka ixébo... - É terrível para mim vê-los... (Anch., Teatro, 26); ...Seté anhõ osepîakyne. - Seu corpo somente verão. (Ar., Cat., 46v); ...Îandé repîaka our! - Veio para nos ver!... Eîori nde retamûama repîaka. - Vem para ver tua futura terra. (Léry, Histoire, 341) ● epîakara (t) - o que vê: Marangatuba'e santos ybakype, Tupã repîakaretá, osasá 'ara ro'y remierekó papasaba. - Os bem-aventurados e os santos no céu, que vêem a Deus, ultrapassam o número dos dias que o ano tem. (Ar., Cat., 135); epîakaba (t) - lugar, tempo, modo, etc. de ver; a visão: -Mamõpe Pilatos senosemi a'ereme? -Okarype morepîakápe... -Para onde Pilatos o retirou, então? -Para a praça, para o lugar de ver gente... (Ar., Cat., 60v); emiepîaka (t) - o visto, o que alguém vê: Oîepó-eî te'yîa remiepîakamo. - Lavou-se as mãos à vista da multidão (isto é, como o que a multidão vê). (Ar., Cat., 61); Ereîmombe'upe abá rekopoxŷagûera oîepebẽ nde remiepîakûera abá supé? - Contaste o mau procedimento de alguém, que somente tu viste, para as pessoas? (Ar., Cat., 108); sepîakypyra - o que é (ou deve ser) visto: ...Mo'yrobyeté sepîakypyre'yma. - Colares azuis não vistos (ainda). (Léry, Histoire, 346); sepîakypypabẽ - coisa notória por ser vista totalmente; notório, patente (VLB, II, 51) (Com o verbo 'i / 'é, como auxiliar, significa crer, vendo): Eré sepîakane. - Crerás, vendo. (Fig., Arte, 159)
i'ekatu - o mesmo que e'ikatu [3ª p. do indic. de 'ikatu / 'ekatu (v.)]: I'ekatupe abaregûasu Papa angaîpaba resé nhyrõ me'enga asébo? - Pode o bispo Papa dar para a gente o perdão dos pecados? (Bettendorff, Compêndio, 57)
îekotiman (v. intr.) - serpentear (p.ex., o caminho, o rio, a ema ao andar, etc.) (VLB, II, 147)
îemoŷrõ1 (ou nhemoŷrõ) (s.) - raiva, ira, ódio; indignação, irritação (VLB, II, 11): Xe moîoîá xe îemoŷrõ... - Repleta-me minha ira. (Ar., Cat., 41); Nhemoŷrõ robaîara tosanga. - O oposto da ira é a paciência. (Ar., Cat., 18); Xe, Tatapytera... asapy nhemoŷrõmbûera. - Eu, Tatapitera, inflamo os antigos ódios. (Anch., Teatro, 128)
inhe'engatuba'e (etim. - o que tem a fala boa) (s.) - o língua (o que a sabe), o conhecedor de um idioma (VLB, II, 22)
îutiman (v. intr.) - serpentear (p.ex., o caminho, o rio, a ema ao andar, etc.) (VLB, II, 147)
kamusuîara (etim. - o que porta grandes seios) (s. etnôn.) - nome de antiga nação indígena do sertão. O nome se deve à crença de que esses índios portavam grandes seios (kama + -usu + îara): "Estes têm mamas que lhes dão por baixo da cinta e perto dos joelhos e, quando correm, cingem-nas na cinta." (Cardim, Trat. Terra e Gente do Brasil, 124)
koty1 (posp.) - 1) em direção a, na direção de, rumo a, para: Eboûĩ nde resá i poraûsubaryba'e erobak oré koty... - Esses teus olhos compadecedores volta em nossa direção. (Ar., Cat., 14v); ...Ybaté koty ogûetymã moîarukari,'yba koty o akanga. - Para cima suas pernas mandou pregar e, para baixo, sua cabeça. (Ar., Cat., 9); 'Y-pytera koty asó. - Fui na direção do meio das águas. (VLB, I, 112); 2) ao lado de, da direção de, do lado de: ...Anheté pesepîak irã Tupã tuba 'ekatûaba koty xe gûapyka xe renane... - Na verdade, ver-me-ás futuramente estar sentado ao lado da mão direita de Deus-Pai. (Ar., Cat., 56v); i apé koty - do lado de fora dele (p.ex., de um vaso, de algo que tenha lado interior e exterior) (VLB, I, 92); ...Mosapyr morubixaba "reis" 'îaba kûarasysembaba koty suí ouryba'e... - Três chefes chamados "reis" que vêm da direção do Oriente... (Ar., Cat., 3); 3) com relação a, a respeito de, acerca: -Abápe aîpó Tupã nhe'enga oîmomaran? -Tupã nhe'enga morombo'esaba koty "-anhẽ ra'upe" e'iba'e. -Quem combate aquela palavra de Deus? -O que diz com relação ao ensinamento da palavra de Deus: -Vamos ver se é verdade! (Ar., Cat., 66); Mba'e-poxy koty onhe'engaíbamo... - Dizendo palavras más acerca de coisas nojentas. (Anch., Diál. da Fé, 211); 4) contra: ...Tupã rekó koty nhe'enga reîtyka. - Lançando palavras contra a lei de Deus. (Ar., Cat., 98v) ● kotypendûara - o que está ao lado de: ...mba'easybora nde kotypendûara... - o doente que está ao teu lado (Ar., Cat., 111)
marandé1 (conj.) - pelo contrário: ...Pesapîar umẽ pe reté; marandé Tupana supé i moingó-potá rá. - Não obedeçais a vosso corpo; pelo contrário, junto de Deus querei fazê-lo estar, na verdade. (Ar., Cat., 89)
mbo'ir1 (ou mbo'i) (etim. - fazer separar-se) (v.tr.) - partir, repartir, retalhar; dividir, espedaçar, esmigalhar: A'e miapepûera abaré oîmbo'i re'a... - Aquele pão o padre o partiu, certamente. (Ar., Cat., 85); ...Nhũ-myterype i mbo'îabo. - Em meio de campo repartindo-os. (Anch., Teatro, 140) ● mbo'isara - o que retalha, retalhador: so'o mbo'isara - o que retalha carne, açougueiro; mbo'isaba - tempo, lugar, modo, etc. de partir, de retalhar: so'o mbo'isaba - lugar de retalhar a carne, açougue (VLB, I, 67)
me'eng (ou me'ẽ) (v.tr.) - 1) dar: T'ame'ẽne pirá ruba endébo... - Hei de dar ovas de peixe para ti. (Anch., Teatro, 44); Mba'epe Tupã oîme'eng asébe ybakypene? - Que Deus dará para a gente no céu? (Ar., Cat., 27); Eîme'eng pindá ixébe. - Dá anzóis para mim. (Anch., Arte, 34); 2) entregar, oferecer: Te'õ supé xe me'enga xe robá-pyter îepé... - Entregando-me à morte tu me beijas o rosto. (Ar., Cat., 54); Marataûãme tekoara ogûerobîá xe nhe'enga, ...xe pópe o 'anga me'enga. - Os que estão em Maratauá acreditam em minhas palavras, entregando suas almas em minhas mãos. (Anch., Teatro, 12); 3) vender (VLB, II, 143) ● me'engara - o doador, o que dá, o que entrega: ...Îandé rekobé me'engara... - Doador de nossa vida. (Anch., Poemas, 90); ...i xupé tekokatu me'engara... - o que dá a eles a virtude (Ar., Cat., 24); Abápe i me'engarama? - Quem foi o que o entregou? (Ar., Cat., 53v); emime'enga (t) - o que alguém dá, entrega, etc.: Graça semime'enga n'opabi... - A graça que ele dá não acaba. (Ar., Cat., 5); i me'engymbyra - o que é dado, a doação: ...Asé aîpó i me'engymbyra supé "Tupã potaba" i 'éû? - A gente diz "quinhão de Deus" para aquilo que é dado? (Ar., Cat., 78)
membyra (etim. - sêmen do marido*) (s.) - 1) filho ou filha (em relação à mãe): ...I membyra rerobîá. - Acreditando no filho dela. (Anch., Teatro, 136); O membyra re'õ ré opabĩ abá raûsubi... - Após morrer seu filho, ama todos os homens. (Anch., Teatro, 156); Asaûsub nde membyrĩ. - Amo teu filhinho. (Anch., Poemas, 102); 2) afilhado ou afilhada (de m.) (Ar., Cat., 114v); 3) filhote (macho ou fêmea) de qualquer fêmea de animal (VLB, I, 139)
moín1 (v.tr.) - 1) pôr, colocar, fazer estar, assentar: Opukubo taba amoín. - Assento a vila de comprido. (Anch., Arte, 43); Mba'erama ripe asé tĩme o endy moíni? - Por que põe sua saliva no nariz da gente? (Ar., Cat., 81v); Tupana ri nhõ nde 'anga eîmoín... - Em Deus somente faze estar tua alma. (Ar., Cat., 141); Aîpepó-moín. - Pus-lhe penas. (VLB, I, 112); 2) edificar: Nde rokangaturamûama oroîmoĩ ... - Tua casa santa edificamos. (Anch., Poemas, 146); 3) prender: O îoybyri aîmoín. - Prendi-os um ao lado do outro. (VLB, II, 85); O îoaîuri aîmoín. - Prendi-os um ao pescoço do outro. (VLB, II, 85); Aîmoín itá resé. - Prendi-o a uma pedra. (VLB, I, 23) ● moĩndara - o que põe, o que prende, etc.: ...Ikatupe nde moĩndara. - O que te põe nu. (Ar., Cat., 187)
mokõî1 (num.) - 1) dois (Fig., Arte, 4): mokõî apŷaba - dois homens (Anch., Arte, 9v); ...Mokõî nhõ abá rekoabane... - Duas, somente, serão as moradas das pessoas. (Ar, Cat.,163); 2) par, dupla de qualquer coisa (VLB, II, 64) ● mokõ-mokõî - de dois em dois, dois a dois (VLB, I, 106)
mokon (ou mokõ) (v.tr.) - Sobaké Anhanga onheŷnhanga, i mokona motá... - Diante deles os diabos ajuntando-se, querendo engoli-los. (Ar., Cat., 161v); Xe mokõ kûepe mboîusu amõne. - Engolir-me-á por aí alguma cobra grande. (Anch., Teatro, 162); Peîori pitanga gûabo..., kunumĩ mokona mbá. - Vinde para comer a criança, engolindo completamente o menino. (Anch., Poemas, 166); Ereîápe nde mba'e 'u roîré... koîpó mba'e amõ mokon'iré? - Tomaste-o depois de comer ou depois de engolir alguma coisa? (Ar., Cat., 111); ...Xe mirĩ! Xe mokõ kori, îandune. - Eu sou pequeno! Engolir-me-á hoje, como de costume. (Anch., Teatro, 62)
momburu (ou momuru) (v.tr.) 1) ameaçar, desafiar (Fig., Arte, 118): Ereîmomburupe amõ? - Ameaçaste alguém? (Ar., Cat., 101v); 2) maldizer, amaldiçoar: ...Tupã rekó momburûabo. - Maldizendo a lei de Deus. (Anch., Teatro, 10); ...Îandé momburu meémo... - Ter-nos-iam amaldiçoado. (Anch., Teatro, 38); 3) atentar contra, prejudicar: T'i momuru umẽ ma'e îara îandébe. - Que não prejudiquemos os que portam bens para nós. (Léry, Histoire, 355); 4) detestar: ...I angaîpaba momburûabo. - Detestando sua maldade. (Anch., Poemas, 82); Anhanga nde momburu... - O diabo te detesta. (Anch., Poemas, 142) ● momburûara - o que ameaça, o que maldiz etc; amaldiçoador (Fig., Arte, 118), etc.: Tupã sy, xe momburûara... - A mãe de Deus, a que me ameaça. (Anch., Teatro, 126); Tupã momburûareté tatá pupé nde resyri. - Verdadeiros amaldiçoadores de Deus no fogo te assaram. (Anch., Teatro, 120)
mosem (ou mosẽ) (v.tr.) - 1) fazer sair, expulsar, enxotar, despedir, lançar fora: Aîmosem anhanga xe îosuí. - Lanço o diabo fora de mim. (Fig., Arte, 81); Oîmosem Paraíso Terreal sekoaba suí. - Expulsou-o do Paraíso Terreal, sua morada. (Anch., Doutr. Cristã, I, 163); Te'õ rerobyka é, xe angaîpá-tubixagûera amosẽne... - Aproximando-me da morte, meus pecados antigos e grandes farei sair. (Anch., Teatro, 38); 2) soltar: ...Peîpotápe Îesus pe rubixaba ixé i mosema peẽme? - Quereis que eu solte para vós a Jesus, vosso rei?... (Ar., Cat., 59v) ● i mosemymbyra - o que é (ou deve ser) expulso, solto, etc.: ...Tupãoka suí i mosemymbyra... - É o que deve ser expulso da igreja. (Ar., Cat., 179); mosembaba - tempo, lugar, modo, etc. de fazer sair, de expulsar, etc.; expulsão: ...Aîpó pytunusu suí Tupã nde mosemagûera kuapa, eîmomba'eté Tupã... - Sabendo que Deus te fez sair daquela escuridão, honra a Deus. (Ar., Cat., 187)
pirapinima (etim. - peixe pintado) (s.) - PIRAPINIMA, peixe salpicado de pontos ou pintas; possui aproximadamente dois pés de comprimento, pigmentação branca, à exceção da cabeça, de cor cambiante, e da cauda, vermelha (D'Abbeville, Histoire, 247v)
poro- (m-) (pref. que indica objeto em sentido indeterminado, podendo traduzir-se por gente, pessoas): Xe îara Îesu sosang poresé. - Meu senhor Jesus sofre pela gente. (Anch., Poemas, 122); Mboîa oporosu'u. - A cobra morde a gente. (Fig., Arte, 6); Aporomondó. - Mando gente. (Fig., Arte, 86); Aporoîuká. - Mato gente. (Fig., Arte, 86); Marã eré-p'amẽ eporombo'ebo? - Que dizes, de costume, ensinando as pessoas? (Ar., Cat., 55v)
posanga1 (m) (s.) - remédio, PUÇANGA, mezinha; antídoto; poção, beberagem, feitiço; remédio preparado pelos pajés; purgante, unguento (VLB, II, 12): mosãngatu - remédio bom (VLB, II, 34); ...Mosanga ra'ã-ra'anga... - Ficando a experimentar poções. (Anch., Teatro, 36); ...mosanga mûeîrabyîara. - remédio portador de cura (Anch., Teatro, 38); Nde îepi oré posanga. - Tu és sempre nosso remédio. (Valente, Cantigas, VI, in Ar., Cat., 1618); mboîasy-posanga - remédio contra dor de picada de cobra, antídoto contra veneno de cobra (VLB, II, 137); ...ka'a mosanga ra'anga... - experimentando poções de ervas (Anch., Poesias, 268)
pungá (m) (s.) - 1) hidropisia (VLB, II, 8); 2) inchamento, intumescimento; (adj.) - 1) hidrópico (VLB, II, 8); 2) intumescido, cheio (p.ex., a vagem com feijões); inchado, quando molhado (p.ex., a farinha, o livro): Xe pungá. - Eu estou inchado. (VLB, II, 11); Topé-pungá - vagem cheia (VLB, II, 140, adapt.)
pyte'em (ou pyte'ẽ) (xe) (v. da 2ª classe) - manquejar (pondo só a ponta dos pés); ser aleijado, ser coxo (que pisa com a ponta dos pés): Xe pyte'em. - Eu sou coxo. (VLB, I, 85; II, 31)
pytu (ou putu ou pytuba) (m) (s.) - hálito, bafo, sopro, respiração, fôlego: ...O pytu pupé nhote tekobé me'enga i xupé. - Com seu sopro somente dando vida a ele. (Ar., Cat., 48, 1686); (adj.) (xe) respirar, ter fôlego: Xe pytu-muku. - Eu tenho fôlego comprido. (VLB, I, 141); Xe pytubapûan. - Eu tenho fôlego apressado, eu tenho muito fôlego. (VLB, I, 141)
-reme (posp.) [Possui os alomorfes -eme, -me e -neme (forma nasalizada). Expressa condição, causa e tempo.] - 1) (condicional) no caso de, se: Aîpó xe re'õnama rambûera abaíme, t'onhemonhang umẽ xe remimotara. - No caso de ser difícil frustrar-se essa minha morte, que não se faça minha vontade. (Ar., Cat., 53); Tupã i potare'ỹme, n'aîpotari. - Se Deus não o quiser, não o quero. (D'Abbeville, Histoire, 351v); Nd'îasóî xûé-tepemo ybakype se'õe'ỹmemo? - Mas não iríamos para o céu se ele não morresse? (Ar., Cat., 43v); mboîa kunhã îukáreme... - se a cobra matar a mulher... (Fig., Arte, 8); 'yreme - se houver água; emonãneme - se for assim (VLB, II, 114); 2) (causal) por causa de, por, porque: Pedro osó o mondóreme. - Pedro vai porque o mandam. (Fig., Arte, 84); Asaûsub Pedro og uba raûsume. - Amo Pedro por amar a seu pai. (Anch., Arte, 16v); Omanõ o îukáreme. - Morre porque o matam. (Fig., Arte, 84); 3) (temporal) por ocasião de, no momento de, quando; sempre que, sempre quando: Oîerokype asé Jesus 'ereme? - Inclina-se a gente sempre quando diz Jesus? (Ar., Cat., 23): Xe îekyîme, t'ereîu... - Quando eu morrer, que venhas. (Anch., Poemas, 102); I kambuneme, sory. - Quando ele mama, ela fica alegre. (Anch., Poemas, 162); ...Oito 'ara sykeme, ...i 'apira mondoki... - Quando chegou o dia oito, cortaram seu prepúcio. (Ar., Cat., 3); A'epe... 'aretéreme eresó. - Ali ias por ocasião dos feriados. (Anch., Poemas, 154)
ybyrasoka (etim. - verme de madeira) (s.) - UBIRAÇOCA, gusano, teredo, verme que fura a madeira dos navios (Sousa, Trat. Descr., 295)
ybytu (s.) - vento: Ybytu îabé osunung... - Zune como o vento. (Anch., Poemas, 190); Abebé kó ybytu îá... - Vôo como este vento... (Anch., Teatro, 40) ● ybytuûasu (ou ybytu-aíba) - ventania; tempestade de vento (VLB, II, 125); tormenta de vento (VLB, II, 132); trovoada (VLB, II, 133): Aîpó maíra... ybytuûasu oîmoú. - Aquele homem branco fez vir a ventania. (Staden, Viagem, 91)
ygarembé (etim. - beiço de canoa) (s.) - bordo de canoa, postiças, obras exteriores no costado de uma embarcação para protegê-la e evitar a fácil abordagem (VLB, I, 58)
Ibagaçaba (rio de SP). De 'ybá + ygasaba: vasilha de frutas, referência a uma forma produzida por erosão fluvial.
Iúna (ES). De 'y + un + -a: rio escuro.
Jupiá (MG). Nome de língua geral que designa redemoinho em meio dos rios e que ameaça as embarcações (PDBLP, p. 714): "Há nele um célebre passo, que chamam Jopiá, quer dizer covo na língua da terra, o qual é um redemoinho que a água faz nesta figura, bastante largo e fundo; e a água corre com violência para aquela parte de tal sorte que é necessário passar o mais distante que pode ser, e fazendo grande força de remo; porque, se chegam a dar ali as canoas, infalivelmente as sorve (...)." (D. Antonio Rolim [1751], p. 202)
Manhana (monte de SE). De manhana, espionagem, espia (das regiões inimigas): "A este monte chamam os indios Manhana, que quer dizer entre elles espia, por se ver de todas as partes, de muito longe." (Sousa, Trat. Descr., XXI)
Mataruna (rio do RJ). De metara - var. de peixe + un (r, s) + -a: metaras escuras.
Pirabeiraba (rio de SC). De pirá + berab + -a: peixes brilhantes.
Piracanjuba (rio de GO). De pirá + akang/a + îub/a + -a: peixes das cabeças amarelas.
Piracuruca (rio do PI). De pirá + kuruk + -a: peixes resmungões.
Piranema (rio do RJ). De pirá + nem + -a: peixes fedorentos.
Pirapitanga (rio de MG). De pirá + pytang/a + -a: peixes pardos.
(D'Evreux) D'EVREUX, Yves, Viagem ao Norte do Brasil. Tradução do Dr. César Augusto Marques do original francês Suitte de l'histoire des choses plus memorables advenues en Maragnan es annéss 1613 et 1614. Rio de Janeiro, 1929 (tradução cotejada com a edição de 1864, anotada por Ferdinand Denis, intitulada Voyage dans le Nord du Brésil fait durant les années 1613 et 1614, Librairie A. Franck, Leipzig et Paris).
a'ang6 (s) (v.tr.) - 1) pronunciar (p.ex., aquilo que se lê), ler, proferir, declarar: Asa'ang. - Leio-o. (VLB, II, 20); Abápe aîpoba'e oîmonhang erimba'e, sa'angypŷabo? - Quem o fez outrora, começando a pronunciá-lo? (Ar., Cat., 25v); Esa'ãngatu. - Pronuncia-o bem. (VLB, II, 87); 2) celebrar: Missa ra'anga asébe... - Celebrando a missa para a gente. (Ar., Cat., 93v) ● a'angara (t) - o que pronuncia, o que profere, etc.: ...Ladainhas ra'angara... - o que profere as ladainhas (Ar., Cat., 125, 1686); a'angaba (t) - tempo, lugar, modo, etc. de celebrar, de proferir, o proferir, etc.: Ladainhas ra'angaba... - O proferir das ladainhas (Ar., Cat., 126)
a'eba'e (dem. pron.) - ele, (es, a, as), aquele (es, a, as): Nd'e'i te'e Tupã a'eba'e reîtyka tatápe... - Por isso mesmo Deus aqueles lançou no fogo. (Anch., Doutr. Cristã, I, 193); A'eba'e o'ar Maria abá bykagûere'yma suí. - Ele nasceu de Maria, a que não foi tocada por homem. (Ar., Cat., 15)
anong (s) (v.tr.) - prognosticar coisas a, fazer agouros a (geralmente coisas más): Asanong. - Fiz agouros a ele. (VLB, II, 87)
'apiraíba (etim. - pele ruim da cabeça) (s.) - usagre, erupção de pústulas com corrimento e crostas que vêm ao rosto e à cabeça das crianças; (adj.: 'apiraíb) (xe) - ter usagre: Xe 'apiraíb. - Eu tenho usagre. (VLB, II, 140)
ebokûé (ou ebokûeî) 1) (dem. adj.) - esse (es, a, as): A'epe ebokûé nde îuraragûaîa pupé eremoerapûã abá amõ? - E com essa tua mentira tornaste alguém famoso? (Ar., Cat., 99v); 2) (adv.) - eis que esse (es, a, as); eis aí, eis que lá (Pode levar o verbo para o modo indicativo circunstancial se o anteceder.): Ebokûeî Pedro sóû. - Eis que lá vai Pedro. (Fig., Arte, 94); Ebokûé nde membyra, kunhã gûé!... - Eis aí teu filho, ó mulher! (Ar., Cat., 63); Ebokûé asó. - Eis que vou. (VLB, I, 109); Ebokûeî i xóû. - Eis que aí ele vai. (VLB, I, 109); Ebokûeî xe sóû. - Eis que vou. (Fig., Arte, 165); 3) (adv.) aí, lá: Ebokûé rupi ekûab. - Vai por aí. (VLB, II, 81) ● ebokûé aé - esse mesmo (VLB, I, 127)
erika (pron. pess.) - ele (s, a, as) (VLB, I, 109)
eromanõ (v.tr.) - morrer com, fazer morrer consigo: Serobîara bépe asé ogûeromanõne? - A gente morrerá com sua crença também? (Ar., Cat., 51); Irõ, oîepé tiruã pecado n'aromanõî! - Portanto, não morri com um pecado sequer! (Anch., Teatro, 172); Aromanõ tekokatu. - Morro com virtude. (Anch., Arte, 49) ● ogûeromanõba'e - o que faz morrer consigo, o que morre com: ...Pabẽ abá tetiruã Cristo raûsuba bé ogûeromanõba'epûera... - Todos e quaisquer homens que morreram com o amor a Cristo. (Ar., Cat., 161v)
e'ymeté (conj.) - 1) como se não: ...Oîosuí i kûá e'ymeté? - Como se não estivessem longe uns dos outros? (Bettendorff, Compêndio, 56); 2) se: Marãpe sepîaki, setee'ymba'eramo sekó e'ymeté? - Como o viu se ele não tem corpo? (Ar., Cat., 31); 3) sendo assim como é (Fig., Arte, 148): Aîpó e'ymetépe peẽ bé ybŷa pe tymagûama na peîkuabi? - Sendo isso assim como é, vós também não reconheceis que vos enterrarão? (Ar., Cat., 155v); Aîpó e'ymeté, ko'arapukuî, pysaré nde maînanĩ nde 'anga resé...-ne. - Sendo isso assim, o dia todo e a noite toda tu cuidarás de tua alma. (Ar., Cat., 158-158v)
'i / 'é3 (v. intr. irreg.) (Auxiliar como do do inglês, levando o verbo principal para o gerúndio. Muitas vezes não se traduz.) - mostrar-se, estar, apresentar-se; achar-se, encontrar-se (em alguma condição ou fazendo algo): A'é sepîaka. - Vejo-o. (Com ênfase. Lit., Acho-me vendo-o.) (Anch., Arte, 56); T'e'i osóbo. - Que vá. (com ênfase) (Anch., Arte, 56); A'é uman ûixóbo. - Já vou. (Anch., Arte, 56v); Nd'a'éî gûimanõmo ranhẽ. - Não morri ainda (lit., não me acho morrendo ainda). (Fig., Arte, 144); E'i mo'ema monhanga... - Mostram-se a urdir mentiras. (Anch., Teatro, 36); E'i tenhẽ nde rerobîá... - Em vão crêem em ti (lit., acham-se, em vão, crendo em ti). (Anch., Teatro, 40); Ten e'i. - Mostra-se fixo, está fixo, apresenta-se fixo. (Anch., Arte, 57); Nd'e'i 'ara. - Não está dia. (VLB, I, 69); E'i nhẽpe oîkóbone? - Há de estar (assim como está)? (VLB, I, 92)
îea'yrok (v. intr.) - pôr lêndeas, varejas (a mosca) (VLB, I, 52)
îepoká2 (v. intr.) - espreguiçar-se: ...Nde atybak, nde resá-popybo ema'ẽmo, epukamirĩamo, eîepokábo tenhẽ... - Tu voltas o rosto para trás, olhando com a ponta dos olhos, sorrindo, espreguiçando-te. (Anch., Doutr. Cristã, II, 111-112); Aîepoká-poká. - Fico-me espreguiçando. (VLB, II, 104)
îesybasab (v. intr.) - benzer-se a testa: Aîesybasab. - Benzi-me a testa. (VLB, I, 54)
ikobé / ekobé (t) (etim. - estar ainda) (v. intr. irreg.) - 1) viver, estar vivo (Fig., Arte, 66): Orébe t'oré mondyki, nde irũmo t'oroîkobé. - Que ela nos destrua para que vivamos contigo. (Anch., Poemas, 124); Osem oîkobébo, o tym-y roîré... - Saiu vivendo após o enterrarem. (Anch., Poemas, 124); 2) estar bem, estar são, estar bem disposto: Aîkobé. - Estou bem, estou são. (Fig., Arte, 60). (Em forma de saudação é equivalente ao Vale, do latim.): ...Eîkobé-katu, xe mbo'esar gûy...! - Estejas bem, ó meu mestre! (Ar., Cat., 54); 3) existir, haver: Oîkobé îemombe'u, mosanga mûeîrabyîara. - Existe a confissão, remédio portador de cura. (Anch., Teatro, 38); Oîkobé xe pytybõanameté..., tubixakatu Aîmbiré... - Existe meu auxiliar verdadeiro, o chefão Aimbirê. (Anch., Teatro, 8); Oîkobépe amõ abá sekobîaramo? - Há algum homem na condição de seu substituto? (Ar., Cat., 50v); 4) estar presente, ser, aqui estar (Fig., Arte, 66): Aîkobé, n'aîepe'aî i xuí. - Aqui estou, não me afasto deles. (Anch., Teatro, 88); Oîkobé nde arûara é... - Aqui está teu danador. (Anch., Teatro, 90); Nde rembiarama é oîkobé morubixaba. - Os que tu apresarás são reis. (Anch., Teatro, 60); 5) permanecer, continuar a ser ou estar: Aîkobé n'ixé sarõana... - Permaneço seu guardião. (Anch., Teatro, 40) ● oîkobeba'e - o que vive, o que está bem, o que existe, etc.: A'e suí turi oîkobeba'e omanõba'epûera pabẽ rekomonhangane. - Daí virá para julgar todos os que vivem e os que morreram. (Anch., Doutr. Cristã, I, 142); ekobesaba (t) - tempo, lugar, meio, instrumento, etc. de viver, de existir, etc.; vida: 'Y i mongaraibypyra t'oîkó xe 'anga rekobesabamo... - A água benta seja o meio de viver de minha alma. (Ar., Cat., 24v); ...o 'anga rekobesaba - a vida de sua alma (Ar., Cat., 241)
îupi'amombor (v. intr.) - pôr ovos (a ave) (VLB, II, 60)
ka'aîara1 (etim. - o que domina a mata) (s.) - louva-a-deus, inseto da família dos mantídeos, com centenas de espécies (VLB, II, 24)
Ka'aîara2 (etim. - o que domina a mata) (s. antrop.) - espírito que incomodava os índios em suas atividades (Léry, Histoire, 360)
kunhambyra (etim. - o defunto da mulher* < kunhã + ambyra) (s.) - CUNHAMBIRA, filho de um prisioneiro com uma mulher da aldeia em que ele estivera ou estava aprisionado. Tal filho era comido num ritual antropofágico. "A mãe é a primeira que come dessa carne, o que tem por grande honra." (Sousa, Trat. Descr., 325)
manõ2 (v. intr.) - 1) morrer: Abá omanõ. - Um homem morreu. (Fig., Arte, 69); Tupã omanõ, memetipó asé omanõmo. - Deus morreu, quanto mais nós morreremos. (Fig., Arte, 163); Te'õ suí amanõ. - Morro de morte natural; Amanõ é (ou Amanõ teé). - Morro eu próprio (sem que me matem). (VLB, II, 42); 2) esmorecer (VLB, I, 125); 3) doer: Morubixaba, nde akanga omanõ? - Senhor, tua cabeça dói? (D'Abbeville, Histoire, 327); 4) desmaiar de todo (VLB, I, 99); 5) perder a sensibilidade: Omanõ xe îybá. - Meu braço perdeu a sensibilidade. (VLB, II, 130) ● manõ-memûã - morrer súbita ou desastradamente: Amanõ-memûã. - Morro subitamente. (VLB, II, 43); omanõba'e - o que morre: Omanõba'epûera suí sekobeîebyri. - Voltou a viver dos que morreram. (Anch., Doutr. Cristã, I, 141)
mbo'y'u (ou mo'y'u) (etim. - fazer beber água) (v.tr.) - dar de beber a, dessedentar: 'Useîbora mbo'y'u. - Dar de beber aos sedentos. (Ar., Cat., 18); -Oîmo'y'upe gûá? - Deram-lhe de beber? (Ar., Cat., 63)
miapeteka (etim. - o que é espalmado) (s.) - 1) bola de farinha-puba feita com as mãos e secada ao calor do sol (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 67); 2) bolota grande que faziam da mandioca curtida, com que depois davam cor à farinha de guerra (VLB, II, 71)
mi'umoîypara (etim. - o que coze a comida) (s.) - cozinheiro (VLB, I, 85)
mombe'ukatu (v.tr.) - 1) bendizer: 'Ara rekó pukuîpe abá i mombe'ukatune? - Enquanto houver o mundo o homem a bendirá? (Ar., Cat., 32v); 2) louvar (VLB, II, 24) ● i mombe'ukatupyra - o que é (ou deve ser) bendito, louvado: ...I mombe'ukatupyramo ereîkó kunhã suí. - Bendita és tu entre as mulheres. (Anch., Doutr. Cristã, I, 139)
nhemoesapysó (etim. - estender-se a vista) (v. intr. compl. posp.) - notar só com a vista (para depois conhecer a causa), olhar fixamente, indiscretamente, curiosamente (VLB, II, 51) [para algo ou para alguém: compl. com esé (r, s)]: Anhemoesapysó-katu (abá) resé. - Olhei muito fixamente para o homem. (VLB, I, 47, adapt.)
nheypyrung (etim. - pôr início a si) (v. intr.) - começar: Quarta-feira tanimbukaraíba rasápe, îekuakupabusu Quaresma 'îaba nheypyrungi. - Ao passar a quarta-feira de cinzas sagradas começa o grande jejum, chamado Quaresma. (Ar., Cat., 122, 1686)
obaîxûara2 (t) (etim. - o que está em face) (s.) - oposto, contrário: Morerobîare'yma robaîxûara nhemoetee'yma. - O contrário da soberba é a humildade. (Bettendorff, Compêndio, 15)
oîá2 (conj.) - como, semelhante a: Abá-tepe oîkó xe oîá...? - Mas quem há como eu? (Anch., Teatro, 18)
pe'ĩ2 (s. voc. de h. e m.) - mana! minha irmã! (diz o homem a uma mulher ou uma mulher à outra) (VLB, II, 30; Anch., Arte, 14v)
NOTA - Desse termo, que passou para a língua geral meridional, procede o nome do rio paulista JACARÉ-PEPIRA (v. p. 386).
poru1 (ou puru) (v.tr.) - 1) usar, empregar (Anch., Arte, 2v; Fig., Arte, 111): Mosangape ereîpuru...? - Usaste feitiço? (Anch., Teatro, 12); 2) praticar, exercitar: Eîporu nde nhembo'eagûera. - Pratica o que tu aprendeste. (VLB, I, 131); Eîori sa'anga... t'oîpuru tekó-poxy. - Vai para prová-los, para que pratiquem maus atos. (Anch., Teatro, 16); Anhandu beémo erimba'e angûama mã, pe 'erama purûabo! - Ah, se eu tivesse percebido outrora isso, praticando o que dizíeis! (Ar., Cat., 165v); 3) tomar emprestado: Aîporu aoba karaíba suí. - Tomei emprestada a roupa do homem branco; Aîporu abá ygara. - Tomei emprestada a canoa do índio. (VLB, I, 113); 4) aproveitar, usufruir, gozar de (VLB, II, 24) ● oîporuba'e - o que usa, o que pratica, etc.: Tamyîa rekopûera oîporubyteryba'e... - O que pratica ainda os velhos hábitos dos avós. (Ar., Cat., 66v); emiporu (t) - o que alguém usa, pratica, etc.: Eresepyme'engype nde remiporupûera? - Pagaste aquilo que tu usaste? (Ar., Cat., 107v)
py4 (mb) (s.) - pé (de pessoa), pata (de animal): Îaîpó-asá-sá i py resebé... - Atravessam suas mãos juntamente com seus pés. (Anch., Poemas, 122); Mba'erama resépe i nongi... asé pype? - Por que o coloca nos nossos pés? (Ar., Cat., 92); py-apyra - ponta do pé (Castilho, Nomes, 35) ● py resé - a pé: Xe py resé nhẽ asó. - Vou a pé. (VLB, I, 35)
sem (ou sẽ) (v. intr.) - 1) sair: Osem oîkobébo o tym-y roîré... - Saiu vivendo após o enterrarem. (Anch., Poemas, 124); T'osẽ anhanga i xuí... - Que saia o diabo dela. (Anch., Poemas, 146); Osem okarype... - Saiu para o pátio. (Ar., Cat., 57v); 2) mudar (a casa, indo para outra parte); mudar-se (para longe): Asem. - Mudo-me. (VLB, II, 44); 3) despontar; nascer (o sol): Otĩ kûarasy osema nde beraba robaké. - Envergonha-se o sol, nascendo, diante de teu brilho. (Valente, Cantigas, IV, in Ar., Cat., 1618) ● sembaba - tempo, lugar, modo, etc. de sair; saída: kûara sembaba - lugar de sair do sol, o nascente; kûarasy sembaba - a saída do sol, o nascer do sol (VLB, II, 46); Oîkuá-katupe a'e suí o semagûama? - Sabem bem de sua futura saída dali? (Ar., Cat., 48v)
sîesîeeté (etim. - ciecié verdadeiro) (s.) - CIECIÉ, chama-maré, nome comum a pequeninos caranguejos da família dos ocipodídeos, que apresentam uma das pinças muito maior que a outra. É também chamado siri-patola, caranguejinho-dos-mangues, chora-maré, etc. (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 185)
supiara (etim. - o que domina a verdade) (s.) - mestre (em qualquer arte ou ciência), perito (VLB, I, 72); o que é máximo em qualquer arte ou habilidade (VLB, II, 33)
ta'a2 (s. voc. de h. e m.) - mano! (como diz um homem a outro ou uma mulher ao irmão) (VLB, II, 31)
tapiîara (etim. - o que domina na aldeia) (s.) - morador de um lugar, morador antigo ou que está de assento em algum lugar (VLB, II, 41); habitante de aldeia; natural de alguma terra (VLB, II, 48), TAPIJARA: ...Opakatu tapiîara... osaûsu. - Ama a todos os moradores do lugar. (Anch., Teatro, 184); Tapiîara... xe pópe arekó-katu. - Os habitantes da aldeia tenho-os bem em minhas mãos. (Anch., Teatro, 34)
taûpé2 (s. voc. de h. e m.) - mana! (como diz um homem a uma mulher ou uma mulher a outra, por modo de reverência e acatamento) (VLB, II, 30)
tuîuîu (s.) - TUIUIÚ, TUJUJU, ave da família dos ciconídeos, que vive à beira dos rios (D'Abbeville, Histoire, 241v; VLB, I, 70)
ubixaba (t, t) ou (t) (s.) - 1) TUXAUA, TUXAVA, cacique, chefe (de homens ou animais): ...Og ubixaba abé... asé osapîá. - A gente obedece também a seu próprio chefe. (Ar., Cat., 68v); 2) rei, imperador: ...Îudeus rubixabapiã nde? - Acaso tu és o rei dos judeus? (Ar., Cat., 58) ● ubixá-katu - grande chefe, chefe principal, chefe maior; maioral; rei: Oú tubixá-katu... - Veio um grande chefe. (Anch., Poemas, 138); Mobype tubixá-katu kybõ? - Quantos são os chefes principais por aqui? (Léry, Histoire, 350). [Pode-se verter chefe dele ou chefe deles por tubixaba ou subixaba (Anch., Arte, 13)]. (V. tb. morubixaba.)
upir (ou upi) (s) (v.tr.) - levantar, erguer, fazer subir: Karaibebé pyterype supiri... - No meio dos anjos fê-la subir. (Ar., Cat., 132); Endé, nde îybápe, Îesu eresupi. - Tu, em teus braços, Jesus ergueste. (Anch., Poemas, 118); O ati'yba ri krusá osupi. - No seu próprio ombro levanta a cruz. (Anch., Poemas, 122); ...Îesu nde rupiri... - Jesus fez-te subir. (Anch., Poemas, 126)
ygapukuîtara (etim. - o que mexe a canoa) (s.) - remeiro, o que rema (VLB, II, 101)
Graúna (rio do RJ). De gûyrá + un (r, s) + -a: pássaros pretos, nome de certas aves icterídeas.
Ipuçaba (CE). De 'y + pu + -sab + -a: lugar de água barulhenta.
Vamicanga, Córrego do (SP). "Uma legoa mais adiante está a cachoeira Tambatiririca, e com mais 3 legoas de navegação se chega á de Uamicanga." (Vasconcellos de Drummond [1797], p. 240). Nome da língua geral meridional. De uaimĩ* + kanga: osso de velha, talvez o nome de uma árvore de madeira clara, como é a sûasukanga (etim. - osso de veado) (v.), que tem "madeira alvíssima como marfim..." (Sousa, Trat. Descr., 214).
_____ Histoire d'un Voyage fait en la Terre du Bresil autrement dite Amerique. Reveue, corrigee et bien augmentee em ceste seconde edition, tant de figures, qu' autres choses notables sur le sujet de l'auteur. Genève, Antoine Chuppin, [1580]. (Edição diplomática com texto estabelecido, apresentado e anotado por Frank Lestringant. L.G.F., Le Livre de Poche, Bibliothèque Classique, Paris, 1994.) (Sempre que não for mencionado o ano de publicação, a edição utilizada foi a de 1578.)
chupar - pyter; (os doentes, para arrancar-lhes a doença): suban
'ab - (v.tr. irreg.; no indicativo é usado somente com objeto incorporado): abrir; cortar, rachar, fender, talhar: Aybyrá-'ab. - Corto madeira. (Fig., Arte, 145); Ayby-'ab. - Abro a terra. (Fig., Arte, 145); Aî'ybab. - Cortei o pé dela (isto é, da parreira, da mandioca, etc.). (VLB, I, 83); Aîasy-'ab. - Cortei um pedaço dela. (VLB, I, 83); Morubixaba ybyragûype ahẽ sóû ybyrá 'apa. - Para a coutada do rei ele foi para cortar madeira. (VLB, II, 141) ● 'apaba - tempo, lugar, modo, etc. de abrir, de rachar; abertura, rachadura, corte: yby 'apaba - rachadura da terra; cava, cova, buraco, vala, fosso, barreiros (VLB, I, 69)
aba (t) (s.) - 1) penugem, pena miúda [isto é, aquela que a ave tem pelo corpo todo. A pena grande das asas é pepó (v.)]: xe raba - minha pena; saba - sua pena; gûyrá raba - a pena do pássaro (Fig., Arte, 71); -Mba'epe ereru nde karamemûã pupé? - Aoba. -Marãba'e? -Pykasu-aba. -Que trouxeste dentro de tua caixa? -Roupas. -De que tipo? -De pena de pomba. (Léry, Histoire, 342-343); Moraseîa é i katu, îegûaka, ...sa-mongy... - A dança é que é boa, enfeitar-se, untar suas penas. (Anch., Teatro, 6); 2) pêlo ou cabelo do corpo, de homem ou animal (pêlo ou cabelo da cabeça é 'aba - v.) (Castilho, Nomes, 37); 3) lã (VLB, II, 17); 4) felpa: Xe rabusu. - Eu tenho muita felpa. (VLB, I, 137) ● a-ura (t) ou a-popora (t) - penugem fina de ave que começa a emplumar-se (VLB, I, 113; II, 71); agûera (t) - pêlo retirado do corpo (VLB, II, 114); tukana tá-poraseîa - pena de tucano para dança “isto é, pena que os índios levavam comumente quando dançavam” (Léry, Histoire, 283, 1994)
abá1 (interr.) 1) quem?: Oporakakab? Abá?... - Censuram? Quem?... (Anch., Teatro, 34); ...Abá serã ogûeru? - Quem será que a trouxe? (Anch., Teatro, 4); Abá ra'yrape nde? - Filho de quem és tu? (VLB, I, 87); Abá rokype erekûá? - Na casa de quem passaste? (Anch., Teatro, 44); Abápe nde? - Quem és tu? (Anch., Teatro, 44); Abápe îa'u raẽne? - Quem devoraremos primeiro? (Anch., Teatro, 64); 2) qual? que?: Abápe 'ara pora oîkó nde îabé? - Que habitante do mundo há como tu? (Anch., Poemas, 116) ● abá-abá? - quem (quando se tratar de mais de uma pessoa): Abá-abápe asé resé Tupã mongetasaramo sekóû? - Quem são os que rogam por nós a Deus? (Ar., Cat., 23v); abá supé? - para quem? a quem?: Abá supépe asé îeruréû...? - Para quem a gente reza? (Ar., Cat., 23); Abá-pipó? - Quem é? Quem está aí? (VLB, II, 94)
akekẽ (s.) - QUENQUÉM, FORMIGA QUENQUÉM, formiga-de-monte, inseto himenóptero da família dos formicídeos, formiga pequena que come plantas e que se cria somente à flor da terra (VLB, I, 142)
anga (dem. pron.) - este (es, a, as), esse (es, a, as), isso: Anga îá, angaîpabora aîuká... - Como a esses, mato os que costumam pecar. (Anch., Teatro, 92); Anga îápe pe roka? - Como estas são vossas casas? (Léry, Histoire, 363); ...Kó anga andupa, aseîá kûesé xe roka... - Eis que percebendo isso, deixei ontem minha casa. (Anch., Poemas, 112); T'irur ma'e tiruã anga pé. - Tragamos quaisquer coisas para esses. (Léry, Histoire, 356)
ataara (t) (s.) - fumeiro, defumador (o vão da chaminé para onde se encaminha a fumaça para sair e onde se penduram as carnes e os peixes para serem defumados) (VLB, I, 144)
eboinga (dem. pron.) - esse (es, a, as); isso: Abá-abá rerape eboinga? - Nomes de quem são esses? (Anch., Doutr. Cristã, 200)
ebokûeîba'e (dem. pron.) - esse (es, a, as) (VLB, I, 127); essa coisa (VLB, II, 15)
endub (s) (v.tr.) - ouvir, escutar: Esendu. - Ouve. (Léry, Histoire, 364); N'asendubi nde nhe'enga. - Não ouço tuas palavras. (Anch., Teatro, 44); A'epe missa rendupa, ...eresó. - Ias ali para ouvir a missa. (Anch., Poemas, 154); Serenduba rupibé amongoty xe nhemimi... - Tão logo ao ouvir o nome dela, em outra parte eu me escondo. (Anch., Teatro, 126); T'osendu aîpó nde 'é. - Que ouçam aquilo que tu dizes. (Anch., Teatro, 186, 2006) ● endupara (t) - o que ouve (Fig., Arte, 119): Ogûenduparûera supé o nhe'enga rekobîarõmo. - Sustituindo suas palavras para os que o ouviram. (Ar., Cat., 110); endupaba (t) - tempo, lugar, modo, causa de ouvir, o ato de ouvir, a outiva: Tupã nhe'enga rendubagûama resé... - Para escutar a palavra de Deus... (Ar., Cat., 81v); emienduba (t) - o que alguém ouve: "Aîuká temomã" erépe... abá remiendubamo...? - Disseste "-Oxalá eu o mate", fazendo alguém ouvir? (Ar., Cat., 101v); sendubypyra - o que é (ou deve ser) ouvido: "Xe poreaûsubeté'ĩ mã!"... sendubypyramo a'epe. - "Ah, coitadinho de mim" é o que é ouvido aí. (Ar., Cat., 163v)
esebé (r, s) (posp.) - com, juntamente com, assim como: São Matias... S. Pedro o irũetá resebé tari apóstoloramo. - São Pedro, com seus companheiros, tomou São Matias como apóstolo. (Ar., Cat., 121-122); Asaûsub Pedro ta'yra resebé. - Amo Pedro, assim como a seu filho. (Anch., Arte, 44v); ...Anhanga pe'abo, te'õ resebé. - Afastando o diabo, assim como a morte. (Anch., Poemas, 108); Îaîpó-asá-sá i py resebé, krusá sosé nhẽ xe Îara moîá. - Atravessam suas mãos, assim como seus pés, sobre a cruz pregando meu Senhor. (Anch., Poemas, 122)
îakatutenhẽ (conj.) - como (de comparação), da mesma forma que; exatamente como: Og uba îakatutenhẽpe asé i moetéû? - A gente o honra como a seu próprio pai? (Ar., Cat., 82)
iangyba'e (dem. pron.) - este (es, a, as); isto (VLB, II, 15)
îara (s.) - 1) senhor, senhora; o que preside, o que domina: Tupã sy, kó tabyîara, na pemoembiá-potari... - A mãe de Deus, senhora desta aldeia, não queirais apresá-la. (Anch., Teatro, 180); Irõ, xe ratãngatu, anhanga maranyîara... - Como vês, eu sou muito forte, um diabo que domina as guerras. (Anch., Teatro, 142); Nde irũnamo Îandé Îara rekóû. - Contigo Nosso Senhor está. (Ar., Cat., 4); 2) o dono, o que tem, o que segura, o que tem o dom de, o detentor, o que porta, o portador: ogûer-y îara - o que tem seu próprio nome (Ar., Cat., 23v); ...Marane'ymyîaramo sekó mo'anga'upa. - Pensando falsamente que ele é o que tem a saúde. (Ar., Cat., 66v); Aîpó abá ma'e îara îandébe. - Esses homens são os que portam riquezas para nós. (Léry, Histoire, 354); mosanga moeîrabyîara - remédio portador de cura (Anch., Teatro, 38)
îekundab (v. intr.) - 1) serpentear (p.ex., o caminho, o rio, a ema ao andar, etc.) (VLB, II, 147); 2) torcer-se, enroscar-se (VLB, II, 132)
îeypyî (ou îeepyî) (v. intr.) - aspergir-se: Oîeypyî 'y-karaíba pupé. - Asperge-se com água benta. (Ar., Cat., 24) ● îeepyîtaba - tempo, lugar, modo, finalidade, etc. de aspergir-se: Irõ aîpó 'y-karaíba pupé asé îeepyîtabypy. - Portanto, essa é a primeira finalidade de se aspergir a gente com água benta. (Ar., Cat., 352, 1686)
îu'i (s.) - JUÍ, nome comum aos anuros do gênero Leptodactilus, de pele nua, comestíveis, que vivem sempre à beira d'água. São também chamados rãs. (Sousa, Trat. Descr., 265): Ikó îu'i, xe rupîara, t'ere'u... - Estas rãs, minhas presas, que as comas. (Anch., Poemas, 158)
koba'e (dem. pron.) - este (es, a, as), isto: Erasó koba'e nde ruba pé. - Leva isto a teu pai. (Fig., Arte, 121); A'e aé koba'e katu me'engara re'a... - É ele o que dá o bem desses, com certeza. (Ar., Cat., 66) ● koba'e-te - este outro (e não ele) (VLB, I, 130); koba'e îabé - deste modo, desta maneira: Koba'e îabé opomombabyne. - Desta maneira vos destruiremos. (Laet, Novus Orbis, Livro XV, cap. IV, §5)
kûea (dem. pron.) - esse (es, a, as); aquele (es, a, as); aquilo; isso (VLB, I, 39)
kûeîa (dem. pron.) - esse (es, a, as); isso (VLB, II, 15)
kûeîba'e (dem. pron.) - esse (es, a, as); aquele (es, a, as); isso (VLB, II, 15)
kurusá (s. - portug.) - cruz: O ati'yba ri kurusá osupi. - No seu próprio ombro levanta a cruz. (Anch., Poemas, 122); Kurusá xe pópe sekóreme... t'our é Îurupari... - Se a cruz estiver em minhas mãos, que venha o Jurupari. (D'Abbeville, Histoire, 357)
moaûîé1 (v.tr.) - vencer, derrotar, render (p.ex., o inimigo) (VLB, II, 101): Îori, anhanga mondyîa, oré moaûîé suí! - Vem para espantar o diabo, para não nos vencer. (Anch., Poemas, 102); Xe abé iî ybõmbyrûera Bastião xe moaûîé. - A mim também o flechado Bastião derrotou-me. (Anch., Teatro, 48); Koromõ, keygûara temiminõ moaûîébo, asapekóne. - Logo, vencendo os temiminós, habitantes daqui, eu os frequentarei. (Anch., Teatro, 136); Tekobé îandébe Tupã remime'enga syka bé, te'õ îandé moaûîéû... - Assim que acaba a vida que Deus nos dá, a morte nos derrota. (Ar., Cat., 154v) ● emimoaûîé (t) - o que alguém vence, o que alguém derrota: Îori, esenõî angá kûeîbo nde remimoaûîé. - Vem, nomeia os que tu derrotas por aí. (Anch., Teatro, 12)
moepy (ou mboepy) (v.tr.) - 1) pagar (VLB, II, 62): ...Oîmoepy o mondasagûera. - Paga o objeto de seu furto. (Ar., Cat., 73); 2) resgatar, recompensar: Xe rekoekyî îepé, a'epûera aîmoasy..., i mboepykatûabo bé. - Embora me evoques os atos, daqueles arrependi-me, bem resgatando-os também. (Anch., Teatro, 168) ● moepŷaba - tempo, lugar, modo, etc. de pagar, de resgatar; ato de pagar, pagamento: Tupã nhe'engabŷagûera îandé i moepykatûagûama resé. - Para bem pagarmos nós a transgressão da palavra de Deus. (Ar., Cat., 11)
moîebyr1 (ou moîeby) (v.tr.) - 1) fazer voltar, ciar (a embarcação, isto é, remar para trás para fazê-la voltar ou recuar) (VLB, I, 74); 2) devolver: Gûemimbo'e pyri o karûápe, miapé o pópe gûemiîara i moîebyû gûetéramo. - Ao comer junto dos seus discípulos, o pão que tomou em suas mãos devolveu-o como seu corpo. (Ar., Cat., 5)
muresi - MURICI, nome comum a várias árvores e arbustos (v. murisi) (Theat. Rer. Nat. Bras., II, 220)
NOTA - Desse termo originam-se muitos nomes geográficos no Brasil: PERNAMBUCO, PARANAGUÁ, etc. (v. p. 386). Na língua geral setentrional e na meridional, paranã passou a significar rio (Arronches, O Caderno da Lingoa, p. 230), figurando na toponímia também com esse sentido: rio PARANAPANEMA, rio PARANÁ, JI-PARANÁ (v. p. 386). Hoje, na Amazônia, PARANÃ é braço de rio caudaloso, separado deste por uma ou mais ilhas (in Dicion. Caldas Aulete).
pepyr (v.tr.) - torcer, envergar, dobrar (por força ou contra a natureza da coisa, p.ex., uma vara que se planta) (VLB, I, 147): Aîpepyr. - Torci-o. (VLB, I, 59)
potigûara1 (etim. - comedor de camarões) (s.) - POTIGUARA, POTIGUAR, PETIGUAR, PITAGUAR, PITIGUAR, PITIGUARA, nome de grupo indígena que, no século XVI, habitava a costa que ia da foz do rio Paraíba ao Rio Grande do Norte (Cardim, Trat. Terra e Gente do Brasil, 121)
pukuî2 (v.tr.) - 1) mexer com pá (p.ex., a farinha no alguidar): Aîpukuî u'i ou Au'i-pukuî.- Mexo com pá a farinha. (VLB, II, 37); 2) remar: Sasy nakó ygá-pukuîa. - Eis que é penoso, certamente, remar canoa. (VLB, II, 134); Aygá-pukuî. - Remo a canoa. (VLB, II, 100) ● pukuîtara - o que rema; remador (VLB, II, 101): ygá-pukuîtara - remador de canoa (VLB, II, 101)
py2 (mb) (s.) - 1) interior, vão, centro; parte de dentro, fundo: Îori sekyîa taûîé i py suí... - Vem para arrancá-lo logo do interior dela. (Anch., Poemas, 136); ygá-pype - na parte de dentro da embarcação (isto é, sob a cobertura dela) (VLB, I, 110; 154); 'y pype - no fundo da água (VLB, I, 110); 2) avesso (p.ex., de pano): i py - o avesso dele (VLB, I, 48)
reîa (s. - portug.) - 1) rei; rainha: ...Tupã sumarã reîa - os reis inimigos de Deus (Anch., Teatro, 122); ...Arurĩ reîa supé. - Trouxe-as para a rainha. (Anch., Poemas, 154); 2) realeza: ...nde reîabaîté pupé... - com tua realeza temível (Anch., Poemas, 158)
NOTA - Sumé foi identificado a São Tomé, no Brasil colonial, e isso por muitos séculos: "Dizem eles que S. Tomé, a quem eles chamam Zomé, passou por aqui, e isto lhes ficou por dito de seus antepassados e que suas pisadas estão sinaladas junto de um rio; as quais eu fui ver por mais certeza da verdade..." (Manuel da Nóbrega, in Leite, Cartas dos Primeiros Jesuítas do Brasil).
sysyîa (s.) - estremecimento; (adj.: sysyî) - trêmulo, que treme: Xe ro'o-sysyî. - Eu tenho a carne trêmula. (VLB, I, 130); Xe ropé-py-sysyî. - Eu tenho o interior das pálpebras trêmulo. (VLB, II, 136)
sy'yra (etim. - semente de mãe) (s.) - 1) tia (irmã ou prima da mãe) (VLB, II, 127): i xy'yra - sua tia (Fig., Arte, 73); 2) madrasta (de h. e m.) (Ar., Cat., 114); 3) a companheira da mãe, isto é, a outra mulher do pai, a outra mulher que vive com ele junto com a mãe de alguém: xe sy'yra - a companheira de minha mãe (Léry, Histoire, 369)
te'ĩ (interj. que expressa espanto. Leva a part. mã no final do período.) - que! quanto! que grande! (VLB, II, 91): Te'ĩ pirá mã! - Oh, que peixe! (ou Oh, quanto peixe!); Te'ĩ kó ahẽ mã! - Oh, que fulano este! (VLB, II, 57)
typy'oketõ (s.) - bolo feito com a água da farinha depositada pela manipueira (Piso, De Med. Bras. IV, 177)
ûĩ4 (dem. pron.) - esse (es, a, as) (Fig., Arte, 85); aquele (es, a, as); isso, aquilo: Abá ra'yrape ûĩ?! - Filhos de quem eram esses?! (Anch., Teatro, 48); ...Emonã ûĩ sekóû... - Essa fez assim. (Ar., Cat., 74); Tabusupe ûĩ? - Essa é uma cidade? (Léry, Histoire, 361); Emonã ûĩ re'a... - Isso é assim, certamente. (VLB, II, 16)
ûĩé (dem. pron.) - esse (es, a, as), aquele (es, a, as), isso, aquilo: Anhẽpe ûĩé? - É verdade isso? (Ar., Cat., 85)
uru2 (s.) - URU, nome comum a certas aves galiformes (D'Abbeville, Histoire, 238; Cardim, Trat. Terra e Gente do Brasil, 37)
Há, contudo, topônimos atribuídos artificialmente e que datam de poucas décadas, em ambientes em que já não mais havia falantes das línguas em que o topônimo foi atribuído. Com efeito, no século XX a frente pioneira do Brasil passou pelo oeste paulista, pelo norte e oeste paranaenses, pelo centro-oeste do país, para onde se deslocou a própria capital do Brasil. Getúlio Vargas apregoou, na década de quarenta, a Marcha para o Oeste, tendo havido a fundação de centenas de municípios nas sobreditas regiões. Pujantes cidades nelas surgiram muito tempo depois que a língua geral meridional desapareceu. Por outro lado, a primeira metade do século vinte foi marcada, no Brasil, por forte nacionalismo político, econômico e cultural. O Modernismo, surgido com a Semana de 22, a Revolução de 30, a Era de Vargas, tudo conduzia a uma busca de referenciais da pátria brasileira. Surgem tupinistas nas universidades brasileiras, alguns dos quais passarão a ter a incumbência de dar nomes aos novos municípios que se fundavam nessa época. Aparecem, assim, muitos topônimos de origem tupi no século XX. Alguns são composições corretas, da índole do tupi antigo, das línguas gerais coloniais ou do nheengatu. Outros são fruto da elaboração fantasiosa de amadores, que resolveram embrenhar-se por um campo de estudo sem conhecimento suficiente das línguas. Em alguns casos, etimologizar tais palavras é uma tarefa inútil, a de tentar atinar com significados, quando eles não existem. É o caso do nome Umuarama, cidade do Paraná, criado por Silveira Bueno a pedido de seus fundadores. Tal palavra não significa absolutamente nada. Perderia o seu tempo o pesquisador que tentasse procurar a sua etimologia. O próprio Silveira Bueno mostra-nos por quê:
Biboca (RS). De yby + bok + -a: terra rachada.
Ipoeira (MT). De 'y + pûer + -a: o que eram rios, ipueira, lagoeiro formado nos lugares baixos pelo transbordamento dos rios.
Itupeva (SP). De ytu + peb + -a: cachoeira aplainada.
Jacuba (rio de SP). De 'y + akub (r, s) + -a: águas quentes.
Tiaia (rio do CE). De ty + aî (r, s) + -a: água azeda.
'ara5 (s.) - mundo (VLB, II, 44): Abápe 'ara pora oîkó nde îabé? - Que habitante do mundo há como tu? (Anch., Poemas, 116); 'Ara pab'iré, i moingobeîebyri...-ne. - Após acabar o mundo, fá-los-á voltar a viver... (Ar., Cat., 27); Oîme'eng-y bépe Tupã ikó 'ara pupé mba'e amõ i angaturamba'e supéno? - Dá também Deus neste mundo algumas coisas aos que são bons? (Ar., Cat., 50)
buri (s.) - BURI, nome comum a duas espécies de palmáceas, a Allagoptera campestris (Mart.) Kuntze e a Allagoptera caudescens Kuntze (Sousa, Trat. Descr., 191)
ekoate'ỹmbaba (t) (s.) - o que é reservado, a reserva, a exclusividade: E'u umẽ ikó 'ybá xe rekoate'ỹmbaba... - Não comas este fruto que me é reservado. (Ar., Cat., 155)
embi'u (ou emi'u) (t) (s.) - comida: Oré remi'u 'ara îabi'õndûara eîme'eng kori orébe. - Nossa comida de cada dia dá hoje para nós. (Ar., Cat., 13v); Aîune ixé, pe remi'urama! - Venho eu, a vossa futura comida! (Staden, Viagem, 67)
e'õ (t) (s.) - 1) morte (em geral): ...Te'õ rupîara nhẽ... - Adversária da morte (Anch., Poemas, 88); Te'õ rerobyka é, xe angaîpá-tubixagûera amosẽne... - Aproximando-me da morte, meus grandes pecados antigos farei sair. (Anch., Teatro, 38); N'ereîkuabipe ko'yr te'õ nde resé sekó? - Não sabes que agora a morte está contigo? (D'Abbeville, Histoire, 350); 2) morte natural: Te'õ suí amanõ. - Morro de morte natural. (VLB, II, 42); 3) desfalecimento, entorpecimento; [adj.: e'õ (r, s)] - moribundo; desfalecido, entorpecido; (xe) morrer; desfalecer, entorpecer-se: ...Abá 'anga re'õû nhẽ Tupana nhe'enga abŷápe. - As almas dos homens morrem ao transgredirem a palavra de Deus. (Anch., Teatro, 144); Se'õ. - Ele morre. (Anch., Arte, 40); îybá-e'õ-e'õ - braços entorpecidos, quebrantados (com algum sobressalto, grande tristeza, etc.); pó-e'õ - mãos entorpecidas (VLB, II, 93) ● e'õsara (t) - o que morre, o mortal (VLB, II, 42); e'õaba (ou e'õsaba) (t) [no futuro egûama (t)] - tempo, lugar, modo, causa, instrumento, etc. da morte, do morrer; morte (Fig., Arte, 59): ...Abá re'õagûera resé og orybamo... - Alegrando-se com a morte de alguém. (Ar., Cat., 70v); O'u nhẽpe a'e 'ybá, tegûama...? - Comeu aquele fruto, causa de morte? (Ar., Cat., 40v); Nde ma'enduá-katu... nde resé se'õagûera resé. - Lembra-te bem de que morreu por tua causa. (Ar., Cat., 249); e'õ-memûã (ou e'õ-aíba ou e'õ-korine) (t) - morte súbita ou em desastre (VLB, II, 42)
NOTA - Lemos em Euclides da Cunha, referindo-se aos últimos dias de Canudos: "A soldadesca, varejando as casas, pusera fora, às portas (...) toda a ciscalhagem de trastes em pedaços, de envolta com a farragem de molambos inclassificáveis: pequenos baús de cedro; bancos e jiraus grosseiros; redes em fiapos; berços de cipó e balaios de taquara; JACÁS sem fundo; roupas de algodão..." (In Os Sertões. Editora Francisco Alves, Rio de Janeiro, 1997)
moabangab2 (v.tr.) - 1) desobedecer a: Aîmoabangab. - Desobedeci a ele. (VLB, I, 99); 2) vencer com razões (ou doutra maneira) (VLB, II, 143); 3) resistir a (VLB, II, 103)
mokõîa (num.) - 1) segundo (Fig., Arte, 4): Ogûatá îepé serã i îybá mokõîa itapygûá soarama resé? - Por acaso não chegava seu segundo braço ao lugar de irem os pregos? (Ar., Cat., 62v); 2) segunda vez: i mokõîa - a segunda vez dele (VLB, II, 115) ● mokõîndaba (ou mokoîaba ou momokõîndaba) - segundo; segunda vez: ...Omanõ tenhẽmo i mendarypyagûera: nd'e'ikatuî omendá mokõîagûera resé. - Em vão morreria seu primeiro cônjuge: não pode casar com o segundo. (Ar., Cat., 280); mokõîndara - segunda coisa (em ordem ou número): i mokõîndara (ou i momokõîndara) - a segunda coisa deles (em ordem ou número) (VLB, II, 115)
mygûeba (s.) - mulher desvirginada; a que não é mais virgem (VLB, I, 83)
nde (ou ne) 1) (pron. pess. da 2ª p. do sing.) - a) (pron. sujeito) - tu: Abápe nde? - Quem és tu? (Anch., Teatro, 26); Nde rasẽ! - Grita tu! (Anch., Teatro, 42); b) (pron. objeto) - te, ti: Ereîpotápe nde 'u? - Queres que ele te coma? (Anch., Teatro, 32); Nde îuká xe îara. - Meu senhor te mata. (Anch., Arte, 12v); E'i tenhẽ nde rerobîá... - Em vão crêem em ti. (Anch., Teatro, 40); 2) (poss. de 2ª pess. do sing.) - teu (s, a, as): nde retãme - na tua terra (Anch., Poemas, 92); nde rera - teu nome (Anch., Teatro, 44); nde nhe'enga - tuas palavras (Anch., Teatro, 44) (V. tb. endé)
nhemosako'ie'yma (s.) - descuido, despreparo: Penheangerekó amõ 'ara pupé te'õ pe rokena motaka turagûama resé é, nhemosako'ie'yma pupé, pe pokosupa... - Pensai que, algum dia, a morte virá para bater em vossas portas, em despreparo, surpreendendo-vos. (Ar., Cat., 158)
nhenonhena (etim. - o corrigir-se a si) (s.) - emenda, correção (Bettendorff, Compêndio, 20)
petymbu (etim. - ingerir petima) (v. intr.) - fumar: Moraseîa é i katu, îegûaka, ...petymbu... - A dança é que é boa, enfeitar-se, fumar. (Anch., Teatro, 6)
pi'ũ (s.) - PIUM, PINHUM, borrachudo, nome comum a insetos dípteros da família dos simulídeos, cujas fêmeas são hematófagas e de hábitos diurnos (Anch., Arte, 6v; VLB, II, 43)
po'ir2 (etim. - desprender-se a mão) (v.tr.) - parar de, deixar de, "largar a mão de": A'e remebépe erimba'e Tupã abá raûsupo'iri? - Por ocasião disso Deus deixou de amar o homem? (Anch., Doutr. Cristã, I, 162); Asaûsupo'ir. - Deixei de amá-lo. (VLB, I, 96); Ta xe rerobîapo'ir umẽ. - Que não deixem de crer em mim. (Ar., Cat., 160)
poromonhangaba (m) (etim. - consequência do fazer gente) (s.) - filho, filha, filhos (com relação ao pai e à mãe): T'oroîopytybõne oré poromonhangagûera mongakuapa... - Havemos de nos ajudar um ao outro para criarmos nossos filhos. (Ar., Cat., 95)
posangyîara (m) (etim. - o que domina os feitiços) (s.) - 1) feiticeiro, PUÇANGUARA, aquele a quem pertencem as poções, o que leva as poções (Léry, Histoire, 351); 2) mulher feiticeira ou que é possuída por um mau espírito (Léry, Histoire, 351)
potar (v.tr.) - 1) querer, desejar: Nde akanga îuká aîpotá korine. - Tua cabeça quererei quebrar hoje. (Staden, Viagem, 156); N'aîpotari nde só. - Não quero tua ida. (Fig., Arte, 157); Aîuká-potar. - Quero matá-lo. (Fig., Arte, 157); N'asó-potari mamõ… - Não quero ir para longe. (Anch., Poemas, 100); Ma'epe ereîpotar? - Que queres? (Léry, Histoire, 347); 2) desejar sensualmente: Eporopotar umẽ ... - Não desejes gente. (Ar., Cat., 70v); Kunhã potá nhote... - Só desejando mulher. (Ar., Cat., 71); 3) ter propensão para, ser propenso a: Xe resaraî-potar. - Eu tenho propensão a esquecer, eu sou esquecidiço. (VLB, I, 127); Xe mba'easy-potar (ou Xe mba'easy-potar îá). - Eu sou enfermiço, doentio (isto é, eu tenho propensão para doenças). (VLB, I, 105) ● oîpotaryba'e - o que quer, o que deseja: ...omendá-potaryba'e... - os que querem casar-se (Ar., Cat., 132); potasara - o que quer, o que deseja, o desejoso: ...Tekokatu potasara - a que deseja a virtude (Valente, Cantigas, V, in Ar., Cat., 1618); potasaba (ou potaraba) - lugar, tempo, causa, etc. de querer, de desejar (inclusive sensualmente); vontade; desejo: O'ẽpe erimba'e nde membyra nde i potasápe? - Poluiu-se outrora teu filho por tu o desejares? (Anch., Doutr. Cristã, II, 97); ...I angaîpab-eté... kó pe rembiá potasaba. - É muito má a vontade destas vossas presas. (Anch., Teatro, 156, 2006); ...i potarypyra - o que é (ou deve ser) desejado: A'e anhõ opakatu i potarypyra sosé. - Só isso está acima de tudo o que deve ser desejado. (Ar., Cat., 47); i îuká-potarypyra - o que se deseja matar (VLB, I, 79); emimotara (t) - o que alguém quer ou deseja; vontade: Îesu, xe remimotara. - Jesus, o que eu desejo. (Valente, Cantigas, I, in Ar., Cat., 1618)
pukusĩ (s.) - boto, nome comum a certos mamíferos cetáceos de mar ou de rios, do grupo dos golfinhos ou das toninhas (VLB, I, 58, 149)
pyter (ou pyté) (v.tr.) - 1) chupar: tatá-pytera - "o chupa-fogo" (nome próprio) (Anch., Teatro, 130, 2006); 2) beijar: A'e ipó asetobapé-pyténe... - A ele, certamente, beijarei suas faces. (Ar., Cat., 54); Aîpyter. - Beijei-o. (VLB, I, 54); 3) sorver (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 277)
ryryî (v. intr.) - tremer: ...Yby abé a'ereme... oryryîane. - Tremendo, então, a terra também. (Ar., Cat., 160); Aryryî, opá xe uba îesyî. - Tremo, ambas as minhas coxas adormeceram. (Anch., Teatro, 26); ...Asykyîé, aryryî! - Tenho medo, tremo! (Anch., Teatro, 62); Oryryî nde îuká ré... - Tremeram após te matarem. (Anch., Teatro, 122); Nde rera rendupa abé, anhanga ryryî okûapa. - Tão logo ouvindo o teu nome, o diabo está tremendo. (Anch., Poemas, 132)
serinambi (etim. - siri de orelha) (s.) - CERNAMBI, nome comum a algumas espécies de moluscos, muito usados pelos índios do passado para sua alimentação. A maior parte dos sambaquis é constituída por eles. "...Tem a casca muito redonda e grossa e tem dentro grande miolo de cor pardaça, que se come assado e cozido." (Sousa, Trat. Descr., 292)
urubitinga (etim. - urubuzinho branco) (s.) - URUBITINGA, cancã, gavião da família dos falconídeos. "Ave semelhante à águia, do tamanho de um pato de seis meses." (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 214)
yperukyba (etim. - piolho de tubarão) (s.) - PIRAQUIBA, piolho-de-tubarão, rêmora, espécie de peixe da família dos equenídeos, conhecido também como peixe-pegador, pegador, peixe-piolho. Ele adere a outros peixes para se locomover, inclusive aos tubarões, por meio de um disco adesivo que tem na cabeça, mas não é um parasita. (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 180; VLB, II, 69)
ypy'oka (t, t) (s.) - líquido ou caldo coalhado, isto é, que perdeu a fluidez, com matéria em suspensão; coalhada (VLB, I, 75): typy'o-ku'i - farinha da mesma água da mandioca crua coalhada (VLB, I, 135)
Emboabas (MG). Nome que receberam no período colonial, nas Minas Gerais, os portugueses e forasteiros doutras origens. Era nome antes dado, na língua geral meridional, às aves calçudas, isto é, aquelas cujas pernas são cobertas de penas: de mbó (forma absol. de pó - mão, pata + ab/a (r, s) - peludo + -a: patas peludas. Veja-se a explicação para isso nos seguintes textos coloniais: "E voltando dom Fernando as costas com toda a sua comitiva, os reinóis, chamados pelos paulistas emboabas por desprezo, que na sua língua quer dizer galinhas calçudas, o que imitavam pelos calções que usavam de rolos, seguiram-nos em distância que não fossem vistos. (Caetano da Costa Matoso [1749], p. 206); "...eoropeos chamados emboabas, nome dirivado das gallinhas calsudas por naó largarem as meyas e sapatos em todo o serviso... (Barboza de Sá [1775], Relação das Povoaçoens do Cuyabá em Mato Groso de seos Principios thé os Prezentes Tempos, p. 5).
Ibitinga (SP). De yby + ting + -a: terra branca. É nome do século XIX: A família Landim fundou a "Vila do Senhor Bom Jesus de Ibitinga" por volta de 1860, ainda na época em que a língua geral meridional era usada na província de São Paulo. (fonte: IBGE)
Itutinga (SP). De ytu + ting + -a: cachoeira clara.
Maiara (nome de mulher). De ma'e + îara: a senhora das riquezas (Léry, Histoire, 362).
Orindiúva (SP). Segundo o IBGE, tal localidade "em 1935, passou a denominar-se Orindiúva (...) devido à grande quantidade, na região, de aroeiras, árvore de lenho muito duro." De urindeúva, um nome da língua geral meridional.
Parati (RJ). Os textos coloniais de que dispusemos não dão a explicação do nome da localidade. O termo tupi parati tem dois sentidos: 1) peixe da família dos mugilídeos, do Atlântico sul (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 181); 2) uma variedade de mandioca, comestível a partir de oito meses de plantio, apta para cultivo em terras fracas e de areia; o mesmo que mandi'yparati (v.) (Sousa, Trat. Descr., 173). Uma das ocorrências mais antigas do nome é a que vemos em Antonil: "Houve atè agora Caſa de quintar em Taubatê, na Villa de Saõ Paulo, em Paratij, & no Rio de Janeiro." (André João Antonil [1711], p. 13). Isso nos permite supor a seguinte etimologia: parati + 'y: rio dos paratis.
Tietê (rio de SP). "[...] no dia 28 de Julho de 1767 voltou com as canoas do seu transporte pelo rio Anhambí, que em São Paulo se chama Tieté [...] (Pedro Taques, Nobiliarquia Paulistana, p. 18). De ty + eté: rio muito bom, rio a valer.
tu - ne, nde, endé; îepé ● para ti, a ti: ndebe, endébe; ndebo
abá2 (s.) - 1) homem (em oposição a mulher): Abá omanõ. - Um homem morreu. (Fig., Arte, 69); 2) homem, ser humano, pessoa (em oposição a animal irracional): Abá sosé pabẽ i momorangi... - Acima de todas as pessoas embelezou-a. (Anch., Poemas, 86); Abá 'anga mara'ara i pupé opûeîrá-katu... - As doenças da alma do homem com ela saram bem. (Anch., Teatro, 38); ...Sesé abá pûari nde resápe nhẽ. - Nele as pessoas batem à tua vista. (Anch., Poemas, 122); ...Mokõî abá robaké. - Diante de duas pessoas. (Ar., Cat., 94v); 3) índio (em oposição ao branco europeu): -Abá ra'yrape ûĩ?! -Sé! Abá ra'yra, ipó... -Filhos de quem eram esses?! -Sei lá! Filhos de índios, certamente... (Anch., Teatro, 48); ...abá 'anga momoxŷabo. - estragando as almas dos índios. (Anch., Teatro, 44) ● abá-îurupari - animais com quem Jurupari convivia, que só andavam à noite, soltando gritos horríveis, servindo a ele de homens na relação sexual (D'Evreux, Viagem, 293); abagûasu - homem feito, rapaz: Xe abagûasu. - Eu sou um homem feito. (VLB, I, 153) Fiz-me homem. (VLB, II, 30)
ahẽ!2 (interj. de h.) - 1) oh!, upa! (expressa espanto) (VLB, I, 125): Ahẽ, teumẽ serobîá! - Oh, guarda-te de acreditar neles! (Anch., Teatro, 62); To, ahẽ! Abápe ké sobasẽ...? - Oh! Quem aqui dá a cara? (Anch., Teatro, 138); 2) vede isso! (com admiração) (VLB, II, 142)
amanaîé2 (v. intr. compl. posp.) - fazer convite, mandando recado; chamar (para a guerra, com mensagem); mandar recado (compl. com supé): T'asóne nde pyri... erépe amõ kunhã supé koîpó ereamanaîé i xupé, sesé enhemomotá?... - Disseste a alguma mulher: "-Hei de ir junto a ti" ou mandaste-lhe recado, atraindo-te por ela? (Ar., Cat., 104)
are'a (s.) - pés tortos e com a sola virada para cima (VLB, II, 68); (adj.) (xe) ter pés tortos: Xe are'a. - Eu tenho pés tortos. (VLB, II, 68)
aûîé1 (s.) - 1) término, conclusão, consumação; madureza, maturidade; perfeição: Kó tupãoka pupé Maria kakuabi, i aûîé ré é Tupã i me'engi São José pé... - Nessa igreja Maria cresceu e, após a maturidade dela, Deus entregou-a a São José. (Ar., Cat., 8v); (adj.) - pronto, concluído, acabado; amadurecido, maduro (p.ex., o fruto); apto, conveniente; formado, no ponto, perfeito: Seté-aûîepûera pupé (i 'anga) i mondebi, tekobé me'nga i xupé. - Pôs (sua alma) no seu corpo terminado, dando vida para ele. (Ar., Cat., 39); I aûîé umûã ygara. - A canoa já está pronta. (VLB, II, 118); 2) o bastante; o suficiente: Aûîépe serã asé Tupã rerobîara ybakype asé soagûama ri? - Porventura a gente crer em Deus é o bastante para a gente ir para o céu? (Bettendorff, Compêndio, 62); Aûîé ruãpe? - É o suficiente? (VLB, I, 53) ● aûîesaba - tempo, lugar, modo, etc., da consumação, do término, da conclusão; fim, término conclusão (VLB, I, 127): 'Ara kó tekó aûîesaba... cristãos rorybe'ymamo... - O dia em que esses fatos se consumaram (lit., tempo da consumação desses fatos) os cristãos não estavam felizes... (Ar., Cat., 5v)
eboûinga 1) (dem. pron.) - esse (es, a, as), isso - Eboûinga abépe ybakype nd'asé mondóî? - Esse também não faz a gente ir para o céu? (Anch., Doutr. Cristã, I, 201); Ogûerobîarype asé eboûinga? - Acredita a gente nisso? (Anch., Doutr. Cristã, I, 220); A'ekatu eboûinga resé. - Sei fazer isso. (VLB, II, 110); 2) lá, aquele lugar, esse lugar, aí, ali: Osem-y bépe irã eboûinga suíne? - Sairá também futuramente de lá? (Ar., Cat., 63); eboûinga rupi - por aí, por ali (VLB, II, 82)
eroîebyr (v.tr.) - 1) devolver; tornar a trazer, restituir: Ogûeroîebyr... o mondasagûera. - Devolve o objeto de seu furto. (Ar., Cat., 73); Aroîebyr aoba. - Torno a trazer a roupa. (Anch., Arte, 48v); 2) fazer voltar em si, voltar com, repetir: Oîmboasy-katu o angaîpaba... seroîeby-potare'yma. - Arrepende-se muito de sua maldade, não querendo repeti-la. (Ar., Cat., 80) ● eroîebysara (t) - o que devolve, o que repete, etc.: O angaîpagûera reroîebysare'yma. - O que não repete seus antigos pecados. (Ar., Cat., 169); eroîebysaba (t) - tempo, lugar, modo, etc. de devolver, de fazer voltar em si, de repetir: ...Tekokatu reroîebysabamo. - Como modo de fazer voltar em si a virtude. (Ar., Cat., 84v)
gûyrĩ (s.) - GUIRI, nome comum a peixes da família dos ariídeos (VLB, I, 50; D'Abbeville, Histoire, 244) ● gûyrĩ rupi'a - ova de guiri (Theat. Rer. Nat. Bras., I, 43)
'i / 'é2 (v. tr. irreg.) - ter a intenção de, ter a finalidade de, querer: Aîkó-katu t'asóne ybakype ûi'îabo. - Procedo bem, tendo a intenção de ir para o céu. (Anch., Arte, 55v); Aîur ta xe poî na ûi'îabo ruã. - Venho não tendo a intenção de que me alimentem. (Anch., Arte, 55v)
-'ĩ1 (ou -ĩ) (suf. que expressa o aspecto lusivo, isto é, indica que uma ação é praticada sem propósito especial, sem finalidade, por fazer, sem problemas, sem mais, como no castelhano "no más". A oclusiva glotal ' cai após tema em consoante, ficando o sufixo com a forma -ĩ.): Aîme'engĩ. - Dei-o por dar (isto é, de graça). (VLB, I, 90); Aîmonhangĩ nhẽ. - Fi-lo por fazer (sem algum fim, sem mais, porque quis). (Anch., Arte, 54); Osó nhẽmope asé ybakype o nhemongaraibireme? - Iria a gente para o céu ao batizar-se, sem mais? (Anch., Doutr. Cristã, I, 201); -Mba'epe sepyrama? -Arurĩ. -Qual é o preço delas? -Trouxe-as por trazer. (Léry, Histoire, 344)
ianga (dem. pron.) - 1) este (es, a, as); esse (es, a, as), isto, isso: Irõ ianga Pa'i Tupã îandé rekomonhangaba... - Portanto, esses são os mandamentos do Senhor Deus a nós. (Ar., Cat., 110); Ianga Pa'i Tupã n'oîpotari... - Isso o Senhor Deus não quer. (Ar., Cat., 102v); Ta pesykyîé ianga suí... - Que tenhais medo disso. (Ar., Cat., 165v); 2) (adv.) aqui - Asẽ esapy'a temõ ianga suí mã! - Oxalá eu saísse logo daqui! (Ar., Cat., 164v)
îeapysaká (v. intr. compl. posp.) - dar ouvidos, ouvir, dar atenção, cuidar; considerar [compl. com esé (r, s) ou ri]: Tekorama ri îeapysaká. - Dar atenção aos fatos futuros. (Ar., Cat., 19v); Eîeapysaká-katu nde 'anga rekokatuagûama resé. - Dá muita atenção à futura felicidade de tua alma. (Bettendorff, Compêndio, 119); Ereîeapysaká-katupe nde nhemombe'urama resé...? - Deste atenção a tua confissão? (Anch., Doutr. Cristã, II, 78) ● îeapysakaaba - tempo, lugar, modo, causa, de dar ouvidos, de dar atenção; atenção: -Mba'e resépe i nongi asé nambipe? -Mba'e-aíba ri asé îeapysakaagûera posangamo. -Por que o coloca em nossos ouvidos? -Como remédio para a atenção da gente às coisas más. (Ar., Cat., 92)
îekyî1 (v. intr.) - morrer, expirar: Xe îekyîme, t'ereîu... - Ao morrer eu, que venhas. (Anch., Poemas, 102); Marã e'ipe og uba supé o îekyî'îanondé? - Como disse a seu pai antes de morrer? (Ar., Cat., 63v)
îepirapûan (v. intr. compl. posp.) - falar a favor, fazer a defesa [de algo ou de alguém: compl. com esé (r, s) ou suí]: Aîepirapûan (abá) resé. - Falei a favor do homem. (VLB, I, 134, adapt.); N'i aîarõî Îesu Cristo taté é te'õ suí i îepirapûana... - Não faz sentido ele fazer a defesa da morte fora de Jesus Cristo. (Ar., Cat., 4); ...Îesu Cristo raûsuba resé i îepirapûaneme, bŷá i îukáû. - Por ele fazer a defesa do amor a Jesus Cristo, mataram-no. (Ar., Cat., 4)
îeroky1 (v. intr. compl. posp.) - fazer inclinação, mesura, inclinar-se: -Oîerokype asé Cruz supé? -Oîeroky. -A gente se inclina junto à cruz? - Inclina-se. (Ar., Cat., 22)
ikotenhẽ / ekotenhẽ (t) (etim. - estar à toa) (v. intr. irreg.) - ser vadio, vadiar, vagabundear, estar ocioso (VLB, II, 54; 140)
imbé / embé (t) (etim. - continuar a estar) (v. intr. irreg.) [deriv. de in / en(a) (t) - v.] - ficar, estar (VLB, I, 128): Îesu 'ekatûápe nde nhõ ereimbé. - À direita de Jesus somente tu estás. (Anch., Poemas, 126)
inĩ (s.) - rede de dormir (Staden, Viagem, 64). Era presa, nas extremidades, a paus colocados nas choupanas para esse fim. (D'Abbeville, Histoire, 283) ● inĩ-asaba (ou inĩ-pyasaba) - rede de malhas (VLB, II, 99)
kunhataĩ (etim. - mulher firminha) (s.) - menina, CUNHANTÃ, CUNHANTAIM, menina da primeira idade até ser casadoira (VLB, II, 38); menina pequena até, mais ou menos, dez anos (VLB, II, 39); menina de sete a 15 anos (D'Evreux, Viagem, 135): Eresugûykápe kunhataĩ amõ? - Desvirginaste alguma menina? (Ar., Cat., 103v) ● kunhataĩ-a'uba - rapariga (por desprezo, pejorativo) (VLB, II, 96)
mboîkyba (etim. - piolho de cobra) (s.) - escorpião, nome comum a certos aracnídeos venenosos (Anch., Cartas, 125)
mondyk2 (v.tr.) - destruir, eliminar, acabar com: Aîpotá-katutenhẽ opabĩ taba mondyka. - Quero muitíssimo todas as aldeias destruir. (Anch., Teatro, 6); O ekopoxy resé, opabĩ abá mondyki... - Por sua maldade, todos os homems destrói. (Anch., Poemas, 178) ● mondykaba - tempo, lugar, causa, modo, etc. de destruir, de eliminar, de acabar: ...Tatá asé angaîpaba repy mondykaba. - Fogo em que se elimina a dívida de nossos pecados. (Ar., Cat., 48v)
nhang1 (-îo- ou -nho-) (v.tr.) - 1) encaixotar, entrouxar, ensacar: Anhemba'e-nhang. - Encaixotei-me as coisas. (VLB, I, 113); Au'ipuku-nhang. - Ensaquei a farinha (de mandiopuba). (VLB, I, 114); 2) pôr trouxas em: Anhepanakũ-nhang. - Pus-me as trouxas no panacu. (VLB, I, 119)
obabo (r, s) (etim. - no rosto, na cara) (loc. posp.) - à vista de, diante de, junto a, defronte de: ...îudeus-etá cruz robábo... - os muitos judeus junto à cruz (Ar., Cat., 63); Sobábo akûab. - Diante deles passei. Nhoesembé robábo i kûáî. - Ele passou defronte de Nhoesembé. (VLB, II, 67); xe robábo - à minha vista; sobábo - à vista dele (VLB, II, 67)
obaî (r, s) (etim. - no rosto, na cara) (loc. posp.) - 1) além de, adiante de, do outro lado de: 'y robaî - além do rio (VLB, I, 31); 2) em face de, em frente de, à frente de, diante de (Fig., Arte, 126): paranã robaîkatu... - bem em frente do mar (Valente, Cantigas, V, in Ar., Cat., 1618) ● obaîygûara (r, s) - o que está em frente de, o que está diante de: Takûary, sobaîygûara, Tapera, xe rerobîá. - Taquari e Tapera, que está diante dela, acreditam em mim. (Anch., Poesias, 269)
pupur (v. intr.) - ferver (como a água no fogo) (VLB, I, 138)
suí1 (posp.) - 1) de (origem): Ybaka suí ereîur... - Do céu vieste. (Anch., Poemas, 100); Aîur xe kó suí. - Venho da minha roça. (Fig., Arte, 9); Aîur xe roka suí. - Vim de minha casa. (Anch., Poemas, 102); Îaîu kûepe suí. - Viemos de longe. (Anch., Poemas, 96); 2) entre: I mombe'ukatupyramo ereîkó kunhã suí. - Bendita és entre as mulheres (Anch., Doutr. Cristã, I, 139); ...Oîoîá te'õ rekóû kunumĩgûasu suí tuîba'e suí bé. - A morte está igualmente entre os moços e entre os velhos. (Ar., Cat., 157v); 3) de (expressando a matéria): nha'uma suí i monhangymbyra - o que é feito de barro (Ar., Cat., 15); 4) para não, para que não: ...Îori, anhanga mondyîa, oré moaûîé suí! - Vem, espantando o diabo, para não nos vencer. (Anch., Poemas, 102); O emiamotare'yma rekoápe osó-potare'ymba'e sepîaka suí. - O que não quer ir para onde está o que ele detesta para não o ver. (Ar., Cat., 70-70v); 5) longe de, para longe de, fora de: Emonã rakó sekóû nde suí. - Esta agia assim, longe de ti. (Ar., Cat., 74); ...Obebé îandé suí. - Voa para longe de nós. (Anch., Poemas, 186); 6) por (causa de), de (causa): Oker okûapa tekotebẽ suí nhẽ. - Estavam dormindo por causa da aflição. (Ar., Cat., 53); Sabeypora suí bé oîoapixá-pixapa. - Também por embriaguez ficando a ferirem-se uns aos outros. (Anch., Teatro, 34); Eresabeyporype kaûĩ suí, 'ara mokanhema? - Ficaste bêbado de cauim, perdendo o juízo? (Ar., Cat., 111v); 7) desde, a partir de, de... em diante: ...Taba moapaîugûá-îugûábo Galilea suí-katu... - Confundindo as aldeias desde a Galiléia. (Ar., Cat., 83, 1686); Eîpe'a Îurupari kó 'ara suí... - Afasta o diabo deste dia em diante. (Valente, Cantigas, III, in Ar., Cat., 1618); 8) em vez de, afora, que não, a não ser, e não: Nd'e'ikatuîpe amoaé abá oporomongaraípa abaré suí? - Não pode outra pessoa batizar em vez do padre? (Ar., Cat., 81); ...I xuí amõ resé omendá... - Casando-se com alguém que não seja ele. (Ar., Cat., 280, 1686); Ahẽ nhõ ikó i mba'e-katu, xe suí mã! - Eis que somente ele tem coisas boas, em vez de mim! (Anch., Doutr. Cristã, II, 102); 9) além de: ...aîpó nde remimombe'uagûera suí... - além daqueles que tu mencionaste (Bettendorff, Compêndio, 74); 10) indicando pertença a um todo que não participa da ação ou do processo descritos pelo verbo: Erepûarype kunhã muru'abora resé, pitanga îukábo i xuí? - Bateste numa mulher grávida, matando o feto dela? (Isto é, só o feto é que foi morto, não a mãe.) (Ar., Cat., 101v); Sasy xe akanga xe suí. - Dói-me a cabeça (e não o corpo na qual ela está, que não participa do processo descrito pelo verbo). (VLB, I, 105); 11) mais que, do que, que, mais do que (no comparativo): Marãmo ahẽ rekóû o mba'e-katuramo xe suí? - Por que ele vive tendo coisas boas mais que eu? (Ar., Cat., 109v); Ybakype i pyri o só îanondé Anhanga ratápe o só suí. - Antes sua ida para junto dele no céu que sua ida para o inferno. (Ar., Cat., 110); Xe katu-eté nde suí. - Eu sou melhor que tu. (Anch., Arte, 43); Aîkuab-eté nde suí. - Sei mais que tu. (Anch., Arte, 43); 12) sem: Amba'e-'u nde suí. - Como sem ti. (Anch., Arte, 43)
timbó (s.) - TIMBÓ, nome comum a certas plantas das leguminosas (especialmente a Dahlstedtia pinnata (Benth.) Malme e espécies dos gêneros Derris e Lonchocarpus) e das sapindáceas (dos gêneros Magonia e Serjania) que, por suas propriedades tóxicas, são utilizadas para induzir entorpecimento em peixes e, por isso, usadas para pescar. São lançadas na água após serem maceradas, fazendo que os peixes possam ser apanhados à mão. (Cardim, Trat. Terra e Gente do Brasil, 50; Piso, De Med. Bras., IV, 201)
tukũ1 (s.) - TUCUM, nome comum a várias espécies de palmeiras dos gêneros Astrocaryum e Bactris, dentre as quais a espécie Astrocaryum vulgare Mart. (Sousa, Trat. Descr., 225; Staden, Viagem, 139). A Astrocaryum aculeatum G. Mey. era utilizada pelos índios na fabricação de arcos e flechas e das cordas dos arcos. (D'Abbeville, Histoire, 222; Léry, Histoire [1580], p. 340)
urubu1 (s.) - URUBU, nome comum a aves da família dos catartídeos, que se alimentam de carniça (D'Abbeville, Histoire, 316v; Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 207)
urukuri (s.) - URUCURI, OURICURI, ARICURI, ALICURI, ARICUÍ, IRICURI, URICURI, LICURI, URUCURIIBA, LICURIZEIRO, NICURI, nome comum a duas palmáceas: 1) Syagrus coronata (Mart.) Becc., palmeira mediana da costa leste do Brasil. Dá a farinha-de-pau, bom alimento aos que andavam pelo sertão. "Não são muito altas e dão uns cachos de cocos muito miúdos.... Têm o tronco fofo, cheio de um miolo alvo e solto como o cuscuz e mole." (Sousa, Trat. Descr., 198-199); 2) palmeira de grande porte, Attalea phalerata Mart. ex Spreng., que atinge mais de 30 metros de altura e encontrada nos estados do Amazonas, Pará e Maranhão. (Piso, De Med. Bras., IV, 181) ● urukuri 'ybá - fruto do urucuri (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 274); urukuri u'i - farinha de urucuri (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 104)
'yaipuka (etim. - rompimento de água ruim) (s.) - saída de água do útero da mulher que está para dar à luz, também chamada dianteira (VLB, I, 103)
ypyî (s) (ou epyî) (s) (v.tr.) - regar (VLB, II, 99), aguar, aspergir, borrifar (Fig., Arte, 2) ● epyîaba (t) [ou epyîtaba (t)] - tempo, lugar, modo, finalidade, etc. de regar, de aspergir, de borrifar; borrifo, aspersão: O koty og o'o repyîagûama resé... - Para a aspersão de seu aposento e de seu próprio corpo. (Ar., Cat., 93)
Às vezes houve dificuldades em se saber se uma palavra provinha do tupi antigo ou se era herança das línguas gerais coloniais ou do nheengatu. Quando o termo passou inalterado do tupi quinhentista e seiscentista para aquelas outras línguas, somente um estudo histórico poderia, talvez, dirimir tais dúvidas. Com relação à língua geral meridional, escassíssimos são os textos escritos nela. O que podemos dela saber provém principalmente dos nomes geográficos e dos brasileirismos meridionais. Assim, muitas tentativas de resgate de seus vocábulos não poderiam passar do plano da hipótese.
Ituiutaba (MG). De 'y + tuîuk + taba: aldeia do rio enlameado. Da língua geral meridional, em referência a índios do tronco macro-jê que ali viviam às margens do rio Tijuco.
Macabu, Dores de (RJ). De língua geral colonial, bacaba, macaba + 'y: rio das macabas. "A bacaba he huma palmeira cujo fructo tem sua semelhança com as bolotas ciominho, posto que maiores, de côr parda e cheio de huma massa branda muito doce: do gosmo desta se faz hum bom guizado, asim como do palmito." (Luiz dos Santos Vilhena [1801], p. 758.)
Seritinga (MG). De seri + ting + -a: siris brancos.
Ubirajara (nome de h.). "Pelo sertão da Bahia [...] vive uma certa nação de gente barbara, a que chamam Ubirajaras, que quer dizer senhores dos páos, os quaes se não entendem na linguagem com outra nenhuma nação [...]." (Sousa, Trat. Descr., CLXXXII). De ybyrá + îara: os que portam paus; senhores dos paus.
'a1 (s.) (em compos. somente): cabeça: Aî'a-kok. - Apoio sua cabeça. (VLB, I, 18); Aî'a-su'u - Mordo-lhe a cabeça. (VLB, I, 94) ● 'a-pixapaba - ferida da cabeça "Às vezes se usa deste nome nas feridas que se dão por outras partes, fora da cabeça, mas impropriamente." (VLB, I, 137)
ambyasy (etim. - dor de ventrecha) (s.) - fome: xe ambyasy posanga... - lenitivo de minha fome... (Valente, Cantigas, VII, in Ar., Cat., 1618); ...ambyasy, 'useîa porarábo... - sofrendo a fome e a sede (Ar., Cat., 169v); (adj.) - faminto; (xe) ter fome: I ambyasy bépe, i 'useî bépe asé îabé?... - Tinha também fome, tinha também sede como nós? (Ar., Cat., 44v); Xe ambyasy. - Eu estou faminto. (Léry, Histoire, 367) ● i ambyasyba'e - o que tem fome, o faminto (VLB, I, 134); ambyasybora - faminto (costumeiramente): Ambyasybora poîa. - Alimentar os famintos. (Ar., Cat., 18)
amõba'e (pron. subst.) - outro (os, a, as): ...I xuí-katu amõba'e rerekóbo... - Fazendo estar os outros bem longe dele. (Ar., Cat., 66); N'oîkotebẽî amõba'e... - Não se afligem os outros? (Anch., Teatro, 160, 2006)
a'yra3 (t, t) (s.) - 1) filho (em relação ao pai): -Abá ra'yrape ûĩ?! -Sé! -Filhos de quem eram esses?! - Sei lá! (Anch., Teatro, 48); Pe rory, xe ra'yretá, xe ri. - Alegrai-vos, meus filhos, por minha causa. (Anch., Teatro, 50); Ata'y-nupã xe atuasaba. - Açoito o filho de meu compadre. (Fig., Arte, 88); Aîta'y-me'eng Pedro. - Dou-lhe os filhos de Pedro. (Anch., Arte, 50v); 2) sobrinho, filho de irmão (de h.) (Ar., Cat., 115v); 3) filho de primo (de h.) (Ar., Cat., 115v); 4) filhote (macho) de animal: Mokõî pykasu ra'yra i xy ogûerasó îetanongabamo. - Dois filhotes de pomba sua mãe levou como oferenda. (Ar., Cat., 3v); 5) originário, natural de, filho (de uma dada terra): Xe Îetu'u ra'yrûera. Anhemonhang i pupé. - Eu sou antigo filho de Jetuú. Criei-me dentro dela. (Anch., Poemas, 152); 6) os filhos, a prole (de h.) (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 276) ● xe ra'yra xe remimonhanga - meu filho que gerei (para distinguir de outros que também podiam ser chamados ta'yra - in Anch., Cartas, 459). Pode formar vocativo em -t: Xe ra'yt! - Meu filho! (Anch., Arte, 8v)
NOTA - No P.B., ENXU pode ser também a casa ou a colmeia feita por essa vespa (ex Dicion. Caldas Aulete).
i4 1) (pron. pess. de 3ª p.) - a) (pron. sujeito) - ele (s, a, as): ...I ndibé nde moetébo. - Com ele honrando-te. (Anch., Poemas, 84); ...I apysy-katueté. - Eles se consolam muitíssimo. (Anch., Poemas, 96); I ma'enduar. - Ele se lembra. (Anch., Arte, 20v); b) (pron. objeto - Assume a forma î quando precedido de vogal.) - o (a, os, as): Aîpysyk-atã. - Segurei-o fortemente. (VLB, I, 38); Aîkutuk. - Feri-o. (VLB, I, 137); Abá sosé pabẽ i momorangi... - Acima de todas as pessoas embelezou-a. (Anch., Poemas, 86); 2) (poss.) - seu (s, a, as); dele (s, a, as): i îara - seu senhor (Anch., Arte, 12v); ...I 'anga seté monhangi. - Suas almas e seus corpos fez. (Anch., Teatro, 28); Moraseîa rerobîara i py'a îaîporaká... - A crença na dança enche os corações deles. (Anch., Teatro, 30)
ipeku (ou ipekũ) (s.) - IPECU, pica-pau, carapina, pinica-pau, nome comum às aves da família dos picídeos, bastante numerosas no Brasil, com dezenas de espécies e subespécies. Habitam a mata e o cerrado. Com seus bicos fortes e línguas muito longas, perfuram a madeira e retiram as larvas dos insetos, de que se alimentam. Fazem ninhos nos ocos dos paus ou em buracos que abrem. (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 207; VLB, II, 76)
ka'iapi'a (etim. - testículos de macaco caí) (s.) - CAIAPIÁ, CARAPIÁ, CAPIÁ, nome comum a diversas plantas da família das moráceas, do gênero Dorstenia, ervas tenras e leitosas (Cardim, Trat. Terra e Gente do Brasil, 48)
ku'apûasaba (etim. - instrumento de amarrar a cintura) (s.) - 1) cinto, cinta, o que cinge (VLB, I, 74); 2) arco de tonel (VLB, I, 40)
kûarasy (etim. - origem deste dia < kó 'ara sy) (s.) - 1) sol: Tó! Aîpó n'i papasabi, kûarasymo oîké îepémo! - Ó! Isso não seria possível contar, ainda que o sol se pusesse! (Anch., Teatro, 38); T'osepîak-y bé umẽ kûarasy! - Que não vejam mais o sol! (Anch., Teatro, 60); Kûarasy nipó oberá, putunusu kûab'iré. - O sol certamente brilha, após passar a grande noite. (Anch., Poemas, 142); Kûarasy onhemoputun... - O sol se eclipsa. (Ar., Cat., 64); 2) verão (VLB, II, 144) ● kûarasy sembaba - lugar do nascer do sol, oriente, leste: ...kûarasy sembaba koty suí ouryba'e... - ...os que vêm do lado em que nasce o sol... (Ar., Cat., 3); kûarasy-ro'y - sol frio, isto é, sol encoberto, tempo nublado (VLB, II, 121); kûarasy reîkeaba - lugar em que o sol se põe, poente, oeste (VLB, II, 54); kûarasy-etymã (ou kûarasy ru'uba) - raio de sol, réstia de sol (VLB, II, 103)
mbour (ou mour ou moú) (v.tr.) - fazer vir, mandar (de lá para cá): Tupã Tuba nde mbouri .... - Deus-Pai fez-te vir. (Anch., Poemas, 100); ...Xe anama xe mbouri. - Minha família fez-me vir. (Anch., Poemas, 154); Oîmbourype erimba'e mba'e-katu amõ ybaka suí o boîaetá supé? - Fez vir outrora alguma coisa boa do céu para seus discípulos? (Ar., Cat., 45); Aîpó maíra... ybytuûasu oîmoú. - Aquele homem branco fez vir a ventania. (Staden, Viagem, 91) ● mbousara - o que faz vir (Fig., Arte, 120); mbousaba - tempo, lugar, modo, etc. de fazer vir (Fig., Arte, 120)
mondarõ1 (v. intr. compl. posp.) - trair, ser traidor (do cônjuge) (compl. com suí): Amondarõ xe mena suí. - Sou traidora de meu marido. (VLB, II, 29); Oîabyetépe omendaryba'e Tupã nhe'enga o îosuí omondarõmo? - Transgridem muito a palavra de Deus os que se casam, sendo traidores um do outro? (Ar., Cat., 94v); Eremondarõpe nde remirekó suí? - Foste traidor de tua esposa? (Anch., Doutr. Cristã, II, 92)
niky (s.) - NIQUIM, nome comum a vários peixes de mar da família dos batracoidídeos (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 178)
pun (ou pũ) (-îo- ou -nho-) (v.tr.) - avivar, reavivar, renovar (chagas velhas, inimizades, etc.) (VLB, II, 101): ...T'aîopũne marandûera. - Hei de reavivar a velha guerra. (Anch., Poesias, 57)
NOTA - Desse termo se originam muitas palavras no P.B.: CIPOTAIA ("cipó ardido"), planta medicinal caparidácea; SAPOTAIA ("raiz ardida"), planta caparidácea; JIQUITAIA ("sal ardido"), pimenta reduzida a pó, misturada com sal; MANGARATAIA (mangará + taî + -a, "mangará travoso"), nome de uma planta, açafrão-da-terra.
Assim, corremos o risco de dar etimologias de nomes criados artificialmente há poucas décadas. Procuramos, contudo, sempre que possível, identificar tais nomes em nossa relação de topônimos. Eles aparecem, principalmente, a nomear municípios de regiões colonizadas no século XX: Potirendaba, Piacatu, Ecatu, etc. Figuram, também, na nomeação de algumas ruas e praças de grandes cidades. Dificilmente incidem na microtoponímia, i.e., nos nomes dos cursos d'água, dos acidentes de relevo, etc., o que torna nosso trabalho bem mais simples, mormente com as facilidades trazidas pela rede internacional de computadores (INTERNET), que faculta fácil identificação de topônimos dessa natureza, principalmente quando nomeiam municípios.
Boçoroca (RS) - De yby + sorok + -a: terra rasgada, voçoroca.
Ibiúna (SP). De yby + un (r, s) + -a: terra escura. Em 1811 recebia o nome de Nossa Senhora das Dores do Una. "A tradição simplificou a denominação do povoado para Una, por localizar-se a capela nas proximidades do rio de igual nome." (fonte: IBGE). Só em 1944 foi adotado o nome Ibiúna.
Ipiranga (rib. de SP). De 'y + pyrang + -a: rio vermelho, água vermelha. "No seguinte dia passei as celebres cachoeiras Caracol e Funil, e os Sete Peccados, que são sete pequenas cachoeiras, até entrar pelo ribeirão de Ipiranga á direita." (Martim Francisco Ribeiro de Andrada [1805], Diario de uma Viagem Mineralógica, p. 541).
Jurumirim (SP). De îuru + mirĩ: boca pequena: "...cheguei no quarto dia a um salto a que chamam Jurumirim, que na língua da terra quer dizer boca pequena; e na verdade assim o é, porque o rio se mete nele e sai por um canal tão estreito, que parece um funil..." (desconhecido [n.d.], XX - Cartografia das Monções dos Séculos XVII e XVIII - Notícias Práticas, p. 118).
Mauriti (CE). Esse nome se deve à presença de índios tapuias pertencentes à tribo dos Buritis. Buriti é uma palmeira (moretĩ, em tupi antigo). O primeiro nome foi Buriti Grande. Por lei de 1924, a vila passou a ser chamada Mauriti. (fonte: IBGE)
Moacyr (nome próprio de pessoa). De moasy: arrependimento; inveja. A etimologia dada por José de Alencar em Iracema não procede.
apixakûaîa (s.) - risco profundo que atravessa a moleira de criança de orelha a orelha ou lugar por onde costuma ir tal risco nos que o têm (VLB, II, 40)
'ara6 (s.) - entendimento, juízo: ...Asé îemongaraíme o 'ara moíni?... - Quando a gente se batiza, põe seu próprio entendimento?... (Anch., Doutr. Cristã, I, 202); Eresabeyporype kaûĩ suí 'ara mokanhema? - Ficaste bêbado de cauim, perdendo o juízo? (Ar., Cat., 111v); T'asabeypóne 'ara mokanhema... - Hei de me embebedar para perder o juízo. (Anch., Doutr. Cristã, II, 103)
NOTA - Em Coelho Neto lemos: "a ouvir o arrulho JURURU dos pombos no sapê" (in Sertão, apud Novo Dicion. Aurélio).
emimotara (t) (etim. - o que se deseja) (s.) - desejo; vontade: T'onhemonhang nde remimotara... - Faça-se tua vontade. (Ar., Cat., 13v) ● emimotare'yma rupi (t) - contra a vontade de: Kunhã reroîabapara semimotare'yma rupi... nd'e'ikatuî sesé omendá... - O que foge com uma mulher contra sua vontade não pode casar-se com ela. (Ar., Cat., 128v); emimotarybo (r, s) - voluntariamente, por vontade de: Nde membyrápe erimba'e nde remimotarybo? - Tu deste à luz por tua vontade? (Anch., Doutr. Cristã, II, 97); Xe remimotarybo asó. - Vou por minha vontade. (VLB, II, 147); o emimotare'yma - não por vontade, contra a vontade: O emimotare'yma-katu... omendaryba'e. - O que se casa bem contra sua vontade. (Ar., Cat., 128)
endé (pron.) 1) tu: Endé, nde îybápe, Îesu eresupi... - Tu, em teus braços, Jesus ergueste. (Anch., Poemas, 118); Endé aé ereîekûá... - Tu mesmo és causa de teu dano. (Anch., Teatro, 42); Endé é aîpó eré... - Tu mesmo dizes isso. (Ar., Cat., 56); 2) teu (s, a, as) (VLB, II, 138). V. tb. nde.
îa-6 (pref. num.-pess.) - 1) (pref. da 1ª p. do pl. inclusiva. Pode ser usado com o indicativo, o imperativo, o permissivo e o gerúndio): Îaîuká. - Matamos. (Anch., Arte, 17v); Aîmbiré, îarasó muru taûîé... - Aimbirê, levemos os malditos logo. (Anch., Teatro, 40); Ene'ĩ, t'îasó taûîé... - Eia, vamos logo. (Anch., Poemas, 182); ...Îasó tubixaba akanga kábo. - Vamos para quebrar as cabeças dos reis. (Anch., Teatro, 60); Îamanõmo - Morrendo nós. (Anch., Arte, 29); Îaru! - Tragamo-lo! (Anch., Arte, 23); 2) (pref. de 3ª p. quando o foco do discurso é o objeto e não o sujeito): Mboîa Pedro îaîxu'u. - A cobra mordeu a Pedro. (Anch., Arte, 36v); Xe ruba tobaîara îa'u. - Meu pai os inimigos comeram. (Anch., Arte, 36v); Ygasápe kaûĩ-tuîa, a'e ré, îamomotá... - O cauim transbordante nas igaçabas, depois disso, atrai-os. (Anch., Teatro, 28); Moraseîa rerobîara i py'a îaîporaká... - A crença na dança enche os corações deles. (Anch., Teatro, 30); Îapopûar-atã... - Amarram suas mãos fortemente. (Anch., Poemas, 120); Sugûy mombukapa, îaînupã-nupã. - Derramando o seu sangue, ficaram a açoitá-lo. (Anch., Poemas, 120); 3) (pref. de 3ª p. usado para indeterminar o sujeito): Îaîuká. - Matam (ou mataram). (Anch., Arte, 36v)
îe'atype'a (v. intr.) - 1) pôr-se espertadura, fazer divisão do cabelo em duas partes na cabeça, ficando uma linha no meio: Aîe'atype'a. - Pus-me espertadura. (VLB, I, 126); 2) afastar o cabelo de diante do rosto (a mulher) (VLB, I, 22)
îemoîoîab (v. intr. compl. posp.) - igualar-se [a algo ou a alguém: compl. com esé (r, s)]: Nd'e'i te'e serã oîemoîoîá-pá-potá o monhangara resé? - Por isso mesmo quiseram igualar-se todos a seu criador?... (Ar., Cat., 37v) ● oîemoîoîaba'e - o que se iguala: Kunhã resé oîemoîoîaba'e... - O que se iguala às mulheres. (Anch., Diál. da Fé, 211)
itamombipikaba (etim. - instrumento de lavrar a pedra) (s.) - picão, ponta de ferro de pedreiro (VLB, II, 77)
kuabe'engaba (etim. - instrumento de dar a conhecer) (s.) - ponteiro, pequena haste com que se aponta em livros, quadros, etc.: nhembo'esaba kuabe'engaba - ponteiro da escola (VLB, II, 81)
kûatiara1 (s.) - 1) livro (D'Evreux, Viagem, 250); 2) escultura (VLB, II, 19); 3) pintura: i kûatiara - pintura dele (VLB, II, 78); 4) letra (D'Abbeville, Histoire, 184); (adj.: kûatiar) - escrito; pintado; desenhado; esculpido: Kó bé ingapé-kûatiara. - Eis aqui também a ingapema pintada. (Anch., Teatro, 66)
kuîukuîu (s.) - CUIÚ-CUIÚ, CUIÚ, IUIÚ, ave psitaciforme da família dos psitacídeos, espécie de papagaio que aprende a falar facilmente (D'Abbeville, Histoire, 235v)
nhe'eng (v. intr. compl. posp.) - 1) falar (a alguém ou com alguém: compl. com a posp. supé): Enhe'eng nde ruba supé. - Fala a teu pai. (Fig., Arte, 6); Aûîé! Anhe'eng, Saraûaî! - Basta! Falo eu, Sarauaia! (Anch., Teatro, 30); Morubixaba tuîba'e onhe'eng memẽ i xupé... - Os chefes velhos falam sempre a eles. (Anch., Teatro, 34); Enhe'eng ko'yr! - Fala agora! (Staden, Viagem ao Brasil, 154); 2) ter questões (VLB, II, 94); 3) responder (VLB, II, 103); 4) saudar, fazer saudação: Anhe'eng (abá) supé. - Fiz saudação ao homem. (VLB, II, 113, adapt.); 5) zunir (a flecha, o projétil, etc.); 6) ladrar (o cão); miar (o gato) (VLB, II, 34); emitir som (quaisquer animais); 7) interceder, tomar a causa [de alguém: compl. com esé (r, s)]: Anhe'eng (abá) resé. - Intercedo pelo homem. (VLB, II, 126, adapt.) ● nhe'engaba - tempo, lugar, modo, etc. de falar; fala, discurso: ...o nhe'engabûera ra'angyîepébo... - ...tentando inutilmente o modo antigo de falar. (Ar., Cat., 156)
nhegûasem (v. intr.) - fugir: T'onhegûasem Anhanga i xuí... - Que fuja o diabo dele. (Ar., Cat., 24v); A'epe kunumĩgûasu kunhã oîmomosemba'e, ...onhegûasema memẽ? - E os rapazes que perseguem mulheres, fugindo sempre? (Anch., Teatro, 36) ● nhegûasembaba - tempo, lugar, modo, causa, etc. de fugir: ...Anhanga nhegûasembaba 'ykaraíba. - A causa de fuga do diabo é a água benta. (Ar., Cat., 142)
nheran (v. intr. compl. posp.) - 1) fazer ataque, fazer agressão, ser bravo (VLB, II, 31), agredir, resistir atacando [a algo ou a alguém: compl. com esé (r, s)]: Anheran sesé. - Resisti-lhe (atacando-o). (VLB, II, 103); Abá marã sekoagûerĩ resé nherane'yma. - Não fazer ataque às pequenas maldades dos homens. (Ar., Cat., 18v); 2) resistir (defendendo-se), opor resistência, estrebuchar (como que para se soltar) (compl. com supé): Anheran i xupé. - Resisti-lhe (defendendo-me). (VLB, II, 103); ...N'onherani xûéne o îoupéne. - Não oporão resistência um ao outro. (Anch., Doutr. Cristã, I, 228); A'epe a'e kunhã n'onherani i momarana? - E aquelas mulheres não resistem, combatendo-os? (Anch., Teatro, 152); O emimotarybo épe erimba'e i nheme'engi og upîarama pé onherane'yma? - Por sua vontade é que ele se entregou aos seus adversários, não resistindo? (Anch., Dial. da Fé, 164) ● onheranyba'e - o que resiste, o que faz ataque, o que agride: Tekokatueté rerekoara onherane'ymba'e. - O que tem a bem-aventurança é o que não agride. (Ar., Cat., 18v-19)
pitomba (ou pitõ) (s.) - 1) PITOMBEIRA, nome de uma árvore da família das sapindáceas (Talisia esculenta (A. St.-Hil.) Radlk.); 2) PITOMBA, o fruto dessa árvore (D'Abbeville, Histoire, 223v; Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 125; Brandão, Diálogos, 217)
pururé (s.) - enxó, instrumento usado por carpinteiros, com cabo de pau curvo e chapa cortante para desbastar tábuas ● pururé-pygûaîa (ou pururé-nhemanga) - enxó goivada, que corta fazendo a feição de uma porção de círculo ou de uma meia cana côncava (VLB, I, 109)
tié (s.) - TIÊ, TIÉ, nome comum a pássaros da família dos traupídeos (Vasconcelos, Crônica [Not.] II, §99, 163)
ytyapyra (s.) - monturo: -Onhotymype asé Tupãokype? -N'onhotymi. -Umãme-etépe? -Ytyapyrype nhẽ. -Enterra-os a gente na igreja? -Não os enterra. -Onde, na verdade? -Num monturo. (Ar., Cat., 50)
Contudo, se tiverem sido corretamente formados ou, dependendo de suas fontes, saber seu significado não é algo desprezível. Muitas vezes, o que é artificial é o ato de nomear, não o nome em si. É o caso, por exemplo, do nome Moema, bairro de São Paulo. Foi atribuído há poucas décadas, porém tomado da obra de Santa Rita Durão, Caramuru, publicada em 1781. Esse nome é do tupi antigo e significa mentira. O autor assim chamou a uma das amantes do herói dessa epopéia, Diogo Álvares Correia, a qual morreu nas águas do mar quando tentava alcançar o navio em que seu amado partia para a Europa. Ela simbolizava o amor "mentiroso" de uma amante em oposição ao amor conjugal da heroína Paraguaçu, que se casara com Diogo. Assim, saber o significado do nome do bairro Moema, fora dessa contextualização, resultaria inútil, algo desprovido de interesse algum. Dentro daquele contexto, porém, é um rico mergulho na literatura do Brasil colonial e na língua tupi.
Bacaetava (córrego de SP). De língua geral colonial bacaba + y + -tab (alomorfe de -sab) + -a: lugar de bacabas.
Manhuaçu (rio de MG). Distrito criado com a denominação de São Lourenço do Manhuassu por lei de 1875 (fonte: IBGE). Deve provir, talvez, de amynyîu + -ûasu: algodoeiros grandes.
Serinhaém (rio de PE). De seri + nha'ẽ: bacia de siris, alusão a uma forma de relevo fluvial da região. [...] dá a Freguesia o nome de Serinhaem, que na lingoa nacional quer dizer Seri na tigélla [...]. (Jozé Cezar de Menezes [n.d.], Resumo das Freguezias da Comarca de Goyana, e Capitania de Itamaracá, p. 46).
(Rodrigues) RODRIGUES, Pe. Jerônimo, A Missão dos Carijós. Relação do Pe. Jerônimo Rodrigues (1607). Publicada por Leite, Novas Cartas Jesuíticas, 1940, pp. 196-246.
bur (ou byr) (v. intr.) - 1) borbotar, manar em borbulhões; borbulhar, vir para cima (o que ferve) (VLB, II, 15); 2) emergir (p.ex., o que havia mergulhado), surdir, levantar-se, erguer-se (o que estava deitado, assentado, etc.): Abyr. - Levanto-me. (VLB, II, 21); Ypy suí berame'ĩ abur. - Como que do fundo emergi (tb. fig., "livrei-me de um grande aperto", "tornei a mim", como quem saiu de alguma grande aflição em que estava). (VLB, I, 31); ...Yby obu-obur... - A terra ficou levantando. (Ar., Cat., 64); 3) inchar (o que se molhou): Abur. - Inchei. (VLB, II, 11) ● bubur (redupl.) - jorrar, manar em borbulhões, borbotar (p.ex., a água na fonte) (VLB, II, 30)
(-îo-, -s-) (v.tr. irreg. Incorpora -îo- (ou -nho-) e -s- no indicativo e formas derivadas deste.) - lavar: ...Og ugûy pupé xe reî... - Com seu sangue me lavou. (Anch., Teatro, 172); Oîepó-eî te'yîa remiepîakamo. - Lavou-se as mãos à vista da multidão. (Ar., Cat., 61); T'aîeîuru-eî. - Que eu me lave a boca. (Léry, Histoire, 367); Eîori xe 'anga reîa... - Vem para lavar minha alma. (Anch., Poemas, 170)
en2 (-îo-, -s-) (v.tr. irreg. Incorpora -îo- (ou -nho-) e -s- no indicativo e formas derivadas deste.) - derramar, fazer verter, entornar (p.ex., o líquido, a farinha): Anhosen. - Entornei-o. (VLB, I, 118; II, 142)
îemoún (ou nhemoún) (v. intr.) - pintar-se de preto, pretejar-se, escurecer-se; tingir-se de jenipapo (num ritual): Moraseîa é i katu, îegûaka,... îemoúna... - A dança é que é boa, enfeitar-se, pintar-se de preto. (Anch., Teatro, 6); Aûîeté-pakó aîegûak ûinhemoúna... - Na verdade hei de me enfeitar, pintando-me de preto... (Anch., Teatro, 60)
îepyk (v. intr. compl. posp.) - vingar-se [de alguém: compl. com esé (r, s)]: -Ogûerekomemûãsara resé oîepyka tiruãpe abá Tupã nhe'enga abyû? - Mesmo vingando-se dos que o maltratam, o homem transgride a palavra de Deus? (Ar., Cat., 70); Aîepyk ipó irã seséne... - Vingar-me-ei dele no futuro, certamente. (Ar., Cat., 102) ● îepykaba - tempo, lugar, modo, etc. de se vingar; vingança: Eîpotar umẽ nde resé o îepykápe anhanga ratápe nde reîtyka... - Não queiras que te lance no inferno para se vingar de ti. (Ar., Cat., 1686, 237)
îerekoaíb (v. intr. compl. posp.) - piorar [de algo: compl. com suí]: Oîerekoaíbeté xe akanga rasy xe suí. - Piorou muito a dor de minha cabeça. (VLB, I, 112); Aîerekoaíbeté xe angaîpá-katu suí. - Piorei muito de meu grande pecado. (VLB, I, 112)
indé / endé (t) [deriv. de in / en(a) (t)] (v. intr. irreg.) - estar à parte: Aindé. - Estou à parte. (Anch., Arte, 58)
kûatiar (v.tr.) - 1) escrever, registrar, lavrar: Kó santo o mbo'esara rekopûera erimba'e oîkûatiar îandébo, seîá. - Esse santo a vida de seu mestre escreveu para nós, deixando-a. (Ar., Cat., 134, 1686); 2) pintar; desenhar: Aîkûatiar. - Pintei-o. (VLB, II, 19); 3) esculpir (VLB, I, 124); 4) traçar (a planta de uma edificação) (VLB, II, 134) ● i kûatiarypyra - o que é escrito, desenhado; o escrito, o texto (VLB, I, 68); emikûatiara (t) - o que alguém escreve, etc.: Aîpoepyk semikûatiara. - Retribuí o que ele escreveu (isto é, escrevi-lhe como ele fez a mim). (VLB, I, 90)
kyr (v. intr.) - chover, precipitar-se, cair (chuva), pingar: Okyr amana. - Caiu a chuva. (VLB, I, 74); Oky-ko'ẽ-ko'ẽ amana... - A chuva ficava amanhecendo a cair. (Ar., Cat., 41v)
maînan (v. intr. compl. posp.) - vigiar, tomar conta, olhar (por algo, para que não se perca) [compl. com a posp. esé (r, s) ou ri]: Peîpysy-katu kori... sesé pemaînãngatûabo. - Apanhai-o bem hoje, dele tomando conta. (Ar., Cat., 54); Amaînan (abá) resé. - Tomo conta das pessoas. (VLB, I, 151, adapt.) ● maînandara - o que vigia, o que toma conta; guardião (VLB, I, 151) (V. tb. ma'enan.)
marangatuba'e (etim. - o que é bom) (s.) - beato, bem-aventurado: Marangatuba'e, santos ybakype, Tupã repîakaretá, osasá 'ara ro'y remierekó papasaba. - Os bem-aventurados e os santos no céu, que vêem a Deus, ultrapassam o número dos dias que o ano tem. (Ar., Cat., 134)
mopor2 (ou mopó) (v.tr.) - cumprir, realizar, obedecer a: Abápe aîpoba'e oîmopor? - Quem cumpre aquele (mandamento)? (Ar., Cat., 69v); T'asó aîpó nhe'enga mopó... - Hei de ir obedecer a essas palavras. (Anch., Teatro, 60); Aîmopor xe nhe'enga. - Cumpri minha palavra. (VLB, I, 78) ● moporaba - tempo, lugar, modo, etc. de cumprir, de obedecer; cumprimento, obediência: Marãpe asé rekóû Tupã remimotara moporagûama resé... - Como a gente procede para o cumprimento da vontade de Deus? (Ar., Cat., 74v); moposara - o que cumpre, o que obedece: Marãpe Tupã i moposara rerekóûne? - Como Deus fará com os que os cumprem? (Ar., Cat., 65v); emimopora (t) - o que alguém cumpre, realiza, etc.: Onhembo'e Tupã nhe'enga o emierobîarama resé o emiporama resé bé. - Aprende acerca da palavra de Deus em que crerá, que cumprirá também. (Ar., Cat., 80v)
nhamombykob (v. intr.) - entre os potiguaras era fazer feitiço com massa chamada îekyegûasu (v.), para pessoas a quem se queria mal, para que morressem (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 279)
(interj.) - oi! (respondendo a chamado): -Aîmbiré! -Oî! -Xe pysyrõ îepé! -Aimbirê! -Oi! -Ajuda-me tu! (Anch., Teatro, 48)
oîabekatu1 (conj.) - como, bem como, e também, assim como: Tupã raûsupareté oîabekatu o apixara raûsupara bé, n'oîmoabaíbi Tupã asé rekomonhangaba rupi o ekó... - O que ama muito a Deus, bem como o que ama a seu próximo também, não têm dificuldades em viver segundo os mandamentos de Deus. (Ar., Cat., 110)
peró (s. - portug.) - português (Staden, Viagem, 61): "Que veut dire que vous autres Mairs et Peros, c'est à dire François et Portugais, veniez de si loin querir du bois pour vous chauffer?" - Por que vocês, maíras e perós, quer dizer, franceses e portugueses, vêm de tão longe procurar madeira para se aquecerem?  (Léry, Histoire, cap. XIII)
po'ẽ1 (ou po'em) (v. intr.) - meter a mão, enfiar a mão: Erepo'ẽpe nde rapixara rapupé resé? - Meteste a mão nas partes erógenas de teu companheiro? (Ar., Cat., 105v); Nd'opo'ẽî xûé-tepe asé o îuru pupé i mbo'iragûama reséne? - Mas não enfiará a gente a mão em sua boca para parti-lo? (Anch., Doutr. Cristã, I, 217); Ikó îandé ratá pupé asé po'ema biã iî abaeté, memetaé a'epe... - Se meter a mão neste nosso fogo é terrível, quanto mais ali... (Ar., Cat., 163v)
pora3 (s.) - 1) conteúdo, o que está contido, o que está em ou dentro de: Eresópe abá... îeky-'ye'ẽ supa, i pora rá? - Foste para revistar os covos de água doce de alguém, tomando seu conteúdo? (Ar., Cat., 107v); Nd'aruri amõ parati; oîepé xe pysá pora. - Não trouxe nenhum parati; um só é o conteúdo de minha rede. (Anch., Poemas, 152); ikó 'ara pora - o que está neste mundo (Ar., Cat., 141); kamusi pora - o que está no pote (Anch., Arte, 31v); paranã pora - o que está no mar (Anch., Arte, 31v); 2) componente: ...Te'õ abé reîkéû ikó 'ara poramo oîá. - Da mesma forma, como componente deste mundo, a morte também entrou. (Ar., Cat., 155); (adj.: por) - 1) cheio, pejado, carregado; (xe) ter conteúdo; conter coisas: ...N'i pori be'ĩ xe aîó. - Não contém mais nada minha bolsa. (Anch., Teatro, 46); N'i tybangáî setãmbûera. Opá... akûeîme n'i poretáî. - Não existem mais as suas antigas terras. Todas, desde então, não contêm muita coisa. (Anch., Teatro, 52); ...I por nde rygé. - Está cheio teu ventre. (Anch., Poemas, 116); muru'a-pora (lit., carregada de feto) - grávida (Ar., Cat., 77v); 2) saciado; (xe) saciar-se: Tekoangaîpaba pupé pore'yma. - Com o pecado não se saciar. (Bettendorff, Compêndio, 17)
posem (v. intr. compl. posp.) - gritar, bradar [de indignação, de raiva, para o ataque, etc. Não se refere ao grito de dor ou de pedido de socorro, que é asema (t) - v.]; urrar [a alguém, com alguém, a algo: compl. com esé (r, s)]: Aposem (abá) resé. - Grito ao homem. (VLB, I, 39, adapt.); Oposẽ-posẽ pabenhẽ sesé... - Ficaram todos gritando com ele... (Ar., Cat., 60v) ● oposemba'e - o que grita, o que brada: Quatro tekoangaîpaba ybaka resé oposẽ-posemba'e. - Quatro são os pecados que ficam bradando ao céu. (Bettendorff, Compêndio, 17)
pukasûera (etim. - o que tem propensão a rir) (s.) - o risonho; (adj.: pukasûer): Xe pukasûer. - Eu sou risonho. (VLB, II, 106)
tym (-îo- ou -nho-) (v.tr.) - 1) enterrar, sepultar: ...Tekopoxypûera tyma... - Enterrando os antigos maus hábitos. (Anch., Teatro, 58); Marãpe serekóû i tym-y îanondé? - Que fizeram com ele antes de o enterrarem? (Ar., Cat., 64v); 2) plantar, semear (VLB, II, 115): Ereîkó kopira resé kó tyma. - Estiveste no roçado para plantar roça. (Anch., Teatro, 166) ● tymara (ou tymbara) - o que sepulta, o sepultador; o que enterra, o que planta: Abá abépe i pyri i tymbaramo? - Quem mais junto deles foram seus sepultadores? (Ar., Cat., 64v); tymaba (ou tymbaba) - lugar, tempo, modo, etc. de enterrar, de plantar: ...Itá karamemûã abá tymagûere'yma pupé i mondepa. - Colocando-o dentro de um túmulo de pedra em que ninguém estava enterrado. (Ar., Cat., 64v); i tymbyra (ou i tymymbyra) - o enterrado, o que é (ou deve ser) enterrado, sepultado; o plantado: Ybyraîoasaba resé i moîarypyrûeramo sekóû, i îukapyrûeramo, i tymbyrûeramo. - Foi pregado na cruz, foi morto, foi sepultado. (Ar., Cat., 15); emityma (t) - o que alguém enterra, o que alguém planta; a plantação, a sementeira (VLB, II, 115): O emitymbûerypy pupé Tupãpotá-me'engano. - Dar também o dízimo naquilo que plantou primeiro. (Ar., Cat., 17) [Pode-se omitir o pronome incorporado -îo-: Otym. - Enterra-o. (Fig., Arte, 14)]
tyryrygûara (s.) - verme que se infiltra em materiais como madeira, abrindo cavidades enormes a partir de um pequeno furo quase imperceptível (D'Abbeville, Histoire, 258)
ubĩ (s.) - UBIM, UBI, nome comum a várias palmeiras dos gêneros Bactris, Calyptrogyne e Geonoma (Vieira, Cartas, I, 373)
upi (r, s) (posp.) - 1) segundo, de acordo com, conforme: Tupã remimotara rupi... - Segundo a vontade de Deus... (Ar., Cat., 23v); Supi nhẽ aîkó. - Estou de acordo com ele. (VLB, II, 114); 'ara rupi - conforme o dia (Anch., Arte, 43v); aîpó rupi - de acordo com isso; dessa forma (VLB, II, 16); Xe ruba rupi é emonã aîkó. - Assim ajo conforme meu pai. (VLB, II, 115); 2) à semelhança de, como: ...Gûupi-katupe i monhangi? - Bem à sua semelhança o fez? (Ar., Cat., 39); Og uba rupi ahẽ resatingamo. - Ele tem olhos claros como seu pai. (VLB, II, 131); Xe ruba rupi é xe angaîpabamo. - Eu sou pecador como meu pai. (VLB, II, 111); Supi bé eremombûeîrá mara'abora... - Como ele, também, curaste os doentes. (Anch., Teatro, 122, 2006); 3) por, per, através de: ...T'oîkó umẽ oka rupi oré 'anga monguébo. - Que ele não esteja pelas ocas a agitar nossas almas. (Anch., Teatro, 120); pé rupi - pelo caminho (VLB, II, 81); Yby rupi bépe sugûy syryki? - Pelo chão também escorreu seu sangue? (Ar., Cat., 60); 'ara rupi - pelos dias, a cada dia (Anch., Arte, 43v); ...ikó 'ara rupi oîkoba'e... - os que estão por este mundo (Bettendorff, Compêndio, 53); Nhũ rupi agûatá. - Ando pelo campo. (Fig., Arte, 123); Kamusi ku'a rupi nhote kaûĩ reni. - O cauim está pela metade da vasilha, somente. (VLB, II, 34); ...Mosapy reîá reru îasytatá rupi é. - Vindo com os três reis pela estrela. (Anch., Poesias, 272); 4) com (v. nota): T'orosóne nde rupi. - Havemos de ir contigo. (Valente, Cantigas, III, in Ar., Cat., 1618); 5) ao longo de, durante: ...'ara rupi... - ao longo dos dias (Ar., Cat., 7); Abaré nd'ogûerobîari, putuna rupi okagûabo. - Não crêem no padre, bebendo cauim ao longo da noite. (Anch., Teatro, 136-150); 6) em (temp.): Domingo anhõ i pytera rupi okûaba'e... - Somente o domingo que está no meio dela (isto é, da Quaresma). (Ar., Cat., 122); Eîori oré retama 'ara rupi nhẽ, i xupa. - Vem no dia de nossa terra, para visitá-la. (Anch., Poemas, 146) ● 'ara rupindûara - o que é de cada dia, o que está ao longo dos dias (VLB, I, 91)
sobrar - embyrûer (r, s) (xe) (v. tembyra); (sobrar a alguém): esemõ (s)
byk (v. intr. compl. posp.) - 1) tocar; achegar-se (de modo a tocar) [complemento com esé (r, s)]: Osetobapé-pytépe erimba'e, sesé obyka bé? - Beijou suas faces, nele tocando também? (Ar., Cat., 54); 2) ter relação sexual, tocar em sentido sexual: Mbobype abá aîpoba'e oîaby kunhã resé onhemomotar'iré koîpó i mongetá roîré sesé o byke'yma pukuî? - Quantas vezes o homem transgride aquele (mandamento) após atrair-se por uma mulher ou após conversar com ela enquanto não toca nela? (Ar., Cat., 71v) ● obykyba'e - o que toca: ..."T'amendáne nde resé" o îoesé obykyba'e supé... e'îara. - A que diz para o que toca em si: - "Hei de me casar contigo". (Ar., Cat., 279); bykaba - tempo, lugar, modo, objeto, etc., do tocar, etc.: kunhã-angaturama abá bykagûere'yma... - mulher bondosa, não tocada por homem (Ar., Cat., 1686, 22v)
gûe'y (interj. de h.) - ó! (do que chama, dizendo o nome ou um designativo qualquer para a pessoa chamada): Pero gûe'y! - Ó Pero! (VLB, II, 60)
'i / 'é1 (v. tr. irreg.) 1) dizer: Marã e'ipe asé, karaibebé o arõana mongetábo? - Que a gente diz, conversando com o anjo seu guardião? (Ar., Cat., 23v); Aîpó eré supikatu... - Isso dizes com razão... (Anch., Teatro, 32); 2) rezar, enunciar-se, prescrever: Aîpó tekoangaîpaba robaîara nã e'i. - Os opostos daqueles pecados assim se enunciam. (Ar., Cat., 18); 3) querer dizer, querer significar, pensar, supor, presumir, cogitar, julgar: Marã e'ipe asé o py'ape aîpó o'îabo i xupé? - Que quer dizer a gente em seu coração, dizendo isso para ela? (Ar., Cat., 31v); "Osó ipó re'a" a'é. - Presumo que ele deve ter ido. (VLB, II, 86); 4) concluir, julgar por indícios: Emonã ûĩ re'a a'é. - Concluo que talvez isso seja assim. (VLB, II, 16); Amõ îuká-potá ûĩ sekóû a'é. - Concluí que ele está querendo matar alguém. (VLB, II, 16) ● e'iba'e - o que diz: Mendara... "xe mena koîpó xe remirekó re'õ ré t'îamendar îandé îoesé" e'iba'e, se'õ nhẽ roîré nd'e'ikatuî sesé omendá. - O cônjuge que diz: "-Após a morte de meu marido ou de minha esposa havemos de nos casar", após sua morte não pode casar-se com ele (ou ela). (Ar., Cat., 1686, 279-280); 'îara (ou e'îara) - o que diz; o indicador: Îaîuká memẽ aîpó 'îara... - Matemos juntos o que diz isso. (Ar., Cat., 79); ...Îasytatá serekoarama resé... pé 'îaramo i xupé... - Por causa da estrela sua guardiã,... como indicadora do caminho para eles. (Ar., Cat., 3); ...Marã e'îara... - As que dizem coisas más. (Anch., Teatro, 36); "...-Our temõ anhanga xe rerasóbo mã" e'îara. - O que diz: -Oxalá venha o diabo para me levar... (Ar., Cat., 67); 'îaba (ou 'eaba ou 'esaba) - 1) tempo, lugar, modo, etc. de dizer; o dizer: Okaî oupa aûîeramanhẽ... o îurupe nhote aîpó o 'eagûera repyramo. - Estão queimando para sempre como pena de dizerem isso somente em suas bocas. (Ar., Cat., 1686, 248); 2) o que alguém diz, o chamado por alguém, o dito: Ybytyra Monte Calvário 'îápe... - Para o monte chamado Calvário (Ar., Cat., 89); Erimba'epe aîpó nde 'îaba ereîmopóne? - Quando cumprirás isso que tu dizes? (Ar., Cat., 111v); O'u nhẽpe a'e 'ybá, tegûama, Tupã 'îaba? - Comeu aquele fruto, causa da morte, que Deus dissera? (Ar., Cat., 40v); Aîpó i 'eagûera rerekóbo, semimbo'e-etá... miapé rari o pópe... - Tendo isso que ele disse, seus discípulos tomaram o pão em suas mãos. (Ar., Cat., 84v)
ikoba'e (dem. pron.) - isto, isso: ...Ikoba'e resé tekoara oîaby-eté tekó... - Os que vivem para isso transgridem muito a lei. (Ar., Cat., 102v) ● ikoba'e-te - este outro (e não ele) (VLB, I, 130)
ikotebẽ1 / ekotebẽ (t) (v. intr. irreg.) - afligir-se, estar aflito; estar triste; estar receoso, angustiar-se: Akûeîme aîkotebẽ, xe rekopoxy purûabo. - Antigamente estava aflito, praticando meus vícios. (Anch., Poemas, 130); A'epe Îudas n'oîkotebẽî Îudeus supé o îara me'engagûera resé? - E Judas não se afligiu junto aos judeus por entregar a seu senhor? (Ar., Cat., 57v); Putunusu porarábo, oroîkotebẽngatu. - Suportando a escuridão, estamos muito aflitos. (Anch., Poemas, 142) ● oîkotebẽba'e - o que se aflige, o aflito: Oîkotebẽba'e moapysyka. - Consolar os aflitos. (Ar., Cat., 18v); ekotebẽsaba (t) - tempo, lugar, modo, etc. de afligir-se; aflição: ...A'e xe rekotebẽsaba oîme'eng ixébene... - Ele dará para mim minha aflição. (Ar., Cat., 25v)
îogûerekó1 (ou îoerekó) (etim. - ter um ao outro; o ter comum) (s.) - associação, consorciação: I mongaraibypyretá oîepegûasu îasûá, i îogûerekó anhẽ. - Os cristãos como uma unidade, a consorciação deles. (Ar., Cat., 49v)
kué (v. intr.) - mexer-se, movimentar-se, ter mobilidade (como o prego mal fixo ou o dente prestes a cair), abalar-se (o que estava fixo), afrouxar-se (o apertado): Akué. - Movimento-me. (VLB, I, 57); Abalei-me. Afrouxei. (VLB, I, 17)
ma'ẽ (v. intr. compl. posp.) - 1) olhar [para algo ou para alguém: compl. com esé (r, s) ou ri]: Marã e'ipe asé o py'ape ybaka resé oma'ẽmone? - Como dirá a gente em seu coração, olhando para o céu? (Ar., Cat., 26); Ema'ẽngatu oré ri...! - Olha bem para nós! (Anch., Poemas, 102); T'oma'ẽ îandé resé pitangĩ-moraûsubara... - Que olhe para nós o neném compadecedor. (Anch., Poemas, 164); Ema'ẽ-te ranhẽ! - Mas olha primeiro! Olha cá! (como que mostrando alguma coisa notável) (VLB, II, 55); 2) (v. intr.) enxergar, ver: N'ama'ẽî. - Eu não enxergo (isto é, eu sou cego). (VLB, I, 70) ● ma'ẽsaba (ou ma'ẽndaba) - tempo, lugar, modo, causa, objeto, etc. do olhar, da visão: Mba'epe asé oîmoinukar o kotype o ma'ẽsabamo? - Que a gente manda pôr em seu aposento como objeto de seu olhar? (Ar., Cat., 93); Peîmoín amõ cruz oîepé kó mara'abora robaké sesá ma'ẽndabamo. - Ponde uma cruz diante deste doente como objeto da visão de seus olhos. (Ar., Cat., 142); (O imperativo pode ser usado sem os prefixos e- ou pe-): ma'ẽ! - olha!: Ma'ẽne, tupinambá Paragûasupendarûera... opakatu îamombá. - Olha, arrasamos todos os tupinambás que estavam no Paraguaçu. (Anch., Teatro, 14)
moapaîugûá1 (v.tr.) - 1) confundir: Oporomoaîu oîkóbo... taba moapaîugûá-îugûabo... - Está molestando as pessoas, ficando a confundir as aldeias... (Ar., Cat., 83); 2) misturar (fatos, falando ou contando alguma coisa) (VLB, II, 36)
nhemoma'enduar (v. intr. compl. posp.) - lembrar-se, fazer lembrar a si mesmo [de algo ou de alguém: compl. com esé (r, s)]: Penhemoma'enduar te'õ resé. - Lembrai-vos da morte. (Ar., Cat., 156v)
NOTA - Por seu próprio sentido, a posposição -PE (em, para, a) acompanha muitos nomes de lugares em tupi, como, p.ex., JAGUARIBE (îagûar + 'y + -pe, "no rio das onças"). Pode parecer estranho um lugar chamar-se "No Rio das Onças", mas o emprego de -PE com topônimos é uma característica dessa língua e de explicação não muito clara. Alguns dos inúmeros nomes próprios de origem tupi que terminam em -PE ou -BE no Brasil são: PERUÍBE, BEBERIBE, JACUÍPE, MERUÍPE, PIRAGIBE, CAPIBARIBE, SERGIPE, COTEGIPE, IGUAPE, MAPENDIPE, etc.
petymbûaba1 (etim. - instrumento de fumar, cachimbo) (s.) - PETIMBUABA, peixe da família dos fistulariídeos, de cor vermelha, com o corpo muito alongado, desprovido de escamas e com o focinho semelhante a um tubo comprido. Tem três ou quatro pés de comprimento, com o corpo semelhante à enguia. É também conhecido como cachimbo. (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 148)
pykõîa (etim. - gêmeo do pé) (s.) - peia para trepar, para subir (VLB, II, 68), PECONHA (N.), laço de corda ou de embira preso ao tronco das árvores sem ramos para nele se colocarem os pés a fim de subir (in Novo Dicion. Aurélio)
saúna (etim. - olhos escuros) (s.) - SAÚNA, nome comum a certos peixes mugilídeos (Brandão, Diálogos, 238)
sok1 (-îo-) (v.tr.) - 1) ferir (com coisa que não entra pela carne ou entra quase nada); dar pancadas de ponta (sem furar) (VLB, II, 63); picar, aguilhoar (p.ex., bois), calcar (sem furar): Aîosok. - Feri-o. (VLB, I, 137); Xe sok îõte. - Deu-me pancada de ponta, somente (isto é, sem me furar). (VLB, I, 129); Pedro nde sok. - Pedro te pica. (Fig., Arte, 151); Pedro osok îagûara. - Pedro aguilhoa a onça. (Fig., Arte, 153); 2) moer, pisando (VLB, II, 40); 3) socar, pilar; (fig.) fustigar: 'Ara yby sokeme, xe ruri. - Quando fustigava o sol a terra, eu vim. (VLB, I, 112); Aporosok. - Soco gente. (Fig., Arte, 89); abati soka - pilar milho (Fig., Arte, 73) ● i xokypyra - o que é (ou deve ser) pilado, socado (Fig., Arte, 108); o que é moído, coisa moída (VLB, II, 40)
taîasuká (s.) - cepilho, instrumento para alisar a madeira, usado por marceneiros e carpinteiros, plaina pequena (VLB, I, 70)
Bitu (RN). De sebitu nome comum a certas formigas dotadas de asas (VLB, I, 142).
Iara (nome de mulher). Do nheengatu y + iára: senhora das águas. Mito amazônico surgido no século XIX, não havendo referência a ele nos textos coloniais.
Tijuca (rio do RJ). De ty + îuk + -a: rio podre, água podre, atoleiro; charco, pântano, lama (VLB, II, 17).
arõana3 (s.) - o que tem jeito, modo, maneira, possibilidade para, o que é próprio para; o que está conforme, o que é adequado a; o apropriado para, o conveniente para: Iî arõana ixé. - O que tem jeito para ele sou eu. (VLB, II, 74); tupãoka arõana - apropriada para igreja (p.ex., roupa) (VLB, II, 74); Aîpó tera xe arõana. - Esse nome é o que me convém. (Anch., Teatro, 168, 2006) (V.tb. arõ1)
ikó2 / ekó (t) (v. intr. irreg.) - 1) estar (em geral ou em movimento): Oîkó-po'ipe i tupã se'õmbûera pupé? - Deixou de estar sua divindade em seu cadáver? (Ar., Cat., 44); Nde resé memẽ oroîkó... - Contigo sempre estamos. (Anch., Poemas, 84); 2) morar: Kó taba pupé aîkó. - Moro nesta aldeia. Aîkó iké xe roka pupé. - Moro aqui em minha casa. Aîkó Pero irũnamo. - Moro com Pedro. (VLB, II, 41); Umãmepe sekóû? - Onde ele mora? (Ar., Cat., 50v); 3) ser (acompanhado ou não da posposição -ramo): N'i xyîtepe Tupã-etéramo oîkóbo? - Mas não teve mãe, sendo Deus verdadeiro? (Ar., Cat., 22v); -Mba'epe Santa Madre Igreja Católica îekuapabeté? -Oîepé nhõ sekó... - Qual é o verdadeiro sinal da Santa Madre Igreja Católica? -Ser ela uma só. (Bettendorff, Compêndio, 54); Pitangĩnamo ereîkó... - És um nenenzinho. (Anch., Poemas, 100); Asé rarõanamo-tepe karaibebé rekóû? - Mas os guardiães da gente são os anjos? (Ar., Cat., 23v); 4) viver: Aîkó-katupe i îabé ká... - Hei de viver bem como eles. (Ar., Cat., 24); I xupépe asé îeruréû o 'anga rekorama resé? - A ele a gente pede pelo futuro viver de sua alma? (Ar., Cat., 93v); Aîkó tekokatu resé. - Vivo na virtude. (Anch., Arte, 44); -Endépe ereîkó? - Tu vives? (Fórmula de saudação a quem chega.) (VLB, II, 113); 5) proceder, portar-se, agir, fazer (no sentido de portar-se, comportar-se): Aîkó nde nhe'enga rupi. - Procedo conforme tua palavra. (VLB, II, 53); Pysaré serã ereîkó arinhama mokanhema...? - Será que a noite toda ages para fazer sumir as galinhas? (Anch., Teatro, 30); Marã oîkóbo bépe abá i abyû? - Procedendo de que forma o homem o transgride? (Ar., Cat., 69v); Ixé aé emonã aîkó. - Eu mesmo fiz assim. (VLB, I, 135); 6) ter relações sexuais, fazer sexo [é regido, com este sentido, somente pela posposição esé (r, s)]: Aîkó sesé. - Tenho relações sexuais com ela. (Anch., Arte, 44); Oîkó kunhã resé. - Tem relações sexuais com uma mulher. (Fig., Arte, 124); 7) casar [compl. com a posposição upi (r, s)]: Aîkó kunhã rupi. - Caso com uma mulher. (Anch., Arte, 43v); 8) ter a ver, interessar [compl. com esé (r, s)]: Nd'oroîkóî aîpó resé... - Não temos a ver com isso. (Ar., Cat., 57v); N'aîkóî sesé ko'yté. - Não tenho a ver com ele, enfim (isto é, desisti dele). (VLB, I, 99); 9) haver, existir: Nd'oîkóîpe mba'e amõ Tupã 'ara monhang'e'ymebé? - Não havia nada antes de Deus fazer o mundo? (Anch., Doutr. Cristã, I, 159); ...Aûîebeté ereîkó xe îar-y gûé!... - Que bom que existes, ó meu senhor! (Ar., Cat., 86); 10) ocorrer, suceder: Ereîopykype nde remirekó, sugûy sekóreme? - Cobriste tua esposa quando sucedia o sangue dela (isto é, na sua menstruação)? (Anch., Doutr. Cristã, II, 98); 11) ter pendências, contendas, problemas [é regido, com este sentido, pelas posposições esé (r, s) ou ri]: Aîkó sesé. - Tenho pendências com ele. (Anch., Arte, 44); 12) negociar, trabalhar [com as posposições esé (r, s) ou ri]: Paranãmbora ri aîkó. - Trabalho com mariscos. (VLB, II, 32); 13) acostumar-se, estar acostumado [compl. com a posp. esé (r, s)]: N'aîkóî (abá) resé. - Não estou acostumado com homens. (VLB, I, 95, adapt.); 14) eis aqui estar: Aîkó. - Eis-me aqui, eis que aqui estou. (VLB, I, 109); 15) deter-se: Ymûanĩ ahẽ rekóû. - Por longo espaço de tempo ele se deteve. (VLB, I, 125); 16) buscar, estar em busca [é regido, neste caso, pela posp. esé (r, s)]: So'o resé aîkó. - Estou em busca de caça. (VLB, II, 41); Mba'e resépe ereîkó? - Que coisa buscas? (VLB, II, 92) ● oîkoba'e - o que vive, o que está, o que habita, o que tem relações sexuais, etc.: ...Tupã pyri oîkoba'e - o que está junto de Deus (Anch., Teatro, 16); ...O mendasabe'yma resé oîkoba'e... - O que tem relações sexuais com o que não é seu cônjuge. (Ar., Cat., 71); ekoara (t) - o que está (sempre ou ocasionalmente), o que vive, o que procede, etc.: Opabenhẽ serã erimba'e a'epe tekoara iî a'o-îa'oû...? - Por acaso todos os que estavam ali ficaram a injuriá-lo? (Ar., Cat., 56v); Marataûãme tekoara ogûerobîá xe nhe'enga... - Os que moram em Maratauá acreditam em minhas palavras. (Anch., Teatro, 12); ...Emonã tekoarûera îaîpe'a. - Separemos os que assim procederam. (Ar., Cat., 128); ekoaba (t) - tempo, lugar, modo, etc. de estar, de viver, de morar, de proceder, etc.; o viver, o proceder, etc.: Marãpe erimba'e Tupã îandé rubypy rerekóû emonã sekoagûera ri? - Que fez Deus outrora com nosso pai primeiro por causa de seu proceder assim? (Anch., Doutr. Cristã, I, 162)
mamõ?1 (interr.) - 1) onde? em que lugar?: Mamõpe Tupã rekóû? - Onde Deus está? (Ar., Cat., 26); Tó! Mamõpe ahẽ rekóû? - Eh! Onde ele está? (Anch., Teatro, 10); 2) aonde? para onde? a que lugar?: Mamõpe i xóû o mba'e-'u-pab'iré? - Aonde ele foi após acabar de comer? (Ar., Cat., 52v) ● mamõ suí? - de onde? (Fig., Arte, 127); mamõ rupi? - por onde? (Fig., Arte, 127); mamõ-ngoty suí? - de que parte? (mais específico que donde?) (VLB, I, 95)
mboryb1 (ou moryb ou mbory) (v.tr.) - 1) alegrar, satisfazer: Maria t'îambory... - Que alegremos a Maria. (Anch., Poemas, 188); 2) alegrar-se de, ter gozo em, deleitar-se com, comprazer-se de: ...O kera pupé o pupukûera morypa... - Deleitando-se com sua polução em seu sono. (Ar., Cat., 72); Arakaîá-te ombory... - Mas os aracajás deleitam-se com eles. (Anch., Teatro, 36); Ereîmborype nde angaîpagûera resé nde ma'enduasaba? - Tiveste gozo com tuas lembranças de teus pecados antigos? (Ar., Cat., 233) ● omboryba'e - o que alegra; o que se compraz em: ...O ké-poxy omboryba'e... - O que se compraz em seu sonho mau. (Anch., Diál. da Fé, 211); mborypara (ou morypara) - o que alegra, o que se deleita com: -Abá abépe oîaby? -Kunhã me'engara... koîpó i mborypara. -Quem mais o transgride? -O que entrega mulheres e o que se deleita com elas. (Ar., Cat., 71); morypaba - tempo, lugar, modo, etc. de alegrar, de deleitar-se com; regozijo, gozo, deleite: ...O morybagûera poepyka... - Retribuindo seu regozijo com ele. (Ar., Cat., 89)
momokõîndûara (s.) - o segundo: I momokõîndûara mendara moîekosupaba. - A segunda (virtude) dele é a satisfação dos cônjuges. (Ar., Cat., 283, 1686)
nhemo'am (v. intr. compl. posp.) - encostar-se [a algo, p.ex., à parede, ao esteio: compl. com esé (r, s)]: Anhemo'am (mba'e) resé. - Encostei-me na coisa. (VLB, I, 115, adapt.)
nhemombe'u2 (ou îemombe'u) (etim. - o declarar-se) (s.) - confissão (Ar., Cat., 17v): Oîkobé îemombe'u, mosanga mûeîrabyîara. - Existe a confissão, remédio portador de cura. (Anch., Teatro, 38)
piraúna (etim. - peixe escuro) (s.) - PIRAÚNA, nome comum a certos peixes da ordem dos perciformes, do grupo dos acarás, dos atuns e das percas (D'Abbeville, Histoire, 243v; Lisboa, Hist. Anim. e Árv. do Maranhão, fl. 164v)
pym1 (v. intr.) - endurecer-se, entesar-se, arrebitar-se, enrijecer-se (VLB, I, 153) (Diz-se do que comumente fica frouxo, derrubado ou mole, como rabo de pássaro ou de veado, a orelha do asno, o pênis.) (VLB, I, 113)
syk1 (v. intr. compl. posp.) - 1) chegar [a certo tempo: compl. com esé (r, s); a certo lugar: compl. com -pe; a certa pessoa: compl. com esé (r, s) ou ri]: Mokõî oîoirundyk oito 'ara sykeme... i 'apira mondoki. - Ao chegar o oitavo dia, cortaram seu prepúcio. (Ar., Cat., 3); Osyk oré ri sendy îepinhẽ. - Chegou a nós sua luz para sempre. (Anch., Poemas, 124); ...Kunumĩgûasu... catorze ro'y resé i xyke'yma, nd'e'ikatuî abá resé omendá. - Um rapaz, não chegando aos catorze anos, não pode casar-se com ninguém. (Ar., Cat., 277, 1686); T'osyk esapy'a o îukaagûãme. - Que chegue logo ao lugar de o matarem. (Ar., Cat., 88, 1686); Orosy-syk. - Chegamos sucessivamente. (VLB, I, 72); 2) achegar-se, aproximar-se [de alguém: compl. com esé (r, s) ou ri]: Nde resé te'õ n'osyki... - De ti a morte não se aproximou. (Anch., Poemas, 148); N'aîpotari pe ri i xyka. - Não quero que ele se achegue a vós. (Anch., Teatro, 188, 2006); 3) tocar (como o barco no fundo) (VLB, II, 130); 4) equiparar-se, atingir, chegar (isto é, quantidade, número, como em "os visitantes chegam a mil") (VLB, I, 134) [compl. com esé (r, s) ou upi (r, s)]: ...'Y berame'ĩ ikó îandé ratá rasy; n'osyki Anhanga ratá rasy resé. - Eis que a dor de nosso fogo parece a da água; não se equipara à dor do fogo do diabo. (Ar., Cat., 163v); -Mbobype a'e asé rekomonhangaba? -Mokõî asé pó papasaba rupi i xyki. -Quantos são os mandamentos d'Ele à gente? -Eles equiparam-se aos números das duas mãos da gente. (Ar., Cat., 95, 1686)
'u (v. tr. irreg.) - ingerir (comida, bebida, donde "comer", "beber"), inalar (fumo): A'y-'u. - Bebi água. (VLB, I, 53); Nd'ere'uî xó kori xe remindu'une! - Não beberás hoje o que eu mastigo. (Anch., Teatro, 10); Ereîpotápe nde 'u? - Queres que ele te coma? (Anch., Teatro, 32); I aputu'uma t'a'u. - Hei de comer seus miolos. (Anch., Teatro, 66) ● o'uba'e - o que come, o que bebe, o que ingere: O puru'a îuká potá mosanga o'uba'e. - A que ingere uma poção, querendo matar seu feto. (Anch., Diál. da Fé, 209); 'ûara (ou gûara) - o que ingere, o que come, o que bebe: ...mosangygûaba gûara - a que ingere veneno (Ar., Cat., 70); i 'upyra - o que é (ou deve ser) comido, bebido, ingerido: Îasy mba'e i 'upyra. - A lua foi comida (isto é, a lua eclipsou-se). (VLB, I, 108); 'ûaba (ou gûaba) - tempo, lugar, modo, instrumento, etc. de ingerir, de comer, de beber, a ingestão: usá-'ûaba - lugar de comer caranguejos uçás (D'Abbeville, Histoire, 184); 'Ara nde i gûaba pupé bé o'a te'õ nde reséne... - No mesmo dia em que a comeres, cairá a morte em ti. (Ar., Cat., 40); Oîmoasype a'e riré a'e 'ybá 'uagûera? - Arrependeu-se, depois disso, de ter comido aquele fruto? (Anch., Doutr. Cristã, I, 163); Ere'upe so'o i gûabe'yma pupé? - Comeste carne no tempo de não a comer? (Anch., Doutr. Cristã, II, 107); N'i gûabi. - Não tem modo de o comer. (Anch., Arte, 48)
umbu (s.) - UMBU, IMBU, 1) nome de duas árvores da família das anacardiáceas (Spondias purpurea L. e Spondias tuberosa Arruda), também chamadas UMBUZEIRO, IMBUZEIRO, AMBUZEIRO; 2) o fruto dessas árvores, o qual tem casca e polpa muito amarelas, quando maduro. É muito empregado no Norte do Brasil para o preparo de uma bebida, a UMBUZADA ou IMBUZADA. "Dá-se esta fruta ordinariamente pelo sertão, no mato que se chama a caatinga." (Sousa, Trat. Descr., cap. LIII).
yapûana (t) (s.) - bom cheiro, perfume; [adj.: yapûan (r, s)] - cheiroso; (xe) cheirar bem, ser cheiroso, recender: Ta syapûãngatu Tupã rekó i xupé. - Que cheire muito bem a palavra de Deus a ele. (Ar., Cat., 188, 1686) ● syapûanyba'e - o que cheira bem, o que recende: I xupé ogûeru îetanongabamo itaîuba, ysykatã syapûãba'e, mirra. - Para ele trouxeram, como oferendas, ouro, resina dura que recende (isto é, incenso) e mirra. (Ar., Cat., 3)
ybaka (s.) - céu (tb. no sentido de paraíso cristão): Ybaka suí ereîur... - Do céu vieste. (Anch., Poemas, 100); Ybaka rasapa, osó, nde reîá... - Atravessando o céu, foi, deixando-te. (Anch., Poemas, 124); Xe asó-potar ybakype sepîaka... - Eu quero ir para o céu para vê-los. (D'Abbeville, Histoire, 357v); (...) n'ikatuî ybaka; yby nhõ i katu (...) - Não é bom o céu; a terra, somente, é boa. (Bettendorff [1699], p. 318) ● ybakygûara - habitante do céu: Xe rarõana ybakygûara... - O que me guarda é o habitante do céu. (Valente, Cantigas, V, in Ar., Cat., 1618)
ygara'ykytĩaba (etim. - instrumento de cortar a água da canoa) (s.) - talhamar, peça sólida angular que se punha na proa dos barcos ou dos navios para penetrar a água e diminuir a resistência que ela exerce contra a embarcação (VLB, II, 123)
ypype (loc. posp.) - perto de, junto a: ...T'oroîkó nde ypype nhẽ... - Que estejamos perto de ti. (Anch., Teatro, 122); ...Tatá ypype oîepegûabo. - Aquecendo-se perto do fogo. (Ar., Cat., 57)
e'õmbûera (t) (s.) - corpo morto; defunto; cadáver (de homem ou animal): pirá re'õmbûera - corpo morto de peixe (VLB, I, 82); A'epe asé re'õmbûera, marã? - E os cadáveres da gente, que sucede a eles? (Ar., Cat., 27); Aseîá kó se'õmbûera. - Deixei esse cadáver seu. (Anch., Teatro, 160); ...Oîoybyri se'õmbûera paranã ybyri i kûáî. - Lado a lado seus cadáveres ao longo do mar estavam. (Anch., Teatro, 52)
gûaburu (etim. - recipiente de ingestão) (s.) - recipiente de comer ou beber algo: ...I gûaburu koîpó inaîagûasu apepûera amõ pupé i nhang'iré... - Após vertê-la dentro do recipiente em que a bebe ou de alguma casca de coco... (Ar., Cat., 353)
gûygó (s.) - GUIGÓ, GUICÓ, nome comum a certos mamíferos primatas da família dos cebídeos. "Andam em bandos pelas árvores e, como sentem gente, dão uns assobios com que se avisam uns aos outros... Criam-se em tocas de árvores, de cujos frutos e da caça se mantêm." (Sousa, Trat. Descr., 253)
gûyraupi'agûara (etim. - comedor de ovos de pássaros) (s.) - papa-ovo, papa-pinto, serpente da família dos colubrídeos (Cardim, Trat. Terra e Gente do Brasil, 31). "...Andam pelas árvores salteando pássaros e a comer-lhes os ovos nos ninhos, de que se mantêm, as quais não são grandes, mas muito ligeiras." (Sousa, Trat. Descr., 263)
îabenhote (conj.) - conforme o pouco de, à medida do que havia de (VLB, I, 79)
îaîbeĩnhote (conj.) - conforme o pouco de, à medida do que havia de (VLB, I, 79)
îurumũ (s.) - 1) JERIMUM, JERIMUNZEIRO, aboboreira, nome comum a várias espécies de plantas da família das cucurbitáceas, do gênero Cucurbita, entre as quais a Cucurbita maxima Duchesne, muito importantes para a alimentação. Também são chamadas abóbora, abóbora-amarela, abobreira, abóbora-da-quaresma. 2) o JERIMUM, fruto dessas plantas, muito usado para a fabricação de cabaços e vasilhas para o uso doméstico (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 44)
marangatu2? (interr.) - como? de que modo?: Marangatupe asé rekóû Tupãokype oîkŷabo? - Como a gente se porta, entrando na igreja? (Ar., Cat., 24); Marangatupe abá rekóû o mondarõ o îoupé Tupã nhyrõ motá? - Como um homem procede querendo a si o perdão de Deus de seu furto? (Ar., Cat. 73)
mogûyr (v.tr.) - erguer (p.ex., um peso qualquer): Aîpusû'ã-mogûyr. - Ergui a espinhela. (VLB, I, 126)
(t) (s.) - copio de rede de pescar, espécie de saco (no fundo de rede grande) com que se pescavam a ova ou as crias dos peixes (VLB, I, 81)
oîepé1 (num.) - um, um só: ...Oîepé xe pysá pora. - Um só é o conteúdo de minha rede. (Anch., Poemas, 152); ...oîepé kunhã (ou kunhã oîepé) - uma mulher (Anch., Arte, 9v) ● oîepé-ombé (ou oîepé-umbé ou oîepé-ĩombé) - um e um (Fig., Arte, 4); um ou outro: Oîepé-ĩombé, nipó, i angaîpab amõme é. - Um ou outro, porventura, foi mau, às vezes. (Anch., Teatro, 36); Oîepé-ombé anhõ n'omoangaîpabi kó taba. - Um ou outro, somente, não faz esta aldeia pecar. (Anch., Teatro, 150); oîepeba'e - único, o que é único: ...ta'yra oîepeba'e - ...o que é o único filho dele (Ar., Cat., 14v); oîepébo (ou oîepébo nhẽ) - à uma, todos de roldão; oîepeixûara - todos de uma espécie ou qualidade (VLB, II, 130); oîepé'ĩ (ou oîepé'ĩ-a'ub) - um somente, só um (VLB, I, 154); oîepegûasu - em conjunto, à uma, em união, conjuntamente, todos juntos em um corpo (Fig., Arte, 4): ...Pekaî oîepegûasune. - ...Queimareis em conjunto. (Anch., Teatro, 50); Emonãnamo... kó 'ara rari oîepegûasu i moetesabamo. - Portanto, tomou este dia como tempo de honrá-los em conjunto. (Ar., Cat., 135, 1686); Oîepegûasu t'îaîkó. - Estejamos em união. (Anch., Poesias, 56); oîepé-îepé - cada um por si (Fig., Arte, 4); oîepekatu - todos juntos, todos à uma vez, à uma (VLB, II, 130); um só: T'oîese'ar-y berame'ĩ oîepekaturamo. - Que pareçam juntar-se como um só. (Ar., Cat., 95v); oîepegûara - em conjunto, à uma: Iîamuru opabenhẽ pekaî oîepegûarane. - Ainda bem que todos vós queimareis à uma. (Anch., Teatro, 184, 2006)
opytaerobakaba (t) (etim. - instrumento de virar a popa) (s.) - 1) leme [os tupis de São Vicente diziam ebikobaka (t)]: ygara ropytaerobakaba - o leme da embarcação (VLB, II, 20); 2) cano de leme de embarcação (VLB, I, 65)
pytá2 (v. intr. compl. posp.) - enfrentar (p.ex., inimigos), fazer face (a alguém: compl. com supé): Apytá (abá) supé. - Fiz face aos homens. (VLB, I, 114, adapt.)
Ibicuitinga (CE). De yby + ku'i + ting + -a: areia branca. Nome atribuído artificialmente na década de quarenta ao distrito cearense de Areia Branca, no município de Morada Nova (CE).
Pititinga (RN). Nome de um peixe. De pira + titing/a + -a: pele de manchas brancas.
e'a (interj. de m.) - 1) oh! (como diz a que, caminhando, lembra-se de ter deixado algo); 2) (expressando espanto, admiração ou zombaria) - olhai! (ou olhai-me lá com que me vem!); vede isso! (o homem diz eti - v.) (VLB, II, 56; 142)
erapûana (t) (etim. - nome ligeiro) (s.) - 1) fama, nomeada (boa ou má): Agûatá ko'arapukuî nde rerapûana resé. - Caminhei o dia todo por causa da tua fama. (Anch., Poemas, 150); Moreaûsuba rerekoara nde rerapûana îepi. - A de protetora dos aflitos é tua fama sempre. (Valente, Cantigas, IV, in Ar., Cat., 1618); 2) divulgação: ...Se'õagûera rerapûaneme, abaré serekoara aé t'osekokuab. - Em caso de divulgação de sua morte, o próprio padre responsável por ele que o julgue. (Ar., Cat., 128v); [adj.: erapûan ou erapûã (r, s)] - famoso: Serapûã kó mosakara... - São famosos esses moçacaras. (Anch., Teatro, 6); Eîerok moxy resé ta nde rerapûãngatu. - Arranca-te o nome por causa dos malditos, para que sejas muito famoso. (Anch., Teatro, 46); Serapûan ahẽ mondá. - Os furtos de fulano são famosos. (VLB, II, 109); Ixé Saûîaetá. Serapûã xe renoĩndaba. - Eu sou Sauiaetá. Famoso é meu nome. (Anch., Poemas, 156); Anhẽté, kó serapûan Maria rekó-poranga. - Eis que era famosa, certamente, a bela vida de Maria. (Anch., Poemas, 184) ● serapûanyba'e - o que tem fama, o que é famoso (VLB, I, 22)
erekokuapaba (t) (s.) - desígnio, projeto: Opûerab amõnyme, Tupã asé rerekokuapaba rupi é. - Cura-se algumas vezes, segundo os desígnios de Deus para a gente. (Ar., Cat., 91v)
îati'ũ (s.) - inseto culicídeo, encontrado geralmente à margem dos rios nas estações das chuvas (D'Abbeville, Histoire, 255v; Anch., Arte, 6v)
îeapyká2 (v. intr.) - reproduzir-se, procriar, multiplicarem-se (as pessoas, os animais), descender: Aîeapyká. - Reproduzi-me, procriei. (VLB, II, 44); Onhemoangaîpabeté serã apŷaba... o îeapyká-eté roîré? - Porventura fizeram-se muito maus os homens após se multiplicarem? (Ar., Cat., 41) ● îeapykaba'e - o que se multiplica; o que descende: N'osaûsubaripe Tupã amõ abá îeapykaba'erama resé...? - Não se compadeceu Deus de alguém por causa dos que descenderiam (dele)? (Ar., Cat., 41v); îeapykaba - tempo, lugar, modo, efeito, etc. de se reproduzir, de procriar; a descendência: ...A'e karaibypy îeapykaba... mondyka. - Destruindo a descendência daquele primeiro homem branco. (Ar., Cat., 155)
NOTA - No P.B. (N.E.), JEQUI é um cesto para pesca, muito oblongo, afunilado, feito de varas finas e flexíveis. Como adjetivo significa (Amaz. e N.E.) justo, apertado, o mesmo que JEQUITO: roupa JEQUI, roupa JEQUITA - roupa apertada. Há também a expressão BOTAR NUM JEQUI (AL), deixar em situação difícil, em apuros (in Novo Dicion. Aurélio).
obasypaba (t) (etim. - instrumento de limpar a cara) (s.) - toalha de rosto (VLB, II, 129)
pobur (ou pobu ou pubur) (v.tr.) - revirar; revolver, mexer; (por extensão:) transtornar, agitar, perturbar: ...Xe py'a pobu-pobu. - Meu coração ficando a revirar. (Anch., Poemas, 132); Pysaré kó i kere'ymi, apŷaba pobu-pobu! - Eis que a noite toda ele não dormiu para ficar perturbando os índios! (Anch., Teatro, 32); ...Xe roka pobu-potá. - Querendo revirar minha casa. (Anch., Teatro, 42); ...Kó taba aîpobu memẽ. - Esta aldeia transtorno sempre. (Anch., Teatro, 128); ...T'aîpobu kori ygasaba. - Hei de mexer hoje as igaçabas. (Anch., Poesias, 262)
pokosub1 (ou pokosu) (v.tr.) - surpreender: ...Angaîpaba aîpokosu. - Surpreendi os pecadores. (Anch., Teatro, 46); Penheangerekó amõ 'ara pupé te'õ pe rokena motaka turagûama resé é... pe pokosupa. - Pensai que, algum dia, a morte virá mesmo para bater em vossas portas, surpreendendo-vos. (Ar., Cat., 158)
poru4 (v. intr.) - comer gente, comer carne humana, ser antropófago: Ereporupe? - Comeste gente? (Ar., Cat., 102v); Ereporueté raka'e oré anama ri. - Comias muito carne humana em nossa nação (isto é, a carne de nossa gente). (D'Abbeville, Histoire, 350)
pytubar (xe) (etim. - prender fôlego) (v. da 2ª classe) - cansar-se, cansar-se de: ...N'oîeruré-pytubari Tupã supé... - Não se cansam de rezar a Deus. (Ar., Cat., 8v)
tykytykyr (ou tukutukur) (v. intr.) - destilar (VLB, I, 129): ...Mba'e-akuba, mba'e-robeté tukutuku okûapa. - Estando a destilar coisa quente, coisa muito amarga. (Ar., Cat., 164)
ygapukuîtaba (etim. - instrumento de mexer a canoa) (s.) - remo (VLB, II, 101)
'ykutukaba (etim. - instrumento de perfurar a água) (s.) - bomba de navio (VLB, I, 57)
îeruré (v. intr. compl. posp.) - pedir; rogar; rezar [a alguém: compl. com supé; por algo: compl. com esé (r, s)]: Aîeruré aoba resé Pedro supé. - Peço a Pedro por roupa. (Anch., Arte, 44); Aîeruré Tupã supé xe angaturãgûama resé. - Peço a Deus por minha virtude. (VLB, II, 69); Aîeruré ndebe xe remi'urama resé. - Peço a ti por minha comida. (D'Evreux, Viagem, 144) ● îeruresaba - tempo, lugar, modo, causa, etc. de pedir; pedido, petição: I pupé... 'y anhẽ monhangi kaûĩnamo o sy îeruresaba rupi. - Nele a água transformou em vinho, de acordo com os pedidos de sua mãe. (Ar., Cat., 12); Marã e'ipe amoaé asé îeruresaba? - Como reza aquela outra petição nossa? (Ar., Cat., 26v); T'oú, nde îeruresápe, Tupã oré moorypa... - Que venha, por teus pedidos, Deus para nos fazer felizes. (Anch., Teatro, 118)
îukeri (s.) - JUQUERI, nome comum de ervas leguminosas-mimosoídeas do gênero Mimosa L., de flores e frutos venenosos, que têm como antidoto oposto suas próprias raízes. Engordam ovelhas e cabras e são nocivas ao homem. Uma das espécies é a Mimosa pudica L., denominada vulgarmente dormideira, sensitiva, malícia-de-mulher, caaicovê, etc. (Piso, De Med. Bras., III, 170; IV, 202)
meru (ou mberu) (s.) - BIRU, nome comum a moscas grandes e azuladas da família dos muscídeos e "que mordem muito aonde chegam" (Sousa, Trat. Descr., 242; D'Abbeville, Histoire, 255; VLB, II, 43) ● mberu mondoaba (ou mberu mondoatyba) - abano de moscas (VLB, I, 48); mberu ra'yra (ou mberua'yra) - lêndea de mosca, vareja (VLB, I, 52)
nheŷnhang2 (v. intr. compl. posp.) - reunir-se; ajuntar-se, juntar-se [a alguém, com alguém: compl. com esé (r, s)]: Umãmepe asé nheŷnhangi...-ne? - Onde a gente se reunirá? (Ar., Cat., 46v); Onheŷnhang umã sesé kunumĩetá kagûara... - Já se juntaram a eles muitos moços bebedores de cauim. (Anch., Teatro, 24); Penheŷnhang pabẽ sesé! - Ajuntai-vos todos com eles! (Anch., Teatro, 60); ...Sobaké Anhanga onheŷnhanga, i mokona motá... - Diante deles os diabos ajuntando-se, querendo engoli-los. (Ar., Cat., 161v) ● nheŷnhangaba - tempo, lugar, modo, etc. de se reunir, de se ajuntar: ...Peîori... pe nheŷnhangápe pe rekorama rá. - Vinde para receber as determinações a vós no lugar em que vos ajuntais. (Ar., Cat., 160v)
papasaba1 (mb) (etim. - instrumento de contar) (s.) - número: Marangatuba'e santos ybakype Tupã repîakaretá osasá 'ara ro'y remierekó papasaba. - Os bem-aventurados e os santos no céu, que vêem a Deus, ultrapassam o número dos dias que o ano tem. (Ar., Cat., 135, 1686)
pese'õ (ou pyse'õ ou pyse'ong) (v.tr.) - partir em pedaços: A'epe abaré hóstia pese'õ-etá-etáreme i pese'õmbûera îabi'õ Îandé Îara Îesu Cristo rekóû? - E ao partir muitas vezes o padre a hóstia em pedaços, em cada pedaço Nosso Senhor Jesus Cristo está? (Ar., Cat., 87v)
pirakyba (etim. - piolho de peixe) (s.) - PIRAQUIBA, rêmora, pegador, peixe-piolho, nome comum a certos peixes da família dos equeneídeos (principalmente o Remora remora L.). Tem na cabeça um disco adesivo com o qual se prende aos tubarões para se deslocar pelo mar. É também chamado piolho-de-cação, piolho-de-tubarão, agarrador, etc. (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 180; VLB, II, 69)
ri2 [posp. - o mesmo que esé (r, s), não usada com o pron. pess. i] - 1) por, por causa de: Pe rory, xe ra'yretá, xe ri. - Alegrai-vos, meus filhos, por minha causa. (Anch., Teatro, 50); Ema'ẽngatu oré ri... - Vela por nós. (Anch., Poemas, 102); 2) para (final.): Tupã syrama ri i monhangymbyra... - Foi ela feita para ser a futura mãe de Deus. (Anch., Poemas, 88); 3) em (locat. não geográfico): temporal): ...Marãpe xe ri erepûá? - Por que bates em mim? (Anch., Teatro, 32); 4) em (temp.): ...Eresó, kó 'ara ri. - Vais, neste dia. (Anch., Poemas, 94); 5) em, na pessoa de: Ereporu-eté raka'e oré anama ri. - Comias muito carne humana nas pessoas de nossos parentes. (D'Abbeville, Histoire, 350); ...Kunhã ri i moreká. - Sua busca de gente nas pessoas das mulheres. (Anch., Teatro, 150, 2006); 6) a respeito de, acerca de, de: ...Nde ri xe nhemboryryîa. - Ocupando-me de ti. (Anch., Poemas, 98); 7) com (comp.): Nde resé i îeruréû nde remimbûaîa ri t'oroîkó. - Pede a ti que estejamos com teus súditos. (D'Abbeville, Histoire, 342); 8) com (instr.) Xe abá nhe'enga ri. - Com minha palavra de homem. (Anch., Teatro, 154, 2006); 9) contra: T'irekó ikó apŷaba îandé robaîara ri. - Que tenhamos estes homens contra nossos inimigos. (Léry, Histoire, 357) ● mba'e ri? (o mesmo que mba'e resé?) - por quê? mba'erama ri? - por quê? (referente a algo posterior a um determinado marco temporal): Mba'erama ri bépe asé santos 'ara kuabi? - Por que mais a gente reconhece o dia dos santos? (Ar., Cat., 24)
4 (v. intr. compl. posp.) - envergonhar-se [de algo ou de alguém: compl. no gerúndio ou com esé (r, s) ou suí]: Otĩ nhẽmo serã i angaîpaba'e... - Envergonhar-se-ia, talvez, o que é mau. (Ar., Cat., 25v); T'otĩ umẽ... Îesu Cristo... mombegûabo. (Ar., Cat., 81) ou T'otĩ umẽ Îesu Cristo mombe'u resé... - Que não se envergonhe de proclamar a Jesus Cristo. (Ar., Cat., 83v); Otĩ kûarasy osema, nde beraba robaké... - Envergonha-se o sol de nascer, diante de teu brilho. (Valente, Cantigas, IV, in Ar., Cat., 1618); Etĩ nde îosuí. - Envergonha-te de ti mesmo. (Anch., Doutr. Cristã, II, 111) ● otĩba'e - o que se envergonha (VLB, II, 144)
amotar (v.tr.) - querer bem: Xe-te, nde repîaka'upa, oroamotá-katu... - Mas eu, tendo saudades de ti, quero-te muito bem. (Anch., Poemas, 142); O irũ n'oîamotari... - A seus próprios companheiros não querem bem. (Anch., Teatro, 152); Nd'oronhoamotari. - Não nos queremos bem. (VLB, II, 54)
apytaîyka (s.) - visco, polme muito grosso, massa (que se põe sobre queijo, manjar branco, etc.) (VLB, II, 146); (adj.: apytaîyk) - viscoso (VLB, I, 53); (xe) formar fios (p.ex., o visco, a clara de açúcar, etc.) (VLB, I, 127)
eirusu (s.) - URUÇU, IRUÇU, GUIRUÇU, nome dado a várias espécies brasileiras de abelhas grandes da família dos meliponídeos (Piso, De Med. Bras., IV, 178; VLB, I, 18)
eroîké (v.tr.) (Pode ter gerúndio irregular: seroîkŷabo) - 1) entrar com, fazer entrar consigo (Fig., Arte, 110): ...Ereroîképe nde kotype? - Entraste com ele em teu aposento? (Ar., Cat., 107); Ogûerasó amõ okusupe seroîkŷabo... - Levaram-no para um certo palácio, fazendo-o entrar consigo. (Ar., Cat., 60); 2) acolher, hospedar (VLB, I, 20); 3) recolher (a sementeira ou o fruto) (VLB, II, 98)
îemoryryî1 (ou nhemoryryî) (v. intr.) - tremer, agitar-se, alvoroçar-se (VLB, I, 33), comover-se: Î angaîpá-pará-pará, oîemoryry-ryryîa. - Ela tem pecados variadíssimos, estando a tremer. (Anch., Poemas, 112)
kambyamĩ (etim. - espremer leite) (v.tr.) - tirar leite de, ordenhar (a vaca): Aîkambyamĩ. - Ordenhei-a. (VLB, II, 58)
mboby2? (ou mobyr? ou moby?) (interr.) - 1) quantos? (em número): Mboby mba'e resépe asé îeruréû...? - Por quantas coisas a gente pede? (Ar., Cat., 26); Mobype a'e Tupã? - Quantos são esses deuses? (Anch., Doutr. Cristã, I, 157); 2) quanto?: Mbobype sepy? - Quanto foi o pagamento? (Ar., Cat., 107); 3) quantas vezes?: Mbobype abá aîpoba'e oîaby kunhã resé o nhemomotar'iré...? - Quantas vezes o homem transgride aquele (mandamento) após atrair-se por uma mulher...? (Ar., Cat., 71v)
okesym (ou okysym ou okesỹ) (s) (v.tr.) - tomar a dianteira a, adiantar-se a, cercar pela frente, atalhar (p.ex., os que fogem): ...Oú ramõ nde resé, temiminõ rokesyma. - Veio há pouco por tua causa, adiantando-se aos temiminós. (Anch., Teatro, 138); Îandé rokesỹ memẽ anhanga... - Toma-nos a dianteira sempre o diabo. (Anch., Poemas, 186)
okyra (t) (s.) - renovo, broto (VLB, I, 141); [adj.: okyr (r, s)]; (xe) - reverdecer (a planta) (VLB, II, 104)
pora2 (s.) - o que é feito, conseguido, ganho por algo, a consequência, o fruto, a obra, o efeito de algo: îyapá-pora - a obra da foice, p.ex., o alimento produzido com ela; pindá-pora - o conseguido pelo anzol, isto é, o peixe; xe pó-pora - a obra de minhas mãos, o que é conseguido por minhas mãos; itangapema pora - coisa ganha com a espada (Anch., Arte, 31v)
posanong1 (etim. - pôr remédio) (v.tr.) - remediar, medicar, curar: T'oú îandé posanonga... - Que venha para nos curar. (Anch., Poemas, 166); Oîposanongype Îandé Îara a'e i nambimondokypyra? - Curou Nosso Senhor aquela sua orelha arrancada? (Ar., Cat., 55) ● posanongara (m) - o que cura, o que dá remédios: Sorybeté rakó abá tegûama porarasara moroposanongara... supé ogûasema. - Fica muito feliz, de fato, o homem que se defronta com a morte, encontrando o que cura. (Ar., Cat., 219, 1686); posanongaba (m) - tempo, lugar, modo, instrumento, etc. de remediar, de curar; cura, remédio: Marãpe amoaé îandé 'anga posanongaba? - Qual é o outro meio de curar nossa alma? (Anch., Doutr. Cristã, I, 207)
pu'am2 (v. intr. compl. posp.) - investir, fazer assalto, opor-se [a alguém, contra alguém: compl. com esé (r, s) ou ri]: Eîori muru mondyîa, t'opu'am umẽ oré ri... - Vem para espantar o maldito, para que não invista contra nós. (Anch., Poemas, 146); Pé ku'ape, kunumĩ pu'ama'ubi xe ri. - No meio do caminho, meninos fizeram assalto a mim. (Anch., Poemas, 150); Xe mopyatã îepé, t'apu'am muru resé... - Faze-me tu valente para que eu me oponha ao maldito. (Anch., Poemas, 144)
pyapasaba2 (m) (etim. - instrumento de entortar a pata) (s.) - ferradura (VLB, I, 138)
t-3 (pref. num.-pess. de 3ª p.) - ele (es, a, as); o (os, a, as): Kó tuî kó. - Eis que aqui ele está deitado. (VLB, I, 109); ...Tupã tari... - Deus o tomou. (Anch., Poemas, 88); Xe pytaî turi. - Atrás de mim ele veio. (Anch., Arte, 41v); Tynysẽ memẽ... - Elas estão sempre cheias. (Anch., Teatro, 34)
ypyrung (etim. - pôr começo) (v.tr.) - 1) começar: Aîypyrung. - Comecei-o. (Fig., Arte, 145); ...Taûîé iîypyrunga. - Começando-os logo. (Ar., Cat., 165); 2) fundar: Atabypyrung. - Fundei uma aldeia. (VLB, II, 84); 3) introduzir, inventar (VLB, II, 13) ● ypyrungaba - tempo, lugar, modo, etc. de começar; começo, início: Erenhemosaînanype... nde rambyagûá missa iîypyrungápe sendubagûama ri? - Tu te preocupaste com que teus vizinhos ouvissem a missa ao começar ela? (Anch., Doutr. Cristã, II, 105)
ekûá (2ª p. sing. irreg. de só, ir, indicando uma certa ênfase no que se diz, ou indignação) (Anch., Arte, 58) - Vai!: ...Ereîmorype amõ, "-Asó-potar i posé", i 'ereme, "-Ekûá", e'îabo? - Deste consentimento a alguma, ao dizer ela "- Quero ir com ele", dizendo tu: "-Vai."? (Ar., Cat., 104v)
esaetá (t) (etim. - muitos olhos) (s.) - 1) cuidado, preocupação; 2) o cuidado (pessoa ou coisa que é objeto de desvelos): Peîori pitanga gûabo, Tupana resaetá... - Vinde para comer a criança, o cuidado de Deus. (Anch., Poemas, 166)
mbo'e (ou mo'e) (v. tr. compl. posp.) - ensinar, instruir, reger (dança ou música) (VLB, II, 100) [O objeto é sempre uma pessoa: ensinar alguém. Ensinar alguma coisa: compl. com esé (r, s), ri, com o gerúndio ou com o permissivo.]: ...Tupã mongetá resé îandé mbo'ebo nhẽ. - Para nos ensinar a orar a Deus. (Ar., Cat., 25); Oporombo'e-a'u Tupã nhe'enga ra'anga. - Ensina falsamente as pessoas a pronunciar a palavra de Deus. (Anch., Teatro, 126); Eîmbo'ekatu xe 'anga t'oîkuab ybaka piara. - Ensina bem minha alma para que conheça o caminho do céu. (Valente, Cantigas, VI, in Ar., Cat., 1618); Pa'i, oré sepîak-y îanondé, oré mo'epotar Tupã nhe'enga ri... - Os padres, antes de nós os vermos, quiseram ensinar-nos na palavra de Deus. (D'Abbeville, Histoire, 341v); Te'yîpe memẽ nhẽ ixé aporombo'e. - Eu sempre ensinei as pessoas publicamente. (Ar., Cat., 55v) ● emimbo'e (t) - o que alguém ensina: xe remimbo'epûera - o que eu ensinei (Anch., Arte, 52v); i mbo'epyra - o que é ensinado; o discípulo (VLB, I, 103); mbo'esaba - tempo, lugar, modo, etc. de ensinar; ensinamento, doutrina: Tupã nhe'enga asé mbo'esaba - o ensinamento a nós da palavra de Deus (Anch., Dial. da Fé, 228); mbo'esara - o que ensina, o mestre: Eîkobé-katu, xe mbo'esar gûy! - Salve, ó meu mestre!... (Ar., Cat., 54); ...Pesapîá abaré, pe mbo'esara... - Obedecei ao padre, vosso mestre. (Anch., Teatro, 188)
membyrasy (etim. - dor de filho) (s.) - dor de parto; (adj.) (xe) - ter dor de parto: I xy n'i membyrasyî... - Sua mãe não teve dor de parto. (Anch., Poemas, 162); Xe membyrasy. - Eu tenho dores de parto. (VLB, II, 66); A'epe muruapora membyrasy kakara, na nheangûaba bé ruã? - E a aproximação das dores de parto de uma grávida não é causa de se ter medo também? (Ar., Cat., 91)
murisi (s.) - MURICI, MURUCI, 1) nome comum a várias árvores e arbustos do cerrado brasileiro, da família das malpiguiáceas, do gênero Byrsonima, de fruto comestível e propriedades medicinais. Há também muricis de praia, como o Byrsonima verbascifolia, (L.) DC., de flor amarela e fruto pequeno e ácido. 2) o fruto de tais plantas (D'Abbeville, Histoire, 224; Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 118; Piso, De Med. Bras. IV, 188)
ygûyrõ (t) (s.) - ciúmes (VLB, I, 75): Tygûyrõ rasype é kunhã eremondá-mondá? - Na dor dos ciúmes ficaste suspeitando das mulheres? (Anch., Teatro, 168); [adj.: ygûyrõ (r, s)] - cioso, enciumado; (xe) ter ciúmes: Sygûyrõpe kunhã o mena reséne? - Terá a mulher ciúmes de seu marido? (Anch., Doutr. Cristã, I, 228) ● ygûyrõbora - cioso, ciumento: Xe rygûyrõbor. - Eu sou ciumento. (VLB, I, 74)
tyamĩsaba (etim. - instrumento de espremer caldo) (s.) - instrumento utilizado para prensar a mandioca (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 66)
esé (r, s) (posp.) - 1) com [sentido de companhia, levando o verbo para o plural]: Nde resé memẽ oroîkó... - Contigo sempre estou. (Anch., Poemas, 84); N'ereîkuabipe ko'yr te'õ nde resé sekó? - Não sabes que agora a morte está contigo? (D'Abbeville, Histoire, 350); Mba'e-py'aûpîara kaûĩaîasy resé i monani... - Uma coisa amarga com vinagre misturaram. (Ar., Cat., 63v); Sesé orosó. - Vou com ele. (Anch., Arte, 44v); Penheŷnhang pabẽ sesé! - Ajuntai-vos todos com eles! (Anch., Teatro, 60); 2) a respeito de, de: ...Sesé oma'enduaramo. - A respeito dele lembrando-se. (Ar., Cat., 22); Ma'e resé îandé mongetáû? - A respeito de quê conversamos? (Léry, Histoire, 358); 3) em (em sentido locativo não geográfico): Tupana resé aîkó. - Vivo em Deus. (Fig., Arte, 166); ...Xe aé aporomoingó moropotara resé. - Eu mesmo pus gente no desejo sensual. (Anch., Teatro, 36); atuá resé - na nuca (Fig., Arte, 126); Sesé i moîarypyramo omanõmo... - Nela (isto é, na cruz) morrendo crucificado. (Ar., Cat., 22); Enhonong nde itaingapema nde ku'a resé. - Põe tua espada na tua cintura. (Fig., Arte, 125-126); 4) em (em sentido temporal): Putuna amõ resé... - Numa certa noite... (Ar., Cat., 7); 5) na pessoa de: Na xe ra'y-potari nde resé. - Não quero meu filho na tua pessoa (isto é, não te quero ter por filho). (Fig., Arte, 124); Xe rembiá-potá sabeypora amõ resé... - Eu quero presas nas pessoas de alguns bêbados. (Anch., Teatro, 150, 2006); 6) por; por causa de [às vezes com um deverbal em -sab(a)]: Abápe asé resé Tupã mongetasara sekóû? - Quem é a que fala a Deus por nós? (Ar., Cat., 23); Eîerok moxy resé ta nde rerapûãngatu. - Arranca-te o nome por causa dos malditos, para que sejas muito famoso. (Anch., Teatro, 46); Aîeruré aoba resé Pedro supé. - Peço a Pedro por roupa. (Anch., Arte, 44); ...Mba'e-asy porarábo Tupana resé... - Suportando as coisas dolorosas por causa de Deus. (Anch., Teatro, 120); Oromoeté-katu... nde xe pysyrõagûera resé. - Louvo-te muito por me teres salvado. (Ar., Cat., 87v); 7) para [com o sentido de finalidade; às vezes com um deverbal em -sab(a)]: Tupã... moeteagûama resé. - Para honrar a Deus. (Ar., Cat., 24); Ne emongetá nde Tupã t'okûab é amanusu îandé momarane'yma resé. - Roga a teu Deus para que passe a tempestade para não nos arruinar. (Staden, Viagem, 66); 8) contra: Aîtyk nhe'enga sesé. - Lanço palavras contra ele. (Anch., Arte, 44v); Quatro tekoangaîpaba ybaka resé oposẽ-posemba'e. - Quatro são os pecados que ficam bradando contra os céus. (Bettendorff, Compêndio, 17); 9) de (de posse, pertença), destinado a, tocante a, cabível a: Xe resendûara ebokûea. - Isso é o que é destinado a mim. (VLB, II, 74, 129); 10) no encalço de, atrás de (a perseguir, a importunar): Xe resé-katu ahẽ rekóû. - Fulano está muito atrás de mim (isto é, fica no meu encalço, a importunar-me). (VLB, II, 74); So'o resé aîkó. - Estou atrás de caça. (VLB, II, 41) ● mba'e resé? - por quê? (VLB, II, 82); mba'erama resé? - 1) por quê? (referente a algo posterior a um determinado marco temporal): Mba'erama resépe Tupã i me'engi asébe? - Por que Deus os deu para a gente? (Ar., Cat., 23v); 2) para quê?: -Mba'erama resépe Tupã semirekorama monhangi? -I pytybõsarama resé... - Para que Deus criou a esposa dele? -Para sua futura ajudante... (Ar., Cat., 48); mba'e-resémo? - por que seria que? por que razão haveria de? (VLB, II, 82)
mimbaba2 (etim. - objeto do esconder) (s.) - MUMBAVO, XERIMBABO, qualquer animal manso que o homem cria ou o animal que ele amansa; animal doméstico, animal caseiro (VLB, II, 31); criação: ...So'o mimbaba roka ogûar og upabamo... - Tomou a casa dos animais de criação como sua pousada. (Ar., Cat., 9v) [o mesmo que eîmbaba (t) - v.]
2 (poss. reflexivo - o mesmo que o1 (v.) antes de temas iniciados em vogal) - seu, seu próprio (s, a, as): ...gûeté-marane'yma... - seu próprio corpo incorrupto (Ar., Cat., 161v); Tupã é abaré oîmoîa'ok gûekobîaramo. - O próprio Deus distinguiu o padre como seu substituto. (Anch., Doutr. Cristã, II, 77)
mopor1 (ou mopó) (v.tr.) - encher, preencher, pejar, ocupar (VLB, II, 70; Fig., Arte, 113); Opá ybaka ereîmopó, paranã, yby abé. - Todo o céu preenches, o mar e a terra também. (Anch., Poemas, 128); -Mamõpe Tupã rekóû? -Ybakype, ybype, opakatu ma'e mopori. -Onde Deus está? -No céu, na terra, todas as coisas ocupa. (Ar., Cat., 26)
og (pron. pess. refl.) - o mesmo que o1 (v.) antes de temas iniciados em vogal o ou u, em geral: Î aysó, nipó, îasy, og obagûasu reru. - É formosa, certamente, a lua, vindo com sua grande face. (Anch., Poemas, 142); ...og uba resé - por causa de seu próprio pai (Anch., Poemas, 120)
yby2 (t, t) (s.) - 1) sepulcro, túmulo, sepultura: tyby - a sepultura dele; (VLB, II, 59); Osepyî bépe asé tyby 'y-karaíba pupé? - Asperge também a gente as sepulturas com água benta? (Ar., Cat., 24v); 2) ossada humana enterrada ou sepultada (VLB, II, 59) ● yby-pykaba (t, t) [ou yby-aso'îaba (t, t)] - campa de sepultura (VLB, I, 64)
Jupira (nome de mulher). De i + 'u + -pyr + -a: o que é comido, a comida (v. 'u).
kunumĩmirĩ (etim. - menino pequeno) (s.) - menino cuja idade vai de um a sete ou oito anos (D'Evreux, Viagem, 129)
mboryb2 (ou moryb ou mbory) (v.tr.) - consentir; dar consentimento a, permitir, aceitar, tolerar, ser tolerante com, admitir: Asé aé oîemoabangá i mborypa... - A gente mesma acovarda-se, consentindo-o. (Anch., Diál. da Fé, 231); Na xe poromborybi. Eu não sou tolerante com as pessoas. (VLB, II, 114); Ereîmorype abá paîé rerobîaragûama resé? - Toleraste as pessoas em sua crença no pajé? (Ar., Cat., 98v); Ereîmorype i nhe'enga...? - Aceitaste as palavras deles? (Ar., Cat., 100v) ● morypaba - tempo, lugar, modo, etc. de consentir; consentimento: ...Tupã nhe'engaby morybagûera... - consentimento na transgressão da palavra de Deus (Ar., Cat., 90); mborypara (ou morypara) - o que consente; o que permite, o que tolera: ...'Aretéreme i porabyky-potaryba'e mborypara... - O que tolera o que quer trabalhar nos feriados. (Ar., Cat., 68v); omboryba'e - o que tolera, o que permite: Mba'e-poxy resé oporomboryba'e. - O que tolera as pessoas em coisas más. (Anch., Diál. da Fé, 209); ...O ké-poxy omboryba'e... - O que se compraz em seu sonho mau. (Anch., Diál. da Fé, 211)
poasema (m) (s.) - grito, gemido de dor (VLB, I, 28); (adj.: poasem) (xe) - gemer (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 277): Nebe oronheangerur oré poasemamo. - A ti suspiramos, gemendo. (Ar., Cat., 14)
potaba1 (m) (etim. - objeto do querer) (s.) - 1) porção, parte, POTABA, quinhão, o que cabe a: I py'apûera xe potabamo t'oîkó. - Seus fígados hão de ser minha porção. (Anch., Teatro, 64); Xe potaba nde! - Meu quinhão és tu! (Anch., Teatro, 76); Xe potaba kaûĩ rá. - O que me cabe é tomar cauim. (Anch., Teatro, 25, 2006); 2) herança: xe potaba - minha herança (VLB, I, 121); 3) ração (VLB, II, 95) ● Tupã potaba - quinhão de Deus dízimo (VLB, I, 104): O emitymbûerypy pupé Tupã potá-me'engano. - Dar também o dízimo naquilo que plantou primeiro. (Ar., Cat., 17)
pysó (ou pysok) (v.tr.) - 1) estender (o que estava dobrado, enrolado ou encolhido); estirar (VLB, I, 28; VLB, I, 29): Oîpysó ybyraîoasaba 'arybo... - Estiraram-no sobre a cruz... (Ar., Cat., 62); 2) alastrar pelo chão, acamar (p.ex., a cana, a erva que estava em pé) (VLB, I, 19; 29)
gûang (-îo- ou -nho-) (v.tr.) - tingir com urucu: Moraseîa é i katu, îegûaka,... îetymã-gûanga... - A dança é que é boa, enfeitar-se, tingir-se as pernas com urucu. (Anch., Teatro, 6); Aîpy-gûang. - Tinjo-lhe os pés (com urucu). (VLB, I, 32)
'ir (v. intr. compl. posp.) - desprender-se, separar-se, desgrudar-se, soltar-se (de algo ou de alguém: compl. com suí): Nd'o'iripe amõnyme asé 'anga suí? - Não se separa algumas vezes da alma da gente? (Ar., Cat., 31v); Tupã rerobîá-katu nde py'a suí nd'o'iri. - A boa crença em Deus de teu coração não se desprendeu. (Anch., Teatro, 118); Nde poropotarixûera nd'o'ir-etéî nde suí. - Teu costumeiro desejo sensual não se separava verdadeiramente de ti. (Anch., Teatro, 170)
momotîasó (v.tr.) - repreender (com rigor): Xe momotîasó ahẽ nhe'enga. - A fala de fulano repreendeu-me. (VLB, I, 124)
ûaîa2 (t) (s.) - prisioneiro, o que deve servir a outrem: xe rûaîa - meus prisioneiros (i.e., aqueles que são inferiores a mim e que devem servir-me) (Léry, Histoire, 368)
îemoŷrõ2 (ou nhemoŷrõ) (v. intr. compl. posp.) - 1) enraivecer-se, irritar-se, agastar-se, irar-se, indignar-se (com algo ou com alguém: compl. com supé ou pé) (VLB, II, 62): Aani! Aîemoŷrõ. - Não! Irritei-me. (Anch., Teatro, 42); Anhanga pé oîemoŷrõmo .... - Irritando-se com o diabo. (Anch., Poemas, 90); 2) escandalizar-se, estar escandalizado (com algo ou com alguém: compl. com supé ou pé): Anhemoŷrõ (abá) supé. - Estou escandalizado com o homem. (VLB, I, 122, adapt.); 3) tomar nojo (VLB, II, 50); 4) queixar-se (de algo ou de alguém: compl. com supé ou pé): Anhemoŷrõ (abá) supé. - Queixei-me do homem. (VLB, II, 94; adapt.) ● i nhemoŷrõba'e - o que está irado, o que tem raiva, etc.: O membyra... i nhemoŷrõba'e oîmonhyrõ... - Apazigua seu filho que está irado. (Ar., Cat., 37, 1686); nhemoŷrõndaba (ou nhemoŷrõama) - tempo, lugar, causa, etc. de irar-se, de enraivecer-se; ira, raiva: Tupã nhemoŷrõama - a ira de Deus (Anch., Teatro, 160, 2006)
amõ5 (pron.) - um... e um; um... e o outro: Mokõî mondabora, i 'ekatûaba koty amõ, a'e amõ i asu koty. - Dois ladrões, um à sua direita e o outro à sua esquerda. (Ar., Cat., 62v)
nheme'eng (ou îeme'eng) (v. intr. compl. posp.) - entregar-se, render-se (p.ex., o inimigo) (VLB, II, 101), oferecer-se (a alguém: compl. com a posp. supé): Xe poreaûsubetekatu... Anhanga supé xe nheme'eng'iré mã! - Ah, eu sou muito miserável após me entregar para o diabo! (Ar., Cat., 77); Oroaûsu-potá-katu, oroîeme'enga endébo. - Queremos muito amar-te, entregando-nos a ti. (Anch., Poemas, 136) ● onheme'engyba'e - o que se entrega, o que se oferece: A'epe se'yî kunhã Tupã supé onheme'engyba'e oîkóbo. - Aí são muitas as mulheres que se estão oferecendo para Deus. (Ar., Cat., 8v)
porerokarûera (m) (etim. - o que retirou o nome de pessoas) (s.) - padrinho, madrinha (de batismo ou crisma) (VLB, II, 27): Abaré koîpó amõ abá pyri morerokarûera nd'e'ikatuî omendá gûemierokûera resé... - Os padrinhos junto ao padre ou a outra pessoa não podem casar-se com o que batizaram. (Ar., Cat., 129)
riremẽ (posp.) - logo depois que, logo depois de, assim que: O manõ riremẽ serã emonã nungara sóû ybakypene? - Logo depois que morrerem irão para o céu os que foram semelhantes a algo assim? (Anch., Doutr. Cristã, I, 208)
yapira (t, t) (s.) - mel (VLB, II, 35); mel líquido (Fig., Arte, 77); [adj.: yapir (r, t)] (xe) - ter mel (p.ex., a colmeia) (VLB, II, 35)
angyba'e (dem. pron.) - isto, isso (VLB, II, 15), este (es, a, as), esse (es, a, as): Angyba'e roîré teumẽ nde poxyramo... - Depois disto, guarda-te de ser mau. (Ar., Cat., 106v)
iké2 / eîké (t) (v. intr. compl. posp. irreg.) - 1) entrar; penetrar (compl. com pe, pupé ou supé): -Oîképe a'e i boîá aé Anás rokype? -Oîké. -Entraram aqueles mesmos discípulos seus na casa de Anás? -Entraram. (Ar., Cat., 55); -Marã Santa Maria rekóremepe, karaibebé reîkéû i xupé? -Como estava Santa Maria quando o anjo entrou para junto dela? (Ar., Cat., 30v); Eîké kori xe nhy'ãme... - Entra hoje em meu coração. (Anch., Poemas, 92); Oîké îugûasu, i akanga kutuka... - Penetram grandes espinhos, espetando sua cabeça. (Anch., Poemas, 122); Oîké itapygûá nde 'anga pupé. - Penetram os cravos dentro de tua alma. (Anch., Poemas, 122); ...nde rokype oîkébo - entrando em tua casa (Anch., Poemas, 124); Aîké nhãîmbiara pupé. - Entrei nos caminhos das fontes. (Anch., Teatro, 46); 2) pôr-se (o sol); recolher-se: Tó! Aîpó n'i papasabi, kûarasymo oîké îepémo! - Ó! Isso não seria possível contar, ainda que o sol se pusesse! (Anch., Teatro, 38) ● oîkeba'e - o que entra: ...Pe 'angyme oîkeba'epûera... - O que entrou em vossas almas. (Ar., Cat., 89); eîkeara (t) - o que entra: ...Îase'o rakó perekó peẽmo teîkeara moetesabamo... - Com pranto estai como modo de louvar o que entra junto a vós. (Ar., Cat., 85v); eîkeaba (t) - tempo, lugar, modo, causa, etc. de entrar; entrada: Oîepé karaibypy rekoangaîpaba ikó 'ara pupé seîkeagûera... - O pecado de um primeiro homem branco foi a causa de sua entrada neste mundo. (Ar., Cat., 154v-155) (O gerúndio de iké / eîké tem duas formas: gûiteîkébo ou gûikeabo, eîkébo ou eîkeabo, etc. Isso acontece também com verbos derivados dele, como moingé, îemoingé, etc.)
kamasary (etim. - líquido dos olhos dos seios) (s.) - CAMAÇARI, 1) espécie de árvore combretácea (Terminalia fagifolia Mart.); 2) espécie de árvore clusiácea (Caraipa densiflora Mart.) (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 102). "Cria-se entre a casca e o âmago desta árvore uma matéria grossa e alva, que pega como terebintina... e, se toca nas mãos, não se tira senão com azeite." (Sousa, Trat. Descr., 215)
moîesuer (v.tr.) - convencer (VLB, II, 12), induzir, persuadir, tornar inclinado ou tendente [a algo: com ri ou esé (r, s)]: Ereîmoîesuerype abá mba'eaíba ri sekorama resé? - Induziste alguém a coisas más em seus futuros atos? (Anch., Doutr. Cristã, II, 101)
nhenomun (ou nhemũ) (v. intr. compl. posp.) - cuspir, escarrar [em algo ou em alguém: compl. com esé (r, s)]: ...Sobá resé onhenomũ-nomuna... - Em seu rosto ficando a cuspir. (Ar., Cat., 56v)
pirakubora (m) (s.) - o que tem pele quente, o que tem calor no corpo; (adj.: pirakubor) (xe) - ter pele quente: Xe pirakubor. - Eu tenho a pele quente. (VLB, I, 63)
sukuriîu (s.) - SUCURI, SUCURIJU, SUCURIÚ, nome comum a certos répteis ofídios da família dos boídeos (VLB, I, 76) "...Aferra em uma pessoa, vaca, veado ou porco e, dando-lhes algumas voltas com a cauda, engole a tal cousa inteira." (Cardim, Trat. Terra e Gente do Brasil, 64):... Xe tamuîusu Aîmbiré, sukuriîu... - Eu sou o grande tamoio Aimbirê, uma sucuriju. (Anch., Teatro, 28)
sykyîé2 (v. intr. compl. posp.) - temer, ter medo [de algo ou de alguém: compl. com a posp. suí ou com o gerúndio]: Anhanga nde moabaîté, nde suí osykyîébo. - O diabo te agasta, de ti tendo medo. (Anch., Poemas, 144); "Jesu" 'éreme, moxy sykyîéû... - Ao dizer "Jesus", o maldito tem medo. (Anch., Poemas, 186); ...Îudeus suí osykyîébo... - Tendo medo dos judeus. (Ar., Cat., 55); ...T'osykyîé umẽ Îesu Cristo... mombegûabo. - Que não tenha medo de anunciar a Jesus Cristo. (Ar., Cat., 81) ● sykyîaba (ou sykyîéba) - tempo, lugar, modo, causa de se ter medo, de temer; temor: Tupã anhõ... Anhanga sykyîabamo t'oîkó. - Deus somente seja a causa de temor ao diabo. (Ar., Cat., 141v); Morapitîara ixé, angaîpaba sykyîéba... - Eu sou um assassino, causa de se ter medo dos pecados. (Anch., Teatro, 90); sykyîebora - medroso (VLB, II, 35)
nhemombe'u1 (ou îemombe'u) (v. intr. compl. posp.) - confessar-se [de algo: compl. com esé (r, s)]: Seixu îabi'õ nhemombe'u. - Confessar-se a cada ano. (Ar., Cat., 17); Nd'e'i te'e abá o mendá îanondé onhemombegûabo o angaîpagûera... resé... - Por isso mesmo alguém, antes de se casar, confessa-se de seus pecados. (Ar., Cat., 132) ● onhemombe'uba'e - o que se confessa: ...I angaîpaba'e onhemombe'ukatue'ymba'e... - Os pecadores que não se confessam bem. (Anch., Doutr. Cristã, I, 195); nhemombegûara - o que se confessa, o confitente: Marãpe nhemombegûara rekóû...? - Como o confitente procede? (Ar., Cat., 89v); nhemombegûaba - tempo, lugar, modo, etc. de confessar-se: T'oporandu abaré supé o nhemombegûápe. - Que perguntem ao padre ao se confessarem. (Ar., Cat., 95v)
Caruaru (PE). Yves D'Evreux, (op. cit., p. 157), diz que karûarabora significava gotoso, epiléptico, donde se conclui que karûara era epilepsia. Anchieta, contudo, dá o nome Karûara a um pajé (Na Aldeia de Guaraparim, v. 289) que era invocado pelas velhas que buscavam sortilégios. Na Amazônia ocorre o sentido de mal ou enfermidade causada por feitiço; quebranto, mau-olhado. Talvez o termo já tivesse esse sentido no século XVI. Assim, cremos que Caruaru deva compor-se de karûara + 'y: rio dos feitiços. Outro sentido possível é o que tomamos nos modernos dicionários da língua portuguesa: nome (oriundo da língua geral setentrional) comum a certos répteis lacertílios, também chamados jacuaru, jacuruaru, jacruaru.
berame'ĩ2 (conj.) - como, como que, como se fosse, semelhantemente a: Korite'ĩ-aibeté obebébo berame'ĩ... - Como que voando muito rapidamente. (Ar., Cat., 37); ...Akó omanõba'erame'yma berame'ĩ... - Como se fosse aquele que não morrerá. (Ar., Cat., 155); Ypy suí berame'ĩ abur. - Emergi como que do fundo. (VLB, I, 31); ...T'oîese'ar-y berame'ĩ oîkóbo... - Vivendo como se estivessem unidos. (Anch., Doutr. Cristã, I, 228); Xe ra'yra berame'ĩ arekó. - Trato-o como se fosse meu filho. (VLB, II, 88); Itá berame'ĩ ixébo. - A mim é como que pedra (isto é, parece pedra). (VLB, I, 23); Sepîaka nhõ miapé berame'ĩ. - Vendo-o, somente, é como pão. (Ar., Cat., 84v)
eti (ou ti) (interj. de h.) - 1) oh! (como diz o que, caminhando, lembra-se de ter deixado algo); 2) (expressa espanto ou zombaria) (VLB, II, 53); olhai! olhai-me lá com que me vem! (a mulher diz e'a - v.) (VLB, II, 56)
senemby (s.) - SENEMBI, SENEMBU, SINIMBU, SINUMBU, designação comum a répteis lacertílios da família dos iguanídeos, que vivem em árvores e mudam de cor; uma variedade de lagarto (D'Abbeville, Histoire, 248v; Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 236)
uru1 (r, s) (s.) - 1) envoltório: ...Ogûeté suí, o uru suí, asé 'anga sẽme bé, Tupã sekomonhangi... - Tão logo ao sair a alma da gente de seu próprio corpo, seu envoltório, Deus a julga. (Ar., Cat., 159); 2) repositório, depósito, receptáculo, recipiente: Mba'e-poxy-katupabẽ ruru-a'ub-y gûé! - Ó mesquinho repositório de muitíssimas coisas más! (Ar., Cat., 165); mokaku'i-uru - recipientes de pólvora (Léry, Histoire, 343-344); ...Abá opo'ẽ tenhẽ 'y-karaíba ruru pupé. - Uma pessoa em vão enfia a mão num recipiente de água benta. (Ar., Cat., 352, 1686); 3) vasilha (com relação à coisa que está dentro dela): suru - a vasilha dele (i.e., do milho, do cauim, do mingau, etc., mas não de uma pessoa) (Fig., Arte, 79); îukyruru - vasilha de sal (VLB, II, 112); 4) bainha: Eîmondeb itangapema surupe. - Põe a espada na bainha dela. (Ar., Cat., 54v)
Um bom préstimo do estudo toponímico é o de aumentar nosso conhecimento do léxico do tupi antigo e das línguas gerais coloniais. Somente a toponímia revela-nos, por exemplo, que o substantivo pará designava rio, em tupi antigo. Gabriel Soares de Sousa informa, inclusive, que Pará era nome dado ao rio São Francisco. Vemos, ademais, centenas de nomes no Nordeste do Brasil que incluem o morfema ji (ou gi): Araçaji, Sergipe, etc. Ele é, na verdade, um alomorfe da palavra 'y (rio). Nenhum vocabulário nô-lo informa, mas a toponímia o faz. Assim, o estudo toponímico é um apêndice indispensável do estudo gramatical e lexical do tupi antigo.
syryk1 (v. intr.) - escorrer, correr (o líquido); escorregar, deslizar; vazar (p.ex., a maré) (VLB, II, 142): Sugûy turusu... ybype osyryka... - Seu sangue era muito, escorrendo no chão. (Anch., Poemas, 120); ...Aûnhenhẽ 'y sugûy abé i xuí i 'emi, osyryka. - Imediatamente, água e sangue dele vazaram, escorrendo. (Ar., Cat., 93)
tumung (v. intr.) - estremecer: Yby obu-obur, otumu-tumunga... - A terra ferve, ficando a estremecer... (Ar., Cat., 64)
ypyrunga (etim. - pôr começo) (s.) - começo, início, origem: Galilea suí katu, i ypyrunga... - Desde a Galiléia, sua origem... (Ar., Cat., 83, 1686)
aîpoba'e (dem. pron. n.vis.- somente ouvindo ou sentindo, mas não vendo) - esse (es, a, as), aquele (es, a, as); aquilo, isso: Aîpoba'e ri, ko'y asaûsu xe îara Îesu. - Por causa disso, agora amo a meu senhor Jesus. (Anch., Poemas, 108); Abápe aîpoba'e oîmomaran? - Quem desobedece àquele? (Ar., Cat., 67)
enotara (t) (s.) - 1) precursor, predecessor (no tempo, em viagem, na guerra, etc.), o mensageiro que vai antes, adiante dos outros, preparar as coisas para os que chegarão mais tarde, o preparador: Nd'e'i te'e oú Îandé Îara renotaramo, i mombegûabo... - Por isso mesmo veio como precursor de Nosso Senhor, anunciando-o. (Ar., Cat., 6); 2) o mais velho, o antepassado: -Abá abépe asé oîmoeté aîpó Tupã nhe'enga mopóne? -O eke'yra, o enotara, tunhaba'e. -Quem também a gente honrará para cumprir essa palavra de Deus? -A seu irmão mais velho, aos mais velhos, aos anciãos. (Anch., Dial. da Fé, 207); 3) algo que se prepara para alguém que vai, o que é preparado para o recebimento de alguém: kaûĩ xe renotara - o cauim que é preparado para meu recebimento (Anch., Arte, 45v) ● enotarûera (t) - o maior, ou o mais velho filho (ou filha) (VLB, II, 28)
ndibé (posp.) - com: ...I ndibé nde moetébo. - Com ele honrando-te. (Anch., Poemas, 84); Peîkó-eté Grácia rainha ndibé... - Vivei verdadeiramente com a rainha Graça. (Anch., Poemas, 158); ...Oka'ugûasu pabẽ, apŷaba kunhã ndibé... - Bebem muito todos, os homens com as mulheres. (Anch., Teatro, 134)
e- (pref. de 2ª pess. do sing.) 1) (pref. do modo imperativo): Eîuká! - Mata-o! (Anch., Arte, 18); Enhemim!... - Esconde-te! (Anch., Teatro, 32); Eîepe'a! Ekûá ké suí ra'a! - Afasta-te! Vai-te daqui já! (Anch., Teatro, 32); Emoîerekûab orébo... - Faze perdoar a nós. (Anch., Poemas, 84); 2) (pref. do gerúndio com verbos intransitivos da 1ª classe): Tupãnamo eîkóbo bé. - Sendo tu Deus também. (Anch., Poemas, 100)
enonhen (ou enonhẽ) (s) (v.tr.) - 1) repreender; corrigir, doutrinar em costumes (p.ex., o pai ao filho): Enonhẽ, eîakaká, t'oîepysyrõ-motá anhanga ratá suí. - Corrige-os, censura-os, para que queiram livrar-se do inferno. (Anch., Poemas, 158); Morubixaba tuîba'e onhe'eng memẽ i xupé, senonhena, i akakapa. - Os chefes velhos falam sempre a eles, repreendendo-os, censurando-os. (Anch., Teatro, 34); 2) reprimir: Mba'e-aí-potara renonhena. - Reprimir o desejo de coisas más. (Ar., Cat., 19v) ● enonhẽndara (t) - o repreensor, o que corrige, o que repreende: E'ikatu ipó senonhẽndarama supé é... - Pode certamente (contá-lo) para quem o repreenderá. (Ar., Cat., 73v)
eté2 (t) (s.) - 1) corpo: Pedro reté - o corpo de Pedro (Fig., Arte, 74); Sygépe o eterama Tupã tari... - Em seu ventre Deus recebeu seu próprio corpo. (Anch., Poemas, 88); Mba'epe asé reté remi'u? - Qual é a comida de nosso corpo? (Ar., Cat., 27v); Tupã aé, o karaíba pupé, i 'anga seté monhangi. - O próprio Deus, com sua santidade, as almas e os corpos deles fez. (Anch., Teatro, 28); Opá nde reté raíri itatîãîa pupé. - Riscaram todo o teu corpo com ferro pontiagudo. (Anch., Teatro, 120); 2) substância, matéria: Oîaby-eté seté tiruã oîkuabe'ymba'e. - Transgride-os muito o que não conhece sequer sua substância. (Bettendorff, Compêndio, 103) ● seteba'e - o que tem corpo, o que é corpóreo (VLB, I, 82)
tingy (ou tingyry) (etim. - líquido de enjôo) (s.) - 1) TINGUI, arbusto da família das sapindáceas (Magonia pubescens A. St.-Hil. ou Paullinia trigona Vell. ) que, lançado à água doce, serve para pescar o peixe, envenenando-o, sem, porém, fazer dano a quem o come. É também conhecido como titim. [O mesmo que timbó - v.] (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 272); 2) o sumo do barbasco (v. timbó) (VLB, I, 51)
Timonha (CE). De ty + mõî* - cozer; cozido (deduzido de mimõîa) + suf. -a: águas cozidas, águas quentes.
pyrung (ou purung) (etim. - pôr o pé) (v. intr. compl. posp.) - pisar [compl. com esé (r, s) ou ri]: -Muru ri opurũ-purung. - Fica pisando o maldito. (Anch., Poemas, 190) ● purungaba - tempo, lugar, modo, etc. de pisar: Nd'e'i te'e yby asé purungaba tiruã aîpoba'e re'õmbûera reroŷrõmo... - Por isso mesmo, até a terra que a gente pisa detesta os cadáveres daqueles. (Ar., Cat., 179-179v)
îeposanong [etim. - por remédios (ou poções) em si] (v. intr.) - tomar remédio, tomar poções: Pitanga nhemonhanga suí oîeposanõ-sanonga. - Ficando a tomar poções para não gerar uma criança. (Ar., Cat., 97, 1686)
îuriti (ou îeruti ou îurutĩ) (s.) - JURITI, JURUTI, nome comum a aves columbiformes da família dos peristerídeos e dos columbídeos (Sousa, Trat. Descr., 230)
Securi (rio de MT). De sukuriîu: sucuri, sucuriú, nome comum a certos répteis ofídios da família dos boídeos.
kaîeîu (s.) - nome de um peixe que tem "esporões com que pica qualquer cousa que sente junto a si" (Lisboa, Hist. Anim. e Árv. do Maranhão, fl. 175)
sykaba (s.) - limite, fim, término, o último: Oîoirundy tekó sykaba... - og orypápe Tupã asébe tekobé opaba'erame'yma me'enga i xykaba. - Quatro são os últimos dos fatos: o último deles é Deus dar para a gente, em seu paraíso, a vida que não acabará. (Ar., Cat., 154v); xe kó sykaba - o limite de minha roça (VLB, II, 22); (adj.: sykab) (xe) - ter limite, ter término: -N'i sykabi, n'i papabi. - Não tem limite, não tem fim. (Ar., Cat., 165)
Itaíba (PE). "Pelo decreto-lei nº 92, de 31-03-1938, o distrito de Pau Ferro, aparece com a denominação de Itaíba. (fonte: IBGE). Houve, aí, uma tentativa malograda de algum tupinista amador e despreparado de traduzir um topônimo em língua portuguesa para o tupi. Acontece que pau-ferro, em tupi antigo, é ybyraitá, planta da família das leguminosas (Caesalpinea ferrea Mart.) (Sousa, Trat. Descr., 217). Assim, a toponímia brasileira ganhou mais um nome sem sentido...
ypy2 (s.) - começo, origem, início, princípio, o primeiro: N'i xyî, na setéî, n'i ypyî... - Não teve mãe, não tem corpo, não teve começo... (Ar., Cat., 22v); Kó xe ypy. - Este é o meu princípio. (VLB, II, 87); Marã e'ipe iîypy? - Como diz o primeiro deles? (Ar., Cat., 26); Ixé iîypy. - Eu fui o primeiro deles. (VLB, II, 87); (adj.) - primeiro, original, inicial: tekó-ypy - a lei primeira (Anch., Poemas, 114); Adão, oré rubypy... - Adão, nosso primeiro pai (Anch., Poemas, 130); ta'yrypy - primeiro filho do homem, primogênito (VLB, II, 87); (adv.) primeiramente, em primeiro lugar, primeiro: O emitymbûerypy pupé Tupã potá-me'engano. - Dar também o quinhão de Deus naquilo que plantou primeiro. (Ar., Cat., 17)
îemoryryî2 (ou nhemoryryî ou nhemboryryî) (v. intr. compl. posp.) - interessar-se; cuidar, ter preocupação, ter cuidado [complemento com esé (r, s)]: ...Asaûsu, sesé gûinhemoryryîa. - Amo-a, por ela tendo cuidado. (Anch., Poemas, 182); Anhemoryryî (abá) resé. - Cuidei do homem (isto é, agasalhando-o, tratando-o bem). (VLB, I, 23, adapt.); Tupã sy t'îasaûsu, sesé îanhemoryryîa. - Que amemos a mãe de Deus, por ela interessando-nos. (Anch., Poemas, 180); ...Sekobekaturama resé bé onhemboryryîa. - Interessando-se também por sua felicidade. (Ar., Cat., 123)
ysypoimbé (s.) - CIPÓ-IMBÉ, GUEMBÊ, CIPÓ-DE-IMBÉ, UMBÊ, IMBEZEIRO, nome comum a plantas da família das aráceas, cipós muito grossos usados para puxar madeira na mata, para embarcações, etc. (Sousa, Trat. Descr., 224)
ekoporanga (t) (etim. - modo de ser belo) (s.) - virtude: ...T'ereîekosubeté tekoporanga resé. - Que te regozijes muito com a virtude. (Ar., Cat., 250)
pukamirĩ (etim. - rir um pouquinho) (v. intr.) - sorrir: Ereîeîuru-mopiningype, abá supé epukamirĩamo? - Pintaste-te a boca, sorrindo para os homens? (Anch., Doutr. Cristã, II, 95)
'useî (v.tr.) - 1) querer comer; querer beber; querer ingerir; ter sede (Fig., Arte, 2): Marãba'e so'o ereî'useî? - Que tipo de caça queres comer? (Léry, Histoire, 347); Ereî'useîpe u'i-puba? - Queres comer farinha puba? (Anch., Teatro, 44); Kaûĩaîa 'useîa é, opakatu amboapy. - Querendo beber vinho, tudo esgotei. (Anch., Teatro, 46); 2) desejar: T'oî'useî-katu Tupã rekó... - Que ele deseje muito a lei de Deus. (Ar., Cat., 81v) ● 'useîtara - o que quer comer; o que quer beber; o que deseja: ...tekokatu 'useîtara... - o que deseja a justiça (Ar., Cat., 19); 'useîtaba - tempo, lugar, modo, etc. de querer comer, de querer beber, de desejar; desejo: A'epe muru'apora 'y 'useîtápe... marã? - E as grávidas ao quererem beber água, que acontece? (Ar., Cat., 77v); 'useîbora - sedento: 'Useîbora mbo'y'u. - Dar de beber aos sedentos. (Ar., Cat., 18)
temiminó (ou temiminõ) (etim. - os netos) (s. etnôn.) - TEMIMINÓ, TIMIMINÓ, nome de nação indígena que falava a língua brasílica; indígena da tribo dos temiminós, do Espírito Santo (Cardim, Trat. Terra e Gente do Brasil, 122): Kó temiminó-poxy îandé rekó ogûeroŷrõ... - Esses temiminós malvados nossa lei detestam... (Anch., Teatro, 16)
abatido - abangab
aborto - akyrara
abraçar - aîuban
abrasar - apy (s)
ácido - aî (r, s)
adultério - agûasá
afiado - aembé (r, s)
afiar - aembe'e (s)
ágil - ara'a
agitado - ara'a
agradável - aysó; matueté; porambyrambyk
aguardar - arõ (s)
aguçar - aembe'e (s); apûapin (s); moapûá2; moapûaobyr; mobyr2
agudo - apûá (r, s)
- a'epe; ebapó
ainda - abé; bé ● ainda bem que: îá; iîá muru; (na neg.): ranhẽ
aipim - aîpĩ
aleijado (adj.) - asyk
além - amõngoty, amõ
alguém - abá; amõ abá
almofada - akangupaba
altibaixos - asura
amante - agûasá
amar - aûsub (s); amotar
amarelo (adj.) - îub
amarrar - apytĩ ● amarrar pelas mãos: popûar
ameaça - angagûaba (v. anga'o)
amontoado - atyra; tapûá
anjo - apŷabebé; karaibebé
ano - akaîu; ro'y
antes (adv.) - ranhẽ; (antes de): e'ymebé; enondé (r, s); îanondé
antigamente - akûeîme; erimba'e; kûesenhe'ym; raka'e
apalpar - abyky
apedrejar - api
aprendiz (adj.) - nhembo'e
apressado - anhẽ (r, s)
apressar-se - apûan (xe)
aquietar-se - arybé (xe); pyk
árduo - aíb
argola - apỹîa; apynha
assalto (= ataque) - pu'ama (m)
assassinar - apiti
assento - apykaba
atravessar - asab (s)
avó - aryîa
azedo - aî (r, s)
azul (adj.) - oby (r, s); obyeté (r, s)
banco - apykapuku
banquete (antropofágico) - pepyra (m)
barata - arabé
bastar - apysyk (xe) ● basta!: aûîé!
bem (adv.) - katu; katutenhẽ ● bem feito!: îamuru!
bigode - amotaba
bispo - abaregûasu
bola - apu'a; i moapu'apyra (v. moapu'a)
bolsa - aîó
bom - angaturam; katu; marangatu
bondade - angaturama
bondoso - angaturam; marangatu
brigar - akab (v.tr.)
broto - amykyra
cabeça - akanga
cadeira - apykaba
cajá - akaîá
caju - akaîu
caminhante - atara; ogûataba'e (v. gûatá)
carapinha - akangapixa'ĩ
casca - apé; pé; pepûera; pira
cego - (adj.): ró; esab (r, s); (s.): abaesaba
centopéia - ambu'a
cercar - aman; pîar (-îo-)
certamente - anhẽ; aûîeté; ipó; nipó; anheté; anhẽ serã
chamuscar - apek (s)
chapéu - akangaoba
chuva - amana
circular - amandab
círculo - amandaba
cobertura - aso'îaba
cobrir - aso'i
cocar - akangatara
coitado (adj.) - poreaûsub
compadre - atûasaba
companheiro - atûasaba; irũ
concha - apé; itã
concluído - aûîé
concubinato - agûasá
confuso - abaíb (v. abaíba)
consolar-se - apysyk (xe)
contrário (adj.) - obaîar (r, s)
cortado - asyk (v. asyka)
costas - aseîa; atukupé; kupé ● às costas: aseî; de costas - o atukupé pyterybo
costela - arukanga
cotia - akuti
covardia - abangaba; panema (m); membeka
covarde - abangab; panem; membek
crânio - akangapé
crespo - apixa'ĩ
cruzar - asab (s)
cuidar - angerekó; nhemosaînan
cume - apyra
curto - akyta'ĩ; apûa'ĩ
curvar - apar
demônio - anhanga; îurupari; tagûaíba
denso - anam (v. anama)
descobrir - aso'îabok
desde - abé; bé
desimpedido - aîereb (v. aîereba)
desistir - apor (xe)
desmanchar-se - apakuî
despir - aobok
desprezível - aíb (v. aíba)
destampar - aso'îabok
diabo - anhanga; îurupari
difícil - abaíb (v. abaíba)
discutir - apore'ym (xe)
diversos - amõaé; amõ amõ
doer - asy (r, s) (xe)
dolorido - asy (r, s)
doravante - angiré; ko'yré
duramente - atã (r, s)
duro - atã (r, s)
dúvida - akasanga
duvidoso - akasang
eixo - agûeá2
embora (= apesar de que) - îepé; aûîebé-te; tiruã
emparelhado - amỹî
emplumar - amongy (s)
encaroçado - apaîugûá; apatynã
encurtar - apûapyk; mombeb; eŷnhang2 (s); moapûa'ĩ
encurvado - apar (v. apara)
encurvar - apar
endireitar - aparok
enrugado - apixa'ĩ
entortar - apar; moapẽ
envelhecido - aíb (v. aíba); tuîba'e
envolver - aman; uban; pokek
enxuto - aku'i; kang (v. kanga); aku'ixa'ĩ1; ka'ẽ
escovar - abyky1
esmurrar - atyká
espelho - arugûá
esperar - ambé (só se emprega na 2a. p. s. do imper.: eambé! - espera!); arõ (s)
espirrar - atîam (xe)
espirro - atîama
espremer - amĩ
estimar - amotar; aûsub (s)
estrada - (a)pé (r, s)
estragado - aíb (v. aíba)
eternamente - aûîeramanhẽ
experimentar - a'ang (s)
falsamente - a'ub; tenhẽ
falsidade - a'uba
falso - a'ub (v. a'uba); memûã
família - anama; ta'yra
faminto - ambyasy
fantasia - a'uba
farpa - arupare'aka
fartar-se - apysyk (xe)
farto - apysyk (v. apysyka)
fazer - apó; monhang; ikó / ekó (t)
febril - akanunduk (v. akanunduka)
ferir - apixab; mopereb
fibroso - aîu (r, s); îyk (v. îyka)
fincar - atyká
fingido - a'ub; memûã; (nas palavras): nhe'engyrygûan(a)
firme - atã (r, s); ten
fojo (armadilha para animais) - ye'ẽ
fome - ambyasy; matĩaré
formoso - aysó
formosura - aysó; poranga
futuro (adj.) - ram
garganta - aseoka
geada - amanarypy'aka; ro'y-îukyra
goela - aseoka
granizo - amanybá
gritar - asem (r, s) (xe); sapukaî
guardar - arõ (s); erekó
honrado - abaeté; eté (r, s)
imediatamente - aûnhenhẽ
imitar - a'ang (s)
impedir - aru (s); moarûab
inclinado - apy'am/a
inferno - anhanga ratá
inglês - aîuruîuba
íngreme - abaíb/a
injuriar - a'o; erekoaíb
isso - a'e; akó; ûĩ; aîpó; eboûinga
juntamente - abé; esebé (r, s)
ligeiro - apûan/a
língua - apekũ; (= idioma): nhe'enga
listrado (ao comprido) - pirian/a
lobo-guará - agûaragûasu
logo - aûnhenhẽ; korite'ĩ; koromõ; sapy'a; taûîé ● logo após, logo depois de: abé; logo então: a'ebé; logo mais: koromõ
lombada - asura; kandura
louco - angaingaíba
magro - angaîbar/a
mais - abé; bé; bé-no; abé-no; benhẽ
mal2 (adv.) - aíb/a; memûã
maltratar - apypyk; erekomemûã
maravilhar - angerasó
mas - a'e; -te
mau - aíb/a; memûã; poxy; angaîpab/a
medir - a'ang (s)
medonho - abaîté
mesmo - aé; é ● nem mesmo: tiruã
mesquinho - a'ub/a
milho - abati
molhado - akym/a
moquear (= assar sobre uma grelha) - moka'ẽ
morcego - andyrá
moreno (adj.) - pytang/a
morno - akubaíb/a (r, s)
muitíssimos (as) - katupabẽ
muito (adv.) - eté; tekatu; katutenhẽ
namorado - aba'yba
negro - (adj.): un/a (r, s); (s.): tapy'yîuna
novamente - abé; bé; -no
nuca - atuá
nunca - a'an
obedecer - apîar (s)
odiar - amotare'ym; eroŷrõ
ódio - amotare'yma
ofegante - aŷbu
ofegar - aŷbu (xe)
ombro - ati'yba
oposto - (adj.): obaîar/a (r, s); (s.): obaîara(t)
oprimir - apypyk; pyk (-îo-)
ouvido - apysá
padre - abaré
papo - aîa; îurubyra; tendybagûyra
parecido - abŷare'ym/a
pecador - angaîpabora
pelado - apin/a
pelar - abo'o (s)
pentear - abyky
perceber - andub
peregrino - atara
pescoço - aîura ● no pescoço: aîuri
pessoa - abá
pontiagudo - atîaî/a (r, s)
pontudo - atîaî/a (r, s)
por - (= através de): upi (r, s); (= por causa de): suí; -reme; esé (r, s); ri
porém - a'e
povo - anama
prantear (alguém que morreu ou alguém que chega, como forma de saudação) - apirõ (s)
preguiça - ate'yma
preguiçoso - ate'ym/a; ekotenhẽ (r, s)
prezar - amotar
primeiro - (adj.): ypy; (adv.): ranhẽ
pronto - aûîé; ekoaûîé (r, s)
pronunciar - a'ang (s)
proteger - arõ2 (s)
provar - a'ang (s)
quantos (as)? mbobype? mobype? ● quantas vezes?: mbobype?
quente - akub/a (r, s)
quieto - arybé; (= silencioso): kyrirĩ ● ficar quieto (= ficar tranquilo): by'ar; ikonhote
raça - anama; ta'ysé
rapado - apin/a
rápido - (adj.): py'i; apûan/a (adv.): sapy'a; esapy'a; korite'ĩ
raso - apererá; peb/a; aîereb/a
relâmpago - amãberaba
resfolegar - aŷbu (xe)
riscar - aír (s)
roncar - ambu (xe)
roupa - aoba
ruim - aíb/a; memûã; poxy
saco - aîó
sapecar - apek (s)
seco - aku'i; ka'ẽ; tining
semelhante - abŷare'ym/a
sentir - andub
(adj. ou adv.) - anhõ; (adv.) - nhõ
somente - anhõ; nhõte
sozinho - anhõ; nhote; (adv.) - anhõ
surpreender (= apanhar de surpresa) - pokosub
suspeitar - andub ● suspeitar mal de: mondar2
também - abé; bé; -no
tapar - aso'i; obapytym (s)
tempestade - amanusu (v. amana)
tempo (= as condições atmosféricas) - 'ara
tentar - a'ang (s)
terrível - abaeté
terror - abaeté
torrar - a'embé (s)
torto - apar/a; bang/a; apen/a
tortuosidade - apara; banga; apena
tosquiar - apin; akarãî
triste - aruru
tristeza - angekoaíba; aruru; tekotebẽ
trucidador - apitîara (v. apiti)
trucidar - apiti
úmido - akymaíb/a; y (r, t); yby'y (r, s)
valente - abaeté; kyre'ymbab/a; pyatã
vários (as) - amõ
velho - (adj.): pûer/a; umûan/a; (s.): tuîba'e
vesgo - (adj.): ró; esabang/a (r, s); (s.): tesabanga
vestido (adj.) - aob
virgem (adj.) - kûare'ym/a
vizinhança - amỹîoka; amundaba
-ab - alomorfe de -sab (v.)
abé3 (adv.) - também; mais (é usado, às vezes, com o valor de uma conjunção aditiva e): Onheŷnhang umã sesé kunumĩetá kagûara,... gûaîbĩ, tuîba'e abé... - Já se juntaram por causa disso muitos moços bebedores de cauim, velhas e velhos também. (Anch., Teatro, 24); Xe abé taîasugûaîa... - Eu também sou um porco... (Anch., Teatro, 44); ...Kó aîkó sygepûera t'arasó i nhy'ãbebuîa abé xe raîxó-gûaîbĩ supé. - Aqui estou para levar seu ventre e também seus pulmões para minha sogra velha. (Anch., Teatro, 66); Osó S. Pedro, São João abé. - Foram S. Pedro e São João. (Ar., Cat., 55)
abé-no (adv.) - também (VLB, II, 124)
a'e1 (adv.) - aí, ali, lá, esse lugar, aquele lugar (n.vis.) (VLB, I, 89): Osem-y bépe irã a'e suíne? - Sairão ainda futuramente dali? (Ar., Cat., 47v); 2) esse momento, então: A'e ré t'asepenhan. - Depois desse momento hei de atacá-los. (Anch., Teatro, 74) ● a'e remebé; a'e remengatutenhẽ - então, nesse tempo (VLB, I, 118)
aîbîõte (adv.) - levemente (VLB, II, 21)
aîpope (adv.) - ali (n.vis.) (VLB, I, 32)
akoakokûesé (adv.) - trasantontem (VLB, I, 36)
akoamõ (adv.) - lá, acolá (local conhecido do ouvinte) (VLB, I, 20)
akokûesé (adv.) - anteontem (VLB, I, 37)
akokûesekûesé (adv.) - trasantontem (Fig., Arte, 128)
akoraka'e (adv.) - então, naquela época: Akoraka'e 'ara nhemonhang'iré... - Naquela época, após criar-se o mundo. (Ar., Cat., 84)
akoûĩme (adv.) - lá, acolá (local conhecido do falante e do ouvinte) (VLB, I, 20)
akûeîbé (adv.) - logo então (VLB, II, 24)
akûeîgûerabé (adv.) - desde aquele tempo; desde aquilo (que tu e eu sabemos) (VLB, I, 97)
akûeîkó (adv.) - assim: Akûeîkó xe rekóû xe marane'yma rerekóbo rimba'e re'a... - Assim eu procederei, tendo saúde futuramente. (Ar., Cat., 155v)
akûeîme (adv.) - outrora, antigamente, há tempos, naquela época, naquele tempo, nesse tempo, então: Aîmomburu akûeîme tupinambá. - Ameacei, outrora, os tupinambás. (Anch., Teatro, 132); Akûeîme aîkotebẽ, xe rekopoxy purûabo. - Antigamente eu estava aflito, praticando meus vícios. (Anch., Poemas, 130); Akûeîme kó tabygûara xe pó gûyrybo sekóû. - Antigamente estes habitantes da aldeia sob minhas mãos estavam. (Anch., Teatro, 126); N'i tyb-angáî setãmbûera. Opá... akûeîme n'i poretáî. - Não existem mais absolutamente suas antigas terras. Todas, há tempos, não contêm muita coisa. (Anch., Teatro, 52) ● akûeîme bé (ou akûeîmengatutenhẽ) - então, naquele mesmo tempo (VLB, I, 118)
akûeîpe (adv.) - ali (não vis.) (Fig., Arte, 129); lá, acolá (VLB, I, 20); aí (onde tu e eu sabemos) (VLB, I, 27)
akûeme (adv.) - o mesmo que akûeîme (Fig., Arte, 128)'
am (alomorfe de ram - v.): menama - futuro marido (Anch., Arte, 34); îarama: o futuro senhor (Anch., Arte, 33v)
ambype (adv.) - algum dia, futuramente [denotando tempo mais distante que mbype (v.)] (VLB, I, 31) ● ambype é (ou ambype é irã) - outro dia, já não agora (VLB, II, 61)
amẽ1 (adv.) - assim é (às vezes é ironia) (Fig., Arte, 137)
amẽîepi (adv.) - costumeiramente, de costume: Asó amẽîepi. - Ia de costume. (VLB, II, 120)
-amo - alomorfe de -(r)amo (v.)
amõ2 (adv.) - acolá (VLB, I, 20); mais para lá, além de (Fig., Arte, 129): Tapuîpe gûaîbĩ aru amõ Magûeá suí... - Aos tapuias trouxe as velhas de além de Magueá. (Anch., Teatro, 12) ● amõ suí - de acolá, dali (VLB, I, 89)
amõ3 (adv.) - alomorfe de ramõ (v.) (VLB, II, 51)
amo'ĩ (adv.) - há pouco, agorinha mesmo: Asẽ amo'ĩ i xuí... - Saí há pouco dele. (Anch., Teatro, 160)
amỹî (adv.) - 1) na ilharga, debaixo do braço (Anch., Arte, 41); 2) ao lado, emparelhado, do lado: amỹîoka - casas do lado, vizinhança (Anch., Arte, 41)
anangatu2 (adv.) - muitas vezes (VLB, II, 44)
angá2 (adv.) (na afirm. com o verbo 'i / 'é) - supostamente, em suposição: "Osó ipó re'a" a'é angá. - "Ele deve ter ido", disse eu em suposição. (VLB, II, 10)
angaîbĩ (adv.) - um pouquinho mais (VLB, I, 154) ● angaîbĩ'ĩ nhote - algum tanto, um pouquinho (VLB, II, 123)
angatutenhẽ (adv.) - nunca (VLB, II, 52)
angĩme (adv.) - pertinho (VLB, II, 74)
anheté2 (adv.) - 1) verdadeiramente, na verdade, de fato, certamente: Anheté, kó nde rapé, a'e nde remiekara. - Verdadeiramente, eis aqui teu caminho, o que tu procuras. (Anch., Teatro, 162); Anheté pesepîak irã Tupã Tuba 'ekatuaba koty xe gûapyka xe renane... - Na verdade, ver-me-eis estar sentado futuramente do lado direito de Deus Pai... (Ar., Cat., 56-56v); 2) é verdade! é certo!: "Anheté" eré tenhẽ umẽ, Tupã rera renõîa. - Não digas em vão: "-É verdade!", invocando o nome de Deus. (Ar., Cat., 67)
anõî (adv.) - da outra parte (Fig., Arte, 131); de acolá, dali (VLB, I, 89); de lá, daquela parte (VLB, I, 93)
anõîa (adv.) - outra parte; acolá; anõîa suí - de lá, daquela parte; de acolá, dali (VLB, I, 89; II, 93)
apy1 (adv.) - completamente, totalmente (na forma negativa, expressa o nunca terminar de fazer algo, como que gastando muito tempo): O'u-apy ahẽ mba'e. - Fulano come completamente as coisas; Nd'o'u-apyî ahẽ mba'e. - Nunca acaba de comer, não come fulano completamente as coisas. (VLB, II, 52)
apysagûé (adv.) - detidamente: Aîpó îandé rekó oîoirundyk mondykaba îabi'õ t'amombe'u apysagûé. - Cada um daqueles quatro destinos últimos de nossa vida hei de anunciar detidamente. (Ar., Cat., 154v)
-ar(a) - alomorfe de -sar(a) (v.)
araka'e (adv.) - antigamente (VLB, I, 36); então, naquele tempo (VLB, I, 118)
'ariré (adv.) - tardiamente (VLB, II, 125) ● 'ariré é - bem tardiamente (VLB, II, 125)
'arybo2 (adv.) - de dia (VLB, I, 91; Fig., Arte, 128)
'arybobé (adv.) - como de dia; de dia (VLB, I, 91)
asaîé2 (adv.) - ao meio-dia (VLB, II, 35)
aturõ (adv.) - ordenadamente: Peîkó-aturõ... - Agi ordenadamente. (Ar., Cat., 88v)
a'ua'ub (adv.) - com grande desejo: Asó-a'ua'ub. - Vou com grande desejo; desejo muito ir. (Fig., Arte, 139)
a'ub (adv.) 1) (com o verbo ou o nome reduplicados) - folgar em, ficar contente em: Asó-asó-a'ub. - Fico contente em ir. (Fig., Arte, 138); Arasó-rasó-a'ub. - Fico contente em o levar. (Fig., Arte, 139); 2) (com o verbo na negativa com -e'ym) - ter pesar em, lamentar, não ficar contente sem: N'asoe'ym-a'ubi. - Lamento não ter ido. (Fig., Arte, 139); N'aîmonhange'ym-a'ubi. - Lamento não o ter feito, não fico contente sem o fazer. (Fig., Arte, 139)
a'ubîõte (adv.) - levemente (VLB, II, 21)
aûîé6 (adv.) - bem, completamente; adequadamente, em boas condições: Aûîé aîub. - Estou bem (deitado). Aûîé aîkó. - Estou bem. (VLB, I, 54) ● Também pode receber intensificadores: aûîé-katu (ou aûîé-katutenhẽ): ...Peîeroŷrõmo aûîé-katu pe îara moingé îanondé. - Desprezando-vos completamente antes de fazer entrar vosso senhor. (Ar., Cat., 86); Ikó aoba niã aûîé-katutenhẽ Tupãnemendarama. - Eis que esta roupa será, adequadamente, de feriado. (VLB, II, 74)
aûîé7 (adv.) - ousadamente, afoutamente (VLB, I, 37)
aûîebé-te2 (adv.) - debalde, em vão: Aûîebé-te asó. - Debalde vou. (Anch., Arte, 23v)
aûîenhẽ (adv.) - inconsideradamente (VLB, II, 11)
aûîeté1 (adv.) - certamente, verdadeiramente, na verdade, decerto: Aûîeté, kó anga andupa, aseîá kûesé xe roka... - Certamente, eis que percebendo isso, deixei ontem minha casa. (Anch., Poemas, 112); Aîemĩngatupe ká; aûîeté na xe repîaki... - Hei de me esconder bem; certamente não me viu... (Anch., Teatro, 32); Erĩ! Aûîeté-pakó aîegûak ûinhemoúna... - Ah! Na verdade hei de me enfeitar, pintando-me de preto... (Anch., Teatro, 60)
aûnhenhẽ (adv.) - imediatamente, logo: ...Opor-oporĩ, Îesu o îarĩ kuapa aûnhenhẽ. - Ficou saltando, reconhecendo imediatamente Jesus, seu senhorzinho. (Anch., Poemas, 118); ...Nde rokype oîkébo, nde supa aûnhenhẽ. - Entrando em tua casa, visitando-te imediatamente. (Anch., Poemas, 124); Aûnhenhẽ o apixarĩ resé îepyki... - Imediatamente, de seu próximo eles vingam-se. (Anch., Teatro, 130)
-ba - alomorfe de -sab(a) (v.): tekobéba; sykyîéba; îukába (Anch., Arte, 28v)
1 (adv.) - 1) novamente, de novo, outra vez, de volta, mais; mais outra vez; mais ainda (VLB, II, 28): Our-y bépe irã Îesu Cristo ybaka suíne? - Virá de novo Jesus Cristo do céu, futuramente? (Anch., Doutr. Cristã, I, 172); ...Nd'oroîkotebẽ béî xóne. - Não estaremos mais aflitos. (Anch., Poemas, 146); Ne'ĩ bé! - Eia de novo! (VLB, II, 60); Irõ bé! - Enfim de volta! (Anch., Teatro, 134); Iîá mosapyr-y bé pekaî oîepegûasune. - Ainda bem que os três, novamente, queimareis em conjunto. (Anch., Teatro, 50); T'osepîak-y bé umẽ kûarasy! - Que não vejam mais o sol! (Anch., Teatro, 60); 2) ainda: Okaru bé. - Come ainda. (VLB, I, 28); A'ã bé. - Ainda estou de pé. (VLB, I, 112) ● bé amõ (ou bé amõno) - outro mais, mais outro (em número): Eîar-y bé amõ. - Toma mais outro. (VLB, II, 60); Enhonong-y bé amõ. - Põe mais outro. (VLB, II, 28)
béno (adv.) - também; mais outra vez; mais ainda (VLB, II, 28): ...Esendu-katu xe nhe'enga, ...i mopó-potá béno. - Ouve bem minhas palavras, querendo também cumpri-las. (Bettendorff, Compêndio, 119); Osó xe ruba béno. - Foi meu pai também. (VLB, I, 89)
beramete'ĩ (adv.) - semelhantemente (Fig., Arte, 149)
-bo1 - alomorfe de -abo (v.)
ebanõî (adv.) - daí, dali, desse lugar, dessa parte (onde tu estás) (VLB, I, 89): Marãeté'ĩ ra'umope amõ Anhanga ratá pora rekóû ikó 'ara pupé oîepé îasy Tupã ebanõî suí... o moingobérememo?... - Como será que um habitante do inferno viveria neste mundo se Deus o fizesse viver fora dali um mês? (Ar., Cat., 156v)
ebanõîa (adv.) - aí, esse lugar (em que estás) (VLB, I, 93): ebanõîa suí - daí, desse lugar (em que estás) (VLB, I, 93)
ebapó (adv.) 1) aí: ebapó suí - daí, desse lugar (em que estás); ebapó rupi - por aí, por essa parte (VLB, II, 82); 2) lá (lugar distante): ...Ebapó o soagûera suí Tupã Espírito Santo mbouri. - De lá do lugar para onde foi fez vir o Espírito Santo. (Ar., Cat., 4v, 5); Ikó 'ara pupé abiã Tupã remimonhangûera i porãngatu, memetipó ebapó ybakypy... - Se o que Deus fez neste mundo é muito belo, quanto mais lá, o céu primeiro. (Ar., Cat., 167 - 167v); 3) para lá: N'osóî tenhẽ ebapó. - Não foram em vão para lá. (D'Abbeville, Histoire, 342); ...Ebapó ûixóbo xe anama mongetábo... - Indo para lá para conversar com minha família. (D'Abbeville, Histoire, 351v)
ebokûe'ĩ (adv.) - ei-lo aí pertinho, eis aí pertinho (VLB, I, 109)
ebokûeté'ĩ (adv.) - ei-lo aí pertinho, eis que aí pertinho: Ebokûeté'ĩ turi. - Eis que aí pertinho vem. (VLB, I, 109)
eboûĩme (adv.) 1) aí (onde tu estás) (VLB, I, 27); 2) ali: Oîporará abépe mba'e amõ eboûĩme oîkóbone? - Sofrerá também alguma coisa ali estando? (Ar., Cat., 63)
eẽ (adv.) - 1) sim (de h. e m.) (Fig., Arte, 133): -Ereîupe, Saraûaî? -Eẽ. -Vieste, Sarauaia? -Sim. (Anch., Teatro, 24); 2) ah, sim! é mesmo! ah, muito bem! bem empregado te seja! bom proveito! (VLB, I, 45); 3) ah, já entendi! (VLB, II, 7; 44) ● eẽ hẽgûé (ou eẽ hẽgûy) (de h.) e eẽ îu (de m.) - Ah, sim! É mesmo! (como que entendendo, afinal, alguma coisa ou lembrando-se dela) (VLB, II, 7; 117)
-eme - alomorfe de -reme (v.)
emonanĩ (adv.) - continuamente (VLB, I, 80)
-er - alomorfe de pûer (v.)
erumby1 (adv.) - 1) finalmente, enfim (Fig., Arte, 148); 2) senão quando; e nisto (VLB, II, 115)
erumbynhẽ (adv.) - senão quando; e nisto; finalmente (VLB, II, 115)
esapy'a (adv.) - 1) de repente, repentinamente, de súbito: Akûeîme, gûimanõmo, anhanga, esapy'a, xe 'anga oîuká pecado irũmomo. - Antigamente, morrendo eu, o diabo, de repente, minha alma mataria com o pecado. (Anch., Poemas, 106); 2) depressa, logo: ...Pekûá esapy'a! - Ide depressa! (Anch., Teatro, 32); Erasó esapy'a. - Leva-o depressa. (VLB, I, 44); ...T'obasem esapy'a o îukaûãme... - Que chegue logo ao lugar em que o matarão. (Ar., Cat., 61v)
eteté (adv.) - demais, muitíssimo: Aîaby-eteté xe monhangara... nhe'enga mã...! - Ah, transgredi muitíssimo as palavras de meu criador! (Ar., Cat., 85v)
eûĩme (adv.) - aí (onde tu estás) (VLB, I, 27)
e'yîpe (adv.) - manifestamente (VLB, II, 31): Missa mondykápe épe ereîké îepi, nde îesûere'yîpe...? - É no final da missa que entras sempre, manifestamente consciente? (Anch., Doutr. Cristã, II, 105)
gûam - alomorfe de ram - v. (Anch., Arte, 19v)
gûymaenhẽ (adv.) - muito depressa, voando; zunindo (metaforicamente): gûymaenhẽ gûixóbo - indo eu voando (VLB, I, 48)
hẽhẽ (adv.) - sim (de h. e m.) (Fig., Arte, 133)
i-5 (alomorfe de îa-, pref. núm.-pess. de 1ª p. do plural, no permissivo): T'iru! ou Iru! - Tragamo-lo! (Anch., Arte, 23); T'ixapy! ou Ixapy! - Queimemo-lo! (Anch., Arte, 23)
îá3 (adv.) - ainda bem que; bem feito que (Expressa regozijo com o desastre de outrem. Leva o verbo para o gerúndio.): Îá omanõmo. - Ainda bem que morre. (Fig., Arte, 147; 163)
îá4 (adv.) - de costume, habitualmente, amiúde: Xe poronupã îá. - Eu açouto gente, de costume. (Anch., Arte, 51v); Akanhem îá. - Costumo fugir; fujo amiúde. (Anch., Arte, 51v); Xe îemoŷrõndûer îá. - Irrito-me habitualmente. (Anch., Arte, 51v); Xe memûã îá. - Eu sou mau de costume. (VLB, I, 73); Xe mba'easy-potar îá. - Eu sou enfermiço, doentio (isto é, tenho propensão para adoecer amiúde). (VLB, I, 105); Asó îá. - Vou, de costume. (Fig., Arte, 141)
îaby (adv.) - de costume, habitualmente, frequentemente: Nde nhemoŷrõndûer îaby. - Tu és rabugento de costume. (Fig., Arte, 140); Xe poronupã îaby. - Açoito gente frequentemente. (Anch., Arte, 51v)
iangyme (adv.) - por isso (VLB, II, 82)
îanhõte (adv.) - com moderação, temperadamente, prudentemente: Nde îanhõte mba'e e'u. - Come moderadamente. (VLB, II, 125)
iaty-iatyr (adv.) - aos montes (VLB, I, 34)
îeí1 (adv.) - certo tempo, longo tempo: Îeí xe rekóû. - Estive longo tempo; tardei. (VLB, II, 13, adapt.)
îeí2 (adv.) - hoje (que já passou ou ainda presente): Xe moanhẽ kó xe boîá, îeí xe repîaka'upa... - Apressam-me estes meus súditos, tendo saudades de mim hoje... (Anch., Teatro, 32); Marã-marã-pakó îeí xe rekóû?... - Que coisas, pois, hoje eu fiz? (Ar., Cat., 74v) ● îeî-îé - hoje mesmo (e não ontem) (Fig., Arte, 128) (V. tb. oîeí)
îeîbé1 (adv.) - de madrugada (VLB, II, 27); hoje bem cedo (Fig., Arte, 128); hoje cedinho (VLB, I, 69): Îeîbé apu'am. - De madrugada levanto-me. (VLB, II, 27); Îeîbé asó. - Vou de madrugada. (VLB, II, 27); Îeîbé apak. - Acordo de madrugada. (VLB, II, 27) ● îeîbeté - bem cedo, bem de madrugada (VLB, II, 27): Îeîbeté apak. - Acordo bem de madrugada. (VLB, II, 27)
îeîbé2 (adv.) - certo tempo, longo tempo (VLB, II, 44)
îepé2 (adv.) - bem que: ...Îepé asenõî. - Bem que o chamei. (VLB, II, 82); Îepé aîpó a'é. - Bem que disse isso. (VLB, II, 82)
îepé3 (adv.) - inutilmente, sem resultado, debalde: Apŷaba kunhã resé o ekó osa'ang-îepeba'e nd'e'ikatuî omendá... - O homem que tenta, sem resultado, ter relações sexuais com uma mulher, não pode casar-se. (Ar., Cat., 131v); Îepémo asó. - Eu iria inutilmente. (Anch., Arte, 23v); Îepé asó. - Vou debalde. (Fig., Arte, 136)
îepé4 (adv.) - em fuga, escapando-se: Aîur îepé. - Vim escapando-me. (Fig., Arte, 142); Osó îepé gûyrá. - Foi o pássaro, escapando-se. (Fig., Arte, 142); Asem îepé. - Saí em fuga. (VLB, I, 122)
îepé6 (adv.) - certamente, sem dúvida, na verdade, com efeito: Xe resemõ îepé itaîuba. - Sobra-me dinheiro, certamente. (VLB, I, 17); Aînhe'engapypyk îepé. - Argumentei contra suas palavras, com efeito. (VLB, I, 17); ...Îamanõ îepémo serã sepîakagûera abá supé mombe'u e'ymebémo. - Morreríamos certamente antes que contasse para as pessoas o que viu. (Ar., Cat., 165v); Kó nhõ anosẽ, îepé, moxy suí. - Somente estas, na verdade, retirei dos malditos. (Anch., Poemas, 150)
îepimemẽ (adv.) - 1) sempre: ...Îepimemẽ bé sa'anga i xupé... - Sempre também pronunciando-a para ela. (Bettendorff, Compêndio, 65); Amõ anhangusu-manhana îepimemẽ xe momboî. - Algum diabão espião sempre me ameaça. (Anch., Teatro, 162, 2006) ● îepimemẽndûara - o que é de cada dia, coisa cotidiana (VLB, II, 94)
'ikatu - alomorfe de e'ikatu (v. 'ikatu / 'ekatu)
iké1 (adv.) - aqui [o mesmo que ké2 (v.)]: ...iké seru-potá nhẽ - querendo trazê-los aqui (Anch., Teatro, 12); Iké xe roka. - Aqui é minha casa. (VLB, II, 41) ● iké suí - daqui (VLB, I, 89)
ikuabe'ymba'e (adv.) - sem saber, ignorantemente (VLB, II, 8)
ikuagûabe'yma (adv.) - sem saber, ignorantemente (VLB, II, 8)
ipó1 (adv.) - certamente, decerto, decididamente, na verdade (Fig., Arte, 137); resolutamente, de fato: Asó ipó. - Vou resolutamente. (Fig., Arte, 126); Abá ra'yra, ipó... - Filhos de índios, certamente... (Anch., Teatro, 48) ● com as partículas re'a (de h.) ou re'ĩ (de m.): provavelmente, acaso, quiçá, talvez (VLB, I, 87); dever (de probabilidade): Osó ipó re'a. - Deve ter ido. (VLB, I, 102); Osó ipó re'ĩ. - Deve ter ido. (VLB, I, 102); Xe mendûera ipó re'ĩ. - Meu ex-marido há de ser, certamente. (Anch., Teatro, 8) aan ipó (ou aan ipó biã ou naan ipó) - não deve ser; não será assim (VLB, II, 47); emonã ipó re'a - possivelmente, provavelmente (VLB, I, 80)
ipuku (adv.) - longamente, por longo tempo: Ipuku erimba'e îandé rubypy rekóû îase'o-monhanga... - Longamente nosso pai primeiro esteve chorando. (Ar., Cat., 84); Ipuku xe rekóû i monhanga. - Longamente eu o estive fazendo. (VLB, I, 102); Ipuku aîkó. - Estive por longo tempo; tardei. (VLB, II, 124)
iré - alomorfe de riré (v.)
karamosé (adv.) - algum dia (fut.); futuramente: -Asepîakymo mã! -Karamosé. -Ah, quem me dera vê-las! -Futuramente. (Léry, Histoire, 345) ● karamosé é - outro dia, já não agora (VLB, II, 61)
katueté (adv.) - muito; muito bem; muito mais, muito melhor (VLB, II, 44)
katunhẽ (adv.) - eia! avante! sus! acaba já! vai! (incitando, conclamando) (VLB, I, 17) (Leva o verbo para o gerúndio.): Nde katunhẽ. - Eia tu, avante! (VLB, I, 19); Pe katunhẽ. - Eia vós, avante! (VLB, I, 108); Katunhẽ eîerurébo oré katûagûama ri. - Eia, roga por nossa virtude! (Valente, Cantigas, III, in Ar., Cat., 1618)
katuté (adv.) - muito, muitíssimo, bem, bastante: ...Ta pe putu'ẽngatuté irã... pe îemokane'õ ré... - Haveis de bem recobrar o fôlego no futuro, após vos cansardes. (Ar., Cat., 170)
katutenhẽ (adv.) - 1) muito, muitíssimo, bastante, bem, muito mesmo: Aîpotá-katutenhẽ opabĩ taba mondyka. - Quero muito mesmo todas as aldeias destruir. (Anch., Teatro, 12); 2) nem mesmo, ainda que: ...Marãpe... nd'ereîase'o-mirĩngatutenhẽ-motari...? - Por que não queres chorar nem mesmo um pouquinho? (Ar., Cat., 157)
2 (adv.) - aqui; o mesmo que iké (v.): Rerityba, xe retama, i xuí xe ruri ké. - Reritiba, minha terra, dela venho aqui. (Anch., Poemas, 150); Ké abá rekóû anhẽ... - Aqui os homens estão, na verdade. (Anch., Teatro, 26); Ekûá ké suí ra'a! - Vai-te daqui já! (Anch., Teatro, 32); Xe anama poepyka ké ixé aîkó. - Para vingar minha família aqui eu estou. (Staden, Viagem, 157) ● keygûara - habitante daqui, o daqui: tupinakyîa keygûara - os tupiniquins, habitantes daqui (Anch., Teatro, 140)
keremẽ (adv.) - depressa! rápido! (dando ordem) (Fig., Arte, 135): Keremẽ xe remi'u rekoaba! - Depressa haja minha comida! (Léry, Histoire, 367)
koapapy1 (adv.) - sem resultado, inutilmente, em vão (VLB, I, 140)
koapapy2 (adv.) - o mais cedo possível, em um momento; imediatamente (VLB, I, 37)
kóbo (adv.) - em qualquer parte; por estas partes (lugar incerto); de toda parte (Fig., Arte, 130; VLB, II, 91): Omonhe'eng-uká temõ Tupã te'õmbûera kóbo... - Oxalá Deus mandasse os cadáveres de toda parte falarem. (Ar., Cat., 156v)
ko'e'ĩeté (adv.) - o mais cedo possível, em um momento (VLB, I, 37)
ko'ĩ (adv.) - pertinho (VLB, II, 74); perto; aqui pertinho (Fig., Arte, 130): Ko'ĩ aîkó (abá) suí. - Pertinho estou do homem. (VLB, II, 75, adapt.); ko'ĩ rupi - por aqui pertinho (Fig., Arte, 132); (adj.) - próximo, contíguo: ...Karaibebé i ko'ĩ? - O anjo da guarda está perto? (Anch., Teatro, 162, 2006)
kokoty1 (adv.) - doutra parte (VLB, I, 106); e por outra parte (Fig., Arte, 130); por outro lado, para outra parte (Fig., Arte, 130); para cá, para este lado (VLB, II, 91): ...Kokoty paranã aé rame'ĩ o abaetéramo erimba'e gûekoagûera sosé... - E por outra parte, semelhantemente, o próprio mar será mais terrível do que é seu costume. (Ar., Cat., 159v) ● kokoty bé - mais para cá (VLB, II, 91)
koriko'eme (adv.) - amanhã (VLB, I, 33)
korite'ĩte'ĩ (adv.) - amiúde, frequentemente (VLB, I, 34)
kote'ĩ (adv.) - eis aqui pertinho: Kote'ĩ turi kó. - Eis que aqui pertinho vem. (VLB, I, 109)
kûé1 (adv.) 1) aí, esse lugar: Kûé suí asó mamõ, amõ taba rapekóbo. - Daí ía para longe, frequentando outras aldeias. (Anch., Teatro, 4); 2) eis que lá, ei-lo acolá (VLB, I, 109)
kûeé (adv.) - eis lá, ei-lo acolá (para o que está longe) (VLB, I, 109)
kûe'ĩ (adv.) - ei-lo aí pertinho, eis aí pertinho (VLB, I, 109)
kûeîbo (adv.) - em alguma parte; por aí; por alguma parte (Fig., Arte, 130): ...Kûeîbo nhẽ xe rerobaka. - Fazendo-me mudar de direção por aí. (Anch., Teatro, 164, 2006); Îori, esenõî angá kûeîbo nde remimoaûîé. - Vem, dize o nome, ó sim, dos que tu venceste por aí. (Anch., Teatro, 14, 2006)
kûeîeté (adv.) - logo, rapidamente (VLB, II, 24); imediatamente: ...I mopu'ama kûeîeténe... - Fazendo-os levantar imediatamente. (Ar., Cat., 160v)
kûesekûesé (adv.) - anteontem (Fig., Arte, 128)
kykypeé (adv.) - de vez em quando; raramente (VLB, I, 101)
kykypenhõ (adv.) - de vez em quando; raramente (VLB, I, 101)
kype1 (adv.) - lá, muito longe (VLB, II, 17)
kype'ĩ (adv.) - algum tempo, por algum tempo (VLB, I, 125)
mamõ2 (adv.) - 1) fora, para fora, por aí afora: Asó mamõ. - Vou para fora. (VLB, I, 141); 2) longe, para longe: N'asó-potari mamõ... - Não quero ir para longe. (Anch., Poemas, 100); Oú tubixá-katu mamõ suí nde reká. - Veio um grande chefe de longe para te procurar. (Anch., Poemas, 138); Naroîaî mamõ xe sóû... - Nem por isso eu vou para longe. (Anch., Teatro, 186); Mamõ nhẽ kanhẽ-motara i py'a îaîporaká. - O desejo de sumir para longe enche seus corações. (Anch., Poesias, 265)
marandé2 (adv.) - de outra maneira, doutro modo (VLB, I, 106): Na marandé ruã... i pokoki xe rine. - Não doutro modo eles me combaterão. (Ar., Cat., 158); Marandé ipó ahẽ rekóû nhandu. - Ele, de costume, agiria de outra maneira (isto é, se ele agiu assim é porque deves ter feito alguma coisa). (VLB, I, 135)
marandé4 (adv.) - mal; como não deve; de forma errada (Fig., Arte, 137): Marandé ipó ereîkó. - Agiste como não devias, certamente. (VLB, I, 135); Marandé aîkó. - Ajo como não devo; faço travessuras. (VLB, I, 31)
marangatuabé (adv.) - de vez em quando; raramente (VLB, I, 101); rarissimamente (VLB, II, 96) ● marangatuabé é - rarissimamente (VLB, II, 96)
marani (adv.) - na maldade, na perversidade, no mal; mal, perversamente, velhacamente: Marani n'oîkóî îepé, ereropûar ybyrá nde remirekó resé! - Embora não agisse ela velhacamente, bateste com o pau na tua esposa. (Anch., Teatro, 168); Tekopûera t'aîpe'a t'aîkó umẽne marani... - Que eu afaste o proceder antigo para que não esteja no mal. (Anch., Poemas, 142); Marani aîkó. - Ajo mal. (VLB, I, 136)
matutenhẽ (adv.) - grandemente (VLB, I, 150); largamente (VLB, II, 18); prosperamente (VLB, II, 88); muito; muito bem (VLB, II, 44)
mbype1 (adv.) - algum dia, futuramente (VLB, I, 31); no tempo vindouro (VLB, II, 126); em alguma hora (Fig., Arte, 128)
mbypete'ĩ (adv.) - por aqui pertinho, por aqui em alguma parte próxima (VLB, II, 81); aqui pertinho em algum lugar (VLB, I, 40); pertinho: Mbypeteĩ ipó ahẽ rekóû. - Pertinho certamente ele está. (VLB, II, 74)
mbyté (adv.) - ainda: ...Xe pûeraî mbyté... - Eu estava ainda cansado. (Anch., Teatro, 136); Osykyî mbyté paîé Karûara. - Invocam ainda o pajé Caruara. (Anch., Poesias, 57)
-me1 - alomorfe de -(r)eme (v.)
memenhẽ (adv.) - devagar: A'é memenhẽ gûixóbo. - Vou devagar. (Fig., Arte, 160)
moîebyanhẽ (adv.) - assim é (Fig., Arte, 149)
moîepé2 (adv.) - uma vez: -Mbobype aîpó i 'éû? -Moîepé... -Quantas vezes disse isso? -Uma vez. (Ar., Cat., 55v) [o mesmo que oîepé2 (v.)]
moîepenhombé (adv.) - raramente (VLB, II, 96): Moîepenhombé akûab. - Passo raramente. (VLB, II, 96) ● moîepenhombé okûaba'e - o que passa raramente; o que é raro; coisa rara, coisa poucas vezes vista (VLB, II, 96)
mokõî2 (adv.) - duas vezes: -Mbobype aîpó i 'éû i xupé? -Mokõî. -Quantas vezes disseram isso para ele? -Duas vezes. (Ar., Cat., 57)
moxy (adv.) - nas más horas (Fig., Arte, 129)
muruangaba1 (adv.) - com louvor, de modo louvável; elegantemente: "-Peîké Tupãokype" e'i muruangaba. - "-Entrai na igreja" disse ele de modo louvável. (VLB, II, 24); A'é muruangaba. - Disse elegantemente. (VLB, I, 147)
naeté (adv.) - grandemente, grandissimamente (VLB, I, 150; Fig., Arte, 136)
naînanĩ (adv.) - de modo algum: Nainanĩ temiminõ... o erumûana mombó. - De modo algum os temiminós tiram seus nomes antigos. (Anch., Teatro, 142)
nakamẽ (adv.) (o mesmo que nakó amẽ) - geralmente, costumeiramente, de costume (VLB, II, 120): I nhe'engetá tenhẽ nakamẽ abá ogûe'õ kakareme... - Tem o homem, geralmente, muitas palavras em vão quando se aproxima de sua morte. (Ar., Cat., 156)
nanhote (adv.) - no mais só, ou somente (VLB, II, 50)
nanĩ (adv.) - assim, deste modo, desta maneira (VLB, I, 45)
nasaûbi (adv.) - não sem causa (Fig., Arte, 137)
nipukuî (adv.) - não longamente, pouco tempo, por pouco tempo (VLB, II, 83)
nõbo (adv.) - deste tamanho (VLB, I, 101) (o mesmo que nõmo - v.)
nõmo1 (adv.) - 1) deste tamanho (mostrando com as mãos) (VLB, II, 123); 2) até esta medida, até este ponto, até aqui: Nõmo nhõ ma'e t'asenõî ndebe. - Somente até aqui hei de nomear coisas para ti. (Léry, Histoire, 360)
nhẽ1 (adv.) - depressa: A'é nhẽ gûixóbo. - Vou depressa. (Fig., Arte, 160); Peîé nhẽ pesóbo. - Ides depressa. (Fig., Arte, 160)
nhemimîõte (adv.) - às escondidas (VLB, I, 123); secretamente (VLB, II, 114)
nhenhẽ (adv.) - ociosamente, sem porquê (VLB, II, 54); inocentemente (VLB, II, 12)
nhetekatunhẽpeũî (adv.) - completamente: Ererasó nhetekatunhẽpeũî. - Leva-o completamente. (VLB, I, 102)
nhõngatu (adv.) - tão somente: ...Tekokatu resé nhõngatu o apysykamo. - Confortando-se tão somente na virtude. (Ar., Cat., 189, 1686); oîepé nhõngatu... - tão somente uma vez (Ar., Cat., 112); Xe nhõngatueté koba'e aîporaráne mã! - Ah, tão somente eu, na verdade, sofrerei isto! (Ar., Cat., 155v). V. anhõ e nhote.
nhonhe (adv.) - somente, só (VLB, II, 118; Fig., Arte, 149)
nhonhẽtenhẽ (adv.) - absolutamente só, totalmente sozinho (VLB, II, 118)
nhota'ub (adv.) - levemente (VLB, II, 21); medianamente (denota, comumente, imperfeição na coisa): Turusu-nhota'ub. - É medianamente grande. (VLB, II, 34)
nhota'ubĩ (adv.) - medianamente: Turusu-nhota'ubĩ. - É medianamente grande. (VLB, II, 34)
oatukupébo (adv.) - de costas (Fig., Arte, 122)
oatukupepyterybo (adv.) de costas: Oatukupepyterybo aîub. - Jazo de costas. (VLB, II, 7)
oîabé (adv.) - igualmente, semelhantemente, da mesma forma, do mesmo modo: ...Og ere'yma pupé abá remipysyrõ oîabé sere'ỹme? - O que alguém acolhe no seu paganismo, no paganismo dele está igualmente? (Ar., Cat., 95v); ...Sesé onhemonane'yma, oîabé sekó potare'yma. - Com eles não se misturando, não querendo, igualmente, seu modo de ser. (Ar., Cat., 179v)
oîabekatu2 (adv.) - suficientemente: ...Oîabekatu o îuru pirá. - Abrindo sua boca suficientemente. (Bettendorff, Compêndio, 88)
oîeí1 (adv.) - hoje (Referindo-se ao tempo já passado. Às vezes se refere também ao futuro próximo.): I xupé oîeí eresapuká-pukaî. - Para ele ficaste gritando hoje. (Anch., Teatro, 138); Oîeí bé muru kaî... - Ainda hoje os malditos queimam... (Anch., Teatro, 88)
oîepebẽ (adv.) - só, sem companhia; somente, sozinho: Oîepebẽ aîkó. - Estou só. (VLB, II, 118); Ereîmombe'upe abá rekopoxŷagûera oîepebẽ nde remiepîakûera abá supé? - Contaste para as pessoas o mau procedimento de alguém, que somente tu viste? (Ar., Cat., 108); ...oîepebẽ xe moingóbo re'ĩ - fazendo-me estar sozinho (Ar., Cat., 155v); Oîepebẽngatu aîkó. - Bem sozinho estou. (VLB, II, 120)
oîeperemõ (adv.) - sem mistura, de um só tipo, de uma só espécie ● oîeperemõndûara - o que é sem mistura, puro, de uma só espécie (VLB, I, 130)
oîoapyri (adv.) - 1) ao pescoço um do outro: Oîoapyri oroîkó itá resé. - Estamos nos ferros ao pescoço um do outro (isto é, estamos presos nos ferros um ao pescoço do outro). (VLB, II, 85); 2) pegado, junto; parede meia com (VLB, II, 65)
oîobaîbé (adv.) - de ambas as partes (VLB, I, 89); de uma parte e de outra (VLB, I, 92)
oîoîabé (adv.) - igualmente (VLB, II, 9)
oîoîabenhẽ1 (adv.) - em igualdade, igualmente, do mesmo modo: Oîoîabenhẽ sekóû. - Estão em igualdade. (Bettendorff, Compêndio, 43); Oîoîabenhẽpe tekokatu resé o a'yra moingoagûama ri i nhemosaînanyne? - Igualmente se preocuparão em fazer seus filhos estarem na virtude? (Anch., Doutr. Cristã, I, 227)
oîoîabenhẽ2 (adv.) - de ambas as partes (VLB, I, 89); tanto um como o outro: Oîoîabenhẽ 'ara rupi Santa Maria... moaîuû... - Tanto um como o outro importunavam Santa Maria ao longo dos dias. (Ar., Cat., 7)
oîoirũirũsy (adv.) - em número par (VLB, II, 65)
oîoybyri (adv.) - dobrado em dois, em dobra de dois (p.ex., um fio) (VLB, I, 105)
oîrandé (adv.) - amanhã (VLB, II, 30; Fig., Arte, 128)
opemo (adv.) - de lado; de ilharga (VLB, II, 10; Fig., Arte, 122): Opemo aîub. - Jazo de lado. (VLB, II, 7)
oybabo (adv.) - às avessas, de atravessado, ao través (Fig., Arte, 122)
1 (adv. de h.) - sim (Fig., Arte, 133): -Ereîupe? -Pá, aîur. -Vieste? -Sim, vim. (Lery, Histoire, 341)
pa'ũpa'ũ (adv.) - com intervalos; uma vez sim, outra não; de vez em quando: Aîké-pa'ũpa'ũ nhote Tupãokype. - Entro na igreja só de vez em quando. (VLB, II, 13)
peuî - alomorfe de peîub [v. îub / ub(a) (t, t)]
peũî (adv.) - completamente, definitivamente: Eresó nhẽ peũî. - Vais definitivamente. (VLB, I, 102)
poîoybyri (adv.) - de modo dobrado (como fio) (VLB, I, 105)
potasábo (adv.) - voluntariamente, por vontade (VLB, II, 147): ...Perekó potasábo é, perekó i îukábo... - Tende-o por vontade, tende-o para matá-lo. (Ar., Cat., 61)
pyrybé (adv.) um pouco mais: ...I pyrybé perobîá... - Acreditai um pouco mais nele. (Anch., Teatro, 56)
pyxanga - alomorfe de pytanga (v.) (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 152)
pyxuna - alomorfe de pytuna (v.) (Soares, Coisas Not. Brasil [ms .c], 1154-1156)
raẽ (adv.) - antes, primeiro, primeiramente, em primeiro lugar: Emonã îé abá rekóû raẽ... - Dizem que o homem fez assim antes. (Anch., Doutr. Cristã, II, 100); Abápe îa'u raẽne? - Quem devoraremos primeiro? (Anch., Teatro, 64) [o mesmo que ranhẽ (v.)]
rakó1 (adv.) - na verdade, é verdade que, certamente, é certo: Kûeîsé, rakó, amõ kanhemi... - Ontem, é verdade que alguns sumiram. (Anch., Teatro, 12); A'e, rakó, i angaîpá... - Elas, certamente, são más. (Anch., Teatro, 14); Emonã rakó sekóû nde suí. - Assim agiu, na verdade, longe de ti. (Ar., Cat., 74, 1686)
rakûé (adv.) - de fato, na verdade: Tekatunheté rakûé endé hegûy! - Ah, que enfadonho és tu, de fato! (VLB, II, 54)
ranhẽ1 (adv.) - ainda (na negativa e na interrogativa, com o verbo auxiliar 'i / 'é): Nd'a'éî saûsupa ranhẽ. - Não o amo ainda. (Anch., Arte, 56); Nd'eréîpe esóbo ranhẽ? - Não foste ainda? (Fig., Arte, 144); Nd'a'éî gûixóbo ranhẽ. - Ainda não vou. (Fig., Arte, 162); Nd'eréîpe mba'e monhanga ranhẽ? - Ainda não fizeste nada? (Fig., Arte, 162)
ranhẽ2 (adv.) - primeiro, antes, primeiramente (na afirm.): ...Ereîkuá ranhẽ meémo emonã nde rekorama... - Deverias ter sabido antes do teu agir assim. (Ar., Cat., 57v); Pedro ranhẽ osó. - Pedro foi primeiro. (Anch., Arte, 45v); T'asóne ranhẽ. - Hei de ir primeiro. (Fig., Arte, 144) ● ranhẽ... ypy - primeiro, em primeiro lugar, pela primeira vez: Kó santo ranhẽ ypy og ugûy mo'ẽ-ukar. - Esse santo, pela primeira vez, fez verter seu sangue. (Ar., Cat., 139); Abá ranhẽpe erimba'e Tupã oîmonhang-ypy ybaka porama? - Quem Deus fez primeiro como habitantes do céu? (Ar., Cat., 44)
ranhẽ3 (adv.) - por enquanto, enquanto isso: Eîpysyk ranhẽ. - Segura-o por enquanto. (VLB, I, 118)
-ro- alomorfe de -ero- (v.)
setatupabẽ (adv.) - muitíssimo: Îuraragûaî setatupabé. - Mentiu muitíssimo. (D'Evreux, Viagem, 88)
supikatu1 (adv.) - 1) na verdade, verdadeiramente, legitimamente, com razão: Aîpó eré supikatu... - Isso dizes com razão... (Anch., Teatro, 32); Supikatu serã uîba'e ûyrá-memûã mbouri - Na verdade, esse certamente fez vir o pássaro mau. (D'Abbeville, Histoire, 353)
sybyamumbyaré (adv.) - no planalto, na chapada, no barranco (VLB, I, 72) (v. tb. yby'ama e yby'amumbyaré)
tabaraba - abaraba (t)
taé (adv.) - de modo encaixado, com justeza, no tamanho certo, na medida: Taé a'e. - Estou na medida. (VLB, I, 113)
NOTA - As palavras TAPANHUNO e TAPANHUNA entraram no P.B. por meio das línguas gerais coloniais:
taûîé (adv.) - logo, depressa, rapidamente: Aîmbiré, îarasó muru taûîé... - Aimbirê, levemos os malditos logo. (Anch., Teatro, 40); Ne'ĩ, taûîé i aîubyka! - Eia, enforca-os logo! (Anch., Teatro, 60); T'asepîak taûîé! - Que as veja logo. (Léry, Histoire, 345); Xe py'a xe 'anga eîar nde mba'eramo taûîé. - Toma logo meu coração e minha alma como coisas tuas. (Valente, Cantigas, II, in Ar., Cat., 1618) ● taûîé bé - logo mais (Fig., Arte, 128)
tekatu1 (adv.) - muito: ...I nhe'enga abŷabo-tekatu, i momburûabo... - Suas palavras transgredindo muito, amaldiçoando-o. (Ar., Cat., 85v)
tekatu3 (adv.) - de verdade: ...o moîangara tekatu... - seu criador de verdade (Ar., Cat., 88v)
tekatueté2 (adv.) - 1) muitíssimo: I abaeté-tekatueté Tupã... pópe abá 'ara. - É muitíssimo terrível cair o homem nas mãos de Deus. (Ar., Cat., 159v); 2) totalmente; verdadeiramente: Emonã-tekatuetépe... nde 'eagûera nd'ereîmopori? - Assim, verdadeiramente, não cumpriste o que disseste? (Ar., Cat., 111v)
tekatunhẽ1 (adv.) - muito; muitíssimo: Gûy i katu-tekatunhẽ kaûĩtatá. - Oh! É muito bom o aguardente! (D'Evreux, Viagem, 364); Aîmomba'eté-tekatunhẽ. - Honrei-o muitíssimo. (VLB, I, 113)
tekatunhẽ2 (adv.) - até mesmo: Xe aká tekatunhẽ. - Até mesmo gritou comigo. (VLB, I, 46)
tekori (adv.) - depois: Sesé nde nhemomotaragûera ranhẽ t'ereîmombe'u; mendasara resendûara tekori. - Hás de confessar primeiro tua atração por eles. O que diz respeito aos casados, depois. (Ar., Cat., 103v)
tenhẽ5 (adv.) - injustamente (VLB, II, 12); indevidamente (VLB, II, 11)
tenhengatupabẽ1 (adv.) - em vão, debalde (VLB, I, 90)
tenhengatupabẽ2 (adv.) - muito injustamente (VLB, II, 12); indevidamente (VLB, II, 11)
tenhenhẽ (adv.) - ociosamente, sem porquê (VLB, II, 54)
teumẽ (adv.) (É usado no imper. neg., levando o verbo para o gerúndio.) - guarda-te de, guardai-vos de, não: Aûîé! Teumẽ xe mombaka! - Basta! Não me despertes! (Anch., Teatro, 44); Akaî! Teumẽ xe rapŷabo! - Ai! Guarda-te de me queimar! (Anch., Teatro, 44); Ahẽ, teumẽ serobîá! - Oh, guarda-te de acreditar neles! (Anch., Teatro, 62); Teumẽ abá mba'e resé é mondarõmo. - Não te apropries das coisas de ninguém. (Ar., Cat., 107v) ● teumẽ ké (ou teumẽ teké ou teumẽ teké... nhandu ruã) - guarda-te de (avisando, admoestando ou ameaçando) (VLB, I, 151): Teumẽ teké serasóbo nhandu ruã. - Guarda-te de o levares. (VLB, I, 151); Teumẽ ké serasóbo rá. - Guarda-te de o levares. (VLB, II, 55; VLB, II, 56)
tobaké (adv.) - manifestamente (VLB, II, 31); em público, diante de gente (VLB, I, 113)
tyk (adv.) - em multidão; em grande número, em muitos (com o v. no pl.) - Tyk oro'é (ou Tyk oro'é nhẽ). - Em grande número estamos. (VLB, II, 44; Anch., Arte, 57); Tyk e'i. - Estão em grande número, são muitos. (Anch., Arte, 57)
ûam - alomorfe de ram (v.)
ugûan (adv.) - o mesmo que umûã e umã (v.) - já: Our ugûan... - Já veio. (Ar., Cat., 160v)
ûĩ2 (adv.) - como!: Nde poxy ûĩ! - Como tu és mau! (Anch., Teatro, 10)
ûĩ3 (adv.) - ali, acolá: Oîkotebẽ abaré uĩ gûasapaûama ri. - Fica aflito o padre por passar ali. (Anch., Poemas, 156) ● ûĩ suí - de acolá, dali (VLB, I, 89)
ûĩinga (adv.) - ali; acolá ● ûĩinga suí - dali, daquele lugar (VLB, I, 89)
ûimbyryb (adv.) - longe (VLB, II, 24)
uĩme (adv.) - ali, acolá (lugar que se vê ou quase se vê) (VLB, I, 20; 32)
umanĩ1 (adv. Leva o verbo para o gerúndio.) - devagar: A'é umanĩ mba'e monhanga. - Faço as coisas devagar. (Anch., Arte, 56v); Eré umanĩ mba'e monhanga. - Fazes as coisas devagar. (Fig., Arte, 160); A'é umanĩ mba'e gûabo. - Como as coisas devagar. (Anch., Arte, 56v)
-xûar - alomorfe de -sûar (v.), usado após i ou y (Fig., Arte, 139)
-xûer - alomorfe de -sûer (v.)
ybỹîme (adv.) - interiormente; de forma entranhada (VLB, I, 119)
ybỹîmengatu (adv.) - interiormente; de forma entranhada (VLB, I, 119)
ybyri1 (adv.) - ao longo da costa, ao longo do rio: Ybyri-pyryb t'îasó. - Vamos um pouco mais ao longo da costa. (VLB, II, 24)
ybyribé (adv.) - juntamente, ao mesmo tempo (VLB, II, 16)
ymûanĩ1 (adv.) - finalmente, enfim; nunca acabar de, nunca terminar de (como que gastando muito tempo); muito devagar (É usado com o verbo 'i / 'é na negativa, levando sempre o verbo principal para o gerúndio.): Nd'e'i ymûanĩ ahẽ aoba moaûîébo. - Ele nunca acaba de completar as roupas (lit., não se mostra ele, enfim, completando as roupas). Nd'e'i ymûanĩ osóbo. - Nunca acaba ele de ir (lit., não se mostra finalmente indo). (VLB, II, 52); Nd'e'i ymûanĩ ahẽ i îukábo. - Muito devagar ele o mata (lit., não se mostra ele finalmente matando-o). (VLB, II, 140)
ymûanĩ2 (adv.) - por longo tempo, em muito tempo, por longo intervalo de tempo: Ymûanĩ ahẽ rekóû. - Por longo tempo ele se deteve. (VLB, I, 125); Ymûanĩ xe rekóû. - Estive por longo tempo. (VLB, II, 13); Nd'a'éî ymûanĩ. - Não estou por longo tempo; não tardo. (VLB, II, 124); Nd'a'éî ymûanĩ i monhanga (ou A'é ymûanĩ i monhange'yma). - Não o estou fazendo em muito tempo; não estou tardando em fazê-lo. (VLB, II, 125); E'i ymuanĩ ahẽ i monhanga. - Ele o faz em muito tempo. (VLB, II, 81)
ypybyribé (adv.) - juntamente, ao mesmo tempo: I potare'yma ypybyribé "aûîebeté" a'é. - Eu disse: "-muito bem", ao mesmo tempo não o querendo. (VLB, II, 16)
tupi antigo Língua geral setentrional nheengatu (falado ainda no AM)
Finalmente, ao pedir as bênçãos do Padre Anchieta, na contracapa da 5ª edição de seu livro, ele, além de admitir que misturou duas línguas no mesmo dicionário, comete um grave erro histórico:
Acajutibiró (antigo nome da Baía da Traição, PB.). De akaîu - caju + tebiró - sodomita; (fig.) estéril, que não gera: cajueiro estéril: "Chama-se esta Bahia pelo gentio Pitiguar Acajutibiro, e os portuguezes, da Traição, por com ella matarem uns poucos de castelhanos e portuguezes que n'esta costa se perderam." (Sousa, Trat. Descr., XI).
Anum (AL). De anũ: anu, anum, ave cuculídea.
Arumanduba (AM). Da língua geral setentrional arumã* + tyba: ajuntamento de arumãs. (v. Arumã)
Biriba (AM). De ybyryba, nome de uma árvore.
Caiguatá (Arroio do RS). De ka'i + gûatá: caminhada de macacos.
Camará (AM). De kamará, nome genérico de certas plantas verbenáceas.
Camboim (AL). De kambu'i, planta mirtácea.
Canapi (AL). De canabi, conabi, arbusto da família das euforbiáceas, tida por medicinal. Devia ser termo da língua geral meridional e da setentrional.
Canhima (arroio do RS). De kanhema: sumiço, sumidouro, abertura por onde um rio desaparece terra adentro, ressurgindo em outros sítios mais baixos; escoadouro. Termo do tupi antigo que assumiu tal sentido na língua geral meridional. No nheengatu, sumidouro é mucanhemotyua, termo que também inclui o verbo kanhem (sumir), do tupi (Stradeli, p. 333).
Capim Açu (BA). De kapi'i + -ûasu: capim grande.
Carapanatuba (AM). Da língua geral setentrional, carapaná (Martius, Gloss. Ling. Bras., p. 38) + tyba: ajuntamento de carapanás.
Cariucanga (AM). Da língua geral setentrional, cariú - povo indígena extinto + kanga: ossos de cariús.
Coruripe (AL). De kururu + 'y + -pe: no rio dos sapos.
Cumaru (AM). De kumaru, árvore da família das leguminosas.
Ginimbu (AL). De îy + 'yemby: esteiro de rio.
Guapitangui (arroio do RS). De 'ybá-pytanga + 'y: rio das pitangueiras.
Iaquirana (AM). De îakyrana: cigarras, insetos cicadídeos.
Iauareté (AM). De îaûareté, mamífero felídeo.
Ibaté (Araçariguama, SP). De ybaté: o alto, as alturas.
Ibitiruí (antigo nome do Serro Frio, em Diamantina, MG). De ybytyra + ro'y: serro frio, morro frio. "Antônio Soares (...) chegou ao Serro do Frio, nome que os portugueses traduziram em língua própria: sendo que na gentílica é Hyvituruhy, que quer dizer Serro do Frio, aludindo ao muito enregelado frio, que faz pelo cume daquela Serra, com frigidíssimos ventos (...)" (Manuel José Pires da Silva Pontes [n.d.], p. 47)
Igarapé Açu (PA). De ygara + (a)pé (r, s) + -ûasu: caminho grande de canoas.
Ii-Tapuia (AM). De 'y + tapuia: cabana do rio, da língua geral setentrional.
Inambu (AM). De îambu, aves tinamídeas.
Inhapi (AL). De îapĩ, japim, japi, pássaros icterídeos.
Itaetá (arroio do RS). De itá + etá (r, s): muitas pedras.
Itaguaçu (Atibaia, SP). De itá + -ûasu: pedra grande.
Itapicuru Açu (rio da BA). De itá + puku + ry [de y (t, t)] + -ûasu: grande rio das pedras compridas.
Itapimerum (AM). Mesma etim. de Itapemirim (v.).
Itatuíra (arroio do RS). De itá + atyra: pilha de pedras.
Iucaí (AM). Da língua geral setentrional jucá + y: rio dos jucás, nome de uma árvore (v. Jucá)
Jacaraí (arroio do RS). De îakaré + 'y: rio dos jacarés.
Jacioba (AL). De îasy2 + oba (s, r, s): folhas de jaci, var. de palmeira.
Jatuarana (AM). Do nheengatu, um peixe caracídeo.
Jenipaú Açu (rio do PA). Do nheengatu, rio grande dos jenipapos. (v. Jenipabu)
Jequiá (AL). De îeke'a, covo de apanhar peixes.
Jurara (AM). De îurará, espécie de tartaruga.
Maracajá (AM). De marakaîá, nome de animal felídeo.
Maragogi (AL). De maragûaó + îy: rio dos maraguaós, o mesmo que maracajás, animais felídeos.
Marajá (AM). De maraîá, nome de palmeira (VLB, II, 63)
Morici (AL). De murisi: muricis, plantas malpigiáceas.
Mucajá (AM). Da língua geral setentrional mucajá*, var. de palmeira.
Mucura (AM). Termo da língua geral setentrional; o mesmo que sarigûé (v.).
Mucuripe (AM). De mukury + 'y + -pe: no rio dos mucuris, plantas gutiferáceas.
Murutinga (AM). Da língua geral setentrional muru*, erva da família das canáceas + tinga: murus brancos.
Oacari (AM). De gûakary, guacaris, peixes loricariídeos.
Pacoba (AM). De pakoba, var. de planta.
Piassabussu (AL). De peasab/a + -usu: grande porto.
Pioca (AL). De pi'ũ - pium, pinhum, insetos simulídeos + oka (r, s): refúgio de piuns.
Reritiba (antigo nome de Anchieta, ES). De reri + tyba: ajuntamento de ostras, sambaquis.
Saracura (antigo riacho de São Paulo, SP). De sarakura - ave gruiforme da família dos ralídeos.
Sinimbu (AL). De senemby: sinimbus, sinumbus, var. de lagartos (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 236).
Tabatinga (AM). De tobatinga ou tabatinga - var. de barro branco como cal (VLB, I, 52).
Tambaqui (AM). De tambaky - peixes caracídeos.
Taperaba (AP). De taperá + suf. -ab/a: lugar de andorinhas.
Tapiara (AM). Mesma etimologia de Tapejara (v.).
Tapiru (AM). De tapi'ira + 'y: rio das antas.
Taquarembó (arroio do RS). De takûara + 'yemby: córrego das taquaras.
Taraquá (AM). Do nheengatu taraquá, nome de uma formiga da Amazônia (Stradelli, p. 666).
Tucana (AM). De tukana: tucanos, aves ranfastídeas.
Urubuguaru (arroio do RS). De urubu + 'y + 'uara (v. 'u) + 'y: rio dos urubus que bebem água.
Urubuquara (AM). De urubu + kûara: toca dos urubus.
Urucuri (AM). De urukuri, urucuri, ouricuri, plantas palmáceas (Piso, De Med. Bras., IV, 181)
Urucurituba (AM). De urukuri - plantas palmáceas + tyba: ajuntamento de urucuris.
BARBOSA, A.L., Curso de Tupi Antigo. Rio de Janeiro, Livraria São José, 1956.
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abacaxi - naná
abano (para o fogo) - tatapekûaba
abertura - îaîa; puka (mb)
abrir - 'ab; pirar
absolutamente! (= não! de modo algum!) - erimã!
acidez - taîa
acordado - pak ● jazer acordado: îubé
adoecer - mara'ar (xe)
aflito - 'angekoaíb; maran; moreaûsub
aguado - 'a'y
ah! - mã!
alcoviteiro - manhana
aldeia - taba
alhures (= mais para lá, para longe, em outra parte) - amõngoty
ali - (não vis.): akûeîpe, a'epe; (vis.): ãme; ûĩme
alma - 'anga ● alma fora do corpo: 'angûera
almoçar - karu
amado - saûsupyra [v. aûsub (s)]
amendoim - mandubi
amor - taûsuba; îoaûsuba ● amor erótico: poropotara (m)
andorinha - taperá; myîu'i
anta - tapi'ira
antepassado - tamỹîpagûama
aonde? - mamõpe?
apenas (= tão somente) - sãî
aquilo - (não vis.): a'e; aîpó; akó; akûeîa; (vis.): kûeîa
ar - 'ara
ardido - taî
arquear (para cima) - kandab
arraia - îabebyra
arranhar - karãî
assaltar (= fazer ataque) - pu'am
assar (na brasa) - esyr (s)
avô - tamũîa; tamỹîa
azar - panema
azarento - panem
bagre - (variedades): îundi'a, pirá-akãmuku, kuri, etc.
bambu - takûara
banana - pakoba
barragem (para pesca) - pari
batalha - marana; marãtekó
bêbado - sabeypora; kagûara
bebedeira - ka'u
beija-flor - (variedades): gûaînumby; gûarasyaba, etc.
besouro - (variedades): mangangá, unaúna, etc.
boi - tapi'irusu
borboleta - panama
bradar - sapukaî
brasa - tatapynha
búzio - (variedades): gûatapy; sakurá; kupasy, etc.
cabelo - 'aba
caçador - ka'amondoara; ka'abondûara
cacho - taryba
cada - îabi'õ
cair - 'ar; kuî ● cair com: ero'ar
caixa - karamemûã
calor - takuba
calvo - 'akuîa; 'apytekuîa; 'apytereba
cana-de-açúcar - takûare'ẽ
canal (para apanhar peixes) - pari
canavial - takûare'ẽndyba
canela (parte do corpo) - tymãkanga
canindé - kanindé
cansaço - kane'õ; pûeraîa (mb)
cansado - kane'õ; pûeraî
cansar-se - kane'õ (xe)
canto (da casa, etc.) - koty
capim - kapi'ĩ
capivara - kapibara
capturar - îar / ar(a) (t, t); pysyk
cará (var. de peixe) - akará
caranguejo - (variedades): usá, gûanhumĩ, aratu, etc.
carnaúba - karana'yba
carta - papera (port.); kûatiara
cascavel (= var. de cobra) - mboîsininga
caspa (da cabeça) - 'apiku'i
catinga - katinga
cauim - kaûĩ
cerca - ka'aysá; ybyrá
chama - tataendy
cheiroso - yapûan (r, s)
chifre - 'aka
choça - tapyîa, tapuîa
chocalho - maraká
chorar - îase'o
choro - îase'o
choupana - tapyîa, tapuîa
cidade - tabusu
cigarra - îakyrana
cócegas (fazer) - pokirik; mokyxyk
coelho - tapiti
cogumelo - (variedades): karapuku; urupé, etc.
colega - tapixara
combate - marana
como? - marã îabépe? marãpe? marãngatupe?
convocar (para guerra ou reunião) - amanaîé
corda - sama ● corda para o sacrifício ritual, para amarrar o prisioneiro que será morto: musurana
cortar - 'ab; mondok; (com instrumento cortante): kytĩ
coruja - (variedades): kaburé; îakurutu; suîndara, etc.
costumeiramente - îaby; amẽ
coxo - parĩ
crepúsculo - 'are'yma
crescer - kakuab
cumieira - îapyrytá
cunha - kasaba
dedo - (da mão): pûã (m); (do pé): pysã (m); (dedo indicador): pobe'engaba (m)
dentada - tãîbora
dente - tãîa, tanha
desaparecer - kanhem
deserto - tabe'yma
desligar - rab (-îo-)
despovoado - tabe'ym (v. tabe'yma)
detentor - îara
deter (= parar, retardar) - mombytá; mombuku
dia - 'ara
dianteira (= vanguarda) - tĩapyra
doença - mara'ara; mba'easy
dono - îara
dor - tasy
dureza - tatã
eco - 'anga
eia! (= vamos!) - ene'ĩ! enẽ!
elegante - matueté
embarcar - 'ar
embebedar-se - sabeypor
encalhar (navio) - îar
encolhido (pano) - ponhea'ĩ
enfeixar - man (-îo-); moapytam
enfrentar (= fazer frente) - pytá
enfurecer-se - maramotar (xe); sapukaî2
enrolar - maman; apûapyk; mopokyrirĩ
entendimento - 'ara; tekokuaba
entorpecente (para peixes) - tingy; timbó
envelhecer - kakuab1; nhemoaíb3
envergonhado - mara'ar (v. mara'ara)
erva - ka'a
escolher - katu'ok
esgotado - pab (v. paba); kane'õ
espia - manhana
espiar - manhan
espiga - tara
espionagem - manhana
estrangeiro - maíra; atara; mamõygûaraé ● estrangeiro louro: aîuruîuba
estrela - îasytatá
excitar - kapyrok; moaning; mopyring; pokyram
extremidade - tapûá; apyra
falhar - rambûer
febre - takuba; akanunduka
feiticeiro - paîé (m)
feixe - mana
feriado - 'areté
fiar (= fazer fios) - poban
filhote (macho em relação ao pai) - ta'yra
fim - paba; papaba; sykaba
firmeza - tatã
floresta - ka'a
fogo - tatá
forasteiro - mamõygûara; atara
força - tatãngatu
formiga - (variedades): tasyba; ysá, akekẽ; arará, guaîu, etc.
forno - tapŷaba ● forno de fazer farinha: nha'ẽpesẽ2; nha'ẽpyúna
francês - maíra
frequentemente - îaby; py'i
fronteira - tatobapy
frustrar-se - rambûer (xe)
fugido - kanhem; îabab
fugir - îabab; nhegûasem; kanhem ● fugir com; fazer fugir consigo: eroîabab
fugitivo - kanhembara; kanhembora; îabapara
fumaça - tatatinga; timbora
fumo (= tabaco) - petyma
fundo (= parte inferior) - gûyra; typy
fúria - marãmotara
furioso - marãmotar (v. marãmotara)
gaivota - (variedades): aty; gûakagûasu, etc.
galho - takã; takãpyra
gambá - sarigûeîa
gastar-se - îarok; îearok; apakuî
gato-do-mato - marakaîá
gengiva - tãîbyra
gordura - kaba ● gordura fora do corpo: kagûera
grandemente - nãetenhẽ
grenha - 'abebó
grito - tasema ● grito de guerra: posema (m)
guloso - karu
imagem - ta'angaba
impedimento - tarûaba
imprestável - panem/a
intervalo - pa'ũ; nhopa'ũ
inútil - panem/a
jabuticaba - îabutikaba
jacaré - îakaré
jogar (= lançar fora) - ityk / eîtyk(a) (t)
lagarto - (variedades): teîu; teîugûasu; teîunhana; senemby; karapopeba; ameresyma; ameîuá, etc.
lampreia - karamuru
leite - kamby
lembrança - ma'enduasaba (v. ma'enduar)
lembrar-se - ma'enduar (xe)
limpo - katu; (fal. de campo, de trilha, etc.): asym; pe'yb/a
lombriga - sapoaîobaîa; teîkûatatina
louva-a-deus - ka'aîara
lua - îasy
luar - îasyendy
luta - marãtekó
lutar - marãmonhang
macaco - (variedades): ka'i; gûariba; mbyryki; sagûi; akyky, etc.
macho - sakûaîmba'e
madrugada - ka'amutuma ● de madrugada: ka'amutumo
maduro - (fal. de fruto): 'aîub/a; apaîé; 'apub/a
mamar - kambu
manchado - parab/a; pinim/a
manco - parĩ
mandar2 (= fazer ir) - mondó
mandioca - mandi'oka
mar - paranã
maracá - maraká
mata - ka'a
mato - ka'a
medida - ta'angaba
melhorar (da dor, da doença, etc.) - arybé (xe)
mensageiro - paresara; mimondó; temimondó
moita - ka'apûanama
morador - tapiîara; tekoara; suf. -ygûar(a)
mortandade - paba (mb)
mosca - (variedades): meru; mberuoby; îetinga; mutukusu, etc.
mosquito - (variedades): îati'ũ; marigûi; nhetingaruru
mundo - 'ara
nada - na mba'e ruã; (na neg.): mba'e
nascer - 'ar1
nascimento - 'araba (v. 'ar1)
navalha - marupá
nervo - taîyka
ninguém - na abá ruã; (na neg.): abá
ninho - tayty
número - papasaba
obstáculo - tarûaba
oceano - paranãgûasu
óleo - îandy
olhar - ma'ẽ
onça - îagûara; îagûareté
onde? - mamõpe? umãmepe? umãpe? ● de onde?: mamõ suípe?
orelha - nambi
osso - kanga
ótimo - matueté
paca - paka
pajé - paîé (m)
palmeira - (variedades): pindoba; tukũ; pati; pysandó; îeîsara; inaîá; karaná; îupati; maraîa'yba; karana'yba, etc.
papagaio - (variedades): aîuru; anaká; tiriba; îandaîusu; îendaîa; îuruba, etc.
passagem - tasapaba [v. asab (s)]
pasto - karûaba
pegada - takypûera; pypora (mb)
pegar - îar / ar(a) (t, t); pysyk
pelo - taba
pena - saba [v. aba (s, r, s)]
pendurado - îasekó
pênis - takûãîa
perder (= fazer sumir) - mokanhem
perdido - kanhem/a
periquito - (variedades): anakã; tu'ĩ; tu'ĩtyryka, etc.
permitir (= não se importar com) - epîakĩ (s)
pico - tapûá
pirilampo - mamûá
pitanga (= var. de planta mirtácea) - 'ybapytanga
polvo - kaîakanga
ponta - tapûá; apyra ● na ponta de: apyri
portador - îara
pote - kamusi; ygasaba
prensa (para retirar o sumo de plantas) - tepiti
presente (= dádiva) - îetanongaba
pressa - tanhẽ
primo - (paterno de h.): tybyra (quando mais moço); tyky'yra (quando mais velho); (de m.): kybyra
pulso - papy
qual? - marãpe? mba'epe? umãba'epe? (quais?): marã-marãpe? mba'e-mba'epe?
quanto? - nãbo? nãmo? mobype?
quotidiano - 'ara îabi'õndûar/a
rachadura - 'apaba (v. 'ab); boka
raiz - sapó [v. apó (s, r, s)]
ramo - takã
rastro - takypûera; pypora
rato - (variedades): gûabiru; punaré; karukuoka, etc.
receber - îar / ar(a) (t, t)
repentinamente - sapy'a; esapy'a
roer - karãî
rouco - îase'opyoú; nhe'ẽpyoú
sabiá - sabîá
sagrado - karaíb/a
santo - karaíb
sapé - sapé
saúde - marane'yma
seio - kama
sêmen - ta'yra
senhor - pa'i; îara
senhora - îara
sinal - ta'angaba; îekuapaba; pora (mb)
sombra - 'anga
suar - yaî/a (r, s) (xe)
sumir - kanhem
tamanduá - tamandûá
tapuia - tapy'yîa
taquara - takûara
tarde - karuka ● de tarde: karúkeme
tartaruga - (variedades): îurukûá; îurará; 'ygûara; uruana, etc.
tatu - tatu
terminar - pab
tia - (paterna): aîxé; (materna): sy'yra
tio - (materno): tutyra; (paterno): tuba2
tomar - îar / ar(a) (t, t)
tostado - ka'ẽ
trabalho - marãtekó; marãtekoaba; porabyky2 (m)
trombeta - (variedades): mimbygûasu; itamimby; mimbyapara; nhumbugûasu
unha - (da mão): pûapẽ (m); (do pé): pysãpẽ (m)
urinar - karuk
vagalume - mamûá
vagina - tapupira; akaîá; kûara
veia - taîyka
verme - (variedades): sebo'i; turuygûera; ura; ybyrapeasoka; ybyrasoka; tasoka; îaruma'i; taburaá, etc.
vespa - kaba; (variedades): kabapuã; kabatĩ; kabesé; kabobaîuba; kasunununga, etc.
vigiar - ma'enan
virilha - takó
virtuoso - karaíb; ekokatu (r, s)
vistoso - matueté; aysó
voltar-se - bak; erobak
zangado - mari
aan2 (part.) - 1) nada (VLB, II, 46); 2) nunca, nenhuma vez (VLB, II, 52); 3) nenhum; ninguém (VLB, II, 49) ● aãngatutenhẽ (ou aan-angáî) - absolutamente ninguém (VLB, II, 49)
aandé (part.) - mas não foi; não é assim (Fig., Arte, 137)
NOTA - Daí IBIAPABA (nome de chapada do Nordeste) (v. p. 386).
NOTA - Daí no P.B (AM), ABATINGA ("cabelos brancos"), pessoa velha, pessoa encanecida; ABATIRÁ ('aba + tyrá, "cabelos arrepiados"), nome de um antigo grupo indígena de Porto Seguro).
ABARÉ (padre) (quadro de Portinari)
Daí também, pelo nheengatu, o nome geográfico AUATI-PARANÁ (AM) (v. p. 386).
NOTA - Daí, o nome geográfico ITABUNA (município da BA ) (v. p. 386).
2 (part.) - diferente, vário, outro: Xe rekó-aé arekó. - Tenho meu modo de ser diferente. (VLB, I, 103), Oré rekó-rekó-aé oroerekó. - Temos nossos modos de ser diferentes. (VLB, I, 103); mba'e-aé - outra coisa (VLB, I, 29)
aé-amẽ? (part.) - qual outro senão?: Ma'e-kugûapara aé-amẽ ahẽ? - Qual outro é conhecedor senão ele? (VLB, II, 91); Maratekoara aé-amẽ ahẽ? - Qual outro é guerreiro senão ele? (VLB, I, 20)
a'ekeîbé (part.) - logo então (VLB, II, 24)
NOTA - Daí, no P.B. (S. e MT), ITAIMBÉ, ITAMBÉ, TAIMBÉ (itá + aembé, "pedras afiadas"), despenhadeiro, precipício; monte agudo e escarpado (in Dicion. Caldas Aulete). Daí, também, o nome geográfico ITAMBÉ (BA) (v. p. 386).
a'emo?2 (part.) - 1) E com tudo isso?: A'emo eresó? - E, com tudo isso, vais? (Fig., Arte, 137); 2) Por que haveria de? Por que razão haveria de?: A'emop'ixé serasó-a'ubi é? - Por que haveria eu de o levar? (VLB, II, 82)
a'emopeé (part.) - bem arrumado estaria se (quem fizesse, dissesse, etc. Com a'ubi.): A'emopeé ixé serasó-a'ubi é. - Eu estaria bem arrumado se o levasse. (VLB, I, 54)
a'enipó (part.) (ou a'enipoaé, a'enipó com ra'e no final do período) - e parece que: A'enipó (abá) pûari sesé ra'e. - E parece que o homem bateu nele. (VLB, I, 120, adapt.)
a'eno (part.) - senão que, se não fosse (VLB, II, 116)
NOTA - Daí, os nomes geográficos AGUAÍ (SP), AUAÍ (AM), etc. (v. p. 386).
NOTA - Daí, o nome do município de GUARAPUAVA (PR) (v. p. 386).
NOTA - Daí, o nome do município de GUARUJÁ (SP) (v. p. 386).
NOTA - Daí, o nome geográfico Jacaregueaú (rio do MT) (v. p. 386).
NOTA - Daí provêm os nomes geográficos AIRI (PA), AIRITUBA, etc. (v. p. 386).
NOTA - Daí, no P.B., JUÇANA-JURIPIIARA
NOTA - Daí, o nome geográfico AJURUOCA (MG) (v. p. 386).
NOTA - Daí, JURUJUBA (nome de enseada do RJ) (v. p. 386).
NOTA - Daí, no P.B. (AM), pelo nheengatu, SAJICA, rijo, forte, robusto (in Dicion. Caldas Aulete)
NOTA - Daí, no P.B., SACÃ (SP); SACANGA; SACAÍ (PA), graveto, galho seco; acendalha: Foi apanhar SACANGA no mato. (in Dicion. Caldas Aulete)
NOTA - Daí, os nomes geográficos CAJAÍBAS (BA), CAJAPIÓ (MA), etc. (v. p. 386).
Daí, também, os nomes geográficos ACAJUTIBA (BA), ACAJUTIBIRÓ (PB), etc. (v. p. 386)
NOTA - Daí, no P.B. (SE), os adjetivos ACAJIBADO e ACAJIPADO, significando deformado pelo uso; envelhecido. (in Dicion. Caldas Aulete)
Daí, também, os nomes geográficos JACUACANGA (RJ), JACARACANGA (BA), etc. (v. p. 386).
NOTA - Daí, ACARÁ, nome de vários acidentes geográficos no Brasil (v. p. 386).
NOTA - Daí, no P.B. (S.) o verbo ACOCAR, fazer mimos em; mimar, acariciar; ACOCAÇÃO, carinho, mimo; dengues. (in Dicion. Caldas Aulete)
NOTA - Daí, TACANHUNA (nome de grupo indígena e de rio do PA) (v. p. 386).
NOTA - Daí, JACUBA (nome de rio de SP) (v. p. 386). Daí, também, no P.B., JACUBA, 1) café engrossado com farinha de mandioca; 2) bebida preparada com água, farinha de mandioca, açúcar ou mel e, às vezes, com um pouco de cachaça; tiquara (in Dicion. Caldas Aulete)
NOTA - Daí, o nome geográfico ACURAÚ (AM) (v. p. 386).
NOTA - Daí, os nomes geográficos COTIA (SP), ACUTIACANGA (AM), etc. (v. p. 386).
NOTA - Daí, o nome geográfico AQUIQUI (v. p. 386).
NOTA - Daí, IBIAMA (ladeira de Salvador, BA) (v. p. 386)
NOTA - Daí, os nomes geográficos AMANDABA (SP) e AMANARI (CE) (v. p. 386).
NOTA - Daí, no P.B., AMANAIÉ, povo indígena do estado do Pará.
NOTA - Daí, MANDASSAIA (nome de serra do RJ) (v. p. 386).
NOTA - Daí, o nome AMBAÍUA (igarapé do AM), pelo nheengatu (v. p. 386).
ambûer [alomorfe de rambûer (v.) - composição de ram e pûer]: I porangeté kunumĩ, miaûsubambûerĩ mã! - Ah, é muito bonito o menino que poderia ser um escravozinho! (Anch., Poemas, 194); okambûera - casa que seria, o que seria casa (Anch., Arte, 34)
NOTA - Daí, o nome do município de MOCOCA (SP) (v. p. 386).
NOTA - Daí se originam, no P.B., as palavras ABIORANA, BIORANA, BIURANA, ABIURANA, todas com o significado de "falso abiu" e designando uma árvore da família das sapotáceas.
NOTA - Daí, no P.B., SAMBIQUIRA, uropígio das aves.
NOTA - Daí, os nomes geográficos AMANIÚ (BA), AMANIUTUBA (CE), etc.
NOTA - Daí, o nome geográfico ANANATUBA (PA) (v. p. 386).
NOTA - Daí, os nomes geográficos ANDIRATUBA (MG), ANDARAÍ (BA) (v. p. 386).
NOTA - Daí, os nomes geográficos ANDIROBA (MG), ANDIROBAL (MA), etc. (v. p. 386).
NOTA - Daí, no P.B., as palavras ANGA (PE), mau-olhado, enguiço; ANGATECÔ (AM), susto, sobressalto. (in Dicion. Caldas Aulete)
NOTA - Daí, no P.B., ANGAPORA ('anga + pora, "habitante das abrigadas", nome de tartaruga amazônica. Daí, também, o nome geográfico ACUTIANGA (AM) (v. p. 386).
angaba'eamẽ (part.) - o que não tem, o que falta (em): 'Y angaba'eamẽ ebokûé 'ypa'ũ. - Água é o que não tem essa ilha. (VLB, II, 15); Mba'e angaba'eamẽ. - É coisa que falta. (VLB, II, 15)
angabatene (part.) - ainda mais, tanto mais: Pero angabatene... - Ainda mais Pedro... (VLB, I, 28)
angabĩme (part.) - mais (VLB, I, 20)
NOTA - Daí, no P.B., o nome de gênio protetor dos índios muras. Daí, também, o nome geográfico ANGATURAMA (SP, RS) (v. p. 386).
NOTA - Daí, no P.B., ANHANGUERA, valentão (in Dicion. Caldas Aulete). Sua etimologia é "diabo velho", sendo alcunha dada por índios de Goiás ao bandeirante Bartolomeu Bueno da Silva); INHAMBUANHANGA (inhambu + anhanga, "inhambu diabo"), nome de uma ave tinamídea. Daí, também, os nomes geográficos ANHANGUERA, ANHANGABAÚ, etc. (v. p. 386).
NOTA - Daí, o nome da família dos ANHINGÍDEOS, usado pela Zoologia.
NOTA - Daí, o nome geográfico ANHEMBI (SP) (v. p. 386).
NOTA - Daí, o nome geográfico ANINGAL (PA) (v. p. 386).
NOTA - Daí, os nomes geográficos ANUM (AL) e ANUTIBA (ES) (v. p. 386).
NOTA - Daí, PAMONÃ, prato do sertão nordestino preparado com farinha de milho ou de mandioca, feijão, peixe ou carne; revirado. (in Dicion. Caldas Aulete)
NOTA - Daí, no P.B., TAPIRAPÉ (tapi'ira + apé, "caminho das antas"), nome de um povo indígena do Mato Grosso; CURUAPÉ (kururu + apé, "caminho de sapos"), nome de planta, o cipó-cururu; PERAU (pé + a'u - v. a'ub - "caminho ruim" ), 1) declive do fundo do mar ou de um rio; barranco; (RS) declive forte que cai para um rio ou arroio; 2) precipício. Daí, também, originam-se os nomes geográficos TATUAPÉ (SP), JACARAPÉ (PB), etc. (v. p. 386).
NOTA - Daí, no P.B., ABATIAPÉ (abati + apé, "milho cascudo"), arroz encontrado em estado silvestre nas margens dos lagos amazônicos; arroz-bravo.
NOTA - Daí, no P.B., TAPIRAPECU (tapi'ira + apekũ, "língua de anta", "língua de vaca"), nome de uma planta; APECU, coroa de areia feita pelo mar. Daí, também, o nome geográfico ITAPECUM (SC) (v. p. 386).
NOTA - Daí, no P.B., APICUM, APICU, PICUM, com o mesmo sentido. Daí, também, o nome geográfico APECUM (BA) (v. p. 386).
NOTA - Daí, PRIAOCA (nome de serra do CE) (v. p. 386).
NOTA - Daí, no P.B., o verbo CAPINAR (ka'a + apin, "rapar as ervas"), limpar uma área plantada, arrancando o capim ou as ervas daninhas que ali cresceram. Daí, também, o nome geográfico IBIAPINA (v. p. 386).
NOTA - Daí, os nomes geográficos IBIAPINA (chapada do CE), BAEPENDI (MG), BAEPINA, etc. (v. p. 386).
NOTA - Daí, no P.B., ENAPUPÊ, INHAPUPÊ, NHAMPUPÊ, espécie de perdiz grande, de bico longo.
NOTA - Daí, no P.B., IRAPUÁ, IRAPUÃ, ARAPUÃ (eíra-apu'a, "abelha de bola"), nome de abelha meliponídea que constroi ninho em forma de bola, dependurado nas árvores; ARAPUÁ, cabeleira emaranhada, em alusão ao ninho da abelha IRAPUÃ; IPUÃ (AM) ('y + apu'ã, "água redonda"), ilha. Daí, também, o nome geográfico APUÁ (PE) (v. p. 386).
NOTA - Daí, no P.B., ITAPUÁ, ITAPUÃ ("ferro pontudo") (AM), arpão curto, com ponta de ferro, usado em pescarias; ACARAPUÃ ("cará pontudo"), nome comum de peixes lutjanídeos também chamados caranha, dentão. Daí, também, o nome da praia de Salvador da BA, ITAPUÃ (v. p. 386).
NOTA - Daí, provavelmente, o nome da planta ARAPUÊ (ybyrá + apûé, "árvore distante", i.e., dos recessos da mata), da família das apocináceas.
NOTA - Daí, no P.B., PUAVA, 1) arisco, bravio; 2) (fig.) raivoso, colérico, irado; 3) (s.) pessoa ou animal puava; arisco; 4) indivíduo valente, destemido (In Dicion. Caldas Aulete). Daí, também, o nome geográfico APIAÍ (SP) (v. p. 386).
NOTA - Daí, no P.B., CARAPINHA [talvez de 'a(ba) + kyrá + apynha, "cabelos ensebados e circulares"], o cabelo crespo e lanoso dos negros.
apyngûara - variante de apyîgûara (v.) (D'Evreux, Viagem, 158)
NOTA - Daí, no P.B. (SP), GUAPIRA, GAPIRA (de 'y + apyra, "extremidade de rio"), lugar onde começa um vale.
NOTA - Daí, no P.B., JUÇANA-PITEREBA,
NOTA - Daí, talvez, o nome do povo indígena IAUALAPITI (îaûara + apiti, "os amarradores de onças"), da família linguística aruaque, que vive no MT.
NOTA - Daí, no P.B., JAIBARA, JABARA, JEBARA, JARIBARA ('yb + 'ari + 'yb + 'ara - queda de paus sobre paus), galhada de árvores caídas que ficam presas às ramagens de outras e cobertas de trepadeiras e epífitas.
NOTA - Daí, os nomes geográficos ARAIM (MA), ARAÍ (GO), etc. (v. p. 386).
NOTA - Daí, no P.B., TARARA (tara + ara, "arranca espiga"), aparelho com que se limpa o grão de trigo.
NOTA - Daí, o nome próprio de mulher GUACIARA (v. p. 386). Daí, também, no P.B., ARAGUIRÁ ('ara + gûyrá, "pássaro do dia"), tico-tico-rei.
NOTA - Daí, o nome geográfico ARAPORA (MG) (v. p. 386).
NOTA - Daí, o nome geográfico ARAQUÁ (PA) (v. p. 386).
NOTA - Daí, os nomes geográficos ARARIPINA (PE), ARARITAGUABA (SP), etc. (v. p. 386). Daí, também, no P.B., PIRARARA ("peixe arara"), peixe pimelodídeo com duas séries de pigmentos amarelo-ouro.
NOTA - Daí, o nome geográfico ARARAQUARA (SP) (v. p. 386).
NOTA - Daí, o nomes geográfico ARARÉ (PR) (v. p. 386).
NOTA - Daí, os nomes geográficos ARARUNA (PR), ARARUNAQUARA (PA), etc. (v. p. 386).
NOTA - Daí, os nomes geográficos ARAÇATUBA (SP), ARAÇAGI (PB), etc. (v. p. 386).
NOTA - Daí, o nome da localidade de ARAÇARIGUAMA (SP) (v. p. 386).
NOTA - Daí, no P.B., o nome do pássaro ARAÇUAIAVA. Daí, também, o nome geográfico ARAÇUAÍ (MG) (v. p. 386).
NOTA - Daí, o nome geográfico ARATACÁ (BA) (v. p. 386).
NOTA - Daí, os nomes geográficos ARATICU (PA), ARATICUM (BA), etc. (v. p. 386).
NOTA - Daí, os nomes geográficos ARATUÍPE (BA) e ARATUM (PA) (v. p. 386).
NOTA - Daí, ARUJÁ (nome de localidade de SP) (v. p. 386).
NOTA - Daí, ARAPIRACA (nome de município de PE) (v. p. 386).
NOTA - Daí, o nome do município de CAÇAPAVA (SP) (v. p. 386).
NOTA - Daí, o nome geográfico ARAÇOIABA (AC) (v. p. 386).
NOTA - Daí, no P.B., UBIRAÇOCA ("verme de madeira"), molusco vermiforme que destroi madeira.
NOTA - Daí, o nome geográfico AÇU (BA) (v. p. 386), consagrado na poesia de Gregório de Matos:
Primaz da cafraria do Pegu,
NOTA - Daí, o nome geográfico CARIACICA (ES) (v. p. 386).
NOTA - Daí se originam os nomes próprios de pessoa UBIRATÃ e UBATÃ e os nomes geográficos BUTANTÃ, GUARANTÃ, CATANDUVA (SP), etc. (v. p. 386). Daí, também, no P.B., JACARANDATÃ ("jacarandá duro"), árvore da família das leguminosas; CUNHANTÃ (de kunhã-atã, "mulher firme"), moça, menina, etc.
NOTA - Daí, no P.B., IGARATIM (ygar + atĩ, "canoa pontuda"), var. de canoa indígena. Daí, também, o nome geográfico ITATINS (MT) (v. p. 386).
NOTA - Daí, o nome geográfico ITATIAIA (RJ) (v. p. 386).
NOTA - Daí, o nome geográfico ATIBAIA (SP) (v. p. 386).
NOTA - Daí, no P.B., JATICÁ, arpão de haste longa com o qual se arpoam tartarugas.
NOTA - Daí, no P.B., PERAU (pé + a'u - v. a'ub - "caminho ruim"), 1) declive do fundo do mar ou de um rio; barranco; (RS) declive forte que cai para um rio ou arroio; 2) precipício.
aûîeramanhẽ - v.aûîerama
NOTA - Daí, no P.B., AÍ-MIRIM, AÍ-IBIRETÊ, nomes de variedades de preguiça. Daí, também, o nome geográfico AIQUARA (BA) (v. p. 386).
NOTA - Daí, no P.B. (AM, desus.), MUIRAÍRA (ybyrá + a'yra, "filhos das árvores") - replantio.
NOTA - Daí, o nome geográfico TAIRETÁ (RJ) (v. p. 386).
NOTA - Daí, pelo nheengatu, os nomes geográficos BACURITÉUA (PA), BACURITUBA (MA), etc. (v. p. 386).
beémo (part. que expressa o condicional ou o optativo passados): Anhandu beémo erimba'e angûama mã!... - Ah, se tivesse percebido isso outrora! (Ar., Cat., 165v); Îaîuká umã beémo. - Já o teríamos matado. (Fig., Arte, 19)
NOTA - Daí, no P.B., GUIRAGUAÇUBERABA (grande pássaro brilhante), da família dos traupídeos. Daí provêm, também, os nomes geográficos ITABERABA, ITUVERAVA, SABARÁ, etc. (v. p. 386).
NOTA - Daí provém o nome geográfico BIRIGUI (SP) (v. p. 386)
NOTA - Daí provêm nomes de lugares como ITABIRA (MG), ITAPIRA (SP), etc. (v. p. 386).
NOTA - Daí, no P.B., ABIBURA (yby + bura, "saliência da terra"), var. de cogumelo que cresce na terra.
NOTA - Daí, o nome geográfico BURI (SP) (v. p. 386).
é3 (part.) - mas, mas sim: -E'ikatupe morerokarûera omendá o emierokûera...? -Nd'e'ikatuî, o a'yretéramo é serekóû. -Pode o padrinho casar-se com aquele que batiza? -Não pode, mas o trata como seu verdadeiro filho. (Ar., Cat., 149); -Tupã Espírito Santo anhẽ a'e tatá? -Nda Tupã Espírito Santo ruã, tura îekuapaba é. -Deus Espírito Santo era, na verdade, aquele fogo? -Não era Deus Espírito Santo, mas, sim, um sinal da sua vinda. (Anch., Doutr. Cristã, I, 170)
é5 (part.) - de novo, novamente: Ang é! - Isto de novo! (VLB, II, 51)
é6 (part.) - pela primeira vez: Ang é. - Isto pela primeira vez. (VLB, II, 51)
é7 (part.) 1) outro dia, já não agora (coloca-se após o verbo): T'aîmombe'u é (ou T'aîmombe'u éne). - Outro dia o contarei. (VLB, II, 61); 2) (com o auxiliar 'i / 'é e o verbo principal no gerúndio) - tempo virá em que: E'i é ahẽ i kugûapane (ou E'i é ipó ahẽ i kugûapane). - Tempo virá em que ele o saberá. (VLB, II, 126)
NOTA - Daí, no P.B., SAMBARÉ (samburá + é, "samburá diferente"), espécie de samburá usado em certas regiões da Amazônia; JAGUARÉ (îagûar + é, "cão diferente"), nome de um cãozinho selvagem com riscas no pelo.
NOTA - Daí, no P.B. (SP), ITÉ ('y + té, "gosto de água"), sem gosto, insípido (in Dicion. Caldas Aulete).
(part. que expressa escárnio; de m.) (VLB, II, 139)
NOTA - Daí, no P.B. (N.), TIBIRA, vaca que dá pouco leite, ou cujo leite não espuma; uma espécie de "vaca macho".
NOTA - Daí, o nome de pessoa IRACI (ou ARACI), o nome geográfico IRAJÁ, etc. (v. p. 386).
NOTA - Daí, o nome do município paulista de ECATU (v. p. 386)
NOTA - Daí, no P.B., TEMBÉ, TEMBEZEIRA, beira de abismo; despenhadeiro (in Dicion. Caldas Aulete).
NOTA - Daí, no P.B., TEMBEQUARA (tembé + kûara, "beiço furado"), índio que fura o beiço; (adj.) que fura o beiço.
NOTA - Daí, no P.B., PIRAMETARA, peixe tembetá.
NOTA - Daí, no P.B., IMBETIBA, IMBITUBA, qualquer praia alta (in Dicion. Caldas Aulete).
NOTA - Daí, no P.B., CURIMBÓ,
NOTA - Daí, no P.B., MINGAU [(e)mi- + ka'u, "o que é empapado"), comida feita com farinha de maisena ou com aveia, tapioca, etc., e engrossada ao fogo com água ou leite e açúcar, adquirindo consistência pastosa; papa; MEMBI, MEMI, MEMBÉ, MIBU, MIMÔ, MUBU, MUMU (de (e)mi- + py1, "o que alguém sopra", flauta indígena feita da tíbia dos animais ou dos inimigos.
NOTA - Daí, no P.B., TEMIMINÓ ("os descendentes"), nome de povo indígena extinto, muito importante na história do Espírito Santo e ao qual pertencia o famoso cacique Arariboia; TUPIMINÓ (de Tupi + emiminõ, "descendentes dos tupis"), nome de povo indígena extinto do Brasil colonial.
NOTA - Daí, no P.B., PAMONHA (apá- + mimõîa, "o totalmente cozido"), mingau feito com o sumo do milho verde, ralado e espremido, leite, açúcar, etc. e posto para cozer embrulhado nas próprias folhas do milho, amarradas para tal fim.
NOTA - Daí, no P.B. (Amaz.), MIXIRA, conserva de peixe-boi, de tambaqui ou de tartaruga nova, temperada com azeite do próprio animal de que é feita (in Dicion. Caldas Aulete).
NOTA - Daí, os nomes de lugares ARARENDÁ (CE), POTIRENDABA (SP), etc. (v. p. 386).
NOTA - Daí, no P.B., MARANDUBA, MARANDUVA (marã2 + enduba, "ouvir coisas quaisquer"), história de guerras, de viagens; (N. N.E.) história fantasiosa, fabulosa.
NOTA - Daí, JACIRENDI (nome de localidade de SP) (v. p. 386).
NOTA - Daí, os nomes geográficos ITANHAÉM (SP), SIRINHAÉM (PE), etc. (v. p. 386)
NOTA - Daí, no P.B., INIMBÓ ('y + enimbó, "corda d'água"), nome de uma planta trepadeira da família das leguminosas, comum nas restingas.
NOTA - Daí provém o nome de uma ave, de que se dizia ser capaz de morrer e ressuscitar: o TEUTÉU (de te'õ-te'õ - morte, morte).
NOTA - Daí, o nome geográfico PARANAPIACABA (SP) (v. p. 386).
NOTA - Daí, TEÇAINDABA (nome de rua de São Paulo, SP) (v. p. 386).
NOTA - Daí, no P.B., BAITA (mba'e + etá, "coisa demais, muita coisa"), grande, enorme, imenso, crescido, desenvolvido: uma baita casa. Daí, também, PAQUETÁ (nome de ilha do RJ); GUARATINGUETÁ (município de SP); ITAETÁ (arroio do RS), etc. (v. p. 386).
NOTA - Daí, JAGUARETAMA (nome de município do CE), BURITAMA (município de SP), URUBURETAMA (serra do CE), etc. (v. p. 386).
eteumẽ (part. de 2ª p. do sing. Leva o verbo para o gerúndio.) - guarda-te de (Fig., Arte, 135); abstém-te de, evita: Eteumẽ kori marana rerekóbo xe resé. - Guarda-te, hoje, de ter guerra comigo. (Anch., Poemas, 150); Eteumẽ, aîpó tekó kuab'iré, tekó-poxy rerekóbo. - Guarda-te, após conhecer essa lei, de ter má vida. (Anch., Poemas, 158); Eteumẽ esóbo. - Evita ir. (Anch., Arte, 56)
NOTA - Daí, no P.B., ETA, interjeição que exprime surpresa, espanto, admiração, etc.: Eta menino levado!
NOTA - Daí, no P.B., TIJUPABA (te'yî + upaba, "pousada da multidão"), 1. cabana improvisada de índios, aberta dos lados, para abrigo de muitos deles durante suas travessias pela floresta; 2. palhoça que os trabalhadores constroem no meio da mata, nos seringais, roças, etc.
NOTA - Daí GUAVIRUTUVA (nome de bairro de Nazaré Paulista, SP) (v. p. 386).
NOTA - Daí, o nome da BAÍA DE GUAJARÁ, no PA (v. p. 386)
NOTA - Daí, no P.B., UAIMIURU
NOTA - Daí, no P.B., GUAIÚ, agitação, barulho: "Quase chorava de alegria ao recordar o GUAIÚ das piracemas, em dezembro." (Valdomiro Silveira, Nas Serras e nas Furnas, apud Novo Dicion. Aurélio).
NOTA - Daí, ACARIQUARA, localidade do Ceará (v. p. 386).
NOTA - Daí, talvez, provenha o nome GUANABARA (v. p. 386).
NOTA - Daí, GUARAQUEÇABA (nome de município do PR), GUARATIBA (nome de localidade do RJ), etc. (v. p. 386).
GÛARAABUKU (manto de penas de guará)
NOTA - Daí, o nome GUARABIRA (município da Paraíba) (v. p. 386).
NOTA - Daí, o nome geográfico GUAXINDIBA (ES) (v. p. 386)
NOTA - Daí, o nome geográfico GUATAPORANGA (SP) (v. p. 386)
NOTA - Daí, no P.B., GUIRÁ (gûyra + eíra, "abelha da parte de baixo"), abelha meliponídea (Melipona subterranea) que faz ninhos no chão.
NOTA - Daí, o nome geográfico ARAPONGAS (PR) (v. p. 386).
NOTA - Daí provém o nome do município de GUARATINGUETÁ (SP) (v. p. 386).
NOTA - Daí, o nome geográfico GUIRICEMA (MG) (v. p. 386)
NOTA - Daí, os nomes geográficos ITAJAÍ, PIRAJÁ, PACAJÁ, ARAÇAJÁ, etc. (v. p. 386).
NOTA - Daí, o nome geográfico JABAQUARA (v. p. 386).
NOTA - Daí, o nome geográfico BEBERIBE (rio de PE) (v. p. 386).
NOTA - Daí, no P.B., JABUTIBA (îaboti + 'yba, "planta do jabuti"), certa árvore da flora paulista; JABUTICABA, nome de uma árvore, de etimologia mais obscura.
NOTA - Daí, no P.B., JACAREÚBA, JACAREÚVA (îakaré + 'yba, "planta do jacaré"), nome de uma árvore gutífera; Daí, também, os nomes geográficos JACAREÍ (SP), JACAREGUABA (SP), etc. (v. p. 386).
NOTA - Daí, os nomes geográficos JACUÍ (BA), JACUÍPE (BA), etc. (v. p. 386).
NOTA - Daí, JACUACANGA (nome de baía do RJ) (v. p. 386).
NOTA - JACUMÃ, no P.B. (Amaz.), designa também 1) pá comprida que, em algumas embarcações, serve no lugar do leme; 2) governo de uma canoa com um remo de mão em uma de suas extremidades: "Sentado ao JACUMÃ, dava grandes remadas espaçadas" (in José Veríssimo, Cenas da Vida Amazônica, apud Novo Dicion. Aurélio).
Daí, também, no P.B. (PA e MA), JACUMAÍBA (îakumã + 'yba, "guia do jacumã"), piloto de canoa: "Chamam estes pilotos na sua língoa jacumaíbas, cujo nome é originado de umas pás, de que alguns usam nas suas canoas em lugar de leme, chamadas jacumá." (Pe. João Daniel [1757], p. 253)
NOTA - Daí, o nome geográfico JACARUTUOCA (localidade do CE) (v. p. 386).
NOTA - Daí provém o nome da canção XITÃOZINHO e XORORÓ (v. XERORÕ), dos compositores Serrinha e Athos Campos (do ano de 1939):
Eu não troco o meu ranchinho / Amarradinho de cipó / Por uma casa na cidade / Nem que seja bangalô / Eu moro lá no deserto / Sem vizinho, eu vivo só / Só me alegra quando pia / Lá prá aqueles cafundó / É o nhambuxitão e o xororó.
NOTA - Daí, JENIPAVAÍ (nome de localidade da BA) (v. p. 386).
îapĩ - JAPIM, JAPI, nome de um pássaro icterídeo (v. îapĩûasu)
NOTA - Daí provém o nome geográfico SERRA DO JAPI (SP) (v. p. 386).
NOTA - Daí, os nomes próprios de pessoa UBIRAJARA, IARA, etc. Daí, também, o nome geográfico NHANDEARA (SP) (v. p. 386).
NOTA - Daí provém o nome geográfico JURUBATUBA (SP) (v. p. 386).
NOTA - Daí provém o nome do bairro paulistano de JAÇANÃ (v. p. 386).
NOTA - Daí, JACIRA (nome de mulher), JACIRENDI (localidade de SP), etc. (v. p. 386).
NOTA - TABOCA, no P.B., além do significado já apresentado, também designa: 1) recipiente feito com o colmo da taboca: "...Destilam aquelas árvores este licor que o gentilismo domado aproveita espremendo aquele algodão em TABOCAS grossas e ocas." (Caetano da Costa Matoso, Descrição do Bispado do Maranhão, p. 933, 1749); 2) instrumento de sopro, feito com taboca: "...Então sopram fortemente, e costumam persuadir aos outros que bebam e dancem ao horrendo som de uma TABOCA e tambor." (D. Fr. João de S. José, Viagem e Visita do Sertão em o Bispado do Grão Pará em 1762 e 1763, 1762, p. 368). Daí, TABOCAS (nome de localidade da BA) (v. p. 386).
NOTA - Daí, JAÚ (nome de município de SP) (v. p. 386).
îé1 (part.) - ainda: A'é îé gûixóbo. - Ainda vou. (Fig., Arte, 161); Eré îé mba'e gûabo. - Ainda comes. (Fig., Arte, 161)
îé2 (part.) - dizem que, diz-se que (VLB, I, 104): Emonã îé abá rekóû rãé. - Dizem que o homem fez assim antes. (Anch., Doutr. Cristã, II, 100)
îé3 (part.) - sim, está bem, de acordo, é isso aí: Îé, aîpó xe moytarõ. - Sim, esses me satisfazem. (Anch., Teatro, 60); -Nde ranhẽ eporandub. -Îé. Marãpe nde retama rera? -Tu primeiro pergunta. -De acordo. Qual é o nome de tua terra? (Léry, Histoire, 361); Kó xe 'akusu, xe ranha... Îé, kó bé xe pûapẽ... - Eis aqui meus chifrões, meus dentes... Sim, eis aqui também minhas garras... (Anch., Teatro, 42, 2006)
i'e [alomorfe de e'i, 3ª pess. do indic. de 'i / 'é - dizer (v.)]: Emonã i'e ra'e. - Dizem que é assim. (VLB, I, 104)
Daí, também, PIRAJIQUI (nome de localidade da BA) (v. p. 386).
NOTA - Daí, no P.B. (N.E., pop.), JIÇUÍ (îe- + syî, "arrepiado" (falando-se da epiderme) (In Dicion. Caldas Aulete). (v. tb. syî)
JETICA (batata-doce) (fonte: Marcgrave)
iîá (part. que leva o verbo para o gerúndio. Às vezes é acompanhada pelas partículas muru, îaby ou mã.) - 1) ainda bem, ainda bem que: ...Iîá omanõmo... - Ainda bem que morreu. (Ar., Cat., 69v); Iîá oîembo'ebo. - Ainda bem que aprendeu. (Anch., Arte, 57); Iîá muru senonhana! - Ainda bem que o faz correr consigo! (Anch., Teatro, 164); 2) bem feito!: Iîá n'endé! (ou Iîá endébe!) - Bem feito para ti! Iîá n'ahẽ. - Bem feito para ele! (VLB, I, 28; II, 11); Iîá îaby ahẽ mã! - Ah, bem feito para ele! (VLB, I, 28); Iîá muru! I py'apûera xe potabamo t'oîkó. - Bem feito para o maldito! Seus fígados hão de ser minha porção. (Anch., Teatro, 64)
iîamuru (part.) - o mesmo que îamuru (v.) (Anch., Teatro, 64)
NOTA - Daí, PIRAQUÊ (nome de ribeirão do RJ) (v. p. 386).
NOTA - Daí, POTIRENDABA (município de SP) (v. p. 386).
NOTA - Daí, o nome geográfico INDAIATUBA (município de SP) (v. p. 386).
NOTA - Daí, o nome geográfico ANAGÊ (BA) (v. p. 386).
NOTA - Daí, o nome geográfico INGAÍ (rio de MG) (v. p. 386).
NOTA - Daí, no P.B., IRAXIM (eíra + isi'ĩ, "abelha miúda"), nome de uma abelha meliponídea. Daí, também, o nome geográfico TAQUARICHIM (RS) (v. p. 386).
NOTA - Daí, no P.B. (N.E.), TAGUAÇU ("pedra grande"), pedra que serve de âncora às jangadas. Daí, também, muitos nomes geográficos: ITAPORANGA (SP), ITAPEVA (SP), ITAPOROROCA (PB), ITAQUATIARA (RJ), etc. (v. p. 386).
NOTA - Daí, no P.B., ITAPECIRICA, monte que tem encostas lisas e escorregadias. Daí provém, também, o nome do município de ITAPECIRICA (SP) (v. p. 386).
NOTA - Daí, no P.B. (AM), ITAPUÃ, ITAPUÁ, arpão curto, com ponta de ferro, usado na pesca da tartaruga, do pirarucu, etc. (in Novo Dicion. Aurélio).
NOTA - Daí, o nome do município de ITARARÉ (SP) (v. p. 386).
NOTA - Daí, o nome do Parque Nacional do ITATIAIA (RJ) (v. p. 386).
NOTA - Daí, no P.B., TITICA (teîtyka, o que se joga fora), excremento de aves, merda; PEITICA (NE) ('yb+eîtyka, "lançar o pau"), pilhéria insistente e de mau gosto, grosseria, impertinência.
NOTA - Daí, o nome geográfico BARRA DO JUÁ (PB) (v. p. 386).
NOTA - Daí, no P.B., JUATI, erva da família das solanáceas, de inúmeros acúleos pungentes, também conhecida como juá-arrebenta-cavalo.
NOTA - Daí, no P.B., o elemento de composição -JUBA, presente em dezenas de nomes de plantas, animais, etc.: AIURUJUBA ("ajuru amarelo"), ave psitacídea; ARARAJUBA ("arara amarela"), ave psitacídea; CAMARAJUBA ("camará amarelo"), planta enoterácea; GURIJUBA ("guri amarelo"), peixe taquissurídeo; PIRAJUBA ("peixe amarelo"), peixe caracídeo; SUCURIJUBA ("sucuri amarela"), cobra boídea, etc.
Daí, também, o nome geográfico ITAJUBÁ (município de MG), etc. (v. p. 386).
NOTA - Daí, no P.B., JUIPONGA ("rã batedora"), outro nome dado ao sapo-ferreiro.
NOTA - Daí, também, no P.B., o verbo PERERECAR, andar de um lado para outro: "Lalino Salãthiel PERERECAVA ali por perto" (Guimarães Rosa, in Sagarana). PERERECA também designa, no P.B., uma pessoa ou um animal pequeno e agitado.
NOTA - Daí, o nome do famoso poema de Gonçalves Dias, I - JUCA - PYRAMA ("o que será morto"):
NOTA - Daí, no P.B., JUCÁ (aîura + ká, "quebra-pescoço"), pau-ferro, nome de uma árvore e de sua madeira, duríssima, usada para fazer tacapes.
NOTA - Daí provém o nome do município de JUQUITIBA (SP) (v. p. 386).
NOTA - Daí provém o nome do município de JUNDIAÍ (SP) (v. p. 386).
NOTA - Daí, JERICOAQUARA (nome de localidade do CE) (v. p. 386).
NOTA - Daí, JURUPARIPINDÁ (anzol do Jurupari), nome de um peixe ciclídeo; JURUPARIPIRUBA (Îurupari + pir + 'yba - "planta da pele do Jurupari"), planta medicinal da Amazônia. Daí também o nome geográfico JURUPARI (PA) (v. p. 386).
NOTA - Daí, o topônimo ITAGIBÁ (BA) (v. p. 386).
NOTA - Daí, no P.B., o verbo JIBOIAR, digerir tranquilamente uma refeição farta: "Ele está JIBOIANDO o almoço.
NOTA - Daí, no P.B., JUCÁ (aîura + ká, "quebra-pescoço"), outro nome dado ao pau-ferro. Daí, também, o nome geográfico ITACAVA (v. p. 386).
NOTA - Daí, o nome geográfico CAPEVA (SP) (v. p. 386).
NOTA - Daí, o nome geográfico CAPIÁ (AL) (v. p. 386).
NOTA - Daí se origina o nome do município de CAÇAPAVA (SP) (v. p. 386).
NOTA - Daí, no P.B., CABAÚ (kaba + y, "líquido de caba"), uma variedade de mel.
NOTA - Daí provém o nome da árvore CABREÚVA, isto é, o pau do caburé. CABURÉ também tem, no P.B., muitos sentidos, entre os quais 1) cafuzo, caboclo, caipira; 2) indivíduo atarracado; 3) pessoa que só sai de noite.
NOTA - Daí, no P.B., MOQUEAR (de mo- + ka'ẽ, "tostar"); MOQUÉM, grelha de varas em que se tosta ou se seca carne.
NOTA - Daí, no P.B., CANGUARA, aguardente, pinga: "O velho Mané Lucídio metia as suas canguaras, sentava na beira da calçada e falava feito reza de igreja." (M. Cavalcanti Proença, in Manuscrito Holandês, apud Novo Dicion. Aurélio).
NOTA - Daí, no P.B., CAÍ-ARARA, SAIRARA, var. de macaco cebídeo. Daí, também, o nome próprio de pessoa CAIOBI (v. p. 386).
NOTA - Daí, os nomes geográficos CAUCAIA (localidade do CE), COMANDACAIA (BA), PIRACAIA (SP), COCAIA (SP), etc. (v. p. 386).
NOTA - Daí, no P.B. (PA), CAMAPU, bolhas produzidas na água pela respiração do pirarucu, peixe da Amazônia.
NOTA - Daí, o nome geográfico LAGOA CAMAPU (PA) (v. p. 386).
NOTA - Daí, o nome geográfico SERRA DE CAMARATUBA (PE) (v. p. 386)
NOTA - Daí, o nome geográfico CAMBOIM (AL) (v. p. 386).
NOTA - Daí se origina o nome do município de CAMBORIÚ (SC) (v. p. 386).
NOTA - CAMUCIM é também nome de município do CE (v. p. 386).
NOTA - Daí, no P.B., SACANGA, galho seco de árvore; graveto.
NOTA - Daí, no P.B. (pop.), CANGUIÇO, pessoa muito magra. Daí, também, os nomes geográficos CANGUERA (SP), CANGUEIRA (PR) (v. p. 386)
NOTA - Daí, no P.B. (GO), CANGOEIRA, CANGUEIRA, leitoa magra. (In Dicion. Caldas Aulete). Daí, também, provêm os nomes geográficos CANGUERA (SP), CANGUEIRA (PR), etc. (v. p. 386).
NOTA - Daí, no P.B., CANHEMBORA, escravo fugido, quilombola.
NOTA - Daí, os nomes geográficos CANHEMA (bairro de Diadema, SP), ANHANGACANHIMA (MG), etc. (v. p. 386).
NOTA - CANINDÉ pode designar, também, no P.B., faca longa e pontiaguda usada pelos sertanejos do Ceará, em referência, certamente, ao longo bico da ave (in Dicion. Caldas Aulete).
NOTA - Daí, os nomes CAPIVARI (de município de SP), CAPIBARIBE (de rio de PE), etc. (v. p. 386).
NOTA - Daí, o nome geográfico LAGOA DE CAPUBA (ES). (v. p. 386).
NOTA - CAPUAVA, no P.B., designa, também, 1) terreno limpo para plantar roças; 2) (RN PB) casa mal feita ou em ruínas. CAPUAVA ou CAPIAU também designam o caipira, o homem da roça. Tal palavra está também presente na nomeação de lugares: CAPUAVA é nome de bairro de Santo André, SP (v. p. 386).
NOTA - Daí, o nome do município de CARAGUATATUBA (SP) (v. p. 386).
NOTA - Daí, o nome do município de ITACARAMBI (MG) (v. p. 386).
NOTA - Daí, o nome da epopéia de José de Santa Rita Durão, CARAMURU, alcunha do célebre Diogo Álvares Correia, português que viveu na Bahia nos primeiros anos após o descobrimento do Brasil pelos portugueses.
NOTA - CARAPINA é nome de uma variedade de pica-pau. Com tal acepção, porém, não tem registro em textos coloniais. No sentido de carpinteiro, contudo, é palavra muito usada: "Este foi João Pereira Barbosa, CARAPINA de officio." (Bettendorff [1698], p. 166.)
NOTA - Daí, o nome geográfico CARAPICUÍBA (SP) (v. p. 386).
NOTA - Daí, o nome geográfico CARIOCA (rio do RJ), que também designa o que nasce na capital fluminense (v. p. 386).
NOTA - Daí, no P.B. (AM), CARUANA, gênio benfazejo e serviçal que os indígenas crêem habitar o fundo dos rios e igarapés, e que os pajés invocam para curar doentes ou esconjurar feitiços, fumando e cantando uma toada monótona. (In Novo Dicion. Aurélio)
NOTA - Daí se originam os nomes de plantas BRACATINGA, ABÓBORA-CATINGA, AÇAÍ-CATINGA, ACAJU-CATINGA, ARATICUM-CATINGA, etc.
NOTA - Daí, os nomes geográficos ICATU (MA), BOTUCATU (SP) e o nome próprio CATUPIRI (v. p. 386). Daí, também, no P.B. (AM), ARACATU ('ara + katu, "dia bom"), dia de tempo firme.
NOTA - Daí provém, no P.B., CATUABA, homem forte, potente (PDBLP, 261)
NOTA - Daí, no P.B., CATUPÉ, nome de uma dança popular.
NOTA - Daí, no P.B., devem provir CAIÇUMA, 1) bebida fermentada, de frutos ou de milho cozido, fabricada por alguns indígenas; 2) (PA) molho de tucupi engrossado com goma de mandioca, fécula de batata, etc.; CAUABA, vaso em que os indígenas preparavam o cauim (in Novo Dicion. Aurélio).
NOTA - Daí, o nome do município de CAXAMBU (MG) (v. p. 386).
3 (part.) 1) olha lá! cuidado para, olha que eu te aviso! (para que faças ou não faças algo; junta-se aos verbos): Erasó umẽ ké. - Cuidado para não o levares. (VLB, II, 55; VLB, II, 56); 2) não é que: Ké muru ruri obébo? - Não é que o maldito veio voando? (Anch., Teatro, 24) ● Também com as partículas nhandu, ruã, rá (para h.) e raré (para m.): ké nhandu, ké nhandu ruã ou ké rá (para h.), ké raré (para m.): Erasó ké raré. - Leva-o, olha lá! (VLB, II, 56)
5 (part.) (Com o verbo 'i / 'é na negativa. Forma condicionais.): no caso de, se: Nd'e'i ké ogûatá-pytuna... - Se não andasse de noite... (Fig., Arte, 161); N'e'i ké oguatábo... - Se ele não andasse... ; Nd'e'i ké o angaîpabamo... - Se ele não fosse ruim... (Fig., Arte, 161)
NOTA - Daí, QUAJUÁ (rio do PA) (v. p. 386).
NOTA - Daí, o nome geográfico BAREQUEÇABA (SP) (v. p. 386).
NOTA - Daí, no P.B. (Amaz.), pelo nheengatu, INAMBUQUIÇAUA, árvore da família das gutíferas, da região do rio Negro. Daí, também, os nomes geográficos GUARAQUEÇABA, URUBUQUEÇABA, etc. (v. p. 386).
keteté (part.) - olhe bem que! veja bem que!: Nd'e'i te'e moxy keteté abá ropenhana... - Olhe bem que, por isso mesmo, o maldito ataca o homem. (Ar., Cat., 89)
NOTA - Daí, o nome geográfico ITAPECOCA (v. p. 386).
NOTA - Daí provêm os nomes geográficos COMANDATUBA, COMANDACAIA (localidades da BA), etc. (v. p. 386).
NOTA - Daí, no P.B., ATECURI, até logo (in Dicion. Caldas Aulete).
NOTA - Daí, o nome geográfico CORIPE (AM). (v. p. 386).
NOTA - Daí, no P.B. (Amaz.), OITICOROIA ("oiti áspero"), árvore da família das rosáceas, de grandes folhas coriáceas, isto é, ásperas e grossas como o couro.
NOTA - Daí, o nome geográfico ITAPECOÁ (ES) (v. p. 386).
NOTA - Daí, no P.B., BAQUARA (mba'e + kuapara, "o que sabe as coisas"), esperto, sabido, vivo.
NOTA - Daí, os nomes geográficos GANDU (SE) e CANDOÍ (PR) (v. p. 386).
NOTA - Daí, no P.B., BURAQUARA (de ybyrá + kûara, "buracos das árvores"), pesca de peixes e moluscos escondidos nos buracos dos troncos de árvores submersas; BAIQUARA, caipira, pessoa que vive metida em lugares retirados. Daí, também, provêm os nomes geográficos JABAQUARA (SP), JAGUAQUARA (BA), etc. (v. p. 386).
NOTA - Daí, no P.B., o nome do beija-flor GUARACIABA (kûarasy + (t)aba, "penas de sol"); COARACIUIRÁ (kûarasy + ûyrá, "pássaro de sol"), nome de ave cotingídea. Daí, também, o nome próprio de pessoa GUARACI e também o de um município de São Paulo (v. p. 386).
NOTA - Daí, o nome geográfico CATEGIPE (MG) (v. p. 386).
NOTA - Daí, o nome do município de IBICUÍ (RS) (v. p. 386). Daí, também, no P.B., BRACUÍ (Amaz.) (ybyrá + ku'i), pó de madeira; CUÍ, 1) escória de fumo em forma de pó; 2) (Amaz.) farinha fina, peneirada; CUIM (ku'i + -'ĩ, "farelinho", "pozinho"), alimpadura do arroz, resíduos do arroz depois de joeirado (in Novo Dicion. Aurélio); PIRACUÍ, PIRACUIM (AM), farinha de peixe.
NOTA - Daí, o nome geográfico CUIABÁ (v. p. 386).
NOTA - Daí, o nome geográfico COITÉ (PB) (v. p. 386).
NOTA - Daí, o nome geográfico CONHAMUCO (PA, AM). (v. p. 386).
Daí, também, provém o nome geográfico ITACOLOMI (MG) (v. p. 386).
NOTA - Daí provém, no P.B., CUPIM, isto é, corcunda de boi, muito apreciado como carne para churrasco.
Daí, também, o nome geográfico BOTUCORUVU (SP), etc. (v. p. 386).
ky1 (part.) - acaso? porventura?: Aîpó nd'a'eî pá ky? - Porventura eu não disse isso tudo? (Anch., Teatro, 132)
NOTA - Daí, no P.B., INHAMBUQUIÁ, INAMBUQUIÁ, NAMBUQUIÁ, NHAMBUQUIÁ, INAMUQUIÁ (inhambu + ky'a, "inhambu sujo"), nome de uma ave tinamídea); MERUQUIÁ (me'eru + ky'a, "meru sujo"), nome de planta gramínea.
NOTA - Daí, o nome de planta e da localidade mencionada por Guimarães Rosa em "Grande Sertão: Veredas", ANDREQUICÉ (andyrá + kysé, "faca de morcego") e das localidades de ITAQUAQUECETUBA (SP) e TAQUACETUBA (SP) (v. p. 386).
NOTA - Daí, MUIRAQUITÃ (ybyrá + kytã, "nó de madeira"), amuleto usado na Amazônia.
maanipó (part.) - não deve ser, não será assim (VLB, II, 47); o mesmo que aan ipó (v. aan)
NOTA - Daí, ABAREMANDOAVA, nome de cachoeira do rio Tietê (SP) (v. p. 386).
NOTA - BAGUARI é também um adjetivo: vagaroso, pesadão.
NOTA - Daí, MAMANGUAPE (nome de município da PB) (v. p. 386).
NOTA - Daí, MANDIÚ (nome de riacho de São Paulo) (v. p. 386).
NOTA - Daí, MANGARATIBA (nome de localidade de SP) (v. p. 386).
NOTA - Daí, MANHANA (nome de monte de SE) (v. p. 386).
NOTA - Daí, no P.B., MARUPIARA (marã + upîara, "inimigo de coisa má") (AM), 1) pessoa feliz na caça ou na pesca; 2) pessoa afortunada em negócios ou amores (In Dicion. Caldas Aulete).
NOTA - Daí, no P.B., MARABÁ, 1) filho de francês com índia; 2) mestiço de índio com branco; 3) (Amaz.) filho das ervas, i.e., de pai desconhecido (in Dicion. Caldas Aulete). Daí, também, o nome do município de MARABÁ (PA) (v. p. 386).
Daí, também, os nomes geográficos ITAMARACÁ (nome de município de PE), MARACAÍ (rio de São Paulo), etc. (v. p. 386).
NOTA - Daí, o nome do bairro carioca de MARACANÃ (RJ), da localidade cearense de MARACANAÚ, etc. (v. p. 386).
NOTA - Daí, no P.B., MARANDUBA, MARANDUVA (marana + ndyba, "guerras que houve"), 1) história de guerra ou de viagem; 2) (N. e NE.) história inverossímil, patranha, mentira (in PDBLP)
NOTA - Daí, o nome geográfico MARUIMPANEMA (localidade do PA), etc. (v. p. 386).
NOTA - Daí, BATOVI (nome de município de SP) (v. p. 386).
NOTA - Daí, no P.B., BOITATÁ (mba'e + tatá, "coisa fogo"), nome de entidade sobrenatural dos antigos tupis; BAEPENDI (mba'e + apina + 'y, "rio da coisa pelada", i.e., de uma entidade sobrenatural), localidade de MG.
mba'emeémo (part.) [o mesmo que meémo (v.), mas abrindo período]: Mba'emeémo asó... - Se eu tivesse ido... (Anch., Arte, 25v)
NOTA - Daí, BAURU (nome de município de SP) (v. p. 386).
NOTA - Daí, no P.B. (AM), pela língua geral setentrional, MEUÊ-MEUÊ (adv.), mais ou menos, assim, assim (in Dicion. Caldas Aulete).
NOTA - Daí, no P.B., BEIJUAÇU ou BEIJUGUAÇU, BEIJUCICA ou BEIJUXICA, BEIJUCURUBA, BEIJU-MEMBECA, BEIJU-MOQUECA ou BEIJU-POQUECA, BEIJUTEICA, variedades de biju.
Daí, também, muitos nomes de lugares no Brasil: MBOIMIRIM (SP), BOITUVA (SP), MOGI-MIRIM (SP), etc. (v. p. 386).
NOTA - Daí, o nome geográfico BOAÇU (BA) (v. p. 386).
NOTA - Daí, o nome geográfico BORÁ (MA, SP) (v. p. 386)
NOTA - Daí, o nome geográfico BERTIOGA (município de SP) (v. p. 386).
NOTA - Daí, no P.B., MENGA (de me'enga, "oferta", "doação"), o sangue dos animais sacrificados em ritual de macumba.
NOTA - Daí, no P.B., MERUQUIÁ (me'eru + ky'a, "meru sujo"), nome de planta gramínea.
me'ĩ (part. de optativo passado; indica algo que poderia ter ocorrido, mas não ocorreu): Aîuká me'ĩ mã! - Ah, quem me dera o tivesse matado! (Anch., Arte, 18); Ixé me'ĩ asó mã! (ou Asó me'ĩ mã!) - Ah, quem me dera eu tivesse ido! (Anch., Arte, 24v; Fig., Arte, 142)
me'ĩmo (part. de optativo passado; indica algo que poderia ter ocorrido, mas não ocorreu): Asó me'ĩmo mã! - Ah, quem me dera eu tivesse ido! (Anch., Arte, 24v; Fig., Arte, 142); Aîuká me'ĩmo mã! - Ah, quem me dera o tivesse matado! (Anch., Arte, 18); Asó me'ĩmo ybakype mã! - Ah, se eu tivesse ido para o céu! (Anch., Arte, 24); Asepîak me'ĩmo! - Que o tivesse visto! (Anch., Arte, 2)
NOTA - Daí, no P.B., BEIJU-MEMBECA ("biju mole"), var. de biju; CAAMEMBECA ("folha mole"), arbusto da família das poligaláceas; PIRAMEMBECA ("peixe mole"), peixe cianídeo da costa atlântica do Brasil, também chamado boca-mole.
NOTA - Daí, no P.B., COARACIMIMBI (kûarasy + membyra, "filha do sol"), ave ardeídea ciconiforme do Sul do Brasil.
NOTA - Daí, no P.B. (AM), pelo nheengatu, MEUÃ, careta: fazer MEUÃ, "fazer careta" (para intimidar) (in Dicion. Caldas Aulete).
NOTA - Daí, no P.B., SURUBIM-MENA ("marido de surubim"), nome de um peixe pimelodídeo da Amazônia.
NOTA - Daí, o nome geográfico SÃO JOÃO DO MERITI (RJ) (v. p. 386).
NOTA - Daí, os nomes geográficos BIGUÁ (MG), BIGUAÇU (SC), etc. (v. p. 386).
NOTA - Daí, JAGUAMIMBABA (nome de localidade de São Paulo) (v. p. 386).
NOTA - Daí, no P.B., MEMBI, MEMI, MEMBÉ, MIBU, MIMÔ, MUBU, MUMU, flauta indígena, feita de ossos de animais ou de pessoas (in Dicion. Caldas Aulete).
NOTA - Daí se originam muitos nomes de lugares e pessoas no Brasil: MACAÉ (RJ), Quintino BOCAIÚVA, expoente da República Velha no Brasil, etc.
NOTA - Daí, no P.B., PROMOMBÓ (pirá + mombor, "fazer o peixe pular"), tipo de pescaria em que os peixes são atraídos pela luz de fogueira feita dentro da canoa do pescador, fazendo-os saltar para dentro dela. (in Dicion. Caldas Aulete)
NOTA - Daí, o nome ITAMUMBUCA (rio de SP) (v. p. 386).
-momo (part. de condicional) - se: Aîmondó-momo... - Se eu o mandasse... (Anch., Arte, 7v)
mona'ẽ (part. de condicional) - se: Osó ipóne re'a gûi'îabo mona'ẽ. - Talvez ele fosse se eu dissesse. (VLB, II, 15)
monẽ2 (part. que expressa obrigação ou dever remotos) - deveria: Aîmondó-monẽmo. - Deveria mandá-lo. (Anch., Arte, 7v); Kori monẽ asó. - Hoje eu deveria ir. (Anch., Arte, 25)
monemo (part.) - o mesmo que temonemo (v.)
NOTA - Daí, MONGAGUÁ (nome de município de SP) (v. p. 386).
NOTA - Daí provém o nome do município paulista de PINDAMONHANGABA (v. p. 386).
NOTA - Daí, no P.B., MORUBIXABA (moro-ubixaba, "o chefe das pessoas"), cacique, chefe de povo indígena; MORUPETECA (moro- + peteka, "bate gente"), formigas-correição, que invadem as casas e as fazendas aos milhões, ao migrarem.
NOTA - Daí, talvez, se origine o nome do bairro paulistano da MOOCA (v. p. 386).
NOTA - Daí, MACUJÉ (nome de localidade da BA) (v. p. 386).
NOTA - Daí, MOCORIPE (nome de rio do CE), MUCURUNA (nome de riacho do MA), etc. (v. p. 386).
NOTA - Daí, MURICITUBA (nome de localidade do CE) (v. p. 386).
NOTA - Daí, no P.B., pelo nheengatu, MUTÁ, MUITÁ, MUTÃ, escada tosca empregada pelos seringueiros para trepar às árvores (in Dicion. Caldas Aulete).
Daí, JAGUANAMBI (nome de localidade do CE) (v. p. 386).
NOTA - Daí, NANAÚ (localidade da PB); ANANATUBA (PA) (v. p. 386).
NOTA - Daí, o nome geográfico INEMA (BA) (v. p. 386).
-no (part.) - 1) também: Ereîapixabype amõno? - Feriste alguém também? (Anch., Doutr. Cristã, II, 87); 2) de novo, novamente, outra vez (VLB, II, 60): ...Eîorino i mombûeîrapa! - Vem novamente para curá-los! (Anch., Teatro, 120)
NOTA - Daí, o nome geográfico ITANHAÉM (SP) (v. p. 386).
NOTA - Daí, o nome geográfico AVANHANDAVA (município de SP) (v. p. 386).
NOTA - Daí provém o nome do município paulista de JUNDIAÍ (SP) (v. p. 386).
NOTA - Daí, NHANDUÍ (nome de rio do MT) (v. p. 386).
NOTA - Daí, o nome da localidade de INHAÚMA (PE) (v. p. 386).
-nhe- [alomorfe nasal do pron. refl. -îe- (v.)] - me, te, se, nos, vos: Enhemim, nde kyrirĩ... - Esconde-te, fica quieto. (Anch., Teatro, 32); ...pitangamo onhemonhanga... - ...como criança gerando-se (Anch., Poemas, 132)
nhẽ2 (part. que dá ênfase e muitas vezes não se traduz) - com efeito; efetivamente: ...Setá nhẽ ygasabusu... - São muitas, com efeito, as grandes igaçabas. (Anch., Teatro, 24); A'epe kunumĩgûasu kunhã oîmomosemba'e, miaûsuba potá nhẽ...? - E os rapazes que perseguem mulheres, querendo escravas? (Anch., Teatro, 36); Aîpó resé nhẽ, ko'y asaûsu... - Por causa disso, com efeito, agora o amo. (Anch., Poemas, 108)
NOTA - Daí se originam os nomes geográficos NUPORANGA (SP), GARANHUNS (PE), etc. (v. p. 386)
Daí, também, ANHANGABAÚ (nome de lugar no centro de São Paulo, SP) (v. p. 386).
oîkŷabo - variante de oîkeabo - 3ª p. do ger. de iké / eîké (t) (v.)
NOTA - Daí provêm muitos nomes geográficos no Brasil: BERTIOGA (SP), AJURUOCA (MG), MOCOCA (SP), ITAOCA (RJ), MERUOCA (SP), TATUOCA (PA), etc. (v. p. 386).
NOTA - Daí, o nome geográfico ITAOCARA (localidade do RJ) (v. p. 386).
NOTA - Daí, o nome de um famoso chefe indígena do século XVI, CAOQUIRA (de ka'a + okyra, "renovo de planta"). Daí, também, o nome geográfico BOQUIRA (BA) (v. p. 386).
NOTA - Daí provém, no P.B. (PR), TOPITÁ, corte de folhas de erva-mate que se deixa para ser completado no dia seguinte. (in Dicion. Caldas Aulete)
NOTA - Daí, o nome da localidade de TORIBA (SP) (v. p. 386).
NOTA - Tal palavra deve fazer parte da composição TUPINAMBÁ (provav. de tupi + anam/a + mbá, "todos parentes dos tupis"), um dos povos indígenas mais importantes na história do Brasil colonial e que falava o tupi antigo.
Daí, também, o nome geográfico ITAPAJÉ (localidade do CE) (v. p. 386).
NOTA - Daí, os nomes geográficos PAQUETÁ (ilha do RJ), PACAEMBU (bairro de São Paulo, SP), etc. (v. p. 386).
pakó (part.) - haver de, já (de futuro): Aûîeté pakó aîegûak ûiîemoúna. - Na verdade, hei de enfeitar-me (ou já me enfeito), pintando-me de preto. (Anch., Teatro, 60)
NOTA - Daí, PACOBAÍBA (nome de localidade do RJ) (v. p. 386). No P.B., PACOVA pode ser, ainda, um moleirão, um toleirão (in Dicion. Caldas Aulete).
Daí, também, os nomes geográficos CAPANEMA (PA), PARANAPANEMA (SP), IPANEMA (RJ), etc. (v. p. 386).
NOTA - Daí, no P.B., IPECUPARÁ (ipekũ + pará, "pica-pau multicor"), nome de um pássaro piciforme; JACUPARÁ (îaku + pará, "jacu variegado"), nome de uma ave cracídea.
Daí, também, o nome geográfico ITUPURARANGA (localidade de SP) (v. p. 386).
NOTA - Daí, no P.B., o nome da histórica localidade de PARATI (RJ) (v. p. 386).
NOTA - Daí, PARI (nome de bairro de São Paulo, SP), PARIQUERA (riacho de AL), etc. (v. p. 386).
PARI (canal de apanhar peixes)
NOTA - Daí, o nome JURUPARI (îuru + parĩ, "boca torta"), entidade da cosmologia dos antigos tupis.
NOTA - Daí, muitos nomes geográficos no Brasil: CAPÃO REDONDO (SP), CAPÃO BONITO (SP), CAPÃO DA TRAIÇÃO (PE), etc. (v. p. 386).
NOTA - Daí, no P.B., IPÊ ('yb + pé, "pau cascudo"), nome de certas árvores bignoniáceas, de madeira duríssima; JABUTIPÉ ("casco de jabuti"), árvore cuja madeira é utilizada em construções.
NOTA - Daí, o nome geográfico PIAÇAGUERA (SP) (v. p. 386).
Daí, também, provêm muitos nomes geográficos: ITAPEVA (SP), ITAPEVI (SP), BARRA DO ITAPEMIRIM (ES), etc. (v. p. 386)
peî (part. usada na neg. Forma nasal: -mbeî) - não por, não por causa de: Na xe sopeî. - Não por ir eu. (Anch., Arte, 47v); Na xe raûsupeî. - Não por me amar. (Anch., Arte, 47v); Na xe sẽmbeî. - Não por sair eu. (Anch., Arte, 47v); Na xe raûsube'ỹmbeî. - Não porque não me ama. (Anch., Arte, 47v)
NOTA - Daí, no P.B. (AM), PEIÚ, 1) convencido; cheio de vento; cheio de si; 2) gordo; inchado (In Novo Dicion. Aurélio).
NOTA - Daí, os nomes geográficos ITAPEMA (cachoeira do rio Paraíba do Sul), SAPOPEMBA (bairro de São Paulo, SP) (v. p. 386).
NOTA - Daí, no P.B., JURUPENSÉM (îuru + pesẽ, "boca-de-colher"), peixe pimelodídeo de boca com prognatismo acentuado, também chamado jurupoca e boca-de-colher.
peteumẽ (part. de 2ª p. do pl. Leva o verbo para o gerúndio.) - guardai-vos de, deixai de, parai de: Peteumẽ xe rapirõmo... - Deixai de me prantear. (Ar., Cat., 61v); Peteumẽ pe poxyramo angiré. - Guardai-vos de ser maus, doravante. (Anch., Teatro, 188); Emonãnamo peteumẽ irã serobîá. - Portanto, deixai de crer nele futuramente. (Ar., Cat., 160v)
PETIMA (tabaco) (fonte: Thevet)
NOTA - Daí, no português do Brasil (SP), PEÚVA, pessoa maçante, maçador, importuno (in Dicion. Caldas Aulete).
NOTA - Daí, o topônimo ITAPEIPU (BA) (v. p. 386).
NOTA - Daí, no P.B. (PE), coisa de pouca monta, pequena quantia (por alusão às espécies pequenas (desse peixe), usadas como isca) (in Dicion. Caldas Aulete). Daí, também, o nome do estado do PIAUÍ (v. p. 386).
-piang? (part.) - porventura? por acaso?: -Marã-piang peẽ? - Como sois vós, por acaso? (Léry, Histoire, 362); -Marã-piang ybaka rera? -Le ciel. -Como é, porventura, o nome do céu? -Le ciel. (Léry, Histoire, 358)
NOTA - Daí, também, no português do Brasil, PETITINGA, PETINGA, pequeno peixe de rio ou de mar; PETITICA, PETITICO (famil.), criancinha.
NOTA - Daí, PINDAMONHANGABA (nome de município de SP) (v. p. 386).
NOTA - Daí se originam inúmeros nomes geográficos (v. p. 386) e substantivos comuns no P.B.: PIRAÍ, município situado no Vale do Paraíba, (RJ) (v. p. 386); PIRAPANEMA, trecho de rio onde o peixe é escasso; PIRAQUARA, alcunha que se dá aos habitantes das margens do rio Paraíba do Sul (RJ e SP), etc.
NOTA - Daí, o nome da ilha de ITAPARICA (BA) (v. p. 386).
NOTA - Daí, PAISSANDU (nome de largo de São Paulo, SP) (v. p. 386).
NOTA - Daí, ITAPITANGUI (nome de morro de Cananeia, SP); PITANGY (nome de pessoa), etc. (v. p. 386).
NOTA - Daí, PIOCA (nome de localidade de AL) (v. p. 386).
NOTA - Daí, no P.B. (N.), POAÇU, PUAÇU (pó + ûasu, "fibras grandes"), espécie de tecido de algodão em algumas regiões amazônicas (in Dicion. Caldas Aulete).
NOTA - Daí, no P.B., CAPIM (ka'a + po'i, "folha fina").
NOTA - Daí, no P.B., PIPOCA (v. pok); JURUPOCA ("boca arrebentada"), peixe pimelodídeo de boca com prognatismo acentuado, também chamado boca-de-colher; MAIPOCA ("estouro de mani") (AM) replantação de roça de mandioca, arrancando-se os pés da planta pela raiz. Daí, também, os nomes geográficos IBITIPOCA, IPOPOCA, etc. (MG) (v. p. 386).
NOTA - Daí, no P.B., CAAPOMONGA ("folhas grudentas"), trepadeira ornamental da família das plumbagináceas.
NOTA - Daí, SABOÓ (nome de bairro de Santos, SP). (v. p. 386)
NOTA - Daí, PARAOPEBA (nome de rio de MG) (v. p. 386)
NOTA - Daí, PIRAPORA (nome de município de MG) (v. p. 386).
NOTA - Daí, no P.B., CATAPORA(S), TATAPORA(S) (marcas de fogo), varicela, doença infecciosa que se caracteriza por febre acompanhada de marcas que se transformam em bolhas, formando-se, depois, crostas.
NOTA - Daí, no P.B. (RJ), PORACÁ, cesto grande para pescaria (in Dicion. Caldas Aulete).
NOTA - Daí, o título da obra de João Barbosa Rodrigues (século XIX), PORANDUBA AMAZONENSE.
Em Cavalcanti Proença lemos "...parou no remanso para escutar minha PORANDUBA." (in Manuscrito Holandês, apud Novo Dicion. Aurélio).
NOTA - Daí, no P.B., MORANGA ("coisa bela"), certa variedade de abóbora; MUTUMPORANGA ("mutum bonito"), ave cracídea. Daí, também, os nomes geográficos ITAPORANGA, NUPORANGA, etc. (v. p. 386).
PORACÉ (dança ritual) (fonte: De Bry)
NOTA - Daí, o nome do famoso quadro de Tarsila do Amaral, ABAPORU (abá + por-u, "índio comedor de gente", "antropófago"), de 1928, um dos símbolos da primeira fase do Modernismo brasileiro. Daí, também, no P.B., MORUBIXABA (moro-ubixaba, "o chefe das pessoas"), cacique, chefe de povo indígena.
NOTA - Daí, no P.B. (ES), CABOROCA (ka'a + poroka, "arrancar o conteúdo da mata"), corte da vegetação do sub-bosque, isto é, da vegetação herbácea ou lenhosa que cresce sob as árvores, para o plantio de cacaueiros.
POROROCA (PA) pode ser, também, sinônimo de PIPOCA (v. pok).
Daí, também, ITAPOROROCA (nome de município da PB) (v. p. 386).
NOTA - Daí provém o nome do famoso quadro da pintora Tarsila do Amaral, ABAPORU (v. poro-).
NOTA - Daí, no P.B., POTIMIRIM ("poti pequeno"), POTIÚNA ("poti escuro"), variedades de camarão. Daí, também, o nome do rio POTENGI, que banha Natal, capital do Rio Grande do Norte (v. p. 386).
NOTA - Daí provém o nome próprio de mulher POTIRA, flor, sendo, também, o da personagem da obra indianista de Machado de Assis, Americanas. Dela disse o escritor, nessa obra, referindo-se ao significado de seu nome: Moça cristã das solidões antigas, / Em que áurea folha reviveu teu nome? (in Poesias Completas. Ed. Civilização Brasileira, Rio de Janeiro, 1977)
NOTA - Daí provêm, no P.B., MUTIRÃO (ou MUTIRUM, MUXIRÃO, MUXIRÃ, MUXIROM, MUQUIRÃO, PUTIRÃO, PUTIROM, PUTIRUM, PIXURUM, PONXIRÃO, PUNXIRÃO, PUXIRUM, MUTIROM), que é o auxílio gratuito que prestam uns aos outros os membros de uma determinada comunidade, reunindo-se todos em proveito de um de seus membros e trabalhando em grupo para ele, que deve oferecer, no final, uma refeição e bebida aos trabalhadores.
NOTA - Daí, no P.B., CAABOPOXI (ka'a + oba + poxy, "folhas feias do mato"), nome de uma planta trepadeira convolvulácea, com folhas partidas.
Daí, também, os nomes geográficos ITAIPU (PR), IPU (CE), etc. (v. p. 386).
NOTA - Daí, no P.B., MUAMBA, 1) roubo feito no mar; 2) furto de mercadorias de navios ancorados e de armazéns aduaneiros; 3) negócio escuso; fraude, velhacaria, roubo; 4) Compra e venda de objetos furtados (in Dicion. Caldas Aulete). Há outros sentidos dessa palavra (cesto para transporte, carga contrabandeada etc.) que devem provir de termo do quimbundo de Angola.
NOTA - Daí, o nome da planta bignoniácea ANDIRAPUAMPÉ (andyrá + pûapé, "garras de morcego").
NOTA - Daí se origina o nome do estado brasileiro de PERNAMBUCO (v. p. 386).
Lemos na epopéia de Bento Teixeira, Prosopopéia, de 1601, uma bela definição dessa palavra:
Que, na língua dos bárbaros escura,
De Paranã, que é Mar, Puca, rotura,
NOTA - Daí, no P.B., PIRAPUCU ("peixe comprido"), nome de um peixe caracídeo; ACARAPUCU ("acará comprido"), nome de um peixe balistídeo.
NOTA - Daí, no P.B. (AM), pelo nheengatu, APECUITÁ, APUCUITAUA (ygá-pukuî-t-aba, "instrumento de remar canoas"), remo das canoas indígenas; IGAPUITARIIARA ("os que têm dom de remadores de canoas"), nome de um povo indígena extinto.
NOTA - Daí se origina o nome geográfico URUBUPUNGÁ (v. p. 386).
NOTA - Daí, IPUPIARA ('y + pupîara, "o que está dentro d'água"), nome de entidade sobrenatural dos antigos índios tupis do Brasil.
NOTA - Daí, no P.B., MEMBI (mi- + py, "o que alguém sopra"), flauta indígena.
NOTA - Daí, no P.B., JUÇANA-BIPIIARA (îusana + mby-pe + îara, "laço que pega nos pés"), certa armadilha para apanhar pássaros pelos pés.
NOTA - Daí, no P.B., PIMBA, BIMBA, pênis; PIMBAR, dar socos em, socar.
NOTA - Daí, o nome de pessoa JUPIRA e o nome do poema de Gonçalves Dias I-JUCA-PIRAMA (v. p. 386).
NOTA - Daí provêm muitas palavras do P.B.: BOIPIRANGA ("cobra vermelha"), cobra coral; ARARAPIRANGA ("arara vermelha"), ave psitacídea; CABAPIRANGA ("vespa vermelha"), marimbondo-caboclo; ITAPIRANGA ("concha vermelha"), designação comum às conchas róseas; JABUTIPIRANGA ("jabuti vermelho"), var. de jabuti; MARUPAPIRANGA ("marupá vermelho"), planta iridácea, etc. PIRANGA, no P.B., pode ser também uma variedade de barro vermelho (in Dicion. Caldas Aulete).
Daí, também, muitos nomes de lugares: IPIRANGA (bairro de SP), ITAPIRANGA (AM), etc. (v. p. 386)
NOTA - Daí, no P.B. (AM), ITAPIRI ("ao pé das pedras"), espécie de barranca.
NOTA - Daí provém o nome CATUPIRI ("muito bom"), de uma marca e de uma variedade de requeijão.
Daí, também, no P.B., BIRIBA, 1) sinon. de caipira, tropeiro, homem simples e rude do campo; 2) égua pequena.
NOTA - Daí, no P.B., PIRIQUITI, nome de uma erva canácea.
NOTA - Daí, no P.B., PIRIRI, transtorno, convulsão: "Ele teve um piriri".
NOTA - Daí, CAPUTERA (localidade de SP) (v. p. 386).
NOTA - Daí, no P.B., CAAPITIÚ (planta de pitiú), arvoreta da família das monimiáceas, que exala forte odor. Daí, também, o nome geográfico BITIÚ (MA) (v. p. 386).
NOTA - Daí, no P.B., PITUBA, pessoa fraca, medrosa, covarde.
NOTA - Daí, no P.B., PITIMBA, mal-estar, achaque; PITIMBADO, que tem pitimba; achacado, indisposto.
2 (part.) - já, assim, deste modo, outra vez (põe-se no final do período): Nde ma'enduar ...nde rekó pabagûama resé rá. - Lembra-te já do término de tuas coisas. (Ar., Cat., 154)
raá (part.) - já: Ekûá ké suí raá! - Vai-te daqui já! (Anch., Teatro, 32)
ra'e1 (part.) - dizem, conforme dizem, dizem que, diz-se que, parece que: Asó ra'e. - Diz-se que vou. (Anch., Arte, 57v); Osó ra'e. - Dizem que foi. (VLB, I, 104); Osó ra'ene. - Dizem que irá. (Anch., Arte, 57v); Osómo ra'emo. - Diz-se que iria. (Anch., Arte, 57v); ...Maria, kunhãngatu, o puru'aramo, ra'e, tekopoxy oîmomburu. - Maria, mulher bondosa, engravidando, conforme dizem, o vício amaldiçoa. (Anch., Poemas, 184); Emonã erimba'e ra'e. - Assim diziam outrora. (Ar., Cat., 40) (Pode expressar maravilhamento ou o cair em si, com -ne, que, nesses casos, não expressa futuro.): Asó serãne ra'e? - Dizem que fui? (Anch., Arte, 57v) ● i'e ra'e - diz-se que, dizem que: Emonã i'e ra'e. - Dizem que é assim. (VLB, I, 104)
ra'e2 (part.) - portanto, na verdade, então: Tupã tekomonhangaba i abŷaramo ra'e. - Dos mandamentos de Deus eu era transgressor, na verdade. (Anch., Teatro, 160) ; Tó, inã îepé ra'e! - Oh, então assim é, na verdade! (Anch., Poesias, 269); Iang-tepe ixé asaûsub ra'e?... - Mas, então, eu amei isto? (Ar., Cat., 169)
rakó2 (part. que expressa o imperfeito do indicativo): Ixé rakó. - Era eu. (VLB, I, 121); Akûeîme rakó pirá asekyî-marangatu... - Antigamente pescava bem os peixes. (Anch., Poemas, 152)
rakó4 (part.) - mais: Nd'oîkóî rakó miapéramo... - Não é mais pão. (Ar., Cat., 84v)
rambûer1 [(adj.). É uma composição de ram (v.) e pûer (v.). Apresenta também os alomorfes ûambûer, ambûer, etc.] - o que seria: miîukarambûera - o que seria morto (Anch., Arte, 19v)
ra'u (part.) 1) (expressa desprezo ou enfado) - Vamos ver! Vê lá!: ...Eîkuá ra'u nde ri opûaryba'e! - Adivinha, vamos ver, o que bateu em ti! (Ar., Cat., 56v); Erasóne ra'u! - Leva-o, vamos ver! Vamos ver se o levas! (VLB, II, 58); 2) (expressa dúvida) - será?: Pesaûsu ra'upe pe pysyrõana...? - Será que amais vosso salvador? (Ar., Cat., 86); Marãeté'ĩ ra'umope amõ Anhanga ratá pora rekóû ikó 'ara pupé...? - Como será que um habitante do inferno viveria neste mundo? (Ar., Cat., 156v); 3) (expressa ordem, determinação) - ora: Esa'ang ra'u. - Ora, experimenta-o. (VLB, I, 126); 4) (expressa desgosto): Xe angaîpabeté'i ra'u mã! - Ah, eu fui muito pecador! (Anch., Doutr. Cristã, I, 195); Ixé tekatu-eté'ĩ ra'u anhanga ratápe akaîmo mã! - Ah, eu haveria de queimar verdadeiramente no fogo do diabo! (Ar., Cat., 249); 5) (expressa algo imaginário): Peîmo'ang ra'u xe ra'yrĩ gûé, peîmo'ang pe re'õ pupé pe ruba... - Imaginai, ó meus filhinhos, imaginai que estais deitados em vossa morte. (Ar., Cat., 155v)
re'ĩ2 (part. de h. e m.) - 1) Expressa dúvida - talvez, quem sabe, pode ser: Nd'e'i te'e Tupã aîpó o'îabo "re'ĩ" o'eyma. - Não em vão Deus disse isso, não dizendo "- pode ser". (Ar., Cat., 85); 2) Expressa dor, lamento, desgosto: Akûere'õ xe rekóû rimba'e re'ĩ... - Que mal eu agi outrora... (Ar., Cat., 155v)
Daí, também, o nome geográfico GUARAREMA (SP) (v. p. 386).
NOTA - Daí, os nomes geográficos ITARIRI (SP) e RERITIBA (ES) (v. p. 386).
ri?1 (part. que expressa dúvida, de h. e m.) - será? por acaso: Asóp'ixéne ri? - Será que eu irei? (VLB, II, 58); Marãngatupakó... xe agûasá rekóû ri...? - Como será que estão minhas amantes? (Ar., Cat., 155v); Marãba'ep'iã ri? - Que tipo de coisa será que é isto? (Anch., Teatro, 162, 2006); Îu, anhangap'ikó ri?! - Oh, por acaso isto é o diabo?! (Anch., Teatro, 164, 2006)
(part.) - pois, então; eia pois, finalmente, enfim: Aûîebeté, rõ! T'oú. - Muito bem, então! Que venha. (Anch., Teatro, 132); Ekûãî rõ. - Vai, pois. (VLB, II, 80); Eîori sa'anga rõ... - Vem para prová-los, pois. (Anch., Teatro, 16); Nde poxy-potar-a'ub. T'eresó rõ nde ratápe... - Tu queres ser mau. Hás de ir, pois, para teu fogo. (Anch., Teatro, 48)
NOTA - Daí, no P.B., PIRAROBA, nome de um peixe com os dois olhos de um mesmo lado do corpo; GUIRARÓ (gûyrá + ró, "pássaro vesgo"), nome de uma ave tiranídea.
NOTA - Daí, no P.B. (Sul), ITARARÉ (itá + rorẽ, "pedra encovada"), curso subterrâneo das águas dum rio através de rochas calcárias.
NOTA - Daí, o nome geográfico URUÇANGA (RJ) (v.).
rumby (part. - Leva o verbo para o gerúndio.) - enfim; eis que enfim, então (contando alguma coisa) (VLB, I, 118); depois disso (Anch., Arte, 57); finalmente (VLB, I, 139): Rumby, ...xe rapîá. - Enfim, obedeceram-me. (Anch., Teatro, 140); Ybyoka asapekóne, Itaoka abé aîpobu, rumby, Îupaogûaóne. - Hei de frequentar Ibioca, revirarei também Itaoca e, enfim, Jupaoguaó. (Anch., Teatro, 182); Rumby Tupã Ta'yra... îandé rekomonhangane... - Enfim, o Filho de Deus nos julgará. (Ar., Cat., 162); Rumby gûixóbo. - Enfim eu vou. (VLB, I, 111); Rumby xe ruba obasema. - Eis que, enfim, chega meu pai. (VLB, I, 109) ● Pode ser acompanhado no período por ko'yté: Rumby ahẽ oú ko'yté. - Finalmente ele vem. (VLB, II, 115)
NOTA - Daí, o nome da localidade de BARRA DO SAÍ (ES) (v. p. 386).
sa'ĩ (part.) - apenas, tão só (VLB, I, 38); escassamente (VLB, I, 123): Sa'ĩ xe îukae'ymi... - Apenas não me matou. (Anch., Teatro, 126); Sa'ĩ na xe momanõî! - Apenas não me faz morrer. (Anch., Teatro, 174, 2006)
NOTA - Daí, os nomes geográficos SAPETUBA (SP), SAPETIBA (RJ), etc. (v. p. 386)
NOTA - Daí, no P.B., SAÍ-SAPUCAIA ("saí que grita"), nome de uma ave traupídea.
NOTA - SARARÁ, no P.B., assumiu outros significados: 1) diz-se da cor alourada ou arruivada do cabelo muito crespo, característico de certos mulatos; 2) diz-se do cabelo crespo e dessa cor: cabelo sarará; 3) diz-se de mestiço com cabelo sarará: mulata sarará (in Novo Dicion. Aurélio).
sarigûé - SARIGUÊ, o mesmo que sarigûeîa (v.) (Cardim, Trat. Terra e Gente do Brasil, 27)
NOTA - Daí provém o nome de uma família de mamíferos, os CAVÍDEOS, fruto de uma errônea leitura da palavra ÇAVIA, feita pelo sábio sueco Lineu, da obra de Marcgrave (v. nota em saûîasobaîa).
NOTA - Daí, o nome do estado de SERGIPE (v. p. 386).
2 (part.) (somente no tupi de São Vicente) - quase, por pouco que (VLB, I, 19): Asó só. - Quase que fui. (Anch., Arte, 25v)
NOTA - Daí, no P.B. (AM), SOÇOCA, certa forma de pescar nas lagoas de águas turvas da Amazônia, como que socando o arpão até ferrar o peixe.
NOTA - Daí, no P.B., SOROCABA, VOÇOROCA, BOÇOROCA, SOROCABUÇU, fenda cavada pelas enxurradas. Daí, também, o nome do município de SOROCABA (SP) (v. p. 386).
NOTA - Daí, no P.B., SOROCA, 1) toca de onça; 2) (SP) rasgão ou desmoronamento de terras em consequência da infiltração da água no subsolo.
NOTA - Daí, SUARÃO, localidade do litoral paulista (v. p. 386).
NOTA - Daí, o nome próprio SUASSUNA (v. p. 386).
NOTA - Daí, o nome geográfico SUMAÚMA (PA) (v. p. 386).
NOTA - Daí, PIRASSUNUNGA (nome de município de SP) (v. p. 386).
NOTA - Daí, o nome geográfico SURUBIÚ (rio do PA) (v. p. 386).
NOTA - Daí, no P.B., PAPA-SURURU, alcunha que se dá aos alagoanos.
NOTA - Daí, o nome geográfico TUPANACI (localidade de PE). Daí, também, CI, nome de personagem da obra Macunaíma, de Mário de Andrade.
NOTA - Daí, no P.B. (N.E., pop.), JIÇUÍ (îe- + syî, "arrepiado" (falando-se da epiderme) (In Dicion. Caldas Aulete). (v. tb. îesyîa)
NOTA - Daí, PIRACICABA (nome de município de SP) (v. syk1 e p. 384).
NOTA - Daí, no P.B., CIPÓ-SUMA ("cipó escorregadio"), cipó da família das violáceas (Anchietea salutaris), nativo da floresta atlântica, também chamado PIRIGUARA e de propriedades medicinais. Daí, também, TATUXIMA ("tatu liso"), var. de tatu, tatu-de-rabo-mole.
NOTA - Daí, o nome geográfico ITACIRA (MG) (v. p. 386).
NOTA - Daí provém o nome do município de ITAPECIRICA (SP) (v. p. 386).
Daí, também, o nome geográfico BIRIRICAS (ES) (v. p. 386).
NOTA - Daí, no P.B., o termo chulo SIRIRICA, masturbação feminina; TIRIRICA ("que se arrasta"), erva daninha, ciperácea, que invade rapidamente terrenos cultivados, sendo difícil de ser erradicada. TIRIRICA (PA) pode ser, também, uma agitação incessante das águas do rio Pará, com ondas desencontradas e mais altas que em outras partes dele.
NOTA - Daí se originam os nomes geográficos TABATINGUERA, antiga rua de São Paulo (SP) e TABATINGA (AM), este último pelo nheengatu (v. p. 386). TABATINGA, no P.B. (GO), pode ser também terra argilosa de cores variegadas (in Dicion. Caldas Aulete).
Daí, também, os nomes geográficos TAGUÁ (CE), TAGUATINGA (serra de GO), etc. (v. p. 386).
NOTA - Daí, TAIAÇUTUBA (nome de ilha do AM) (v. p. 386).
NOTA - Daí, no P.B., TACA, pancada, bordoada (in Dicion. Caldas Aulete)
takó1 (part.) - haver de (com um verbo no indicativo ou no gerúndio): Nã takó îomomoranga re'a...! - Assim havemos de nos acariciar! (Ar., Cat., 234); Abá-angaîpabĩ takó mba'e-katu ogûerekó xe suí mã!... - Ah, um homem pecador há de ter mais coisas boas que eu! (Anch., Doutr. Cristã, II, 102); ...Emonã takó aîkó... - Hei de viver assim. (Anch., Diál. da Fé, 211)
-takó2? (part. interr.) - mesmo?: Marã-takó ahẽ rera? - Qual era, mesmo, o nome dele? (VLB, I, 77); Mba'e-takó? - Que era, mesmo, aquilo? (como quem se esquece do que passou) (VLB, II, 92)
NOTA - TAQUARI, no P.B., pode também significar: 1) canudo de cachimbo; 2) uma var. de cachimbo feito de bambu; 3) (adj.) de pequeno calibre (fal. de espingarda).
NOTA - Daí, TAGUARASSU (nome de localidade de GO) (v. p. 386).
NOTA - Daí provém o nome do rio TAMANDUATEÍ, que atravessa São Paulo (SP) (v. p. 386).
NOTA - Daí provém o nome próprio de pessoa e de lugar TAMANDARÉ (v. p. 386).
NOTA - Daí TAMATIATUBA (nome de localidade do RN) (v. p. 386).
NOTA - Daí provém o nome do município de TANGARÁ DA SERRA (MT) (v. p. 386).
NOTA - Daí, no P.B., TAPERAL, lugar de abrigo de andorinhas.
NOTA - TAPEJARA (ou TAPIJARA) tem, também, o sentido de 1) prático, conhecedor de caminhos ou de uma região: "Naquela escuridão fechada nenhum TAPEJARA seria capaz de cruzar pelos trilhos do campo" (Simões Lopes Neto, in Contos Gauchescos e Lendas do Sul); 2) (RS) aquele que conduz embarcação com segurança, firme ao leme; pessoa hábil e entendida; 3) (adj.) valentão (in Novo Dicion. Aurélio); TAPIARA (SP pop.) estradeiro, velhaco, espertalhão, trapaceiro, donde o verbo TAPEAR, agir como um tapiara, enganar, iludir, lograr.
NOTA - Daí, no P.B., o nome do povo indígena TAPIRAPÉ, que vive no MT.
NOTA - Daí, o nome geográfico TAPIRAPECÓ (AM) (v. p. 386).
NOTA - Daí, no P.B. (AM), TAPIOCUÍ, farinha de tapioca.
NOTA - Daí, no P.B. (PA, MA), TAPUÍSA, choça ou rancho improvisado por caçadores ou exploradores. (in Dicion. Caldas Aulete)
NOTA - Daí, no P.B., TAPUIO, que, além de ser sinônimo de TAPUIA, no primeiro sentido apresentado acima, também significa: 1) índio em geral; 2) mestiço de índio; 3) (BA) qualquer mestiço de pele morena e cabelos escuros e lisos; caboclo. Daí, também, TAPUITAPERA (nome de localidade do MA), TAPUIÚ (nome de localidade do CE), etc. (v. p. 386).
NOTA - Daí, TABURUJI (nome de rio do RJ) (v. p. 386).
Serviu-lhes para isso não pouco o aviso e noticia que de tudo lhes tinha dado um TAPANHUNO, escravo do capitão mór de Tapecorú, João de Souza Soleima...
NOTA - Daí, TRARIPE (nome de rio da BA) (v. p. 386).
NOTA - Daí, TACIBA (nome de localidade de SP) (v. p. 386).
NOTA - Daí, TATAÍRA (nome de localidade de SP) (v. p. 386).
NOTA - Daí, TATUAPÉ (nome de bairro de São Paulo, SP); TATUOCA (localidade do PA), etc. (v. p. 386).
-te?1 (part.) - 1) pois? porventura? por acaso? mas? (Negando, como quando se diz: Porventura ele foi?, sabendo-se que não foi.) (VLB, II, 82): Abá-tepe osó? - Quem foi, pois? (como que perguntando: -Não foi ninguém?) (Anch., Arte, 36); Asó-tepe ixé? - Fui eu, pois? (como que dizendo: -Eu não fui.); Osó ruã-tepe é? - Foi, porventura? (Anch., Arte, 36); 2) (expressa admiração) - então?: Osó-tepe ra'e é? - Então foi? (Anch., Arte, 36)
-te2 (part.) - 1) mas, no entanto: Abá-tepe erimba'e, pe mba'erama resé apŷaba me'enga'ubi? - Mas quem entregou os índios como coisas vossas? (Anch., Teatro, 28); A'e-te kaûĩ pûaîtara... - Mas são eles os que mandam fazer cauim. (Anch., Teatro, 34); Pero-te t'osó. - Mas que vá Pero. (VLB, I, 36); ...Oré pysyrõ-te îepé mba'e-aíba suí. - Mas livra-nos tu das coisas más. (Ar., Cat., 13v); 2) por outro lado, ao contrário, em vez disso, não obstante, contudo: Xe-te, xe rembiá-potá sabeypora amõ resé. - Eu, em vez disso, quero presas em alguns bêbados. (Anch., Teatro, 150, 2006); -A'epe a'e kunhã n'onherani? -Oîmbory-te... -E aquelas mulheres não resistem? -Ao contrário, comprazem-se com eles. (Anch., Teatro, 154, 2006); Reîamo ereîkó tenhẽ, setá tenhẽ nde boîá, xe-te t'oroporaká... - Apesar de que sejas rainha, apesar de que sejam muitos os teus servos, eu, não obstante, pesco para ti. (Anch., Poemas, 152)
-te3 (part.) - como (no sentido de quão intensamente, quão grandemente): Aîpotá-te kûé kunhã-mendara mã! - Ah, como desejo aquela mulher casada! (Anch., Doutr. Cristã, II, 101); Xe moaîu-te i nema mã! - Ah, como me importuna o fedor dele! (Anch., Teatro, 8)
NOTA - Tal termo estava presente nas línguas gerais coloniais: [...] Disse: -vai-te já, já daqui, patife - Equen uan yke cui tibiró. (Pe. João Daniel [1757], p. 223).
teé (part.) - próprio: Xe mba'e teé. - Minhas próprias coisas. (VLB, II, 88); Amanõ teé. - Morro eu próprio (isto é, sem que me matem). (VLB, II, 42)
te'ĩé (part.) - pelo menos - Asó-potá ixé te'ĩé. - Eu, pelo menos, quero ir. (VLB, I, 30); Ixé te'ĩé. - Pelo menos eu. (VLB, I, 131)
te'inhẽ (part.) (Leva o verbo para o gerúndio ou para o permissivo.): deixa, deixai, deixar, deixa isso (Fig., Arte, 135): Te'inhẽ osóbo. - Deixa-o ir. (Fig., Arte, 162); Te'inhẽ oupa. - Deixai-os estar deitados. (VLB, I, 92); Te'inhẽpe oîkóbo ká (ou Te'inhẽne oîkóbo ká). - Hei de deixá-lo estar. (VLB, I, 92); Te'inhẽ t'orosóne. - Deixai que vamos. (Fig., Arte, 160); Te'inhẽ t'osó. - Deixa que vá. (Anch., Arte, 56v)
NOTA - Daí, TEJUÇUOCA (nome de localidade de SP) (v. p. 386).
tekatu2 (part.) - todo: Og ugûy-tekatu... i mo'ẽ-uká... - Todo seu sangue fazendo derramar. (Ar., Cat., 43)
temone1 (part. que indica o modo optativo. Leva o verbo para o gerúndio. Pode ser acompanhada por -mo no final do período.) - oxalá (VLB, II, 53); ah se... (VLB, II, 59): Temone a'ereme osykamo - Oxalá chegasse então. (Anch., Arte, 57); Temone ko'yr Anhanga ratá pora, abá amõ opu'ama iké îandé re'yîpemo... - Oxalá agora alguma pessoa, habitante do fogo do inferno, levantasse aqui na nossa multidão. (Ar., Cat., 165v); Temone xe gûixóbo... - Ah, se eu fosse... (Fig., Arte, 143)
temone2 (part. que expressa obrigação, dever, probabilidade) - dever: Asó temonemo. - Deveria ir. (Anch., Arte, 25); Kori temone asómo. - Hoje eu deveria ir. (Anch., Arte, 25); "Penhemoma'enduá te'õ resé", e'i temone i nhe'enga. - "Lembrai-vos da morte", deverão dizer suas palavras. (Ar., Cat., 156v); Ahẽ ranhẽ temonemo. - Deveria ser ele, primeiro. (VLB, II, 64)
tenanhẽ (part.) - ainda mais, tanto mais (VLB, I, 28)
-tene1 (part.) - ainda mais, mais ainda, tanto mais, mas (VLB, I, 36); mas antes (VLB, II, 32): Ixé-tene... - Ainda mais eu... (VLB, I, 28); Ybaka porá-tene... sory-porang... - Os habitantes do céu, mais ainda, estão bem felizes. (Ar., Cat., 123, 1686); Xe-tene asó. - Mas antes eu vou. (Fig., Arte, 143)
tenhẽ4 (part. que indica permissão) - deixa que, deixai que: T'asó sa'anga tenhẽ... - Deixa que eu vá para tentá-los. (Anch., Teatro, 20)
tera'umo (part.) - ah se! vamos ver se! que bom seria se! (Leva o verbo para o gerúndio.): Tera'umo ou! - Vamos ver se vem! (Anch., Arte, 57)
tera'ute (part.) - ah se! vamos ver se! que bom seria se! (Leva o verbo para o gerúndio.): Tera'ute oú. - Ah, se viesse! (Anch., Arte, 57); Tera'ute xe gûixóbo! - Que bom seria se eu fosse! (Fig., Arte, 163)
NOTA - Daí, no P.B, TEITÉ (PA), interjeição que exprime compaixão.
tetemõ (part.) - quão bom seria se... (Fig., Arte, 163)
NOTA - Daí, no português do Brasil, MUTUTI
NOTA - Daí, no P.B., CANGATĩ (akanga + tĩ, "cabeça pontuda"), nome de um peixe siluriforme.
tîaté (part.) - atenção! cuidado!: Tîaté i mĩme i xupé marã oîkóbo. - Cuidado ao esconder-lhe o que faz. (Anch., Doutr. Cristã, I, 228)
NOTA - Daí, no P.B., TATE, com o mesmo sentido (v. taté).
NOTA - Daí, o nome geográfico TIMBOPEBA (SE) (v. p. 386).
NOTA - Daí provêm muitos nomes de lugares no Brasil: ITAPETININGA, PIRATININGA, etc. (v. p. 386).
NOTA - Daí, no P.B., TORÓ, jorro d'água, chuvada violenta; TOROROMA, corrente forte e ruidosa de um rio.
NOTA - Daí, TUBUNA (nome de salto no rio Itararé, SP) (v. p. 386).
NOTA - Daí provém o nome do município maranhense de TUTOIA (v. p. 386).
NOTA - Daí, no P.B. (N.), TIJUCUPAUA,
NOTA - Daí, o nome do estado brasileiro do TOCANTINS (v. p. 386).
NOTA - Daí, TUCUNDUBA (nome de localidade do PA) (v. p. 386).
NOTA - Daí, no P.B., TUCURUVA (SP) cupinzeiro abandonado pelas formigas que o construíram (in Dicion. Caldas Aulete). Daí, também, os nomes geográficos TUCURUVI (bairro de São Paulo, SP), TUCURUÍ (AM), etc. (v. p. 386).
NOTA - Daí provém o nome do bairro paulistano do TUCURUVI (v. p. 386).
NOTA - Daí, muitos nomes geográficos no Brasil: TUPÃCIRETAMA (PE), TUPANACI (PE), etc. (v. p. 386)
NOTA - Daí, o nome geográfico TURIASSU (v. p. 386).
NOTA - Daí, no P.B., TIQUINHO, pouquinho, poucadinho, bocadinho. Daí, também, o nome da serra da MANTIQUEIRA (v. p. 386).
NOTA - Daí, no P.B., TIRIÚMA (tyre'yma, "sem acompanhamento"), solitário, só, desacompanhado (in Dicion. Caldas Aulete).
NOTA - Daí provém o nome da represa de GUARAPIRANGA, em São Paulo (SP) (v. p. 386).
ûer [alomorfe de pûer (v.)] - antigo, passado, que foi: Xe Îetu'u ra'yrûera... - Eu sou antigo filho de Jetuú. (Anch., Poemas, 152); aîuruîubupîarûera - adversário antigo de franceses (Anch., Teatro, 44)
NOTA - Daí, os nomes geográficos ANHANGUERA, TABATINGUERA, etc. (v. p. 386).
NOTA - Daí, UMARITUBA (nome de localidade do CE) (v. p. 386).
NOTA - Daí, no P.B. (Sul), CAMBUQUIRA (ka'a + umbykyra, "rabadilhas de folhas"), grelos de aboboreira que se comem guisados com outras ervas (in Dicion. Caldas Aulete)
umeké (part.) - guarda-te de (avisando, admoestando ou ameaçando) (VLB, I, 151)
umẽngatutenhẽ (part.) - de modo nenhum, de maneira alguma: Penhemoma'enduá Anhanga ratápe i porarapyra resé... ta pe angaîpab umẽngatutenhẽ... - Lembrai-vos do que se sofre no inferno para que, de modo nenhum, pequeis. (Ar., Cat., 156v)
Daí, também, provêm muitos nomes de lugares: IBIÚNA (SP), ITAÚNA (MA), etc. (v. p. 386).
NOTA - Daí, UNAÍ (nome de município de MG) (v. p. 386).
Daí, também, o nome geográfico VUPABUSSU (lagoa de MG) (v. p. 386).
NOTA - Daí, no P.B. (N.), TUPÉ, esteira geralmente feita de talas de purumã, na qual se espalham os produtos da lavoura, para secarem, e empregada também como tolda de canoa, além de ter uso doméstico (in Novo Dicion. Aurélio): "Rosinha... sentou-se num TUPÉ, no chão, junto da sua almofada de renda." (José Veríssimo, in Cenas da Vida Amazônica, apud Novo Dicion. Aurélio).
NOTA - Daí, TIJUPABA (te'yî + upaba, "pousada da multidão"), 1. cabana improvisada de índios, aberta dos lados, para abrigo de muitos deles durante suas travessias pela floresta; 2. palhoça que os trabalhadores constroem no meio da mata, nos seringais, roças, etc.
NOTA - Daí, no P.B. (NE), URUPIAGARA (uru + upi'a + 'ûara, "comedora de ovos de urus"), nome de uma cobra, também chamada ARABOIA.
NOTA - Daí, no P.B. (Amaz.), JUPIÁ ('y + upîa(ra), "água inimiga"), redemoinho de água num rio; voragem; MARUPIARA (marã + upîara, "inimigo de coisa má"), 1) pessoa feliz na caça ou na pesca; 2) pessoa afortunada em negócios ou amores. (In Dicion. Caldas Aulete)
NOTA - Daí provém o nome do município de BAURU (SP) (v. p. 386). Daí, também, no P.B., MATURU,
NOTA - Daí, URUBURETAMA (nome de serra do CE) (v. p. 386).
NOTA - Daí, inúmeras palavras no P.B.: ACANGUÇU, BOIUÇU, CABUÇU etc. Daí, também, inúmeros nomes de lugares no Brasil: BUTURUÇU (SP), IGARAÇU (PE), etc.
NOTA - Daí provém o nome do município de UBATUBA (SP) (v. p. 386).
NOTA - Daí, o nome geográfico TAQUIRUMA (MG) (v. p. 386)
NOTA - Daí provém o nome próprio XORORÓ (v. p. 386).
NOTA - Daí, no P.B., o nome da erva TIPUANA (de tyapûana, "bom cheiro").
NOTA - Daí, no P.B. (SP), GUAPIRA (ou GAPIRA), lugar em que um vale começa, i.e., onde começa um rio. Daí, também, o nome geográfico GUAPITUBA (em Mauá, SP) (v. p. 386).
NOTA - Daí se originam centenas de nomes de plantas, geralmente palavras terminadas em iba, iva, uba, uva: CABREÚVA ("planta de caburé"), JACAREÚBA ("planta de jacaré"), SIRIÚBA ("planta de siri"), ARAÇAÍBA ("pé de araçá"), JABUTIBA ("planta de jabuti"), BUÇU (de 'ybusu, "planta grande"). Muitas delas têm etimologia obscura: AIJUBA, AIÚBA, EMBAÚBA, ANINGAÚBA, ANIBA, CARNAÚBA, CAÚBA, MAÇARANDUBA, PAXIÚBA, COPAÍBA, MACAÚBA, BOCAIÚVA, PINDAÚVA, etc.
NOTA - Daí, o nome do chefe TAMANDIBA, um dos morubixabas aliados dos portugueses quando da fundação de São Paulo de Piratininga, em 1554.
NOTA - Daí, UBAPORANGA (nome de localidade de MG) (v. p. 386).
NOTA - Daí, o nome do antigo quilombo de IVAPORUNDUVA, no Vale do Ribeira do Iguape (SP) (v. p. 386).
NOTA - Daí, os nomes geográficos TAUBATÉ (SP), BATÉ (PI), etc. (v. p. 386).
NOTA - Daí, o nome geográfico BATINGA (BA, SE) (v. p. 386).
Daí, também, os nomes geográficos IBITINGA (município de SP), IBIAPABA (serra entre o CE e o PI), etc. (v. p. 386).
NOTA - Daí, IBIAMA (nome de ladeira de Salvador, BA) (v. p. 386)
NOTA - Daí, o nome da CHAPADA DO IBIAPABA (v. p. 386).
NOTA - Daí, no P.B., um grande número de palavras: ABARAÍBA ("madeira ruim"), nome de uma árvore anacardiácea; BURATEUA (PR) ("ajuntamento de madeira"), trecho de um braço de mar ou de um manguezal onde se amontoam ...vegetais..., formando um emaranhado de galhos e raízes (in Novo Dicion. Aurélio); BRAÚNA, BARAÚNA ("madeira escura"), árvore leguminosa; IBIRAREMA ("madeira fedorenta"), outro nome do pau-d'alho, etc. Daí, também, os nomes próprios (de pessoas e de lugares) IBIRAPUERA (bairro de São Paulo, SP); UBIRAJARA (nome de pessoa); IBIRANGA (PE); IBIRACATU (MG); UBIRATÃ (nome de pessoa), etc. (v. p. 386).
NOTA - Daí provém o nome próprio de pessoa UBIRAJARA, celebrizado pelo romance do escritor José de Alencar (v. p. 386).
IVIRAPEMA (tacape) (fonte: Staden)
IBIRAPITANGA (pau-brasil)
NOTA - Daí, os nomes geográficos BIRIBA (AM, PA), BORIBI (SP), etc. (v. p. 386).
NOTA - Daí, o nome da localidade de BUSSOCABA (Cotia, SP) (v. p. 386).
NOTA - Daí, o nome geográfico IBITINGA (SP) (v. p. 386).
NOTA - Daí, o nome geográfico IBITIÚRA (MG) (v. p. 386).
NOTA - Daí provêm muitos nomes geográficos: VOTORANTIM, VOTUPORANGA, BOTUCATU, etc. (v. p. 386).
NOTA - Daí provêm os nomes geográficos PACAEMBU e TAQUAREMBÓ (v. p. 386).
NOTA - Daí, no P.B., IGAPUITARIIARA ("os que têm dom de remadores de canoas"), nome de um povo indígena extinto.
NOTA - Daí, no P.B. (Amaz.), IGARAPÉ-AÇU, o de grande tamanho, e IGARAPÉ-MIRIM, o de pequeno tamanho.
NOTA - Daí, o nome do município de IGARAPAVA (SP) (v. p. 386).
NOTA - Daí, o nome da localidade de IGARAÇU DO TIETÊ (SP) (v. p. 386).
-ygûan - nasalização do suf. -ygûar (v.)
NOTA - Daí, o nome geográfico PIRAJUÍA (BA) (v. p. 386).
NOTA - Daí, no P.B., MANIPUEIRA, MANIPUERA (mani + ypûera), suco leitoso e venenoso da mandioca ralada.
NOTA - Daí, o nome geográfico IPUPIARA (BA) (v. p. 386).
NOTA - Daí, o nome geográfico IGUIRA (BA) (v. p. 386).
NOTA - Daí, os nomes geográficos CAJAPIÓ (MA), TIJIPIÓ (PE), ARAPIJÓ (PA), etc. (v. p. 386).
NOTA - Daí, SOCATINGA (nome de localidade do CE) (v. p. 386).
NOTA - Daí, ITAICI (nome de município de SP), IBIRACI (MG), URUBUCI (SC) etc. (v. p. 386).
NOTA - Daí, SEPOTUBA (rio de MT) (v. p. 386).
NOTA - Daí, no P.B. (MT), pequena cachoeira ou salto. Daí, também, ITORORÓ (nome de localidade da BA) (v. p. 386). V. tb. tororoma - nota.
NOTA - Daí, os nomes geográficos ITU (município de SP), ITUMBIARA (município de MG), etc. (v. p. 386).
As palavras do tupi antigo que originaram nomes próprios no Brasil serão apresentadas no interior dos verbetes abaixo tal como se acham no dicionário tupi-português. Assim, dispensamo-nos de traduzi-las sempre, podendo o consulente ali procurá-las, se o desejar. Se citarmos palavras do nheengatu ou das línguas gerais coloniais, elas serão escritas em itálico ou com asterisco *quando forem hipotéticas e conhecidas somente por sua presença no léxico do português do Brasil.
Abaeté, Lagoa do (BA). De abaîté - terror, horror (Anch., Teatro, 126), terrífico, horroroso.
Abaetetuba (PA). De abaeté - homem muito bom, homem valente, abaeté + tyba: ajuntamento de abaetés. O nome original, segundo o IBGE, era só Abaeté.
Abaíra (BA). De abá + a'yra (t): filhos de índios.
Acajaíba (BA). De akaîá + 'yba: pés de cajá.
Acajutiba (BA). De akaîu + tyba: ajuntamento de cajueiros.
Acarapirera (PA). De akará + pir-era: couro de cará, var. de peixe.
Acarituba (lago do AM). De gûakary + tyba: ajuntamento de acaris, peixes loricariídeos.
Acuraú (paraná do AM). De akura'a - poço, remanso + 'y - rio, água: rio dos poços.
Acutiacanga (cachoeira do AM). De akuti - cutia + akanga - cabeça: cabeça de cutia.
Aiquara (BA). De a'y + kûara: toca das preguiças.
Amaniú (BA). De amynyîu: algodoeiros.
Amaniutuba (BA). De amynyîu + tyba: ajuntamento de algodoeiros, algodoal.
Amapá. Na língua geral setentrional, nome de uma árvore apocinácea.
Anagé (BA). De inaîé, aves falconiformes.
Anajatuba (PA). De anaîá + tyba: ajuntamento de anajás, var. de palmeiras.
Ananatuba (PA). De naná + tyba: ajuntamento de ananases.
Andaraí (BA). De andyrá + 'y: rio dos morcegos.
Anguera (BA). De 'anga + -ûera: abrigo antigo.
Aninga (lagoa de PE), planta da família das aráceas.
Aquiqui (paraná do PA). De akyky - guicó, macaco cebídeo.
Araçá (bairro de SP). De arasá - plantas mirtáceas.
Aracanga (cach. do rio Tietê). De arara + akanga: cabeça de arara.
Aracapá (BA). De ûarakapá - escudo para defesa das flechas inimigas.
Aracatu (BA). De 'ara + katu: ar bom, tempo bom. Nome atribuído artificialmente em 1933. (fonte: IBGE)
Araçauava (Santo André, SP). De arasá + 'u + -aba: lugar de comer araçás.
Araim (MA). De ará - ave psitacídea + -ĩ - suf. de dimin.: arazinhos.
Aramá (PA). Do nheengatu aramã (in Stradelli, 375), var. de abelhas muito agressivas.
Aramari (BA). De aramari, uma espécie de peixe.
Arari (MA). De arara + 'y: rio das araras.
Araruama (lagoa do RJ). De arara + 'y + 'u + -aba: lugar de as araras beberem água.
Ararunaquara (PA). De araruna + kûara: toca das araras escuras.
Aratacá (BA). De arataka - variedade de beija-flor, de "azul e verde muito finos" (Soares, Coisas Not. Bras. [ms .c], 1315-1317).
Araticu (PA). Nome de uma árvore anonácea.
Aratuípe (BA). De aratu - var. de crustáceo + 'y - rio + -pe - em: no rio dos aratus.
Aritaguá (BA). De aritara - nome de um pássaro + kûá: enseada das aritaras.
Atins (MA). De aty - aves larídeas; gaivotas.
Aturiaí (PA). Do nheengatu aturiá (Stradelli, 382) - arbusto da família das leguminosas + y - água dos aturiás.
Avaí, São Pedro do (MG). De abá + 'y: rio dos índios.
Axixá (MA). De araxaxá, planta da família das esterculiáceas (Lisboa, Hist. Anim. e Árv. Maranhão, fl. 178)
Bacabaituba (BA). Da língua geral setentrional bacabaí*, var. de palmeira, bacabinha + tyba: ajuntamento de bacabaís.
Bacatu (MA). De 'ybá + katu: frutos bons.
Bacatuba (MA). Da língua geral setentrional bacaba + tyba: ajuntamento de bacabas, var. de palmeiras.
Bacu (lago do AM). De baku, peixes doradídeos.
Bacupari (cabo do RN). De baku + pari: pari dos bacus, i.e., barragem de rio feita para apanhar bacus.
Bacuri (MA). Da língua geral setentrional bacuri - planta clusiácea.
Bacuritéua (PA). Da língua geral setentrional bacuri - planta clusiácea + téua: ajuntamento de bacuris.
Bacurituba (MA). Da língua geral setentrional bacuri - planta clusiácea + tyba - ajuntamento de bacuris.
Boacica (lagoa de Itanhaém, SP). De mboîa - cobra + syka - chegada: chegada das cobras.
Boaçu (BA). De mboîusu, cobra boídea.
Boim (PA). De mboîa + -'ĩ: cobrinha.
Boiuçu (PA). Mesma etimologia de Boaçu (v.).
Boiuçucanga (PA). Mesma etimologia de Boiçucanga (v.).
Borá (MA). De mborá - abelha meliponídea.
Botuquara (BA). De ybytyra + kûara: buraco do morro.
Buçuituba (BA). De 'yb-usu: árvore grande, buiuçu, árvore da família das leguminosas papilionáceas; boiaçu, boiuçu, boçu + tyba: ajuntamento de buiuçus.
Buíra (BA). De po'yra (m): miçangas.
Bujuí (cach. de SP). De myîu'i: andorinhas (VLB, I, 28).
Buranhém (BA). De ybyrá + e'ẽ (r, s): pau doce, árvore da família das sapotáceas; guranhém, guaranhém.
Buriti (MA). De meriti('yba) - miriti, buriti, meriti, var. de palmeira.
Bussocaba (bairro de Osasco, SP). De ybysokaba: pilão de terra (para fazer casas de taipa) (VLB, II, 77).
Caá Iari (rio do RS). De ka'a + îara: senhor da mata, louva-a-Deus, inseto mantídeo + 'y: rio dos louva-a-deuses.
Caatiba (BA). De ka'a + -tyba: ajuntamento de mata.
Caboré (BA). De kaburé - var. de coruja.
Caburé (MA). O mesmo que Caboré (v.).
Caem (BA). De ka'a + e'ẽ (r, s): folha doce, nome de uma planta.
Caepupu (fazenda de Peruíbe, SP). De kapupuba, erva da família das gramíneas, var. de capim.
Caetá (BA). De ka'a + -etá (r, s): muitas matas.
Caetité (BA). De ka'a + eté-eté (r, s) [v. eté (r, s)] - imenso, grandioso: mata grandiosa.
Caí, Barra do, (BA). De ka'i: caí, nome de um macaco.
Caiapó (Jandira, SP). Nome, talvez da língua geral meridional, de uma trepadeira herbácea, da família das cucurbitáceas, também chamada purga-de-gentio.
Caiteuara (MA). De ka'aeté + 'ûara (v. 'u): comedores de caité (nome de uma planta).
Cajá (BA). De akaîá, árvores anacardiáceas.
Cajaíbas (BA). De akaîá + 'yba: pés de cajá.
Cajapió (MA). De akaîá + ypyó: multidão de cajás.
Cajuaçu (cach. do PA). De akaîu + -ûasu: grandes cajueiros.
Cajuí (BA). De akaîu + 'y: rio dos cajus.
Camacagi (BA). De kamakã* (v. Camacã) + îy: rio dos camacãs.
Camacaoca (MA). De kamakã* (v. Camacã) + oka: oca dos camacãs.
Camaçari (BA). De kamasary, espécie de árvore combretácea que produz líquido branco resinoso [de kama - seio + esá (t) - olho + y (t, t) - líquido]: líquido do olho do seio.
Camapu, Lagoa (PA). De kamapu, planta solanácea.
Camaraci (BA). Metátese de kamasary, espécie de árvore combretácea.
Camaru (cach. do PA). De kamaru, árvore do sertão nordestino.
Camarugi (BA). De kamaru + îy: rio dos camarus.
Cambari (Mairiporã, SP). De kamará + 'y: rio dos camarás.
Camirim (BA). De ka'a + mirĩ: mata pequena.
Camurupe (BA). De kamuri + 'y + -pe: no rio dos camuris.
Candiba (BA). Talvez de anakã + tyba: ajuntamento de anacãs, aves psitacídeas.
Canindé (bairro de SP). De kanindé - nome de uma ave psitacídea.
Canindé-Açu (cach. do MA). De kanindé + -ûasu: grandes canindés.
Capintuba (lago do PA). De kapi'i + tyba: ajuntamento de capim, capinzal.
Capuava (Santo André, SP). De kapŷaba - casa na roça, quinta (VLB, I, 68); herdade onde há caça (VLB, I, 121; Anch., Arte, 6v).
Capuba, Lagoa de (ES). De kapupuba, capimpuba < capim macio, planta gramínea.
Caputera (bairro de Mogi das Cruzes, SP). De ka'a - mato + pytera - meio: meio do mato.
Caracaru, Santo Antônio do (PA). De karakará + 'y: rio dos carcarás. (v. Caracará)
Caraíba (BA). De karaíba, homens brancos. Podia ser, também, o profeta-santidade dos antigos tupis.
Caraná (PA). De karaná: carandá, var. de palmeira.
Carananduba (PA). De karana'yba + tyba: carnaubal.
Carandiru (Bairro de SP). De karaná, carandá, var. de palmeira + -'i: carandaí*, na língua geral meridional + ry [de y (t, t)]: rio dos carandaís.
Carcanha (BA). De akaraãîa: cará dentado, caranha, peixe lutjanídeo
Catete (MA). De ka'a + eté-eté: mata imensa. Catete (ou cateto ou batité) designa, também, uma variedade de milho miúdo. Primeira datação: "Dada neste Arrayal do Cathete aos 15 dias do mez de Janeiro de 1711." (Antônio de Albuquerque Coelho de Carvalho [1710], III - Cartas De Sesmaria, p, 261.)
Coaraci (BA). De kûarasy: sol.
Comandatuba (BA). De komandá + tyba: ajuntamento de favas.
Congonhal (São Lourenço da Serra, SP). Da língua geral meridional congonha* + suf. -al do port.: ajuntamento de congonhas.
Conhamuco (PA). De kunhamuku: moças.
Coribe, São Félix do (BA). Parece provir do nome de um rio. De kori + 'y + -pe: no rio do curi, i.e., da argila vermelha. Já o nome do município de Coribe (BA) foi atribuído artificialmente em 1938.
Coroara (MA). De Karûara, entidade sobrenatural da cosmologia dos antigos tupis da costa.
Cotegipe (BA). De akuti + îy + -pe: no rio das cutias.
Cuitegi (PA). De kuîeté + îy : rio dos cuités.
Cumuruxatiba (BA). De komixã - grumixama, planta mirtácea + tyba: ajuntamento de grumixamas.
Cunhangi (BA). De kunhã + îy: rio das mulheres.
Cupim, Cach. do (PA). De kupi'ĩ: cupins, insetos isópteros (VLB, I, 142)
Cupuba (BA). De kupy'yba: planta da abelha "kupy", cupiúba, pequena árvore cunoniácea.
Curimaú, Lago (RR). De kurimã + 'y: rio dos curimãs.
Curitiba (capital do PR). Da língua geral meridional kuri* - pinheiro, araucária + tyba - ajuntamento, jazimento: ajuntamento de pinheiros. "Igual remeça faço agora dos Pinheiros de Curitiba; oxalá cheguem em termos, e q̃. prosigaõ avante nesse Clima." (Franca e Horta [1803], Para o ex.mo snr. d. Rodrigo - N.º 16, p. 192); "Anno de nascim.^to de nosso Senhor Jesus christo de mil e sette centos e vinte e seis annos aos nove dias do mes de Sbr.^o do d.^o anno nesta v^a de nossa Senhora da Luz dos Pinhais de Curitiba". (Manuel de Sam Payo et al. [1726], Cap.os de correição que faz o cap.am Manuel de Sam Payo juiz ordinario, p. 51).
Curuá (PA). De keîruá, queiroá, rato-de-espinho.
Curuçá (bairro de SP). De kurusá (port.): cruz.
Curuí (cachoeira do PA). De kuri + 'y: rio dos guris, designação genérica dos bagres marinhos.
Curuquara (Santana do Parnaíba, SP). De kuri + kûara - toca dos guris, var. de peixes.
Cururupe (BA). De kururu + 'y + -pe: no rio dos sapos.
Cururupu (MA). De kururu + pu: barulho de sapos.
Emboraí (PA). De mborá + 'y: rio dos borás, var. de abelhas.
Enxu (BA). De eîxu - var. de vespa (Piso, De Med. Bras. IV, 178).
Ererê (PA). De aîriré: irerês, aves anatídeas.
Gongogi (BA). De akyky + îy: rio dos guigós, var. de macacos.
Guabiraba, Barra de (PE). De gûabiraba, planta mirtácea.
Guaecá (São Sebastião, SP). Da língua geral meridional guaicá*, designando uma pequena árvore laurácea; canela-guaicá.
Guaibim (BA). De gûaîbĩ: velha.
Guajeritiua, Barra de (MA). De abaîeru + tyba: ajuntamento de guajerus, plantas crisobalanáceas.
Guajeru (BA). De abaîeru, planta crisobalanácea.
Guanambi (BA). De gûaînumbi, var. de beija-flor.
Guapiara (Cajamar, SP). Mesma etim. de Grupiara (v.).
Guaratinga (BA). De gûaratinga: garças.
Guariba (MA). De gûariba - macacos cebídeos.
Guarirama (MA). De gûariba + ama (t): terra de guaribas.
Guingó (BA). De gûygó, macacos cebídeos.
Gurupá (PA). Gurupá foi nome de uma antiga capitania do Norte, localizada no nordeste do Pará, na boca do rio Amazonas,"na zona fisiográfica do Marajó e Ilhas. Primitivamente era habitado por índios, até que, em época desconhecida, os holandeses ali se estabeleceram, construindo feitorias e portos fortificados". (fonte: IBGE).
Iacaré (cachoeira do AM). De îakaré: jacarés.
Iaçu (BA). De 'y + -ûasu: rio grande.
Ibatuí (BA). De 'y + matu'ĩtu'ĩ: batuíras do rio.
Ibiaçu (BA). De yby + -ûasu: terra grande.
Ibiajara (BA). De ybyîara: ibijara, cobras-cegas.
Ibiama (ladeira de Salvador, BA). De yby-'ama: terra levantada (VLB, I, 52)
Ibicoara (BA). De yby + kûara: buraco da terra.
Ibiraba, Lagoa da (PI). De ybyraba - árvore lecitidácea.
Ibirajá (BA). De ybyrá + îá: repleção de árvores, repleto de árvores.
Ibiranhém (BA). De ybyrá + nha'ẽ: prato de madeira. Nome dado em 1944 ao distrito de Aimorés. (fonte: IBGE)
Ibirataia (BA). De ybyrataîa: madeira ardida, plantas anonáceas (Sousa, Trat. Descr., 221)
Ibiriba (BA). De ybyryba: biribá, biriba, árvore mirtácea.
Ibitira (BA). De ybytyra: serra; morros.
Ibotirama (BA). De 'ybotyra + ama (t), corruptela de etama (t): região de flores. Nome atribuído artificialmente em 1943 para o arraial Bom Jardim.
Ieiú, Lagoa (PI). De îeîu: jiju, jeju, peixes de mar.
Igara (BA). De ygara: canoas.
Igarité (BA). De ygara + eté (r, s): canoa muito boa, var. de embarcação.
Igatiquira (BA). De ygá ou yá + tykyra: gotas de cabaça.
Iguá (BA). De 'y + kûá: enseada de rio.
Iguaba (BA). De 'y + 'u + -ab(a): lugar de beber água, bebedouro.
Iguatu (MA). De 'y + katu: água limpa.
Iguira (BA). De 'y + ypygûyr/a (r, t): águas profundas.
Imbira, Baixa da (BA). De embyra - var. de árvores.
Imbiruçu (catarata de MT). De embyrusu: grandes embiras, plantas bombáceas (Sousa, Trat. Descr., 216).
Inhatá (BA). De 'y-atã: rio direito (Anch., Arte, 6v)
Inhatium, Banhado do (RS). De îati'ũ - inseto culicídeo.
Iobi (BA). De 'y + oby (r, s): rio azul.
Ipecaetá (BA). De ypeka + etá (r, s): muitos patos.
Ipiúna (BA). De ipeúna*, árvore bignoniácea: ipê escuro. Termo da língua geral setentrional.
Ipucaba (BA). De 'y + puk + suf. -aba: lugar de arrebentamento das águas.
Ipupiara (BA). De 'y + pupé + yûara: o que mora dentro do rio, nome de uma entidade sobrenatural dos antigos tupis: "Estes homens marinhos se chamão na lingua Igpupiára; têm-lhe os naturaes tão grande medo que só de cuidarem nelle morrem muitos, e nenhum que o vê escapa (...)." (Pe. Fernão Cardim [1585], p. 50)
Iraí (BA). De eíra + 'y: rio das abelhas.
Iraípe (BA). De eíra + 'y + -pe: no rio das abelhas irás.
Irajaí (BA). De eíra + îá + 'y: rio repleto de abelhas irás.
Iramaia (BA). Da língua geral setentrional irá + mãia (de mãe, do português): mãe do mel, i.e., abelha.
Irapuru (PA). Do nheengatu uirá + puru: ave enfeitada.
Iratéua (PA). Do nheengatu irá + téua ou tyua: abundância de mel.
Irituia (PA). Da língua geral setentrional iri*, coco-de-iri, espécie de palmeira silvestre + tiua: ajuntamento de iris. Distrito criado em 1839. (fonte: IBGE)
Itacaré (BA). De itá + îakaré: jacaré de pedra.
Itacava (BA). De itá + ká + suf. -aba: lugar de quebrar pedras.
Itacira (BA). De itá + syra: enxada de ferro.
Itacurubi (BA). De itá + kurub/a + 'i: seixinhos de pedra.
Itagi (BA). De itá + îy: rio das pedras.
Itagibá (BA). De itá + îybá: braço de pedra.
Itaguara (MA). De itá + kûara: buraco das pedras.
Itaípe (BA). De itá + 'y + -pe: no rio das pedras.
Itaitu (BA). De itá + ytu: cachoeira de pedras.
Itajuípe (BA). De itá + îub + 'y + -pe: no rio do ouro.
Itajuru (BA). De itá + îuru: boca das pedras.
Itambé (BA). De itá + aeîmbé (r, s): pedras afiadas.
Itanhi (BA). De itã + îy, na forma nasal nhy: rio das conchas.
Itapacurá (PA). De y + Tapacurá: Tapacurás do rio, povo indígena extinto do PA. Nome da língua geral setentrional.
Itapaiúna (PA). De 'y + tapy'yîuna: negro de pedra.
Itapé (BA). De itá + (a)pé (r, s): caminho de pedras.
Itapeipu (BA). De itá - pedra + peypy (começo do caminho) - entrada de um lugar povoado, antes de chegarem as casas (VLB, I, 119): entrada de pedras.
Itapemirim, Cachoeiro do (ES). De itá + peb/a + mirĩ: pedra achatada pequena, laje pequena.
Itapetingui (BA). De itá + piting/a + 'y: rio das pedras pintalgadas.
Itapirama (BA). De itá + byr + ama (t), variante de etama (t): região de pedras empinadas.
Itaquara (BA). De itá + kûara: buraco da pedra.
Itaquaraí (BA). De itá + kûar/a + 'y: rio do buraco da pedra.
Itaqueri da Serra (SP). De itá + ker/a + 'y: rio das pedras dormentes.
Itareru (BA). Também conhecida como Atareru, provavelmente de tare'yra + 'y: rio das traíras.
Itariri (São Paulo). De itá - pedra + reri - ostra: ostras das pedras.
Itati (BA). De itá + atĩ: pedras pontudas.
Itatim (BA). De itá + atĩ: pedras pontudas.
Itatingui (BA). De itá + ting + 'y: rio das pedras brancas.
Itiruçu (BA). De ybytyra + -usu: morro grande.
Itororomba (BA). De 'y + tororoma: jorro d'água, bica d'água. (v. Itororó)
Ituassu (BA). De ytu + -ûasu: cachoeira grande.
Ituim (cachoeira do AM). De ytu + -ĩ: cachoeirinha.
Ituquara (PA). De ytu + kûara: buraco da cachoeira.
Jabaeté, Lagoa de (ES). De 'y + abaeté: água medonha.
Jabaquara (bairro de SP). De îababa (do v. îabab - fugir) + kûara: toca de fugitivos, i.e., quilombo, reduto de escravos fugidos.
Jabuti Caá (ig. do AM). Do nheengatu, mata dos jabutis.
Jacaracanga (BA). De îakaré + akanga: cabeça de jacaré.
Jacaraci (BA). De îakaré + asy (r, s): jacarés ruins (i.e., que atacam as pessoas).
Jacaré Catinga (SP). De îakaré + katinga: catinga dos jacarés.
Jacareacanga (PA). De îakaré + akanga: cabeça de jacaré.
Jacarecica (BA). De îakaré + syka: chegada de jacarés.
Jaciquara (cachoeira do PA). De îasy + kûara: buraco da lua.
Jacu (BA). De îaku, ave cracídea.
Jacuí (BA). De îaku - aves cracídeas + 'y: rio dos jacus.
Jacupema (BA). De îakupema, aves cracídeas.
Jacuri, São José do (MG). De îaku + y (t, t): rio dos jacus.
Jacurici (BA). De îakuru*, jacuru, ave buconídea + ysy (t): fileira de jacurus.
Jaguaquara (BA). De îagûara + kûara: toca da onças.
Jaguaraci (BA). De îagûara + asy (r, s): onças bravas.
Jaíba, Barreiro do (MG). De 'y-aíba: água ruim, água turva, água velha (D'Abbeville, Histoire, 182v).
Jambuaçu (PA). De îambugûasu (inhambu grande), nome de uma ave tinamídea (D'Abbeville, Histoire, 237)
Japiim (lago do AM). De îapĩ, pássaro icterídeo.
Japira (BA). Nome de uma ave icterídea, talvez um termo da língua geral setentrional.
Japó, Barra do (AM). De 'y + apó (s, r, s): raízes d'água.
Japomirim (BA). De 'y + yapu (r, s) + mirĩ: rio de pequeno barulho.
Japuí (bairro de Praia Grande, SP). De îapu + 'y: rio dos japus, pássaros icterídeos.
Jaratimana (BA). Mesma etim. de Jatimana (v.).
Jataituba (lagoa de SP). De îate'i, jataí, abelha melipônida + tyba: existência de jataís.
Jauá (BA). Nome de uma ave psitacídea, xauá, talvez uma palavra de língua geral colonial.
Jejuí (MA). De îeîu + 'y: rio dos jejus, var. de peixes.
Jenipabu (BA). De îanypaba + 'y: rio dos jenipapos.
Jenipaúba (MA). De îanypaba + 'yba: pés de jenipapos.
Jenipavaí (BA). De îanypaba + 'y: rio dos jenipapos.
Jequié (BA). De îeky - covo, cisterna (Ar., Cat., 107v) + é - diferente: cisterna diferente.
Jequiriçá, Barra do (BA). De îukyra + esá (t): olhos de sal (i.e., sal gema).
Jereraú (lagoa do CE). De îururá + 'y: rio dos jurarás, var. de tartarugas.
Jiquiriçá (BA). V. Jequiriçá.
Jiquitaia (BA). Provavelmente de termo de língua geral colonial, jiquitaia, variedade de formiga.
Juá, Barra do (PB). De îuá, juazeiro, árvore do sertão nordestino.
Juçaraí (MA). De îeîsara, var. de palmeira + 'y: rio das juçaras.
Jucuruçu (BA). De îukuru* - jucuru, ave buconídea + -usu: grandes jucurus.
Jundiá (BA). De îundi'a - jundiá, nhandiá, jandiá, bagres de rio (Anch., Arte, 6v).
Jundiacanga (lagoa de Sorocaba, SP). De îundi'a - jundiá, nhandiá, bagres de rio + akanga: cabeça de jundiá.
Juqueí (São Sebastião, SP). De îeky + 'y: rio dos covos.
Juqueri-Mirim (Nazaré Paulista, SP). De îukeri, juqueri, var. de ervas + mirĩ: pequenos juqueris.
Juquiriçá (BA). De îukyra + esá (t): olhos de sal, sal-gema.
Juraritéua (PA). Do nheengatu iurará + téua: abundância de jurarás.
Jurebeba (MA). De îurebeba: jurubebas, árvores solanáceas.
Juruti, Lago Grande de (PA). De îuriti, aves columbiformes.
Juruvaíva (Cajamar, SP). De îuruba - ave momotídea + 'yba: planta das juruvas, planta não identificada.
Jussarí (BA). De îeîsara + 'y: rio das juçaras.
Jutuarana (lago do AM). Do nheengatu jutuá + rana: falsos jutuás, plantas meliáceas.
Macajatuba (MA). Do termo do tupi antigo mokaîé, conhecido indiretamente na composição mokaie'yba - mocajaíba, bocaiúva, var. de palmeira + tyba: ajuntamento de mocajaíbas.
Macaquara (cachoeira do AP). Da língua geral setentrional, macaá* + quara: toca de macaás, aves falconídeas.
Maçaranduba (BA). De ka'aromosorandyba, árvore sapotácea
Macujé (BA). De mukuîé: mucujês, plantas da família das apocináceas (Cardim, Trat. Terra e Gente do Brasil, 39).
Maguari (cachoeira do MA). De magûari, aves ciconídeas.
Mairi (BA). De maíra + 'y: rio dos maíras (v. Maíra).
Manacari (lago do AM). De manaká + y (t, t): rio dos manacás.
Mandacaru (BA). De îamakaru, planta cactácea.
Maracajatuba (PA). De marakaîá + tyba: ajuntamento de maracajás.
Maracatuba (lago do AM). De maraká - chocalho, maracá + tyba: ajuntamento de maracás.
Maragojipe (BA). De maragûaó + îy + -pe: no rio dos maracajás, animais felídeos.
Maraú (BA). De maíra + 'y: rio do maíra.
Mari (BA). O mesmo que Pari (v.).
Maritéua (PA). Mesma etimologia de Umarituba (v.).
Matapiquara (PA). Da língua geral setentrional matapi, covo oblongo, feito de jacitara, e com abertura na base + quara: buraco de matapi.
Matarandiba (BA). Da língua geral setentrional matarana + tyba: existência de mataranas, ervas zingiberáceas.
Mataripe (BA). De metara - var. de peixe + 'y - rio + -pe - em, para: no rio das metaras.
Matotuí (PA). De matu'ĩtu'ĩ: matuins, mutuís, batovis, batuíras, aves que vivem nas praias e margens de rios (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 217)
Meriti, São João do (RJ). De meriti'yba, var. de palmeira.
Meritiba (MA). De meriti'yba, var. de palmeira.
Miranga (BA). De myranga [v. pyranga], barro vermelho.
Miroró (MA). Da língua geral setentrional, peixes murenídeos, também chamados lampréia, enguia, moréia, mororó, tororó.
Mocajuba (PA). De mokaîe'yba, var. de palmeiras.
Mocó (BA). De mokó, mamíferos cavídeos.
Mocori (PA). De mukury, plantas gutíferas.
Mondubim (MA). De mandubi, amendoins.
Mooca (bairro de SP). De mũ + oka (r, s): casa de parentes. Ou, talvez, do pref. causativo mo- + oka: fabricação de casas.
Mucugé (BA). De mukuîé, mucujês, plantas apocináceas.
Mundé (BA). De mundé1: mundéu, var. de armadilha.
Murajá (PA). De maruîá (termo conhecido indiretamente em maruîa'yba) - nome de uma planta (Sousa, Trat. Descr., 200)
Muritiba (BA). De meriti'yba, var. de palmeiras.
Mutá (MA). De mytá: mutá, mutã, muitá, andaimo no mato para esperar caça (VLB, I, 35)
Mutuípe (BA). De mutũ + 'y + -pe: no rio dos mutuns.
Mutum (MA). De mutũ: mutuns, aves cracídeas.
Mutuoca, Baía da (PA). Do nheengatu mutum + oca: refúgio de mutuns.
Omari (Mairiporã, SP). De umari, plantas icacináceas.
Opaba (BA). De upaba, lago, lagoa.
Pacaembu (bairro de SP). De paka + 'yemby: córrego das pacas.
Pari (bairro de SP; rio de MT). De pari - canal para apanhar peixes (VLB, I, 65).
Paricatuba (PA). De pariká - paricá, planta leguminosa + tyba - ajuntamento, reunião: ajuntamento de paricás.
Patuá, Cachoeira do (AM). De patûá (ou patygûá ou patugûá), canastra, cesta de folhas de palmeira, balaio.
Peri (MA). De piripiri: piripiris, piris, peris, espécie de junco da família das ciperáceas.
Piavuçu (lagoa de MT). De piaba + -usu: piabas grandes, piabuçus, piabas de porte avantajado.
Pindaí (BA). Segundo o IBGE, em "1945 recebeu o nome de Pindaí, pois São João da Gameleira coincidia com o nome de outro município baiano". De pindá + 'y: rio dos pindás.
Pindobussu (BA). De pindobusu1: pindobas grandes, var. de palmeiras.
Piqui (BA). De peke'i: pequis, árvores cariocaráceas.
Pirabas, São João de (PA). Da língua geral meridional, piraba* - peixes caracídeos.
Piracuí (PA). De pirá + ku'i: farinha de peixe.
Piracuquara (PA). De pirakuka + kûara: toca das piracucas.
Pirajiqui (BA). De pirá + îeky: covo dos peixes.
Pirarara (cach. do AM). De pirá + arara: peixes araras, peixes pimelodídeos da Amazônia.
Piratigi (BA). De pirá + atyr/a + îy: rio do amontoado de peixes.
Piri (BA). De piripiri, espécie de junco, planta ciperácea.
Piriguá (MA). De perigûá - var. de moluscos marinhos.
Piroba (MA). De 'ybapiroba: fruto da pele amarga, nome de uma planta (D'Abbeville, Histoire, 224v)
Pirpirituba (PA). De piripiri + tyba: ajuntamento de piripiris.
Pirucaia (Mairiporã, SP). Nome de um peixe cianídeo, termo da língua geral meridional.
Pitanga (BA). De 'ybapytanga - árvore mirtácea de fruto avermelhado.
Poirí (BA). De po'yra (m) + 'y: rio das miçangas.
Potunduva (cach. do rio Tietê, SP). "As cachoeiras notaveis d'este rio Tieté são as seguintes: Acanguerusú [...], Acanguemirí, Jurumirí, Avaremondoava, [...] Potunduva [...]." (Francisco de Oliveira Barbosa [1792], Noticias da Capitania de S. Paulo, p. 25)
Quavirutuba (bairro de Nazaré Paulista, SP). De gûabiru - guabiru ou gabiru, mamífero roedor + tyba - ajuntamento, ocorrência: ajuntamento de gabirus.
Quicé (BA). De kysé: facas.
Quiriba (BA). De kiryba: quiris, quirins, plantas da família das borragináceas (Brandão, Diálogos, 171).
Saboó (bairro de Santos, SP). De sapó + po'o: arranca-raízes.
Saguipe (BA). De saûí + 'y + -pe: no rio dos saguis.
Saí (São Sebastião, SP). De sa'i - pássaros cerebídeos ou traupídeos.
Sambaituba (BA). De saîimbe'yba + tyba: ajuntamento de sambaíbas, árvores da família das dileniáceas.
Sanharó (BA). Em língua geral colonial, nome de certas abelhas meliponídeas. De te(sá) + nharõ: olhos raivosos. "[...] Há outra especie chamada "Sanharon", q' não fabrica mel, e hé corsaria das outras abelhas, q' o fabricão, forma brigas, acomete as suas cazas, mata-as, e lhes rouba o mel." (Anônimo - muito provavelmente Joseph Barbosa de Sáa [1765], p. 175)
Sapucaia, São João da (MG). De sapukaîa, planta lecitidácea.
Saracuru (PA). De sarakura + 'y: rio das saracuras.
Sararaí (BA). De sarará - mariposa, inseto lepidóptero de coloração fulva + 'y: rio das sararás.
Sepetiba (Baía do RJ). De sepé + tyba: abundância de sapé, sapezal.
Sergi (BA). De seri + îy: rio dos siris.
Sirinhaém, Barra do, (PE). V. Serinhaém.
Sororoca (cachoeira do AM). De sororoka, peixes tunídeos (Sousa, Trat. Descr., 284).
Suaçu (cachoeira do AM). De sûasu - veado.
Suçuapara (BA). De sûasuapara: veado arqueado, veado-galheiro, animal cervídeo.
Sumaré (bairro de SP). Nome da língua geral meridional, designando uma variedade de orquídea.
Sururu (BA). De sururu - moluscos mitilídeos.
Tacimirim (BA). De itá + asyb/a + mirĩ: pequenas pedras escorregadias.
Tagi (MA). De itá + îy: rio de pedras.
Tajatuba (MA). De taîá + tyba: ajuntamento de tajás, plantas aráceas de raízes comestíveis.
Tajuaba (MA). De taîá + 'u + -aba: lugar de comer tajás.
Tamburi (BA). Nome de árvore da família das leguminosas, das língua gerais coloniais.
Tapaiúna (PA). Mesma etimologia de Tapanhuna (v.).
Taperi (BA). De tapera + 'y: rio da tapera, i.e., da aldeia abandonada, da fazenda abandonada.
Tapiira (cachoeira do AM). De tapi'ira: antas.
Tapiú (paraná do AM). Do nheengatu tapiú, pequenas formigas arbóreas (Stradelli, p. 664)
Tapuitapera (MA). De tapuîa ou tapy'yîa - o que é de grupo indígena não tupi, tapuia + tapera - aldeia abandonada: aldeia abandonada dos tapuias. "Præcipuus pagus et provinciæ velut caput, vocatur provinciæ nomine Tapovytepere, quod ipsorum idiomate significat antiquam Tapuyarum sedem." - "O principal povoado, considerado capital da Província, tem o nome Tapuitapera, que significa, em seu idioma, antiga moradia dos tapuias." (Laet, Novus Orbis, Livro XVII, p. 621)
Tapurema (cachoeira do AP). De tapi'ira + rema: fedor de antas.
Tapuru, São Sebastião do (AM). Do nheengatu itá + puru: pedras enfeitadas.
Tararucu (BA). De tararuku - tararucu, planta da família das leguminosas, também conhecida como fedegoso.
Tareraimbu, Cach. do (PA). De tare'ira + 'yemby: córrego das traíras.
Tatuassu (BA). De tatu + -ûasu: tatus grandes.
Tatuoca (PA). De tatu + oka (r, s): refúgio de tatus.
Tauá, Santo Antônio do (PA). Mesma etim. de Taguá (v.).
Tijoca (PA). Do nheengatu tejú (Stradelli, 673) + oka: refúgio dos tejus.
Tijuaçu (BA). De teîuûasu: tejus grandes, teiuaçus, répteis teídeos (VLB, II, 17).
Tijucuçu (BA). De tuîuka + -usu: tejuco grande.
Timbaúba, São Pedro do (açude do CE). Nome de árvore leguminosa, termo da língua geral setentrional.
Timbó, Santa Cruz do (SC). De timbó, nome genérico de algumas plantas entorpecentes.
Timbotéua (PA). Do nheengatu timbó + téua: ajuntamento de timbós.
Tinguatiba (BA). Nome de plantas rutáceas, tinguacibas*, espinhos-de-vintém, de língua geral.
Tiquaruçu (BA). De ty + kûara + -usu: buraco grande de rio.
Tiririca (BA). Erva daninha graminiforme da família das ciperáceas; termo de língua geral.
Trairi, São Bento do (RN). De tare'ira + 'y: rio das traíras.
Tubiba, Baixa do (RN). Talvez da língua geral setentrional, nome de abelhas meliponídeas.
Tubuna (salto no rio Itararé, SP). De tubuna - var. de abelha.
Tucum (BA). De tukũ - var. de palmeiras.
Tucumaí (cach. do AM). De tukuma + 'y: rio dos tucumãs, var. de palmeiras.
Tucunduba (PA). De tukũ + tyba: ajuntamento de tucuns, var. de palmeiras.
Upamirim (BA). De upaba + mirĩ: lagoa pequena.
Urubucaa (lagoa do PA). De urubu + ka'a: folha do urubu, planta aristoloquiácea, urubucaá.
Urubuçu (MA). De urubu + -ûasu: urubus grandes.
Urubupungá (salto do rio Paraná). " [...] na altura de 20 gráos e ½ fas o grande salto do Urubúpungá [...]." (Azeredo Coutinho (1804) [n.d.], p. 47]. De urubu + pungá: urubu inchado.
Uruçuca (BA). De eirusu - uruçu, iruçu, abelhas meliponídeas (VLB, I, 18) + oka (r, s): toca de uruçus.
Votorantim (salto de Sorocaba, SP). Da língua geral meridional votura* + tĩ*: morro pontudo.
Votupari (Santana do Parnaíba, SP). Da língua geral meridional, votura* + parĩ*: montanha torta.
Votupocu (Barueri, SP). Da língua geral meridional, votura* + pucu: morro comprido.
BARBOSA, Maria Aparecida. "Modelos em Lexicologia". In Língua e Literatura 9. FFLCH / USP, São Paulo, 1980, pp.261-279.
BETTS, La Vera, Dicionário Parintintín-Português / Português Parintintín. SIL, Brasília, 1981.
BOUDIN, Max H., Dicionário de Tupi Moderno (Dialeto Tembé Ténêtéhar do Alto Rio Gurupi). Conselho Estadual de Artes e Ciências Humanas, (vol. I) 1966; (vol. II) 1978.
CORREIA, Manuel Pio, Diccionário das Plantas úteis do Brasil e das exóticas cultivadas. Rio de Janeiro, 1926-1975, 5 vols.
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_____Compendio da Doutrina Christãa na Língua Portugueza e Brasilica. Reimpresso por Frei José Mariano da Conceição Vellozo. Offic. de Simão Thaddeo Ferreira, Lisboa, 1800.
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_____Tratado da Província do Brasil. Reprodução facsimilar do manuscrito no 2026 da Biblioteca Sloaniana do Museu Britânico. Edição preparada por Emmanuel Pereira Filho. Vol. 5 da coleção Dicionário da Língua Portuguesa - Textos e Vocabulários, do Instituto Nacional do Livro. Rio de Janeiro, 1965. (Foram citados nas trancrições os números das linhas do manuscrito.)
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(Salvador) SALVADOR, Frei Vicente do, Historia do Brasil, 1627. Códice 49 da coleção Livros do Brasil, do Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Lisboa.
(Valente) VALENTE, Cristovão, Poemas Brasílicos, In Araújo, Antônio de, Catecismo Brasílico da Doutrina Cristã. Ed. facsimilar da 2a edição (1686), corrigida por Bartolomeu de Leão. Julius Platzmann., B. G. Teubner, Leipzig, 1898.
(Vasconcelos) VASCONCELLOS, Pe. Simão de, Chronica da Companhia de Jesu do Estado do Brasil: [...] e alguãs noticias antecedentes curiosas & necessárias das cousas daquelle Estado. Lisboa, anno 1663.
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MATOSO, Caetano da Costa / Luís José Ferreira de Gouveia [1749], Informação das Antiguidades da Freguesia de Guarapiranga. Códice Costa Matoso. Belo Horizonte: Fundação João Pinheiro; Centro de Estudos Históricos e Culturais, 1999. 2v.
SAM PAYO, Manuel de (juiz ordinário) Antonio Alvres Freyre (tabelião e escrivão) Thome Pacheco e Abreu (escrivão) [1726], Cap.os de correição que faz o cap.am Manuel de Sam Payo juiz ordinario e orphãos da v.a de pern. E nella e sua comr.a ouvidor geral pella ley. Ex Biderman, M.T.C. (org.), Dicionário Histórico do Português do Brasil. (Projeto Institutos do Milênio do CNPq).
SILVA, Maria da [1655], Inventário e Testamento de Maria da Silva. Arquivo do Estado de São Paulo.
abaixar-se - îeaŷbyk
abandonar - eîar (s)
achar - gûasem; basem
adiantar-se - kuabĩ
agradar - moapysyk
alargar - moatã2 ● alargar as bordas de: oba'ok (s)
alegre - esãî (r, s); oryb (r, s)
algo - mba'e; mba'e amõ
amontoar - moatyr
andar - gûatá ● andar com; fazer andar consigo: erogûatá
animal - (quadrúpede): so'o; (doméstico): mimbaba; temimbaba
aparar - etab (s); pin (-îo-)
aparecer - obasem (r, s); îekugûab
aperfeiçoar - moaûîekatu
apressar - moanhẽ
aquecer - moakub; pé (-îo-)
aquietar - moarybé; nongatu
aranha - nhandu'ĩ
arredondar - moamandab ● arredondar, deixando esférico: moapu'a
arruinar - moangaîpab; moingotebẽ; momoxy
atentar - îeapysaká
atrasar - moabaíb
baía - kûá
barco - ygara
barro - nhau'uma ● barro branco: tobatinga; barro vermelho ou amarelo: tagûá
benzer - obasab (s)
bens - mba'e
berne - ura
bica (d'água) - 'ytororoma
bicho - v. animal
bofetada - îoatypeteka
bravo - nharõ
brejo - uparana
buraco - kûara; puka (mb)
buscar - ekar (s)
caminhada - gûatá
caminhar - gûatá
canoa - ygara
carrancudo - esakûarasy (r, s)
casa - oka (r, s) ● casa na roça: kapŷaba
cauda - tûaîa
cedo - esapy'a
célebre - erapûan (r, s)
celestial - ybakygûar
cera - iraîty
certeiro - pûakatu
céu - ybaka ● habitante do céu: ybakygûara
coco - inaîagûasu
coisa - mba'e, ma'e
concórdia - îoaûsuba
conduzir - erasó
conhecedor - kuapara (v. kuab)
conhecer - kuab
conhecido - kuabypyr (v. kuab)
consolar - moapysyk
coqueiro - inaîagûasu
coragem - pyatã (mb); tekoeté
correr - nhan
corrida - nhana
cova - kûara; ybykûara
coxa - uba
curvar-se - îeaŷbyk; nhemoapyr
daí - ebanõî
dali - ebanõî
defender - pîar (-îo-)
deixar - eîar (s) ● deixar de: po'ir
deleitar - moapysyk
denunciar - kuaukar
derrotar - moaûîé
desconhecido - kuabypyre'ym (v. kuab)
desenhar - kûatiar
despido - ikatupe
dificultar - moabaíb
dilatar - oba'ok (s)
dinheiro - itaîuba
dobrar - moapyr; moakaar; apapûar
dois (duas) - mokõî
elevado - ybaté
emigrar - îeakasó
empalidecer - obaîub (r, s) (xe)
empurrar - moanhan
encobrir - kuakub
encomendar - pûaî (-îo-)
encontrar - gûasem; basem; obaîtĩ (s)
endurecer - moatã
enfeiar - moaíb
enraivecer - moabaîté
enseada - kûá
ensurdecer - moapysakûaîe'o
entalhe - nhã; anhã2
entender - kuab; tekokuab; moang; py'arĩ
envoltório - ubandaba
esconder - kuakub; mim (-îo-)
escrever - kûatiar
esquecer-se - esaraî (r, s) (xe)
esquentar - moakub; pé (-îo-)
estirar - moatã
famoso - erapûan (r, s) [v. erapûana (t)]
fartar - moapysyk
ferro - itá
foice - îyapara
fonte - nhãîa
furado - kûar (v. kûara)
futuramente - irã; mirã
gancho - tyãîa
gemer - poasem (xe)
gemido - poasema (m)
grosso - poanam/a; anam/a
guerreiro - gûarinĩ; kyre'ymbaba
gula - mba'e'ueteeté
iluminar - esapé (s); moendy
imigrar - îeakasó
importunar - moaîu
inclinar - moapy'am
incomodar - moaîu
indicar - kuabe'eng
irritar - irarõ; monharõ
jangada - ygapeba
lago - upaba
lagoa - upaba; 'yno'onga
levar - erasó
maneta - (s.): asyka; (adj.): asyk
mangue - gûapara'yba; sere'yba
matança - îoapiti; paba (mb); porapiti (m)
metal - itá
mexerico - mba'epûera
molhar - moakym
mostrar - kuame'eng; kuabe'eng
navio - ygarusu
negar - kuakub
nu - ikatupe
nuvem - ybatinga; ybytinga
obrigar - ukar
ocultar - kuakub
oeste - kûarasy reîkeaba
oferecer - kuabe'eng; erekûab
onda - ygapenunga (r, t)
ouro - itaîuba
paciência - osanga (t)
paciente - osang/a (r, s)
pálido - obaîub/a (r, s)
palmito - u'ã
parede - pyá; opyá (r, s)
pedra - itá
pedregulho - itakurubi
pedreira - itatyba (v. itá)
pentear-se - îeabyky
perante - obaké (r, s)
pernilongo - nhati'ũasu
perseguidor - piara (mb)
perverter - moangaîpab
pintar - kûatîar; (pintar de branco): moting; (pintar de vermelho): mopyrang; (pintar de preto): moún; (pintar de amarelo): moîub
pobre - mba'ee'ym/a
pobreza - mba'ee'yma
ponte - nharybobõ
porto - peasaba
praça - okara
preto - un/a (r, s)
procurar - ekar (s)
qualquer (quaisquer) - tetiruã
rabo - tûaîa
raiva - nharõ; îemoŷrõ
raro - kûaî/a; pokang/a; etapokang/a (r, s)
reconhecer - kuab
recuar - îeakypûereroîebyr; syî; syryk
recusar - kuakub; poûsub
remo - ygapukuîtaba
respeitar - moabaeté; motyb
responder - obaîxûar (s); nhe'eng; nhe'ẽpoepyk
riqueza - mba'e
sabedor - kuapara (v. kuab)
saber - kuab ● sei lá!: sé!
sentar-se - gûapyk
sol - kûarasy; kûara
suficiente - oîá; oîakatu
suor - tyaîa
tambor - gûarará
tear - ytá
tecer - pyasab; pẽ (-îo-)
tigela - nha'ẽpygûaîa; temiuru; nha'ẽpyko'ẽ
toca - kûara
tonto - esagûyryb/a (r, s)
tosar - moapererá; apin
ultrapassar - pûan (-îo-)
unhada - pûapẽmbora (m)
valentia - pyatã (m)
velha - gûaîbĩ
veneno - mba'etegûama; posangygûaba (m)
verdade - mba'eeté; supindûara
vestir - moaob; mondeb
volta - nhatimana; nhemoîereba
zangar-se - nharõ; îeaseî
abagûasu - v. abá2
abaîté - v. abaeté2
abápe? - v. abá1?
a'epe2 - v. a'e4
Agûasaí - v. Agûaîxay
aîé1 - v. anhẽ
Aîmbiré (s. antrop.) - nome de índio tupi (Anch., Teatro, 28)
akangapé - v. akangyapé
akûé3 - v. akûeî
ama'yba - v. amba'yba
amõneme - v. amõme
anhotenhẽ - v. anhõte
anhuban - v. aîuban
Aparaîtykabusu (s. antrop.) - nome de índio tupi (Vasconcelos, Crônica [Not.] II, §1, 113)
Aparaîtykamirĩ (s. antrop.) - nome de índio tupi (Vasconcelos, Crônica [Not.] II, §1, 113)
apẽ - v. apena
(fonte: STADEN)
apepûera - v. apé3
apynha - v. apỹîa
apyrûera - v. apyra (VLB, II, 100)
Aragûasu (s. antrop.) - nome de índio tupi (Anch., Cartas, 456)
Araryboîa2 (s. antrop.) - nome de índio tupi (Anch., Cartas, 279)
Arikonta (s. antrop.) - nome de entidade mitológica dos antigos tupis da costa (Thevet, Cosm. Univ., 914v)
Arõngatu (s. antrop.) - nome de índio tupi (Anch., Teatro, 130, 2006)
asyra - v. asura
aty2 - v. atyb
a'u - v. a'ub
aûîeramo - v. aûîé3
Exu'y (s. antrop.) - nome de índio tupi (Vasconcelos, Crônica [Not.] II, §1, 113)
Gûaîxará (s. antrop.) - nome de índio tupi (Anch., Teatro, 26)
NOTA - GUARACIABA é, também, nome próprio de mulher.
Gûyraopina (s. antrop.) - nome de índio tupi (Vasconcelos, Crônica [Not.] II, §2, 114)
'ia'ub / 'ea'ub (etim. - dizer na mente, dizer na imaginação) (v. tr. irreg.) - supor: "Osó ipó" a'ea'ub niã ixé. - Suponho eu que ele tenha ido, de fato. (VLB, I, 87)]
Iporese'õ (s. antrop.) - nome de índio tupi (Anch., Poemas, 154)
Itapukusama2 (s. antrop.) - nome de índio tupi (D'Abbeville, Histoire, 183v)
Îu'ikũ (s. antrop.) - nome de índio tupi (Anch., Poemas, 158)
Îukugûasu (s. antrop.) - nome de índio tupi (Vasconcelos, Crônica [Not.] II, §1, 113)
Kaburé2 (s. antrop.) - nome de índio tupi (Anch., Teatro, 64)
Kagûara2 (s. antrop.) - nome de índio tupi (D'Abbeville, Histoire, 188)
Karana'yba2 (s. antrop.) - nome de índio tupi (D'Abbeville, Histoire, 184v)
karana'yba3 (s. astron.) - nome de uma estrela (D'Abbeville, Histoire, 221v)
Karûara2 (s. antrop.) - nome de uma entidade da cosmologia dos antigos tupis da costa: Osekyî kunhã maîé Karûara. - Invocam as mulheres o pajé Caruara. (Anch., Teatro, 150, 2006)
Kunhambeba (s. antrop.) - nome de índio tupi (Anch., Cartas, 223)
Maíra1 (s. antrop.) - nome de um antigo profeta, sucessor e herdeiro de Mairumûana (v.) (Thevet, Les Sing. de la France Antart., 53v)
Makaxera1 (s. antrop.) - "divindade dos caminhos, guia dos viajantes" (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 278): Nd'arobîari Makaxera... - Não confio em Macaxeras... (Anch., Teatro, 62)
memetaé - v. abiã... memetaé
nhambé - v. ambé1
oîepegûasu (grande um) (s.) - unidade, totalidade: I mongaraibypyretá oîepegûasu îasûá... - Os cristãos como uma unidade. (Ar., Cat., 49v)
(fonte: Staden)
Pirataraka (s. antrop.) - nome de índio tupi (Anch., Teatro, 162, 2006)
NOTA - Olavo Bilac, em seu poema Música Brasileira, escreveu:
ABAPORU (quadro de Tarsila do Amaral)
saba - v. aba (s, r, s)
Serobabé (s. antrop.) - nome de índio tupi (Vasconcelos, Crônica [Not.] II, §2, 114)
ta'anga v. a'anga (t)
ta'angaba - v. a'angaba (t)
taba2 - v. aba (t)
tabiîu - v. abiîu (t)
Tabirá (s. antrop.) - nome de índio tupi (Vasconcelos, Crônica [Not.] II, §1, 113)
taby'aka - v. aby'aka (t)
Tagûaí (s. antrop.) - o mesmo que Tagûaíba (v.) (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 278)
tagûé - v. agûé (t)
tagûyrõ - v. agûyrõ (t)
taîa2 - v. aîa (t)
Taîkuîu2 (s. antrop.) - nome de índio tupi (D'Abbeville, Histoire, 183v)
taîtaty - v. aîtaty (t)
taîxó - v. aîxó (t)
taîyba - v. aîyba (t)
taîyka - v. aîyka (t)
taîyra - v. aîyra (t)
takamby - v. akamby (t)
takapé - v. akapé (t)
takó3 - v. akó (t)
takûaba - v. akûaba (t)
takuba - v. akuba (t)
takypûera - v. akypûera (t)
Tamandiba (s. antrop.) - nome de índio tupi (Anch., Cartas, 457)
Tamandûaré (s. antrop.) - nome de um grande pajé da mitologia dos antigos tupis da costa (Vasconcelos, Crônica [Not.], I, §75, 80)
tambyagûá - v. ambyagûá (t)
Tamendonara (s. antrop.) - nome de entidade mitológica dos antigos tupis da costa (Thevet, Cosm. Univ., 914v)
tamũîa2 - v. amũîa (t)
tanha - v. anha (t)
tanhẽ - v. anhẽ (t)
Taperiri (s. antrop.) - nome de índio tupi (Vasconcelos, Crônica [Not.] II, §1, 113)
Taperoaba (s. antrop.) - nome de índio tupi (Vasconcelos, Crônica [Not.] II, §1, 113)
Taperybyra (s. antrop.) - nome de índio tupi (Vasconcelos, Crônica [Not.] II, §1, 113)
tapixara - v. apixara (t)
tapûá - v. apûá (t)
tapupira - v. apupira (t)
tapŷaba - v. apŷaba (t)
tara - v. ara (t)
Taragûaí (s. antrop.) - nome de índio tupi (Anch., Cartas, 460)
Tarapaponga (s. antrop.) - nome de índio tupi (Vasconcelos, Crônica [Not.] II, §1, 113)
tarõaba - v. arõaba (t)
tarõana - v. arõana (t)
tarûaba - v. arûaba (t)
taryba - v. aryba (t)
tasapaba - v. asapaba (t)
tasema - v. asema (t)
tasoka - v. asoka (t)
tasy - v. asy (t)
tatá - v. atá (t)
tatatinga - v. atatinga (t)
tatu'uba - v. atu'uba (t)
Taúba (s. antrop.) - nome de entidade da cosmologia dos antigos índios tupis habitantes da costa do Brasil (VLB, I, 102)
taûsuba - v. aûsuba (t)
taûsupara - v. aûsupara (t)
ta'ynha - v. a'ynha (t)
ta'yra - v. a'yra (t, t)
ta'ysé - v. a'ysé (t)
tayty - v. ayty (t)
tingasu2 (s. astron.) - estrela que aparece quinze dias antes das Plêiades (D'Abbeville, Histoire, 316v)
tukũ2 (s. astron.) - nome de estrela parecida com o fruto do tucum (D'Abbeville, Histoire, 319v)
TETEQUERA (meandro abandonado – desenho de C. Cardoso)
Ûarumaûasu2 (s. antrop.) - nome de índio tupi (D'Abbeville, Histoire, 182)
NOTA: -GUAÇU e -AÇU aparecem como elementos de composição em muitas palavras do P.B.: ABARÉ-GUAÇU (termo usado na quimbanda), grande feiticeiro; ANDIRÁ-GUAÇU, nome de um morcego; CAMBARÁ-GUAÇU, nome de uma planta; SABIÁ-GUAÇU, nome de uma ave; TIMBÓ-AÇU, nome de uma planta, etc. AÇU também é usado como adjetivo: "...No Catete ...pontifica o chefe AÇU." (Graciliano Ramos, in Linhas Tortas, apud Novo Dicion. Aurélio).
Urubu3 (s. antrop.) - nome de índio tupi (Anch., Teatro, 64)
urubu4 (s. astron.) - nome de uma constelação com forma de um coração e que aparece no tempo das chuvas (D'Abbeville, Histoire, 316v)
Ybytingapeba (s. antrop.) - nome de índio tupi (Vasconcelos, Crônica [Not.] II, §1, 113)
Ambuitá (Itapevi, SP). De ambu + itá: pedra do ronco.
Angaturama (rua de SP) - De angaturama - bondade, virtude. Nome atribuído artificialmente no século XX.
Araripe (chapada do CE). De arara + 'y + -pe: no rio das araras.
Baquirivu-Guaçu (Guarulhos, SP). Da língua geral meridional, designando uma árvore da família das leguminosas, também chamada guapiruvu e baquerubu.
Barequeçaba (praia de SP). De abaré - padre + ker - dormir + -aba - lugar: lugar de dormir do padre.
Batuquara (Guararema, SP). Da língua geral meridional batura*, votura* - montanha + quara*: buraco da montanha.
Botuverá (Itapecerica da Serra, SP). Da língua geral meridional, montanha brilhante (botura* + verá*).
Cabuçu (Guarulhos, SP). De kaba - caba, vespa (VLB, I, 55) + -usu: cabas grandes.
Cacatuba (riacho de PE). De ka'a + katu - limpo (VLB, II, 22) + tyba: ocorrência de mata limpa. No guarani também existe caá catu, com esse sentido (Batista Caetano, p. 63) e, igualmente, no Tembé-Tenetehar (Boudin, I, p. 92).
Camburi (praia de Guarujá, SP). De kamuri, peixe centropomídeo.
Cataporas (riacho do PI). De tatá + pora: marcas de fogo.
Cipó Guaçu (Embu Guaçu, SP). De ysypó + -gûasu: cipó grande.
Columbis, Chapada dos (MG). De kunumĩ: meninos.
Congonha (riacho da BA). Da língua geral meridional, por influência guarani, nome de vários arbustos cujas folhas servem para chás; mate-falso; (no Sul) erva-mate: "Foraõ esperallo ao sitio das Congonhas, assim chamado por huma herva, que produz deste nome, da qual fazem os Paulistas certa potagem, em que achaõ os mesmos effeitos do xâ." (Rocha Pitta [1730], p. 376)
Copiara (riacho de PE). De kó + pîara: caminho da roça.
Curiú (riacho do CE). De kori + 'y: rio do curi, i.e., da argila vermelha.
Embu Guaçu (SP). Nome que significa cobra grande (v. Embu).
Guajaratuba (praia do AM). De gûaîará + tyba: ajuntamento de guajarás, plantas sapotáceas.
Guarani (riacho de PE). De gûarinĩ: guerreiro, nome de povo indígena da América do Sul.
Ingá, Boa Vista do (Santana do Parnaíba, SP). De ingá, árvores leguminosas (D'Abbeville, Histoire, 226)
Inhanduba (riacho do CE). De îandu + 'yba: planta dos nhandus.
Iquiririm (rua de SP). De 'y + kyrirĩ: rio silencioso.
Itaguá (praia de Ubatuba, SP). De itá + ku'a: pedras bojudas ou itá + kûá: enseada de pedras.
Itaqui (Itapevi, SP). De itaky - pedra de afiar (VLB, II, 39).
Jacarapé (praia da PB). De îakaré + (a)pé (r, s): caminho de jacarés.
Jacaré Guaçu (rio de SP). De îakaré + -gûasu: jacarés grandes.
Jacarutu (riacho do CE). De îakurutu, coruja estrigídea.
Jaceguava (Itapecirica da Serra, SP). Da língua geral meridional, nome de planta cucurbitácea + -aba: lugar de jaceguais.
Jericoaquara (praia do CE). De îurukûá - tartarugas marítimas + kûara: tocas das tartarugas.
Macuco (riacho de Santos, SP). De makukagûá, ave da família dos tinamídeos.
Mandiú (riacho de SP). De mandi'ĩ - mandim, mandi, peixes pimelodídeos + 'y - rio: rio dos mandis.
Manduba (praia de Guarujá, SP). De mandyba1 - árvore grande que dá fruto do mesmo nome.
Mandubim (riacho de PE). De mandubi: amendoins, plantas leguminosas papilionoídeas.
Maracanaquara, Planalto (PA). De marakanã + kûara: toca dos maracanãs.
Marombas (Itatiaia, RJ). O termo maromba é, talvez, das línguas gerais coloniais e tem muitos significados (v. Marumbi).
Meru (riacho do CE). De meru (ou mberu): birus, moscas da família dos muscídeos
Mucuim (riacho do CE). De muku'iîy, mucuins, var. de insetos vermelhos do mato (VLB, I, 55).
Nambu (riacho de PE). De nambu: inhambus, aves tinamídeas.
Nhangusu (Guarulhos, SP). De nhanga - vertedouro [do verbo nhang - verter (Ar., Cat., 353)] + suf. -usu: vertedouro grande.
Oiti, Riacho do (PE). De gûeti, nome de uma árvore.
Pessinguaba (praia e enseada de Iguape). Talvez de petymbûaba: lugar de fumar. Pode ser, também, o cachimbo indígena.
Piuim (riacho do RJ). De pi'ũ - piuns, borrachudos, insetos simulídeos + 'y: rio dos piuns.
Sabaúna (uma das cachoeiras do rio Tietê, SP): "As cachoeiras notaveis d'este rio Tieté são as seguintes: Acanguerusú [...] Jurumirí, Avaremondoava, [...] Sabauna, Itaguasava [...]" (Francisco de Oliveira Barbosa [1792], Noticias da Capitania de S. Paulo, p. 25). De sabîaúna: sabiás pretos, sabiaúnas, pássaros da família dos turdídeos (Sousa, Trat. Descr., 238).
Sapetuba (rua de SP). De sapé + tyba: ajuntamento de sapé.
Tabajara (rua de SP). De tobaîara: inimigos, povo indígena do nordeste do Brasil.
Tambaúba (riacho da PB). Árvore silvestre, não identificada. De tambá* + 'yba: árvore das conchas, nome devido às listras de sua madeira. (v. Tambaú)
Tapiraçá (riacho de PE). De tapi'ira - anta, tapiira + esá (t): olhos de anta.
Tatauí (riacho da BA). De tata'u - arcabuz + 'y - rio: rio do arcabuz.
Tijucussu (riacho da BA). Mesma etim. de Tijucuçu (v.).
Tupiri (Praia Grande, SP). De tupi + ry [y (t, t)]: rio dos tupis. Pode originar-se, também, de taperi [de tapera - aldeia abandonada (Fig., Arte, 76) + suf. -'i]: taperinha, pequena tapera.
AULETE, Francisco Júlio Caldas, Dicionário Contemporâneo da Língua Portuguesa. 2ª edição brasileira. Rio de Janeiro, 1970, 5 vols.
FERREIRA FRANÇA, Ernesto, Crestomatia da Língua Brasílica,Leipzig, 1859.
GRENAND, Françoise, Dictionnaire Wayãpi-Français. Peeters / Selaf, Paris, 1989.
_____Árvores Brasileiras. Editora Plantarum, Nova Odessa, 1993.
Línguas Brasileiras - Para o conhecimento das línguas indígenas. (Coleção Missão Aberta, 11). Edições Loyola, São Paulo, 1986.
SANCEAU, Elaine, Capitães do Brasil (1500-1572). Artpress, São Paulo, 2002.
VARNHAGEN, Francisco Adolfo de, História Geral do Brasil antes de sua separação e independência de Portugal. Revisão e notas de Rodolfo Garcia. 4ª ed. São Paulo, 1951, 5 vols.
_____Catecismo Brasílico da Doutrina Cristã. Ed. facsimilar da 2a edição (1686), corrigida por Bartolomeu de Leão. Julius Platzmann., B. G. Teubner, Leipzig, 1898.
(D'Abbeville) D'ABBEVILLE, Claude, Histoire de la Mission des Pères Capucins en Isle de Maragnan et Terres Circonvoisines. Paris, 1614.
(Soares) SOARES, Pe. Francisco, Coisas Notáveis do Brasil. Vol. I. Reprodução facsimilar dos manuscritos quinhentistas da Biblioteca da Real Academia de Historia de Madrid (ms. M, de 1590) e da Biblioteca da Universidade de Coimbra (ms. C de 1594). Edição preparada por Antônio Geraldo da Cunha, vol. 6 da Coleção Dicionário da Língua Portuguesa - Textos e Vocabulários, do Instituto Nacional do Livro. Rio de Janeiro, 1966. (Foram citados nas transcrições os números das linhas do manuscrito.)
(Staden) STADEN, Hans, Viagem ao Brasil. (Tradução do texto de Marburgo Wahrhaftige Historia, de 1557 por Alberto Löfgren, notas de Teodoro Sampaio). Publicações da Academia Brasileira de Letras. Rio de Janeiro, Oficina Industrial Gráfica, 1930.
BARBOSA, Francisco de Oliveira [1792], Noticias da Capitania de S. Paulo, da America Meridional: escritas no anno de 1792, por Francisco de Oliveira Barbosa. In Revista Trimensal de Historia e Geographia ou Jornal do Instituto Histórico e Geographico Brasileiro, n. 17, abril de 1843.
DANIEL, João [1757], Tesouro Descoberto no Rio Amazonas. Anais da Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro, v. 95, Tomo I, 1976.
SAMPAIO, Francisco Xavier Ribeiro de [1642], Relação Geographica Historica do Rio Branco da America Portugueza. Revista Trimensal de Historia e Geographia ou Jornal do Instituto Histórico e Geographico Brasileiro. 2ª série, tomo sexto, 1850.
_____________ Diário da viagem que em visita e correição das povoações da capitania de S. José do Rio Negro fez o ouvidor e intendente geral da mesma, no ano de 1774 e 1775. Lisboa, na Tipografia da Academia, 1825.
abelha - eíra; eiruba; eirasy; (variedades): eirapûá, eirusu, îate'i, aîbu, amanasãîa, eîru, kapûerusu, etc.
abrigar - mo'ang
açoitar - nupã
acomodar-se - by'ar
agouro - morangygûana ● fazer agouros: anong (s)
aguentar - porará
alaranjado - pytang
alargar-se - îoba'u
alho - 'ybarema
amamentar - mokambu
amargor - roba
amizade - poraûsuba (m); îoaûsuba
antigo - umûan
apartar - pe'a
arrepio - tyrá
assoar-se (o nariz) - nheambubok
avaro - ekoate'ym (r, s)
avermelhado - pytang
avós (= os antepassados) - tamũîa; tamỹîa
axila - îybagûyra
bacia - (e)nha'ẽ (r, s); nha'ẽ
bailar - poraseî
baleia - pirapu'ama
banhar - moîasuk
beleza - poranga (m)
beliscar - pixam
belo - porang
benzer-se - îobasab
bicar - pixam
bonito - porang
braço - îybá
brandura - puba
brilhante - berab
brilhar - berab
brilho - beraba
cabo - 'yba
calcanhar - pytá (mb) ● no calcanhar: pytáî
cama - kesaba; inimbeba
cansar - mokane'õ
cara - tobá
casco - pé; apé
castigar - nupã
caule - 'yba
cegueira - tesaúna
cercado - tokaîa
chegada - sykaba (v. syk1)
cintura - ku'a ● na cintura: ku'aî
cochilar - kerar
conteúdo - pora
criança - pitanga (m)
cuia - kuîa; kuîeté
cuidado - tesaetá
curandeiro - posanongara (m) (v. posanong)
curral - tokaîa
dança - poraseîa (m)
dançar - poraseî
derrubar - mo'ar; ityk / eîtyk(a) (t)
desejar - potar
desobedecer - momarã
desterrar - pe'a
Deus - Tupã
dirigir (embarcação) - ebikok (s)
discípulo - boîá; temimbo'e
dispersar - mosasãî
doente - (s.): mara'ara; mba'easybora; (adj.): mara'ar; mba'easybor
encosto - kokaba
encurralar - moîar
enfeite - posanga (m)
enjôo - tesagûyryba
envergonhar - momara'ar; motĩ
enxada - syra
enxergar - epîak (s)
espalhar - mosãî; mosasãî
esposo - mena
esquecimento - tesaraîa
esquerda (s.) - asu
estouro - poka (m)
faltar - mopanem; gûatar; por
fama - terapûana
fava - komandagûasu
fedor - nema; katinga
feitiço - posanga (m)
fel - py'aûpîara
fenda - puka (mb)
ficar - pytá
fígado - py'a (mb)
fingir - mo'ang; mo'anga'ub; moran
folha - toba; ka'a
frustrar - morambûer
fruta - 'ybá
fruto - 'ybá
furo - puka (mb); kûara
gaiola - tokaîa
gêmeo - kõîa; kõîgûera
gordo - kyrá
grelha - îurá; moka'ẽ
guia - 'yba
hábil - pokarugûar/a
habitante - pora; tekoara
igreja - tupãoka
ilha - 'ypa'ũ
imaginar - mo'ang
interrogar - porandub
interromper - mopa'ũ
isca - potaba (m)
jazida - tyba
laçar - îurar
laço - îusana
lágrima - tesa'y
leito - tupaba
lêndea - kyba'yra
lepra - piraíba (m); piryty (m)
leproso - piraíb/a
liso - sym/a
macio - pub/a
manso - by'ar; nherane'ym/a
marido - mena
máscara - tobara'angaba
matador - îukasara (v. îuká)
matar - îuká
mediano - boîá2
medicar - posanong
médio - boîá; boîakatu
meio - ku'a; agûé; (meio de coisa esférica): apytera; (meio de coisa plana): pytera
mel - eíra; tyapira
melancia - 'ybae'ẽ; anhumatiroba
metade - ku'a
misturar - monan; moapatynã; moîese'ar; moîoparab; momemûã; apamonan
modificar - ekoabok (s)
mole - pub/a; membek/a
moquém - moka'ẽ
mudar-se (de aldeia, de terra) - îeakasó; sem
nadar - 'ytab
nascentes (de águas) - 'yapyra
neném - pitangĩ
- kytã; tesakytã; pokytã
nome - tera
novidade - poranduba (m)
novo - pysasu ● de novo: bé; benhẽ
oferenda - îetanongaba
olheira - tesagûyrumbyka
olho - tesá
origem - 'yba; ypy; ypyrunga
pacífico - by'ar; nhyrõ (xe)
pai - tuba2
para - (lugar): -pe; (pessoa) - supé; pé
pardo - pytang/a
parecer - berame'ĩ
pátria - tetama
peixe - pirá
pele - pira (mb)
penca - pema2 (mb)
pendurar - moîasekó
pensamento - py'anhemongetá (m); îemongetá; 'anga
pensar - mo'ang
pergunta - poranduba (m)
perguntar - porandub
permanecer - pytá
piolho - kyba
piranha - pirãîa, piranha
planta1 - 'yba
podre - îuk/a; aíb/a; tuîuk/a
poleiro - kesaba; tendaba
pólvora - pokaku'i (m)
pomba - pykasu
pousada - pytasaba (m)
prato - (e)nha'ẽ (r, s)
preferir - potarĩ
pregar (= fixar com pregos) - moîar
presentear - îetanong
pupila - tesa'yra
purgante - posanga (m)
quadril - tenangupy
quebrar-se - îe'ab; îeká; pen2; sok
queda - gûyapy1; kuîa (v. kuî); 'araba (v. 'ar4)
queimar - (tr.): apy (s); (intr.): kaî
querer - potar; seî (só com temas verbais incorporados)
raio - tupãberaba
recente - pysasu
remédio - posanga (m); posanongaba (m)
repartir - moîa'ok ● repartir em pedaços - pyse'ong; pese'õ
rir - puká
rosto - tobá
saída - sema
salto - pora
segundo1 (= de acordo com) - upi (r, s)
sempre - ko'arapukuî; îepi (nhẽ); memẽ; memẽ îepi ● para sempre: aûîeramanhẽ
separar - pe'a; mbo'ir; mombo'ir
sofrer - porará ● sofrer dor: asy (r, s) (xe)
sonhar - posaûsub
sonho - posaûsuba (m)
sorrir - pukamirĩ
sossego - pyka (mb); apysyka; tekokatu
sujeira - ky'a
sujo - ky'a; u'um/a (r, s)
suportar - porará
surdo (s.) - apysae'yma; apysakarara
suspirar - nheangerur
terceiro - mosapyra
testa - sybá
tontura - tesagûyryba
trabalhar - porabyky; (trabalhar em grupo): potyrõ
três - mosapyr
tronco (de árvore): ypy ● tronco cortado: topytá
tropeçar - pysakang/a (xe)
tucano - tukana
útero - pitãnhemonhangaba (m)
ver - epîak (s)
vermelho - pyrang/a
verruga - kytã; kuruba
vinda - tura
zombar - moîaru; memûã (xe); îaî (-îo-); nhemosaraî
aan1 (ou aã) (part.) - não (de h. ou m.): Aan, nd'ereîtyki xóne. - Não, não os derrotarás. (Anch., Teatro, 136); Aã! Xe potaba nde! - Não! Meu quinhão és tu! (Anch., Teatro, 76) ● aan a'e (ou aan a'é nhẽ) - Digo não, digo que não. (VLB, II, 99); aan ipó, aan ipó biã - não deve ser, não será assim (VLB, II, 47); aan-angáî - não (enfático); de modo algum, de maneira nenhuma: -I ambyasy bépe, i 'useî bépe asé îabé?... -Aan-angáî. -Tinha também fome, tinha também sede como nós? -De modo algum. (Ar., Cat., 44v); aan-angáî-katutenhẽ (ou aãngatutenhẽ) - de nenhuma maneira, de nenhuma qualidade (VLB, II, 46)
abaîeru (s.) - ABAJERU, GUAJURU, GAJERU, GAJIRU, GAJURU, GUAJARU, GUAJERU, GUAJIRU, 1) planta da família das crisobalanáceas (Chrysobalanus icaco L.) (Sousa, Trat. Descr., 188); 2) o fruto dessa planta,... "da feição e tamanho das ameixas... e de cor roxa; come-se como ameixas, mas tem maior caroço..." (Sousa, Trat. Descr., 188) (o mesmo que gûaîeru - v.)
abakatuaîa (s.) - ABACATUAIA, ABACATUIA, ABACATÚXIA, ABACATINA, peixe da família dos carangídeos (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 161)
abaremotemõ (s.) - ABAREMOTEMO, árvore leguminosa (Abarema cochliacarpos (Gomes) Barneby & J.W. Grimes), cuja madeira é usada em construções e cuja casca tem empregos medicinais como adstringente (Piso, De Med. Bras., IV, 187)
abati'imirĩ (s.) - ABATIMIRIM, planta da família das gramíneas, variedade de arroz com grão avermelhado e pequeno (VLB, I, 44)
1 (s.) - âmago; lugar vital, ponto mortal (usava-se para falar de ferimento grave ou perigoso): Xe aépe xe ybõû. - Flechou-me em lugar vital. (VLB, II, 42)
agûá (s.) - altibaixos (VLB, I, 33)
Agûaîxay (ou Agûasaí) (s. antrop.) - nome de um espírito maligno: Agûaîxay rembiaramo i moingóbo... - Fazendo-a estar como presa de Aguaixaí. (Anch., Doutr. Cristã, II, 112)
agûaragûasu (s.) - AGUARAÇU, GUARÁ-GUAÇU, também conhecido como AGUARÁ, GUARÁ, JAGUAPERI e lobo, mamífero canídeo; o mesmo que agûará (v.): Xe agûaragûasu, îagûara. - Eu sou um guará-guaçu, uma onça. (Anch., Teatro, 66)
agûarakynhusu (s.) - AGUARAQUIÁ-AÇU, fedegoso, provavelmente uma borraginácea, talvez o Heliotropium indicum L. (Piso, De Med. Bras., IV, 198)
agûarausá (s.) - AGUARAUÇÁ, GUARUÇÁ, GRAUÇÁ, CROÇÁ, espécie de crustáceo decápode da família dos ocipodídeos. Habita as praias arenosas, na zona da maré enchente, cavando buracos, nos quais se esconde. É também chamado GURIÇÁ. (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 184; VLB, I, 67)
agûyb (ou agûy) (xe) (v. da 2ª classe) - balançar, menear, cambalear (de doença, enjôo): Xe agûy-agûy. - Eu estou cambaleando. (VLB, I, 59)
aîaîá (s.) - AJAJÁ, AIAIÁ, colhereiro, variedade de cegonha, ave ciconiforme da família dos tresquiornitídeos, de praias, rios e lagoas. Tem um bico vermelho que parece uma colher. (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 204; VLB, I, 88)
aîó (s.) - AIÓ, alforge (VLB, I, 31); bolsa; saco (VLB, II, 110); bolso (VLB, I, 32): ...N'i pori be'ĩ xe aîó. - Não contém mais nada minha bolsa. (Anch., Teatro, 46) ● aîogûasu - saca (VLB, II, 110); ambé-aîó - bolsa do abdômen (dos marsupiais) (VLB, I, 57)
aîpi (s.) - AIPIM, peixe da família dos percofidídeos, do Atlântico sul-ocidental (VLB, I, 120)
aîpĩ (s.) - AIPIM, UAIPI, AIPI, planta da família das euforbiáceas, gênero Manihot; espécie de mandioca também conhecida como macaxera (Piso, De Med. Bras. IV, 177)
aîpi'ĩ (s.) - AIPIM (v. aîpĩ) (Vasconcelos, Crônica [Not.] II, §72, 148)
aîpĩmakaxera (s.) - AIPIM MACAXEIRA, espécie de mandioca, Manihot esculenta Crantz, euforbiácea (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 67) ● aîpi 'y - licor de aipim (VLB, II, 146)
aîry (s.) - AIRI, IRI, COCO-DE-IRI, espécie de palmeira silvestre [Astrocaryum aculeatissimum (Schott) Burret], também chamada brejaúva ou brejaúba (VLB, II, 63)
aîu (ou aîy) (t) (s.) - nervo, fibra (VLB, I, 129); nervura (de mandioca, batatas, etc.) (VLB, II, 49); (adj.) - fibroso (fal. de madeira de má qualidade, de batata de má qualidade ou fora de tempo); (xe) ter nervos ou fibras: Xe raîu-raîu. - Eu sou fibroso. (VLB, II, 49); Xe raîyîeapar. - Eu tenho um nervo encolhido. (VLB, I, 114)
aîuban (ou aîubã ou anhuban) (v.tr.) - abraçar: Nde 'anga moapysykápe, oroîaîubã-îubã. - Para confortar tua alma, nós o ficamos abraçando. (Anch., Poemas, 134); Peîori, peîaîubã pitangĩ-moraûsubara. - Vinde, abraçai o neném compadecedor. (Anch., Poemas, 162); Ereîaîubãpe kunhã amõ? - Abraçaste alguma mulher? (Ar., Cat., 104)
aîuru'atubira (s.) - AJURUATUBIRA, var. de ajuru, árvore pequena da família das crisobalanáceas, produtora de fruto vermelho, com cujo óleo, também vermelho, se untavam os índios (Cardim, Trat. Terra e Gente do Brasil, 43)
aîurukurika (s.) - AJURUCURUCA (v. aîurukuruka) (Lisboa, Hist. Anim e Arv. do Maranhão, fl. 192)
aîurukuruka (ou aîurukurika) (s.) - AJURU-CURUCA, CURICA, ave psitaciforme da família dos psitacídeos (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 205 e 207)
'aka1 (s.) - amargor; (adj.: 'ak) - amargo: Xe 'ak. - Eu estou amargo. (VLB, I, 34)
akab (ou aká) (v.tr.) - bradar com, gritar com, brigar com: Xe aká tekatu nhẽ. - Até mesmo gritou comigo. (VLB, I, 46); Aîakab. - Gritei com ele. (VLB, I, 59; D'Evreux, Viagem, 146)
akaîa'yba (s.) - ACAIABA, ACAJU, nomes que se aplicam ao cajueiro, Anacardium occidentale L., planta anacardiácea (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 94)
akangatara (s.) - ACANGATARA, CANITAR, ACANGATAR, cocar indígena (Staden, Viagem, 148)
akangyapé (ou akangapé) (s.) - casco da cabeça, crânio (Castilho, Nomes, 28)
akarisoba (s.) - ACARIÇOBA, erva rasteira da família das umbelíferas, que se alastra pelas praias e adjacências. É medicinal, tendo muitas variedades. (Piso, De Med. Bras., IV, 192)
akurẽîa (s.) - agitação; (adj.: akurẽî) - agitado, sacudido, coleante: Xe akurẽ-kurẽî. - Eu estou-me agitando. (VLB, I, 76)
akutigûepó (ou akutitigûepó) (s.) - AGUTIGUEPE, erva da família das marantáceas (Maranta arundinacea L.), de caule subterrâneo que armazena amido utilizável na alimentação. É também chamada araruta, araruta-comum, araruta-especial, araruta-gigante, etc. (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 53)
akyky (s.) - AQUIQUI, var. de macaco da família dos cebídeos (Cardim, Trat. Terra e Gente do Brasil, 29; VLB, I, 56)
akypûerindûara (ou akypûerixûara ou akypûerygûana) (t) (s.) - coisa ou pessoa traseira na ordem; o menor em idade; o derradeiro (VLB, II, 35; 135)
ame'yba (s.) - AMEIVA, réptil da família dos teídeos, que vive nas capoeiras, alimentando-se de frutas (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 238)
amisagûá (s.) - AMISAUA, espécie de vespa, inseto da família dos vespídeos (Sousa, Trat. Descr., 241)
amõnume1 (ou amõnumeé) (adv.) - outro dia, já não agora (VLB, II, 61)
amõnume2 (ou amõnyme) (adv.) - v. amõme
amyîu (s.) - ABIU, ABI, ABIIBA, ABIU-GRANDE, ABIEIRO, ABIO, 1) árvore sapotácea [Pouteria caimito (Ruiz & Pav.) Radlk.], de folhas compridas, flores brancas, com fruto de casca vermelha e manchada, também chamada caimiteiro; 2) o fruto dessa árvore (D'Abbeville, Histoire, 224v)
anapuru (s.) - ANAPURU, ave da família dos psitacídeos (Cardim, Trat. Terra e Gente do Brasil, 34, Gândavo, Hist., VII, fl. 25v-26)
andá (s.) - ANDÁ, árvore frondosa da família das euforbiáceas (Joannesia princeps Vell.). Também é conhecida como ANDÁ-AÇU, coco-de-purga, cutieira, cutieiro, fruta-de-arara, fruta-de-cutia, etc. (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 272). "Da fruta se tira um azeite com que os índios se untam." (Cardim, Trat. Terra e Gente do Brasil, 43)
andurababapari (s.) - árvore da família das leguminosas, espécie de angelim (Sousa, Trat. Descr., LXVI)
andyraybîaryba (ou andyraobaîaryba ou andyraybaîaryba) (etim. - árvore que porta os frutos dos morcegos) (s.) - angelim (Andira fraxinifolia Benth.), planta leguminosa, com ação anti-helmíntica, utilizada na medicina popular (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 100; VLB, I, 36)
'anga4 (s.) - abrigo, abrigada (de pessoas, de ilha para um navio, etc.): 'ãme - em abrigo (VLB, II, 119); (adj.: 'ang) - abrigado; (xe) ter abrigo: Xe 'ang. - Eu tenho abrigo, eu estou abrigado. Xe ‘`ngatu. - Eu tenho bom abrigo, eu estou bem abrigado. (VLB, I, 18)
anhapopûera (ou anhypypûera) (t) (etim. - o que foi base de dente) (s.) - pedaço, resto de dente que fica na gengiva após ele apodrecer ou quebrar ao ser arrancado; arnela (VLB, I, 41)
anhinga (s.) - ANHINGA, ave pelicaniforme da família dos anhingídeos (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 218)
anhuma (s.) - ANHUMA, o mesmo que anhyma (v.)
anhyma (s.) - ANHUMA, ANHIMA, INHAÚMA, ave americana anseriforme da família dos anhimídeos (Anhuma cornuta L.), das regiões pantanosas tropicais e subtropicais. Apresenta um espinho na testa e dedos muito compridos. É também chamada alicorne, unicorne, etc. (Cardim, Trat. Terra e Gente do Brasil, 38; Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 215)
aninga1 (s.) - ANINGA, planta da família das aráceas [Montrichardia linifera (Arruda) Schott.] (Piso, De Med. Bras., 197)
aninga2 (s.) - arrepiamento do corpo; excitação, estímulo sexual; (adj.: aning) - arrepiado; (xe) ter arrepio, ter arrepiamento: Xe aning-aning. - Eu tenho arrepiamentos. (VLB, I, 43)
aningaperé (ou aningaperi ou aningapiri) (s.) - ANINGAPERÊ, ANINGAPIRI, ANHANGA-PICHERICA, NIANGA-PICHERICA, planta melastomácea, provavelmente Clidemia hirta (L.) D. Don, comum em quase todo o Brasil, de propriedades medicinais (Piso, De Med. Bras., IV, 201)
anũ (s.) - ANU, ANUM, nome genérico de certas aves da família dos cuculídeos. Vivem em sociedade, nos campos e cerrados. (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 193; Brandão, Diálogos, 227)
any (s.) - ANU, ANUM, o mesmo que anũ (v.)
anyîuakanga (s.) - ANIJUAGANGA, réptil lacertílio iguanídeo que vive em árvores (Sousa, Trat. Descr., 264)
apena (ou apẽ) (s.) – tortuosidade8; (adj.: apen ou apẽ) - torto: abaîuru-apẽ - boquitorto, homem da boca torta (Anch., Arte, 32v); Xe apẽ. - Eu sou torto. (VLB, II, 133); (adv.) - tortamente, torto: Aín-apẽ. - Estou assentado torto. (VLB, II, 133)
NOTA - PIXAIM, no P.B., pode ser substantivo ou adjetivo: Ele tinha PIXAIM curto. Seu cabelo PIXAIM era bonito.
apûar (ou apugûar) (v.tr.) - 1) liar (defunto para sepultar ao modo antigo dos índios; qualquer coisa com muitas voltas de corda em diversas partes, como um vaso para levar na mão, etc.) (VLB, II, 21); 2) embrulhar, entrouxar amarrando ou fazendo envoltório: Aîapugûar. - Embrulhei-o. (VLB, I, 119)
apŷapagûama (s.) - antepassados, os antigos (VLB, I, 36)
apỹîa1 (ou apynha) (s.) - ventas (Castilho, Nomes, 29); cachagens, ossos abertos do nariz que dão passagem ao ar que se respira (VLB, I, 62)
apỹîa2 (ou apynha) (s.) - 1) argola, aro, círculo; argolas das cadeias das cordoalhas dos navios (VLB, I, 143): -Mba'epe onong i akanga 'arybo? -Îuatĩ-embó apynha. -Que puseram sobre sua cabeça? -Uma argola de vergônteas de espinhos. (Ar., Cat., 60v); itá-apynha - argola de ferro (VLB, I, 41); 2) redondeza (VLB, II, 99); (adj.: apỹî) - redondo, circular: Xe apỹî. - Eu sou redondo. (VLB, II, 99)
apykaba (s.) - assento, cadeira: Peru apykaba amõ. - Trazei alguns assentos. (Anch., Teatro, 146)
ara'a2 (s.) - agitação, excitação, açodamento, pressa: ...Mba'e-poxy resé nde ara'a... - tua excitação pelas coisas más (Anch., Doutr. Cristã, II, 79); (adj.) - agitado; açodado, lampeiro, vivo; ativo; ágil; lesto, sôfrego: I ara'a îagûara îá, îandé rakypûemboú. - Ele é lampeiro como uma onça, seguindo nosso rastro. (Anch., Poemas, 188); N'i xandoki marana ri; i ara'a. - Não se desunem na guerra; são ágeis. (Anch., Teatro, 154); Xe ara'a (mba'e) resé. - Eu sou sôfrego pelas coisas. (VLB, II, 119, adapt.)
aramanda'i (s.) - ARAMANDAIÁ, inseto coleóptero da família dos curculionídeos, variedade de besouro que pica como vespa (VLB, I, 56)
arapabaka (s.) - ARAPABACA, espigélia, lombrigueira, planta da família das loganiáceas (Spigelia anthelmia L.), catártica e vermífuga (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 34)
arará (s.) - ARARÁ, espécie de formiga alada branca, semelhante ao cupim, também chamada irará.... "Não saem do ninho senão depois que chove muito... e quando saem fora é voando e sai tanta multidão que cobre o ar..." (Sousa, Trat. Descr., 239)
ararakanga (s.) - ARARACANGA, ARACANGA, ave psitaciforme da família dos psitacídeos (Cardim, Trat. Terra e Gente do Brasil, 34)
araryboîa1 (s.) - ARARAMBOIA, ARAUEMBOIA, cobra peçonhenta da família dos boídeos, que trepa em árvores, chegando até 2 metros de comprimento (Anch., Cartas, 279)
arasari (s.) - ARAÇARI, ave piciforme da família dos ranfastídeos, cuja espécie mais comum é o Pteroglossus aracari aracari L., das matas brasileiras. Suas ventas são visíveis na superfície do bico; alimenta-se de pequenos frutos e bagas na floresta. (D'Abbeville, Histoire, 238; Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 217)
aratiku (s.) - ARATICUM, ARATICUNZEIRO, ARATICUZEIRO, 1) árvore do cerrado (Annona crassiflora Mart.), da família das anonáceas, de frutos grandes, pesados e comestíveis; 2) nome de outras espécies de árvores anonáceas, do gênero Annona (Annona montana Macfad. e Annona glabra L.), também conhecidas como araticum-cortiça, marolo; 3) o fruto dessas árvores (D'Abbeville, Histoire, 219v; Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 93; Brandão, Diálogos, 216)
aratikuponhẽ (s.) - ARATICUM-PANÃ, ARATICUM-DE-PACA, árvore anonácea (Annona montana Macfad.) (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 93; Theat. Rer. Nat. Bras., II, 97)
aratu (s.) - ARATU, nome de várias espécies de caranguejos vermelhos dos manguezais, da família dos grapsídeos (D'Abbeville, Histoire, 248; Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 185). "Estes caranguejos habitam nas tocas das árvores que estão nos lamarões do mar." (Cardim, Trat. Terra e Gente do Brasil, 59)
araûaûá (s.) - arauauá, o mesmo que aragûagûá (v.) (D'Abbeville, Histoire, 245v)
araxaxá (s.) - ARAXIXÁ, XIXÁ, planta da família das esterculiáceas (Sterculia striata A.St. Hil. & Naud.) (Lisboa, Hist. Anim. e Árv. Maranhão, fl. 178)
aritara (s.) - ARITARA, nome de um pássaro (Soares, Coisas Not. Bras. [ms .c], 1464-1468)
aru2 (s.) - ARU, SAPO-ARU, anfíbio anuro pipídeo que vive na água, onde se alimenta de animais aquáticos em geral (D'Abbeville, Histoire, 187)
arumará (s.) - ARUMARÁ, pássaro da família dos icterídeos, do tamanho de um pombo, de hábitos parasíticos, com cabeça, asas e dorso emplumados de negro (D'Abbeville, Histoire, 239)
arumatîá (s.) - ARAMATIÁ, inseto da família dos fasmídeos (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 251)
aryîa (s.) - avó paterna ou materna (de h. e m.): Ereîanga'ope... nde aryîa? - Ofendeste tua avó? (Ar., Cat., 100v)
(in Obras Completas [Edição organizada por James Amado et al.]. Salvador, Janaína, 1969, 7 vols.)
atuasara (s.) - aliado, com perfeita aliança, inclusive nas posses: Ne'ĩ xe atuasar. - Eia, meu aliado! (Léry, Histoire, 358)
atyb (ou aty) (v.tr.) - cobrir, vedar com terra, enterrar, soterrar: Aîatyb. - Enterro-o. (VLB, I, 76); Xe aty peîepé... - Enterrai-me vós. (Ar., Cat., 162)
atygûasukamusu (s.) - ave cuculídea. Vive na mata, no cerrado e no cerradão. Ocorre em todo o Brasil. (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 216)
aûana (s.) - argola ou bracelete de pena em qualquer parte do corpo (VLB, II, 31) ● aûã-myranga - var. de argola de penas (VLB, II, 31)
aûîé3 (ou aûîeramo) (adv.) - finalmente, enfim; então; depois disso (Anch., Arte, 57; VLB, I, 118); acabado isso: Aîpó oîoupé 'é abé, o îara repypûera reîtyki Tupãokype aûîé osóbo oîeaîubyka... - Logo depois de dizer aquilo para ele, lançou o pagamento por seu senhor no templo, indo finalmente enforcar-se. (Ar., Cat., 57v); Aûîé, kunumĩgûasu o ekó-aíbeté oîomim... - Enfim, os moços escondem seus muito maus procedimentos. (Anch., Teatro, 38); Aûîé xe gûixóbo. - Depois disso fui. (Fig., Arte, 163); Aûîé-katu i mendari. - Acabado isso, ele se casa. (Ar., Cat., 94v)
aûîebéramo1 (ou aûîebeémo ou aûîeémo) (conj.) - ainda que, mesmo que, embora: Aûîebeémo asó... (ou Aûîebéramo asó... ou Aûîeémo asó...) - Ainda que eu fosse... (Fig., Arte, 136)
aûîebé-te1 (ou aûîebé-temo) (conj.) - ainda que, mesmo que, embora: Aûîebé-te xe só-umani... - Ainda que eu já fosse... (Anch., Arte, 24); Aûîebé-temo asó... - Embora eu fosse... (Anch., Arte, 23v); Aûîebé-temo xe só-umani... - Ainda que eu já tivesse ido... (Anch., Arte, 24); Aûîebé-temo xe nupãû anhe'engĩmo. - Ainda que me castigasse, eu falaria. (VLB, I, 28)
aûîeté2 (ou auîetépe...é ou aûîetéramo ou aûîetéramope ...é) (adv.) - ainda bem que: Aûîeté pakó xe soe'ymi é. - Ainda bem que não fui, pois. (VLB, I, 35); Aûîetéramo erimba'e bé xe angaîpagûera aîpe'a re'a... - Ainda bem que, ainda outrora, repeli meus pecados. (Ar., Cat., 158v)
a'ynha1 (ou a'ỹîa) (t) - 1) semente; grão ou caroço (VLB, I, 150): Asa'ỹî-ok. - Arranquei-lhe as sementes. (VLB, I, 123); 2) testículos (VLB, II, 35)
a'ynha2 (ou a'ỹîa) (t) (s.) - íngua: akó-a'ynha - íngua de virilha (VLB, II, 12)
a'yrĩ (ou a'yrĩ'i) (t, t) (s.) - coisa miúda, coisa pequena: ta'yrĩ-rĩ - muitas coisas miúdas (VLB, II, 39); [adj.: a'yrĩ ou a'yrĩ'i (r, t)] - delgado; miúdo, pequeno, pequenino (fal. de pessoa): Xe ra'yrĩ.- Eu sou miúdo; eu sou pequeno. (VLB, II, 39); Xe ra'yrĩ-a'ub. - Eu sou de pequeno tamanho. (VLB, II, 124); Ta'yrĩ'ĩ. - Ele é pequenino. Ta'yrĩ'i-nhota'ub (ou Ta'yrĩ'i-a'ub). - Ele é pequenino. (VLB, II, 78) ● a'yrĩ'i-muku (r, t) - fininho (de corpo) e comprido (fal. de pessoas, árvores, etc.): Ta'yrĩ'i-muku. - Ela é fininha e comprida. (VLB, I, 93)
beribeba (s.) - árvore que dá "um fruto do tamanho e feição da noz-moscada" (Sousa, Trat. Descr., 224)
eíra2 (s.) - abelha (D'Abbeville, Histoire, 255)
(s.) - arroto: eú-rema - arroto fétido (VLB, I, 44); xe eúme - se eu arrotar (lit. - no caso de meu arroto) (Anch., Arte, 26); (adj.) - arrotador; (xe) ter arroto, arrotar (VLB, I, 44)
gûa'a1 (s.) - altibaixo (VLB, I, 33) ● gûa'a-gûa'a - altibaixos (VLB, I, 33)
gûabipoka'yba (s.) - árvore da família das leguminosas-cesalpinoídeas (Piso, De Med. Bras., IV, 188)
gûaká (s.) - ave da família dos larídeos (Cardim, Trat. Terra e Gente do Brasil, 61)
gûarataûrana (s.) - ave falconídea; o mesmo que urutaûrana (v.) (Brandão, Diálogos, 232)
-gûasu - v. -ûasu
gûiaimbira (s.) - árvore pequena que produz embira, de que os índios faziam aljavas para seus arcos e flechas e também cordas e morrões de espingarda (Sousa, Trat. Descr., 217)
gûy (ou agûy) (interj. de h. - o mesmo que gûé - v.) - ó! oh!: T'asóne, gûy! - Ó, hei de ir! (Anch., Teatro, 10); Gûy! I katu-tekatunhẽ kaûĩtatá. - Oh! É muito bom o aguardente! (D'Evreux, Viagem, 364); Nde nhyrõ i xupé, xe rub-y gûy... ! - Perdoa-lhes, ó meu pai! (Ar., Cat., 62v); Pero gûy! Ó Pedro! (VLB, II, 60)
îaûara - v. îagûara
îeakasó - v. îakasó
îeaseîxûera (s.) - agastamento habitual; o que costuma ter ira, o que costuma estar irado (VLB, II, 15); (adj.: îeaseîxûer) - irado, ríspido de condição, naturalmente agastadiço (VLB, I, 24): Xe îeaseîxûer. - Eu sou ríspido. (VLB, II, 15)
îegûaru1 (s.) - asco, nojo (VLB, I, 44)
îekasó - v. îakasó (VLB, II, 41)
ikoaíb / ekoaíb (t) (etim. - estar mal) (v. intr. irreg.) - menstruar-se, estar menstruada: Aîkoaíb. - Estou menstruada. (VLB, II, 36)
ikoaibĩ / ekoaibĩ (t) (etim. - estar miseramente) (v. intr. irreg.) - aparecer às furtadelas, deixar-se entrever (como os homiziados ou as almas): Aîkoaibĩ. - Apareço às furtadelas. (Fig., Arte, 138)
ikoangaîpab / ekoangaîpab(a) (t) (etim. - agir de alma má) (v. intr. irreg.) - pecar: Karaíba, ipó, n'oîkoangaîpá-pyrybi. - Os cristãos, na verdade, não pecam pouco. (Anch., Teatro, 20)
itaembó (s.) - arame, vergas de ferro (VLB, II, 144)
itaîngapema2 (s.) - árvore de madeira dura, que cheira muito bem, da qual se faziam contas e tacapes pelos índios (Sousa, Trat. Descr., 221)
itaungûá1 (s.) - almofariz, socador de pilão (de ferro) (VLB, I, 32)
îy2 (s.) - alomorfe de 'y - rio, água (v.)
îyba (s.) - assadura, ato de assar: miapé îyba - o assar do pão (Anch., Dial. da Fé, 140)
îyko'ẽ (s.) - as duas covas embaixo do queixo (Castilho, Nomes, 32)
kanga3 (s.) - armação (p.ex., de navio, de casa, etc.); qualquer peça de tal armação: ó-kanga: armação de casa; ó-kangûama - madeira ou armação para futura casa (VLB, I, 41)
karu1 (s.) - ato de comer, repasto; comezaina, comilança: inambu-karu - "repasto de inhambu", nome de uma planta (Lisboa, Hist. Anim. e Árv. do Maranhão, fl. 181); (adj.) - comedor, comilão, guloso, tragador, gargantão: abá-karu - homem comedor; Xe karu. - Eu sou comilão. (VLB, I, 77)
(roça) (fonte: Staden)
komendo'i (s.) - árvore da família das leguminosas que "dá umas bainhas como feijões, ...os quais servem para tentos" (Sousa, Trat. Descr., 223)
korõîa (s.) - aspereza, grossura; embotamento; (adj.: korõî) - áspero, grosso (ao tato), embotado (gume, fio de faca, etc.): aembé-koroîa - fio embotado (de faca, de machado, etc.) (VLB, I, 44)
koty2 (s.) - armadilha, cilada, ardil: T'aîtyk pá koty... - Que eu lance fora todas as armadilhas. (Anch., Poemas, 130); Kotype muru amoingé... - Nas armadilhas fiz os malditos entrarem... (Anch., Teatro, 48); Kotype aîub. - Estou em cilada. (VLB, I, 74)
kûatiara2 (s.) - árvore de madeira amarela, raiada de preto (ABN, XXVI [1905], 258)
kumbira (s.) - árvore da família das mirtáceas (abn, lxxxii [1962], 313)
kyîubatu'i (s.) - ave psitaciforme da família dos psitacídeos (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 207)
kysyîé - metátese de sykyîé (v.) (VLB, II, 34)
mamana (s.) - amarra, laço, enrolamento: Aîmamã-rok. - Retirei as amarras dele. (VLB, I, 98)
mara'abora - v. mara'ara
maruuru (s.) - arbusto inferior; produz uma flor amarela, um fruto do tamanho e formato da ameixa, amarelo e doce (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 70)
mbara'ara - v. mara'ara
mbasem - v. basem
mbegûy (s.) - aguadilha, água tênue que sai das feridas ou das tetas que não têm leite (VLB, I, 24)
mina (s.) - abrolho ou estrepe, coisa pontuda (VLB, I, 19), puas de pau ou ferro para se pregarem neles as pessoas que quisessem passar (VLB, I, 131); lança (VLB, II, 18)
moxereku'yba (s.) - árvore "que se acha no sertão nos campos. É pequena, dá uma fruta do tamanho da laranja e dentro dela tem umas pevides e de tudo junto fazem um azeite para se untarem." (Cardim, Trat. Terra e Gente do Brasil, 43)
mukuyry (s.) - armadilha para onças (VLB, I, 41)
myîu'i (s.) - andorinha, nome genérico de pássaros da família dos hirundinídeos, de vasta distribuição no mundo (VLB, I, 28)
nda... - v. na
nha'ẽpesẽ1 (s.) - alguidar, bacia: nha'ẽpesẽ-uba - cinzas do alguidar, da bacia, feitas pelas chamas (VLB, II, 79)
nhandy1 (s.) - azeite; óleo: pirá-nhandy - óleo de peixe (VLB, I, 49); ...Asé sybápe abaregûasu nhandy-karaíba nonga. - Pôr o bispo em nossa testa o óleo sagrado. (Ar., Cat., 17v)
nhemoapysanga (s.) - ato de coalhar-se, de compactar-se; (adj.: nhemoapysang) - coalhado, compactado: ro'ynhemoapysanga - "frio coalhado", isto é, neve, geada (VLB, II, 8)
nhuá (s.) - árvore alta, "de casca griséia... Produz um fruto do tamanho de uma bola de jogo, redondo, alvacento". Talvez seja o castanheiro-do-pará (Bertholletia excelsa Bonpl.). (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 100)
poru5 (s.) - antropofagia, ato de comer gente; (adj.) - antropófago, comedor de gente: Xe îagûareteporu! - Eu sou um jaguaretê comedor de gente! (Anch., Teatro, 66)
Uma boca rompeu o Mar inchado,
pyku - metátese de kupy (v.) (VLB, II, 74)
pykûaba (s.) - atolamento; (adj.: pykûab) - atolado: Xe pykûab. - Eu estou atolado. (VLB, I, 47)
ramõ (ou amõ) (adv.) - 1) há pouco, ainda agora: Aîu ramõ. - Vim ainda agora. (VLB, I, 28); 2) de novo, novamente: Aîkugûab amõ. - Novamente o soube. (VLB, II, 51); ...Oú ramõ nde resé... - Veio novamente por tua causa. (Anch., Teatro, 138); 3) agora de primeiro: 'Aramõ. - Foi agora de primeira vez. (VLB, II, 51) ● ikó ramõ - ser novato - Aîkó ramõ anga resé. - Sou novato nisto. (VLB, II, 51); ramo'ĩ - ainda agorinha (VLB, I, 28)
NOTA - Essa ave, por muito tempo, foi o símbolo dos sertões do centro-oeste brasileiro. Nhô Pai e Mário Zan compuseram, na década de 40, uma famosa canção que fala dela:
seriema (s.) - ave cariamídea, o mesmo que sariama (v.) (Brandão, Diálogos, 230)
siriema - v. sariama
sura (s.) - altibaixos (VLB, I, 33); lombada; lombo (VLB, II, 24); (adj.: sur) (xe) - ter lombada (VLB, II, 24)
tapy'yîa - v. tapuîa2
t-ara - v. îar / ar(a) (t, t) (Anch., Arte, 58v)
tataka1 (s.) - ato de tiritar; tremor (com o frio); (adj.: tatak) - tiritante; (xe) tiritar, tremer (com frio) (Anch., Arte, 14): Xe rãîtatak. - Meus dentes tiritam (isto é, batem com o frio). Xe rembé-tatak. - Meu beiço tirita. (VLB, I, 53)
NOTA - Essa interjeição passou para o P.B. na forma TATE - Cuidado! Cautela! (In Dicion. Caldas Aulete).
tûaîa - v. ûaîa (t)
tuîba'epaûama (s.) - antepassado (VLB, I, 36)
tu'ipara (s.) - ave psitaciforme da família dos psitacídeos, do Pará e do norte do Maranhão (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 206)
No P.B. (AM), TUCURA pode ser, também, beijo curto e repetido.
tunungaîuba (s.) - alfinete (VLB, I, 31)
tyaîa - v. yaîa (t)
tyapira - v. yapira (t, t)
tyapûana - v. yapûana (t)
tygûera (s.) - assolamento, arrasamento (p.ex., de uma aldeia, de um campo de cultivo, etc.), TIGUERA; (adj.: tygûer) - acabado, arrasado, consumido, assolado, destruído: Oré tygûer. - Nós estamos arrasados; Oré tygûé-katu. - Nós estamos bem arrasados. (VLB, I, 45)
tyra (s.) - acompanhamento (aquilo que se come com outros alimentos); conduto (Fig., Arte, 76): ...U'i tyrama resé ekotebẽmo... - Tendo falta do acompanhamento da farinha (isto é, da carne ou do peixe). (Ar., Cat., 111)
tyrá (s.) - arrepio (Anch., Arte, 14); arrepiamento (p.ex., dos cabelos, dos pelos ou das penas) (Fig., Arte, 76); eriçamento (p.ex., de fibras de madeira); (adj.) - arrepiado, eriçado: 'a-tyrá-tyrá - cabelos muito arrepiados, grenha (VLB, I, 150); Xe 'a-tyragûasu. - Eu tenho cabelos muito arrepiados. (VLB, I, 150)
ukûakûara (s.) - asma (VLB, I, 44); arquejo; (adj.: ukûakûar) (xe) - ter asma, arquejar: Xe ukûakûar. - Eu arquejo. (VLB, I, 44)
umûana (s.) - antiguidade; (adj.: umûan) - antigo, velho: Nainanĩ temiminõ... o erumûana mombó. - De modo nenhum os temiminós tiram seus nomes antigos. (Anch., Teatro, 142); Mairumûana - o velho Maíra, nome de personagem mítico dos primitivos índios tupis da costa (Staden, Viagem, 147)
UNGUÁ (pilão)
urapara (s.) - arco (VLB, I, 40): Aurapá-pirar. - Estendi o arco. (VLB, I, 41) (o mesmo que ûyrapara - v.)
ûyraraso'i (s.) - ave psitacídea de plumagem verde predominante, além de outras cores (D'Abbeville, Histoire, 233v)
-y-1 (vogal de ligação epentética): ...mosanga mûeîrabyîara... - remédio portador de cura (Anch., Teatro, 38); nhemim-y îanondé - antes de te esconderes (Anch., Teatro, 44)
-yba'e - v. -ba'e
ybyraba (s.) - árvore lecitidácea (Eschweilera ovata (Cambess.) Miers) (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 136)
ybyrakûara1 (s.) - andaimo do açúcar nos engenhos coloniais (VLB, I, 35)
'ye'embyka (s.) - água salgada estagnada, água que os marinheiros franceses do século XVI chamavam "sommaque" (Léry, Histoire, 359)
ygá - v. yá
Acarabu (ilha do AM). De akará - cará, peixe caracídeo + pu - barulho: barulho dos carás.
Acutianga (ilha do AM). De akuti + 'anga: abrigo das cutias.
Araçaíba (ilha do RJ). De arasá - planta silvestre + 'yba - pé, planta: pés de araçá, araçazeiros.
Araçajá (ilha do MA). De arasá - araçá, planta mirtácea + îá - repleção, o que está repleto de: o que está repleto de araçás.
Aranaí (ilha do PA). Do termo da língua geral setentrional araná - nome de um peixe + 'y - rio: rio dos aranás.
Auaí (ilha do AM). No nhengatu, uma planta apocinácea.
Cairu (ilha da BA). De cairu* - nome de uma planta. Pode ser, também, proveniente de ka'i + ry (de y, t, t): rio dos caís.
Cará (ilha do PA). De akará, nome de várias plantas discoreáceas.
Carapeba (ilha da BA). De karapeba (cará achatado), peixe da família dos gerrídeos.
Caruara (Cubatão, SP). De karûara - feitiço, quebranto.
Cotindiba, Ilha (MA). De akuti + -'ĩ + tyba: ajuntamento de cutiazinhas.
Cotinga, Ilha Rasa da (PR). Capim de folhas largas, aproveitadas pelos tropeiros para palha de cigarros (de ka'a + tinga: folhas claras).
Cuiucuiu, Ig. (AM). De kuîukuîu, cuiú-cuiús, aves da família dos psitacídeos.
Cujubá, Ilha (PA). De kuîuîuba, cuiúbas, ave da família dos psitacídeos.
Curaçatuba (ilha do AM). De kuruatá1 + tyba: ajuntamento de coroatás.
Curituba, Ilha (AM). De kori + tyba: ajuntamento de curi, i.e., argila vermelha.
Curuaú (ilha do AM). De keîruá + 'y: rio dos curuás.
Curumiuara (ilha do AM). Da língua geral setentrional kurumĩ + y + 'ûara: lugar em que os meninos bebem água.
Guaió (Suzano, SP). É nome de índios tapuias extintos: "Outros que chamão Guayó, vivem em casas, pellejão com frechas ervadas, comem carne humana, têm outra lingua." (Pe. Fernão Cardim [1585], Do Principio e Origem dos Indios do Brasil, p. 104).
Guapimirim (localidade do RJ). "Nossa Senhora D'Ajuda de Aguapeí Mirim foi seu primeiro nome, quando fundada em 1674." (fonte: IBGE). De agûapé + 'y + mirĩ: rio pequeno dos aguapés.
Guaraçaí (SP). Árvore leguminosa, groçaí-azeite, termo da língua geral meridional.
Guaxini (ilha do AM). De gûasunĩ - guaxinim, animal carnívoro da família dos procionídeos.
Iararaca, Ig. (AM). De îararaka, réptil crotalídeo.
Inajatuba (ilha de RR). Mesma etim. de Indaiatuba (v.).
Inhamum, Ilha do (BA). De îambu, aves tinamídeas.
Jabaroca (ilha do PA). De îababa + oka (r, s): casa de fugitivos.
Jaguanum (ilha do RJ). De îagûara + nhũ: campo das onças.
Jatobaí (ilha de GO). De îata'yba + 'y: rio dos jatobás, árvores leguminosas-cesalpinoídeas.
Javarimirim (ilha do AM). Do nheengatu iauarí + mirim: javaris pequenos.
Jerimanduba (ilha do AM). De îarumũ + tyba: ajuntamento de jerimuns, plantas cucurbitáceas.
Jundiatuba (ilha do AM). De îundi'a - jundiá, peixe pimelodídeo + tyba: ajuntamento de jundiás.
Jurupari (ilha do PA). Entidade sobrenatural dos antigos índios tupis). De îuru - boca + parĩ - torto: boca torta.
Macaumirim (ilha do AM). De makaîuba - macaúba, var. de palmeira (Libri Princ., vol. I, 23) + mirĩ: macaúbas pequenas.
Magé - v. Majé
Manduri (SP). Abelhas da família dos apídeos, termo da língua geral meridional.
Mirapirera (ilha do AM). De pirá + pira + -ûera: pele de peixe.
Mutunquara (ilha do PA). Do nheengatu mutum + cuára: toca dos mutuns.
Naná (ilha do AM). Do nheengatu naná, var. de abacaxi.
Pacajaí, Ilha Grande do (PA). De paka + îá + 'y: rio repleto de pacas.
Piauí (estado brasileiro). De piaba + 'y: rio das piabas.
Pernambuco (estado brasileiro). De paranã - mar + puka - fenda: fenda do mar, mar furado. "(...) chama-se de Pernambuco, que quer dizer mar furado, por respeito de huma pedra furada, por onde o mar entra (...)". (Frei Vicente do Salvador, História do Brasil, II, cap. viii).
Piaçaguera (Cubatão, SP). De peasab/a + ûera: porto velho, desembarcadouro antigo. "[...] Hoje chamão-lhe Piassaquéra, nome composto do substantivo piassaba, que significa porto, e do adjectivo aquéra cousa velha, ou para melhor dizer, antiquada". (Frei Gaspar da Madre de Deus [1767], p. 175)
Piquiá (ilha do AM). De piki'a, plantas cariocaráceas.
Piraquara (ilha de Guarujá, SP). De pirá + kûara: buraco de peixes.
Poraquê (ilha do PA). Mesma etimologia de Piraquê (v.)
Sarandi (MG). Arbusto da família das euforbiáceas, um termo da língua geral meridional.
Sergipe (estado brasileiro). De seri + îy + -pe: no rio dos siris. Primeira datação: "[...] pera com elle ordenar as cousas que pertencem ao serviço de Nosso Senhor, como ajuntar os Indios de Cerigipe e Apacé [...]" (Pe. Francisco Pires [1559], p. 157)
Sernambi (Iguape, SP). De serinambi: cernambis, moluscos bivalves (Sousa, Trat. Descr., 292).
Sirituba (ilha do PA). De siri + tyba: ajuntamento de siris.
Taiaçutuba (ilha do AM). De taîasu + tyba: ajuntamento de taiaçus, porcos silvestres.
Tamaquaré (ilha do AM). Em nheengatu, tamacoaré tem vários sentidos, designando um lagarto iguanídeo, uma planta gutífera, um óleo medicinal, etc. (Stradelli, 657-659)
Tassiquara (ilha do MT). De tasyba + kûara: toca das tacibas, var. de formigas.
Tocantins (estado brasileiro). "Chama-se rio dos Tocantins, por uma nação de índios dêste nome, que quando os portugueses vieram ao Pará o habitavam [...]" (Pe. Antônio Vieira [1654], Carta ao Padre Provincial do Brasil, p. 376). De tukana + tĩ: bicos de tucanos.
Uruá (ilha do AM). De uru + 'a: fruto do uru, árvore borraginácea de frutos pequenos.
_____Pequeno Vocabulário Português-Tupi. Rio de Janeiro, Livraria São José, 1951.
LEITE, Serafim, Cartas dos Primeiros Jesuítas do Brasil. São Paulo, Comissão do IV Centenário da Cidade de São Paulo, 1954, 3 vols.
NÓBREGA, M., Cartas do Brasil, 1549-1560. Belo Horizonte, Ed. Itatiaia; São Paulo, EDUSP, 1988.
______Entre o Gambá e o Macaco. (Col. Zoologia Brasílica). Ed. Itatiaia, Belo Horizonte, 1984.
(Brasil Holandês) BRASIL HOLANDÊS - Os quadros do "Weinbergschlösschen" de Hoflössnitz, vol. III. Editora Index, Rio de Janeiro, 1997)
(VLB) VOCABULÁRIO NA LÍNGUA BRASÍLICA. (2a edição revista e confrontada com o Ms. fg. 3144 da Biblioteca Nacional de Lisboa por Carlos Drumond). Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, Boletim no 137, Etnografia e Tupi-Guarani, no 23, Universidade de São Paulo, São Paulo, 1952.
OBRAS E MANUSCRITOS CITADOS NA RELAÇÃO DOS TOPÔNIMOS E ANTROPÔNIMOS
BLÁZQUEZ, Ir. António [1557], Carta ...ao P. Inácio de Loyola. In Cartas dos primeiros Jesuítas do Brasil. Comissão do IV Centenário da Cidade do São Paulo, São Paulo, 1956.
PITTA, Sebastião da Rocha [1730], Historia da América Portugueza desde o anno de mil e quinhentos do seu descobrimento até o de mil setecentos e vinte e quatro. Lisboa, na Officina de Joseph Antônio da Sylva, 1730. Biblioteca Brasiliana, USP.
____________ et alii [1782], Anaes do senado / Atas de Cuiabá.
VIEIRA, Pe. António [1654], Carta ao Padre Provincial do Brasil 1654. Cartas do Padre Antonio Vieira, Coleção Brasiliana, USP.
abençoar - mongaraíb
abrigo - (no mato): taîupara, 'anga; (para barcos ou navios, abrigada): 'anga
adornar-se - îegûak
adversário - tupîara
afamar (= tornar famoso) - moerapûan
agradecer - kugûab
alegrar - moesãî; mooryb
almofariz - unguá
amigo - temiaûsuba; taûsupara
anzol - pindá
arar - yby'ab
arco - ybyrapara
árvore - ybyrá
assassino - poroapitîara (m) (v. apiti)
assim - (= desta maneira aqui): nã; (= dessa maneira aí): emonã ● assim que: upibé (r, s)
atolamento - pykûaba
atolar-se - pykûab (xe)
atrás (de) - atuaî; akypûeri (r, s)
avareza - tekoate'yma
ave - gûyrá
base - ypy; aŷpy
brancura - tinga
cana-ubá - u'ubá
casamento - mendara
casar-se - mendar
castanha (de caju) - akaîu-'akaîá; akaîutĩ
cativar - momiaûsub
coalhado - ypy'ak (r, t)
coar - mogûab
cobra - mboîa, moîa
colher1 (de pau) - ybyrapesẽ
compadecer-se (de) - aûsubar (s)
consertar - mongaturõ, mongatyrõ
converter - erobak
costa (de mar, de rio) - 'y rembe'yba
costume - tekoaba
cria - mimbaba
criar - mongakuab
cruz - ybyrá-îoasaba; kurusá; îoasaba
curado - pûerab
descalçar-se - îepyaobok
desmaiar - e'õ'ar (r, s) (xe); nhemote'õ'ar; manõaíb
destruir - mombab; mondyk
diferenciar (= tornar diferente) - moingoé
doido (s.) - 'angaingaíba
embebedar - mondabeypor
embriagar - mondabeypor
empanturrado - ebykatã (r, s)
enaltecer - momba'eté; momorang
enchente (do mar) - 'yura
encruzilhada (do caminho) - pe-îoasapaba
enfeitar-se - îegûak
engrandecer (= tornar grande) - moeburusu
enojar-se - îegûaru
enxugar - monga'ẽ; mokang
escravizar - momiaûsub
escravo - temiaûsuba; miaûsuba; tapy'yîa
espremedor (de massa de mandioca) - tepiti
esteio - okytá
fazedor - monhangara (v. monhang)
festa (ritual de comer e beber) - pepyra (m); nhemosaraîa
fibra - pó; tabiîu
filhote (fêmea em relação ao pai) - taîyra
flecha - u'uba (r, s) ● flecha incendiária: tatá-u'uba
frio (s. e adj.) - ro'y
furtar - mondá (xe); mondarõ2
furto - mondá; mondarõ3
galinha - gûyrasapukaîa
galo - gûyrasapukaîa
garça - gûyratinga
gastar - mombab; mongûy
grude - monga
hábito - tekoaba
hoje - (rel. ao tempo que ainda não chegou): kori; (rel. ao tempo já passado): oîeí; îeí
humilde - nherane'ym/a
imenso - ubixab/a (r, s); katupabé; matueté
índia - kunhã
infeliz - poreaûsub/a; panem/a
inocente (s.) - marãtekoarûere'yma
intestino - tygeapûá
jejuar - îekuakub
jejum - îekuakupaba
lamentar - eroîase'o; apirõ (s)
lebre (do mato) - tapiti
limo - 'ygûá
linha - (linha grossa): inimbó; (linha de pescar): pindasama; (linha fina de pescar): gûe'esama
listra - piriana (m)
madeira - ybyrá
mal1 (s.) - marã
marca - îekuapaba; (marca de pancada, de facada, de dentada): pora
maré - 'yura ● maré descendente, maré baixa - 'ysyryka
menina - kunhataĩ
mingau - minga'u
miserável - poreaûsub/a; tyabor/a
miséria - poreaûsuba (m); tyabora
moça - kunhãmuku ● mocinha (de doze até quinze anos): kunhãmuku'ĩ
morada - tekoaba
mulher - kunhã
namorada - kunhã'yba
nojo - îegûaru; (ter nojo): îegûaru
numerosos - e'yî/a (r, s); etá (r, s); ypyó
ocultar-se - îekuakub
ornar-se - îegûak; îemongatyrõ
papa - minga'u; mindypyrõ; temindypyrõ
parar - (= cessar): pyk; (= estacionar): pytá ● parar de: po'ir
pássaro - gûyrá; (passarinho): guyra'ĩ
pato - ypeka
pau - ybyrá
pau-brasil - ybyrapytanga
peçonhento - tegûam/a; anhasy (r, s)
pegajoso - mong/a
peneirar - mogûab
pente - kygûaba
perder-se - (= extraviar-se): opar (r, s) (xe); (= sumir): kanhem
pestana - topeaba
pintar-se - îegûak; (pintar-se de vermelho): îemopyrang; (pintar-se de preto): îemoún
poço - 'ykûara
poder1 (s.) - tatãngatu; 'ekatu
portanto - emonãnamo; irõ; ra'e; rõ
pouso - tendaba
praia (de mar ou rio) - 'yembe'yba; 'yembiîeîa
pretejar-se (= pintar-se de preto) - îemoún
prostituta - sygûaraîy; kakuabe'yma; patakûera
provocar - monharõ; monheran
recolher - eŷnhang (s)
revelar-se - îepîakukar
roubar - mondá (xe); mondarõ
roubo - mondá
santificar - mongaraíb
sarar - pûerab
saudades - tepîaka'uba ● ter saudades de: epîaka'ub (s)
se2 (= no caso de): -reme
segurar (com as mãos) - pysyk
sequer - tiruã
seu (s, sua, s) - i; s; t-; (seu próprio): o; og; ogû; oû
sobrinha - (filha do irmão ou primo de h.): taîyra; (filha da irmã ou prima de h.): îetypera; (filha do irmão ou primo de m.): penga (m); (filha da irmã ou prima da m.): tykera (quando mais velha), piky'yra (quando mais moça)
socador - unguá
sofrimento - poreaûsuba (m); porarasaba (v. porará); nhenupãsabusu
solteiro - mendare'yma
tábua - ybyrapeba
tacape - ybyrapema
talha (de fazer cauim) - ygasaba
teu (s, tua, s) - nde
trabalhador (s.) - marãtekoara
traça - ysokapé
transformar - monhang
vara - ybyrá; ybyrá'ĩ; (de pescar): pinda'yba (m)
veado - sygûasu
vício - tekoaíba
visível - îekuab/a
vizinho (s.) - tambyagûá; amundaba; apyrixûara
zombaria - memûã
zombeteiro - memûã
'a2 (s.) - cabeça do pênis, glande (Castilho, Nomes, 27) ● 'a-îuru - orifício do pênis (Castilho, Nomes, 28)
abakatuaîaba (s.) - var. de ABACATUAIA, peixe da família dos carangídeos (VLB, II, 70)
abatiputá (s.) - JABUTAPITÁ, BATIPUTÁ, o mesmo que aîabutipytá (v.) (Brandão, Diálogos, 202)
agûarakaba (s.) - var. de formiga (VLB, I, 142)
aibara (s.) - parte superior das brenhas da mata (VLB, I, 59)
aigûyra (s.) - parte inferior das brenhas (da mata): iî aigûyra rupi nhẽ - por baixo das brenhas dela (VLB, I, 59)
aipaba (s.) - maldade, erro: Eîkuabe'eng xe nhe'engaipaba. - Mostra o erro de minhas palavras. (Ar., Cat., 55v)
aîpi'ĩarendé (s.) - variedade de aipim (Vasconcelos, Crônica [Not.] II, § 72, 148)
aîpi'ĩîurukuîa (s.) - variedade de aipim (Vasconcelos, Crônica [Not.] II, § 72, 148)
aîpi'ĩkurumũ (s.) - variedade de aipim (Vasconcelos, Crônica [Not.] II, § 72, 148)
aîpi'ĩmaniakaú (s.) - variedade de aipim (Vasconcelos, Crônica [Not.] II, § 72, 148)
aîpi'ĩsaborandy (s.) - variedade de aipim (Vasconcelos, Crônica [Not.] II, § 72, 148)
aîpi'ĩtaîapyguapamba (s.) - variedade de aipim (Vasconcelos, Crônica [Not.] II, § 72, 148)
aîpoîa (s.) - variedade de aipim (Vasconcelos, Crônica [Not.] II, § 72, 148)
aîuakara (s.) - var. de colar indígena (Laet, Novus Orbis, Livro XVI, cap. XVI, p. 620)
aîuruîu (s.) - var. de papagaio (Lisboa, Hist. Anim. e Árv. do Maranhão, fl. 193)
aîurupy1 (s.) - parte da roupa que cobre o pescoço (VLB, I, 76)
aîurupy3 (s.) - talo, cachaço, cerviz, parte traseira do pescoço; (adj.) (xe) - ter talo, cachaço: Xe aîurupygûasu. - Eu tenho cachaço grande. (VLB, I, 62)
akagûakaîa (s.) - castanha de caju (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 95)
akaîá1 (ou kaîá) (s.) - ACAIÁ, CAJÁ, CAJAZEIRA, frondosa árvore anacardiácea (Spondias mombin L.), cujo fruto, o cajá, é muito apreciado, sobretudo para o preparo de doces. Também é chamado CAJAZEIRO, CAJÁ, CAJAÍBA, ACAJAÍBA, CAJAZEIRA, taperebazeiro, taperebazeira, taperibazeiro. (D'Abbeville, Histoire, 223; Hist. Nat. Bras., 129)
akaîá2 (s.) - vagina; útero, madre (Castilho, Nomes, 27)
akaîakatinga (s.) - CAJATI, variedade de cedro brasileiro, árvore da família das lauráceas (Cryptocarya mandioccana Meisn.), da mata atlântica (Sousa, Trat. Descr., 212)
akanetá (s.) - CANITAR, 1) cocar indígena; 2) coroa:.....Akanetá-pyrã-beraba reroínano. - Tendo também coroas vermelhas e brilhantes... (Ar., Cat., 168v)
akangagûá (s.) - cabeça de virote (arma antiga); maça, clava, qualquer porra de madeira; (adj.) (xe) - ser cabeçudo (como o virote) ● i akangagûaba'e - o que é cabeçudo (como o virote) (VLB, I, 61)
akangaíba (s.) - cabelo crespo (de pessoa branca); (adj.: akangaíb) (xe) - ter cabelo crespo: Xe akangaíb. - Eu tenho cabelo crespo. (VLB, I, 85)
amambykaba (s.) - nastro, espécie de fita estreita (VLB, II, 48)
ambu (s.) - barulho, ronco (VLB, II, 107), grunhido (do porco) (VLB, II, 108); (adj.) - barulhento; (xe) rugir, roncar (também o porco), fazer barulho: Xe ambu. - Eu faço barulho; Xe py-ambu. - Faço barulho com os pés [ao andar]; Xe py-ambugûasu. - Faço muito barulho ao andar. (VLB, II, 107; VLB, II, 108)
amirigûaîa (s.) - var. de lagarto (Libri Princ., vol. II, 112)
amopira (s.) - cadilhos, fios primeiros de um tecido que não levam teagem de fios atravessados e que ficam soltos quando se cortam as teias (VLB, I, 62)
-an(a) - forma nasalizada de -sar(a) (v.)
anangûykytinga (s.) - parte superior das coxas traseiras, junto das nádegas (VLB, I, 85)
angaíba (s.) - magreza (VLB, II, 28)
angaîbara (s.) - magreza; coisa magra (VLB, II, 28); (adj.: angaîbar) - 1) magro; (xe) emagrecer: xe remipoîangaîbara - o magro que convidei (Anch., Arte, 52v); Xe angaîbar. - Eu estou magro. (D'Evreux, Viagem, 151); Nd'e'i te'e opá abá angaîbaramo...-ne. - Por isso mesmo todos os homens emagrecerão. (Ar., Cat., 160); 2) ressequido, mirrado, seco: Nd'aruri amõ parati; oîepé xe pysá pora. Nd'ere'uî xûémo, senhora: i angaîbar-atã moxy suí! - Não trouxe nenhum parati; um só é o conteúdo de minha rede. Não o comerás, senhora: ele está duramente ressequido por deterioração. (Anch., Poemas, 152)
angaîbora (s.) - magreza; coisa magra (VLB, II, 28); (adj.: angaîbor) - magro: Xe angaîbor. - Eu sou magro. (VLB, I, 112)
'angaingaíba (s.) - mania, loucura (VLB, II, 31); (adj.: 'angaingaíb) - maníaco, doido, desatinado, sem juízo, enlouquecido; (xe) endoidecer: Xe 'angaingaíb. - Eu sou (ou estou) doido. (VLB, I, 115; II, 31) ● 'angaingaibora - desatinado, sem juízo, enlouquecido, maníaco (VLB, I, 96; II, 31)
angaîpabĩ (s.) - baixo por condição, por casta (VLB, I, 51); mísero; escasso (VLB, II, 39); vilão, pessoa vil (VLB, II, 145)
anha'yba (s.) - castanheiro-do-pará, planta da família das lecitidáceas (Bertholletia excelsa Bonpl.) (Lisboa, Hist. Anim e Árv. do Maranhão, fl. 183-183v)
anhu'ymirĩ (s.) - variedade de anhu'yba (v.) de tamanho inferior (Piso, De Med. Bras., 195)
apaîé (s.) - maturação; inchamento (de fruto) (VLB, II, 28); (adj.) - maduro, inchado (o fruto): I apaîé. - Ele está maduro. I apaîegûasu. - Ele está muito maduro. (VLB, II, 11, adapt.)
apenhugûana (s.) - lâmina ● i apenhugûanyba'e - o que tem lâminas: itaoba i apenhugûã-nhugûanyba'e - couraça que tem muitas lâminas (VLB, I, 85)
api1 (s.) - var. de rede: api anhãî - na ponta da rede, no punho da rede (Anch., Arte, 41)
'apititinga (s.) - malhas ou manchas na cabeça (VLB, II, 29); (adj.: 'apititing) - malhado na cabeça: Xe 'apititing. - Eu sou malhado na cabeça. (VLB, II, 29)
apiti'yba (s.) - variedade de mandioca (Vasconcelos, Crônica [Not.] II, §72, 148)
apŷaba1 (s.) - mancha, malha; (adj.: apŷab) - manchado; malhado (o animal): Xe apŷab. - Eu sou manchado. (VLB, II, 29)
apykapuku (s.) - var. de banco comprido (VLB, I, 51)
apytagûá (s.) - cabeça de virote (arma antiga); maça, clava; (adj.) (xe) - ter cabeça de virote (VLB, I, 61) ● i apytagûaba'e - o que é cabeçudo (como o virote) (VLB, I, 61)
'apytekuîa (s.) - calva; (adj.: 'apytekuî) - calvo: Xe 'apytekuî. - Eu sou calvo. (VLB, I, 64)
'ara4 (s.) - parte superior: i 'ara rupi - na parte superior dele (Fig., Arte, 132)
araakasyka (s.) - garridice, elegância, vanglória; (adj.: araakasyk) - garrido, elegante: Xe araakasyk. - Eu sou garrido. (VLB, II, 141) ● araakasybora - pessoa garrida, elegante, muito enfeitada com cores alegres e brincos, jocosa (VLB, I, 146)
ara'apy'ira (s.) - ladinice; (adj.: ara'apy'ira) - ladino: Ereîukaípe kunhã amõ, sesé nde ara'apy'iramo? - Forçaste alguma mulher, sendo tu ladino com ela? (Anch., Doutr. Cristã, II, 90)
aragûeré (s.) - calvície, tonsura, coroa na cabeça (VLB, I, 82)
arataka (s.) - variedade de beija-flor, de "azul e verde muito fino" (Soares, Coisas Not. Bras. [ms .c], 1315-1317)
arõana1 (t) - pastor de gado (VLB, II, 67)
arupare'aka (s.) - farpa; barba do anzol (VLB, I, 51): Ké turi, arupare'aka îurupara ndi seru. - Para cá vem, trazendo farpas junto com o arco. (Anch., Teatro, 132); Kobé xe îurupara, kobé arupare'aka. - Eis aqui meu arco, eis aqui as farpas. (Anch., Teatro, 162)
aryba (t) - cacho (de bananas, de uvas, etc.): saryba - o cacho delas (VLB, I, 62)
asykûera1 (s.) - parte do todo, pedaço (VLB, II, 66); posta (de carne, de peixe) (VLB, II, 83); toro (de pau) (VLB, II, 133): Asykûera aîasy'ab. - Cortei um pedaço. (VLB, II, 123)
atasapé (s.) - var. de lontra, mamífero carnívoro da família dos mustelídeos (Cardim, Trat. Terra e Gente do Brasil, 65)
'atybaîa (s.) - cabelo crescido que os índios tinham sobre as orelhas (VLB, I, 151)
atymirĩ (s.) - var. de ave do mar (v. aty1) (VLB, I, 149)
atyrabebó (s.) - cabelos arrepiados e desgrenhados; topete; (adj.) - topetudo: tamandûá-atyrabebó - tamanduá topetudo (Anch., Teatro, 28)
'auna (s.) - madureza (de fruto); (adj.: 'aun) - maduro (o fruto; isto é, pintado de preto) (VLB, II, 27)
aupaba1 (s.) - páreas, membrana que envolve o feto ou parte do cordão umbilical, que fica na mãe depois do nascimento do bebê (VLB, II, 65; Castilho, Nomes, 30)
aupaba2 (s.) - pátria, lugar onde se nasce (VLB, II, 68); terra de origem (VLB, II, 48)
'ayîá (s.) - cabeça do pênis, glande (Castilho, Nomes, 28)
baîaku-ûará - v. gûamaîakugûará (Griebe, Brasil Holandês, vol. III, 59)
bakori (s.) - BACURI, planta da família das clusiáceas, Platonia insignis Mart. (Silveira, Relação do Maranhão, fl. 11v)
baku (s.) - BACU, VACU, peixe da família dos doradídeos (Lisboa, Hist. Anim. e Árv. Maranhão, fl. 175)
beraberapaba (s.) - bandeira (VLB, I, 51)
NOTA - No Maranhão e no Pará ainda se ouve eẽ, significando sim.
NOTA - MUMBAVA pode ter outros sentidos correlatos: 1) agregado; 2) apaniguado; 3) capanga (in Dicion. Caldas Aulete).
ene'ĩhengûy - forma negativa de ene'ĩ (v.) (VLB, II, 58)
enena (s.) - var. de inseto coleóptero da família dos coprinídeos (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 246; VLB, I, 123)
eûĩ (dem. adj.) - esse, essa, isso (VLB, II, 15)
gûabo - forma do gerúndio do verbo 'u (v.)
gûaîarara (s.) - var. de caranguejo (Sousa, Trat. Descr., 295)
gûaîausá (s.) - var. de caranguejo; o mesmo que agûarausá (v.) (Sousa, Trat. Descr., 290)
gûaîbĩambuku (s.) - var. de dança; modo de saltar (Vasconcelos, Crônica, [Not.], I, §143, 107)
GUANAMBI (beija-flor) (fonte: Marcgrave)
gûaînumby2 (s.) - var. de murukuîá (v.)
gûaînumby-aratiká (s.) - var. de gûaînumby (v.) (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 196)
gûaîraká (s.) - JAGUACACACA, cachorro-d'água, lontra brasileira, mamífero mustelídeo semi-aquático, de pelos longos, pardo-acinzentados. Alimenta-se de peixes. (VLB, II, 24)
gûaîu3 (s.) - var. de formiga (v. gûaîugûaîu) (VLB, I, 142)
gûaîumẽ (s.) - var. de crustáceo (Theat. Rer. Nat. Bras., I, 83-84)
gûarará1 (ou ûarará) (s.) - espécie de tambor (D'Abbeville, Histoire, 119); atabaque (VLB, I, 46)
gûararagûasu (s.) - tambor (VLB, I, 46)
gûararamopusara (s.) - tamborileiro, o que bate tambor (VLB, II, 124)
gûararu (s.) - variedade de caranguejo de água doce (VLB, I, 67)
gûaripûapẽ (s.) - variedade de molusco (Sousa, Trat. Descr., 292)
gûeró (s.) - lambisqueiro, guloso (VLB, II, 18)
gûyrakûereba (s.) - pássaro da família dos cerebídeos, muito colorido (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 212)
gûyraparyba (s.) - pau-d'arco, árvore bignoniácea (Tabebuia barbata (E. Mey.) Sandwith) (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 118)
gûyratange'yma (s.) - pássaro da família dos icterídeos (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 192; Theat. Rer. Nat. Bras., I, 137)
îabotapytá (s.) - JABUTAPITÁ, planta ocnácea (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 101)
îaboti (s.) - JABUTI, JABUTIM, réptil da ordem dos quelônios, da família dos testudíneos, muito encontrado nas matas brasileiras. É frugívoro e sua fêmea é maior que o macho, chamada também carumbé ou JABUTI-CARUMBÉ. Também é chamado cágado, JABUTIPIRANGA, JABUTITINGA. (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 241; VLB, I, 62)
îaburu (s.) - JABURU, o mesmo que îabyru (v.) (D'Abbeville, Histoire, 242; Brandão, Diálogos, 226)
îaîabosuí (s.) - var. de piaba pequena (Soares, Coisas Not. Bras. [ms .c], 2285)
îaká (s.) - JACÁ, espécie de cesto feito de taquara (Bettendorff [1698], Crôn. do Maranhão, in RIH, LXXII [1909], 466) (o mesmo que aîaká - v.)
îakamasiri (s.) - JACAMACIRA, ave piciforme da família dos galbulídeos (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 202)
îakamĩ (s.) - JACAMIM, ave gruiforme da família dos psofídeos (Lisboa, Hist. Anim. e Árv. do Maranhão, fl. 194v)
îakapanĩ (s.) - JACAPANIM, pássaro da família dos mimídeos, que habita os brejos (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 212)
îakapu (s.) - JACAPU, ave da família dos traupídeos (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 192)
îakarinĩ (s.) - JACARINA, pássaro da família dos fringilídeos (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 210)
îakuasu (ou îakuûasu) (etim. - jacu grande) (s.) - JACU-AÇU, ave galifome da família dos cracídeos. São "...da feição das garças grandes.... Andam nos rios e lagoas, criam ao longo delas e dos rios, no chão. Mantêm-se do peixe que tomam." (Sousa, Trat. Descr., 230)
îakukaka (s.) - JACUCACA, ave galiforme da família dos cracídeos (Soares, Coisas Not. Bras. [ms .c], 1388-1391)
îakupema (s.) - JACUPEMA, JACUPEMBA, ave galiforme da família dos cracídeos, também conhecida como JACUPEBA ou JACUVELHO (D'Abbeville, Histoire, 183v; Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 198)
îakyrana (s.) - JAQUIRANA, cigarra, nome comum aos insetos homópteros, da família dos cicadídeos, cujos machos são providos de órgãos musicais e que geralmente morrem cantando (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 256-257; VLB, I, 70)
îamakaîy (s.) - JAMACAJI, pássaro da família dos icterídeos, de canto ameno e bela plumagem, que vive nas caatingas e em zonas campestres de todo o Brasil leste-setentrional (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 198)
îamakaru (s.) - MANDACARU, JAMACARU - nome dado, no Brasil, às plantas cactáceas do gênero Cereus que têm caule ereto (Cereus jamacaru, DC, Cereus triangularis (L.) Haw). São grandes cactos de porte arbóreo, característicos da caatinga, servindo como alimento para o gado durante as secas. Os Cereus de caule rasteiro têm os nomes vulgares de cumbebe e iumbeba. (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 126)
îamandakará (s.) - MANDACARÁ, planta da família das cactáceas (Cereus hildmannianus K. Schum.), que dá fruta vermelha (Brandão, Diálogos, 217)
îandaîa (s.) - JANDAIA, o mesmo que îendaîa (v.) (Soares, Coisas Not. Bras. [ms .c], 1286-1288)
îaó (s.) - var. de chaga incurável; (adj.) - chagado; (xe) ter chagas: Xe îá-xe îaó. - Eu estou chagado, eu tenho muitas chagas. (VLB, I, 71)
îapakani (s.) - JAPACANIM, ave da família dos mimídeos (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 212)
îaparana (s.) - var. de cobra não peçonhenta e que não morde (Gândavo, Trat. Prov. Brasil, 1274-1277)
îaparandyba (s.) - JAPARANDUBA, árvore lecitidácea (Gustavia hexapetala (Aubl.) Sm.), também conhecida como JANIPARINDIBA, JANIPARANDIBA, JANIPARANDUBA ou JAPOARANDIBA, e cujas raízes têm usos medicinais (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 109)
îaperasaba (s.) - JAPERAÇABA, espécie de palmeira (Attalea funifera Mart.) (Sousa, Trat. Descr., 190)
îapika'i (s.) - JAPICAÍ, var. de barbasco, planta cujo veneno entorpece ou mata os peixes, usado pelos índios em suas pescarias; espécie de timbó (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 272; VLB, I, 51)
îapu (s.) - JAPU, pássaro da família dos icterídeos (D'Abbeville, Histoire, 237v; Cardim, Trat. Terra e Gente do Brasil, 35)
îapuruterẽ (s.) - var. de porco selvagem grande e feroz (VLB, II, 82)
îapysaká - v. îeapysaká
îararakapeba (ou îararakopeba) (s.) - JARACAMBEVA, nome de cobra peçonhenta (Soares, Coisas Not. Bras. [ms .c], 1231-1232)
îaratakaka (s.) - JARITACACA (v. îa'urekaka) (Brandão, Diálogos, 253)
îaritataka (s.) - JARITACACA, o mesmo que îa'urekaka (v.) (Cardim, Trat. Terra e Gente do Brasil, 30)
îasapé (s.) - SAPÉ, nome de uma planta gramínea (Imperata brasiliensis L.) (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 2)
îase'opapara (s.) - lástima, o que se diz quando se chora (VLB, I, 74)
îasuka (s.) - batismo: Xe ryke'yr, ereîeruré îasuka ri. - Meu irmão, pedes pelo batismo. (D'Abbeville, Histoire, 350)
îasy2 (s.) - JACI, espécie de palmeira amazônica (Scheelea wallisii) (Sousa, Trat. Descr., 217, 299)
îataboka (s.) - TABOCA, nome comum de bambus da família das gramíneas, de colmo muito alto e grosso (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 3)
îatebuka (s.) - JATECUBA, nome de um inseto (VLB, I, 67)
îate'i (s.) - JATAÍ, JATI, variedades de abelhas da família dos meliponídeos (VLB, I, 18)
îatiman - v. nhatiman
îatitá (s.) - var. de caracol (VLB, I, 66)
îatitagûasu (s.) - var. de caracol (VLB, I, 66)
îatua'yba (s.) - JATUAÚBA, árvore pequena da família das meliáceas, do gênero Guarea, de madeira muito pesada. "...Dá umas frutas brancas, do tamanho e feição de azeitonas cordovesas." (Sousa, Trat. Descr., 224)
îa'u (s.) - JAÚ, peixe da família dos pimelodídeos, de grande tamanho, podendo pesar até 120 quilos, sendo um dos maiores peixes brasileiros (VLB, I, 50). "São de quatorze e quinze palmos e, às vezes, maiores e muito gordos e deles se faz manteiga." (Cardim, Trat. Terra e Gente do Brasil, 63)
îaŷbyk - v. îeaŷbyk (Anch., Teatro, 66)
îekysy (s.) - caldo (de fruta, de raiz, etc.) (VLB, I, 63)
îendaîa (s.) - JANDAIA, NHANDAIA, ave da família dos psitacídeos, espécie de papagaio pequeno grasnador, que vive em bandos e ataca as plantações. As aves jovens são totalmente verdes. (Brandão, Diálogos, 227; Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 206)
îe'o3 (s.) - tapamento, fechamento; (adj.) - tapado, fechado: Xe apysakûá-îe'o. - Eu tenho os buracos da orelhas tapados. (VLB, I, 118)
îerimirĩ (s.) - variedade de feijão (Sousa, Trat. Descr., 296)
îeripeba (s.) - variedade de feijão (Sousa, Trat. Descr., 296)
îeriusu (s.) - variedade de feijão (Sousa, Trat. Descr., 296)
îerobîatenhẽa (s.) - vanglória (VLB, II, 141)
îetipemena (s.) - marido da sobrinha (filha da irmã de h.) ou da prima (filha da tia de h.) (Ar., Cat., 114)
îetykopé (s.) - JATUCUPÉ, JACUTUPÉ, JOCOTUPÉ, trepadeira da família das leguminosas (Pachyrhizus tuberosus (Lam.) Spreng.), de raízes tuberosas, feculentas e alimentícias (Anch., Cartas, 135)
ikararasá (s.) - var. de cogumelo comestível que cresce na madeira (VLB, I, 86)
ikatupendûara - v. ikatu
inimbo'i (s.) - var. de inimbó (v.) (Theat. Rer. Nat. Bras., 102)
îoapiti (s.) - matança (como se faz nas guerras) (VLB, II, 33)
îomomorangaíba (s.) - carícias desonestas: Nde serã i poepyka... îomomorangaíba ereîapi ko'arapukuî. - Tu, talvez para retribuir, atiras nele sempre as carícias desonestas. (Anch., Doutr. Cristã, II, 112)
îope'asara (s.) - bandido, o que se aparta em bandos (VLB, I, 51)
itamaraka'ambaba (s.) - campanário, lugar em que estão os sinos (VLB, I, 65)
itamarupá (s.) - navalha de aço (VLB, II, 48)
itangapema - v. itaîngapema
itaoka3 (s.) - variedade de gato do mato, animal da família dos felídeos (Soares, Coisas Not. Bras. [ms .c], 1142-1144)
itasyba (s.) - TACIBA, formiga-lavapés, var. de formiga pequena, inseto himenóptero da família dos formicídeos (VLB, I, 142). O mesmo que tasyba (v.).
îu'ií (s.) - var. de rã muito grande, "de cor pretaça" (Sousa, Trat. Descr., 265)
îukyra (s.) - sal: Mba'e resépe îuky-karaíba mondebi asé îurupe? - Por que põe sal bento na boca da gente? (Ar., Cat., 81v) ● îukyre'ẽ - sal sem pimenta; îukyrapu'a - bolota de sal (VLB, II, 111)
îupora (s.) - marca de ferro em brasa (p.ex., no gado) (VLB, I, 138)
îurá1 (s.) - casa colocada no cume de árvores plantadas n'água (D'Evreux, Viagem, 84)
îurumopy (s.) - cantos da boca, de fora (Castilho, Nomes, 32)
îynambikûasama (s.) - var. de machado (VLB, II, 27)
ka'amutuma (s.) - madrugada, manhãzinha (VLB, II, 27) ● ka'amutumo - de madrugada (VLB, II, 27); de manhã cedo (VLB, I, 69); ka'amutumome - de madrugada (VLB, II, 27)
ka'aponga (s.) - CAAPONGA, erva da família das portulacáceas, cujas folhas novas, bem como os brotos, são usados na alimentação, sendo os caules, as folhas e as sementes vermífugos e diuréticos (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 49)
ka'asyka1 (s.) - CAACICA, erva-de-cobra, planta euforbiácea (Chamaesyce hirta (L.) Millsp. ) (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 7)
ka'aysá (ou ka'aysara) (s.) - CAIÇARA, fortificação contra inimigos feita de ramos de árvores; cerca rústica feita de galhos e ramos entrelaçados para defesa e proteção (VLB, I, 143)
kaba1 (s.) - CABA, vespa, nome comum de insetos himenópteros da família dos vespídeos (VLB, I, 55)
kabesé (ou kabesẽ) (s.) - variedade de vespa, da família dos vespídeos. "...Mordem muito; ...Fazem o ninho em árvores." (Sousa, Trat. Descr., 240; VLB, I, 55)
kaburé1 (s.) - CABURÉ, CABORÉ, nome de algumas pequenas espécies de corujas da família dos estrigídeos, com tufo na cabeça (D'Abbeville, Histoire, 233; Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 212)
ka'i (s.) - CAÍ, nome genérico de macacos pequenos da família dos cebídeos (Cebus apella) (Staden, Viagem, 171; D'Abbeville, Histoire, 252v)
kaîá (s.) - CAJÁ (v. akaîá) (Sousa, Trat. Descr., 191; Brandão, Diálogos, 216)
kakuab1 (ou kakugûab) (v. intr.) - 1) crescer; fazer-se (rapaz ou moça): Marãpe sekóû ikó 'ara pupé... o kakuab'iré...? - Que fez neste mundo depois que cresceu? (Ar., Cat., 42v); Kó tupãoka pupé Maria kakuabi... - Dentro dessa igreja Maria cresceu. (Ar., Cat., 8v); Akakuab. - Fiz-me rapaz. (VLB, II, 30); 2) envelhecer [o homem ou o animal; fal. de coisas, v. aíb ou nhemoaíb]; ter muita idade: Akakuab (ou Akakuá-katu). - Tenho muita idade. (VLB, II, 8) ● kakuab amõ (ou kakuab amõ'ĩ) - ter pouca idade: Akakuab amõ (ou Akakuab amõ'ĩ.) - Tenho pouca idade (lit., Há pouco cresci). (VLB, II, 30)
kama (s.) - mama, teta (Castilho, Nomes, 31), seio (de mulher ou de homem) (VLB, II, 29); úbere (VLB, II, 139): Endé, nde îybápe, Îesu eresupi i poîa-mirĩ nde kama pupé. - Tu, em teus braços, Jesus ergueste para alimentá-lo um pouco em teu seio. (Anch., Poemas, 118); Nde rorype... nde kama abá sungáreme? - Tu te comprazes quando um homem apalpa teus seios? (Ar., Cat., 234) ● kamapûá - ponta, bico de seio (Castilho, Nomes, 31); kama pora (ou kambora) - o que está no seio, o conteúdo do seio (Anch., Arte, 31v)
kamapu (s.) - CAMAPU, planta solanácea, Nicandra physalodes (L.) Gaertn. (Theat. Rer. Nat. Bras., II, 169)
kamaru (s.) - CAMARU, árvore do sertão nordestino, de grande porte
kamarupĩ2 (s.) - CAMURUPIM (v. kamurupy) (Brandão, Diálogos, 235)
kambu (ou kamu) (etim. - ingerir leite) (v. intr.) - 1) mamar: Akambu. - Mamei. (VLB, II, 29); Akambu-seî. - Quero mamar. (VLB, II, 29); I kamu-seî kunumĩ... - Deseja o menino mamar. (Anch., Poemas, 162); 2) (v.tr.) - tomar o leite de: ...O sy kambûabo oúpa. - Tomando o leite de sua mãe. (Anch., Poemas, 162)
kambûá (s.) - CAMBOA, cercado de pedras e de paus, armado em pequena depressão junto ao mar na qual se tomam peixes por ocasião das marés de águas vivas (Sousa, Trat. Descr., 281)
kambykyra (s.) - rabadilha ou rabadela (da galinha, etc.) (VLB, II, 95)
kamu (s.) - panela de barro redonda para cozer alimentos (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 273)
kamuri (ou kamburi) (s.) - CAMURI, CAMURIM, peixe da família dos centropomídeos, da costa brasileira (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 160) ● kamuri-'y - rio dos robalos (Anch., Arte, 6)
kamurupy (s.) - CAMURUPI, CAMURUPIM, peixe da família dos elopídeos, do litoral setentrional do Brasil, também chamado CAMARUPIM, CAMURIPEMA, CAMURIPIM, CANGURUPI, CAMARUPI, CANJURUPI, CANJURUPIM (Cardim, Trat. Terra e Gente do Brasil, 53)
kamusi1 (s.) - jarro (VLB, II, 7), CAMUCIM, pote (em geral) (VLB, II, 83); talha qualquer (VLB, II, 123); vaso (VLB, II, 142); vaso com asas (VLB, II, 12); peça de louça (VLB, II, 24): itaîy-kamusi - vaso de estanho (VLB, II, 77); kamusi-pora - o que está no pote, o conteúdo do pote (Anch., Arte, 31v); kamusi rapŷaba - forno para potes (VLB, I, 142)
kandûasu (ou kandugûasu) (s.) - roedor da família dos coendídeos (Cardim, Trat. Terra e Gente do Brasil, 28; Nieuhof, Ged. Reize, 218-219)
kane'õ (s.) - cansaço: ...Turusu xe kane'õ. - Muito é o meu cansaço. (Anch., Poemas, 152); ...Ambyasy, 'useîa, kane'õ, mba'e tetiruã porarábo îandé resé. - Fome, sede, cansaço, quaisquer coisas sofrendo por nós. (Ar., Cat., 42v); ...N'îaîandubi kane'õ... - Não sentimos cansaço. (Ar., Cat., 167); (adj.) - cansado, esgotado; (xe) cansar-se, esforçar-se: Xe kane'õ. - Eu estou cansado. (VLB, I, 65); Setá, sesé oîopuru-purûabo o kane'õ-ne'õnamo. - Eram muitos, para se revezarem uns aos outros nisso, ficando cansados. (Ar., Cat., 60) ● kane'õaba - tempo, lugar, modo, objeto de cansar-se, de se esforçar: Marãpe ereîpysyrõ oré kane'õagûera? - Por que libertas aquele por quem nos cansamos? (Anch., Teatro, 180, 2006)
kaninana (s.) - CANINANA, CAINANA, IACANINÃ, cobra da família dos colubrídeos, que ocorre em quase todo o Brasil, geralmente nas matas, alimentando-se de rãs, lagartos, ratos e ovos, podendo subir em árvores (Cardim, Trat. Terra e Gente do Brasil, 31; VLB, I, 76)
kanugûá (ou kanûá) (s.) - resplendor (de diversas cores, como o de pássaros quando lhes dá o sol); (adj.) - resplandecente (de diversas cores): Xe kanugûá. - Eu sou resplandecente. (VLB, II, 103)
kapeúna (s.) - CAPIÚNA, peixe da família dos pomadasídeos (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 155)
kapi'ĩmangará (s.) - CAPIM-MANGARÁ (v. mangará) (VLB, II, 16)
kapi'ipuba (ou kapupuba) (etim. - capim mole) (s.) - CAPIMPUBA, CAPIM-BEBA, erva da família das gramíneas (Andropogon bicornis L.) (Piso, De Med. Bras., IV, 196)
kapûerusu (s.) - variedade de abelha de grande porte. "...Criam seus favos em ninhos que fazem no mais alto das árvores, do tamanho de uma panela, os quais são de barro." (Sousa, Trat. Descr., 241)
karagûatanema (ou karagûatarema) (etim. - caraguatá fedorento) (s.) - babosa, planta liliácea (VLB, I, 121)
NOTA - "Tôdas estas invenções por um vocábulo geral chamam "Caraíba", que quer dizer como coisa santa ou sobrenatural; e por esta causa puzeram êste nome aos portuguêses, logo quando vieram, tendo-os por coisa grande, como do outro mundo, por virem de tão longe por cima das águas." (José de Anchieta [1584], Informação do Brasil e de suas Capitanias, p. 49)
karaipaba (s.) - santificação: ...O karaibagûama raûsukatûabo. - Amando muito sua santificação. (Anch., Doutr. Cristã, I, 202)
karaîuru (s.) - CARAJURU, GRAJURU, planta da família das bignoniáceas (Arrabidaea chica (Humb. & Bonpl.) B. Verl.), cujas folhas, se fermentadas e cozidas, fornecem um corante vermelho que os índios usavam para pintar o corpo (ABN, XXVI, 393)
karakará (s.) - CARACARÁ, CARCARÁ, carancho, nome de duas aves da família dos falconídeos da América do Sul oriental (D'Abbeville, Histoire, 233)
karaná (s.) - CARANÁ, CARANDÁ, palmeira parecida ao buriti; o mesmo que karana'yba (v.) (Soares, Coisas Not. Bras. [ms .c], 1935-1938)
karapîasaba (s.) - CARAPIAÇABA, peixe da família dos dasiatídeos. "...São redondos como choupinhas e pintados de pardo e amarelo e são sempre gordos, muito bons para doentes." (Sousa, Trat. Descr., 288)
karapina (s.) - CARAPINA, carpinteiro (VLB, I, 67)
karapopeba (s.) - CARAPOBEBA, nome de um lagarto, provavelmente da família dos iguanídeos (Marcgrave, Hist. Bras., 238)
karapuku (s.) - CARAPUCU, cogumelo da família das marasmiáceas (VLB, I, 86)
kararu (s.) - CARURU, variedade de planta amarantácea (Amaranthus caudatus L.), também conhecida como bredo, bredo verdadeiro, amaranto-de-folha-vermelha (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 13)
karasy (s.) - maleita, malária (VLB, II, 29); (adj.) - maleitoso, estar com malária: Xe karasy. - Eu estou maleitoso. (VLB, II, 29) ● karasy-ryryîa - tremor de maleita (VLB, II, 29; 136)
karimamana (s.) - canoa de junco (VLB, I, 32)
karipirá (s.) - CARAPIRÁ, GRAPIRÁ, nome comum de aves da família dos fregatídeos, também conhecidas como tesouras e que fazem grande luta com os peixes-voadores (D'Abbeville, Histoire, 241v; Cardim, Trat. Terra e Gente do Brasil, 61)
karoba (s.) - CAROBA, o mesmo que ka'aroba (v.)
karûaba4 (s.) - pasto (para o gado) (VLB, II, 62)
karûara1 (s.) - CARUARA, gota, corrimento que faz doer as juntas (Sousa, Trat. Descr., 319)
karûatá (s.) - CARAGUATÁ (v. karagûatá) (Brandão, Diálogos, 203)
karũîé (s.) - CARUNJE, árvore nativa semelhante ao loureiro "...nas folhas, na casca e no cheiro..." (Sousa, Trat. Descr., 220)
karukuoka (s.) - rato pequeno doméstico (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 229)
kaûĩaîa2 (ou kaûĩiaîa) (etim. - cauim azedo) (s.) - vinagre (VLB, II, 145)
kaûĩkaraku (s.) - variedade de bebida fermentada que se tomava morna, feita de raízes picadas de aipim-macaxeira (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 274)
kaûĩmakaxera (s.) - variedade de bebida fermentada feita de aipim-macaxeira socado e fervido, que tinha cor branca e era tomada morna (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 274)
kaysara (s.) - CAIÇARA, o mesmo que ka'aysá (v.) (Frei Vicente do Salvador, História do Brasil, I, cap. xvi)
6 (s.) - lado, ilharga (o mesmo que iké - v.): xe ké - minha ilharga (D'Evreux, Viagem, 159)
kena'ĩ (ou kana'ĩ) (s.) - pessoa folgada, o folgado, o que se esquiva ao trabalho: I angaîpá kó kena'ĩ... - São más essas folgadas. (Anch., Teatro, 36)
keraíba (s.) - CARAÍBA, GUARAÍBA, árvore do cerrado, planta bignoniácea (Tabebuia aurea (Silva Manso) S. Moore) (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 135)
kopisaba (s.) - lavoura, roça, capixaba (VLB, II, 19); local apropriado para plantação, roça (Rodrigues, Relação, in S. Leite, Novas Cartas Jesuíticas, 219)
kopytá (s.) - parte inferior de lança, de bastão (VLB, I, 81)
kopytaupaba (s.) - parte inferior de lança, de bastão (VLB, I, 81)
kotorá (s.) - variedade de rã venenosa (Piso, De Med. Bras., 160)
kûaîa (s.) - raridade; (adj.: kûaî) - raro: Xe kûaî. - Eu sou raro. (VLB, II, 96)
kubîara (s.) - variedade de abelha (Piso, De Med. Bras. IV, 178)
kugûab - v. kuab
kugûapamoín - v. kuapamoín (VLB, I, 45)
kuîaba (s.) - cabaço de tipo grande e largo, partido pelo meio (VLB, I, 61); variedade de cuia: Oîmboapy abá kuîaba... - Os homens esvaziam as cuias. (Anch., Teatro, 30) "Pode conter no seu bojo trinta ou trinta e cinco cântaros de líquido." (Nieuhof, Ged. Reize, 219-220)
kuîaûîu (s.) - var. de coruja (VLB, I, 88)
kuîẽpiá (s.) - variedade de pimenta nativa (Sousa, Trat. Descr., 186)
kunduru (s.) - var. de caranguejo; fêmea do caranguejo usá (v.) (VLB, I, 67)
NOTA - CUNHÃ, no Maranhão, é uma mulher jovem (in Dicion. Caldas Aulete).
kupasy (s.) - var. de búzio marinho (VLB, I, 60)
kupasygûasu (s.) - var. de caramujo (VLB, I, 60, 66)
kuruperana (s.) - var. de vespa (VLB, I, 55)
kururu (s.) - sapo, CURURU, nome genérico de batráquios (D'Abbeville, Histoire, 253v; Piso, De Med. Bras. III, 174; Sousa, Trat. Descr., 264): Ené, rõ, kururu-asyka! Eia, pois, sapo maneta! (Anch., Teatro, 42)
kusubyra (s.) - faíscas de folhagem queimada, sejam vivas ou não (VLB, I, 133)
kyîausá (s.) - variedade de pimenta, pimenta-grande ou pimentão, planta solanácea do gênero Capsicum (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 39)
kysé (s.) - faca, QUICÉ, QUICÊ, QUECÉ, QUECÊ: Ererupe itá kysé amõ? - Trouxeste algumas facas de ferro? (Léry, Histoire, 346); takûá-kysé - faca de taquara (VLB, I, 133; Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 271)
ky'ynha (s.) - var. de pimenta (VLB, II, 77)
ma'enan (ou ma'enã) [v. intr. compl. posp.) - vigiar, velar, espiar [compl. com esé (r, s) ou ri]: Ema'enãngatu xe ri, xe mbo'are'ymuká. - Vela bem por mim, fazendo que não me derrubem. (Anch., Poemas, 142)
ma'enduar (ou ma'enduá) (xe) (v. da 2ª classe) - lembrar-se [de algo ou de alguém: compl. com esé (r, s) ou ri]: ...Nde ma'enduá xe ri! - Lembra-te de mim! (Anch., Teatro, 176); Kûesé Pedro nde resé i ma'enduari. - Ontem Pedro se lembrou de ti. (Fig., Arte, 95); N'i ma'enduari xûéne. - Eles não se lembrarão. (Fig., Arte, 40); Ybakype Tupã i moeté-katu resé o ma'enduaramo. - Lembrando-se de que Deus os honra muito no céu. (Ar., Cat., 24) ● ma'enduasaba (ou ma'enduaraba) - tempo, lugar, modo, etc. de lembrar-se; lembrança: Ta xe pysyrõ Tupã ma'enduasabaíba suí. - Que me livre Deus das lembranças ruins. (Ar., Cat., 21); mba'e resé ma'enduasaba - lembrança das coisas (VLB, II, 35)
ma'ẽtepe (ou ma'ẽteranhẽ ou ma'ẽteperanhẽ) (interj.) - ora, vejam agora! (Fig., Arte, 137)
magûari (s.) - MAGUARI, BAGAURI, BAGUARI, MAGUARI, 1) ave ciconiforme da família dos ciconídeos, que vive em bandos em brejos com pouca vegetação alta, sendo conhecida como cegonha brasileira, parente próxima da cegonha branca (Ciconia ciconia) da Europa. Recebe vulgarmente os nomes de cauauã, cegonha, tabuiaiá e jaburu-moleque. 2) ave ciconiforme da família dos ardeídeos (Ardea cocoi L.), que recebe também, vulgarmente, os nomes de SOCÓ-GRANDE e joão-grande (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 204)
Mairumûana (ou Maíra-humane) (etim. - o antigo Maíra) (s. antrop.) - nome de personagem mítico dos primitivos índios tupis da costa (Staden, Viagem, 147)
makaîuba (s.) - macaúba, var. de palmeira; o mesmo que mokaîe'yba (v.) (Libri Princ., vol. I, 23)
makapera (s.) - macaxeira assada ao fogo e sem nenhuma outra preparação (Piso, De Med. Bras., 62)
makapy (s.) - var. de peixe (VLB, II, 113)
makasyka (s.) - CAMBACICA, MACACICA, pássaro da família dos cerebídeos, que ocorre em todo o Brasil (Sousa, Trat. Descr., 236)
makaxera2 (s.) - MACAXEIRA, MACAXERA, raiz de planta euforbiácea (Manihot esculenta Crantz), chamada também de aipim, com que os índios faziam farinha ou cauim (D'Abbeville, Histoire, 229v; Piso, De Med. Bras. IV, 177)
mamangá (s.) - MAMANGÁ, arbusto da família das leguminosas cesalpinoídeas (Piso, De Med. Bras., IV, 190)
mamûá (ou mamûã ou memûá) (s.) - variedade de pirilampo, inseto da ordem dos coleópteros (Sousa, Trat. Descr., 267)
manaká (s.) - MANACÁ, planta da família das solanáceas (Brunfelsia hopeana Benth.), ornamental, de flores grandes. É usada como corante e como remédio na medicina popular e também chamada MANAGÁ, MANACÃ. (Marcgrave, Hist. Nat., 69; Piso, De Med. Bras., IV, 190)
mana'yba (s.) - MANAÍBA, tolete do caule do aipim ou da mandioca, cortado para plantio; muda de aipim ou mandioca (Vasconcelos, Crônica [Not.] II, § 72, 148)
mana'ybaru (s.) - variedade de mandioca (Sousa, Trat. Descr., 173)
mandi'oka (s.) - MANDIOCA, o mesmo que mani'oka (v.) (Gândavo, Trat. Prov. Brasil, 690-718)
mandi'ybambûaraé (s.) - var. de mandioca (v. mani'oka) (Piso, De Med. Bras., IV, 177-178)
mandi'ybybyîana (s.) - var. de mandioca (Vasconcelos, Crônica [Not.] II, §72, 148)
mandi'ybyîurusu (s.) - var. de mandioca (Vasconcelos, Crônica [Not.] II, §72, 148)
mandi'yparati (s.) - var. de mandioca de terras fracas e arenosas (Piso, De Med. Bras. IV, 177)
mandubi (s.) - MANDUBI, 1) amendoim (Arachis hypogaea L.), nome genérico de plantas leguminosas-papilionoídeas que possuem uma cápsula onde existem duas ou três pequenas nozes ou sementes. São também chamadas MANDOBI, MENDUBI, MENDUÍ, MINDUBI. 2) o nome dessas sementes comestíveis (D'Abbeville, Histoire, 229v)
mandyba2 (s.) - MANDIBA, MANDIVA, var. de mandioca (Piso, De Med. Bras., 177)
mangangá (s.) - var. de besouro grande que rói madeiras (VLB, I, 56)
manganga'i (s.) - MANGANGÁ, MANGANGAVA, MAMANGABA, MAMANGAVA, nome de abelhas sociais da família dos bombídeos, também denominadas MANGANGABA, MANGABA, MANGANGAIA, abelhão, MARIMBONDO- MANGANGÁ (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 257; VLB, I, 56)
mani'ĩ (s.) - MANIIM, MANOIÚ, variedade de algodoeiro (Sousa, Trat. Descr., 207)
mapyîxûara (s.) - manilha; todo enfeite posto no colo do braço, fosse de ouro, de osso ou de contas (VLB, II, 31)
maraba (s.) - bastardo (D'Evreux, Viagem, 142); xe marap! - meu filho bastardo (D'Evreux, Viagem, 143)
maraká1 (s.) - MARACÁ, instrumento chocalhante que era usado pelos índios nas solenidades religiosas e guerreiras para marcar o compasso de suas danças; chocalho (D'Abbeville, Histoire, 300; Sousa, Trat. Descr., 339): ...Maraká poraseîa rerobîasara... - O que acredita na dança do chocalho. (Ar., Cat., 66v); itá-maraká - chocalho que contém pedras em seu interior, chocalho com pedras (Staden, Viagem, 153); maraká pu - barulho de maracá (D'Abbeville, Histoire, 188)
marakaîá2 (s.) - MARACAJÁ, carnívoro felino (Leopardus tigrina Erxl.), também conhecido como gato-pintado-do-mato (D'Abbeville, Histoire, 251v; Marcgrave, Hist. Nat., 233)
marakaîamimbaba (s.) - MARACAJÁ XERIMBABO, gato doméstico (VLB, I, 147)
marakugûara (s.) - MARACUGUARA, peixe da família dos monocantídeos. "...Roncam no mar como porco; ...são muito carnudos e tesos e de bom sabor." (Sousa, Trat. Descr., 284)
marana1 (ou marã) (s.) - 1) doença; 2) aflição; (adj.: maran) - 1) enfermo, enfermiço; doente, adoecido; (xe) adoecer: Na xe marani. - Eu não estou doente. (VLB, II, 113); Ta xe maran umẽ i gûabo. - Que eu não adoeça, comendo-o. (Ar., Cat., 21v); 2) aflito: ...Xe 'anga-t'iã n'i marani. - Mas eis que minha alma não está aflita. (Ar., Cat., 53)
maranungara (s.) - parente, parentela: Ereîeîopyk-ukarype nde maranungaramo? - Tu te permitiste cobri-la, sendo tua parenta? (Anch., Doutr. Cristã, II, 98; Ar., Cat., 114v)
maratata'yba (s.) - MATATAÍBA, nome de uma árvore (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 132)
mari (s.) - zanga; (adj.) - zangado: I mari-turusu. - Ele está muito zangado. (D'Evreux, Viagem, 147)
marigûi2 (s.) - MARIGUI, pássaro pequeno e pardo de penas muito compridas, bico e pescoço longos, que vive nos mangues (Sousa, Trat. Descr., 233)
marupá (s.) - navalha de cana ou palha (VLB, II, 48)
masarandyba (ou masaranduba) (s.) - MAÇARANDUBA, MAÇARANDUVA, MAÇARANDIVA, MAÇARANDIBA, 1) nomes que designam as espécies de árvores sapotáceas Pouteria procera (Mart.) T.D. Penn. e Manilkara elata (Allemão ex Miq.) Monach.; 2) o fruto dessas árvores, de propriedades medicinais (Piso, De Med. Bras., IV 203; Brandão, Diálogos, 171)
masiury (s.) - var. de cação pequeno e seco; litão (VLB, II, 23)
matamatá (s.) - var. de tartaruga (Lisboa, Hist. Anim. e Árv. do Maranhão, fl. 174v)
matori (s.) - var. de rã (Libri Princ., vol. II, 94)
matu'ĩmirĩ (s.) - MATUIM-MIRIM, pássaro de tamanho diminuto, cor brancacenta, que se alimenta de peixes (Sousa, Trat. Descr., 231)
matu'ĩûasu (s.) - MATUIM-AÇU, pássaro que habita os mangues. "...Têm as penas e bico preto e alimentam-se de peixe." (Sousa, Trat. Descr., 233)
maturaké (s.) - MATURAQUÊ, variedade de peixe de água doce, da família dos caracídeos, parente da traíra (Sousa, Trat. Descr., 296)
mbá - forma nasalizada de pá (v.)
mbab - forma nasalizada de pab (v.)
mbaba - forma absol. de paba (v.)
mba'e4 (ou ma'e) (s.) - coisa má (como um espírito ou um diabo) (VLB, I, 85)
mba'e5 (ou ma'e) (s.) - enxoval (VLB, I, 120)
mba'e6 (ou ma'e) (s.) - membro ou parte do corpo: I mba'epepe i nhybõû? - Em que parte do corpo ele o flechou? (VLB, II, 35); "-Oú temõ ké kunhã xe posé" erépe, nde mba'e-pymamo? Disseste: "-Oxalá viesse aqui uma mulher para o meu lado", tendo o teu membro ereto? (Anch., Doutr. Cristã, II, 93)
mba'e7 (ou ma'e) (s.) - móvel de casa (VLB, II, 43)
mba'e8 (ou ma'e) (s.) - mantimento (VLB, II, 31)
mba'e9 (ou ma'e) (s.) - alfaia, móvel ou utensílio de uso ou adorno doméstico (VLB, I, 31)
mba'ekuaba - v. mba'ekugûaba (VLB, II, 110)
mba'epesu (s.) - variedade de arraia (Soares, Coisas Not. Bras. [ms .c], 2112-2114)
mboasy - v. moasy
mbosyîtaba (s.) - carga, peso; o que se carrega às costas ou no lombo dos animais (VLB, I, 67)
mbûer - forma nasalizada de pûer (v.)
mby - forma absol. de py (v.)
mby'a - forma absol. de py'a (v.)
mbyr - forma nasalizada do suf. deverbativo -pyr (v.)
-me2 - forma nasalizada da posp. -pe (v.)
meîuaré (s.) - variedade de coelho do mato, de tamanho grande (Soares, Coisas Not. Brasil [ms .c], 1154-1156)
memûá (s.) - variedade de inseto, o mesmo que mamûá (v.) (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 258)
mena (s.) - marido: Ereîmombo'irype kunhã amõ i mena suí? - Apartaste alguma mulher de seu marido? (Ar., Cat., 102); Kunhã kuaûká i mena supé... - Acusando uma mulher para seu marido. (Ar., Cat., 74) ● mendûera - ex-marido: Xe mendûera ipó re'ĩ... - Meu ex-marido há de ser, certamente. (Anch., Teatro, 8)
mendubé (s.) - MANDUBÉ, nome de um peixe do mar (v. mandubé) (D'Abbeville, Histoire, 247)
menondera (s.) - ladra e prostituta (D'Evreux, Viagem, 126)
mikûatiara (s.) - carta, escrito (VLB, I, 68) [o mesmo que emikûatiara (t) - v. kûatiar]
mirakubora - forma absoluta de pirakubora (v.) (VLB, I, 63)
mixakuruba (s.) - mandioca crua dividida em pequenas partes que são socadas, espremidas com as mãos e depois secadas (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 67); variedade de farinha que se espreme às mãos e não se peneira (VLB, I, 135)
-mo2 (forma nasalizada, alomorfe de -abo, suf. de gerúndio): ...I pytybõmo îepi. - Ajudando-os sempre. (Anch., Teatro, 40)
moabaîté - v. moabaeté1
momanhan (s.) - fazer ser espião; fazer espiar: ...abá momanhã-manhana... - fazendo os homens ficarem espiando (Anch., Teatro, 152)
mondabora (s.) - ladrão: mokõî mondabora - dois ladrões (Ar., Cat., 90, 1686)
mondepeba (s.) - variedade de armadilha (VLB, II, 24)
moropûaîxûera (s.) - mandador, o que gosta de mandar (VLB, II, 30)
motar - forma nasalizada de potar (v.)
mukukagûá (s.) - MACUCAGUÁ, nome de uma ave (v. makukagûá) (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 213)
mundubi (s.) - MANDUBI, MINDUBI, MENDUÍ; v. mandubi (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 36)
muru1 (s.) - maldito, tinhoso: Eîori, muru mombapa... - Vem para destruir o maldito. (Anch., Poemas, 132); Eîori muru moingóbo îandé nhe'enga rupi. - Vem para colocar os malditos conforme nossas palavras. (Anch., Teatro, 16); ...I abaeté muru supé São Sebastião ru'uba... - Foram terríveis contra os malditos as flechas de São Sebastião. (Anch., Teatro, 52); (adj.): itá-pu'ã-muru - pedra erguida maldita (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 266)
MUÇURANA (corda usada em sacrifício ritual) (fonte: De Bry)
mutu'itu'i (s.) - BATUITUÍ (v. matu'ĩtu'ĩ) (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 217)
mu'yba (s.) - variedade de planta, talvez uma melastomácea (Clidemia blepharodes DC.) (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 117)
mytakory (s.) - baluarte, guarita (VLB, I, 51); cubelo, torreão que, nas fortificações antigas, acompanhava o lanço dos muros (VLB, I, 86)
naeroîaî (ou naroîaî ou naîeroîaî) (conj.) - nem por isso, mas nem por isso: Asenõî nakó naeroîaî turi. - Chamei-o, de fato, mas nem por isso veio. (VLB, II, 47); Naroîaî mamõ xe sóû... - Nem por isso vou para longe. (Anch., Teatro, 186)
nam - forma nasalizada de ram (v.)
nambu2 (s.) - NAMBU, JAMBU, coentro-do-pará (v. nhamby)
-namo - forma nasal. de -ramo (v.)
nandete (ou nandetene) (adv.) - assim desta maneira (e não dessa outra) (VLB, I, 45)
narinari (ou narinari-pinima) (s.) - NARINARI, raia-pintada (Aetobatus narinari Euph.), peixe da família dos miliobatídeos, dos mares da região equatorial, também chamado arraia-pintada, papagaio. (D'Abbeville, Histoire, 245; Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 175)
-ndar(a) - forma nasalizada de -sar(a) (v.)
ndûer - forma nasal. de sûer2 (v.)
-neme - forma nasalizada de -reme (v.)
nhamandakaru (s.) - MANDACARU, planta xerófila (v. îamakaru) (VLB, I, 67)
nharõ1 (s.) - raiva, ferocidade: ...o nharõ rerobasema. - ...chegando com sua ferocidade. (Anch., Teatro, 138); (adj.) - raivoso, feroz: Akó îagûá-nharõ îá i nharõ; n'i putusoki. - Eis que como uma onça raivosa eles são ferozes; seu fôlego não acaba. (Anch., Teatro, 154)
nhati'ũ (s.) - JATIUM, espécie de mosquito pequeno da família dos culicídeos (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 257; VLB, II, 43)
nhau'uma (s.) - barro (inclusive para fazer louça) (VLB, I, 52) [v. (e)nhau'uma (r, s)]
nhe'engara (s.) - cantiga (VLB, I, 66); música (VLB, II, 45)
nhe'engaraipara (s.) - cantor (VLB, I, 66)
nhe'engasaba (s.) - canto; solfa (VLB, I, 66)
nhemongaraibe'yma (s.) - paganismo, o tempo em que não se era batizado: ...Nde nhemongaraibe'yma pupé oîkoba'e mosema nde 'anga suí. - Fazendo sair de tua alma o que havia no teu paganismo. (Ar., Cat., 188)
nhemũ1 (s.) - paz (como entre os que eram inimigos e tinham guerra entre si) (VLB, II, 68)
nhomombaba (s.) - matança (VLB, II, 33)
nhũ (s.) - campo; campina (VLB, I, 65), prado: Nhũ rupi agûatá. - Ando pelo campo. (Fig., Arte, 123); nhũasyma - campo limpo (VLB, II, 84); ...Nhũ-myterype i mbo'îabo. - Em meio de campo repartindo-os. (Anch., Teatro, 140); -Umãmepe Tupã aîpó îandé rubypy reterama monhangi? -Nhũ Damasceno seryba'epe. -Onde Deus fez o corpo daquele nosso pai primeiro? -No chamado "Campo Damasceno". (Ar., Cat., 38v) ● nhũbondûara (ou nhũmendûara) - natural dos campos, o que vive no campo (pessoa, animal, erva, etc.) (VLB, II, 41)
oré-ruba (s.) - pai-nosso: Oré-ruba kuakatûabo. - Conhecendo bem o Pai-Nosso. (Bettendorff, Compêndio, 65)
paîrary (s.) - PAIRARI, PARARI, BARARI, variedade de pomba da família dos columbídeos, também chamada avoante, pomba-do-sertão, arribação, ribação, etc. (Sousa, Trat. Descr., 230)
paîurá (s.) - PAJURÁ, árvore de florestas úmidas da família das crisobalanáceas (Parinari montana Aubl.), muito alta, de flor azulada, com fruto de casca e polpa muito amarelas, e cuja amêndoa dentro do caroço é comestível (D'Abbeville, Histoire, 223v)
pakamõ (s.) - PACAMÃO, POCAMÃO, PACUMÃ, nome de um peixe (VLB, I, 120)
pakury (s.) - BACURI, 1) árvore frutífera muito grossa e alta, da família das clusiáceas (Platonia insignis Mart.), com flor esbranquiçada, também chamada bacurizeiro; 2) o fruto dessa árvore, com casca de meia polegada e polpa branca (D'Abbeville, Histoire, 222)
panakũ - v. (e)panakũ (r, s)
panama (s.) - PANAPANÃ, PANAPANÁ, borboleta, designação comum aos insetos lepidópteros diurnos de antenas clavadas. (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 250; VLB, I, 52; Thevet, Les Sing. de la France Antart., 50): Andyrá ruãpe é, panama koîpó gûaîkuíka? - Será que é um morcego, uma borboleta ou uma cuíca? (Anch., Teatro, 42)
panapaná (ou panapanã) (s.) - espécie de cação (Soares, Coisas Not. Bras. [ms .c], 2110-2111)
papar (ou papá) (v.tr.) - contar, numerar, calcular: T'aîpapáne i angaîpaba... - Hei de contar os pecados deles. (Anch., Teatro, 34); Opá kó taba pupîara o membyramo i papari. - Todos os que estão nesta aldeia conta como seus filhos. (Anch., Teatro, 180) ● papasaba - tempo, lugar, modo, instrumento, objeto, etc. de contar; contagem: Setá; n'i papasabi îandébe. - Eles são muitos; não há para nós modo de contá-los. (Ar., Cat., 38); Aîpó n'i papasabi, kûarasymo oîké îepémo! - Isso não tem meio de se contar, ainda que o sol se pusesse! (Anch., Teatro, 38); mokõî asé pó papasaba - meios de contar das duas mãos da gente (isto é, os dedos) (Ar., Cat., 95, 1686); i paparypyra - o que é (ou deve ser) contado: Tupã resápe-katu kó pe rekó rekóû i paparypyramo. - Bem aos olhos de Deus essas vossas ações são contadas. (Ar., Cat., 166)
paragûá (s.) - PARAGUÁ, nome genérico de certas aves da família dos psitacídeos, de plumagem bem colorida (D'Abbeville, Histoire, 235; Staden, Viagem, 106)
paragûakaré (s.) - var. de búzio marinho (v. paranakaré) (VLB, I, 60)
paranakaré (s.) - variedade de crustáceo da família dos pagurídeos (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 188)
parati1 (s.) - PARATI, peixe da família dos mugilídeos, do Atlântico sul (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 181): Nd'aruri amõ parati. - Não trouxe nenhum parati. (Anch., Poemas, 152) (D'Abbeville, Histoire, 244v)
paraturá (s.) - PARATURÁ, erva ciperácea, comum em grande parte do litoral marítimo do Brasil (Piso, De Med. Bras., IV, 201; Theat. Rer. Nat. Bras., II, 185)
pariká (s.) - PARICÁ, planta da família das leguminosas, do gênero Parkia; espécie de tabaco (Bettendorff [1698], Crôn. do Maranhão, in RIH, LXXII [1909], 356)
paru (s.) - PARU, peixe da família dos estromateídeos (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 144; D'Abbeville, Histoire, 245v; VLB, II, 70)
patagûy1 (s.) - gávea (de navio) (VLB, I, 147)
patûá (ou patygûá ou patugûá) (s.) - PATUÁ, PATIGUÁ, PICUÁ, canastra, cesta de folhas de palmeira, balaio: Ereru patûá? - Trouxeste patuás? (D'Evreux, Viagem, 245)
paty (s.) - PATI, PAXIÚBA, variedade de palmeira (Syagrus botryophora (Mart.) Mart.). O tronco fornece madeira para construções rústicas e ripas de ótima qualidade. É também chamada coco-da-quaresma. (Sousa, Trat. Descr., 198)
patygûá (s.) - PATIGUÁ, espécie de cesto; o mesmo que patûá (v.) (Vasconcelos, Crônica [Not.], I, §120, 98; VLB, I, 65)
pa'ypa'yûasu (s.) - variedade de inseto voador (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 255)
3 (s.) - caminho - v. (a)pé (r, s)
pindaîtyk / pindaeîtyk(a) (t) (etim. - lançar anzol) (v. tr. irreg.) - pescar com linha (VLB, II, 75): Xe pindá-porangeté t'opindaîtykyne endébo... - Meu anzol muito ditoso há de pescar para ti. (Anch., Poemas, 152)
piririka (s.) - faísca, fagulha: Nd'e'i te'e moxy onhana tatá piririka îá... - Por isso mesmo as malditas correm como faíscas de fogo. (Anch., Teatro, 128); (adj.: piririk) - faiscante; (xe) faiscar, lançar faíscas, fagulhas (como o fogo que é assoprado) (VLB, I, 133)
ponga (s.) - batida, percussão; (adj. - pong) - que bate, que percute: gûyrá-ponga - "pássaro que bate", ARAPONGA. Seu canto parece os sons metálicos do bater de ferro em bigorna. (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 201)
Cova do Mar se chama em nossa língua."
pyá (s.) - parede (VLB, II, 101): ó-pyá - parede de casa (VLB, II, 101)
pyryb1 (forma nasal: mbyryb) (adv.) 1) pouco, um pouco: ...korite'ĩ-mbyryb - agora há pouco (VLB, I, 24); Xe retobapé-pyryb. - Eu sou um pouco bochechudo. (VLB, I, 56); Karaíba, ipó, n'oîkoangaîpá-pyrybi. - Os cristãos, na verdade, não pecam pouco. (Anch., Teatro, 20); 2) um pouco mais, um tanto mais (VLB, I, 154); 3) algum tanto, um tanto: Turusu-pyryb. - É algum tanto grande. (VLB, II, 35); 4) muito (tb. com adjetivos que levem o pref. moro-): Moroũ-mbyry nakó. - Isto era muito preto, de fato. (VLB, II, 128); I katu-pyryb*. - Ele é muito bom. (VLB, II, 35) ● pyrybĩ - um pouquinho mais (VLB, I, 154); um tanto mais (VLB, I, 31); pyrybĩ nhõte - mais um pouco; algum tanto (VLB, II, 28)
rasó - v. erasó
reruba (s.) - var. de coelho (Brandão, Diálogos, 254)
(s.) - caolho; cego (VLB, I, 70; II, 133); vesgo (Fig., Arte, 38); (adj.): pirá-ró-oba - peixe vesgo folha* (Theat. Rer. Nat. Bras., I, 39)
ruî - forma do modo indicativo circunstancial do v. îub / ub(a) (t, t) (v.)
sabeypor (ou sabeypó) (v. intr.) - ficar bêbado, embebedar-se: T'asabeypó! - Hei de embebedar-me! (Anch., Teatro, 60); Eresabeyporype kaûĩ suí, 'ara mokanhema? - Ficaste bêbado de cauim, perdendo o juízo? (Ar., Cat., 111v) ● sabeyporaba - tempo, lugar, modo, etc. de embebedar-se, de embriagar-se; bebedeira: ...O karûagûera, o sabeypó-ypoagûera repyramo... - Como pagamento de suas antigas comilanças, de suas antigas bebedeiras. (Ar., Cat., 164)
sabîá (s.) - SABIÁ, nome genérico de certos pássaros da família dos turdídeos, apreciados por seu canto e de grande distribuição territorial (D'Abbeville, Histoire, 238v)
sabiîuîuba (ou sabiîeîuba) (s.) - SABIJUJUBA, vinhático amarelo, planta vinhática da família das leguminosas-mimosoídeas (Plathymenia reticulata Benth.) (VLB, II, 146)
sagûasu (s.) - SAGUIGUAÇU, var. de macaco com barba, semelhante ao sagui (VLB, I, 56)
sagûi (s.) - SAGUI, SAGUIM, nome genérico de pequenos símios de pêlo cinzento-prateado e cauda longa, da família dos hapalídeos e da família dos calitriquídeos (D'Abbeville, Histoire, 252v; Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 227)
saîimbe'yba (s.) - SAMBAÍBA, árvore da família das dileniáceas (Curatella americana L.), também conhecida como caiveira branca, caimbé (na Amazônia), etc. (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 111)
sakurá (s.) - var. de caramujo (VLB, I, 66)
sakuraúna (s.) - var. de búzio marinho (VLB, I, 60)
samburá (ou samurá) (s.) - SAMBURÁ, cesto feito de vergas delgadas em que os índios recolhiam os caranguejos que tomavam (Sousa, Trat. Descr., 290)
sapaîu (s.) - SAPAJU, pequena espécie de macaco da família dos cebídeos (D'Abbeville, Histoire, 252v; D'Evreux, Viagem, 216)
sapikaretá (s.) - caramujo de água doce, o mesmo que sakûaritá (v.) (Sousa, Trat. Descr., 297)
sapinhagûá (s.) - SAPINHANGUÁ, espécie de molusco comestível (Brandão, Diálogos, 244)
sarakoma (s.) - variedade de abelha (Sousa, Trat. Descr., 241)
sarará1 (s.) - SARARÁ, SARARAU, SARASSARÁ, nome de um inseto himenóptero, formicídeo, de coloração geral castanho-escura, com as pernas ruivo-avermelhadas (Sousa, Trat. Descr., 239)
sarará2 (s.) - SARARÁ, pequeno crustáceo decápode, de água salobra, variedade de caranguejo pequeno que sobe em árvores (VLB, I, 67)
saruîagûasu (s.) - var. de búzio marinho (VLB, I, 60)
sasura (s.) - var. de búzio marinho (VLB, I, 60)
saûgûerĩ (ou saûgûerĩote) (adv.) - escassamente (VLB, I, 123)
saûîá (ou sagûiá) (s.) - 1) SAUIÁ, nome de um pequeno mamífero roedor. "...Criam em covas no chão; mantêm-se das frutas silvestres." (Sousa, Trat. Descr., 255): ...Xe resemõ sauîá. - Sobram-me sauiás. (Anch., Poemas, 156); 2) rato doméstico ou do mato (Sousa, Trat. Descr., 254)
saûîakoka (s.) - variedade de SAUIÁ, do tamanho de um coelho, de pêlo vermelho (Sousa, Trat. Descr., 255)
sebo'i (s.) - sanguessuga, verme anelídeo, da classe dos hirudíneos, que vive nas águas doces e suga o sangue dos animais: Eîori, mba'enem, mba'e-poxy, mborá, miaratakaka, sebo'i, tamarutaka! - Vem, coisa fedorenta, coisa nojenta, borá, maritacaca, sanguessuga, tamarutaca! (Anch., Teatro, 44)
siriaie'yma (s.) - var. de crustáceo (Theat. Rer. Nat. Bras., I, 79)
sugûaraîy2 (s.) - namorado: I xugûaraîy. - Seu namorado. (Fig., Arte, 73)
sununga (s.) - barulho forte; estrondo (p.ex., de chuva que está por vir) (VLB, I, 131; II, 107)
suraîú (s.) - variedade de escorpião (Sousa, Trat. Descr., 268)
sygûasumẽ (s.) - cabra, mamífero ruminante:... Sygûasumé rerekoara oîosu-potá o îara... - Os guardadores de cabra querem visitar seu Senhor. (Anch., Poemas, 164)
sygûasutinga - v. sûasutinga (VLB, I, 81)
syûasumẽ (s.) - cabra, o mesmo que sygûasumẽ (v.) (VLB, I, 62)
tabatinga (s.) - TABATINGA, TAUATINGA, TOBATINGA, argila esbranquiçada usada para caiar casas; o mesmo que tobatinga (v.) (Monteiro, "Rel. da Prov. Bras.", in Leite, S., Hist., VIII, 411, 1949; Brandão, Diálogos, 208)
tabuîaîá (s.) - TABUIAIÁ, TABUJAJÁ, TAPUCAIÁ, TUBAIAIÁ, ave da família dos ciconídeos, do grupo das cegonhas (VLB, I, 70)
tabura'a (s.) - var. de verme que nasce dentro do coco de palmeira (VLB, I, 55)
tagûaranha (s.) - var. de lontra, mamífero da família dos mustelídeos (Soares, Coisas Not. Brasil [ms .c], 2353-2355)
tagûató (ou taûató ou tûató) (s.) - TAUATÓ, TANATAU, TANATÓ, ave de rapina da família dos falconídeos (VLB, I, 134; 147; D'Abbeville, Histoire, 233): ...Xe tamuîusu Aîmbiré, sukuriîu, tagûató... - Eu sou o grande tamoio Aimbirê, uma sucuriju, um tauató. (Anch., Teatro, 28)
tagûato'ĩ (ou taûato'i) (etim. - tauatozinho) (s.) - var. de tauató (v. tagûató) (VLB, I, 134; 147)
taîasyka (s.) - TAJACICA, peixe marinho da família dos gobiídeos (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 144)
taîbarana (s.) - TABARANA, peixe da família dos caracídeos (Soares, Coisas Not. Brasil [ms .c], 2282-2283)
taîbu (s.) - TAIBU, TIMBU, mamífero marsupial da família dos didelfídeos, parecido ao gambá (Frei Vicente do Salvador, História do Brasil, I, cap. ix)
taîteté (s.) - cateto (v. taîtetu) (Brandão, Diálogos, 251)
taîtetu (s.) - TATETO, CATETO, CAITITU, CAITATU, CAITETU, TAITITU, porco do mato pequeno, mamífero da família dos taiaçuídeos (Tayassu tajacu L.) (VLB, II, 82)
taîu (ou taîy) - v. aîu (ou aîy) (t)
taîuîá (s.) - TAJUJÁ, TAIUIÁ, caiapó, purga-de-gentio, planta da família das cucurbitáceas (Cayaponia tayuya (Vell.) Cogn.), trepadeira herbácea de grande porte, de propriedades medicinais (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 27)
takuîkoîsyka (s.) - material usado para fazer linha de pesca (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 273)
tamandûá (s.) - TAMANDUÁ, nome genérico de animais mamíferos desdentados da família dos mirmecofagídeos e, principalmente, do Myrmecophaga tridactyla (D'Abbeville, Histoire, 249v): Akó xe îubykarûera, tataûrana, tamandûá ...! - Esse é meu antigo enforcador, uma taturana, um tamanduá. (Anch., Teatro, 62)
tamari (s.) - TAMARI, espécie de sagui (v. sagûi) (D'Abbeville, Histoire, 252v)
tamarugûasu (ou tamarûasu) - o mesmo que tamarutaka (v.) (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 186; Griebe, Brasil Holandês, vol. III, 67)
tamatîá (ou tamatîã) (s.) - TAMATIÁ, ave ciconiforme dos mangues, das beiras dos rios e lagos, da família dos coclearídeos, de bico largo e achatado (D'Abbeville, Histoire, 241; Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 208)
tambaky (s.) - TAMBAQUI, peixe da família dos caracídeos (Bettendorff [1698], Crôn. do Maranhão, in RIH, LXXII [1909], 355)
tambeaobubaubagûasu (s.) - calções de rocas, vestimenta do século XVI (VLB, II, 107)
tambeíba (s.) - var. de inseto (Theat. Rer. Nat. Bras., II, 63)
taoka (s.) - TAOCA, var. de formiga migratória, inseto himenóptero da família dos dorilíneos (VLB, I, 142)
tapakurá (s.) - TAPACORA, 1) enfeite de fio de algodão tingido de vermelho usado pelas moças indígenas nas pernas, por baixo do joelho, tecido de maneira que não os podiam tirar, tendo três dedos de largura; liga feita com fio de algodão, com aproximadamente dois pés de comprimento, adornada com penas, sendo colocada pelos índios em torno da perna (D'Abbeville, Histoire, 274); 2) faixa utilizada para atar as pernas dos recém-nascidos (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 269; Sousa, Trat. Descr., 306)
tapena (s.) - var. de andorinha grande e cinzenta (VLB, I, 36)
taperá (s.) - TAPERÁ, andorinha-do-campo, pássaro da família dos hirundinídeos (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 205; VLB, I, 36)
taperana (s.) - lavor da linha ou da empenhadura da flecha (VLB, II, 19)
tapesyma (s.) - var. de mandioca (Piso, De Med. Bras. IV, 177)
tapi'a1 (s.) - TAPIÁ, pau-d'alho, 1) árvore da família das caparidáceas (Crateva tapia L.), espécie encontrada desde o Ceará até o Rio Grande do Sul e empregada na medicina popular; 2) nome de várias árvores da família das euforbiáceas, do gênero Alchornea (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 98)
tapiîa'i (s.) - TAPIAÍ, TAPIÍ, TAPICUIM, formigão, inseto himenóptero da família dos formicídeos, de cor preta e que pode chegar até 3 cm de comprimento (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 252)
tapiukaba (s.) - TAPIUCABA, TAPIOCABA, var. de vespa, inseto da família dos vespídeos (VLB, I, 55)
tapotĩ (s.) - TAPITI, coelho silvestre, o mesmo que tapeti1 (v.) (Sousa, Trat. Descr., 254)
tapuîa2 (ou tapu'yîa ou tapy'yîa) (s.) - 1) TAPUIA, indígena de grupo tribal não tupi; índio não falante do tupi da costa (Anch., Arte, 14; Knivet, The Adm. Adv., 1226); 2) cativo (VLB, I, 69); escravo (VLB, I, 124): ...tapuîa rara - prender escravos (Anch., Teatro, 8)
tapuru (s.) - TAPURU, TAPICURU, TAPERU (N e NE), bicheira, bicho-de-vareja, nome comum às larvas vermiformes de certos insetos dípteros que põem ovos nas frutas podres, na carne em decomposição, etc. É também chamado bicho-da-fruta. (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 67)
tapusu (s.) - TAPUÇU, variedade de molusco gastrópode da família das ampularídeos, de água doce (Sousa, Trat. Descr., 293)
tapy'yîuna (ou tapy'yînhuna) (etim. - tapuia negro) (s.) - homem negro; escravo africano (VLB, II, 49), TAPANHUNO, TAPANHUNA.
tarabé (s.) - TARABÉ, ave da família dos psitacídeos, do grupo dos papagaios (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 207)
taragûykoaîkuraba (s.) - var. de lagarto da família dos iguanídeos (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 238)
taragûyra (s.) - TARAGUIRA, TARAUÍRA, TERAÍRA, var. de lagarto da família dos iguanídeos (Tropidurus torquatus Spix) (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 238; VLB, II, 17)
tarakoba (s.) - TARIOBA, TARCOBA, molusco acéfalo bivalve, comestível, da família dos donacídeos (Sousa, Trat. Descr., 292)
taramîarana (s.) - TAMEARANA, URTIGA-TAMEARANA, trepadeira da família das euforbiáceas (Dalechampia scandens L.) (VLB, II, 59)
tararuku (s.) - TARARUCU, planta da família das leguminosas do gênero Cassia ou Senna, também conhecida como fedegoso (Sousa, Trat. Descr., 209)
tareriaîa (s.) - variedade de planta caparácea (Cleome spinosa L.) (Marcgrave, Hist. Nat.Bras., 33)
tareroky (s.) - TAREROQUI, TAREROQUE, mata-pasto, arbusto da família das leguminosas (Senna uniflora (Mill.) H.S. Irwin & Barneby), de propriedades medicinais. "É grande remédio; serve para matar os bichos dos bois e porcos e para postemas." (Cardim, Trat. Terra e Gente do Brasil, 48; Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 10)
taruré (s.) - var. de lagarto grande (D'Evreux, Viagem, 207)
tasyaí (s.) - variedade de formiga grande e preta (Sousa, Trat. Descr., 272)
tasyba (s.) - TACIBA, var. de formiga minúscula e avermelhada, inseto da família dos formicídeos cuja picada dolorida provoca uma coceira insuportável (D'Abbeville, Histoire, 256)
tataîuba (s.) - TATAJUBA (v. tataîyba) (Brandão, Diálogos, 207)
tataka2 (s.) - variedade de rã (Fig. Arte, 76)
tatapekûaba (s.) - TATAPECOABA, abano, abanador para fogo (VLB, I, 17)
tatapuîasu (s.) - var. de sardinha (Lisboa, Hist. Anim. e Árv. do Maranhão, fl. 166v)
tatapynha (ou tatapyĩa) (etim. - ventas de fogo) (s.) - brasa (acesa ou apagada) (VLB, I, 59); morrão de candeia; carvão: Tatapynha n'oîabyî... - As brasas não falham. (Anch., Teatro, 88); Asapy tatapynha. - Queimei carvão. (VLB, I, 68)
taturama (s.) - TATURANA, inseto himenóptero da família dos vespídeos. "...Criam nas árvores altas, fazendo seu ninho de barro ao longo do tronco delas..." (Sousa, Trat. Descr., 240)
taŷaíba (ou taŷgaíba) (s.) - terribilidade (VLB, II, 127); coragem; força: Oîkó bé xe taŷaíba. - Minha coragem ainda existe. (Anch., Teatro, 22); Xe 'anga taŷaíba... - Força de minha alma. (Valente, Cantigas, VIII, in Ar., Cat., 1618); (adj.: taŷaíb ou taŷgaíb) - terrível, corajoso, forte: Xe taŷgaíb.* - Eu sou terrível. (VLB, II, 127)
tenangupy - v. enangupy (t)
tera - v. era (t)
terapûana - v. erapûana (t)
tesá - v. esá (t)
tesabanga - v. esabanga (t)
tesaetá - v. esaetá (t)
tesagûyrumbyka - v. esagûyrumbyka (t)
tesagûyryba - v. esagûyryba (t)
tesaîyra - v. esaîyra (t)
tesaraîa - v. esaraîa (t)
tesa'y - v. esa'y (t)
tetama - v. etama (t)
tieimbu (s.) - variedade de TIÊ, pássaro da família dos traupídeos (Soares, Coisas Not. Brasil [ms .c], 1337-1347)
tikûeraúna (s.) - var. de caramujo (Sousa, Trat. Descr., 294)
timbopotiana (s.) - var. de timbó (v.) (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 272)
tingakanga (s.) - JAPECANGA, cipó do gênero Smilax, da família das esmilacáceas, cuja raiz tem propriedades medicinais (Soares, Coisas Not. Brasil [ms .c], 1647-1649)
toba - v. oba (t)
tobá - v. obá (t)
tobaîa - v. obaîa (t)
tobaîara1 - v. obaîara (t)
tobara'angaba - v. obara'angaba (t)
tokaîa - v. okaîa (t)
tuba2 - v. uba (t)
tubura (s.) - var. de rola (Soares, Coisas Not. Brasil [ms .c], 1361)
tuî1 - forma de 3ª p. do modo indicativo circunstancial de îub /ub(a) (t, t) (v.) (Anch., Arte, 58)
tuîumumuna (s.) - lama alta em que se atola muito (como em lagoa de água doce) (VLB, II, 17)
tupaba - v. upaba (t)
tura - v. ura (t)
tymakambira (s.) - MACAMBIRA, planta da família das bromeliáceas, de folhas espinhosas e duras, comum na caatinga nordestina (Libri Princ., vol. II, 27)
typy'asy (s.) - variedade de bebida fermentada feita de farinha de mandioca (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 274)
typy'oka (s.) - TAPIOCA, subproduto da mandioca (Piso, De Med. Bras., III, 173)
typy'oku'i (s.) - farinha feita de typy'oîa (v.) (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 67)
typyraty (s.) - farinha de mandioca crua, de qualidade inferior (VLB, I, 135)
ûaîxó (s.) - variedade de TUCANO, ave da família dos ranfastídeos (D'Abbeville, Histoire, 237v)
ûakaré (s.) - variedade de búzio (Sousa, Trat. Descr., 294)
ûanhumy1 (ou ûanhumỹ) - o mesmo que gûanhumỹ (v.) (D'Abbeville, Histoire, 248)
Ûanhumy2 (ou Ûanhumỹ) (s.) - nome de uma constelação (D'Abbeville, Histoire, 248)
ûapûasu (s.) - VAPUAÇU, búzio de três quinas que servia de buzina aos índios (Sousa, Trat. Descr., 293)
ûatukupá - v. guatucupá (D'Abbeville, Histoire, 244)
ubá1 (s.) - CANA-UBÁ, nome de cana nativa, o mesmo que u'ubá (v.) (Sousa, Trat. Descr., 208)
- forma irreg. do verbo îub, ub(a) (t, t) (v.), no modo indicativo circunstancial
unguaobaîara (s.) - mão de pilão (VLB, II, 32)
upeka (s.) - var. de caniço (Léry, Histoire, 377)
uraruba (s.) - var. de caranguejo (D'Abbeville, Histoire, 248v)
urubu2 (s.) - var. de musgo (VLB, II, 45)
urugûyboandipîá1 (s.) - variedade de cana com que se faziam cestos para pesca (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 272)
ururumbeba (s.) - var. de planta espinhosa; o mesmo que urumbeba (v.) (Piso, De Med. Bras., IV, 196; VLB, I, 67)
urutu (s.) - var. de bagre do mar, de couro amarelo (VLB, I, 50; Sousa, Trat. Descr., 282)
u'ubá1 (s.) - CANA-UBÁ, UBÁ, cana-de-flecha, planta que produz canas para flechas, espécie de gramínea (Gynerium sagittatum (Aubl.) P. Beauv.) (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 4) ● u'ubá-tyba - ajuntamento de canas-de-flecha (VLB, I, 65; Staden, Viagem, 67)
'yba5 (s.) - cabo (como de foice ou qualquer ferramenta ou instrumento) (VLB, I, 61): 'Yba ting. - Os cabos são brancos. (Léry, Histoire, 346) ● 'y-pûã - cabo de espada (lit., cabo de dedos) (VLB, I, 62)
NOTA - Dessa palavra origina-se, também, o nome de uma palmácea, o BABAÇU, que produz frutos com sementes oleaginosas e comestíveis, das quais se extrai um óleo, usado principalmente na alimentação. Das sua folhas e espatas são fabricados cestos, esteiras, chapéus, etc., sendo também chamada BAUAÇU, BAGUAÇU, OAUAÇU, AUAÇU, AGUAÇU, GUAGUAÇU, UAUAÇU.
'ybesẽ (s.) - ralo, ralador para mandioca (VLB, II, 96)
ybĩîa (s.) - bafo; (adj.: ybĩî) - bafejante; (xe) ter bafo: Xe ybĩî-rem. - Eu tenho bafo fedorento. (VLB, I, 136)
ybybo'ĩ (s.) - baixura; (adj.) - baixo (fal. de coisas, como de uma casa, etc.) (VLB, I, 50)
ybynaîaîa (s.) - var. de inseto; cabra-cega (VLB, I, 62)
ybypiara (s.) - baceira, doença do baço; (adj.: ybypiar) (xe) ter baceira: Xe ybypiar. - Eu tenho baceira. (VLB, I, 50)
ybyra5 (s.) - margem, ourela; parte ao longo de algo (de rio, mar, terra, etc.) (VLB, II, 60)
ybyragûyba2 (s.) - var. de planta com vara fina de que, depois de seca, são cortados pauzinhos da grossura de um dedo, que esfregam um no outro para produzir um pó que o calor da fricção acende, produzindo fogo (Staden, Viagem ao Brasil, 137; VLB, I, 68)
ybyraŷsanga (s.) - maça, clava (do tipo aimoré): -Mba'e-mba'epe i popesûaramo? -Mimuku-katupabẽ... ybyraŷsanga... -Que (havia) como suas armas? -Muitas lanças, maças... (Ar., Cat., 54; VLB, II, 64)
ybyu'uma (s.) - lama (VLB, II, 17)
yganhurĩ (ou yanhurĩ) (etim. - cabaça pescocinho) (s.) - cabaça de gargalo (VLB, I, 77); cabaça de colo, cabaça em forma de pescoço, estreita no meio e bojuda nas pontas (VLB, I, 61)
ygapema (s.) - tacape ● ygapẽ-nambi - bago de tacape (VLB, I, 50) (o mesmo que ybyrapema - v.)
ygaporaîa (s.) - var. de vasilha: T'arasó kó ygaporaîa... - Hei de levar esta vasilha. (Anch., Teatro, 22)
'ygûaba (s.) - vasilha de beber água (VLB, II, 89)
ypé (s.) - casca (de árvore) (VLB, I, 68)
NOTA - "É ũa raiz delgada, cheia de nós, e do feitio do genital dos patos, e daqui vem o chamarem-lhe os naturaes pecacuenha, que quer dizer na sua língua genital do pato." (Pe. João Daniel [1757], (p. 414)
ysaúba (s.) - SAÚVA, SAÚBA, o mesmo que ysaeté (v.) (D'Abbeville, Histoire, 255v)
ysaubẽ (s.) - SAUVEIRO, formigueiro de içás, montes de terra que ajuntam (VLB, I, 142)
ysykaryba - ICICARIBA, o mesmo que ysyka2 (v.) (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 98)
ysysaý (s.) - facho de luz; círio, vela, tocha, candeia (de cera ou de sebo) (VLB, I, 65): ...Ysysaý putumimbyka rupi pé resapébo. - Fachos de luz para iluminar o caminho pela escuridão. (Ar., Cat., 54)
ysysaygûasu (s.) - var. de círio ou tocha (VLB, I, 74)
'ytaba (s.) - nado; (adj.: 'ytab) - nadador: Xe 'ytab. - Eu sou nadador (ou sei nadar). (Anch., Arte, 51v)
ytatina (s.) - var. de inseto de pântanos (VLB, I, 55)
ytu (s.) - cachoeira (VLB, I, 62): O îara opeá ytupe é... - Desembarcando seu senhor na própria cachoeira. (Anch., Poesias, 269)
Esquematicamente teríamos:
Aguaçaí (Cotia, SP). De Agûasaí, nome de uma entidade da cosmologia dos tupis.
Arapari (CE, PA, AM). Do nheengatu (Stradelli, 375), nome duma árvore leguminosa de grande porte.
Araquá (serra de SP). De arakûã - aves cracídeas.
Araré (serra do ES). Nome de um peixe (Brandão, Diálogos, 239).
Ariroba (RJ). Variante de araroba, araruba (etim. - pau da arara), planta da família das leguminosas: "Da casca da Araroba, que não só se acha no Pará e Maranhão, como em diversas outras partes, se tira optima tinta encarnada. (Luiz dos Santos Vilhena [1801], p. 764)
Batovi (SP). Da língua geral meridional matuim, mutuí, batovi, batuíra, aves caradriiformes.
Bicuíba (MG). Na língua geral meridional, nome de árvore da família das miristicáceas.
Biriricas (ES). Da língua geral meridional Piririca* (ou Xiririca*) - corredeira.
Bocajá (MT). Variante de mucajá, de mokaîe'yba, nome de uma palmeira.
Boitaraca (serra da BA). De mboîa - cobra + tarakûá - tracuá, planta arácea: tracuá das cobras.
Brejatuba (PR). Talvez, pela língua geral meridional, brejaúba + tyba: ajuntamento de brejaúvas. (v. Brejaúba).
Bussutuba, Ponta do (PA). De 'yba + -usu: planta grande, buçu, palmeira amazônica + tyba: ajuntamento de buçus, pela língua geral setentrional.
Buturuçu (serra de Itanhaém, SP). Da língua geral meridional botura* (de ybytyra) + -usu: montanhão.
Caboclo (serra do MA). De kuriboka - mestiço de índio e branco.
Caeté (serra do MT). De ka'a + eté (r, s): mata verdadeira (i.e., mata virgem ou que nunca foi roçada) (VLB, II, 33). " [...] melhor que eſte he o Caytè (que na lingoa da terra quer dizer mata Real) porque na verdade o he de grandes frutaes e arvoredos [...]" (Cap. Symão Estacio da Sylveira [1624], Relação, p. 11); "Caetê quer dizer: Mato verdadeiro e sem mescla de campo algum." (Manuel José Pires da Silva Pontes [n.d.], p. 26)
Caiapiá (Cotia, SP). De ka'api'a (folha-testículo), capiá, caapiá, caiapiá, plantas moráceas do gênero Dorstenia.
Cajobi (SP). Da língua geral meridional, designação comum de certas aves galiformes, cracídeas: cajubi, cajubim.
Camaratuba (serra de PE). De kamará + tyba: ajuntamento de camarás. (v. Camará)
Cambira (PR). Da língua geral meridional, designando um peixe mugilídeo.
Caraguatá (Cotia, SP). De karagûatá, gravatá, planta bromeliácea.
Cariutaba (CE). Da língua geral setentrional, cariú - povo indígena extinto + taba: aldeia dos cariús.
Carumbé (MT). Da língua geral setentrional, o macho do jabuti, jabuti-carumbé.
Catiguá (SP). Da língua geral meridional, nome de várias árvores da família das meliáceas.
Catuaba, Serra da (BA). De katûaba: virtude, bondade; designa também uma planta bignoniácea tida por afrodisíaca, termo de língua geral colonial.
Cipaúba, Serra da (CE). De ysypó + 'yba: planta de cipó, nome de um arbusto da família das combretáceas.
Colomis, Serra dos (BA). De kunumĩ: meninos.
Corumiquara, Ponta (CE). De kunumĩ + kûara: toca dos meninos.
Curê (MT). Talvez, pela língua geral meridional ou pelo guarani, porcos (v. kuré).
Curiúva (PR). Da língua geral meridional kuri'yba*: pé de pinheiro, i.e., de araucária.
Curupá (SP). Das línguas gerais coloniais, nome de um peixe.
Guaiúba (CE). Da língua geral meridional, nome de peixe do mar.
Guaperuvu (serra de Itanhaém, SP). De gûapurubu*, nome de uma árvore da família das leguminosas, termo da língua-geral meridional.
Guapituba (SP). Da língua geral meridional, guapira* em tupi, 'yapyra (VLB, I, 61) + tyba: abundância de nascentes de rios.
Guararu (serra de Guarujá, SP). De gûará + ry [de y (t, t)]: rio dos guarás.
Guaratira, Ig. da (RO). De guará + atyra: monte de guarás.
Guaraú (estrada de SP). De gûará + 'y: rio dos guarás.
Guaxatuba (serra de SP). De guaxé - guaxe, ave icterídea + tyba: ajuntamento de guaxes.
Humaitá (SP). Da língua geral meridional, por influência do guarani antigo, mbaitá, nome de pássaro verde (Montoya, Tes., 212).
Ibiapaba (serra entre o CE e o PI). De yby + 'apaba [do verbo 'ab + suf. -ab + -a]: terra fendida, terra talhada. "O nome Ibiapaba na lingua dos naturaes, vai o mesmo que Terra talhada." (Luiz dos Santos Vilhena [1801], p. 690)
Imbuí (ES; BA; RJ). De imbu + 'y: rio dos imbus, árvores fitolacáceas ou, ainda, de mboî/a + 'y: rio das cobras.
Itatins (serra de MT). De itá + atĩ: pedras pontudas.
Jacamim (serra do AM). De îakamĩ, ave psofídea.
Jaci-Paraná (RO). Da língua geral setentrional, paraná + jaci: rio dos jacis, var. de palmeiras.
Japi (serra de SP). De îapĩ, pássaro icterídeo.
Jaquaretá (estrada do RS). De îagûara + etá (r, s): muitas onças.
Jequitaí (MG). Da língua geral meridional îekytá* - jequitá, nome de uma palmeira + 'y: rio dos jequitás.
Jiparaná (RO). Da língua geral setentrional jy + paraná: rio dos machados.
Jucá (PE). Da língua geral setentrional jucá (< aîura + ká: quebra pescoço), pau-ferro, árvore da família das leguminosas, de madeira duríssima. "(...) É pesado como chumbo; e por causa do seu ofício lhe chamam pao de jocá, pao de matar." (Pe. João Daniel [1757], (p. 227)
Juqueri (serra de SP). De îukeri, nome de uma planta.
Juqueriquerê (serra de Salesópolis, SP). De îukeri-keri - forma reduplicada de îukeri: muitos juqueris.
Jurucutu (serra do PI). De îakurutu, var. de coruja.
Macaia (MG). Talvez da língua geral meridional macaia*, tabaco de má qualidade; macaio.
Macaoca (CE). Da língua geral setentrional, macaá* + oca: refúgio de macaás, aves falconídeas.
Macaúbas, Brotas de (BA). De makaîuba: macaúbas, var. de palmeiras (Libri Princ., vol. I, 23)
Mambuca, Serra da (MG). O mesmo que Mombuca (v.).
Mandassaia (serra do RJ). De amanasãîa: mandaçaias, abelhas meliponídeas (Piso, De Med. Bras. IV, 178).
Maracanaí (serra do PA). De marakanã + 'y: rio dos maracanãs.
Marumbi (serra do PR). Talvez de um termo de língua geral colonial, maromba* + 'y: rio das marombas, i.e., dos peixes grandes. O PDBLP, p. 786, registra maromba com o sentido de sardinhas grandes. Marumbi pode ser, também (BA), uma lagoa cheia de taboas (PDBLP, 788).
Mauá (SP). Talvez de Magûeá, nome de aldeia tamoia da Baía da Guanabara, no século XVI, de etimologia obscura (Anchieta, in Auto de São Lourenço, v. 124).
Meruoca (serra do CE). De meru (ou mberu) - birus, var. de moscas + oka (r, s): refúgio dos birus.
Minduri (MG). Da língua geral meridional, uma var. de abelhas.
Moiporá (GO). Não é nome tupi, mas "originário da junção do nome dos municípios vizinhos de Moitu, hoje Cachoeira de Goiás, e Iporá." (fonte: IBGE)
Muritipucu (serra do PA). De meriti + puku: meritis compridos.
Paraguaçu, Ponta do (BA). De pará + -gûasu: rio grande.
Peba, Pontal do (AL). De tatupeba: tatu achatado, animal dasipodídeo.
Pejuçara (RS). Da língua geral meridional pé + juçara*: caminho comprido.
Perigara (MT). Talvez um nome da língua geral meridional, piriguara*, cipó da família das violáceas.
Pindotiba (serra do RJ). De pindoba - var. de palmeira + tyba - ajuntamento: ajuntamento de pindobas.
Priaoca (serra do CE). De apereá - preá + oka (r, s) - casa, refúgio: refúgio dos preás.
Socó (serra de PE). De sokó - aves ciconiformes.
Tacuru (MT). Da língua geral setentrional, designando o ninho de cupins.
Tapacorá (serra do RJ). De tapakurá - liga feita com fio de algodão e colocada pelos índios em torno da perna.
Tapejara (PR). Palavra registrada em textos quinhentistas, mas atribuída artificialmente como nome de uma localidade paranaense: "Na década de 1950 teve início, por meio da Companhia Imobiliária Tapejara, o processo de colonização na região onde se situa o Município de Tapejara." (fonte: IBGE). De tapiîara - morador de um lugar, morador antigo ou que está de assento em algum lugar (VLB, II, 41); tapijara.
Tapirapecó (serra do AM). De tapi'ira + apekũ: língua de vaca, nome de uma planta.
Tapuia, Serra da (RN). De tapuîa1: choupana, choça.
Uruba, Serra da (BA). De uru + 'yba, planta do uru, nome de uma árvore marantácea.
Uruburetama, Serra da (CE). "[...] tem descuberto emsima da serra da Uruburetama hum riacho de lavras chamado posso da Anta [...]" (anônimo [1748], Nº 529 - Data e Sesmaria de Jozé Coelho Ferreira [...], p. 63). De urubu + etama (t): terra dos urubus.
Voturuvu (serra do PR). Da língua geral meridional votura* + yvy*: terra de morros.
Votuverava (PR). Da língua geral meridional votura* + beraba*: montanha brilhante.
Vocabulario de la lengua guarani. Viena-Paris, 1876.
Tesoro de la lengua guarani. Viena-Paris, 1876.
Catecismo de la lengua guarani. Ed. de Júlio Platzmann, B. G. Teubner, Leipzig, 1876.
MORAIS SILVA, Antônio de. Diccionario da Lingua Portugueza. 2ª ed. Lisboa, 1813, 2 vols.
______Vocabulario de la lengua guarani. Ed. de C. F. Seybold. Guilherme Kohlhammer, Stuttgart, 1893.
SVENSÉN, B., Practical Lexicography Principles and Methods of Dictionary Making. Oxford, Oxford University Press, 1993.
WEISS, Helga Elisabeth, Para um Dicionário da Língua Kayabí. Tese de doutoramento pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo. São Paulo, 1998.
FONTES PRIMÁRIAS: EDIÇÕES E MANUSCRITOS UTILIZADOS
Poesias (Edição documentária de Maria de Lourdes de Paula Martins). Museu Paulista, Comissão do IV Centenário da Cidade de São Paulo, São Paulo, 1954.
(Heriarte), HERIARTE, Maurício de, Descripção do Estado do Maranhão, Pará, Corupá e Rio das Amazonas [1667]. Publicado por VARNHAGEN, Francisco Adolfo de, História Geral do Brasil antes de sua separação e independência de Portugal. Revisão e notas de Rodolfo Garcia. 4ª ed. São Paulo, 1951.
(Sousa) SOUSA, Gabriel Soares de, Tratado descritivo do Brasil em 1587. Edição castigada pelo estudo e exame de muitos códices manuscritos existentes no Brasil, em Portugal, Espanha e França, e acrescentada de alguns comentários por Francisco Adolpho de Varnhagen. 5ª edição. Companhia Editora Nacional, São Paulo, 1987.
acariciar - momorang
acudir - openhan2 (s)
admirado - putupab
admirar-se - putupab (xe)
afastado - i pe'apyra (v. pe'a)
agredir - epenhan (s)
alegria - toryba; tesãîa
ânus - teîkûara
apartar-se - îepe'a
apreciar - momorang
aproximar-se - syk; kakar; erobyk; erosyk
arco-íris - îy'yba
arder (=queimar) - kaî
arrepiar-se - nhemoatyrá
aspereza - korõîa
atoleiro - tuîuka
atrair - momotar ● atrair com iscas: monharõ
avisar - momorandub ● avisar para reunião, para guerra: amanaîé
bando - te'yîa
bastante - eté; katu; katutenhẽ
batata-doce - îetyka
bochecha - tetobapé
bolha - piru'a; kuruba ● bolha de ar na água: kamambu
bolota - kuruba
caçada - îeporakasaba (v. îeporakar)
calo - piru'a (mb)
caracol - urugûá
carga - posyîa
carícia (sensual) - nhomomoranga
caroço - kuruba; ta'ynha
carregar (= pôr carga em) - mombosyî
caverna - ybykûarusu
chefe - tubixaba1; morubixaba
continuidade - îepotabẽ
couro - so'oragûera
covo - îeke'a
criado - mimbûaîa; boîá
diarréia - teîkûarugûy
difamar - îuru'ar (xe)
emagrecer - nhemoangaîbar
embelezar - momorang; moporang
empobrecer - mondyabor
enorme - tubixab (v. tubixaba)
entranhas - ybynha, ybỹîa
erguer - mopu'am; upir (s)
esforçar-se - nhemoaîu; îeîukaaíb; nhemopyatã; kane'õ (xe); nhemoatã1
esgotar (bebida ou conteúdo de vasilha) - moapy
espantado - putupab (v. putupaba)
espinho - îu; îuatĩ
espreguiçar-se - îepoká
espuma - tyîuîa
estender-se - nhemoatã2
estirar-se - nhemoatã; îepysó
felicidade - toryba; torypaba [v. oryba (t)]; tekokatu
ferida - pereba (m)
festejar - momorang
flor - potyra (mb); 'ybotyra
frente - teseîa; tenondé2; tobaîa ● na frente de: eseî (r, s); obaî (r, s); obaké (r, s)
frequentar (= visitar frequentemente) - apekó (s)
gafanhoto - tukura
gota - tykyra
gozo - morypaba (v. mboryb)
grávida - puru'a (m)
horta - mityma; temityma
informar - momorandub
ingerir (comida, bebida, fumo) - 'u (v.tr. irr.)
insistir - îeîukaíb; apore'ym; apysá2 (xe)
jibóia - îyboîa
juntura - îepotasaba
lama - tuîuka; u'uma (r, s); ybyu'uma
lamacento - tuîuk/a; u'um/a (r, s)
largo - popeb/a; obeb/a (r, s); py
largura - popeba; peba; tobeba
lavoura - kopisaba; kó; 'ybapaara
lembrar (tr. = fazer lembrar-se) - moma'enduar
lenha - îepe'aba
levantar - mopu'am; upir (s)
leve - bebuî/a
limite - yby'îaba; sykaba
lugar - suf. -sab(a), -ab(a)
luz - (do dia): 'ara; (luz de fogo, das estrelas, etc.): tendy
madrasta - sy'yra
mancha - pinima; paraba
mandar1 (= ordenar) - pûaî; ukar
maravilhado - putupab/a
melancolia - pytubara (m); karukasy; aruru
melancólico - pytubar/a; karukasy; aruru
miçanga - po'yra (m)
modéstia - kunusãîa
modesto - kunusãî/a
molhar-se - nhemoakym
nádega - tebira
ofender-se - nhemoasy
outrora - erimba'e
ovo - tupi'a
padrasto - symena
pântano - tuîuka
partir1 (= quebrar) - mondok; pese'õ
peito - poti'a (m)
pequeno - mirĩ; a'yrĩ (r, t)
perna - tetymã
pesado - posyî/a; anam/a
pescador - îeporakasara (v. îeporakar); pindaîtykara
peso - posyîa (m)
pinta - pinima (m); pitinga
poeira - tubyra; ybytimbora
precursor - tenotara
prenhe - puru'a
preocupado - putupab
presa - tembiara
sal - îukyra
sarna - kuruba; piremonã (m)
sede - 'useîa
separar-se - 'ir; îa'ok; po'ir; sandok
servir - erokûab; (servir bebida): e'ym (s)
sobrancelha - tybytaba
soluçar - îeîok/a (xe)
soluço - îeîoka
substituir - ekobîarõ (s)
tabaco - petyma
tipóia - typoîa
topete - tetobapy
tora - topytá
tornozelo - pynhûãkanga (m)
tremor - ryryîa
trêmulo - ryryî/a
umbigo - puru'ã (m)
unir-se - îese'ar
virtude - tekokatu
abati (s.) - 1) AVATI, ABATI, AUATI, milho, planta da família das gramíneas (Zea mais L.) (Staden, Viagem, 67): Atupá-rung abati. - Estabeleci uma plantação de milho. (VLB, II, 81); 2) o grão dessa planta ● abati-'y - ABATINI, variedade de bebida feita de milho; vinho de milho (D'Abbeville, Histoire, 207; Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 274; Thevet, Les Sing. de la France Antart., 56v); abati-tyba - milharada, milharal; abatigûasu (ou abati-atã ou abatipeba) - milho zaburro; abati-una - milho preto; abati-eté - milho verdadeiro (em oposição às suas variedades menos comuns); abati-tinga - milho de que se faz pão (VLB, II, 38)
NOTA - Em Iracema, de José de Alencar, lemos "O coração de Iracema está como o ABATI n'água do rio", significando, aí, arroz.
aberame'ĩ - v. berame'ĩ (VLB, I, 23)
abõ (v.tr.) - avivar (p.ex., o fogo):... O îoesé bé tatá rerekóbo, o endy îandy i abõmo nhẽ.- Em si também tendo fogo, suas chamas o óleo avivando. (Ar., Cat., 161)
aby'aka (t) (s.) - ACA, INHACA, IACA, cheiro de urina, fedor de suor; [adj.: aby'ak (r, s)] fedorento; (xe) cheirar mal, ter inhaca: Xe raby'ak. - Eu tenho inhaca. (VLB, I, 73)
agûaîxima (s.) - GUAXIMA, GUAXIMBA, GUANXUMA, o mesmo que agûaxima1 (v.) (VLB, II, 29)
-agûama - contração de -(s)ab + -ûam (v.)
agûapeasoka (s.) - PIAÇOCA, PIAÇÓ, espécie de jaçanã, ave da família dos jacanídeos, do tamanho de um frangão. "Andam essas aves nas lagoas e criam nas junqueiras junto delas." (Sousa, Trat. Descr., 229)
agûaxima1 (s.) - GUAXIMA, GUAXIMBA, GUANXUMA, planta piperácea (Piper umbellatum L.), de propriedades medicinais (D'Abbeville, Histoire, 248; VLB, II, 29)
aîa2 (t) (s.) - acidez, azedume, amargor; [adj.: aî (r, s)] - ácido, azedo, amargo, forte (o vinho): -Nde rory; tynysẽ umã kaûĩ... -Saî-katupe? -Saî-katu. -Alegra-te: já transborda o cauim. -Estava bem azedo? -Estava bem azedo. (Anch., Teatro, 24)
NOTA - Em Graciliano Ramos lemos: "Levava no AIÓ um frasco de creolina." (in Vidas Secas, Editora Record, São Paulo, 1996)
aîuká (v.tr.) - amassar, sovar (p.ex., massa, pele de animal, etc.): Aîaîuká. - Sovei-a. (VLB, I, 34)
aké3 (s.) - planta da família das palmáceas (Brandão, Diálogos, 195)
'akok2 (v.tr.) - arrancar o amargor de: Aîukyrakok. - Arranco o amargor do sal. (VLB, II, 112)
aku'i (s.) - qualidade do que é enxuto; (adj.) - enxuto, não aguacento, não úmido (mas não seco, ou seja, como árvore, tábua, terra que se molharam ou como batata, mandioca, etc.) (VLB, I, 120): I xy na sugûyî tiruã: i aku'i, n'i kûari nhẽ. - Sua mãe nem sequer sangrou: ela estava enxuta, ela estava virgem, com efeito. (Anch., Poemas, 184)
aku'ixa'ĩ1 (s.) - qualidade do que é enxuto; (adj.) - enxuto, não aguacento (mas não seco, isto é, como batata, mandioca, etc.) (VLB, I, 120)
akyra1 (s.) - imaturidade, estado verde (fal. de fruto): Okuî rakó amũme 'ybarambûera o 'yba suí 'ybotyramo oîkóbo bé, amõ rakó ogûakyra pupé i kuî, amõ rakó ogûaîub'iré i kuî. - Caem às vezes os frutos de suas árvores, sendo ainda flores, outras vezes em seu estado verde, outras vezes após amadurecerem caem. (Ar., Cat., 157v); (adj.: akyr) - verde (o contrário de maduro, fal. de fruto) (VLB, II, 144)
ambé1 (ou nhambé) (v. intr. irreg., usado no imper. somente) - espera!: Enhambé! T'oú-te muru, ranhẽ... - Espera! Que venha o maldito, primeiro. (Anch., Teatro, 138); -T'asepîak taûîé. -Eambé ranhẽ. -Que as veja logo. -Espera, primeiro. (Léry, Histoire, 345-346); Eambé, xe ranhẽ t'akûáne. - Espera, eu hei de ir primeiro. (Anch., Teatro, 20)
ambubok (v.tr.) - arrancar o monco, assoar (p.ex., o nariz) (VLB, I, 45)
amundaba (s.) - 1) aldeias vizinhas, arrabaldes, cercanias, vizinhanças, lugar vizinho do outro (VLB, II, 25): ...Taba Belém pora pitanga i amundaba pora abé apiti-ukari... - Mandou trucidar as crianças habitantes da aldeia de Belém e também as habitantes das vizinhanças dela. (Ar., Cat., 139); 2) vizinho: Amundabamo aîkó. - Sou um vizinho; O îoamundabamo oroîub. - Somos vizinhos uns dos outros. (VLB, II, 145)
'anga5 (s.) - imagem, reflexo: Anhe'angepîak. - Vejo meu reflexo (p.ex., no espelho). (VLB, II, 144)
anhu'ypeapuîa (s.) - planta da família das lauráceas [Ocotea sassafras (Meisn.) Mez], também denominada pau-de-funcho, canela sassafrás ou sassafrás do Brasil (Piso, De Med. Bras., IV, 195; VLB, I, 65)
apara (s.) - 1) aleijão, deformidade (que impede de andar); coisa torta (como vara) (VLB, II, 133); 2) aleijado que não anda (VLB, I, 30); (adj.: apar) - aleijado; arqueado, curvado, torto (p.ex., vara): Xe apar. - Eu sou aleijado. (VLB, I, 30); Xe aparĩ. - Eu sou curvadinho. (VLB, I, 88; Léry, Histoire, 359)
apé2 (s.) - 1) APÉ, APEÍBA, árvore da família das tiliáceas, "de casca muito verde e lisa,... cuja madeira é muito branca" (Sousa, Trat. Descr., 219). Sua madeira é muito usada para jangadas, e é mais chamada no Norte pau-de-jangada. (Apeiba tibourbou Aubl.) (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 273); 2) espécie de amoreira silvestre (Sousa, Trat. Descr., 196); 3) fruto da apeíba (v.) (Brandão, Diálogos, 216)
apeba (s.) - qualidade do que é rechonchudo; (adj.: apeb) - rechonchudo, baixo e largo de corpo (VLB, I, 37) ● apebusu - rechonchudão, baixo e largo de corpo (VLB, I, 37); apebĩ - rechonchudinho: Xe apebĩ. - Eu sou rechonchudinho. (VLB, I, 37)
api'a'ỹnha (t) - grãos dos testículos (VLB, I, 150)
apûapyk1 (v.tr.) - apanhar, agrupar, reunir: Aîapûapyk. - Apanhei-as (p.ex., frutas num pano). (VLB, I, 37)
apyaíb (v.tr.) - abusar de: Ereîapyaípe pitanga amõ i kerype...? - Abusaste de alguma criança no seu sono? (Anch., Doutr. Cristã, II, 88)
'apytera1 (s.) - o alto da cabeça: Îandé 'apytera 'arybo 'ara rume, xe ruri. - Quando o sol estava no alto de nossas cabeças, eu vim. (VLB, I, 112; Castilho, Nomes, 29)
apytĩ (v.tr.) - amarrar, atar, ligar; dar ou fazer nós em (VLB, II, 50): Aîybõ mbá, i pysyka, i apytĩamo... - Flechei todos eles, capturando-os, amarrando-os. (Anch., Teatro, 132); Opá sama pupé i apytĩû... - Com toda uma corda amarraram-no... (Ar., Cat., 62v) ● apitĩsaba (ou apitĩama) - tempo, lugar, modo, etc. de amarrar (Anch., Arte, 3)
'ara3 (s.) - 1) ar: 'araíba - mau ar (Léry, Histoire, 359); 2) tempo, as condições atmosféricas (VLB, II, 126)
arasá (s.) - 1) ARAÇÁ, ARAÇAZEIRO, ARAÇÁ-DO-MATO, nomes genéricos de diversas árvores ou arbustos do gênero Psidium, da família das mirtáceas, dentre as quais se destacam as espécies Psidium cattleianum Sabine e Psidium guineense Sw.; 2) o fruto dessas árvores, "parecido com uma goiaba pequena" (D'Abbeville, Histoire, 225; Cardim, Trat. Terra e Gente do Brasil, 39) ● arasá-tyba - ajuntamento de araçás (Léry, Histoire, 349)
asyma (s.) - qualidade do que é liso, limpo (como campo); (adj.: asym) - liso; limpo (como os campos ou campinas que não têm paus nem pedras) (VLB, II, 96): Xe asym (ou Xe asymĩ). - Eu sou liso. (VLB, II, 23; 96); nhũ-asyma - campo limpo (sem árvores) (VLB, II, 84)
aûsuba (t) (s.) - amor: Tynysẽ Tupã raûsuba nde nhy'ãme erimba'e. - Abundava o amor de Deus em teu coração outrora. (Anch., Teatro, 120)
aûsupara (t) - v. aûsub
a'ỹîa (t) - v. a'ynha (t) (VLB, II, 115)
basem2 (ou mbasem ou basẽ) (v. intr. compl. posp.) - achar, encontrar (complemento com supé ou pé): Our benhẽ i kera pé nhẽ obasemano. - Veio de novo, achando-os novamente no sono. (Ar., Cat., 53v); Mbype erebasẽ i xupé? - Achaste-os por perto? (Anch., Teatro, 46); N'abasẽ-mirĩ-angáî marãbirĩ ikó abá rekopûera amõ supé... - Não encontro nem um pouco, absolutamente, algum ato passado deste homem no mal. (Ar., Cat., 58v) ● basemaba - tempo, lugar, modo, etc. de achar; achado, o que alguém acha: Ereîme'engype mba'e-kanhema nde basemagûera i îara supé? - Deste as coisas sumidas que tu achaste para seu dono? (Ar., Cat., 107)
byaryby (s.) - BIARIBI, BIARIBU, 1) carne assada debaixo da terra ou em cova (VLB, I, 45); 2) técnica indígena de assar carne em cova no chão (Vasconcelos, Crônica, [Not.], I, §140, 106)
e'ikatu - v. 'ikatu / 'ekatu
ekó5 (t) (s.) - ato, procedimento, proceder: I porãngatu sekó. - É muito belo seu proceder. (Anch., Teatro, 136); O ekó moasy riré, abá sóû îemombegûabo... - Após arrependerem-se de seu procedimento, os índios vão confessar-se. (Anch., Teatro, 38)
ekó8 (t) (s.) - afazeres; ofício, ocupação: T'osyk esapy'a xe rekó. - Que acabem logo meus afazeres. (Ar., Cat., 110v)
ekoaba3 (t) (s.) - afazeres, ocupação, ofício: xe rekoaba - meu ofício; Peró rekoaba - o ofício de Pedro (VLB, II, 55)
embiasaba (t) (s.) - apresamento, captura: I abaîté xe rembiasaba. - É terrível minha captura. (Anch., Poemas, 158)
erekoara1 (t) (s.) - aio, aia (VLB, I, 28); criado, serviçal (VLB, I, 33)
eromara'ar (v.tr.) - adoecer com, fazer adoecer consigo: Aromara'ar. - Adoeci com ele. (Anch., Arte, 48)
eronhe'eng (v.tr.) - anunciar, apregoar, proclamar: Ogûeronhe'eng i mendarypyrama... - Anuncia os que serão casados. (Ar., Cat., 94) ● eronhe'engara (t) - o que anuncia, o que proclama: mba'e reronhe'engara - o que anuncia as coisas, o pregador (VLB, II, 84); eronhe'engaba (t) - tempo, lugar, modo, etc. de anunciar, de proclamar; anúncio, proclamação: Abaré supé i mombe'uû Tupãokype seronhe'engaûama rine. - Para o padre contá-lo-á para que o anuncie na igreja. (Anch., Diál. da Fé, 213)
erosapukaî (v.tr.) - apregoar, anunciar, pregar (VLB, I, 39) ● erosapukaîtara (t) - o que apregoa, o que anuncia: mba'e rerosapukaîtara - o que anuncia as coisas, o pregador (VLB, II, 84)
erosyî (v.tr.) - apartar-se com: Pekûá, taûîé, ké suí, pe nemeté rerosyîa! - Ide logo daqui, apartando-vos com vosso grande fedor! (Anch., Teatro, 180); T'osẽ Anhanga i xuí, gûekó-poxy rerosyîa. - Que saia o diabo dela, apartando-se com seu mau proceder. (Anch., Poemas, 146)
esá-arugûá (ou esá-gûarugûá) (t) (s.) - antolhos, tapas para os olhos de pessoas ou cavalgaduras (VLB, I, 36)
gûaîá (s.) - GUAIÁ, GOIÁ, GUAJÁ, crustáceo da família dos calapídeos, caranguejo de água salgada que vive debaixo das pedras (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 182; VLB, I, 67; Theat. Rer. Nat. Bras., I, 80-81)
gûaîará (s.) - GUAJARÁ, UAJARÁ, planta da família das sapotáceas (Silveira, Rel. do Maranhão, fl. 11v)
gûaîasy (s.) - planta da família das sapotáceas do gênero Pouteria (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 101)
gûaîeru (s.) - GUAJURU, GUAJIRU, GAJURU, GAJERU, GAJIRU, árvore crisobalanácea; o mesmo que abaîeru (v.) (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 77; Brandão, Diálogos, 218)
gûakary (s.) - GUACARI, ACARI, UACARI, peixe da família dos loricariídeos (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 166)
gûakukuîá (s.) - GUACUCUIA, nome de um peixe (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 143)
gûamá (s.) - GUAMÁ, nome de um peixe de mar (VLB, II, 70)
gûanandi (s.) - GUANANDI, GUANADIM, árvore da família das clusiáceas (Symphonia globulifera L.). "Lança um leite grosso e de cor amarela..., o qual pega como visgo e com ele armam as moças aos pássaros." (Sousa, Trat. Descr., 211; Brandão, Diálogos, 171)
gûandu (s.) - GUANDU, GUANDO, ANDU, var. de feijão, planta leguminosa-papilionoídea (Cajanus cajan (L.) Millsp.), de origem angolana (Brandão, Diálogos, 197)
gûanhumỹ (s.) - GUAIAMUM, GOIAMUM, GOIAMU, caranguejo terrestre gigantesco da família dos gecarcinídeos (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 185; VLB, I, 67). "São tão grandes que uma perna de um homem lhe cabe na boca..." (Cardim, Trat. Terra e Gente do Brasil, 58)
gûapara'yba (s.) - GUAPARAÍBA, APAREÍBA, MAPAREÍBA (Rhizophora mangle L.), planta rizoforácea, também denominada mangue vermelho, mangue preto, mangue de pensão, mangue verdadeiro ou simplesmente mangue. (Piso, De Med. Bras., IV, 200) ● gûapara'y-tyba (ou gûapare'y-tyba) - ajuntamento de mangues, manguezal (VLB, II, 30)
gûaraembira (s.) - GUARAVIRA, GUAIVIRA, peixe da família dos gimnotídeos (Lisboa, Hist. Anim. Árv. do Maranhão, fl. 165)
gûarasyá (s.) - uma das espécies de beija-flor (Cardim, Trat. Terra e Gente do Brasil, 35) (v. tb. gûaînumby)
gûarasyoba (s.) - uma das espécies de beija-flor (Cardim, Trat. Terra e Gente do Brasil, 35) (v. tb. gûaînumby)
gûariba (s.) - GUARIBA, nome de muitos símios da família dos cebídeos, de cor escura, com barba na maxila inferior e com grito característico. São herbívoros e alimentam-se de folhas e frutas, vivendo em grupos de mais de 12 indivíduos, comandados pelo capelão, o macho mais velho do bando. (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 226; Sousa, Trat. Descr., 253)
gûasunĩ (s.) - GUAXINIM, animal carnívoro da família dos procionídeos (v. îagûasinĩ) (Brandão, Diálogos, 258-259)
gûatapy (s.) - GUATAPI, VATAPU, UATAPU, búzio marinho muito grande, concha univalve de grande abertura de molusco gastrópode (VLB, I, 60) ● gûatapy-tyba - ajuntamento de búzios (nome antigo de Cabo Frio, RJ) (VLB, I, 62)
gûatar (ou gûatá) (v. intr.) - faltar (como no comprimento ou no número); não alcançar, não atingir, não chegar: Ogûatá îepé serã i îybá mokõîa itapygûá soarama resé? - Por acaso não chegava seu segundo braço ao lugar de irem os pregos? (Ar., Cat., 89, 1686)
gûatukupá (s.) - GUATUCUPÁ, nome de um peixe da família dos otolitídeos (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 177; VLB, I, 83): Akûeîme rakó pirá asekyî-marangatu: ku'uka, gûarapuku, kamuri, gûatukupá. - Antigamente pescava bem os peixes: garoupas, cavalas, camuris, guatucupás. (Anch., Poemas, 152)
gûaxé (s.) - GUAXE, ave passeriforme da família dos icterídeos (Brandão, Diálogos, 230)
îakasó (ou îeakasó ou îekasó) (v. intr.) - mudar-se (de lugar, de casa, de aldeia, etc.) (VLB, II, 14); mudar para longe; povoar, vir para morar (VLB, II, 84): Ereîakasó-piang? - Mudaste, por acaso? (Léry, Histoire, 341); Sepyápe, ereîakasó... - Em reparação disso, mudaste-te de aldeia. (Anch., Teatro, 166); Aîeakasó. - Mudo-me (para longe). (VLB, II, 44)
îambugûasu (ou inambugûasu) (etim. - inhambu grande) (s.) - nome de uma ave da família dos tinamídeos (D'Abbeville, Histoire, 237)
îamby (ou nhamby) (s.) - NHAMBI, coentro-do-pará (v. nhamby)
îamuru (ou iîamuru) (adv.) - ainda bem que...! bem feito que...! (Fig., Arte, 136); bem feito! (Diz o que goza com o desastre de outrem). (Fig., Arte, 147) Leva o verbo para o gerúndio: Iîamuru senonhana! - Ainda bem que o faz correr consigo! (Anch., Teatro, 166, 2006)
îandu2 (s.) - NHANDU, ema, ave da família dos reídeos, muito grande, que corre velozmente e anda habitualmente em bandos (D'Abbeville, Histoire, 242)
îekotyasaba (s.) - 1) amigo (VLB, I, 34): Marãngotype xe îekotyasaba... sóû-'ĩ... - Para onde meus amigos foram, sem mais? (Ar., Cat., 155v); 2) familiar amigo (VLB, I, 134)
inaîagûasu (ou inaîagûasu'yba) (etim. - inajá grande) (s.) - 1) coqueiro-da-bahia, árvore da família das palmáceas (Cocos nucifera L.); 2) o fruto dessa árvore, também chamado coco-da-bahia (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 138; Piso, De Med. Bras., IV, 182): inaîagûasu apepûera - casca de coco (Ar., Cat., 353)
inhambu (s.) - NHAMBU, JAMBU, planta da família das compostas (Spilanthes acmella (L.) Murray), de folhas largas, boa para comer (Brandão, Diálogos, 211)
îoaîubana - v. nhoanhubana
îoesé [forma refl. e recípr. da posp. esé (r, s)] - 1) consigo, com ele, para si, para ele, por si, por ele, etc.: -Oîkuab, o îoesé Îandé Îara ma'ẽneme. -Reconheceu-o ao olhar Nosso Senhor para ele. (Ar., Cat., 57); ...T'îandé rerasó o orypápe o îoesé... - Que nos leve para seu lugar de felicidade consigo... (Ar., Cat., 5); O îoesé é saûsubypyramo sekóreme bé. - Por ser também o que deve ser amado por si mesmo. (Bettendorff, Compêndio, 67); 2) um(s) com o(s) outro(s), um(s) para o(s) outro(s), um(s) pelo(s) outro(s): E'ikatupe o îoesé omendá? - Podem casar-se um com o outro? (Ar., Cat., 82v) ● îoesendûara - o que está consigo: Mba'easybora o îoesendûara supé abaré... renõîe'yma. - Não chamando o padre para o doente que está consigo. (Ar., Cat., 76)
îoe'yîa (s.) - grandeza: ...O îoe'yîa anhõ o aysó abé osepîak. - Vêem somente sua grandeza e sua formosura. (Ar., Cat., 37v)
îogûá (s.) - chaga incurável (VLB, I, 71; Anch., Arte, 5v)
itaîuba (ou itaîuîuba) (etim. - metal amarelo) (s.) - 1) ouro: Ereîpotápe itaîuba? - Queres ouro? (Anch., Teatro, 44); I xupé ogûeru îetanongabamo itaîuba, ysykatã syapûãba'e, mirra. - Para ele trouxeram, como oferendas, ouro, incenso e mirra. (Ar., Cat., 3); 2) dinheiro, moeda (de ouro): Aîar itaîuba Pedro suí. - Aceitei dinheiro de Pedro. (VLB, I, 19, adapt.)
itamimby (s.) - 1) apito (VLB, I, 38); 2) órgão (instrumento musical) (VLB, II, 59); 3) trombeta (VLB, II, 137; Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 278)
itateé (ou itatenhẽ ou itatetateé) 1) (posp.) - ao invés de, ao contrário de; 2) (adv.) às avessas, ao revés (VLB, I, 48)
îuá (s.) - JUÁ, 1) nome de algumas plantas solanáceas do gênero Solanum; 2) árvore ramnácea (Ziziphus joazeiro Mart.), o JUAZEIRO do sertão nordestino, que nunca perde suas folhas durante as secas e que serve de alimento ao gado (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 63)
îukába - v. îuká1
îundi'a (ou nhandi'a) (s.) - JUNDIÁ, NHANDIÁ, JANDIÁ, nome genérico para os bagres de rio, peixes da família dos pimelodídeos (Anch., Arte, 6v)
JIRAU COM PANELA (fonte: Staden)
îuruboka (s.) - 1) abertura da boca (Castilho, Nomes, 32); 2) fenda, abertura (VLB, I, 18); (adj.: îurubok) - fendido: Xe îurubok. - Eu estou fendido. (VLB, I, 137); Xe îurubó-bok. - Eu estou fendido em diversas partes. (VLB, I, 137)
îybá (s.) - braço (Castilho, Nomes, 32): Pitangamo seni Maria îybápe. - Como criança está sentado nos braços de Maria. (Anch., Poemas, 108); Endé, nde îybápe Îesu eresupi... - Tu, em teus braços ergueste Jesus. (Anch., Poemas, 118) ● îybapûera - braço arrancado do corpo; quarto dianteiro que se parte de um animal (VLB, II, 91): T'a'u kori i îybapûera... - Hei de comer hoje seus braços (arrancados). (Anch., Teatro, 64)
ka'aopîá (s.) - planta hipericácea (Vismia guianensis (Aubl.) Pers.) (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 96)
kakuaba (s.) - idade adulta: O pitangĩnamo bépe a'e Îandé Îara Îesu Cristo mba'e tetiruã kuaparamo sekóû o kakuaba îabé? - Ainda sendo criancinha aquele Nosso Senhor Jesus Cristo era conhecedor de quaisquer coisas, como em sua idade adulta? (Ar., Cat., 42v)
kambuká (ou kûamoká) (s.) - CAMBUCÁ, árvore da família das mirtáceas (Plinia edulis (Vell.) Sobral); 2) o fruto dessa árvore, de cor amarela, muito doce (Sousa, Trat. Descr., 197)
kampûaba (s.) - planta da família das labiadas, do gênero Hyptis (Sousa, Trat. Descr., 210)
kanambaîa (s.) - planta da família das cactáceas, do gênero Rhipsalis (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 78)
kandab (v.tr.) - arquear para cima (VLB, II, 132)
NOTA - Em guarani antigo caracú, além de vinho de raízes, também designava tutano de vaca, etc. (Montoya, Tesoro, 90). Daí se explica o nome de uma variedade de gado bovino, o gado caracu.
karûaba3 (s.) - toalha de mesa (VLB, II, 31)
CAUIM (bebida indígena) (fonte: De Bry)
Vem, vem das águas, mísera Moema, / Senta-te aqui. As vozes lastimosas / Troca pelas cantigas deleitosas, / Ao pé da doce e pálida COEMA. (in Poesias Completas. Ed. Civilização Brasileira, Rio de Janeiro, 1977)
kõîgûera - v. kõîa
kuambe'u1 (ou kuabe'u) (v.tr.) - mostrar (VLB, I, 35)
kûapara'yba (s.) - GUAPARAÍVA, árvore da família das rizoforáceas (Rhizophora mangle L.), típica dos manguezais (Sousa, Trat. Descr., 212-213)
kûapo'yba (s.) - QUAPÓIA, pau-gamela, árvore da família das gutíferas (Clusia insignis Mart.), que cresce na mata, de folhas obovadas e arredondadas, e que produz visco, isto é, suco vegetal glutinoso com que os caçadores untam pequenas varas para nelas prender as aves que aí pousem (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 131; VLB, II, 146)
NOTA - No guarani paraguaio de hoje, kure significa porco.
kygûaba - v. kyûaba
kyra1 (s.) - imaturidade, gestação, incompleteza, estado verde (fal. de milho, de criança no ventre da mãe, etc.): Okuî rakó amũme 'ybarambûera o 'yba suí 'ybotyramo oîkóbo bé, amõ rakó ogûakyra pupé i kuî... - Caem às vezes os frutos de suas árvores, sendo ainda flores, outras vezes caem em seu estado verde. (Ar., Cat., 157v); (adj.: kyr) - novo, imaturo, tenro (fal. de folhas novas), verde, em gestação: só-kyra - folha tenra (VLB, II, 126); Xe kyr. - Eu estou imaturo. (VLB, II, 144); memby-kyra - filho em gestação, feto (VLB, II, 126)
mapuîkuaaîxûara (s.) - braceletes feitos com fios de algodão, em torno dos quais os índios colocavam longas penas tiradas das caudas das araras, utilizando-os em festas e colocando-os um pouco acima dos cotovelos (D'Abbeville, Histoire, 275)
MARANA (guerra) (fonte: De Bry)
mararesó (s.) - planta cujas folhas parecem as do boldo, de "...raiz pequena e redonda que se come assada ou bebe-se esmoída com água..." (Anch., Cartas, 137)
maruîa'yba (s.) - planta espinhosa, de espinhos pretos e agudos como agulha. Seu fruto produz sumo doce e suave. (Sousa, Trat. Descr., 200)
mba'ekugûaba (ou mba'ekuaba) (etim. - conhecimento das coisas) (s.) - saber (adquirido); (adj.: mba'ekugûab) - sábio: Xe mba'ekugûab. - Eu sou sábio. (VLB, II, 110)
mba'ema'eĩndara (ou mba'ema'ẽndara) (s.) - vendedor (VLB, II, 143); mercador (VLB, II, 36); regateira (VLB, II, 100)
miapé - v. (e)miapé (r, s)
miaûsuba - v. (e)miaûsuba (r, s)
miúba (s.) - planta da família das melastomatáceas (Vasconcelos, Crônica, II, §87)
moakub (v.tr.) - aquecer, esquentar: Akó iraîtytataendy asé moakuba îabé, akûeîa îabé: Tupã asé 'anga moakubi... - Assim como esta vela nos aquece, aquele também: Deus aquece nossa alma. (Anch., Doutr. Cristã, I, 221); T'our kó 'ara pupé oré 'anga moakupa. - Que venha neste dia para aquecer nossa alma. (Anch., Teatro, 122)
moakyr (v.tr.) - abrandar, enternecer, tornar afável: ...Pe îoesé pe îara moaky. - Tornando afável vosso senhor para vós mesmos. (Ar., Cat., 86v)
moamandab (v.tr.) - arredondar [deixando algo plano, como um círculo. Arredondar, deixando esférico, é moapu'a (v.).]: Aîmoamandab. - Arredondei-o. (VLB, I, 42)
moapar (v.tr.) - aleijar (de todo, para que não ande): (VLB, I, 31)
moapûá2 (v.tr.) - aguçar (p.ex., ponta) (VLB, I, 27)
moapu'a (v.tr.) - arredondar [deixando esférico, como uma bola. Arredondar, deixando plano e circular é moapỹî ou moamandab (v.)] (VLB, I, 42) ● i moapu'apyra - o que é arredondado; bola (VLB, I, 56)
moapûaobyr (v.tr.) - aguçar (ponta) (VLB, I, 27)
mo'ar3 (v.tr.) - acender (p.ex., fogo, batendo um instrumento de aço em pederneira) (VLB, I, 19; 137)
moatyr (v.tr.) - amontoar (VLB, I, 34)
moaûîekatu (v.tr.) - aperfeiçoar; dar remate, rematar (VLB, II, 73; 100)
moa'yrĩ (v.tr.) - adelgaçar, afinar: Aîmoa'yrĩngatu. - Afinei-o muito. (VLB, I, 21)
mobapyka'ẽ (v.tr.) - arrasar (VLB, I, 42)
moembyaryby (v.tr.) - assar (em cova no chão), assar enterrando (VLB, I, 45)
moendy (v.tr.) - acender (p.ex., o fogo): Emoendy tatá. - Acende o fogo. (Léry, Histoire, 367)
moendypuk (v.tr.) - açacalar, polir (p.ex., espada) (VLB, I, 19)
mogûeb (v.tr.) - apagar, extinguir: Emogûeb tatá. - Apaga o fogo. (Léry, Histoire, 367)
moîaû'u (v.tr.) - alcançar (um irmão ao outro no leite) (VLB, I, 30)
moîepe'a (v.tr.) - afastar, fazer afastar-se: ...I angaîpaba suí i moîepe'aesapy'a-uká. - Mandando-os fazer afastar-se logo de suas maldades. (Ar., Cat., 50)
moîepotar2 (v.tr.) - acender (com brasa ou tição) (VLB, I, 19)
moîerobyk (v.tr.) - ajuntar (p.ex., duas pontas de um ramo) (VLB, I, 29)
moîub (v.tr.) - amarelar, dourar: Aîmoîub itaîuba pupé. - Dourei-o com ouro. (VLB, I, 106)
mombak (v.tr.) - acordar, despertar: Okerĩ... Nd'eremombaki! - Ele dorme... Não o acordes! (Anch., Teatro, 32); Aûîé! Teumẽ xe mombaka! - Basta! Não me despertes! (Anch., Teatro, 44); ...Xe keranama mombaka... De meu pesado sono despertando-me. (Anch., Poemas, 92)
mombopor (v.tr.) - alijar (p.ex., no mar) (VLB, I, 32)
mombyk2 (tr.) - fazer cessar, parar, acabar com: Nd'e'i te'e îase'o anhõ monhanga i mombyke'ymane... - Por isso mesmo será só chorar sem parar. (Ar., Cat.,163); Xe rekó i porangeté; ...n'aîpotari abá i mombyka. - Minha lei é muito bela; ...não quero que os homens acabem com ela. (Anch. Teatro, 6)
momorang2 (v.tr.) - acariciar (desonestamente): Nã takó îomomoranga re'a? - Assim havemos de nos acariciar? (Ar., Cat., 234)
monarang (v.tr.) - arrombar (como arca, cabaço, navio); quebrar (uma coisa com outra): Aîmonarang. - Arrombei-o. (VLB, I, 44; II, 92)
mondorok2 (v.tr.) - arrancar (p.ex., ervas, raízes como mandioca, nabo, etc.) (VLB, I, 41)
mondygûer (v.tr.) - assolar, destruir (VLB, I, 45)
mongûeb (v.tr.) - apagar (fogo, candeia) (VLB, I, 37)
mono'ong (v.tr.) - ajuntar, reunir (VLB, I, 29): ...T'osó xe 'anga îepi tekokatu mono'onga. - Que vá sempre minha alma ajuntando virtudes. (Valente, Cantigas, I, in Ar., Cat., 1618)
moobyr (v.tr.) - aguçar (p.ex., ponta) (VLB, I, 27)
moparĩ (v.tr.) - aleijar (VLB, I, 31)
mopo'ĩ (v.tr.) - afilar, afinar (VLB, I, 21)
mopotaîgûé (v.tr.) - armar trampa de (armadilha) (VLB, I, 41)
morabukara (s.) - trabalhador: morabuká-katu - bom trabalhador (Anch., Arte, 52) [v. porabykŷara (m)]
morerekoara2 (s.) - grão-sacerdote: ...Morerekoara Caifás seryba'e... - O grão-sacerdote de nome Caifás... (Ar., Cat., 56)
moro- [forma absol. ou nasalizada do prefixo poro- (v.). Aparece como índice de forma absoluta de substantivos, em geral, e de deverbais.]: Morombo'esara ixé. - Eu sou mestre. (Anch., Arte, 47); morotinga - brancura (Anch., Arte, 50); moroîuba - amarelidão (Anch., Arte, 50); morosema - saída de gente (Anch., Arte, 50); Asó morapépe. - Vou ao caminho das pessoas. (VLB, II, 111); ...Morosumarã, Anhanga... - O inimigo da gente, o diabo. (Ar., Cat., 89); Gûaîxará kagûara ixé,... morûara, moroapŷara, ...anhanga morapitîara. - Eu sou Guaixará bebedor de cauim, comedor de gente, queimador de gente, diabo trucidador de gente. (Anch., Teatro, 26); Maria, Tupã sy, moroîtykara... Maria, mãe de Deus, vencedora. (Anch., Poemas, 88); moropysyrõana - salvador da gente. (Ar., Cat., 15v)
motyryryk (v.tr.) - arrastar (p.ex., vestido, roupa muito comprida) (VLB, I, 42)
NOTA - MUÇURANA, no P.B., também designa uma cobra ofiófaga.
nambi2 (s.) - 1) asa (de vaso, xícara, etc.) (VLB, I, 44); 2) bago: ygapẽ-nambi - bago de tacape (VLB, I, 50)
naná (s.) - 1) ANANÁS, ANANASEIRO, ANANÁ, planta da família das bromeliáceas (Ananas comosus (L.) Merr.), cultivada ou selvagem. Também é conhecida como ANANÁ, ANANAS, NANÁS, NANASEIRO, abacaxi-branco, abeiras. (Thevet, Les Sing. de la France Antart., 89); 2) o fruto do ananaseiro (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 33; Piso, De Med. Bras., IV, 191) ● naná-'y - NANAÚ, NANAUÍ, licor de ananás, bebida fermentada que os índios faziam com tal fruta (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 274; VLB, II, 146); naná-kakaba - ananás amadurecido pela força do calor e que não é bom para ser comido (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 33)
ndaeroîaî (ou ndaroîaî) (conj.) - nem por isso: ...O îase'o rerogûeîypa, ogûasẽ-gûasema rerasóbo. Ndaeroîaî xûé i pabine. - Descendo com seus choros, indo com seus gritos. Nem por isso eles acabarão. (Ar., Cat., 162v); Ndaeroîaî i ma'enduari. - Nem por isso se lembra. (Fig., Arte, 94); Ndaroîaî mamõ xe sóû. - Nem por isso eu vou para longe. (Anch., Teatro, 50)
nha'ẽ (s.) - prato, bacia, alguidar [v. (e)nha'ẽ (r, s)]
nhandu2 (s.) - NHANDU, ema (v. îandu2) (VLB, I, 110)
nhandu'i (ou nhandu'ĩ) (etim. - aranha pequena) (s.) - NHANDUÍ, nome genérico para as aranhas (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 248; VLB, I, 40) ● nhandu'i-kesaba - teia de aranha (VLB, II, 125)
nhapupé (s.) - ENAPUPÊ, variedade de perdiz, ave da família dos tinamídeos, "do tamanho de uma franga, de cor aleonada; tem os pés como galinha...; põe muitos ovos de fina cor aleonada..." (Sousa, Trat. Descr., 237)
nhoanhubana (ou îoanhubana) (s.) - abraço (VLB, I, 18)
obaîara1 (t) (s.) - almofariz, socador: ungûá-obaîara - socador de pilão (VLB, II, 32)
obanhan (ou obanhang) (s) (v.tr.) - manchar o rosto de (com carvão, tinta ou fuligem, etc.) (VLB, II, 33)
obapyka'ẽ (t) (s.) - arrasamento; [adj.: obapyka'ẽ (r, s)] - arrasado: Xe robapyka'ẽ. - Eu estou arrasado. (VLB, I, 42)
obyra (t) (s.) - agudeza; [adj.: obyr (r, s)] - agudo, pontudo: Xe robyr. - Eu sou pontudo. (VLB, I, 27)
okabyterusu (s.) - praça, terreiro (VLB, II, 84)
pa'ieté (s.) - grande profeta (D'Abbeville, Histoire, 58)
papykuîá (m) (s.) - adorno de contas para o pulso (VLB, I, 80)
NOTA - Em guarani antigo essa palavra também existia com o mesmo sentido e deu nome ao grande rio PARAGUAI (paragûá + 'y, "rio dos paraguás") e ao país vizinho do Brasil.
pataku (s.) - 1) armadilha para apanhar urubus (VLB, I, 41); 2) cova profunda feita na terra, coberta inteiramente com ramos de árvore, na qual caem as feras (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 272)
pe'e (v.tr.) - aquecer; aquentar, esquentar ● pegûaba - tempo, lugar, instrumento, modo, etc. de aquecer: tatá pegûaba - instrumento de aquentar o fogo, abano, abanador (VLB, I, 17)
peîori [forma irreg. da 2ª p. do pl. do imper. do verbo îur / ur(a) (t, t)] - vinde! (Anch., Arte, 57v): Peîori pebaka Tupã koty... - Vinde para vos voltar para Deus. (Anch., Teatro, 56); Peîori, perasó muru... - Vinde, levai os malditos. (Anch., Teatro, 90)
peîu (v.tr.) - assoprar, soprar, abanar (VLB, I, 46): O îuru timbora pupé asé robá peîuû. - Com o bafo de sua boca sopra-nos o rosto. (Ar., Cat., 81)
pipirar (v.tr.) - abrir (p.ex., as pernas) (VLB, I, 19)
pirar2 (v.tr.) - armar, estender (p.ex., o arco): Aurapá-pirar. - Estendi o arco. (VLB, I, 41)
piraty (m) (s.) - amante (de h.); (adj.) (xe) - ter amantes: Xe piraty - Eu tenho amantes. (Ar., Cat., 270)
popûasaba (m) (s.) - atadura, grilhão das mãos, algemas (VLB, II, 87): Aîpopûasá-rab. - Soltei as algemas dele. (VLB, II, 120); ...I popûasaba resebé serasóû. - Levou-o com suas ataduras. (Ar., Cat., 82, 1686)
porambyrambyka (s.) - qualidade do que é agradável; (adj.: porambyrambyk) - agradável, deleitoso: I porambyrambyk xe rekó ixébo. - São-me agradáveis meus afazeres. I porambyrambykĩ xe nhemosaraîa ixébo. - Estava-me agradável meu jogo. (VLB, I, 71)
poroaûsubara - v. poraûsubara
pu'ama (m) (s.) - assalto, ataque: N'oîpotari îandé ri îandé sumarã pu'ama... - Não quis em nós o assalto de nosso inimigo. (Anch., Poemas, 184)
puba1 (s.) - brandura (VLB, I, 59); (adj.: pub) - PUBA, PUBO, mole, maduro, brando, macio: Ereî'useîpe u'i-puba? - Queres comer farinha puba? (Anch., Teatro, 44); Xe pub. - Eu sou mole; eu sou puba. (VLB, II, 40)
Como substantivo comum, PARANAMBUCA é passagem entre recifes costeiros, ou entradas de um lagamar (in Novo Dicion. Aurélio).
pukusam (v.tr.) - amarrar pelos pés (VLB, I, 46)
pumĩ (v.tr.) - afundar (na água), mergulhar, alagar, meter debaixo d'água (VLB, I, 29)
pusu'umukaîa (m) (s.) - azia (Castilho, Nomes, 37); (adj.: pusu'umukaî) (xe) - ter azia: Xe pusu'umukaî. - Eu tenho azia. (VLB, I, 49)
pysyrõ2 (v.tr.) - apossar-se de, ficar dono de, tomar, saquear: Aîmba'e-pysyrõ-mbab. - Saqueei-lhe as coisas completamente. (VLB, I, 100); Ereîpysyrõpe abá resaraîagûera...? - Ficaste dono daquilo que alguém esqueceu? (Anch., Doutr. Cristã, II, 99)
rorẽ (s.) - qualidade do que é encovado; (adj.) - encovado: Xe resakûá-rorẽ. - Eu tenho as cavidades dos olhos encovadas. (VLB, II, 56)
serubu (s.) - diabo, tinhoso: Îori sekyîa taûîé, i py suí, serubu. - Vem para arrancar logo, de dentro dela, o tinhoso. (Anch., Poemas, 136); ...Serubu rá, muru ri opurũ-purung. - Tomando o diabo, o maldito fica pisando. (Anch., Poemas, 190)
sugûasuapara (s.) - SUAÇUAPARA, var. de veado, animal cervídeo (v. sûasuapara) (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 235; Cardim, Trat. Terra e Gente do Brasil, 26)
sygûasueté (ou sûasueté ou sugûasueté) (etim. - veado verdadeiro) (s.) - var. de veado pequeno do mato, animal mamífero da família dos cervídeos (VLB, I, 81)
-t-1 (consoante de ligação entre certos afixos e temas verbais, aparecendo após î ou i): poîtara - o alimentador; o que alimenta (Anch., Arte, 30); ...gûitekóbo - estando eu (Anch., Poemas, 100)
tarasanga (s.) - TRAÇANGA, CRAUÇANGA, formiga que possui aguilhão como vespas e picada dolorida (VLB, I, 142)
tare'ira - (s.) - TRAÍRA, peixe de água doce da família dos caracídeos, com muitas variedades regionais, muito espinhoso e com dentes cortantes (D'Abbeville, Histoire, 247)
tekatunheté - v. tekatueté
tekoaba - v. ekoaba (t)
tekoaíba - v. ekoaíba (t)
tekoara - v. ekoara (t)
tekoate'yma - v. ekoate'yma (t)
temiaûsuba - v. emiaûsuba (t)
tendaba - v. endaba (t)
tepîaka'uba - v. epîaka'uba (t)
tere'ira (s.) - traíra, o mesmo que tare'ira (v.)
terematẽ (s.) - planta da família das asteráceas, do gênero Vernonia (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 81)
teroapy'ambaba - v. eroapy'ambaba (t)
topeaba - v. opeaba (t)
tuîa (s.) - transbordamento; (adj.: tuî) - transbordante, que transborda: Ygasápe kaûĩ-tuîa a'e ré îamomotá... - Depois disso, o cauim transbordante nas igaçabas atrai-os. (Anch., Teatro, 28)
tupana1 (s.) - dia santo, dia de festa: Tupãneme nhẽpe eresó kûepe?... - Por ocasião de um dia santo foste para longe? (Ar., Cat., 110v)
tupîara - v. upîara (t)
tygeapûá - v. ygeapûá (t)
tytyrybá (s.) - planta da família das sapotáceas (Vieira, Cartas, I, 375-376)
ûaîyru (s.) - GUAJARU, árvore crisobalanácea (v. gûaîeru) (D'Abbeville, Histoire, 224)
ûakury (s.) - GUACURI, var. de palmeira (Attalea phalerata Mart. ex Spreng.), com cujas palmas os índios faziam cabanas, possuindo frutos parecidos com nozes, de onde se extrai um óleo doce e muito bom (D'Abbeville, Histoire, 221) ● ûakury ru'ã - o palmito do guacuri (D'Abbeville, Histoire, 221)
ûará1 (s.) - GUARÁ (v. gûará1) (D'Abbeville, Histoire, 240v; Staden, Viagem, 62)
ûará2 (s.) - GUARÁ, nome de peixe (o mesmo que gûará2 - v.): -Setápe pirá seba'e? -Nã: kurimã, parati, ...ûará, kamurupyûasu. -São muitos os peixes que são gostosos? -Ei-los: curimã, parati, uará, camurupi-guaçu. (Léry, Histoire, 348-349)
ûariba (s.) - GUARIBA (v. gûariba) (D'Abbeville, Histoire, 252)
-ûasu (ou -gûasu) (suf.) - 1) -ão (suf. aumentativo, como em matão); grande, GUAÇU, AÇU: Osokendab a'e karamemûã itagûasu pupé. - Fecharam aquele túmulo com uma pedra grande. (Ar., Cat., 64v); piragûasu - peixão, peixe grande (Anch., Arte, 13); Xe tupinambagûasu. - Eu sou o grande tupinambá. (Anch., Poemas, 114); Oîké îugûasu, i akanga kutuka... - Entram grandes espinhos, espetando sua cabeça. (Anch., Poemas, 122); Mba'e-eté ka'ugûasu... - Coisa muito boa é uma grande bebedeira. (Anch., Teatro, 6); ...andyragûasu-bebé... - morcegão voador (Anch., Teatro, 26); Reriûasu - Ostra Grande, nome de pessoa (Léry, Histoire, 341); 2) muito (em quantidade): I kaûĩgûasu-pipó xe ramũîa Îagûaruna? - Tem muito cauim, porventura, meu avô Jaguaruna? (Anch., Teatro, 60); 3) muito (em intensidade): Xe kerambugûasu. - Eu ronco muito. (VLB, II, 108) (V. tb. -usu.)
ubá2 (s.) - UBÁ, IUÁ, var. de canoa, de embarcação indígena (Sotomaior, Jornada ao Pacajá, in DAP, VIII [1945], 2)
ubakupari (s.) - UVACUPARI, BACUPARI-DO-CAMPO, VACAPARI, arbusto da família das hipocrateáceas (Salacia campestris Cambess. ex Walp.), também chamado capicuru, japicuru, laranjinha-do-campo, saputá (Brandão, Diálogos, 217)
una'u (ou yna'y) (s.) - UNAU, var. de preguiça, mamífero desdentado da família dos bradipodídeos (v. a'y) (D'Abbeville, Histoire, 251v)
una'uûasu (ou yna'yûasu) (etim. - unau grande) (s.) - var. de preguiça, mamífero desdentado da família dos bradipodídeos (D'Abbeville, Histoire, 252)
unguá (s.) - 1) almofariz (Anch., Arte, 4v); socador de pilão (VLB, I, 150); 2) pilão (VLB, II, 77)
ura1 (s.) - URA, berne, verme de carne ou peixe podre; (adj.: ur) (xe) - ter berne: Xe ur. - Eu tenho berne. Xe u-xe ur. - Eu tenho muitos bernes. (VLB, I, 54); ...I ur, sasok abá-angaîpaba, kunhã-angaîpaba reté-a'ubane. - Terão bernes e terão vermes os corpos miseráveis dos homens pecadores e das mulheres pecadoras. (Ar., Cat., 164)
NOTA - Em guarani antigo também existia tal palavra, donde proveio o nome do rio URUGUAI, que banha o sul do Brasil, sendo, também, nome de um país sul-americano (v. p. 386).
urugûapupé (s.) - chaga, ferida, cancro (VLB, I, 67)
usá (s.) - UÇÁ, AUÇÁ, UAÇÁ, var. de caranguejo dos mangues, crustáceo da família dos gecarcinídeos (D'Abbeville, Histoire, 248; VLB, I, 67): Ausá-'ok. - Apanho caranguejos. (VLB, I, 66)
usũî (v.tr.) - atormentar: Xe usũî îepé. - Tu me atormentas. (VLB, I, 122)
(ou ygá) (etim. - pega água) (s.) - cabaça ou cabaço inteiros, sem serem cortados (VLB, I, 61); cabaça que serve para buscar água (D'Abbeville, Histoire, 283)
yapenunga (ou ygapenunga) (r, t) (s.) - onda: Kokoty paranã aé rame'ĩ o abaetéramo erimba'e gûekoagûera sosé... yapenunga ryapugûasuramo... - E por outra parte, semelhantemente, o próprio mar será mais terrível do que é seu costume, as ondas fazendo grande estrondo. (Ar., Cat., 159v-160); [adj.: ygapenung (r, t)] - undoso (o mar); (xe) fazer ondas (o mar) (VLB, II, 57)
'ybae'ẽ (ou 'yae'ẽ) (etim. - fruta doce) (s.) - UBAÉM, 1) cabaça; 2) espécie de melancia, planta da família das cucurbitáceas (Citrullus lanatus (Thunb.) Matsum. & Nakai) (D'Abbeville, Histoire, 228v)
'ybakaba (s.) - UBACABA, árvore mirtácea (Psidium radicans O. Berg) de flores amareladas, fruto amarelo alongado, cujo caroço é pequeníssimo (D'Abbeville, Histoire, 223v)
'ybapurunga (s.) - IBAPURINGA, árvore cecropiácea do gênero Pourouma, de fruto "como uvas bastardas pequenas, que dão mostras de nésperas" (Brandão, Diálogos, 218; Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 116; Theat. Rer. Nat. Bras., II, 147)
'ybaûiîu (s.) - GUABIJU, 1) árvore mirtácea (Eugenia guabiju O. Berg.) grande e grossa, de folhas longas e flores azuis; 2) o fruto dessa árvore (D'Abbeville, Histoire, 224v)
yby'amumbyaré (s.) - planalto, chapada; superfície plana e alta (VLB, I, 72)
'yembyîeîa (s.) - praia (VLB, II, 84)
'ykaraiuru (s.) - pia d'água benta (VLB, II, 76)
yké (s.) - flanco, lado, costado, ilharga: O pó, o py o yké kutukagûera bépe erimba'e ogûeropu'am? - Ergueu-se com as feridas de suas mãos, de seus pés e de seu flanco? (Ar., Cat., 44v); Minusu pupé iî yké kutuki... - Com uma lança espetaram seu flanco. (Anch., Diál. da Fé, 192) ● o ykébo - de lado, de ilharga (VLB, II, 17)
ypyó (s.) - grande quantidade, multidão; (adj.) - numerosos: Oré ypyó (ou Oré ypyó nhẽ). - Nós somos numerosos. (VLB, I, 81; II, 12)
-ypyr(a) - v. -pyr(a)
ytá2 (s.) - tear: aobytá - tear de roupas; inĩ-ytá - tear de redes (VLB, II, 125)
Bu (rio da BA). De mbu - barulho.
Camurugi (rio da BA). De kamuri + îy: rio dos camuris.
Catu (rio da BA). De katu: bom, limpo.
Corumbaú (rio da BA). De kurimã + 'y: rio dos curimãs, var. de tainha.
Embaúba (GO). V. Ambaíua.
Guararapes (colinas de PE). De guarara* - nome de uma ave + (a)pé (r, s): caminho das guararas. "Enfeitavãose de diversas maneiras (...).ornandose de vistozas, e lustrosas pennas de araras, guararas, canindés, e outros pássaros (...)" (Fr. Domingos de Loreto Couto [1757], p. 62.)
Guaricanga (SP). Planta da família das palmáceas. Talvez uma palavra da língua geral meridional.
Guriri (RJ). Planta palmácea, termo da língua geral meridional.
Inhambupe (rio da BA). De îambu + 'y + -pe: no rio dos inhambus.
Ipopoca (rio da PB). De 'y + pok (forma reduplicada: popok): água que estoura.
Itaboraí. De itá + berab/a + 'y: rio das pedras brilhantes.
Itaguari (rio da BA). De itá + kûara + 'y: rio do buraco das pedras.
Itapicuru (rio da BA). Nome que remonta ao primeiro século do Brasil: "Destes houve muitas insignes victorias ate que ficaram subjeitos todos os Indios comarcãos da Baya desde Camamu ate o Itapucuru (...)" (Anchieta [1584], Informação do Brasil e de suas Capitanias, p. 14). De itá + puku + ry [de y (t, t)]: rio das pedras compridas.
Itapucu. De itá + puku: pedra comprida.
Jacuípe (rio da BA). De îaku + 'y + -pe: no rio dos jacus.
Jaguarari (rio da BA). De îagûara + y (t, t): rio das onças.
Jurema (rio da BA). De îeremary: juremaris, juremas, árvores leguminosas.
Mandaçari, Vereda do (BA). De amanasãîa + y (t, t): rio das mandaçaias, abelhas meliponídeas.
Paramirim (rio da BA). De pará + mirĩ: rio pequeno.
Paratiji (rio da BA). De parati - peixes mugilídeos + îy - rio: rio dos paratis.
Paripe (rio da BA). De pari - canal para apanhar peixes (VLB, I, 65) + 'y + -pe: no rio do pari.
Patatiba (rio da BA). Nome de um pássaro em língua geral: [...] patatibas, coleirinhos, canarios, e outros, que em menos ajustada solfa, tambem agradavelmente cantaõ. (Rocha Pitta [1730], p. 28).
Patipe (rio da BA). De pati, var. de palmeira + 'y + -pe: no rio dos patis.
Piau, Ig. Grande do (PA). De piaba - peixes caracídeos.
Piauí. De piaba - peixes caracídeos + 'y: rio das piabas, rio dos piaus.
Sauípe (rio da BA). De saûí + 'y + -pe: no rio dos saguis.
Sorocabuçu (Ibiúna, SP). De sorok + -ab/a + -usu: grande rasgadura [da terra].
Taquari (rio da BA). De takûara + 'y: rio das taquaras.
Tibiri (rio da PB). De tybyra + 'y: rio da poeira.
Tijuípe (rio da BA). De teîu + 'y + -pe: no rio dos teiús.
Timburi (SP). Planta leguminosa cujo fruto é utilizado como sabão; termo da língua geral meridional.
Traripe (rio da BA). De tare'ira + 'y + -pe: no rio das traíras, peixes caracídeos.
Ubu (rio da BA). De 'yba + 'y: rio dos paus, rio das árvores.
BUENO, S., Vocabulário Tupi-Guarani Português. São Paulo, Brasilivros, 1984.
______As Línguas Gerais Sul-Americanas. In Papia, Revista de Crioulos de Base Ibérica, Vol 4, no 2, 1996.
______Moluscos do Brasil. (Col. Zoologia Brasílica). Ed. Itatiaia, Belo Horizonte, 1982.
STRADELLI, E., Vocabulário da Língua Geral: Português-Nheengatu e Nheengatu-Português. Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, 104 (158). Rio de Janeiro, 1929.
_____Doutrina Cristã, I (Catecismo Brasílico) (Edição facsimilar de manuscrito do Arquivo da Postulação Geral da Companhia de Jesus, n. 29, ms. 1730) (Organização, tradução e notas do Pe. Armando Cardoso). Edições Loyola. São Paulo, 1993.
Doutrina Cristã, II (Doutrina Autógrafa e Confessionário). (Edição facsimilar de manuscrito do Arquivo da Postulação Geral da Companhia de Jesus, n. 29, ms. 1730) (Organização, tradução e notas do Pe. Armando Cardoso). Edições Loyola, São Paulo, 1993.
_____Naturalien-Buch. In Brasil Holandês, vol. III (comentários de Dante Martins Teixeira). Editora Index, Rio de Janeiro, 1998.
(Lisboa) LISBOA, Frei Cristóvão de, Historia dos animaes e arvores do Maranhão [1631]. (Fotocópias do manuscrito no 1660 do Arquivo Histórico Ultramarino de Lisboa.)
(Sotomaior) SOTOMAIOR, Pe. João de, Jornada ao Pacajá [1656]. Publicada nos Documentos dos Arquivos Portugueses que importam ao Brasil, n. VIII, Lisboa, 1945, pp. 1-8.
(Theat. Rer. Nat. Bras.) THEATRUM RERUM NATURALIUM BRASILIAE, org. de Christian Mentzel (1660). Reprodução dos originais pela Editora Index, São Paulo, 1993.
(Vieira) VIEIRA, Antônio, Cartas. Edição de Lúcio de Azevedo, 3 vols. Coimbra, 1925-1928.
PINHEIRO, Ruy Carvalho [1635] (ex Biderman, M.T.C. (org.), Dicionário Histórico do Português do Brasil. (Projeto Institutos do Milênio do CNPq)
acabar - (intr.): pab; (tr.): moaûîé; mondyk; mombab
acordar - (intr.): pak; (tr.): mombak
adornar - moîegûak; moporang
afamado - i moerapûanymbyra (v. moerapûan)
afável - îerekûab
agasalhar (= hospedar) - mombytá
ajudante - pytybõana (m) (v. pytybõ)
aliado - îekotŷara
amadurecer (intr.) - aîub (xe)
amarelo (s.) - îuba
arma - popesûara (m) ● arma de fogo: pokaba (m); pororokaba (m)
ataque - tepenhandaba; pu'ama
bafo - timbora
balançar - (tr.): moîatimung; (intr.): atimung
barba - tendybaaba
batedor (de pilão) - unguá
brincadeira - nhemosaraîa
brincar - nhemosaraî
confiar - îerobîar
cônjuge - me'engaba
cotovelo - tendybangã; puraké
crença - terobîara
defensor - pysyrõana (v. pysyrõ)
desperdiçar - mombukab
despertar - (intr.): pak; (tr.): mombak
diante (de) - obaké (r, s)
dito (o que alguém diz) - 'esaba; 'îaba (v. 'i / 'é)
divertir-se - nhemosaraî
doador - me'engara (v. me'eng)
empanturrar - moebykatã
emprestar - poruukar
encaroçar (tr.) - moapaîugûá
encolher-se - nheŷnhang ● encolher-se (o pano): ponhea'ĩ
enfeitar - moîegûak
engrossar - mopungá
enroscar-se - îekundab; îeapapûar
ensinamento - mbo'esaba
esperança - îerobîasaba
estragar (tr.) - moangaîpab; momoxy; moaíb; erekomemûã; moaikatu
flechado - u'ubor(a)
golpear - petek; apixab
grudar - (tr.): moîar; (intr.): nhemoîar; pomong (xe)
hospedar - mombytá
ignorância - tekokuabe'yma
ignorante - tekokuabe'ym/a
intercalar - monhopa'ũmondoar; moîoparab; mopa'ũ
invejar (tr.) - moasy
- (= logo): ra'a; (rel. ao passado): umã
juízo - tekokuaba
juntar-se - nheŷnhang; îese'ar; îerobyk; îepotar
- (vis.): ebapó; ûĩme; (não vis.): akûeîpe; a'epe
manto (de penas) - aso'îaba
mentira - (e)mo'ema (r, s)
meu (s), minha (s) - xe
montanha - ybytyra
morro - ybytyra
nora - (de h.): ta'yraty; (de m.): membyraty
oco - (s.) ybỹîa; (adj.): ybyî/a
ornar - moîegûak
oxalá - temo! mã!
papada - tendybagûyaîa
parir - membyrar (xe)
parto - membyrara; membyrasaba (v. membyrar)
pejagoso - pomong/a; mong/a
peneira - urupema
peroba - yperoba
pimenta - ky'ynha
poder2 (v.) - 'ikatu / 'ekatu
porventura - nipó; (na interr.): iã? ipó? -pipó?
professor - mbo'esara; porombo'esara (m)
prover-se - nhemosaînan
punir - erekomarã
quando1 (= por ocasião de) - reme
queixo - tendybá; taîyba
regar - ypy (s); amõ; 'apiramõ
roça - kó; 'ybapa'ara
sobra - tembyra
sogra - (de h.): taîxó; (de m.): mendy
sogro - (de h.): tatu'uba; (de m.): menduba
sonolento - opesyî/a (r, s)
sonoro - sunung/a; pong/a
sossegado - pyk; osang/a (r, s)
sossegar (intr.) - apysyk/a (xe); arybé (xe); pytuẽ (xe); nhemoapysyk; nhemongatu
substituto - tekobîara
suco - typûera
sujar - mongy'a; mong (-îo-)
suspender (= pendurar) - moîasekó
terreiro (entre as ocas) - okara
transbordante - ynysem/a (r, t)
vapor - timbora
velar - (intr.): ma'enan; kerarõ; (tr.): arõ (s)
vencer (tr.) - moaûîé; ityk / eîtyk(a) (t)
virar - (intr.): bak; nhemoîereb; (tr.): pobur; moîereb ● fazer virar consigo; virar com: erobak
viscoso - pomong/a
vômito - gûe'ena
zunido - sununga
abanga (s) - covardia; (adj.: abang) - covarde: Xe abang. - Eu sou covarde. (VLB, I, 21)
abangaba (s.) - covardia, desânimo; (adj.: abangab) - acovardado, desencorajado, desanimado, desalentado, desmaiado de medo: Erĩ, nd'oré abangabi! - Ah, não estamos acovardados! (Anch., Teatro, 178)
abaraba (t) (s.) - mancha; [adj.: abarab (r, s)] - manchado (o animal): Xe rabarab. - Eu sou manchado. (VLB, II, 30); Xe rabará-barab. - Eu sou muito manchado. (VLB, II, 29)
aîa1 (s.) - 1) papo: aîusu - papo grande (VLB, II, 64); (adj.: aî) - papudo, (xe) ter papo: Xe aî. - Eu sou papudo; eu tenho papo. Xe aîusu. - Eu tenho papo grande. (VLB, II, 64); 2) nó da garganta (VLB, II, 50)
aîpi'ĩgûasu (etim. - aipim grande) (s.) - variedade de aipim (Vasconcelos, Crônica [Not.] II, § 72, 148)
aîpi'ĩ-îurumũmirĩ (etim. - aipim-jerimum pequeno) (s.) - variedade de aipim (Vasconcelos, Crônica [Not.] II, § 72, 148)
aîpi'ĩkaba (etim. - aipim gorduroso) (s.) - variedade de aipim (Vasconcelos, Crônica [Not.] II, § 72, 148)
aîpi'ĩpoka (etim. - aipim estourado) (s.) - variedade de aipim (Vasconcelos, Crônica [Not.] II, § 72, 148)
aîpi'ĩpytanga (etim. - aipim rosado) (s.) - variedade de aipim (Vasconcelos, Crônica [Not.] II, § 72, 148)
aîpĩmixyra (etim. - aipim assado) (s.) - bodião, peixe da família dos escarídeos, de carne venenosa (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 145; VLB, I, 56)
aîurar (v.tr.) - laçar o pescoço de, laçar pelo pescoço: Aîaîurar. - Lacei-o pelo pescoço. (VLB, II, 130)
aîurukuraú (s.) - CURAU, espécie de papagaio, da família dos psitacídeos. Vive na mata úmida ou seca, em palmais ou beira de rios. (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 205)
akaîu-'aîuba (etim. - amadurecimento dos cajus) (s.) - ano: Na mboby nhõ ruã akaîu-'aîubane aûîeramanhẽ-te. - Não serão somente poucos anos, mas para sempre. (Ar., Cat., 163; Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 94)
akambûasaba (s.) - 1) nastro, espécie de fita estreita (VLB, II, 48); 2) cordinha de algodão que os índios amarravam na cabeça e da qual pendiam, na parte posterior, algumas compridas penas vermelhas ou azuis (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 270)
akangaso'îaba (s.) - ornamento de cabeça dos índios (Laet, Novus Orbis, Livro XVI, cap. XVI, p. 620)
akangupabusu (etim. - almofada grande) (s.) - var. de travesseiro grande (VLB, I, 61)
akangupapuku (etim. - almofada comprida) (s.) - var. de travesseiro (VLB, I, 61)
akeakoty (posp.) - além de, adiante de, do outro lado de (VLB, I, 31)
akoroí (xe) (v. da 2ª classe) - assomar em grande número, serem muitos: Oré akoroí. - Nós assomamos em grande número, nós éramos muitos. (VLB, I, 75)
akûeakoty (posp.) - adiante de, para adiante de, para além de: Lisboa akûeakoty - para além de Lisboa (VLB, I, 48)
aku'ixa'ĩ2 (xe) (v. da 2ª classe) - esboroar-se (VLB, I, 122)
akyrara (etim. - arrancar verde) (s.) - aborto (sempre com algum complemento): Eremosangu'upe nde membyra akyrara potá? - Tomaste poção querendo o aborto de teu filho? (Anch., Doutr. Cristã, II, 88); (adj.: akyrar) - abortivo (VLB, I, 18); (xe) abortar: Xe membyrakyrar. - Abortei meu filho. (VLB, I, 18)
amaran (xe) (v. da 2ª classe) - alterar-se, mexer-se, agitar-se: Na xe amarani. - Eu não me altero. (VLB, I, 93)
Ambu'aûasu (etim. - ambuá grande) (s. antrop.) - nome de índio tupi (D'Abbeville, Histoire, 185)
amoresyma (etim. - amoré escorregadio) (s.) - nome de um peixe (Theat. Rer. Nat. Bras., I, 47)
amỹîndaba (etim. - aldeia ao lado) (s.) - aldeias vizinhas; arrabalde (Anch., Arte, 41)
amyrĩ (s.) - finado, defunto: Xe mendûera ipó re'ĩ, Piraka'ẽ amyrĩ! - Meu ex-marido há de ser certamente, o finado Piracaém. (Anch., Teatro, 8)
anaîá-mirĩ (etim. - anajá pequeno) (s.) - ANAJÁ-MIRIM, tipo de palmeira brava e pequena, de cocos pequenos e formosos palmitos (Attalea humilis Mart. ex Spreng.), também chamada catolé, pindoba, palmeirinha. Suas palmas também eram usadas para cobrir casas. (Sousa, Trat. Descr., 197-198)
anama1 (s.) - 1) família, parentela: Xe anama poepyka ké ixé aîkó. - Para vingar minha família aqui eu estou. (Staden, Viagem, 157); ...Xe anama nde raûsu. - Minha família te ama. (Anch., Poemas, 112); Arekó-angaturã xe anama poreaûsuba. - Tratei bem das aflições de minha família. (Anch., Teatro, 172); 2) parente: Nd'e'ikatuîpe abá o anameté resé... omendá? - Não pode alguém casar-se com seu parente verdadeiro? (Ar., Cat., 1686, 165); Xe abé xe anametá aroporaseî... - Eu também danço com meus parentes. (Anch., Poemas, 138); 3) raça, nação, povo, gente do mesmo grupo ou da mesma sociedade: Nd'ereîkóî xópe nde anama irũmo? - Não morarás com tua gente? (Léry, Histoire, 353); Aîepyk anhẽ sesé, i anama katu riré... - Vingo-me, de fato, deles, após tornar-se bom seu povo. (Anch., Teatro, 14)
andara (ou enoandara) (s.) - par para dança, parceiro de dança, o que dança abraçado com: I nhandaramo aîkó. - Sou seu parceiro de dança. (VLB, I, 18); Xe andaramo arekó. - Tenho-o como meu par para dança. (VLB, I, 18); (adj.: andar) (xe) - ter par para dança: Xe andar (abá) resé. - Eu tenho, no homem, um par para dança. (VLB, I, 18, adapt.)
angaîpapaba (s.) - pecado (VLB, II, 68); ruindade, maldade (VLB, II, 108)
angekotebẽ (etim. - aflição da alma) (s.) - aflição, angústia; (adj.) - aflito; (xe) afligir-se: Memeté rakó pé o eminguabe'yma rupi oguataba'e o angekotebẽnamo, korikorinhẽa'ub 'ara repîaki... - Quanto mais um caminhante se aflige por um caminho que não conhece, mais deseja logo ver o dia. (Anch., Doutr. Cristã, II, 79)
anhaman (xe) (v. da 2ª classe) - desesperar-se, inquietar-se, afligir-se: ...I anhamãngatu nipó i angaîpaba'e...-ne... - Desesperar-se-ão muito, certamente, os que são maus. (Ar., Cat.,161v)
Anhangoby (etim. - Anhanga verde) (s. antrop.) - nome de índio tupi (Anch., Teatro, 154, 2006)
Anhangupîara (etim. - adversário do Anhanga) (s. antrop.) - nome de índio tupi (Anch., Poesias, 57)
anhu'ybamirĩ (etim. - aniba pequena) (s.) - planta da família das lauráceas (Piso, De Med. Bras., IV, 195)
anhu'ybuna (etim. - aniba escura) (s.) - var. de anhu'yba (v.) (VLB, I, 65)
anhu'ybusu (etim. - aniba grande) (s.) - var. de anhu'yba (v.) (VLB, I, 65)
anhu'ytaîa (etim. - aniba ardida) (s.) - var. de anhu'yba (v.) (VLB, I, 65)
anhu'ytinga (etim. - aniba clara) (s.) - var. de anhu'yba (v.) (VLB, I, 65)
aomokangaba (s.) - lugar de estender roupa para secar (VLB, I, 128)
aparaîereb (xe) (v. da 2ª classe) - cair rodando (como um barril, um pote, etc.): Xe aparaîereb. - Eu caí rodando. (VLB, I, 63)
aparar (xe) (v. da 2ª classe) - vergar, cair (o que está assentado, como, p.ex., um pote): Xe ker-aparar. - Eu caí de sono. (VLB, I, 63)
apé3 (s.) - 1) casca (de ovo, noz, fruta mole, etc.); 2) vagem, legume: îakarandá-apé - vagem de jacarandá (Theat. Rer. Nat. Bras., II, 192); 3) concha (de marisco) (VLB, I, 79); 4) crosta, superfície, lado direito (o contrário de avesso): iî apé - o lado direito dele (VLB, I, 103); i apé koty - do lado da superfície de, do lado de fora de (p.ex., de um vaso, de algo que tenha lado interior e exterior) (VLB, I, 92); 5) casco (de embarcação): Aîapé-kytyk. - Breei o casco dele. (VLB, I, 59); apé-'yba - pau do casco (da canoa) (VLB, II, 7); (adj.) - cascudo, de casca, que tem casca, crosta ou casco: sypó-tinga-apé - cipó claro de casca (nome de uma planta) (Theat. Rer. Nat. Bras., II, 197); gûamaîaku-apé - guamaiacu cascudo (nome de peixe que se abriga sob uma carapaça espinhosa sólida, de onde emergem pontas córneas, grossas e resistentes) (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 142) ● apepûera - casca arrancada (do ovo, da fruta, etc.); concha vazia (sem o marisco) (VLB, I, 79): ...Inaîagûasu apepûera amõ pupé i nhang'iré... - Após vertê-la dentro de alguma casca de coco... (Ar., Cat., 1686, 353)
apere'a (s.) - PREÁ, APEREÁ, nome comum às espécies de mamíferos da família dos caviídeos, do gênero Cavia (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 223; VLB, II, 18)
ape'yba (etim., pau de casca) (s.) - APEÍBA, árvore tiliácea; o mesmo que apé2 (v.) (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 273)
api'ab (v.tr.) - castrar, cortar os testículos - Ereîapi'a'ipe pitangamo i kerype koîpó marandé serekóbo? - Castraste-o, sem mais, sendo criança, em seu sono, ou de outra maneira tratando-o? (Anch., Doutr. Cristã, II, 88)
apixosok (v.tr.) - fazer aos trancos, fazer confusamente (p.ex., o que se lê, o que se conta ou se refere, por se fazer muito às pressas): Aîapixosok. - Fi-lo aos trancos, fi-lo confusamente. (VLB, I, 47, 116)
apor (xe) (v. da 2ª classe) - desistir, abrir mão, deixar passar, relevar (com palavras); ser liberal, ser pacífico, ser condescendente, ser tolerante, deixar as coisas para lá [compl. com esé (r, s) ou com gerúndio]: Na xe apori. - Não desisto (teimo, sou importuno). (VLB, II, 10); N'i apori oré sumarã îepinhẽ oré ra'anga. - Não desiste nosso inimigo de sempre nos tentar. (Anch., Poemas, 174); Tynysẽ memẽ ygasaba... N'i apori kaûĩ resé... - Estão sempre cheias as igaçabas... Não abrem mão do cauim. (Anch., Teatro, 34)
apu'a (s.) - bola; redondeza; (adj.) - redondo como bola, como esfera: apykabapu'a - banco redondo (VLB, I, 51); Xe apu'a. - Eu sou redondo. (VLB, II, 99) ● itapu'a - bola de pedra; ybyrapu'a - bola de madeira (VLB, I, 56)
apûa'ĩ (xe) (v. da 2ª classe) - ser curto: Xe apûa'ĩ. - Eu sou curto. (VLB, I, 88)
apupeybyra (t) (s.) - raspas, como de cascas de árvore da parte de dentro (como as da figueira do inferno para as feridas) (VLB, II, 97)
apupira (t) (s.) - partes sexuais, pudendas (Castilho, Nomes, 38); vagina (VLB, II, 35) ● apupi-îuru (t) - orifício vaginal (Castilho, Nomes, 38)
apy'ambaba (s.) - encapeladura de mar ou de rio (VLB, I, 38)
apỹîatĩ (etim. - aro pontudo) (s.) - madeiras que eram introduzidas nas narinas perfuradas (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 271)
apymondyk (v.tr.) - dar remate, rematar, acabar: Aîapymondyk. - Rematei-o; acabei-o. (VLB, II, 100)
apysaba (t) (s.) - marca de ferro em brasa (p.ex., no gado) (VLB, I, 138)
apysakûara (s.) - buracos das orelhas, orifícios auriculares (Castilho, Nomes, 28): Asé apysakûá-puka potá. - Querendo furar os buracos das orelhas da gente. (Ar., Cat., 81v); Xe apysakûá-kanhem. - Eu tenho os buracos das orelhas perdidos (isto é, não ouço nada). (VLB, I, 118) ● apysakûaru'uma - cera do buraco das orelhas (Castilho, Nomes, 28); apysakûarygugûá - cera de ouvidos (VLB, I, 70); apysakûá-îe'o - buraco das orelhas tapados (VLB, I, 118)
apysakûaraby (xe) (v. da 2ª classe) - chegar aos ouvidos imperfeitamente, entreouvindo: Xe apysakûaraby moranduba. - Uma notícia chegou-me aos ouvidos. (VLB, I, 119)
apytama (s.) - 1) cambada, enfiada (de qualquer coisa), isto é, feixe de coisas unidas e enfiadas no mesmo cordão, no mesmo gancho, etc. 2) molho, ramalhete (VLB, I, 64)
'apyteraname'yma (etim. - alto da cabeça não espesso) (s.) - moleira (Castilho, Nomes, 29)
ara'a1 (s.) - lugar não mortal do corpo: Iî ara'ape inhybõû. - Flechou-o em lugar não mortal (ou não perigoso). (VLB, II, 42)
araruna1 (etim. - arara escura) (s.) - ARARAÚNA, ave psitaciforme da família dos psitacídeos, habitante do cerrado brasileiro, principalmente das regiões onde ocorrem buritizais. É conhecida, também, como arara-azul, arara-preta. (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 206)
Araruna2 (etim. - arara escura) (s. antrop.) - nome de índio tupi (Vasconcelos, Crônica [Not.] II, §2, 114)
arasamirĩ (etim. - araçá pequeno) (s.) - ARAÇÁ-MIRIM, planta mirtácea (Psidium guineense Sw.); 2) o fruto dessa árvore (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 62)
araso'iá (etim. - açoiaba de arara) (s.) - ARAÇOIA, ARAZOIA, ornato feito de penas de nhandu ou de arara que era amarrado nos quadris e que descia quase aos joelhos (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 271; Staden, Viagem, 71)
araso'iapeba (etim. - araçoia achatada) (s.) - var. de planta herbácea da família das alismatáceas; espadana (VLB, I, 125)
aratikuapé (etim. - araticum de casca) (s.) - ARATICUM-APÊ, árvore anonácea, Annona montana Macfad. (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 93)
aratikugûasu (etim. - araticum grande) (s.) - nome de uma planta (Theat. Rer. Nat. Bras., II, 171)
aratue'ẽ (etim. - aratu sápido, que tem muito sabor) (s.) - ARATUÉM, variedade de camarão (Sousa, Trat. Descr., CXLV)
aratupeba (etim. - aratu achatado) (s.) - ARATUPEBA, espécie de crustáceo dos mangues, da família dos grapsídeos. Vive em árvores ou arbustos, nos quais sobe facilmente, curiosamente se deixando cair quando ouve um ruído estranho. (D'Abbeville, Histoire, 248; Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 183 e 185)
aratupinima (etim. - aratu pintado) (s.) - espécie de crustáceo dos mangues, da família dos grapsídeos (D'Abbeville, Histoire, 248; Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 183 e 185)
araûaûapeba (etim. - araguaguá achatado) (s.) - peixe-morcego, da família dos oncocefalídeos (Laet, Novus Orbis, Livro XV, cap. XII, §17) (Laet o confundiu com o puraquê.)
aso'îaba (s.) - 1) manto, cobertura, cobertor (VLB, I, 66; 75); 2) AÇOIABA, carapuça, manto de penas de índios (VLB, I, 67); 3) tampa, tampão (tb. de panela) (VLB, II, 124; 127)
atîama (s. onomat.) - espirro (VLB, I, 127); (adj.: atîam) (xe) - espirrar: Xe atîam. - Eu espirro. (VLB, I, 126)
atiman (v.tr.) - fazer girar; fazer voltar; fazer retornar ● atimandaba - tempo, lugar, modo, etc. de retornar, o retorno: xe atimandápe - por ocasião de meu retorno (VLB, II, 132)
atitara (ou 'ybatitara) (s.) - TITARA, JACITARA, planta palmácea sarmentosa (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 64)
atuaupapuku (etim. - almofada comprida) (s.) - travesseiro (VLB, I, 61)
'atybak (xe) (v. da 2ª classe) - voltar o rosto para trás: Urubu mba'enema 'arybo nhemoîereba... îabé, nde atybak. - Como o revolutear de um urubu sobre coisas fedorentas, tu voltas o rosto para trás. (Anch., Doutr. Cristã, II, 111-112)
aûîé8 (xe) (v. da 2ª classe) - render-se, estar vencido: I aûîé mu'amarûera... - Renderam-se os oponentes. (Anch., Teatro, 52); Xe aûîé. - Eu fui rendido. (VLB, II, 101)
aûîeparab (xe) (v. da 2ª classe) - pintar-se, estar madura e manchada (fal. de fruta) (VLB, II, 78)
aybõ (v.tr.) - fazer agouro para, fazer prognósticos para: Asaybõ. - Faço agouros para ele. (VLB, I, 27)
beraberapapuku (s.) - estandarte (VLB, I, 128)
eirapu'a (etim. - abelha de bola) (s.) - IRAPUÁ, ARAPUÃ, abelha da família dos meliponídeos, que nidifica no alto das árvores, com "casas" em forma de uma bola de meio metro de diâmetro (D'Abbeville, Histoire, 319; VLB, I, 18)
ekoabaé (ou ekoabanhẽ) (adv.) - naturalmente (VLB, II, 48)
ekopoxy (t) (s.) - maldade, pecado; vida má, mau hábito, mau proceder, vício: ...Tekopoxypûera tyma... - Enterrando os antigos vícios. (Anch., Teatro, 58); Oré 'anga t'oîosu, sekopoxy mosasãîa. - Que nossa alma ele visite, dispersando os vícios dela. (Anch., Teatro, 118); [adj.: ekopoxy (r, s)] - maldoso, pecador: Na xe rekopoxyî xûé angiréne. - Não serei pecador doravante. (Ar., Cat., 237)
embe'ytá (t) (s.) - talabardão, alcatrate, série de pranchões que servem de remate dos revestimentos externo e interno do casco das embarcações (VLB, I, 30)
endyapytaîyka (ou enyapytaîyka) (t) (etim. - saliva dura) (s.) - fleugma (VLB, I, 143)
enembu'i (s.) - escaravelho, nome comum aos insetos da família dos escarabeídeos, principalmente os que se alimentam de fezes de mamíferos herbívoros. Há certas espécies cujas fêmeas põem ovos em bolinhas de excremento que empurram e depois enterram. São também conhecidos como carocha, rola-bosta, bicho-bolo, etc. (VLB, I, 123)
eno- pref. da voz causativo-comitativa (v. ero-)
enonhan (v.tr.) - fazer correr consigo, correr com: ...Anonhan, arobebéne... - Fá-los-ei correr comigo, fá-los-ei voar comigo... (Anch., Teatro, 40)
erakûatiasaba (t) (s.) - matrícula; inscrição do nome (VLB, II, 33)
erekoabanhẽ (t) (s.) - naturalidade; [adj.: erekoabanhẽ (r, s)] - natural; não artificial (VLB, II, 48)
ero'am (v.tr.) - fazer estar em pé consigo, estar em pé com: Oîxamysyk sero'ama... - Amarraram-no com corda, fazendo-o estar em pé. (Ar., Cat., 56v)
erobasem (v.tr.) - fazer chegar consigo; chegar com: Enhambé! T'oú-te muru, ranhẽ, o nharõ rerobasema. - Espera! Que venha o maldito, primeiro, chegando com sua ferocidade. (Anch., Teatro, 138); Mamõpe ybŷá Îandé Îara rerobasemi ko'yté? - Aonde chegaram com Nosso Senhor, enfim? (Ar., Cat., 62)
erobebé (v.tr.) - fazer voar consigo; voar com: Abebé kó ybytu îá...; arobebéne... - Vôo como este vento; fá-los-ei voar comigo... (Anch., Teatro, 40)
erobur (v.tr.) - fazer emergir consigo, vir para cima com (p.ex., o mergulhador que foi buscar alguma coisa no fundo do rio): Arobur. - Fi-lo emergir comigo. (VLB, II, 121)
erogûatá (v.tr.) - fazer andar consigo, andar com: Angari abaregûasu arogûatá... - Portanto, ando hoje com o provincial. (Anch., Poesias, 56)
eroîase'o (v.tr.) - lastimar, lamentar, deplorar, chorar com, fazer chorar consigo: ...O angaîpaba moasŷabo, seroîasegûabo... - Arrependendo-se de seus pecados, deplorando-os. (Anch., Dial. da Fé, 229)
eroîeoî (v.tr.) - fazer ir consigo ● emieroîeoîa (t) - o que alguém faz ir consigo: Marangatuba'e santos ybakype Tupã remieroîeoîa setá. - Os beatos e os santos que Deus faz ir consigo para o céu são muitos. (Ar., Cat., 8)
erokaî (v.tr.) - fazer queimar consigo, queimar com: Îaro'a tatá pupé serokaîa... - Façamo-lo cair conosco no fogo para fazê-lo queimar conosco. (Anch., Teatro, 164)
erokarûera (t) (s.) - padrinho ou madrinha (de batismo ou crisma): xe rerokarûera - meu padrinho (VLB, II, 27)
erokub (v.tr.) - fazer estar consigo, estar com; ter, possuir: ...Serapûan Gûaraparĩ, Tupãoka rerokupa. - É famosa Guaraparim, tendo uma igreja. (Anch., Poesias, 58)
eroporaseî (v.tr.) - dançar com, fazer dançar consigo: Xe abé xe anametá aroporaseî seru. - Eu também os meus parentes trazendo, faço-os dançar comigo. (Anch., Poemas, 138)
eroten (v.tr.) - fazer firmar consigo, fazer fixar consigo, firmar com, fixar com: Aroten. - Firmei-o comigo. (Anch., Arte, 57)
ero'yasab (v.tr.) - barquear, cruzar o rio com, fazer cruzar o rio consigo: Aporero'yasab. - Barqueei as pessoas. (VLB, I, 52) ● ero'yasapara (t) - o que barqueia, o que faz cruzar o rio consigo (VLB, I, 52)
esaba (t) (s.) - zarolho (D'Evreux, Viagem, 157); [adj.: esab (r, s)] - 1) torto de algum olho: Xe resab. - Eu sou torto do olho. (VLB, II, 133); 2) cego; [adj.: esab (r, s)] - cego: Xe resab. - Eu sou cego. ● sesabyba'e - o que é cego (VLB, I, 70)
esapopy (t) (s.) - lacrimal do olho (VLB, II, 17)
-e'ymumẽ (suf.) - não deixar de (com o imper. ou o permiss.): Eîpotare'ymumẽ. - Não deixes de o querer. (Anch., Arte, 34v)
gûaîaý (s.) - penagens, cocares, enfeites de penas usados na cabeça: Aîgûaîaý-moîar. - Grudei penagens nele. (VLB, I, 112)
gûarusueremimby (s.) - cigarra, nome comum aos insetos homópteros, da família dos cicadídeos, cujos machos são providos de órgãos musicais e que geralmente morrem cantando (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 256-257; Theat. Rer. Nat. Bras., II, 63)
(g)ûi (pref. da 1ª p. do sing., usado com verbos intr. no gerúndio): ...Nde pyri gûitekóbo nhẽ. - Estando eu junto de ti. (Anch., Poemas, 100); Aîemĩngatu kó gûitupa... - Escondo-me bem estando deitado aqui. (Anch., Teatro, 32); gûimanõmo - morrendo eu (Anch., Arte, 28v)
gûyrá (ou ûyrá) (s.) - ave, em geral; pássaro, em geral, UIRÁ: ...Xe pysy-potar-y bé serã kó gûyragûasu... - Talvez queira agarrar-me novamente este pássaro grande... (Anch., Teatro, 58); ...Îusana oĩ nhote. Gûyrá aé osó i pupé, o'á. - O laço está quedo. O pássaro é que vai dentro dele, caindo. (Ar., Cat., 29v); gûyrá raba - pena de pássaro (Fig., Arte, 71); ...Ûyrá-tinga our xébe. - Um pássaro branco veio para junto de mim. (D'Abbeville, Histoire, 353) ● gûyrá-mirĩ - passarinho (VLB, II, 67); ûyrá-îurupari - pássaros noturnos que não cantam, que têm um pio queixoso, enfadonho e triste, que vivem sempre escondidos, não saindo dos bosques e que deviam conviver com o Jurupari; "pássaros do diabo" (D'Evreux, Viagem, 293)
gûyragûasuúna (etim. - ave grande e escura) (s.) - nome de uma ave (Libri Princ., vol. II, 38)
gûyrapereá (etim. - ave preá) (s.) - GUIRAPEREÁ, ave da família dos traupídeos (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 212)
gûyrapitinga (etim. - ave pintada) (s.) - nome de uma ave (Theat. Rer. Nat. Bras., I, 139)
gûyrapoti'apyrangaîuparaba (etim. - ave do peito manchado de vermelho e amarelo) (s.) - nome de uma ave (Brasil Holandês, vol. III, 50)
gûyrarunhe'engetá - v. gûyrarurunhe'engetá (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 209)
gûyrasama (etim. - ave-corda) (s.) - nome de uma ave (Theat. Rer. Nat. Bras., I, 102)
gûyrasapukaîa (etim. - ave que grita) (s.) - galo; galinha: ...Gûyrasapukaîa îabé ereîetu'u... - Como um galo te deitas. (Anch., Doutr. Cristã, II, 111)
gûyratinga (ou ûyratinga) (etim. - ave branca) (s.) - GUIRATINGA, ACARATINGA, ave ciconiforme americana da família dos ardeídeos, de cor branca. Era conhecida no século XVI como garça. (Cardim, Trat. Terra e Gente do Brasil, 61; VLB, I, 146) ● ûyratingusu - garça grande (Staden, Viagem, 70)
îabé2 (conj.) - assim como... também; do mesmo modo que... também; como... assim também; assim como... assim também: Akó 'y asé reté moîasuka îabé, akûeîa îabé... - Assim como esta água lava o corpo da gente, aquela também. (Anch., Doutr. Cristã, 201)
îabeburapinima (etim. - arraia da cabeça pintada) (s.) - arraia de água doce de um palmo e meio de comprimento, muito redonda, perigosa e peçonhenta (Lisboa, Hist. Anim. Árv. do Maranhão, fls. 173v-174)
îasear (xe) (v. da 2ª classe) - unir-se: I îasear apŷabaíba... - Uniram-se os homens maus. (Anch., Teatro, 54)
îeamĩ (ou nheamĩ) (v. intr.) - espremer-se, apertar-se: Ereîeamĩpe nde resé abá rekó riré nde memby-potare'ymamo? - Espremeste-te após alguém fazer sexo contigo, não querendo filhos? (Ar., Cat., 1686, 235)
îeîsara (ou îusara ou îusûara) (s.) - JUÇARA, IUÇARA, palmeira alta e delgada da mata atlântica (Euterpe edulis Mart.): îeîsaru'ã - palmito de juçara (VLB, II, 63) (o mesmo que îusara - v.)
îekûaba (s.) - lugar em que se está: Nde pu'amixûé nde îekûápe nde ruba... pé? - Tu costumas levantar-te no lugar em que estás diante de teu pai? (Anch., Doutr. Cristã, II, 86)
îepyaobok (etim. - arrancar-se o pano dos pés) (v. intr.) - descalçar-se: Aîepyaobok. - Descalcei-me. (VLB, I, 96)
îese'ara (s.) - união: ...Oîepé og ekó-karaíba îese'ara pupé nhẽ. - São um na união de seu ser sagrado. (Anch., Doutr. Cristã, I, 134)
îeysá (s.) - estatura (de pessoa), comprimento, compridão (de qualquer coisa) (VLB, I, 128): îeysá-puku - estatura elevada (p.ex., de pessoa); (adj.) - ter estatura: Xe îeysá-puku. - Eu tenho estatura elevada. (VLB, I, 33)
inaîé (s.) - INDAIÉ, INAJÉ, ANAJÊ, INAJÊ, ave falconiforme da família dos acipitrídeos (Theat. Rer. Nat. Bras., I, 159)
îosar (xe) (v. da 2ª classe) - arder, requeimar (como certas ervas) (VLB, II, 102)
iperu (s.) - tubarão; o mesmo que yperu (v.)
iraîty (s.) - cera (VLB, I, 70): Aîkytyk iraîty pupé. - Esfreguei-o com cera. (VLB, I, 114)
itareré (s.) - bica que corre em cima de alguma rocha ou penedia ou por debaixo dela (VLB, I, 55)
Itaunguá2 (etim. - almofariz de pedra) (s. antrop.) - nome de índio tupi (D'Abbeville, Histoire, 187)
îukyry (etim. - água de sal) (s.) - JUQUIRAÍ, salmoura, molho, nome com que os índios chamavam um tempero formado pela junção de sal e pimenta cuiém seca e pisada, usado para carnes e peixes (D'Abbeville, Histoire, 306v)
îupará (s.) - JUPARÁ, PAPURÁ, JURUPARÁ, animal carnívoro da família dos procionídeos (Potus flavus Schreb.), também chamado macaco-da-meia-noite (D'Abbeville, Histoire, 252v; Sousa, Trat. Descr., 258)
îupati1 (s.) - JUPATI, nome de mamífero marsupial, da família dos didelfídeos, do gênero Philander. "Não se comem, os quais criam em troncos das árvores velhas." (Sousa, Trat. Descr., 254-255)
îurará (s.) - JURARÁ, espécie de tartaruga (v. îururá) (VLB, I, 62)
îurikûara (s.) - erva que cresce na floresta, que era usada para curar úlceras venéreas malignas (Piso, De Med., Bras., 196)
îuru2 (s.) - bocado, porção de alimento que se põe na boca, trago, sorvo: oîepé îuru nhõ - somente um bocado (VLB, I, 56); E'u oîepé îuru nhote. - Toma um só trago. (VLB, II, 121)
îuruîaba (etim. - abertura de boca) (s.) - fenda, abertura (VLB, I, 18)
îururá (ou îurará) (s.) - IURARÁ, JURARÁ, JURURÁ, réptil da ordem dos quelônios, da família dos pleomedusídeos, de carne e ovos muito apreciados pelos habitantes da região amazônica (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 241)
îybaubagûasu (s.) - roca, tiras estreitas que se colocavam ao comprido das mangas dos vestidos, e que deixavam entrever o tecido sobre o qual se assentavam (VLB, II, 107)
ka'apûanama (etim. - ajuntamento de mata) (s.) - moita ou ponta de mato muito vastas (VLB, II, 43)
ka'atîá (s.) - erva-de-cobras, planta da família das euforbiáceas (Chamaesyce serpens (Kunth) Small), usada para curar mordidas de serpentes (Piso, De Med. Bras., III, 172)
kanapa'yba (ou kunapo'yba) (s.) - CANAPAÚBA, variedade de mangue (Laguncularia racemosa (L.) C.F. Gaertn.) (Sousa, Trat. Descr., 219)
kangyra (s.) - TUCANGUIRA, TOCANDIRA, TOCANERA, TOCANTERA, TOCAINARÁ, TOCANGUIRA, TOCANQUIBIRA, inseto himenóptero da família dos formicídeos, formiga grande e preta, cuja picada é dolorosa (D'Abbeville, Histoire, 256)
kapir (etim. - aparar mato) - 1) (v. intr.) - CARPIR, roçar, mondar as plantas; limpar as ervas, tirando-as: Akapir. - Carpi. (VLB, II, 41); 2) (v.tr.) CARPIR, mondar: Aîkapir. - Carpi-as. (VLB, II, 41) ● kapisaba - tempo, lugar, modo, etc. de mondar, de carpir; monda, ato de mondar ou carpir as plantas (VLB, II, 41)
kará1 (s.) - 1) CARÁ, CARANAMBU, CARATINGA, nome de várias plantas da família das discoreáceas. É nome atribuído erroneamente ao inhame. 2) o tubérculo comestível de algumas dessas plantas (D'Abbeville, Histoire, 229v; Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 29) ● kará-embó - vergôntea de cará (VLB, II, 144)
karaíba3 (s.) - 1) santidade: Tupã aé, o karaíba pupé, i 'anga seté monhangi. - O próprio Deus, com sua santidade, as almas e os corpos deles fez. (Anch., Teatro, 28); 2) poder do espírito, virtude: -Marãpe i monhangi? -O karaíba pupé. -Como os fez? -Com o poder do seu espírito. (Ar., Cat., 42); (adj. - karaíb ou karaí): santo, bento; divino, sagrado, virtuoso, benzido: Oîeypyî 'y-karaíba pupé. - Asperge-se com água benta. (Ar., Cat., 24); ...A'e anhẽ mosapyr pessoaamo i îa'oki, oîepé og ekó-karaíba îese'ara pupé nhẽ. - Eles, na verdade, em três pessoas se distinguem, na união de seu único ser divino. (Anch., Doutr. Cristã, I, 134); Xe cristão, xe karaí. - Eu sou cristão, eu sou virtuoso. (Anch., Teatro, 164); Xe karaíb. - Eu estou benzido.(VLB, I, 54)
karakoba (s.) - pedaço de pano atado na frente para cobrir os órgãos sexuais (D'Evreux, Viagem, 131)
NOTA - No P.B. (Amaz.), CARUARA é 1) mal ou enfermidade causada por feitiço; quebranto, mau-olhado; 2) achaque, doença; 3) dor reumática; 4) doença neurológica conhecida como dança de São Guido (In Novo Dicion. Aurélio).
keraparar (xe) (v. da 2ª classe) - cair de sono totalmente, cochilar cabeceando: Xe kerapará-parar. - Eu estou caindo de sono. (VLB, I, 62; II, 133)
kerar (xe) (v. da 2ª classe) - cair de sono; cochilar: Xe kerá-kerar. - Eu estou caindo de sono. (VLB, I, 62)
kerasem (xe) (v. da 2ª classe) - gritar dormindo: Xe kerasẽ-rasem. - Eu fico gritando dormindo. (VLB, I, 129)
komandagûasu (ou komandaûasu) (etim. - comandá grande) (s.) - 1) fava (Fig., Arte, 140; Léry, Histoire, 333, 1994; Theat. Rer. Nat. Bras., II, 200): -Ma'epe ereîpotar? -Îetyka, komandaûasu... - Que queres? - Batata-doce, favas. (Léry, Histoire, 347); komandagûasu-tyba - faval, plantação de favas (VLB, I, 135); 2) feijão (VLB, I, 136)
kûapomonga (s.) - erva plumbaginácea que viça naturalmente nos terrenos arenosos, de propriedades medicinais (Piso, De Med. Bras., IV, 199)
kuîa - v. (e)kuîa (r, s)
kumari (s.) - CUMARI, variedade de pimenta nativa (Capsicum frutescens L.), arbusto da família das solanáceas (Sousa, Trat. Descr., 186; Brandão, Diálogos, 195)
kumaru (s.) - CUMARU, CUMBARU, árvore da família das leguminosas, própria da mata úmida, de grande porte e de ótima madeira (D'Abbeville, Histoire, 226)
kupy3 (s.) - 1) parte interna da coxa (Castilho, Nomes, 31); 2) perna: Aîkupyîurar. - Lacei-lhe as pernas. (VLB, II, 74); Aîkupy-pûar. - Amarrei-lhe as pernas. (VLB, I, 46)
kurikaka (s.) - CURACACA, CURICACA, CURUCACA, ave ciconiforme da família dos tresquiornitídeos, da América do Sul, de hábitos gregários e vôo possante, encontrada nos brejos e pantanais (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 191)
kurupirara (etim. - apanha-Curupira) (s.) - 1) nome de um brinquedo de crianças (Nieuhof, Ged. Reize, 217); 2) dança ou modo de saltar de índios de menor idade (Vasconcelos, Crônica [Not.], §143, 107)
kurupireíra (etim. - abelha do Curupira) (s.) - abelha silvestre da família dos meliponídeos, cujo mel produz intoxicação (Piso, De Med. Bras., IV, 178)
kutuk2 (v.tr.) - fazer liso, alisar (o mesmo que kytyk - v.) (VLB, II, 23)
NOTA - CURIMBABA, no P.B. (MG), também tem o sentido de capanga.
maîé (s.) (forma absol. de paîé ou o mesmo que paîé - v.) - PAJÉ, feiticeiro indígena, xamã: Osekyî kunhã maîé Karûara. - Invocam as mulheres o pajé Caruara. (Anch., Teatro, 148)
mamõ3 (s.) - lugar: ...Opakatu mamõ mopori. - Todos os lugares preenche. (Ar., Cat., 26); -Mamõpe Tupã rekóû? -Nda mamõ nhõ ruã. -Onde Deus está? -Não num só lugar. (Anch., Doutr. Cristã, I, 158); mamõ suí - de algum lugar, dalgures, de alguma parte (VLB, I, 89)
mangaba (s.) - 1) MANGABA, MANGABEIRA árvore apocínea (Hancornia speciosa Gomes), comum nos cerrados e no litoral nordestino, com flores amarelas, produtora de látex. É aplicada na medicina popular brasileira no tratamento da tuberculose e de afecções da pele e do fígado. 2) MANGABA, fruto polposo e muito doce dessa árvore (D'Abbeville, Histoire, 218v; Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 121) ● mangaby - licor de mangaba (VLB, II, 146)
manõîa (s.) - lugar: manõîa suípe? - de que lugar? (VLB, I, 106)
marandé3 (conj.) - além de, e além disso, e também: Kunhã, marandé tunhaba'e, kunumĩ, kunhataĩ tiruã. - Mulheres, além de velhos, meninos e até meninas. (Anch., Doutr. Cristã, I, 207)
mba'etyba (etim. - abundância de coisas) (s.) - fertilidade (p.ex., da terra); lugar fértil (VLB, I, 138)
mbeîupirá (etim. - andorinha peixe) (s.) - BIJUPIRÁ, o mesmo que mbyîu'ipirá (v.) (Piso, De Med. Bras., 154)
mboby1 (pron.) - alguns, poucos: Aîrarõpe muru ká; na mboby ruã... - Hei de irritar os malditos; e não são poucos... (Anch., Teatro, 168)
mborá (s.) - BORÁ, VORÁ, variedade de abelha social da família dos meliponídeos: Eîori, mba'enem, mba'e-poxy, mborá...! - Vem, coisa fedorenta, coisa nojenta, borá! (Anch., Teatro, 44)
mboro- (pref.) - alomorfe de moro- (v.)
mbouk (v.tr.) - dar náusea, dar ânsia de vômito, dar enjôo, dar engulhos: Xe mbouk xe remi'u. - Dá-me ânsia de vômito minha comida. (VLB, I, 117)
mbyîu'ipirá (etim. - andorinha peixe) (s.) - BIJUPIRÁ, BEIJUPIRÁ, BEIUPIRÁ, peixe da família dos raquicentrídeos. "É muito sadio, gordo e de bom gosto." (Cardim, Trat. Terra e Gente do Brasil, 52)
mendara (s.) - 1) casado(a) - Ereîkópe mendara, mendarûera resé? - Tens relações com uma casada, com uma que foi casada? (Anch., Doutr. Cristã, II, 89); 2) casamento; matrimônio: -Marãpe amõ îandé 'anga posanga? -Mendara. -Qual é o outro remédio de nossa alma? -O matrimônio. (Ar., Cat., 94); 3) cônjuge: I mendá-mokõîa resé i byk'iré... - Após tocar em seu segundo cônjuge. (Ar., Cat., 280); (adj.: mendar) - casado: Ereîkópe kunhã-mendara resé? - Tiveste relações sexuais com uma mulher casada? (Ar., Cat., 109)
miamĩama (s.) - lugar de espremer mandioca (VLB, I, 127); espremedor de mandioca (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 66)
mienotĩ (etim. - aquilo de que se envergonha) (s.) - os órgãos sexuais, as vergonhas (VLB, II, 144); as partes sexuais (VLB, II, 66)
mimby2 (v.tr.) - fazer soar, tocar (flauta ou instrumento de sopro): Aîmimby. - Faço-a soar. (VLB, II, 124)
mirukaîa (s.) - MIRAGAIA, MURUCAIA, MIRAGUAIA, peixe da família dos cianídeos do Atlântico ocidental. Emite sons que lembram o bater de um tambor. (Sousa, Trat. Descr., 288)
moabaré (ou mboabaré) (v.tr.) - fazer ser padre, ordenar: Aîmoabaré. - Ordenei-o. (VLB, II, 58); Aîmoabaré Pedro. - Faço Pedro ser padre. (Anch., Arte, 48v) ● emimboabaré (t) - o que alguém torna padre: ...Semimboabaré sekobîara bé missa pupé miapé rari o pópe sobasapa... - Os que ele torna padres e seus substitutos na missa tomam o pão em suas mãos, benzendo-o. (Ar., Cat., 84v)
moangaîbar (v.tr.) - fazer emagrecer: Aîmoangaîbar. - Fi-lo emagrecer. (VLB, I, 112)
moapytam (v.tr.) - fazer enfiada de, fazer feixe de (coisas unidas e enfiadas no mesmo cordão, no mesmo gancho); enfeixar: Aîmoapytam pirá. - Fiz enfiada de peixes. (VLB, I, 64)
moberab (v.tr.) - fazer brilhar: Eîmoîasyk, xe py'a moberapa... - Lava-o, fazendo brilhar meu coração... (Ar., Cat., 154, 1686)
mobobok (v.tr.) - fazer rachar (em muitas partes) (VLB, II, 95)
mo'e1 (v.tr.) - fazer ficar, fazer estar, fazer mostrar-se: Ten amo'e. - Faço-o ficar com firmeza. (Anch., Arte, 57); (Seu gerúndio é mo'îabo): Ten i mo'îabo. - Fazendo-o estar com firmeza. (Anch., Arte, 57)
mogûab2 (v.tr.) - saciar: Aî'useî-mogûab. - Saciei minha vontade de comê-lo. (VLB, I, 98)
mogûeîyb (v.tr.) - fazer descer (VLB, I, 91)
moîarõ - v. monharõ (D'Evreux, Viagem, 146)
moîase'o (v.tr.) - fazer chorar: ...Ro'y oporomoryryîeteba'e, i moîasegûábone... - Um frio que fará as pessoas tremerem muito, fazendo-as chorar. (Ar., Cat., 164)
moîeapin (v.tr.) - fazer tosquiar-se, fazer que seja tosquiado, fazer que tenha o cabelo cortado: Aîmoîeapin Pedro Diogo supé. - Faço que Pedro seja tosquiado por Diogo. (Fig., Arte, 91)
moîepubuîereb (v.tr.) - fazer afundar, fazer naufragar (por desastre) (VLB, II, 134)
moîerobîar (v.tr.) - fazer ter esperança: ...Mba'easybora moîerobîaruká. - Fazendo o doente ter esperança. (Ar., Cat., 137v)
moîoakypûer (v.tr.) - fazer um atrás do outro, repetir um depois do outro: Aîmoîoakypûer (mba'e). - Faço as coisas uma atrás da outra (quando são só duas). (VLB, I, 154, adapt.); Aîmoîoakypûé-kypûer. - Faço-as umas atrás das outras (se são muitas). (VLB, I, 154)
moîoamotare'ym (v.tr.) - fazer detestar um ao outro (ou uns aos outros): Abá moîoamotare'ymuká... - Fazendo as pessoas detestarem umas às outras. (Anch., Diál. da Fé, 215)
moîoupi'aerub (v.tr.) - fazer chocar os ovos: Aîmoîoupi'aerub. - Faço-a chocar os ovos. (VLB, II, 18)
mokûab (v.tr.) - fazer estar, fazer passar: Marã e'ipe abá te'õ suí onheangûabo o nhemombe'ue'yma mokûá-puku potare'yma? - Como diz alguém, tendo medo da morte, não querendo fazer estar por longo tempo sua falta de confissão? (Ar., Cat., 115)
mokusambar (v.tr.) - dar laçada (na corda): Aîmokusambar. - Dou laçadas nela. (VLB, II, 17)
mokyxyk (v.tr.) - fazer cócegas em: Aîmokyxyk. - Fiz-lhe cócegas. (VLB, I, 76)
moma'ẽ (v.tr.) - fazer enxergar, fazer olhar: ...Xe moma'ẽmo... - Fazendo-me enxergar. (Anch., Poemas, 92)
moma'enduar (v.tr.) - fazer lembrar-se (VLB, II, 20) [de algo: compl. com esé (r, s)]: A'e îandé resé Tupã t'omoma'enduar... - Que ele faça Deus lembrar-se de nós. (Ar., Cat., 133)
momanõ (v.tr.) - fazer morrer: Sãî na xe momanõî. - Apenas não me fez morrer. (Anch., Teatro, 172) ● i momanõmbyra - o que é (ou deve ser) feito morrer (Anch., Arte, 3)
momara'ar2 (v.tr.) - fazer doente, deixar doente, fazer adoecer: ...O moaîureme o momara'areme a'e i arybeba'erama biã sasyeté, memetipó i arybeba'erame'yma... - Se ele tem muita dor quando o empalidece e quando o deixa doente aquilo que se abrandará, quanto mais aquilo que não se abrandará. (Ar., Cat., 165); Aîmomara'ar. - Faço-o doente. (Anch., Arte, 48)
momaran3 (ou momarã) (v.tr.) - fazer brigar: Aîpobu gûaîbĩ py'a, i moŷrõmo, i momarana. - Transtorno o coração das velhas, irritando-as, fazendo-as brigar. (Anch., Teatro, 128)
momatueté (v.tr.) - caprichar em, fazer com esmero, aperfeiçoar: Aîmomatueté. - Caprichei nele. (VLB, I, 125)
mombab2 (v.tr.) - gastar, despender (VLB, I, 147): Kó abá semirekó abé opá o mba'e mombabi... - Esse homem e sua esposa gastaram todas as suas riquezas. (Ar., Cat., 7)
momba'e (v.tr.) - fazer enriquecer, fazer ter bens: Aîmomba'e. - Fi-lo enriquecer. (VLB, I, 117)
mombo'ok (v.tr.) - fazer parar (de mamar, de chorar, etc.) (VLB, I, 101)
mombosyî (v.tr.) - fazer carregar-se, fazer levar (VLB, I, 68)
mombutuẽ (v.tr.) - fazer tomar alento, avivar (VLB, I, 31)
momendar (v.tr.) - fazer o casamento de, casar, fazer casar: -Abápe oporomomendar? -Abaré... -Quem casa as pessoas? -O padre. (Ar., Cat., 94); ...Îandé rubypy momendá îandé sy-ypy resé... - Fazendo nosso pai primeiro casar com nossa mãe primeira. (Ar., Cat., 132) ● i momendarypyra - o que é (ou deve ser) casado: O îomba'eramo i momendarypyra rekóû. - Como coisa um do outro estão os que são casados. (Ar., Cat., 109)
momokõî (v.tr.) - fazer pela segunda vez, repetir (VLB, II, 115)
mondá1 (s.) - 1) ladrão (VLB, II, 17); (adj.) - Abá-mondá... - Um homem ladrão... (Ar., Cat., 59v); Xe mondá. - Eu sou ladrão. (VLB, II, 17); 2) roubo, furto: Ereîpytybõpe abá mondá resé? - Ajudaste alguém num roubo? (Ar., Cat., 107)
mondá2 (xe) (v. da 2ª classe) - apropriar-se de, roubar, furtar [a coisa roubada ou furtada com esé (r, s) ou ri]: Nde mondápe mba'e amõ resé...? - Apropriaste-te de alguma coisa? (Ar., Cat., 107); ...Umãmepe nde mondá? - Onde tu roubaste? (Anch., Teatro, 44); A'epe ereîmombe'u a'e resé nde mondá? - E confessaste que tu as roubaste? (Anch., Teatro, 178, 2006) ● i mondaba'e - o que rouba, o que furta: ...Apŷaba kunhã ri i mondaba'e... - Os homens que roubam mulheres. (Anch., Teatro, 156, 2006); mondaba (ou mondasaba) - tempo, lugar, modo, etc. de roubar, de furtar; furto, roubo; objeto do furto, do roubo, coisa furtada: Eresepyme'eng ygûãpe nde mondasagûera? - Pagaste já o objeto de teu furto? (Ar., Cat., 107v); Ta sepy nde mondagûera. - Que tenha reparação teu roubo. (Anch., Teatro, 46)
mondysyk (v.tr.) - fazer chegar sucessivamente (Anch., Arte, 53v)
monga'ẽ2 (v.tr.) - fazer sarar: Oîposanong, i nambi atõîa nhote, aûnhenhẽ i monga'ẽmo, i moîepotá. - Curou-o, somente tocando sua orelha, imediatamente fazendo-a sarar, grudando-a. (Ar., Cat., 76, 1686)
monger (v.tr.) - fazer dormir (VLB, I, 22)
mongub (v.tr.) - fazer estar (Anch., Arte, 5)
mongyrá (v.tr.) - fazer engordar (VLB, I, 116)
mongyrỹî (v.tr.) - ranger: Aîmongyrỹî (ou aîmongyrỹ-ngyrỹî) xe rãîa. - Fico rangendo meus dentes. (VLB, II, 96)
monhan (v.tr.) - fazer correr: ...Moxy oînupã, i monhana... - Castiga o maldito, fazendo-o correr. (Anch., Poemas, 188)
monharûama (s.) - negaça, isca, chamariz (VLB, II, 48)
monhe'eng (v.tr.) - fazer falar: Omonhe'enguká temõ Tupã te'õmbûera...! - Que bom seria se Deus mandasse fazer os cadáveres falarem! (Ar., Cat., 156v)
monhemonhang (v.tr.) - fazer transformar-se, fazer gerar-se: ...Og ugûyramo i monhemonhanga... - Fazendo-o transformar-se em seu próprio sangue... (Ar., Cat., 84v)
monhemosako'i (v.tr.) - fazer preparar-se: ...îandé monhemosako'i-potá. - ...querendo fazer-nos preparar. (Ar., Cat., 154)
monhemoŷrõ (v.tr.) - fazer irritar-se, fazer irar-se (VLB, II, 11)
monhenong (v.tr.) - fazer que se ponha: Ereîmonhenongype kunhã nde 'arybo sesé eîkóbo? - Fizeste que uma mulher se pusesse sobre ti para fazer sexo com ela? (Ar., Cat., 234)
monhopa'ũmondoar (v.tr.) - fazer intervalos, intercalar, alternar (VLB, I, 119)
moobaybak (v.tr.) - fazer erguer o rosto: ...Xe moobaybaka... - Fazendo-me erguer o rosto. (Anch., Poemas, 92)
moopar (v.tr.) - fazer perder-se (Fig., Arte, 91)
mopepyr (v.tr.) - matar (em cordas) em festas de cauim (VLB, II, 33)
mopereb (v.tr.) - fazer feridas em, fazer ferimentos em, ferir: Seté îakatupe ybŷá i moperé-perebi...? - Ficaram fazendo ferimentos em seu corpo todo? (Ar., Cat., 60)
mopetymbu (v.tr.) - fazer fumar: I angaîpabetépe abá... oporomopetymbûabo...? - Peca muito o homem que fica fazendo as pessoas fumarem? (Ar., Cat., 66)
mopokane'õ (v.tr.) - cansar as mãos de (VLB, I, 65)
moporaraa'ang (v.tr.) - fazer sofrer, fazer experimentar o sofrimento: Eîori i moporaraa'anga... - Vem para fazê-lo experimentar o sofrimento. (Anch., Poemas, 174)
moposangu'u (v.tr.) - fazer tomar remédio, poção, mezinha, etc. (VLB, I, 120)
mopu (v.tr.) - fazer soar, fazer ressoar, bater (p.ex., tambor, qualquer instrumento de mão); tocar (p.ex., sino, instrumento musical sem sopro) (VLB, I, 53; II, 130) ● mopusara (ou mopûara) - o que toca, o que bate, etc. (Anch., Arte, 4v): gûarará mopusara - o que toca o tambor, o tamborileiro (VLB, II, 124); mopûaba - tempo, lugar, modo, etc. de tocar, de bater (Anch., Arte, 4v)
mopuruk (v.tr.) - fazer estalar: Aîepó-mopuruk. - Faço-me estalar as mãos (isto é, dou castanhetas). (VLB, I, 68)
mopy'atytyk (v.tr.) - fazer palpitar o coração: Na xe mopy'atytyki Anhanga xe rapekóbo. - Não me faz palpitar o coração o diabo, visitando-me. (Valente, Cantigas, VI, in Ar., Cat., 1618)
mopyryrym (v.tr.) - fazer rodopiar, fazer girar (como pião) (VLB, I, 35)
mopytubar (v.tr.) - fatigar, aborrecer, deprimir: Iî abaibeté nhẽ rakó... asé atá mysakanga..., asé mopytubara... - São muito molestos, certamente, os tropeços de nossa caminhada, o fatigar-se. (Anch., Doutr. Cristã, II, 79)
moryryî (v.tr.) - fazer tremer, alvoroçar ● omoryryîba'e - o que faz tremer: ...Ro'y oporomoryryîeteba'e... - Um frio que faz as pessoas tremerem muito. (Ar., Cat., 164)
mosapyr2 (ou mosapy) (adv.) - três vezes: Mosapy ipó xe boîáramo nde rekó ereîkuakub... - Na verdade, três vezes negarás ser meu discípulo. (Ar., Cat., 57)
mosinining (v.tr.) - fazer repicar (p.ex., sinos) (VLB, II, 101)
mosykyîé (v.tr.) - fazer ter medo, assustar, amedrontar: Eîori i mosykyîébo. - Vem para amedrontá-lo. (Anch., Teatro, 120) ● mosykyîaba - tempo, lugar, modo, etc. de fazer ter medo, de assustar: ...Anhanga mosykyîaba... - É um modo de assustar o diabo (Ar., Cat., 352, 1686)
mosym (v.tr.) - fazer liso, alisar (VLB, II, 23)
mosyryk (v.tr.) - fazer escorrer, verter: ...Sugûy mosyryka i xuí. - Fazendo escorrer o sangue dele. (Ar., Cat., 62)
moúb (v.tr.) - fazer estar deitado, pôr deitado (Anch., Arte, 58) ● moupaba - tempo, lugar, modo, etc. de pôr deitado: Okerĩ o moupápe... - Dormita no lugar onde o puseram deitado. (Anch., Poemas, 164)
moyaî (v.tr.) - fazer suar (VLB, II, 122)
moypŷak (v.tr.) - fazer coalhar (VLB, I, 75)
moytarõ (v.tr.) - saciar, satisfazer, fartar (Anch., Arte, 39): Îé, aîpó xe moytarõ... - Sim, esses me satisfazem. (Anch., Teatro, 60) ● i moytarõmbyra - o que é (ou deve ser) saciado, satisfeito: A'eba'e i moytarõmbyramo sekóûne. - Aqueles serão saciados. (Ar., Cat., 19)
(s.) - 1) parente consanguíneo (VLB, II, 65), parentela: A'epe o mũeté resé oîkopoxyba'e? - E o que, torpemente, tem relações sexuais com sua parenta verdadeira? (Ar., Cat., 71v); Nd'e'ikatuîpe abá o mũeté resé... omendá? - Não pode alguém casar-se com seu parente verdadeiro? (Ar., Cat., 94v); 2) nação (p.ex., dos tupinambás) (VLB, II, 46); (adj.) (xe) - ter parentes: Xe mũetá. - Eu tenho muitos parentes. (VLB, I, 37)
mûeîraba - v. pûeraba (m)
myîu'itinga (etim. - andorinha branca) (s.) - var. de andorinha (VLB, I, 36)
mytá (s.) - MUTÁ, MUTÃ, MUITÁ, andaimo no mato para esperar caça (VLB, I, 35)
mytamytá (etim. - andaimos e andaimos) (s.) - escada: mytamytá-ypy - topo de escada (VLB, II, 132)
mytapuku (etim. - andaimo comprido) (s.) - baluarte ou guarita (VLB, I, 51, 86); cubelo, torreão que, nas fortificações antigas, acompanhava o lanço dos muros (VLB, I, 86)
nanaka'apora (etim. - ananás habitante do mato) (s.) planta bromeliácea (Theat. Rer. Nat. Bras., II, 78)
nhanduabiîu (etim. - aranha peluda) (s.) - NHANDUABIJU, escorpião-vinagre, aracnídeo da ordem dos pedipálpidos. "São todos cheios de pêlo e muito peçonhentos, cujas mordeduras são mui perigosas." (Sousa, Trat. Descr., 268)
nheambubok (etim. - arrancar-se o monco) (v. intr.) - assoar-se (o nariz) (VLB, I, 45)
nhemoesabyk (etim. - apertar-se o olho) (v. intr. compl. posp.) - piscar (para alguém: compl. com supé): Anhemoesabyk (abá) supé. - Pisquei para o homem. (VLB, I, 19, adapt.)
nhemoîa'oîa'oka (s.) - repartição, distribuição: Arobîar santos rekokatu nhemoîa'oîa'oka. - Creio na repartição das virtudes dos santos (isto é, na comunhão dos santos). (Anch., Doutr. Cristã, I, 142)
nhynhynga (s.) - ruga (VLB, II, 109)
obaîxûara1 (t) (s.) - mão de pilão (VLB, II, 32)
obanhana (t) (s.) - mancha no rosto feita com carvão, tinta ou fuligem (VLB, II, 33); (adj.: obanhan) - de rosto manchado, da cara manchada: gûaraobanhana - guará da cara manchada (VLB, II, 56)
obapé (t) (s.) - face, bochecha (D'Evreux, Viagem, 158)
obeba (t) (s.) - largura (como da folha, da cabeça, da faca, etc.) (VLB, II, 19); [adj.: obeb (r, s)] - largo (VLB, II, 18)
oîoasykûera (s.) - irmandade, fraternidade, grupo de irmãos: ...Oîoasykûera ri îasûaramo oîoerekóbo. - Tratando-se uns aos outros como que numa fraternidade. (Ar., Cat., 127v)
okapé (t) (s.) - parte entre os seios (VLB, II, 70)
opakombó (etim. - ambas estas mãos) (num.) - dez (Fig., Arte, 4): Opakombó îabi'õ Tupã supé oîepé asé mba'e moîa'oka... - De cada dez, repartir uma de nossas coisas com Deus. (Ar., Cat., 78)
opambó (etim. - ambas as mãos) (num.) - dez (VLB, I, 102)
opé1 (t) (s.) - pálpebra (Castilho, Nomes, 40); topé-pira - pele da pálpebra (Castilho, Nomes, 40; D'Evreux, Viagem, 158)
opé2 (t) (s.) - vagem (p.ex., de fava, feijão, etc.): sopé - vagem dele; topé-kyra - vagem verde; topé-pungá - vagem intumescida, cheia de feijões; topé-tininga - vagem seca, pronta para ser colhida (VLB, II, 140)
pakaíb (etim. - acordar não completamente) (v. intr.) - levantar-se dormindo: Apakaíb. - Levantei-me dormindo. (VLB, I, 129)
panema (m) (s.) - carência, imperfeição, inutilidade; azar, desdita, desgraça; o mofino, o desgraçado; (adj.: panem) - PANEMA, carente (falto de algo), imperfeito, azarado (na caça ou na pesca), imprestável, inútil; infeliz na vida, desgraçado, desditoso, aziago; (xe) ficar sem porção ou sem presa (numa distribuição): Xe panem (mba'e) resé. - Eu fico sem porção nas coisas (isto é, não recebo nada numa partilha). (VLB, II, 40, adapt.)
pa'ũ (s.) - espaço entre duas coisas (VLB, I, 125); intervalo (VLB, II, 13): 'y-pa'ũ - intervalo de água, ilha (VLB, II, 9); ka'a-pa'ũ - ilha de mato, CAPÃO (VLB, II, 9)
pegûy (mb) (s.) - aguadilha, água tênue que sai das feridas ou das tetas que não têm leite; serosidade (VLB, I, 24); (adj.) (xe) - ter ou lançar aguadilha (VLB, I, 24)
peir (v.tr.) - varrer: Aytypeir. - Varri os ciscos. (VLB, II, 141)
pema1 (mb) (s.) - angulosidade; ângulo; (adj.: pem) - anguloso, esquinado: sapopema - raízes angulosas (nome de lugar) (Léry, Histoire, 376)
pepu (mb) (s.) - alças, embraçaduras de corda que se passam pelos ombros para se levarem cargas (VLB, I, 82)
peré (m) (s.) - baço (Castilho, Nomes, 35)
pesẽ2 (xe) (v. da 2ª classe) - estar em pedaços (VLB, I, 114)
petymamanimbyra (s.) - fumaça que se inala ao se fumar (VLB, I, 144)
Pindagûasu (etim. - anzol grande) (s. antrop.) - v. Pindaûasu (Vasconcelos, Crônica [Not.] II, §1, 113)
Pindaûasu (etim. - anzol grande) (s. antrop.) - nome de índio tupi (Thevet, Cosm. Univ., 923)
Pindotyba (etim. - ajuntamento de pindobas) (s. antrop.) - nome de índio tupi (D'Abbeville, Histoire, 186v)
De pirûera (v. acima) provém PAU-PEREIRA, PAU-PEREIRO, árvore apocinácea que dá casca muito amarga, de propriedades medicinais (in Dicion. Caldas Aulete).
piragûiba (s.) - PIRAÍBA, peixe da família dos pimelodídeos (Silveira, Relação do Maranhão, fl. 10v)
pirakuka (s.) - PIRACUCA, peixe de mar da família dos serranídeos (Sousa, Trat. Descr., 283)
pirakyrûá (s.) - PIRAQUIRUÁ, "peixe da feição de um ouriço-cacheiro, todo cheio de espinhos tamanhos como alfinetes grandes..." (Sousa, Trat. Descr., 287)
piramotá (s.) - PIRAMUTABA, PIRAMUTAVA, PIRAMUTAUA, PIRAMUTÁ, peixe da família dos pimelodídeos, parecido ao bagre (Lisboa, Hist. Anim. e Árv. do Maranhão, fl. 175v)
pirasakẽ (s.) - PIRAÇAQUÉM, peixe da família dos congrídeos (Sousa, Trat. Descr., 286)
piraysoka (s.) - lula, molusco marinho cefalópode (VLB, II, 25; 117)
pitangûá1 (s.) - PITANGUÁ, PITAUÁ, o mesmo que pitaûá (v.)
pitaûá (ou pitaûã ou pitangûá) (s.) - PITAUÃ, PITANGUÁ, pássaro da família dos tiranídeos (Sousa, Trat. Descr., LXXXIV)
pixam (ou pixã) (v.tr.) - 1) picar (p.ex., o pássaro com seu bico) (VLB, II, 77); 2) beliscar: Xe pixã korine, mã! - Ah, beliscar-me-á hoje! (Anch., Teatro, 178)
poatyká (v.tr.) - tapar (como pano) (VLB, II, 124)
pokarugûara (s.) - 1) sagacidade (VLB, II, 111); 2) habilidade; (adj.: pokarugûar) - 1) sagaz, sutil: Xe nhe'ẽpokarugûar. - Eu tenho palavras sagazes. (VLB, II, 111); 2) hábil, destro, hábil de mãos: Xe pokarugûar. - Eu sou hábil. (VLB, I, 18)
pokirik (v.tr.) - fazer cócegas em: Aîpokirik. - Fiz-lhe cócegas. (VLB, I, 76)
pokuba'ũ (m) (s.) - vão entre os dedos da mão (Castilho, Nomes, 36)
pomogûab (etim. - abrandar as mãos) (v.tr.) - escapulir das mãos de: Aîpomogûab. - Escapuli das mãos dele. (VLB, I, 123)
pomombyk (etim. - atar as fibras) (v.tr.) - torcer (como corda) ● i pomombykypyra - o que é (ou deve ser) torcido; yby-pomombykypyra - estopa torcida (VLB, I, 82)
por1 (xe) (v. da 2ª classe) - cumprir-se, realizar-se, haver de ser, acontecer: Mosaûsuba rerobîasara, "i por irãne" 'îara. - Os que acreditam em sonhos e os que dizem: "-Cumprir-se-ão futuramente". (Ar., Cat., 66v) ● i poryba'e - o que se cumpre; o que se realiza, o que acontece; o que cumpre, o que é cumpridor: I pore'ymba'e... "-emonã kó Tupã resé" o'îabo tenhẽ. - O que, dizendo em vão "-Eis que é assim, por Deus", não o cumpre. (Ar., Cat., 67)
porakar1 (ou poraká) (v.tr.) - procurar alimento para; pescar ou caçar para: Eresaûsubarype... i poraká? - Compadeceste-te deles, procurando-lhes alimento? (Anch., Doutr. Cristã, II, 86); T'i poraká apó abá. - Procuremos alimentos para aqueles homens. (Léry, Histoire, 355); ...T'oroporaká... - Hei de pescar para ti. (Anch., Poemas, 152) ● porakasara - o que procura alimento; o pescador; o caçador: xe porakasara - meu pescador (Léry, Histoire, 368)
porandub2 (ou porandu) (v. intr. compl. posp.) - ouvir dizer, saber por fama [sobre algo ou alguém: compl. com esé (r, s)]: Aporandub (abá) resé. - Ouço dizer do homem. (VLB, II, 61, adapt.)
poraseîtara (m) (s.) - dançador, dançarino (VLB, I, 89)
porepenhang (etim. - atacar gente) (v. intr. compl. posp.) - brigar [com alguém: compl. com esé (r, s)]: Aporepenhang (abá) resé. - Briguei com o homem. (VLB, I, 59, adapt.)
porok (etim. - arrancar o conteúdo) (v.tr.) - despejar, arrancar o conteúdo de (p.ex., vaso, caixa, etc.); esvaziar, tirar tudo de (p.ex., vasilha, arca, casa, etc.); descarregar (p.ex., o navio): Ereîosubype abá îeke'a i poroka? - Visitaste o covo de alguém, esvaziando-o? (Anch., Doutr. Cristã, II, 99)
posaká (m) (s.) - valentia; (adj.) - valente, respeitado na aldeia por ser forte guerreiro, MOÇACARA: Xe posaká, xe ratã. - Eu sou moçacara, eu sou forte. (Anch., Teatro, 162)
posangu'u (ou mosangu'u) (v. intr.) - tomar remédio, purgante, feitiço, veneno, etc.: Ereposangu'upe nde puru'apotare'ymamo? - Tomaste remédio, não querendo ficar grávida? (Ar., Cat., 102); Eremosangu'upe nde membyra akyrara potá? - Tomaste veneno, querendo abortar teu filho? (Anch., Doutr. Cristã, II, 88)
potiry (s.) - 1) PATURI, PATURÉ, ave da família dos anatídeos (D'Abbeville, Histoire, 241v); 2) ganso (VLB, I, 21)
potuká (v.tr.) - lavar (p.ex., roupa) batendo ● i potukapyra - lavado, batido: Morotĩngatu nde 'anga, aoba i potukapyra rame'ĩ ... - Tua alma está muito branca, como roupa lavada. (Ar., Cat., 81v)
potyra1 (mb) (s.) - abano da camisa (VLB, I, 17)
pu'am1 (ou pu'ã) (v. intr.) - estar levantado ou de pé; levantar-se (o que estava deitado), empinar-se, erguer-se: ...Pepu'am, t'îasó sapépe sobaîtĩamo... - Levantai-vos, vamos em seu caminho para encontrá-lo. (Ar., Cat., 53v); Koromõ ybytu pu'amine. - Logo o vento se levantará. (VLB, II, 143)
punaré (ou punari) (s.) - PUNARÉ, mamífero roedor da família dos equimídeos, do gênero Thrichomys, rato silvestre dotado de grande cauda peluda e escura (D'Abbeville, Histoire, 251v)
punaru (s.) - PUNARU, peixe marítimo da família dos blenídeos (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 165)
pupuka (m) (s.) - masturbação, polução; (adj.: pupuk) - expelido, ejaculado: ...nde ra'y-pupuka... - teu sêmen ejaculado (Anch., Doutr. Cristã, II, 90)
purepuk (xe) (v. da 2ª classe) - ter polução: Nde purepukype? - Tu tens polução? (Ar., Cat., 104)
pusá (s.) - PUÇÁ, rede de pesca, o mesmo que pysá (v.) (Heriarte, "Descr. Maranhão, Pará", in Varnhagen, Hist., 4ª ed., 1951, III, 185)
pygûaîa (ou pyûaîa) (m) (s.) - concavidade, depressão suave, ondulação, covinhas (do rosto, da nuca, da terra, etc.); (adj.: pygûaî) - côncavo; (xe) ter covinhas: Xe pygûaî. - Eu tenho covinhas. (VLB, I, 84)
py'i1 (m) (s.) - rapidez, destreza, habilidade; (adj.: py'i) - rápido, destro, hábil, atilado: Xe pó-py'i emonã gûitekóbo. - Eu tenho mãos rápidas para assim agir. (VLB, I, 34); Xe nhe'ẽ-mby'i. - Eu tenho fala rápida. (VLB, I, 133)
pyko'ẽ (s.) - cova, depressão suave, concavidade (no rosto, na nuca, no chão mal igualado, etc.): atuá-pyko'ẽ - concavidade da nuca, depressão na parte inferior da nuca (VLB, I, 84); (adj.) - côncavo, encovado: nha'ẽ-pyko'ẽ - prato côncavo, prato fundo (VLB, II, 128)
pykyra (m) (s.) - rabadilha ou rabadela (da galinha, etc.) (VLB, II, 95)
pypeká1 (v.tr.) - carmear, desfazer os nós de (algodão ou lã) (VLB, I, 67)
pypirar2 (v.tr.) - carmear (desfazer os nós do algodão ou da lã) (VLB, I, 67)
pyr (xe) (v. da 2ª classe) - desarmar-se por si (p.ex., uma armadilha de laço) (VLB, I, 96)
pysá (ou pusá) (s.) - PUÇÁ, var. de rede de pesca (D'Evreux, Viagem, 130): ...Oîepé xe pysá pora. - Um só é o conteúdo de minha rede. (Anch., Poemas, 152); Apysá-îtyk. - Lanço puçá. (VLB, II, 18)
pysagûasu (ou pysaûasu) (etim. - puçá grande) (s.) - PUÇÁ-GUAÇU, rede para apanhar peixe, como chinchorro (VLB, II, 99) ● pysagûasu-eîtykara - pescador com puçá-guaçu (VLB, II, 75); pysagûasu-eîtykaba - pescaria com puçá-guaçu (VLB, II, 75)
pysakang (xe) (v. da 2ª classe) - tropeçar, dar topada, dar tropeçada: Xe pysakang. - Eu dou tropeçada. (VLB, I, 112)
pysasu (s.) - novato, principiante em algo: Aîkó pysasuramo. - Sou um novato. (VLB, II, 51); (adj.) 1) novo; fresco: Xe moaîu-marangatu... aîpó tekó-pysasu. - Importuna-me bem aquela lei nova. (Anch., Teatro, 4); Xe pysasu. - Eu sou novo. (VLB, II, 51); 2) recente; de há pouco: nde rekó-pysasu - teus atos recentes (Anch., Doutr. Cristã, II, 78)
pytá3 (m) (s.) - calcanhar (Castilho, Nomes, 36): Aîpytá-pûar. - Amarrei-lhe os calcanhares. (VLB, I, 46)
pyûaîa - v. pygûaîa
rakó5 (conj.) - algumas vezes ... outras vezes (tb. com amõ): Okuî rakó amũme 'ybarambûera o 'yba suí 'ybotyramo oîkóbo bé, amõ rakó ogûakyra pupé i kuî, amõ rakó ogûaîub'iré i kuî. - Caem algumas vezes os frutos de suas árvores, sendo ainda flores, outras vezes em seu estado verde, outras vezes caem após seu amadurecimento. (Ar., Cat., 157v)
rambûer2 (xe) (v. da 2ª classe) - frustrar-se, não se realizar, não ter efeito, impedir-se, não dar certo, esvanecer-se: Xe rambûer. - Frustrei-me. (VLB, II, 10); T'i rambûer iã xe remimborararama. - Que se impeça esse meu futuro sofrimento. (Ar., Cat., 53); ...O sorambûera resé ...sekotebẽû. - Afligiu-se por se ter frustrado sua ida. (Ar., Cat., 84); I rambûer xe só. - Não deu certo minha ida. (Anch., Arte, 34); ...N'i rambûé-mirĩî xûé aîpó tekorama resé xe nhe'engane... - Não se hão de esvanecer nem um pouco minhas palavras acerca daqueles futuros fatos. (Ar., Cat., 161)
rame'ĩbé (conj.) - assim como, do mesmo modo que: Kûesenhe'ym xe porapitiagûera o'ar xe resápe, ko'y abé rame'ĩbé i apiti arekó... - Minhas matanças de outrora caíram diante de meus olhos, assim como agora, também, o assassinato delas guardo comigo. (D'Abbeville, Histoire, 350)
roîré (posp.) - após, depois de (o mesmo que riré - v.): Xe só roîré t'eresó. - Irás após minha ida. (Fig., Arte, 125); ...Îurupari ra'yra xe rekó roîré. - ...depois de eu ter sido filho de Jurupari. (D'Abbeville, Histoire, 353)
sandok (xe) (v. da 2ª classe) - desunir-se, separar-se: N'i xandoki marana ri. - Não se separam na guerra. (Anch., Teatro, 156, 2006)
sepytanga (s.) - coral, formação coralígena (VLB, I, 81)
so'omimbaba (etim. - animal de criação) (s.) - gado (manso) (VLB, I, 146)
so'orupîara (etim. - adversário de caça) (s.) - cão caçador (VLB, I, 62)
sumaúma (s.) - SUMAÚMA, SUMAUMEIRA, árvore da família das bombacáceas (Ceiba pentandra (L.) Gaertn.), de grande altura (Ferreira, América Abreviada, in RIH, LVII [1894], 138)
sy (s.) - 1) mãe: Tupã sy-porangeté... - Mãe de Deus muito bela (Anch., Poemas, 82); Xe syramongatu t'oîkó... - Que seja minha mãe, de fato. (Anch., Poemas, 86); O sy ogûerekó o irũnamo. - Tem sua mãe consigo. (Fig., Arte, 83); (adj.) (xe) - ter mãe: Xe sy. - Eu tenho mãe. (Fig., Arte, 67); 2) origem, início: Kó pytuna ri sy-ari. - Nesta noite tomou início. (Anch., Poesias, 344-345)
syka (s.) - CICA, SABIACICA, pássaro da família dos psitacídeos, de bela cor verde (Sousa, Trat. Descr., 236)
syra (s.) - enxada (Anch., Arte, 15v): itá-syra - enxada de ferro (VLB, I, 109); i xyra - sua enxada (Fig., Arte, 73)
tabapîasaba (etim. - abrigo da aldeia) (s.) - muro (alto) (VLB, II, 45)
tabeté (etim. - aldeia enorme) (s.) - cidade (VLB, I, 74)
tabusu (etim. - aldeia grande) (s.) - cidade: ...akûé tabusu Îerusalém 'îaba... - aquela cidade chamada Jerusalém (Ar., Cat., 61v-62)
tanimbuky (etim. - água de cinzas) (s.) - lixívia, água de lavagem de roupa onde entram cinzas e outros elementos de limpeza e branqueamento (VLB, I, 91)
tapera (etim. - aldeia que foi) (s.) - aldeia em ruínas, aldeia extinta; aldeia destruída, TAPERA (Fig., Arte, 76; Anch., Arte, 14)
tapi'ira (s.) - 1) TAPIIRA, TAPIRA, TAPIR, anta, o maior mamífero terrestre do Brasil (Tapirus terrestris L.), o mesmo que tapi'ireté (v.); 2) vaca, boi, gado bovino em geral: Xe reîmbaba tapi'ira - Minha vaca que crio. (Anch., Arte, 2v); Tapi'ira osó ogûapixara pyri. - O boi foi para junto dos seus companheiros. (Fig., Arte, 26) ● tapi'i-kaba - gordura de vaca (VLB, II, 31)
tapi'oka (s.) - 1) TAPIOCA, fécula alimentícia da mandioca (Sousa, Trat. Descr., 174); 2) bolo ou pão indígena feito dessa fécula (Denunciações de Pernambuco, 80) (o mesmo que typy'oka - v.)
tataeíra (etim. - abelha de fogo) (s.) - TATAÍRA, abelha da família dos meliponídeos, também chamada caga-fogo por picar forte, sendo muito agressiva (VLB, I, 55)
tebira - v. ebira (t)
teîkûara - v. eîkûara (t)
teîkûarugûy - v. eîkûarugûy (t)
teîkûatatina (etim. - ânus fumegante) (s.) - nome de uma pequena lombriga (VLB, II, 24)
tekatueté1 (ou tekatunheté) (interj.) - que atrevido! que enfadonho!: Tekatueté mã! - Ah, que atrevido! (VLB, II, 123); Tekatunheté kó ahẽ mã! - Ah, que atrevido é esse fulano! (VLB, II, 118); Tekatunheté rakûé endé hegûy! - Ai, que enfadonho és tu, de fato! (VLB, II, 54)
tekatueté3 (ou tekatunheté ou tekatuete'ĩ) (part.) - que pena que...! ai de! (acompanhada de mã no final do período): Omanõ tekatunheté xe ruba mã! - Oh, que pena que meu pai morreu! (VLB, II, 54); Ixé tekatuete'ĩ ra'u, Anhanga ratá aîporará aûîeramanhẽne mã...! - Ah, ai de mim, o fogo do diabo sofrerei para sempre! (Ar., Cat., 161)
tekokatu - v. ekokatu (t)
temapara (s.) - TEMAPARA, réptil lacertílio da família dos iguanídeos (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 237)
tembiara - v. embiara (t)
tembiarirõ - v. embiarirõ (t)
tenhẽ2 (conj.) - ainda que, não importa que, apesar de que: Reîamo ereîkó tenhẽ, setá tenhẽ nde boîá, xe-te t'oroporaká... - Apesar de que sejas rainha, apesar de que sejam muitos os teus servos, eu, não obstante, pesco para ti. (Anch., Poemas, 152)
tenotara - v. enotara (t)
teseîa - v. eseîa (t)
tetobapé - v. etobapé (t)
tetobapy - v. etobapy (t)
te'yîa - v. e'yîa (t)
1 (s.) - 1) nariz (Castilho, Nomes, 39); focinho: tĩgûasu - nariz grande, narigão; abá-tĩgûasu - homem do nariz grande; tĩpema - nariz anguloso; tĩmbeba - nariz achatado (VLB, II, 48); Mba'erama ripe asé tĩme o endy moíni? - Por que põe sua saliva no nariz da gente? (Ar., Cat., 81v); tĩ-apyra - ponta do nariz (Castilho, Nomes, 39); 2) bico de ave (VLB, I, 140); 3) tromba (VLB, II, 137): tĩmuku - lit., tromba comprida, gorgulho, inseto coleóptero (VLB, I, 149); 4) crista: ypekatĩapûá - pato da crista pontuda, ave anatídea (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 218) ● tĩmbûera - bico de pássaro fora do corpo (VLB, I, 55)
tobatinga (s.) - TOBATINGA, TABATINGA, var. de barro branco como cal (VLB, I, 52; Anch., Arte, 14v)
tobeba - v. obeba (t)
topytá - v. opytá (t)
toryba - v. oryba (t)
torypaba - v. orypaba (t)
tubixaba1 - v. ubixaba (t)
tupi'a - v. upi'a (t)
tupi'atinga - v. upi'atinga (t)
tybyra - v. ybyra6 (t, t)
tyîuîa - v. yîuîa (t, t)
tykera - v. ykera (t, t)
TYMBABA (sepultamento de um índio) (fonte: Thevet)
typy'oky (etim. - água de tapioca) (s.) - var. de bebida (Vasconcelos, Crônica, I, 106)
tytyî (xe) (v. da 2ª classe) - ter urina presa (VLB, II, 12)
ûaîa1 (t) (s.) - rabo, cauda (de animal, de ave): Aîmobabak xe rûaîa. - Balanço meu rabo. (VLB, II, 95); Îé, kó bé xe pûapẽ, xe rûaîpuku... - Sim, eis aqui também minhas garras, meu rabo comprido. (Anch., Teatro, 40); [adj.: ûaî (r, s)] - caudato; (xe) ter rabo, ter cauda: Xe rûaîasyk. - Eu tenho o rabo cortado. (VLB, I, 95)
uba1 (s.) - coxa, da parte dianteira (Castilho, Nomes, 40); coxa da perna (VLB, I, 85): Aryryî, opá xe uba îesyî... - Tremo, ambas as minhas coxas adormeceram. (Anch., Teatro, 26) ● ugûera - quarto traseiro que se parte de um animal ou de uma pessoa (VLB, II, 91); coxa arrancada do corpo: T'a'u kori i îybapûera, Îagûarusu, i ugûera... - Hei de comer hoje seus braços, Jaguaruçu, suas coxas. (Anch., Teatro, 64)
ubaubagûasu (s.) - roca, tiras estreitas que se colocavam ao comprido das mangas dos vestidos e que deixavam entrever o tecido sobre o qual se assentavam (VLB, II, 107)
(ilustr. de C. Cardoso)
urugûá (s.) - URUÁ, ARUÁ, FUÁ, ARURÁ, var. de caracol d'água doce, molusco da família dos ampularídeos. Vive na água ou em locais muito úmidos, sendo também chamado ARUÁ-DO-BANHADO ou ARUÁ-DO-BREJO. (VLB, I, 66)
urumaru (s.) - lixa (VLB, II, 23)
u'ukûar (xe) (v. da 2ª classe) - arquejar: Xe u'ukûar. - Eu arquejo. (VLB, I, 44)
ûyraîuba (etim. - ave amarela) (s.) - GUARUBA, ave psitacídea, espécie de papagaio amarelo, salvo nas extremidades das asas e da cauda, que são verdes (D'Abbeville, Histoire, 234)
Ûyrapapeba (etim. - arco achatado) (s. antrop.) - nome de índio tupi (D'Abbeville, Histoire, 184v)
xosé (posp.) - alomorfe de sosé (v.), usado após o pronome i
xuí (posp.) - alomorfe de suí (v.). É usado após o pronome i.
xupé (posp.) - alomorfe de supé (v.), usado após o pronome i.
'yapé (ou 'yrapé) (etim. - caminho de água) (s.) - rego para água (VLB, II, 100)
yapu (t) (s.) - barulho forte, estrondo (VLB, II, 107): Kokoty paranã aé rame'ĩ o abaetéramo erimba'e gûekoagûera sosé... yapenunga ryapugûasuramo. - E por outra parte, semelhantemente, o próprio mar será mais terrível do que é seu costume, fazendo as ondas grande estrondo. (Ar., Cat., 159v-160); [adj. - yapu (r, s)] - barulhento, estrondoso; (xe) soar ou tocar; rugir, fazer barulho ou estrondo: Xe ryapu. - Eu sou barulhento. (VLB, I, 131; II, 107)
'yba1 (s.) - guia (p.ex., na dança) (VLB, I, 152); regente (de canto, dança, etc.) (VLB, I, 66); mestre, dirigente, comandante: Apŷaba nd'e'i te'e o 'ybamo nde mo'ama. - Por isso mesmo os homens erigem-te em dirigente deles. (Valente, Cantigas, IV, in Ar., Cat., 1618)
'yba4 (etim. - água ruim) (s.) - planta cuja raiz era utilizada para embriagar os peixes; uma variedade de TIMBÓ (D'Abbeville, Histoire, 182)
'ybapytanga (ou 'ubapytanga) (etim. - fruta avermelhada) (s.) - PITANGA, 1) árvore mirtácea Eugenia uniflora L.) de fruto avermelhado, também chamada PITANGUEIRA. Suas folhas são aromáticas e anti-reumáticas. 2) o fruto dessa árvore (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 109, 116; Piso, De Med. Bras., IV, 203; Brandão, Diálogos, 218; Theat. Rer. Nat. Bras., II, 146; Lourenço, Carta [1554], in Leite, Cartas, II [1957], 43)
'yasapukaîa (ou 'ybasapukaîa) - o mesmo que sapukaîa (v.) (Cardim, Trat. Terra e Gente do Brasil, 39)
ybyesapykanga (s.) - ribanceira (VLB, II, 105); v. tb. esapykanga (VLB, I, 52)
ybyraitá (etim. - árvore pedra) (s.) - pau-ferro, árvore de madeira muito dura, da família das leguminosas (Caesalpinea ferrea Mart.) (Sousa, Trat. Descr., 217)
Ybyrapûé (etim. - árvore distante) (s. antrop.) - nome de índio tupi (D'Abbeville, Histoire, 12v)
ybyrapyteruna (etim. - árvore de cerne escuro) (s.) - pau-ferro, árvore da família das leguminosas (Caesalpinia ferrea Mart.) (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 120)
ybyratimbó (etim. - árvore-timbó) (s.) - var. de barbasco, planta cujo veneno entorpece ou mata os peixes (VLB, I, 51)
ybysokaba (s.) - pilão (de socar o barro dentro dos taipais para se fazerem paredes) (VLB, II, 77)
ybyyby'ab (etim. - abrir terras e terras) (v.tr.) - arar, fazer aração: Aîybyyby'ab. - Arei-a. (VLB, I, 40)
'yekobé (etim. - água viva) (s.) - manancial, fonte d'água (VLB, II, 30); fonte, água perene (VLB, II, 73)
ygynõ (t) (s.) - bafio; cheiro desagradável das axilas, da boca, de suor, de mofo; [adj.: ygynõ (r, s)] - bafiento; malcheiroso; (xe) ter bafio, ter mau cheiro: Xe rygynõ. - Eu tenho bafio. (VLB, I, 50)
'Ykatu (etim. - água boa) (s. antrop.) - nome de índio tupi (D'Abbeville, Histoire, 184v)
ymana (ou ymûana) (s.) - espaço de tempo, intervalo de tempo (VLB, I, 125)
ymana (ou ymûana) (s.) - velho (VLB, II, 104); (adj.: yman ou ymûan) - velho, antigo, que tem muita idade: Îesu, xe posangymana... - Jesus, meu antigo remédio... (Valente, Cantigas, I, 1618); ...I mendarymana kuaba potá. - Querendo conhecer seus casamentos antigos. (Ar., Cat., 94v); Xe ymûan. - Eu sou velho. (VLB, II, 8)
'yno'onga (etim. - água que se ajunta) (s.) - charco, lagoa (VLB, I, 72); poça d'água (VLB, II, 79)
'yporu (etim. - água que come gente) (s.) - dilúvio: -Mba'e pupépe i mokanhemi? -'Yporu pupé. -Com que os destruiu? -Com um dilúvio. (Ar., Cat., 41, 41v)
'yryapokytĩaba (s.) - veia d'água, vinco que, às vezes, se vê pelo meio do mar (VLB, II, 142)
yrypy'aka (t, t) - caramelo (VLB, I, 66)
ysapy (s.) - orvalho ● ysapygûasu - orvalho grande; orvalhada (VLB, II, 59)
'yura (etim. - água que vem) (s.) - crescente da maré, enchente do mar (VLB, I, 85)
Abaiara (CE). De abá + îara: o senhor dos homens. Nome atribuído artificialmente para homenagear D. Pedro II: "O município foi denominado primitivamente São Pedro, depois Pedro Segundo com o Decreto-Lei nº 448, de 20 de dezembro de 1938 e, posteriormente denominou-se Abaiara, pelo Decreto-Lei nº 1.114, de 31 de dezembro de 1943. (fonte: IBGE).
Acaraípe (CE). De akará + 'y + -pe: no rio dos carás.
Acarapé (CE). De akará + (a)pé (r, s): caminho dos carás.
Acaraú (CE). De akará - cará + 'y - rio: rio dos carás.
Açu (Ig. do AM). Do sufixo -ûasu combinado com o termo ygarapé, omitido com o tempo: (igarapé) grande.
Aguaí (ribeirão de SP). De agûaí, planta apocinácea.
Aguapeí (MG). De agûapé + 'y: rio dos aguapés.
Airi (PE). De aîry - palmeiras silvestres.
Airituba (ES). De aîry + tyba: ajuntamento de airis.
Ambaíua (ig. do AM). De amba'yba, planta cecropiácea, imbaúba.
Andirá (PR). De andyrá: morcegos.
Andiratuba (ig. do AM). De andyrá + tyba: ajuntamento de morcegos.
Anhangacanhima (MG). De anhanga - diabo + kanhema - perdição, ruína: perdição do diabo.
Anhangoara (SP). De anhanga + kûara: buraco do diabo.
Anutiba (ES). De anũ: anu, ave cuculídea + tyba - ajuntamento: ajuntamento de anuns.
Apereatuba (SP). De apereá + tyba: ajuntamento de preás.
Apetumbu (PE). De abá - homem + petymbu - fumar; fumante: homens que fumam.
Apiteribi (SP). De apytera + yby: terra do meio.
Apuá (PE). De apu'a - redondeza, coisa redonda.
Araçagi (PB). De arasá - araçá + îy - rio: rio dos araçás.
Araçariguama (SP). De arasari + 'y + 'u + -aba: lugar em que os araçaris bebem água.
Araçatuba (SP). De arasá + tyba: ajuntamento de araçás.
Araçaubatuba (SC). De arasá + 'yba + tyba: ajuntamento de pés de araçás.
Aracu (ig. do AM). De aracu - nome de um peixe na língua geral setentrional.
Aracuí (ES). De aracu* - nome de um peixe na língua geral meridional + 'y - rio: rio dos aracus.
Araguaba (PE). De ará + 'y + 'u + suf. -aba: lugar de beber dos arás.
Aramirim (MG). De ará + mirĩ: arás pequenos, aves psitacídeas.
Arapiraca (PE). De arupare'aka - farpas, abrolhos, estrepes (VLB, I, 51).
Araquara (PE). De ará + kûara: toca dos arás.
Araranguá (SC). De arara + kûá: enseada das araras. O nome original era Campinas, mudado para Araranguá pela lei provincial nº 901, de 03-04-1880. (fonte: IBGE)
Ararendá (CE). De arara + ena - estar pousado, sentado [v. in / en(a) (t)] + -aba: lugar de estarem pousadas as araras, pouso das araras. Era o nome de uma antiga aldeia dos tabajaras, quase no pé da serra de lbiapaba, onde foram hospedados os jesuítas missionários Francisco Pinto e Luis Figueira. Chamou-se, inicialmente, Canabrava e Canabrava dos Mourões, substituído o nome por Ararendá por decreto-lei de 1943 (fonte: IBGE).
Araruva (PR). De arara + 'yba: planta das araras, araribá, nome de árvore leguminosa e de seu fruto.
Aratingaúba (SC). De aratinga - ave psitacídea + 'yba - planta das aratingas.
Aratinguara (MG). De aratinga - ave psitacídea + kûara - toca das aratingas.
Aratuba (CE). De ará + tyba: ajuntamento de arás.
Arujá (ribeirão de SP). De aru - var. de sapo + iá - repleção, fartura, abundância: abundância de arus.
Biritiba-Ussu (Mogi das Cruzes, SP). De ybyryba + tyba + -ûasu: grande ajuntamento de biribas.
Boturoca (ribeirão de SP). De ybytyra (na língua geral meridional botura*) + oka (r, s) - casa, refúgio: refúgio da montanha.
Buiçu (ig. do AM). De 'yb-usu, árvore grande, buiuçu, árvore da família das leguminosas papilionáceas; boiaçu, boiuçu, boçu.
Butuí-Mirim (RS). De abutua - nome de diversas plantas trepadeiras da família das menispermáceas + mirĩ: abutuas pequenas.
Caiambé (ig. do AM). De ka'i + ambé (t): ventre de (macaco) caí.
Caiobá (pico da Serra dos Itatins, MT). De ka'i: caí, var. de macaco + obá (t) - cara, rosto: cara de caí.
Cajuri (MG). De akaîu + y (t, t): rio dos cajueiros.
Canitar (SP). De akanetá, cocar indígena.
Carajeru (ig. do AM). De karaîuru, grajuru, planta da família das bignoniáceas, que fornecia tinta para se pintar o corpo.
Cati (ribeirão de GO). Da língua geral meridional, designando uma erva aromática ciperácea.
Cotia (SP). De akuti - cutia, nome genérico de diversos mamíferos roedores da família dos caviídeos ou dasiproctídeos.
Cutapé (MT). De akuti + (a)pé (r, s): caminho de cutias.
Cuxiauaia (ig. do AM). Pelo nheengatu, de akuti + ûaîa (t): cotias de cauda. (Stradelli, 144)
Garanhuns (PE). De aguará - lobo guará + nhũ - campo: campo dos guarás.
Geru (SE). De aîuru - ajuru, ajeru, jeru, juru, ave psitacídea.
Guarapó (ribeirão de SP). De sarapó, peixes gimnotídeos (VLB, II, 12)
Iaci (Ig. do AM). De îasy2: jacis, var. de palmeiras amazônicas (Sousa, Trat. Descr., 217, 299).
Iboiaçu (Ig. do AC). De 'y + mboîa + -ûasu: cobra grande do rio.
Inhambu (ig. do AM). De îambu, aves tinamídeas.
Ipoca (ig. do AM). De 'y + poka: estouro d'água.
Iraietê (ig. do AM). De eíra - abelha + 'y-eté - rio de água doce (VLB, I, 24): rio das abelhas.
Iraiti (ig. do AM). Do nheengatu, "cera, breu, o mel que se usa para conservar úmido o tabaco em corda" (Stradelli, 475).
Itanguá (ribeirão do Serro Frio, MG). De itã + kûá: enseada das conchas. "Habita em grossas massas no Itanguá do Serro do Frio." (José Vieira Couto [1801], p. 143).
Iuruti (ig. do AM). De îeruti, aves columbídeas.
Jacuru (ig. do AM). De îakuru*, aves buconídeas.
Jaguari Mirim (arroio do RS). De îagûara + 'y + mirĩ: rio pequeno das onças.
Jaquaretê (ribeirão de SP). De îagûareté1: onça verdadeira.
Jauareté (ig. do AM). Do nheengatu iauareté: onça.
Jeju (ig. do AM). De îeîu: jiju, jeju, peixes caracídeos.
Jeriquara (SP). De aîuru + kûara: toca dos papagaios jurus.
Macucaua (ig. do AM). De makukagûá (ou makukaûá): macucauás, aves tinamídeas.
Mangangá (ribeirão de MG). De mamangá, arbusto da família das leguminosas cesalpinoídeas.
Maruiim (ig. do AM). Mesma etim. de Maruim (v.).
Monguba (ig. do AM). De monguba: mungubas, mongubeiras, árvores bombacáceas
Mureru (ig. do AM). De mururé, plantas moráceas
Nhaca (SP). De aby'aka (t): aca, inhaca, iaca, cheiro de urina, fedor de suor.
Paxiúba (ig. do AM). Da língua geral setentrional paxi + yba: pés de patis, var. de palmeiras.
Perimirim (ribeirão de SP). De piripiri - espécie de junco + mirĩ - pequeno: piris pequenos.
Pirandira (ig. do AM). De pirá + andyrá: peixes morcegos.
Piunquara (ig. do AP). De pi'ũ + kûara: toca dos piuns.
Puxiritéua (ig. do AM). Do nheengatu puxyri, árvore laurácea + téua - ajuntamento: ajuntamento de puxiris.
Suruguá (ribeirão do PA). De surucuá*, ave da família dos trogonídeos. Deve ser termo da língua geral setentrional.
Taioba, Córr. da (GO). De taîaoba1, plantas aráceas.
Tatá (ig. do AM). Do nheengatu tatá: fogo.
Ubim (ig. do AM). De ubĩ, ubim, ubi, var. de palmeira.
Urutu, Ribeirão do (MT). De urutu, var. de bagres.
_____Léxico, Produção e Criatividade. Processos de Neologismo. 2.ª ed. Ed. Global, São Paulo, 1981.
CASCUDO, Luís da Câmara, Dicionário do Folclore Brasileiro. EDIOURO, Rio de Janeiro, 1996.
GRANDES PERSONAGENS DA NOSSA HISTÓRIA. São Paulo, Ed. Abril Cultural, 1969.
O Sistema Pessoal do Tupinambá. In Ensaios Lingüísticos 1, 167-73. Belo Horizonte, 1978.
RODRIGUES, P., "Vida do Padre José de Anchieta". Annais da Biblioteca Nacional, XIX . Rio de Janeiro, 1897.
Cartas, Informações, Fragmentos Históricos e Sermões. Publicação da Academia Brasileira de Letras, Livraria Civilização Brasileira, S.A., Rio de Janeiro, 1933.
DESCONHECIDO [n.d.], Cartografia das Monções dos Séculos XVII E XVIII. Ex Biderman, M.T.C. (org.), Dicionário Histórico do Português do Brasil. (Projeto Institutos do Milênio do CNPq)
_________________, Nobiliarquia Paulistana Histórica e Genealógica. Editora Itatiaia, Belo Horizonte, 1980.
aborrecer - mopytubar
aconselhar - ekomonhang (s)
afugentar - monhegûasem
antecessor - tenondeara
armadilha - koty ● armadilha que tomba com peso ou estalando: mundé
assado - (s.): mixyra; (adj.): mixyr
bater - (intr.): pûar; (tr.): pan; sok (-îo-); (bater com mão espalmada): petek
biscoito (indígena): miapé
cachimbo - petymbûaba
cacique - morubixaba; tubixaba1
cadeia - mundeoka
campo - nhũ ● campo de batalha: maranaba (v. marana2)
canto - nhe'engara; (de ave): nhe'enga
casado (s.) - mendara
cauinar (= beber cauim) - ka'u
centro - (de coisa esférica): apytera; (de coisa plana): pytera ● no centro de, no meio de (coisa plana): pyteri
com - (de companhia): esebé (r, s); ndi; ndibé; esé (r, s); irũnamo; irũmo; (instrumental): pupé
começo - ypyrunga, ypyrungaba (v. ypyrung)
como - (de comparação): îá; îabé; (= na condição de): -(r)amo ● como... assim também; assim como... assim também: îabé... îabé
copular (= ter relações sexuais) - ikó / ekó (t)
curar - mombûerab; posanong
desejo - temimotara; (sensual): poropotara (m)
desembarcar - (intr.): pear; (tr.): enosem
detestar - eroŷrõ; amotare'ym
entre (prep.) - pa'ũme
errar - ikomemûã; aby
faísca - piririka (m)
fala - nhe'enga
farinha - u'i ● farinha mole, farinha d'água, farinha puba, feita de certo gênero de mandioca, o aipim, amolecido em água durante vários dias: u'i-puba
feroz - poroîukaíb (v. poroîukaíba); kagûaíb (v. kagûaíba); marãmotar (v. marãmotara); nharõ1
filha (de h.) - taîyra
filho (de h.) - ta'yra
fora - kûepe; mamõ
governar - ekomonhang (s)
humilhar - momboreaûsub
idioma - nhe'enga
igualar-se (= ser igual) - îakatu
jato - tororõma
jazer - îub / ub(a) (t, t)
jorro - tororõma
julgar - ekomonhang (s)
longe - kûepe; mamõ
luxúria - poropotara (m)
mantimento - i 'upyra (v. 'u)
maracujá - murukuîá
médico - poroposanongara (m)
morrer - îekyî; manõ / e'õ (t) ● morrer com; fazer morrer consigo: eromanõ
mudar (tr.) - ekoabok (s); ekobîarõ (s)
murmurar - nhe'engaíb (xe); îuru'ar (xe)
música - nhe'engara
músico - nhe'engasara
neblina - ybytinga
névoa - ybytinga
nevoeiro - ybytinga
notícia - nhomongakugûaba; poranduba (m)
ordenar - ekomonhang (s); pûaî (-îo)
orientar - ekomonhang (s)
padrinho - porerokarûera (m)
palavra - nhe'enga
passar - (intr.): kûab; (tr): asab (s)
pedido - îeruresaba (v. îeruré)
pio - nhe'enga
piscar - nhemoesabyk (r, s) (xe); sapumim
polpa (de fruta) - to'o
provavelmente - ipó re'a; serã; ruã
realmente (= de verdade, na verdade) - anhẽ
rede2 (de pesca) - pysá; (rede para apanhar camarões, jereré) - îareré
reformar - ekonongatu (s); ekomonhangab (s)
resposta - po'epykaba (m); nhe'enga
riacho - 'ye'ẽkûaba; 'yekûabusu
rodopio - pyryryma (m)
seguir - (intr.): gûatá; kuabĩ; (tr.): mosẽmosem; akypûembour (s); akypûemomosem (s); akypûemondó (s)
sensual - poropotar/a
soar - pu (xe); yapu (r, s) (xe); pong
sono - topesyîa ● estar com sono: opesyî (r, s) (xe)
terra - (em seu aspecto físico, natural): yby; (no sentido de pátria): tetama
urro - nhe'enga
vale - ybytygûaîa
vir - îur / ur(a) (t, t) ● vir com; fazer vir consigo: erur
vontade - temimotara
voz - nhe'enga
a'ang5 (s) (v.tr.) - atirar (VLB, I, 47); atirar ao alvo (p.ex., flecha): Asa'ang. - Atiro-a. (VLB, II, 129)
ABACATUAIA (fonte: Marcgrave)
Abaré-bebé (etim. - padre voador) (s. antrop.) - nome dado ao Pe. Leonardo Nunes (jesuíta do século XVI) pela grande rapidez com que se deslocava pelos diferentes lugares (Vasconcelos, Crônica, I, §68, 209)
abaregûasu (etim. - padre grande) (s.) - bispo, autoridade eclesiástica, provincial, abade, prelado: Asé sybápe abaregûasu nhandy-karaíba nonga. - Pôr o bispo em nossa testa o óleo santo. (Ar., Cat., 17v); Abaregûasu ogûatá. - O bispo passeia. (Fig., Arte, 6)
abyky2 (v.tr.) - 1) apalpar, tocar: Nde rorype abá nde abykyreme? - Tu te alegras quando um homem te apalpa? (Ar., Cat., 234); 2) fazer de mãos, tratar com as mãos, manusear: Aîabyky. - Manuseio-o. (Anch., Arte, 49v) (Anch., Arte, 50)
abyraru (s.) - umidade fétida; (adj.) - úmido; languinhento (fal. do que "está em algum lugar úmido e que ganha um certo suorzinho de mau cheiro") (VLB, II, 20)
aembe'e (s) (v.tr.) - aguçar, afiar, amolar (faca): Asaembe'e. - Afio-a. (VLB, I, 27)
agûamyranga (s.) - grinaldas feitas com penas de aves vermelhas e douradas, com que eram ornados os braços (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 271)
aibĩ (s.) - coisa vil (VLB, II, 145); (adj.) - vil; desprezível, coitado, mísero: Xe abá-aîbĩ anhẽ. - Eu sou um mísero índio, de fato. (Anch., Poemas, 154); (adv.) - desprezivelmente, miseravelmente (Fig., Arte, 138)
aîuruapara (etim. - papagaio curvo) (s.) - AJURUAPARA, ave psitaciforme da família dos psitacídeos (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 207)
aîurûasu1 (etim. - papagaio grande) (s.) - AJURUAÇU, JURUAÇU, ave psitacídea, variedade de papagaio grande, todo verde (Sousa, Trat. Descr., 231)
Aîurûasu2 (etim. - papagaio grande) (s. antrop.) - nome de índio tupi (D'Abbeville, Histoire, 184)
aîuru'i (etim. - papagaiozinho) (s.) - AJURUIM, var. de papagaio, da família dos psitacídeos (Soares, Coisas Not. Bras. - ms. C, 1286-1288)
aîuruîuba (etim. - papagaio amarelo) (s.) - AIURUIUBA, 1) francês (VLB, I, 143): -Abápe nde? -Saraûaîa, aîuruîubupîarûera. - Quem és tu? - Sarauaia, adversário antigo de franceses. (Anch., Teatro, 44); Saûsupara, aîuruîuba, mokaba ogûeru tenhẽ... - Seus amigos, os franceses, pólvora trouxeram em vão. (Anch., Teatro, 52); 2) inglês, alemão, belga, estrangeiro de barbas e cabelos ruivos (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 268); 3) europeu loiro, homem branco: Kûeîsé kó aporapiti, aîuruîuba îukábo. - Eis que ontem trucidei gente, matando europeus. (Anch., Teatro, 66)
aîurukatinga (etim. - papagaio-catinga) (s.) - AJURUCATINGA, ave psitacídea (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 207)
aîxé (s.) - 1) tia paterna; 2) prima do pai (Ar., Cat., 114; VLB, II, 127)
Daí, o nome ACAPU (rio do AM) (v. p. 386).
akaîu'ĩ (etim. - cajuzinho) (s.) - CAJUÍ, planta da família das anacardiáceas (Anacardium microcarpum Ducke), uma das espécies de caju (D'Abbeville, Histoire, 217). É muito menor que o cajueiro comum. Não aparece "ao longo do mar, mas nas campinas do sertão, além das caatingas." (Sousa, Trat. Descr., 188)
akaîukatinga (etim. - caju catinguento) (s.) - ACAJU-CATINGA, var. de cedro, árvore alta da família das meliáceas (Cedrela fissilis Vell.), de casca grossa e de propriedades medicinais (VLB, I, 70)
akaîupyranga (etim. - caju vermelho) (s.) - uma das espécies de caju; fruto de pele vermelha e suco fortemente ácido (D'Abbeville, Histoire, 217)
akaîutĩ (etim. - saliência do caju) (s.) - castanha de caju (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 95)
akangaobĩ (etim. - paninho de cabeça) (s.) - var. de véu: I xy aé ipó opîá o akangaobĩ pupé. - Cobrindo-o sua própria mãe, na verdade, com seu véu. (Ar., Cat., 62)
akangaotinga (etim. - pano branco de cabeça) (s.) - coifa, tecido para envolver os cabelos (VLB, I, 76)
akangûyra (etim. - cabeça baixa) (s.) - desânimo; (adj.: akangûyr) - desanimado, descoroçoado: Xe akangûyr. - Eu estou descoroçoado. (VLB, I, 95)
akarakamuku (etim. - cará da cabeça comprida) (s.) - nome de um peixe (Libri Princ., vol. II, 57)
akaramuku (etim. - cará comprido) (s.) - nome de peixe da família dos balistídeos (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 163)
akarapeba (etim. - cará achatado) (s.) - CARAPEBA, peixe da família dos gerrídeos (D'Abbeville, Histoire; Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 161-162)
akarapinima (etim. - cará-pintado) (s.) - nome de um peixe da família dos ciclídeos (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 152)
AKARAPINIMA (fonte: Marcgrave)
akará-pitinga (etim. - cará pintado) (s.) - nome de um peixe (Lisboa, Hist. Anim. e Árv. do Maranhão, fl. 174)
akarapuku (etim. - cará comprido) (s.) - ACARAPUCU, peixe da família dos gerrídeos (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 145)
akarapytangîuba (etim. - cará rosado e amarelo) (s.) - nome de um peixe perciforme (Libri Princ., vol. II, 67)
akaratinga (etim. - cará claro) (s.) - CARATINGA, peixe da família dos gerrídeos (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 161)
akaraûasu (etim. - cará grande) (s.) - CARAUAÇU, uma das espécies do peixe acará, da família dos ciclídeos, também chamado ACARÁ-GRANDE, ACARÁ-AÇU, ACARAÇU, ACARÁ-GUAÇU, ACARÁ-UAÇU, ACARÁ-UÇU, AIARAÇU, CARÁ-UAÇU (Léry, Histoire, 349-350)
akaraúna (etim. - cará escuro) (s.) - CARAÚNA, ACARÁ-PRETO, ACARAPIXUNA, peixe da família dos ciclídeos, de cor escura (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 144)
'akuîa (etim. - cabelos caídos) (s.) - calvície; (adj.: 'akuî) - pelado da cabeça, calvo; (xe) pelar-se: Xe 'akuî. - Eu sou calvo. (VLB, II, 70)
CUTIA (fonte: Marcgrave)
akyma (s.) - molhamento, molha; (adj.: akym) - molhado: Xe akym. - Eu estou molhado. (VLB, II, 40)
akymaíba (etim. - mal molhado) (s.) - umidade; (adj.: akymaíb) - úmido (como pelo orvalho ou pelo lugar sombrio, mas não molhado): Xe akymaíb. - Eu estou úmido. (VLB, II, 20)
akytaba (s.) - delgadeza; (adj. - akytab) - delgado, com estreitamento entre duas partes bojudas (VLB, I, 93)
EMBAÚBA (fonte: Marcgrave)
AMBUÁ (fonte: Marcgrave)
ambyî (etim. - na barriga) (adv.) - pertinho: O îoambyî oroîub. - Estamos pertinho um do outro. (VLB, II, 74)
AMERESYMA (fonte: Marcgrave)
AMOREPINIMA (fonte: Marcgrave)
ANHINGA (fonte: Marcgrave)
ANHUMA (fonte: Marcgrave)
ANUM (fonte: Marcgrave)
aobaíba (etim. - pano ruim) (s.) - trapo (VLB, II, 135)
aobaigûera (etim. - pano ruim que foi) (s.) - trapo (VLB, II, 135)
aobeté (etim. - pano muito bom) (s.) - tecido de seda (VLB, II, 114)
aobybĩ (s.) - roupa esguia, véu: ...Aobybĩ pupé sobá ubana... - Envolvendo com véus seu rosto. (Ar., Cat., 1686, 79)
aomonhangara (etim. - fazedor de roupas) (s.) - alfaiate (VLB, I, 31)
aopotuká (etim. - bater roupa) (v. intr.) - lavar roupa (VLB, II, 19) ● aopotukasara - lavadeira ou lavador de roupas (VLB, II, 19); aopotukasaba - tempo, lugar, modo, etc. de lavar roupa; lavadouro (VLB, II, 19)
apapa'ũmbirar (s) (v.tr.) - abrir (p.ex., as pernas) (VLB, I, 19)
apapa'ũmombok (s) (v.tr.) - abrir (p.ex., as pernas) (VLB, I, 19)
apapûara (s.) - dobra [como de pano, cobra, etc. Falando-se de fio, usa-se oîoybyri (v.).]; rosca; (adj.: apapûar) - dobrado; enroscado: -Mba'epe onong i akanga 'arybo? -Îuatĩ-apapûara apynha... - Que puseram sobre sua cabeça? - Uma coroa de espinhos enroscados. (Anch., Diál. da Fé, 184)
apatuká (v.tr.) - 1) apisoar: Aîapatuká. - Apisoei-o. (VLB, I, 38); 2) machucar (VLB, II, 27)
ape'ara (etim. - parte de cima da casca) (s.) - superfície ● ape'arybo - na superfície, na parte de cima: 'Y ape'arybo pirá kûáî. - Na superfície das águas os peixes estavam. (VLB, I, 133)
apepu2 (etim. - casco barulhento) (s.) - 1) bravateiro, fanfarrão, o que promete muito e nada faz ou faz pouco; 2) inconstância; (adj.) - inconstante; que fala muito e faz pouco (VLB, II, 11)
PREÁ (fonte: Marcgrave)
apiagûera (s.) - pedrada; marca de pedrada na pele (VLB, II, 69)
api'a'ok (s) (etim., arrancar os testículos) (v.tr.) - castrar (VLB, I, 66) ● sapi'a'okypyra - castrado (VLB, I, 66)
apipema (s.) - lombada (como de terra) (VLB, II, 24); quina ou quinas (como de pau lavrado) (VLB, II, 94)
'apirypé (s.) - certa caspa negra que toma grande parte da cabeça das crianças (Castilho, Nomes, 29)
apixa'ĩ2 (s.) - coisa enrugada; (adj.) - enrugado, amarrotado, PIXAIM: akangapixa'ĩ - cabeça "enrugada" (isto é, cabeça com cabelo PIXAIM, ou seja, de pessoa negra, carapinha) (VLB, I, 85)
aponga (s.) - opilação (VLB, II, 57); obstrução; (adj.: apong) - opilado, obstruído: T'aîpobu sygé-aponga! - Hei de revirar seu ventre opilado! (Anch., Teatro, 172); Xe apong. - Eu estou opilado. (VLB, II, 57)
apûa'ok (s) (v.tr.) - aguçar (ponta): Asapûa'ok. - Aguço-a. (VLB, I, 27)
apûapin (s) (v.tr.) - aguçar (ponta): Asapûapin. - Aguço-a.(VLB, I, 27)
apŷabaíba (s.) - selvagem, índio sem contato com os brancos (VLB, II, 112)
apỹîgûara (s.) - ventas, narinas, fossas nasais (Castilho, Nomes, 29) ● apỹîgûaraba - pêlos das ventas, do nariz (Castilho, Nomes, 29); apỹîgûaru'uma - muco nasal (Castilho, Nomes, 29)
apynhang (s) (v.tr.) - atiçar (o fogo): Asapynhang. - Aticei-o. (VLB, I, 47)
apyrasab (etim. - passar o cume) (v.tr.) - 1) passar por cima de, saltar: Aîapyrasab. - Saltei-o. (VLB, II, 112); Akûeîme, i apyrasapa, xe nde moingosaba é. - Outrora, passando por cima dela, eu fui causa de te fazer agir. (Anch., Teatro, 174); 2) (fig.) dominar: Nd'eretĩ-piã nde îosuí so'o-aíba poropotara apyrasápe? - Não te envergonhas, porventura, de ti mesmo, ao dominar-te o desejo sensual da carne podre? (Anch., Doutr. Cristã, II, 111)
ARAGUAGUAÍ (fonte: Marcgrave)
'araíb (etim. - nascer mal) (v. intr.) - nascer de maneira desacostumada (p.ex., com os pés para diante) (VLB, II, 46)
ARAMAÇÁ (fonte: Marcgrave)
araruba (etim. - pau da arara) (s.) - ARAROBA, planta da família das leguminosas que produz tinta de cor violeta (RIHP, XL (1945), 81)
Ararusuaîa (etim. - rabo de arara grande) (s. antrop.) - nome de índio tupi (D'Abbeville, Histoire, 182v)
ARAÇÁ (fonte: Marcgrave)
ARAÇARI (fonte: Marcgrave)
aratikurana (etim. - falso araticum) (s.) - árvore semelhante ao araticu, de região de mangue, de madeira mole e lisa (Sousa, Trat. Descr., 223)
ARATUPINIMA (fonte: Marcgrave)
'ari (etim. - na parte superior) - em cima de, sobre (Anch., Arte, 41): I 'ari oîkó-potá. - Querendo estar em cima deles. (Anch., Teatro, 154, 2006)
aseîa (s.) - costas ● aseî - às costas (Anch., Arte, 41): Aîar xe aseî. - Tomei-o às costas. (VLB, II, 131); Xe aseî arasó. - Nas minhas costas levei-o. (VLB, I, 84)
atapûana (etim. - caminhada ligeira) (s.) - leveza; (adj.: atapûan) - leve (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 276)
atapy (s) (v.tr.) - atiçar o fogo para: Esatapy nde remimõîa. - Atiça o fogo para o que cozinhas. (VLB, I, 47)
aterẽ (s.) - coisa rasa ou tosada de todo (VLB, II, 97); (adj.) - raso (como o milho do qual se retiraram os grãos); mocho de todo, sem orelhas (como que se as cortassem sem ficar ponta): Xe aterẽ. - Eu sou mocho. (VLB, II, 97); Xe aterẽngatu. - Sou muito mocho. (VLB, II, 39)
atuaî (etim. - na nuca) (loc. posp.) - na esteira de, detrás de, após: Xe atuaî turi. - Veio detrás de mim. (Anch., Arte, 41v); Xe atuaî bé turi. - Veio logo detrás de mim. (Anch., Arte, 41v)
atukupé (s.) - costas (Castilho, Nomes, 30): xe atukupé - minhas costas (Léry, Histoire, 365); Sugûy-syryk serã sobá rupi i atukupé rupi bé? - Por acaso ele tinha o sangue escorrido pelo rosto e pelas costas? (Ar., Cat., 60v) ● o atukupé pyterybo - de costas: Opá i îeakypûereroîebyri, o atukupé pyterybo o'á ybype. - Todos eles voltaram para trás, caindo no chão de costas. - (Ar., Cat., 54v)
'aumbaraba (s.) - inchação (de fruto bem maduro); (adj.: 'aumbarab) - inchado; pintado de preto (o fruto bem maduro) (VLB, II, 11)
(PREGUIÇA) (fonte: Marcgrave)
aŷpypûar (v.tr.) - reatar com corda, encastoar (p.ex., o anzol) (VLB, I, 113; 129)
boîá2 (s.) - o meão, o mediano, o médio, o que está no meio, o que está entre o grande e o pequeno (VLB, II, 34); (adj.): Xe boîá. - Eu sou mediano, eu não sou grande nem pequeno. (VLB, II, 34) ● boîá-katu (ou boîá-katu nhote ou boîá nhote) - meão, médio, não muito grande (VLB, II, 34)
boka (s.) - fenda, abertura, rachadura (VLB, I, 18, 137)
ebira1 (t) (s.) 1) nádegas (Castilho, Nomes, 38); traseira, anca de qualquer animal (VLB, II, 135): Sebira aîpetek. - Esbofeteei suas nádegas. (VLB, I, 21); Tapi'irebira - Traseira de Anta (antropônimo masculino) (D'Abbeville, Histoire, 184); 2) partes sexuais da mulher (Castilho, Nomes, 38)
ebykasy (t) (s.) - diarréia (branda, com evacuação de água somente); [adj.: ebykasy (r, s)] - diarréico; (xe) ter diarréia: Xe rebykasy. - Eu tenho diarréia. (VLB, I, 64)
eîkûara (t) (s.) - 1) ânus (Castilho, Nomes, 38), sesso; 2) nádegas (VLB, II, 84)
eiruba (etim. - pai do mel) (s.) - espécie de abelha (Piso, De Med. Bras., IV, 178; VLB, I, 18)
e'itenhẽmo (conj.) - para que não (acontecesse) (Fig., Arte, 135)
e'itenhẽumo (conj.) - para que não (aconteça) (Fig., Arte, 135)
'ekatu (s.) - força, poder: ...Nde 'ekatu kó 'ara moapysyki. - Teu poder aquietou este mundo. (Valente, Cantigas, V, in Ar., Cat., 1618)
ekoposyîa (t) (s.) - 1) ação constante; 2) ação grave; gravidade; [adj.: ekoposyî (r, s)] - 1) constante: Na xe rekoposyî. - Eu não sou constante. 2) grave (VLB, II, 11)
emiarirõ (ou embiarirõ) (t) (s.) - neto ou neta (de m.): ...O emiarirõ amõ... resé nd'e'ikatuî abá omendá. - Com algum neto seu não pode ninguém se casar. (Ar., Cat., 128v)
enangupy (t) (s.) - quadril (Castilho, Nomes, 39)
endybá (ou enybá) (t) (s.) - queixo (D'Evreux, Viagem, 158): Asendybá-apin. - Rapei-lhe o queixo, barbeei-o. (VLB, I, 52)
endybaaba (ou enybaaba) (t) (etim. - pêlos do queixo) (s.) - barba (Castilho, Nomes, 39): xe rendybaá-tinga - minha barba branca (VLB, I, 65); [adj.: endybaab (r, s)] - barbado; (xe) ter barba: Xe rendybaá-îub. - Eu tenho barba ruiva. (VLB, II, 109) ● sendybaá-îuba'e - o que tem barba ruiva (VLB, II, 109); tendybaaba rerekoara - o que tem barba; o barbudo (D'Evreux, Viagem, 158)
endybagûyra (ou enybagûyra) (t) (etim. - parte inferior do queixo) (s.) - papo, papada (Castilho, Nomes, 39)
endysyryka (etim. - saliva escorrida) (t) (s.) - baba: xe rendysyryka - minha baba; [adj.: endysyryk (r, s)] - ter baba; (xe) babar: Xe rendysyryk. - Eu babo. (VLB, I, 50)
ENENA (fonte: Marcgrave)
epyenõî (s) (v.tr.) - apreçar, avaliar, dar o valor: Asepyenõî. - Avaliei-o. (VLB, I, 39)
eronhan - v. enonhan
esakoroîa (t) (s.) - granulosidade; [adj.: esakoroî (r, s)] - granuloso, grosso (p.ex., farinha ainda não transformada em pó) (VLB, I, 151)
esyr (s) (v.tr.) - assar (na brasa): ...Oroapek, oroesyne... - Sapecar-te-ei, assar-te-ei... (Anch., Teatro, 162); ...Moka'ẽ itá îurá 'arybo sesyri. - Sobre grelhas de moquear, de ferro, assaram-no. (Ar., Cat., 7); Xe resy Lorẽ-ka'ẽ. - Assa-me o Lourenço tostado. (Anch., Teatro, 90); Tupã momburûareté tatá pupé nde resyri. - Verdadeiros amaldiçoadores de Deus no fogo te assaram. (Anch., Teatro, 120) ● emixyra (t) - o que alguém assa, o assado: Aîpó nde remixyrama. - Essas serão as que tu assarás. (Anch., Teatro, 130)
etab (s) (v.tr.) - aparar (p.ex., os cabelos): Aîapyr-etab. - Aparei as pontas deles. (VLB, I, 70); Asetobapy-etab. - Aparei-lhe o topete. (VLB, II, 138)
etapokangîõte (t) - v. etapokanga (t)
gûa'a2 (s.) - inchação produzida por golpe; pancada sem pus (VLB, II, 80); (adj.) - inchado; (xe) ter inchaços ou calombos: Xe gûa'a-gûa'a. - Eu estou inchado, eu tenho calombos. (VLB, II, 11)
gûabiru (s.) - 1) GUABIRU, GABIRU, espécie de mamífero roedor; 2) rato doméstico (VLB, II, 97) ● gûabiru-mo'asaba (ou gûabiru rupîara) - armadilha para pegar guabirus (VLB, II, 97)
GUAJÁ (fonte: Marcgrave)
gûaîbĩ (s.) - velha, mulher idosa; anciã: ...Gûaîbĩ moesãîa mbá. - Alegrando todas as velhas. (Anch., Poemas, 110); Gûaîbĩ aru amõ Magûeá suí... - Trouxe as velhas de além de Magueá... (Anch., Teatro, 12); Onheŷnhang umã sesé... gûaîbĩ tuîba'e abé... - Já se juntaram por causa disso as velhas e os velhos. (Anch., Teatro, 24); (adj.) - Kó aîkó sygepûera t'arasó i nhy'ãbebuîa abé xe raîxó-gûaîbĩ supé. - Aqui estou para levar seu ventre e também seus pulmões para minha sogra velha. (Anch., Teatro, 66)
gûaîbĩkûapyranga (etim. - vagina vermelha de velha) (s.) - nome de um peixe (Libri Princ., vol. II, 73)
GUAJURU (fonte: Marcgrave)
gûaînumby-akaîu (etim. - caju de beija-flor) (s.) - nome de uma árvore (D'Abbeville, Histoire, 223)
GUACARI (fonte: Marcgrave)
GUAIAMUM (fonte: Marcgrave)
GÛAPERÛÁ (fonte: Marcgrave)
GUARÁ (fonte: Marcgrave)
GÛARAPUKU (fonte: Marcgrave)
gûararamirĩ (etim. - tambor pequeno) (s.) - tamboril (VLB, II, 124)
gûarumaru (s.) - URUMARU, peixe da família dos orectolobídeos (Lisboa, Hist. Anim. e Árv. do Maranhão, fl. 170)
GUATUCUPÁ (fonte: Marcgrave)
gûe'esama (s.) - linha delgada de pescar (VLB, II, 23)
gûe'esamuku (s.) - linha delgada de pescar (VLB, II, 23)
gûyapy1 (s.) - queda (VLB, II, 93)
gûyragûasuberaba (etim. - pássaro grande brilhante) (s.) - GUIRAGUAÇUBERABA, pássaro da família dos traupídeos (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 212)
gûyra'ĩeté (etim. - passarinho genuíno) (s.) - nome de um pássaro de penas amarelas e pretas (Brandão, Diálogos, 228)
gûyraîuba2 (etim. - pássaro amarelo) (s.) - GUIRAJUBA, GUARAJUBA, GUARUBA, MARAJUBA, TANAJUBA, pássaro da família dos psitacídeos. "... Têm-nos em tanta estima que dão resgate e valia de duas pessoas por um deles." (Cardim, Trat. Terra e Gente do Brasil, 35)
gûyramimby (etim. - pássaro-flauta) (s.) - cigarra, nome comum aos insetos homópteros da família dos cicadídeos, cujos machos são providos de órgãos musicais e que, geralmente, morrem cantando (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 256-257)
gûyranhe'engatu (etim. - pássaro de bom canto) (s.) - pequeno pássaro fringilídeo (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 211)
gûyranhe'engetá (etim. - pássaro de muitos cantos) (s.) - GRONHATÁ, GRUNHATÁ, pássaro da família dos tiranídeos. "É pássaro excelente para gaiola por falar de muitas maneiras, arremedando muitos pássaros." (Cardim, Trat. Terra e Gente do Brasil, 36)
gûyrapakuma (s.) - corda de arco, feita de algodão torcido (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 278)
ARAPONGA (fonte: Marcgrave)
gûyrarurunhe'engetá (etim. - pássaro inchado de muitos cantos) (s.) - nome de um pássaro (Theat. Rer. Nat. Bras., I, 141)
gûyrasapukaîusu (etim. - galo grande) (s.) - peru (VLB, I, 146)
gûyratanheúna (etim. - pássaro duro e escuro) (s.) - nome de um pássaro (Theat. Rer. Nat. Bras., I, 137)
gûyryryma1 (s.) - 1) pião (forma de jogo) (VLB, II, 76); 2) corrupio (VLB, I, 83)
îabebyreté (etim. - jabebira verdadeira) (s.) - JABEBIRETÊ, peixe da família dos dasiatídeos. Tem o aspecto de papagaio de papel. (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 175)
JABEBIRETÊ (fonte: Marcgrave)
îabebyretepinima (etim. - jabebiretê pintado) (s.) - peixe da família dos dasiatídeos, uma variedade de raia (Theat. Rer. Nat. Bras., I, 36
îabebytinga (etim. - jabebira clara) (s.) - var. de arraia (VLB, I, 41)
îabotiapeba (etim. - jabuti do casco chato) (s.) - variedade de JABUTI (v.). "São muito amassados e têm as costas muito chãs e não têm verrugas." (Sousa, Trat. Descr., 255)
îabotimirĩ (etim. - jabuti pequeno) (s). - variedade de JABUTI de tamanho diminuto (v. îaboti) (Sousa, Trat. Descr., 255)
JABURU (fonte: Marcgrave)
îabyrugûasu (etim. - jaburu grande) (s.) - ave ciconiforme da família dos ciconídeos (Theat. Rer. Nat. Bras., I, 116)
îagûapopeba (etim. - cão da pata achatada) (s.) - mamífero da família dos mustelídeos (Cardim, Trat. Terra e Gente do Brasil, 65). "Andam sempre na água onde criam e parem muitos filhos e onde se mantêm dos peixes que tomam e dos camarões." (Sousa, Trat. Descr., 250)
îagûapytanga (etim. - cão pardo) (s.) - JAGUAPITANGA, raposa-do-campo, pequeno animal de cor predominante cinzento-escura, do tamanho de um cão, mamífero carnívoro da família dos canídeos (Dusicyom vetulus Lund). (VLB, II, 96) "...Faz ofício de raposa, despovoa uma fazenda de galinha que furta." (Sousa, Trat. Descr., 247)
Îagûatinga (etim. - cão branco) (s. antrop.) - nome de índio tupi (D'Abbeville, Histoire, 185)
îakarepetymbûaba (etim. - jacaré-cachimbo) (s.) - cavalo-marinho, peixe singnatídeo de corpo revestido de anéis ósseos e com grande cauda preênsil. O macho possui uma bolsa abdominal em que os ovos são incubados, nadando sempre ereto. (Theat. Rer. Nat. Bras., I, 33)
îakarepinima (etim. - jacaré pintalgado) (s.) - espécie de pequeno lagarto pintado (Sousa, Trat. Descr., 264)
îakuoby (etim. - jacu azul) (s.) - ave galiforme da família dos cracídeos (D'Abbeville, Histoire, 236v)
Îakuparĩ (etim. - jacu coxo) (s. antrop.) - nome de índio tupi (D'Abbeville, Histoire, 185)
JACURUTU (fonte: Marcgrave)
MANDACARU (fonte: Marcgrave)
îandaîeté (etim. - jandaia verdadeira) - o mesmo que îendaîa (v.) (Soares, Coisas Not. Bras. [ms .c], 1286-1288)
îandaîuba (etim. - jandaia amarela) (s.) - ave da família dos psitacídeos (Soares, Coisas Not. Bras. [ms .c], 1286-1288)
îandyparana (etim. - falso genipapo) (s.) - nome de uma planta (Theat. Rer. Nat. Bras., II, 110)
îapĩûasu1 (etim. - japim grande) (s.) - var. de JAPIM, pássaro da família dos icterídeos. "Passarinho grande, mosqueado de várias cores." (D'Abbeville, Histoire, 183)
Îapĩûasu2 (etim. - japim grande) (s. antrop.) - nome de índio tupi (D'Evreux, Viagem, 88)
îapugûasu (etim. - japu grande) (s.) - JAPUAÇU, JAPUGUAÇU, JAPU-GRANDE, nome de pássaro icterídeo ● îapugûasu-kesaba - lugar em que dormem os japuguaçus, também antigo nome da Ilha de Santana, da cota leste do Brasil (VLB, II, 10)
îapuîuba (etim. - japu amarelo) (s.) - JAPUJUBA, nome de ave da família dos icterídeos; o mesmo que îupuîuba (v.) (Theat. Rer. Nat. Bras., I, 138)
îararagûaîpytanga (etim. - jararaca do rabo pardo) (s.) - espécie de cobra da família dos crotalídeos (Cardim, Trat. Terra e Gente do Brasil, 32)
îararakusu (etim. - jararaca grande) (s.) - JARARACUÇU, réptil ofídio da família dos crotalídeos (Cardim, Trat. Terra e Gente do Brasil, 32)
TABOCA (fonte: Marcgrave)
JATAÍ (fonte: Marcgrave)
îata'ypeba (etim. - jataí achatado) (s.) - JUTAIPEBA, planta da família das leguminosas- cesalpinoídeas; variedade de JATAÍ (Sousa, Trat. Descr., 208)
îeakypûereroîebyr (etim. - fazer voltar consigo suas pegadas) (v. intr.) - voltar para trás, recuar, retroceder: Opá i îeakypûereroîebyri... - Todos eles voltaram para trás. (Ar., Cat., 54v)
îeaytymonhang (etim. - fazer-se o ninho) (v. intr.) - nidificar, fazer ninho (VLB, II, 49)
îekûaboka (ou îekoaboka) (s.) - mudança (VLB, II, 44)
îemoapyr - v. nhemoapyr (VLB, I, 115)
îemongetá1 (s.) - pensamento: Marãpe nde îemongetá? - Quais são teus pensamentos? (D'Evreux, Viagem, 145)
îerotikara (s.) - trufa (VLB, II, 138)
îetymixyra (etim. - batata-doce cozida) (s.) - nome de um peixe (Theat. Rer. Nat. Bras., I, 70)
ikoporeaûsub / ekoporeaûsub (t) (v. intr. irreg.) - ser molengão ou agir como molengão (VLB, II, 40)
inaîá (s.) - 1) INAJÁ, ANAJÁ, INDAIÁ, espécie de palmeira (Attalea maripa (Aubl.) Mart.), de cujo tronco se extrai um vinho, e que possui cachos com vários frutos ovais de polpa pastosa. É chamada de indaiá fora dos estados do Pará e do Maranhão (D'Abbeville, Histoire, 221v); 2) o fruto da pindoba (VLB, II, 63)
ingaopeapi'yba (etim. - cabo para golpear as vagens de ingá) (s.) - variedade de ingá, planta da família das leguminosas-mimosoídeas (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 112)
îoamotare'yma (etim. - não querer bem um ao outro) (s.) - inimizade (recíproca) (VLB, II, 12); ódio, malquerença: Ereroker-etápe îoamotare'yma? - Dormiste muitas vezes com ódio? (Ar., Cat., 101v)
îoîrarõ (s.) - briga com punhadas ou agarrando-se os cabelos (não com flechadas ou cutiladas, que é nhoepenhana - v.) (VLB, II, 71)
IPECU (fonte: Marcgrave)
irũ2 (s.) - companheiro, parceiro no mesmo ofício: ...Îandé maranirũ... - Nossa companheira de guerras. (Anch., Poemas, 88); Peîori, xe irũ-etá... - Vinde, meus companheiros. (Anch., Poemas, 182); São Sebastião irũ... - companheiro de São Sebastião (Anch., Teatro, 40) [Acompanhado do pronome i, absorve-o: i irũ → irũ - companheiro dele (Anch., Arte, 6)]
irũaba (s.) - companhia: ...O irũagûera resé bé o ma'enduaramono. - Lembrando-se também das suas companhias. (Bettendorff, Compêndio, 92)
irumõ (v.tr.) - 1) aumentar: I angaturama nhẽ oîrumõ-rumõ. - Fica aumentando sua bondade. (Ar., Cat., 50); Eru Paraibygûara oré retama irumõmo. - Traze os habitantes do Paraíba para aumentar nossa terra. (Anch., Poemas, 176); 2) multiplicar: Aîrumõ. - Multiplico-o. (VLB, II, 44); 3) ajuntar: Kûeîsé bé nakó aîrumõ... - Eis que o ajunto há dias, na verdade. (Anch., Teatro, 10) ● irumõsara - o que aumenta, o que multiplica, etc.: ...o angaîpaba irumõ-rumõsara... - o que fica aumentando seus pecados (Ar., Cat., 112); irumõmbyra - o que é (ou deve ser) aumentado, multiplicado, etc. (Anch., Arte, 3)
irũnamo (etim. - na condição de companheiro) (loc. posp.) - com, em companhia de: ...xe irũnamo okaîba'e... - o que arde comigo (Anch., Teatro, 8); O sy ogûerekó o irũnamo. - Tem sua mãe consigo. (Fig., Arte, 83); ...Nde irũnamo aîkó-potá. - Contigo quero estar. (Anch., Poemas, 168); Aîkó Pero irũnamo. - Moro com Pedro. (VLB, II, 41) (Faz cair o pronome i antes de si: i irũnamo → irũnamo - com ele): Irũnamo aîkó. - Estou com ele. (VLB, I, 20) (V. tb. irũmo.)
itakurubi (etim. - carocinho de pedra) (s.) - pedregulho; itakurubi-tyba - ajuntamento de pedregulhos (VLB, II, 69)
itamaraká (etim. - maracá de ferro) (s.) - sino (VLB, I, 65) ● itamaraká-mirĩ - sineta de mão, sinozinho manual, campainha (VLB, I, 64)
itamonhangara (etim. - fazedor de pedras) (s.) - pedreiro (VLB, II, 69)
itanha'ẽpepó (etim. - bacia de ferro com asas) (s.) - caldeira, caldeirão (VLB, II, 123)
Itaomirĩ (etim. - casinha de pedra) (s. antrop.) - nome de índio tupi (D'Abbeville, Histoire, 187v)
itaurapara (etim. - tacape de ferro) (s.) - besta (de atirar, instrumento de tiro) (VLB, I, 55)
itimixyra (s.) - roncador, peixe da família dos pomadasídeos (Lisboa, Hist. Anim. e Árv. do Maranhão, fl. 168v)
îu'iponga (etim. - rã batedeira) (s.) - JUIPONGA, sapo-ferreiro, sapo-tanoeiro, anfíbio anuro da família dos hilídeos, que vive junto aos alagadiços e rios e trepam nas árvores. "São grandes e quando cantam parecem caldeireiros que malham nas caldeiras..., as quais se comem e são muito alvas e gostosas." (Sousa, Trat. Descr., 264)
îukaíb (etim. - matar não completamente) (v.tr.) - forçar, violentar: Ereîukaípe mendare'yma i momoxy îanondé...? - Violentaste uma solteira antes de lhe fazer mal? (Ar., Cat., 103v); Nde nhe'ẽ-poroîukaípe abá supé? - Tu tiveste para alguém palavras que violentam? (Anch., Doutr. Cristã, II, 103)
îukyrana (etim. - falso sal) (s.) - salitre (VLB, II, 112)
JUNDIÁ (fonte: Marcgrave)
îupaty2 (etim. - pati de espinhos) (s.) - JUPATI, espécie de palmeira da subfamília das lepidocarináceas (Sousa, Trat. Descr., 256)
îura (ou nhura) (s.) - pescoço: Xe îuri arekó. - Tenho-o no meu pescoço. (VLB, II, 76) ● nhurĩ - pescocinho: 'yá-nhurĩ - cabaça-pescocinho “isto é, em forma de pescoço, com estreitamento entre duas partes mais largas, estreita no meio e grossa nas pontas” (VLB, I, 93)
îurá2 (s.) - estrado, grelha, JIRAU: ...Moka'ẽ itá îurá 'arybo sesyri... - Sobre grelhas de moquear, de ferro, assaram-no. (Ar., Cat., 7)
îura'ynha (etim. - caroços da garganta) (s.) - amigdalite; ínguas na garganta ou pescoço (VLB, I, 148; II, 12)
îurubyra (etim. - parte inferior da boca) (s.) - papo; papada (Castilho, Nomes, 32)
îuruûaîa (etim. - papagaio de cauda) (s.) - ave psitacídea de plumagem verde, manchada de negro, ventre multicor (D'Abbeville, Histoire, 234v)
îusara (ou îusûara) (s.) - JUÇARA, variedade de palmeira (Euterpe edulis Mart.) (v. îeîsara) (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 133)
îy1 (s.) - ferramenta (VLB, I, 138)
îybagûyra (etim. - parte inferior do braço) (s.) - sovaco, axilas (Castilho, Nomes, 32) ● îybagûyraba - pêlos das axilas (Castilho, Nomes, 32)
îybaypy (etim. - base do braço) (s.) - raiz do braço, o braço desde o cotovelo até o ombro; o ponto em que ele se une ao ombro (Castilho, Nomes, 45)
îygûaîa (s.) - cunha de cortar (VLB, I, 87)
îymonhangara (etim. - fazedor de ferramentas) (s.) - ferreiro (VLB, I, 138)
îytaka (s.) - cunha de pedra usada principalmente antes da conquista portuguesa (VLB, I, 87)
îy'yba (etim. - cabo de ferramenta) (s.) - arco-íris (VLB, I, 40)
ka'aataîa (s.) - trepadeira plumbaginácea (Plumbago scandens L.), conhecida como CAAPOMONGA, erva-do-diabo-louco, jasmim-azul e loco. O nome designa também Lindernia diffusa (L.) Wettst., escrofulariácea. (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 31)
ka'aeté2 (etim. - mata verdadeira) (s.) - CAETÊ, mata virgem ou que nunca foi roçada (VLB, II, 33)
ka'aeté3 (etim. - mata verdadeira) (s. etnôn.) - CAETÉ, nome de antiga nação indígena da costa (Cardim, Trat. Terra e Gente do Bras., 122)
CAAPIÁ (fonte: Marcgrave)
ka'asaba (etim. - passagem de mata) (s.) - vereda na mata: Ereîkópe kunhã amõ resé i ka'asaba rupi nhẽ nde sugûaraîyramo? - Tiveste relações sexuais com alguma mulher através das suas veredas na mata, como tua prostituta? (Anch., Doutr. Cristã, II, 91)
CAACICA (fonte: Marcgrave)
ka'atinga (etim. - mata clara) (s.) - CAATINGA, mato raso e cerrado, tipo de vegetação xerófita característica do semi-árido nordestino e norte de Minas Gerais (VLB, II, 133; Cardim, Trat. Terra e Gente do Brasil, 124)
kabesapysoe'yma (etim. - caba cega) (s.) - CABA-CEGA, inseto himenóptero da família dos vespídeos, que não voa durante o dia (VLB, I, 55)
kabureûasu (etim. - caburé grande) (s.) - ave do tamanho de uma águia, de corpo pardo e asas pretas. "...Criam em montes altos, onde fazem seus ninhos." (Sousa, Trat. Descr., 226)
ka'ẽ1 (s.) - tostadura; (adj.) - tostado, moqueado (p.ex., carne) (VLB, II, 134): Rorẽ-ka'ẽ-piã? - Por acaso é o Lourenço tostado? (Anch., Teatro, 26); pirá-ka'ẽ - peixe moqueado (Staden, Viagem, 157)
kagûaburu (etim. - vasilha em que se bebe cauim) (s.) - taça, copo (VLB, II, 123)
ka'ianhanga (etim. - macaco diabo) (s.) - var. de bugio muito grande, de hábitos noturnos. "O gentio tem agouro neles e como os ouvem gritar dizem que há de morrer algum." (Sousa, Trat. Descr., 254)
kaîarana (etim. - falso cajá) (s.) - nome de uma planta (Theat. Rer. Nat. Bras., II, 124)
ka'igûasu (etim. - caí grande) (s.) - var. de macaco CAÍ (VLB, I, 56)
ka'imirĩ (etim. - caí pequeno) (s.) - var. de macaco CAÍ, conhecido como mico-de-cheiro, pertencente ao gênero Saimiri. (D'Abbeville, Histoire, 252v)
Ka'ioby (etim. - caí verde) (s. antrop.) - CAIOBI, nome de índio tupi (Vasconcelos, Crônica, I, §158, 256)
ka'itaîa (etim. - caí rabudo) (s.) - espécie de macaco da família dos cebídeos (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 227)
KA'ITAÎA (fonte: Marcgrave)
kaîu'i (etim. - cajuzinho) (s.) - uma das espécies de caju (v. akaîu'i) (Sousa, Trat. Descr., 188)
ka'iúna (etim. - caí preto) (s.) - var. de macaco CAÍ (D'Abbeville, Histoire, 252v)
kaîupeba (etim. - caju achatado) (s.) - uma das espécies de CAJUEIRO-BRAVO, planta da família das dileniáceas (Curatella americana, L.) (Sousa, Trat. Descr., 220)
kamambu1 (s.) - bolha (de ar na água); (adj.) - ter ou fazer bolhas (VLB, I, 112)
CAMARÁ (fonte: Marcgrave)
kamaraapena (etim. - camará torto) (s.) - nome de uma planta (Theat. Rer. Nat. Bras., II, 176)
kamaraîuba (etim. - camará amarelo) (s.) - CAMARÁ-DE-ESPINHO (Lantana camara L.), planta verbenácea (Piso, De Med. Bras., IV, 197)
kamarambaîa (etim. - camará de pingentes) (s.) - CAMARAMBAIA, planta da família das onagráceas (Ludwigia octovalvis (Jacq.) P.H. Raven) (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 30)
kamaramirĩ (etim. - camará pequeno) (s.) - CAMARÁ-MIRIM, variedade de kamará (v.) (Piso, De Med. Bras., IV, 191)
kamaratinga (etim. - camará branco) (s.) - CAMARATINGA, CAMARÁ-BRANCO, planta verbenácea, Lantana brasiliensis Link. (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 5)
kamaraûasu (etim. - camará grande) (s.) - CAMARÁ-AÇU, planta da família das aristoloquiáceas (Aristolochia brasiliensis) (Brandão, Diálogos, 212; Theat. Rer. Nat. Bras., II, 236)
kamaraúna (etim. - camará escuro) (s.) - nome de uma planta (Theat. Rer. Nat. Bras., II, 175)
kamaripugûasu (etim. - camurupim grande) (s.) - peixe da família dos megalopídeos (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 179)
CAMBUÍ (fonte: Marcgrave)
kamburiûasu (etim. - camuri grande) (s.) - peixe de mar da família dos centropomídeos (D'Abbeville, Histoire, 244v)
kamurupyûasu (etim. - camurupi grande) (s.) - CAMURUPIAÇU, var. de peixe: -Setápe pirá seba'e? -Nã: kurimã, parati, ...kamurupyûasu. -São muitos os peixes que são gostosos? -Ei-los: curimã, parati, ...camurupiaçu. (Léry, Histoire, 348-349)
kamusi2 (s.) - telha ● kamusi-oka - telha de casa; casa de telha (VLB, II, 125)
kamusiaîura (etim. - jarro de garganta) (s.) - cântaro (VLB, I, 66)
kandura (s.) - lombada, lombo (como de faca, de vara, etc.); (adj.: kandur) - alombado (VLB, II, 24; 133)
NOTA - No P.B., CANINANA pode ser, também, uma pessoa ruim, de mau gênio (In Dicion. Caldas Aulete).
NOTA - No P.B., CAPARA é folha larga e afunilada, usada como copo (in Dicion. Caldas Aulete).
CAPIVARA (fonte: Marcgrave)
CARAGUATÁ (fonte: Marcgrave)
karagûatá-akanga (etim. - caraguatá de cabeça) (s.) - certa espécie de CARAGUATÁ, uma bromeliácea do gênero Bromelia (Piso, De Med. Bras., IV, 199-200)
NOTA - No P.B., CARAÍBA também designa coisa sobrenatural. (In Dicion. Caldas Aulete).
karaibebé (etim. - caraíba voador) (s.) - anjo; anjo da guarda, serafim: -Karaibebé serã, kó taba rarõaneté. - Talvez seja o anjo, guardião verdadeiro desta aldeia. (Anch., Teatro, 26); Pe îabi'õ Pa'i Tupã karaibebé moingóû. - De cada um de vós o Senhor Deus encarregou um anjo. (Anch., Teatro, 50); Nd'ouripe karaibebé amõ ybaka suí...? - Não vieram alguns anjos do céu? (Ar., Cat., 53v)
kara'inambi (etim. - carazinho de orelha) (s.) - espécie de CARÁ, planta dioscoreácea (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 52)
CARCARÁ (fonte: Marcgrave)
karamurupinima (etim. - caramuru pintado) (s.) - var. de enguia, peixe murenídeo (Libri Princ., vol. II, 55)
CARNAÚBA (fonte: Marcgrave)
karaobusu (etim. - caroba grande) (s.) - CAROBAGUAÇU, palissandra, variedade de CAROBA, árvore da família das bignoniáceas (Jacaranda copaia (Aubl.) D. Don ou Jacaranda mimosaefolia D. Don) (Sousa, Trat. Descr., 203)
karapeba (etim. - cará achatado) (s.) - CARAPEBA, ACARAPEBA, peixe da família dos gerrídeos (Sousa, Trat. Descr., 285)
karapytanga (etim. - cará avermelhado) (s.) - CARAPITANGA, peixe da família dos lutjanídeos, também conhecido como ACARAPITANGA e CARAPUTANGA (Sousa, Trat. Descr., 280)
karaúna (etim. - cará escuro) (s.) - CARAÚNA, peixe da família dos serranídeos (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 147)
karipiratyatinga (etim. - caripirá da nuca branca) (s.) - nome de uma ave (Theat. Rer. Nat. Bras., I, 110)
karûatapyranga (etim. - caraguatá vermelho) (s.) - cardo vermelho, variedade de karagûatá (v.) (D'Evreux, Viagem, 276)
kasaba2 (s.) - tortas feitas pelos índios com o resíduo da preparação de manipoí (sopa indígena) (D'Abbeville, Histoire, 305)
kaûĩaîa1 (etim. - cauim azedo) (s.) - vinho (de uvas) (VLB, II, 146): Kaûĩaîa 'useîa é, opakatu amboapy. - Querendo beber vinho, tudo esgotei. (Anch., Teatro, 46)
kaûĩaîasy (etim. - cauim azedo e ruim) (s.) - vinagre: Mba'e-py'aûpîara kaûĩaîasy resé i monani... - Uma coisa amarga com vinagre misturaram. (Ar., Cat., 63v)
kaûĩe'ẽ (etim. - cauim doce) (s.) - mosto, sumo de uva (VLB, II, 43)
kaûĩeté (etim. - cauim verdadeiro) (s.) - 1) o mesmo que kaûĩ (v.) (Anch., Cartas, 459); 2) vinho de uvas (VLB, II, 146)
kaûĩpysasu (etim. - cauim novo) (s.) - mosto, sumo de uva (VLB, II, 43)
kaûĩtatá (etim. - cauim-fogo) (s.) - aguardente: ...Gûy! I katu-tekatunhẽ kaûĩtatá. - Oh! É muito bom o aguardente! (D'Evreux, Viagem, 364)
kaûĩymûana (etim. - cauim velho) (s.) - vinho de uvas (VLB, II, 146)
Kaûmondá (etim. - ladrão de cauim) (s. antrop.) - nome de índio tupi (Anch., Teatro, 130, 2006)
keramonaé (conj.) - não sendo assim, como não é (Fig., Arte, 148)
keramonaémo (conj.) - não sendo assim, como não é (Fig., Arte, 148)
COROCORÓ (fonte: Marcgrave)
kûá2 (s.) - enseada, baía: paranãngûá - enseada ou baía de mar (VLB, I, 50)
kuabukar (ou kugûabukar) (v.tr.) - manifestar, fazer saber (VLB, II, 31)
CUANDU (fonte: Marcgrave)
kuapaba (ou kugûapaba) (etim. - instrumento de reconhecimento) (s.) - sinal, marca (como das caixas, das vacas, etc.): i kuapaba - as marcas delas (VLB, II, 32)
kuapamoín (ou kugûapamoín) (etim. - colocar meio de reconhecer) (v.tr.) - assinalar, marcar (VLB, I, 45)
kuapamoindaba (ou kugûapamoindaba) (etim. - instrumento de colocar um meio de reconhecer) - marca, ferrete (para gado, para escravos): i kuapamoindaba - seu ferrete (VLB, II, 32)
kûaruru (etim. - vagina inchada) (s.) - cio (da fêmea); (adj.) - saída, no cio (fal. de fêmeas): Xe kûaruru. - Eu estou no cio, eu estou saída. (VLB, II, 111)
COATI (fonte: Marcgrave)
ku'i (s.) - coisa moída, farelo, pó, farinha, CUÍ (Amaz.): pirá ku'i - farinha de peixe (Staden, Viagem, 58); ybyrá ku'i - pó de madeira (como o que faz o caruncho no pau) (VLB, I, 134; II, 79)
CUITÉ (fonte: Marcgrave)
CUCURI (fonte: Marcgrave)
kunhataĩapé (etim. - caminho de menina) (s.) - pássaro "cujo canto forma o choro de uma criança" (Brandão, Diálogos, 230)
kupy2 (s.) - costas (o mesmo que kupé - v.) (Castilho, Nomes, 31)
CURACACA (fonte: Marcgrave)
CURIMBATÁ (fonte: Marcgrave)
kuruá1 (s.) - CURUÁ, nome de árvore que se parece "na feição, na folha, na cor da madeira, com carvalhos" (Sousa, Trat. Descr., 214)
kuruá2 (s.) - 1) planta cucurbitácea trepadeira de que se pode fazer latada; 2) o fruto dessa planta, do tamanho de uma abóbora (Brandão, Diálogos, 212)
kuruatá2 (s.) - CURUATÁ, peixe da família dos tunídeos, de ótima carne (VLB, I, 29)
kururuapé (etim. - caminho de sapo) (s.) - CURURU-APÊ, planta sapindácea (Paullinia pinnata L.), conhecida também como timbó ou timbó-cipó, usada para entorpecer os peixes nas pescarias (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 22; Piso, De Med. Bras., IV, 200-201)
Kururupeba (etim. - sapo achatado) (s.) - CURURUPEBA, nome de uma entidade da mitologia dos antigos índios tupis da costa do Brasil (Soares, Coisas Not. Bras., ms. C, 676-683): Xe rera "Kururupeba". - Meu nome é "Sapo Achatado". (Anch., Teatro, 90)
kyseapara (etim. - faca torta) (s.) - foice: Nd'ereruripe kyseapara amõ? - Não trouxeste algumas foices? (D'Evreux, Viagem, 246)
kysegûasu (etim. - faca grande) (s.) - cutelo: itá-kysegûasu - cutelo de ferro (VLB, I, 88)
kyûaba ou (kygûaba) (etim. - instrumento de comer piolhos) (s.) - pente (Léry, Histoire, 346; VLB, I, 32)
Ma'eakanga (etim. - cabeça de coisa) (s. antrop.) - nome de índio tupi (D'Abbeville, Histoire, 188v)
magûá (s.) - broca, lagarta ou larva que ataca o vinho (VLB, I, 60)
Maíra-poxy (etim. - Maíra ruim) (s. antrop.) - nome de entidade mitológica dos antigos tupis da costa (Thevet, Cosm. Univ., 918)
MACUCAGUÁ (fonte: Marcgrave)
MANACÁ (fonte: Marcgrave)
mana'ybusu (etim. - manaíba grande) (s.) - variedade de mandioca (Sousa, Trat. Descr., 173)
mandi'opeba (etim. - mandioca achatada) (s.) - var. de mandioca (Piso, De Med. Bras. IV, 177-178)
mandi'opûera (etim. - mandioca velha) (s.) - nome de um fruto (Knivet, The Adm. Adv., 1230)
mandi'ybumana (etim. - mandioca velha) (s.) - var. de mandioca (Piso, De Med. Bras., IV, 177)
mandi'ybusu (etim. - mandioca grande) (s.) - var. de mandioca (Piso, De Med. Bras., IV, 177)
mangaramirĩ (etim. - mangará pequeno) (s.) - MANGARÁ-MIRIM, MANGARITO planta arácea, variedade de taioba (Xanthosoma sagitifolium (L.) Schott) (Piso, De Med. Bras., 194)
mani'oketé (etim. - mandioca verdadeira) - o mesmo que mandi'oka (v.) (D'Abbeville, Histoire, 230)
manipokamirĩ (etim. - mani estourado pequeno) (s.) - variedade de mandioca (Sousa, Trat. Descr., 173)
manisoba (etim. - mani folhudo) (s.) - MANIÇOBA, 1) folha da mandioca (Manihot esculenta Crantz); 2) planta da família das euforbiáceas (Manihot glaziovii Muell. Arg.), de que se extrai borracha (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 68)
marakagûasu (etim. - maracá grande) (s. etnôn.) - nome de nação indígena (Cardim, Trat. Terra e Gente do Brasil, 125)
marakaîaeté (etim. - maracajá verdadeiro) - o mesmo que marakaîá2 (v.) (VLB, I, 147)
Marakaîagûasu (etim. - maracajá grande) (s. antrop.) - nome de índio tupi (Vasconcelos, Crônica, I, § 202, 278)
marakaîamirĩ (etim. - maracajá pequeno) (s.) - variedade de gato do mato, animal da família dos felídeos (Soares, Coisas Not. Bras. [ms .c], 1142-1144)
Marakapu (etim. - barulho de maracá) (s. antrop.) - nome de índio tupi (D'Abbeville, Histoire, 188)
marakaûasu (etim. - maracá grande) (s.) - sino; grande campainha (Léry, Histoire, 351)
marigûiúna (etim. - marigui escuro) (s.) - MARIGUIÚNA, variedade de pequeno mosquito dos matos (VLB, II, 43)
MATUIM (fonte: Marcgrave)
mba'enakó (conj.) - da mesma forma que, do mesmo modo que, como: Mba'enakó ahẽ amõ îukáû akûeîme. - Da mesma forma que fulano matou alguém há tempos. (VLB, I, 78)
mba'etybe'yma (etim. - não abundância de coisas) (s.) - esterilidade, falta das coisas necessárias, infertilidade (p.ex., da terra) (VLB, I, 128)
mbó (s.) - forma absol. de pó (v.) (Anch., Arte, 2v)
mbogûatá (ou mogûatá) (v.tr.) - fazer andar: Xe katûagûama ri ene'ĩ xe mbogûatábo. - Eia, faze-me andar nas minhas virtudes. (Valente, Cantigas, III, in Ar., Cat., 1686)
me'engyîeby (etim. - dar de volta) (v.tr.) - devolver: Oîme'engîeby sepypûera morubixabetá... supé... - Devolveu seu pagamento aos príncipes. (Ar., Cat., 57v)
MERU (fonte: Marcgrave)
membyrakyrara (etim. - nascimento de filho tenro) (s.) - parto prematuro ou por aborto (VLB, II, 43)
membyra'ysé (etim. - parente dos filhos) (s.) - 1) enteado (de m.) (VLB, I, 118); 2) sobrinho (de m.), filho de sua irmã ou prima (Ar., Cat., 114v; VLB, II, 119)
menduba (etim. - pai de marido) (s.) - sogro (de m.) (Ar., Cat., 115)
mendy (etim. - mãe de marido) (s.) - sogra (de m.) (Ar., Cat., 115)
metara - v. (e)mbetara (r, s) (Cardim, Trat. Terra e Gente do Brasil, 109)
miaûsube'yma (etim. - não escravo) (s.) - forro, homem livre; mulher forra que nunca foi escrava (VLB, I, 142): Mbiaûsube'yma mbiaûsubeté resé omendaryba'e "-miaûsube'yma kó" o'îaba'upa, n'omendari... - O forro que se casou com uma escrava verdadeira, pensando falsamente "-eis que esta é forra", não se casou. (Ar., Cat., 131v)
migûá (s.) - BIGUÁ, MEUÁ, MIUÁ, MUIÁ, corvo-marinho, ave da família dos falacrocoracídeos (Lisboa, Hist. Anim. e Árv. do Maranhão, fl. 185; VLB, I, 83)
minga'u - v. (e)minga'u (r, s)
minõ (s.) - cintas e braceletes feitos com conchas e caramujos quebrados, cujos pedacinhos são polidos e transformados em pequenos quadrados ou em outras figuras geométricas (D'Abbeville, Histoire, 275v)
mirĩ (s.) - coisa miúda, coisa pequena: mirĩ-mirĩ - muitas coisas miúdas (VLB, II, 39); (adj.) - 1) pequeno, MIRIM: Mba'e-mirĩ resé... aîpó o'îabo... - Dizendo isso por pequenas coisas. (Ar., Cat., 67v); ...Ó-mirĩ pupé ereîkó. - Dentro de uma casinha estás. (Anch., Poemas, 128); Xe mirĩ! - Eu sou pequeno! (Anch., Teatro, 62); 2) baixo, de baixa estatura (fal. de pessoas): abá-mirĩ - homem baixo; kunhã-mirĩ - mulher de baixa estatura (VLB, II, 78); (adv.) minimamente, um pouco, um pouquinho: T'îanhe'engá-mirĩ ranhẽ... - Cantemos um pouquinho, primeiro. (Anch., Teatro, 56); Eîpotá-mirĩ umẽ tatápe xe soaûama. - Não queiras nem um pouquinho que eu vá para o fogo. (Anch., Poemas, 166); Tatá anhanga ratá 'arybo mirĩ oîkoba'e... - Um fogo que está um pouco acima do inferno. (Bettendorff, Compêndio, 49); ...Xe raûsubá-mirĩ îepé te'õ gûé!... - Compadece-te um pouco de mim, ó morte! (Ar., Cat., 158) ● mirĩ-mirĩ (adv.) - em pequenas partes, em pequenas porções: A'epe sugûy moîa'o-mirĩ-mirĩneme i îabi'õpe i kûáî? - E se dividirem seu sangue em pequenas partes, em cada uma delas está? (Anch., Doutr. Cristã, I, 216)
moapagûyb (v.tr.) - brandir, fazer vibrar, sacudir (vara, árvore, etc.) (VLB, I, 59)
moapapub (v.tr.) - 1) amolecer, abrandar; 2) convencer: Aîmoapapub. - Convenço-o. (VLB, II, 43)
moapysakûaîe'o (etim. - fazer cerrarem-se os buracos das orelhas) (v.tr.) - ensurdecer (VLB, I, 118)
moapysakûakanhem (etim. - fazer desaparecer os buracos das orelhas) (v.tr.) - ensurdecer (VLB, I, 118)
moapysang (v.tr.) - coalhar, fazer coalhar (VLB, I, 75)
moa'ypab (etim. - fazer esgotar o sêmen de) (v.tr.) - esfalfar: Aîmoa'ypab. - Esfalfei-o. (VLB, I, 124)
moîepenhombendûara (s.) - coisa rara, coisa poucas vezes vista (VLB, II, 96)
moingatu (etim. - fazer estar bem) (v.tr.) - guardar; firmar: ...Xe nhy'ãme t'ereîké, xe py'a moingatûabo. - Que entres no meu coração, guardando bem meu interior. (Anch., Poemas, 130)
mokaba'ynha (etim. - caroço de instrumento de estouro) (s.) - pelouro, bola de metal para arma de fogo (VLB, II, 71)
mokaboby (s.) - bombarda (VLB, I, 57)
moka'ẽ2 (ou monga'ẽ) (etim. - deixar tostado) (v.tr.) - assar em grelhas (em labaredas e fumaça, como churrasco), MOQUEAR: Aîmoka'ẽ - Moqueei-o. (VLB, II, 134); Peîori, perasó muru, supi îandé ratápe sapeka, i monga'ẽmo... - Vinde, levai os malditos, erguendo-os para sapecá-los em nosso fogo, moqueando-os... (Anch., Teatro, 90)
moko'em (etim. - fazer amanhecer) (v.tr.) - tranquilizar, serenar (VLB, I, 45)
mokûar (etim. - fazer buraco) (v.tr.) - furar: Aîmokûar. - Furei-o. (VLB, I, 60); Ereîmombukype kunhataĩ amõ, i mokûá...? - Desvirginaste alguma menina, furando-a? (Anch., Doutr. Cristã, II, 89)
momby'ar (v.tr.) - 1) amansar (o animal) (VLB, I, 33); abrandar, afrouxar: ...îandé ro'o îandé i momby'a-potáno. - ...querendo também que nós afrouxemos nossa carne. (Ar., Cat., 11); 2) enternecer: Irõ moroapirõ a'e oporomomby'ar... - Portanto, prantear as pessoas (que chegam, como saudação) isso as enternece. (Ar., Cat., 85v)
momoroting (v.tr.) - branquear: T'onhemoma'enduá-katu Tupã o 'anga momorotingûera resé... - Que se lembre bem de que Deus branqueou sua alma. (Ar., Cat., 188)
mondabeypor (ou mondabeypó ou mosabeypor) (v.tr.) - fazer embriagar-se, embebedar: Nde mondabeypó kaûĩ. - Embebedava-te o cauim. (Anch., Teatro, 170); Abá mongagûabo koîpó se'yma, i mondabeypó... - Fazendo as pessoas beberem cauim ou dando-lhes de beber, fazendo-as embriagar-se. (Ar., Cat., 78)
mondyk1 (v.tr.) - 1) aproximar: Marãpe ybŷá serekóû i mondyka potá? - Que fizeram, querendo aproximá-los? (Ar., Cat., 62v); 2) fazer chegar: Eresepy-mondykype marãtekó repyramo? - Fizeste chegar o pagamento como retribuição de um trabalho? (Ar., Cat., 107v)
mondyk3 (v.tr.) - 1) abrasar, queimar: Akusu-mondyk. - Queimo campinas. (VLB, I, 140; II, 93); ...Opabẽ taba mondyki. - Todas as aldeias abrasou. (Valente, Cantigas, V, in Ar., Cat., 1618); 2) acender: ...Tatá... îaîmondyk... - Acendemos o fogo. (Ar., Cat., 6)
mongaturõ2 (ou mongatyrõ) (v.tr.) - ornar, enfeitar (VLB, II, 59)
monhangypy (etim. - fazer primeiro) (v.tr.) - introduzir, inventar (VLB, II, 13)
monharõ2 (etim. - fazer investir) (v.tr.) - provocar (VLB, II, 89); fazer ficar bravo (VLB, II, 95); irritar, açular (p.ex., o animal, para que arremeta) (VLB, II, 89)
monhemũ (etim. - fazer parentes) (v.tr.) - pacificar, reconciliar: Aîmonhemũ. - Reconciliei-os. (Fig., Arte, 112)
monheran (etim. - fazer atacar) (v.tr.) - fazer irritar-se, provocar (p.ex., um animal para que arremeta) (VLB, II, 89)
monherundykaba (num.) - quarto: I monherundykaba: Eîmoeté nde ruba nde sy abé. - O quarto (mandamento) deles: Honra teu pai e tua mãe. (Bettendorff, Compêndio, 10)
moropeteka (etim. - bate gente) (s.) - MORUPETECA, formiga-correição; o mesmo que gûaîu-gûaîu (v.) (VLB, I, 142)
mopiririk (etim. - fazer faiscar) (v.tr.) - fazer estalar: Aîepó-mopiririk. - Faço-me estalar as mãos. (VLB, I, 68)
mopok (etim. - fazer estourar) (v.tr.) - disparar (tiro) (VLB, I, 100)
mopopytun (etim. - fazer escurecer as fibras) (v.tr.) - tapar (um pano ou aquilo que se tece) (VLB, II, 124)
mopukusam (etim. - fazer as pernas terem cordas) (v.tr.) - prender, amarrar pelos pés, pôr trava nos pés de (VLB, I, 46)
mopysakang (etim. - fazer tropeços) (v.tr.) - dar tropeçada em (VLB, I, 112)
mororokaba'ynha (etim. - caroço de instrumento de explosão) (s.) - pelouro, bola de metal de qualquer tiro de fogo (VLB, II, 71)
moro-suí (posp.) - da gente, das pessoas: Anga Îandé Îara... oîmoabaíb, morosuí i mondóbo. - Isso Nosso Senhor impede, repelindo-o das pessoas. (Ar., Cat., 89)
moro-upé (posp.) - para as pessoas, às pessoas, diante das pessoas: Arobîar... moroupé Tupã nhyrõ. - Creio que Deus perdoa às pessoas. (Anch., Doutr. Cristã, I, 142)
moruru (etim. - fazer inchar) (v.tr.) - amolentar, pondo de molho (p.ex., o couro) (VLB, I, 34); empapar
mosam (etim. - fazer ter corda) (v.tr.) - atar, amarrar com corda, encabrestar (p.ex., um cavalo) (VLB, I, 47)
motumung (etim. - fazer estremecer) (v.tr.) - sacudir (VLB, I, 17; II, 110)
motykyr (etim. - fazer gotas) (v.tr.) - destilar (VLB, I, 129)
mo'ytykyr (etim. - fazer gotas d'água) (v.tr.) - destilar (VLB, I, 129)
mo'y'useî (etim. - fazer querer beber água) (v.tr.) - fazer ter sede: Kûarasy... oporomo'y'useîeté. - O sol faz as pessoas terem muita sede. (Ar., Cat., 164)
MUCUNÁ (fonte: Marcgrave)
mundé2 (s.) - prisão: ...Mundépe i moingopyra supa pesó îepi... - Fostes sempre para visitar os que estão postos nas prisões. (Ar. Cat., 162v)
mundeoka (etim. - casa de prisão) (s.) - prisão, cadeia, presídio (VLB, I, 62): Abá-mondá ...mundeokype i mondebypyrûera. - Um ladrão que fora posto na prisão. (Ar., Cat., 59v)
murukuîaeté (etim. - maracujá verdadeiro) (s.) - variedade de MARACUJÁ, planta da família das passifloráceas, do gênero Passiflora (Piso, De Med. Bras., 197-198)
MARACUJÁ-AÇU (fonte: Marcgrave)
murukuîamixyra (etim. - maracujá cozido) (s.) - variedade de MARACUJÁ (Brandão, Diálogos, 212)
murukuîapiruna (etim. - maracujá de pele escura) (s.) - variedade de MARACUJÁ, planta da família das passifloráceas, do gênero Passiflora (Piso, De Med. Bras., 197-198)
murukuîaúna (etim. - maracujá escuro) (s.) - variedade de MARACUJÁ (Vasconcelos, Crônica [Not.] II, §78, 151)
murukuîayperoba1 (etim. - maracujá da casca amarga) (s.) - variedade de MARACUJÁ, MARACUJÁ-PEROBA (Brandão, Diálogos, 212)
Murukuîayperoba2 (etim. - maracujá da casca amarga) (s. antrop.) - nome de índio tupi (D'Abbeville, Histoire, 182v)
MUÇUM (fonte: Marcgrave)
musurana (etim. - falso muçum) (s.) - MUÇURANA, MAÇARANA, corda tecida com que se amarrava pela cintura o prisioneiro num sacrifício ritual (Staden, Viagem, 90; Sousa, Trat. Descr., 312, 324): Tataûrana, eru ké nde musurana! - Tataurana, traze aqui tua muçurana! (Anch., Teatro, 64); Kó xe musuranusu. - Eis aqui minha grande muçurana. (Anch., Teatro, 64)
MUTUM (fonte: Marcgrave)
NOTA - No P.B., NAMBI pode também ser um adjetivo: 1) de orelha cortada ou atrofiada; 2) que tem as orelhas caídas (fal. de cavalo): cavalo NAMBI (in Novo Dicion. Aurélio).
nambipaîa (etim. - carga de orelha) (s.) - objetos que se penduravam nas orelhas, do comprimento aproximado de um palmo, roliços e da grossura de um dedo polegar; orelheira (Staden, Viagem, 149).
NARINARI (fonte: Marcgrave)
nariréî (etim. - não depois) (adv.) - o mais cedo possível, em um momento, imediatamente (VLB, I, 36)
nha'ẽpyúna (etim. - bacia de fundo escuro) (s.) - forno de fazer farinha (VLB, I, 142)
NHAMBI (fonte: Marcgrave)
NHANDU-AÇU (fonte: Marcgrave)
nhatimana (s.) - tornada, retorno de algum lugar para onde se foi; giro, volta, curva; (adj.: nhatiman) - que gira em círculos, que roda: itakynhatimana - pedra de amolar que gira, pedra de barbeiro (VLB, II, 39)
nhati'ũasu (etim. - jatium grande) (s.) - variedade de pernilongo (Sousa, Trat. Descr., 243)
nhe'ẽkurukuruka (etim. - palavras resmungonas) (s.) - resmungão; (adj.: nhe'ẽkurukuruk) - resmungão; (xe) resmungar: Xe nhe'ẽkurukuruk. - Eu resmungo. (VLB, II, 101)
nhe'engaipaba (etim. - maldade de palavras) (s.) - vitupério, injúria: Nd'oîmoasyîpe amõ o nhe'engaibagûera iî a'o ré? - Não se arrependeram alguns de seus vitupérios após o injuriarem? (Ar., Cat., 63)
Nhe'engaroby (etim. - cantiga azul) (s. antrop.) - nome de índio tupi (D'Abbeville, Histoire, 188)
nhe'ẽpokarugûara (etim. - sagacidade de palavras) (s.) - manha (nas palavras); (adj.: nhe'ẽpokarugûar) - manhoso em palavras: Xe nhe'ẽpokarugûá-katu. - Eu sou muito manhoso em palavras. (VLB, II, 31)
nhe'ẽporanga (etim. - palavras bonitas) (s.) - gabola, bom falador (D'Evreux, Viagem, 158)
nhe'ẽporangaíba (etim. - palavras bonitas ruins) (s.) - palavras de rufianice, palavras de sexo, de coisas sensuais; (adj.: nhe'ẽporangaíb) (xe) - ter palavras de sexo, de coisas sensuais: Xe nhe'ẽporangaíb (abá) supé. - Eu tenho palavras de sexo para as pessoas. (VLB, I, 34; II, 109, adapt.)
nhemanga (s.) empenadura, tortuosidade; (adj.: nhemang) - empenado, torto, zambro: tymã-nhemanga - pernas empenadas, zambras, tortas; Xe retymãnhemang. - Eu tenho pernas tortas. (VLB, II, 149)
nhemoabaré (etim. - fazer-se padre) (s.) - sacramento da ordem (Ar., Cat., 17v)
nhemoapyr (ou îemoapyr) (v. intr.) - abaixar-se, encurvar-se (como o que vai ver o que caiu) (VLB, I, 17)
nhemoapytereb (etim. - fazer-se calvo) (v. intr.) - ordenar-se, tornar-se padre (VLB, II, 58)
nhemoasy (etim. - fazer doer em si) (v. intr.) - irritar-se, ofender-se (VLB, I, 44)
nhemoatypy (etim. - fazer bochechas em si) (v. intr.) - inchar-se as bochechas (com ar, bocado de comida): Anhemoatypygûasu. - Inchei-me muito as bochechas. (VLB, I, 56)
nhemoa'ypupuk (etim. - fazer-se expelido o sêmen) (v. intr.) - ter polução: Erenhemoa'ypupukype nde poropotaramo? - Tu tiveste polução, tendo desejos sensuais? (Anch., Doutr. Cristã, II, 90)
nhemoerapûan (etim. - fazer-se ter o nome ligeiro) (v. intr.) - tornar-se famoso (VLB, II, 12)
nhemoeté (etim. - fazer-se muito bom) (v. intr.) - envaidecer-se, elogiar-se, exaltar-se: Anhemoeté-a'ub. - Envaideço-me sem motivo (isto é, de coisas más). (VLB, I, 117); Aîpó te'õ îanondé irã amõ abá-angaîpabeté Anti-Cristo seryba'e ruri onhemoetébo... - Antes dessas mortes, um certo homem muito mau, chamado Anti-Cristo, virá, exaltando-se. (Ar., Cat., 160)
nhemoîeîaî (etim. - fazer-se esquivo) (v. intr. compl. posp.) - gabar-se [de algo: compl. com esé (r, s)]: Anhemoîeîaî (mba'e) resé. - Gabei-me de algo. (VLB, I, 147, adapt.)
nhemoîereb (etim. - fazer-se virar) (v. intr.) - revolutear, girar ● nhemoîerepaba - tempo, lugar, modo, etc. de revolutear, de girar; o ato de revolutear, o giro: Urubu mba'enema 'arybo nhemoîereba... îabé... - Como o revolutear de um urubu sobre coisas fedorentas... (Anch., Doutr. Cristã, II, 111-112)
nhemoîyb (etim. - fazer-se cozer) (v. intr.) - tomar suadouros (VLB, II, 122)
nhemokunu'um (etim. - fazer-se carinhoso) (v. intr. compl. posp.) - fazer mimos, fazer agrados, fazer afagos, fazer carinhos [a alguém: compl. com esé (r, s)]: Anhemokunu'um (abá) resé. - Faço mimos no homem. (VLB, II, 38, adapt.) ● nhemokunu'usaba (ou nhemokunu'umbaba) - tempo, lugar, modo, objeto, etc. de fazer mimos; o mimado (VLB, II, 38)
nhemombeb (etim. - fazer-se achatado) (v. intr.) - 1) agachar-se: Anhemombé-mombeb gûitekóbo. - Estou-me agachando (em movimento). (VLB, I, 23); Anhemombeb gûitena. - Estou-me agachando (parado). (VLB, I, 23); 2) deitar-se, dispor-se deitado (VLB, I, 19)
nhemongatu (etim. - fazer-se bem) (v. intr.) - sossegar, tranquilizar-se: Penhemongatu mamõ xe suí n'opoapyî. - Sossegai longe de mim senão vos queimo. (Anch., Poesias, 56)
nhemosaînane'yma (etim. - falta de cuidado) (s.) - negligência; descuido (VLB, II, 49)
nhemoyaî (etim. - fazer-se suar) (v. intr.) - tomar suadouros (VLB, II, 122)
nhetamonhang (etim. - fazerem-se tabas) (v. intr.) - fazer povoação, fundar aldeia (VLB, II, 84)
nhoamotare'yma (etim. - falta de querer bem um ao outro) (s.) - ódio, malquerença, discórdia (VLB, I, 103): ...Abá resé nhoamotare'yma rerekouká abá supé. - Fazendo as pessoas terem ódio umas das outras por causa de alguém. (Ar., Cat., 74)
nhoepenhan [etim. - atacar um(s) ao(s) outro(s)] (v. intr.) - brigar (com muito barulho e clamores, com flechadas ou cutiladas) (VLB, I, 43)
'o2 (s.) - fechamento, ato de fechar: i 'o - seu fechamento (Anch., Arte, 5v)
obamoîar (s) (v.tr.) - atiçar (p.ex., o fogo) (VLB, I, 47)
oîeirundyk (num.) - quatro (o mesmo que oîoirundyk - v.) (Ar., Cat., 77)
onhoba'ũ (s.) - 1) rua (VLB, II, 109); 2) travessa de rua (VLB, II, 136); 3) beco ou rua estreita (VLB, I, 53) ● onhoba'ũ-mirĩ - beco ou rua estreita (VLB, I, 53)
otĩapûabo (etim. - na ponta de seu nariz) (adv.) - de ponta (VLB, II, 80)
otĩapyrybo (etim. - na ponta de seu nariz) (adv.) - de ponta (VLB, II, 80)
NOTA - No P.B., PAJÉ também significa 1) mandachuva; 2) (Amaz.) benzedor, curandeiro (in Dicion. Caldas Aulete).
PAJAMARIOBA (fonte: Marcgrave)
PACA (fonte: Marcgrave)
pakabyra (s.) - folha de bananeira silvestre (Heliconia pendula) usada pelos índios para embrulhar farinha de mandioca (Frei Vicente do Salvador, Hist. Brasil, I, cap. xvi)
pakobamirĩ (etim. - pacova pequena) (s.) - PACOVA-MIRIM, 1) variedade de bananeira pequena; 2) o fruto dessa planta, "do comprimento de um dedo, mas mais grossa" (Sousa, Trat. Descr., 189)
pakobeté (etim. - pacova verdadeira) (s.) - 1) variedade de bananeira, planta musácea do gênero Musa; 2) o fruto dessa planta (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 274)
pakobusu (etim. - pacova grande) (s.) - 1) PACOVEIRA, PACOBEIRA, bananeira, planta da família das musáceas (Musa paradisiaca L.); 2) o fruto dessa planta (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 274)
pakoby (etim. - caldo de pacova) (s.) - variedade de bebida feita da pacova (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 274)
pakurypari (etim. - bacuri torto) (s.) - BACURIPARI, BACURIPATI, árvore da família das clusiáceas (Garcinia macrophylla Mart.). "Dá esta árvore um fruto tamanho como fruta nova, que é amarelo e cheira muito bem." (Sousa, Trat. Descr., 191)
PARANAKARÉ (fonte: Marcgrave)
paresara (s.) - mensageiro que convida para festas: Paresaramo asó. - Vou como mensageiro; Paresaramo aîkó. - Estou como mensageiro. (VLB, II, 35)
parĩ (m) (s.) - 1) aleijão (que não impede o andar) (VLB, I, 30); coisa torta (VLB, II, 133); 2) aleijado (que pode andar); coxo (D'Evreux, Viagem, 157), manco, maneta (VLB, I, 30); (adj.) - manco (VLB, II, 30); aleijado; torto; (xe) manquejar: Xe parĩ. - Eu manquejo. (VLB, II, 31)
PARU (fonte: Marcgrave)
patagûy2 (s.) - estrado feito de canas ou de madeiras de ramos verdes, que serviam de mesa para os índios (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 272)
patyoba (etim. - pati folhudo) (s.) - variedade de palmeira do gênero Syagrus, com folhas largas. "Dá palmitos pequenos, mas muito gostosos." (Sousa, Trat. Descr., 199)
pekûá (ou pekûãî) - 2ª p. irreg. do pl. de só (v.) - ide!: Pekûá taba rupi... - Ide pelas aldeias... (Ar., Cat., 5)
pena'yba (ou pinda'yba) (s.) - PINDAÍBA, planta da família das anonáceas (Sousa, Trat. Descr., 219)
pepoata'yba (etim. - cabo de pena direita) (s.) - pena de escrever (VLB, II, 71)
pepyra (s.) - festa ritual (de comer, de beber); banquete: kaûĩ pepyra - festa de cauim (Staden, Viagem, 61); T'a'u pá Îakaregûasu pepyra! - Hei de comer todo o banquete de Jacaré-guaçu! (Anch., Teatro, 62)
PIABA (fonte: Marcgrave)
PIABUÇU (fonte: Marcgrave)
piara1 (mb) (s.) - caminho (com relação ao lugar aonde conduz): -Umãmepe amõaé reîari? -Mitỹmbiarype. -Onde deixou os outros? -Num caminho do horto. (Ar., Cat., 52v); ...T'oîkuab ybaka piara. - ...Que conheça o caminho do céu. (Valente, Cantigas, V, VI, in Ar., Cat., 1618); Kariîopiara - caminho da (aldeia) Carioca (Léry, Histoire, 352)
pikirana (etim. - falso pequi) (s.) - PEQUIRANA, nome de uma planta [Heriarte, Descr. Maranhão, Pará, in Varnhagen, Hist. (4ª edição, 1951, III, 177)]
PIQUITINGA (fonte: Marcgrave)
pindaîtykara (etim. - lançador de anzol) (s.) - pescador com linha (VLB, II, 75): Pindaîtykara îepotasápe, memẽ o agûasá-poxy supé oîmoîa'ok o embiara, o îara kupébo nhẽ. - Ao chegarem os pescadores, repartem sempre com suas amantes ruins seu pescado, pelas costas de seus senhores. (Anch., Poesias, 268)
pinda'yba3 (etim. - haste de anzol) (s.) - vara de pescar (VLB, I, 65)
PINDOBA (fonte: Marcgrave)
PIRABEBE (fonte: Marcgrave)
PIRANHA (fonte: Marcgrave)
PIRAPYXANGA (fonte: Marcgrave)
piru'a (mb) (s.) - calo, bolha na pele: mbó piru'a - calos das mãos; mby piru'a - calos dos pés (VLB, I, 64); (adj.) - calejado: Xe pó-piru'a. - Eu tenho mãos calejadas; Xe py-piru'a. - Eu tenho pés calejados. (VLB, I, 64); (xe) ter calos, ter bolhas: Xe piru'a. - Eu tenho calos; Xe piru'a-ru'a. - Eu tenho muitas bolhas. (VLB, I, 112) ● mbyru'apûera - calos já duros (VLB, I, 64)
PITANGUÁ-AÇU (fonte: Marcgrave)
pixé (s.) - 1) chamusco, PIXÉ: -Nde rapixara pixé, mba'enem-y îu! - És parecido com um chamusco, ó coisa fedorenta! (Anch., Teatro, 128); 2) PIXÉ, cheiro de coisa chamuscada, de coisa assada (VLB, I, 72)
1 (mb) (s.) - mão: Nde pópe ogûapyka, osó kunumĩ... - Em tuas mãos sentando-se, vai o menino. (Anch., Poemas, 120); ...Opá o boîá nde pópe i mongûapa. - Todos os seus discípulos para tuas mãos fazendo passar. (Anch., Poemas, 124); Nde morerekoar xe ri, nde pó gûyrype xe nonga. - Sê tu guardião de mim, sob tuas mãos colocando-me. (Valente, Cantigas, I, in Ar., Cat., 1618); Oîme'eng i pópe-katu... - Entregou-o bem em suas mãos. (Ar., Cat., 61) ● pó-pytá - colo da mão (Castilho, Nomes, 36); pó-pyteîkaba - riscos da palma da mão (Castilho, Nomes, 31); pó-pytera - palma da mão (Castilho, Nomes, 31): ...N'aîasabi pó-pytera... - Nem me cruzei as palmas das mãos... (Anch., Teatro, 160); pó-pytera'isaba - riscos da palma da mão (Castilho, Nomes, 31); opá kó mbó... - ambas estas mãos, o número dez... (Ar., Cat., 3); pó-boboka - linhas das palmas das mãos (Castilho, Nomes, 36)
2 (s.) - fibras (de tecido): pó-ky'a - fibras sujas (VLB, I, 87); pó-bebé - fibras esvoaçantes (isto é, fibras finas) (VLB, I, 93); pó-anamusu - fibras muito grossas (VLB, I, 151)
pomobybyk (etim. - fazer as mãos ficarem tocando) (v. intr.) - andar às apalpadelas (VLB, II, 63)
po'o (v.tr.) - 1) arrancar (p.ex., cabelos); 2) desfolhar (árvore): Aîpo'o. - Desfolhei-a. (Anch., Arte, 28); 3) colher (p.ex., frutas) (VLB, I, 41, 99); 4) pelar (VLB, II, 70) ● po'oara - colhedor, o que colhe: 'Ybá-po'oarûera ké aîut. - Colhedor de frutas, aqui venho. (isto é, Venho, depois de colher frutas; acabo de colher frutas.) (D'Evreux, Viagem, 144)
popeba (etim. - largura da mão) (s.) - largura (como de fita, etc.) (VLB, II, 19); (adj.: popeb) - largo (como fita, tira, etc.): I popebusu. - Ela é muito larga. (VLB, II, 18, adapt.)
popûar (ou popûá) (v.tr.) - atar as mãos de, amarrar pelas mãos, manietar: Rorẽ-ka'ẽ xe popûá... - Lourenço tostado atou minhas mãos. (Anch., Teatro, 50); Memẽ anhanga popûari... - Sempre atam as mãos dos diabos. (Anch., Teatro, 54)
porabyky2 (m) (s.) - trabalho: Morabykye'yma kó 'ara îaîmoeté... - Sem trabalho, comemoramos este dia... (Ar., Cat., 5)
poraûsubare'yma (ou poroaûsubare'yma) (m) (etim. - falta de compaixão) (s.) - crueldade (VLB, I, 86)
poromonhang (etim. - fazer gente) (v. intr.) - gerar, gerar filhos (também se pode dizer de animais) (Anch., Arte, 49v); -Mba'erama resépe abá mendari? -O poromonhanga potá. -Por que alguém se casa? -Querendo gerar filhos. (Ar., Cat., 95) ● oporomonhangyba'e - o que gera: ...Oito anhõ o nhe'enga rupi tekoara oporomonhangyba'erama raûsubá... - Compadecendo-se somente de oito que viviam segundo suas palavras e que gerariam filhos. (Ar., Cat., 106v)
poruukar (etim. - mandar usar) (v.tr.) - emprestar: Aîporuukar (abá) supé. - Emprestei-a ao homem. (VLB, I, 113, adapt.)
posykyîe'yma (etim. - falta de afabilidade) (s.) - severidade, rigor (VLB, II, 105); (adj.: posykyîe'ym) - severo, rigoroso: abaposykyîe'yma - homem severo (VLB, II, 117)
poti'atinga (etim. - camarão da cabeça branca) (s.) - espécie de camarão da família dos peneídeos (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 188)
Potĩgûasu2 (etim. - camarão grande) (s. antrop.) - nome de índio tupi (Vasconcelos, Crônica [Not.] II, §2, 114)
potĩpema (etim. - camarão anguloso) (s.) - variedade de camarão do litoral (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 187; Theat. Rer. Nat., Bras., I, 76)
pu1 (mb) (s.) - barulho forte, som (do que se toca), estrondo, trom (p.ex., de chuva, de qualquer outra coisa) (VLB, II, 131): maraká pu - barulho de maracá (nome de pessoa) (D'Abbeville, Histoire, 188); (adj.) - barulhento; (xe) fazer barulho, soar (p.ex., o instrumento musical) (VLB, I, 131): Xe pugûasu. - Eu sou muito barulhento. (VLB, II, 118)
pûerabaíb (etim. - sarar não completamente) (v. intr.) - convalescer (VLB, I, 81)
pûeraba'ub (ou pûeraeraba'ub) (v. intr.) - convalescer (VLB, I, 81)
PORAQUÊ (fonte: Marcgrave)
py3 (mb) (s.) - largura (como de casa, rua, barca, etc.) (VLB, II, 19); (adj.) - largo (VLB, I, 130; II, 18); espaçoso (VLB, I, 125)
pyeî (etim. - lavar o interior) (v.tr.) - lavar (p.ex., louça): Aîpyeî. - Lavo-a. (VLB, II, 19)
pyka (s.) - cessação, sossego; (adj.: pyk) - sossegado, cessante, estagnado, parado: Na xe îuru-pyki. - Eu não tenho boca sossegada (isto é, eu sou comilão). (VLB, I, 146); 'ye'ẽ-mbyka - água salgada estagnada (Léry, Histoire, 359)
pykasu (s.) - pomba-legítima, PICAÇU, PUCAÇU, PICAÚ, ave da família dos columbídeos (D'Abbeville, Histoire, 242v): Mokõî pykasy ra'yra i xy ogûerasó îetanongabamo. - Dois filhotes de pomba sua mãe levou como oferenda. (Araújo, Cat., 3v); 2) rola (VLB, II, 108)
pykuba'ũ (mb) (s.) - vão entre os dedos dos pés (Castilho, Nomes, 30)
ro'yîukyra (etim. - sal do frio) (s.) - geada; neve (VLB, II, 8)
sabîagûasu (etim. - sabiá grande) (s.) - nome de uma ave (Theat. Rer. Nat. Bras., I, 146)
sabîapoka (etim. - sabiá estourado) (s.) - SABIAPOCA, pássaro da família dos mimídeos (Sousa, Trat. Descr., 237)
sabiapytanga (etim. - sabiá alaranjado) (s.) - variedade de sabiá, pássaro da família dos turdídeos, também conhecido como sabiá-laranjeira, inconfundível pela intensa cor ferrugínea-laranja da barriga (Sousa, Trat. Descr., 234; Theat. Rer. Nat. Bras., I, 147)
sabîatinga (etim. - sabiá branco) (s.) - SABIATINGA, pássaro da família dos traupídeos (Sousa, Trat. Descr., 236)
sabîaúna (etim. - sabiá preto) (s.) - SABIAÚNA, SABIÁ-PRETO, pássaro da família dos turdídeos (Sousa, Trat. Descr., 238)
SAGUI (fonte: Marcgrave)
sagûiapyxuna (etim. - sauiá escuro) (s.) - nome de uma espécie de coelho do mato de tamanho grande (Soares, Coisas Not. Brasil [ms .c], 1154-1156)
sagûiîuba (etim. - sagui amarelo) (s.) - var. de bugio (VLB, I, 56)
saîimbe'yembó (etim. - sambaíba de vergôntea) (s.) - nome de uma planta (Theat. Rer. Nat. Bras., II, 172)
sa'ioby'i (etim. - saí azul pequeno) (s.) - SAIUBUÍ, nome de um pássaro pequeno, de cor azul e bico preto (Sousa, Trat. Descr., 236)
sapopyra (etim. - raiz crua) (s.) - SAPOPIRA, o mesmo que sebypyra (v.) (Brandão, Diálogos, 171)
sapupeybyra (etim. - casca tenra de raiz) (s.) - raspas, como de cascas, da parte de dentro, como as da figueira-do-inferno para as feridas (VLB, II, 97)
sarakupytanga (etim. - saracura avermelhada) (s.) - var. de SARACURA, ave da família dos ralídeos, de plumagem esbranquiçada e manchada de vermelho (D'Abbeville, Histoire, 238v)
SARAPÓ (fonte: Marcgrave)
sarapopeba (etim. - sarapó achatado) (s.) - nome de um peixe (Libri Princ., vol. II, 103)
SARIGUÊ (fonte: Marcgrave)
sarigûeîmbeîu (etim. - sarigué biju) (s.) - carnívoro aquático da família dos mustelídeos (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 234; VLB, II, 32). O mesmo que ybyîa (v.).
Saûîaeté (etim. - sauiá verdadeiro) (s. antrop.) - nome de índio tupi (Anch., Poemas, 156)
saûîasobaîa (etim. - sauiá da banda de além) (s.) - SAUIÁ-COBAIA, COBAIA, porquinho-da-índia, mamífero da família dos caviídeos (Cavia porcellus L.), originário da América Andina (as Índias Ocidentais) (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 224)
saûîatinga (etim. - sauiá branco) (s.) - variedade de roedor do tamanho de coelho, de pêlo branco. "...Criam em covas e comem frutas cuja carne é muito boa, sadia e saborosa." (Sousa, Trat. Descr., 254)
sebo'inhanga (etim. - sanguessuga que corre) (s.) - var. de sanguessuga (v. sebo'i) (VLB, I, 64)
sebo'ipeba (etim. - sanguessuga achatada) (s.) - var. de sanguessuga (v. sebo'i) (Léry, Histoire, 375)
sekoabanhẽ (ou sekoabaé) (adv.) - 1) de costume, costumeiramente: Sekoabanhẽ nanymẽ xe gûatae'ym (ou Sekoabaé ixé nanymẽ n'agûatáî). - De costume, eu não ando. (VLB, I, 84); 2) naturalmente, sempre, para sempre (VLB, I, 84)
sioba (s.) - CIOBA, CARANHO, peixe da família dos lutjanídeos (Piso, De Med. Bras., 154)
SOCOÍ (fonte: Marcgrave)
Sûasuakanga (etim. - cabeça de veado) (s. antrop.) - nome de índio tupi (D'Abbeville, Histoire, 182)
sûasuapara (ou sûgûasuapara) (etim. - veado arqueado) (s.) - SUAÇUAPARA, SUÇUAPARA, AÇUÇUAPARA, veado-galheiro, quadrúpede ruminante da família dos cervídeos. É uma espécie de veado que habita as campinas. (Sousa, Trat. Descr., 246; D'Abbeville, Histoire, 249)
sûasuarana (ou sugûasuarana) (s.) - SUÇUARANA, SUAÇURANA, felino americano (Puma concolor, L.), de pele malhada, também conhecido como onça-vermelha, onça-parda e puma (D'Abbeville, Histoire, 251v)
sugûasueté (ou sygûasueté) (etim. - veado verdadeiro) (s.) - var. de veado, mamífero da família dos cervídeos (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 235)
susu'a (s.) - inchaço (com pus) (VLB, II, 11); (adj.) - inchado; (xe) ter inchaço: Xe susu'a. - Eu sou inchado. (VLB, II, 11)
su'uame'eng (etim. - dar mordida) (v.tr.) - morder (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 277)
symena (etim. - marido da mãe) (s.) - padrasto (de h. e m.) (Ar., Cat., 114)
ta'a1 (pron. tratam.) - senhor: Nd'oîkuabipe ta'a kagûaramo xe rekó? - Não sabe o senhor que eu sou um beberrão? (Anch., Teatro, 134)
tagûapyranga (etim. - tauá vermelho) (s.) - barro vermelho com que se pintava (VLB, I, 52)
tagûatogûasu (etim. - tauató grande) (s.) - var. de tauató (v. tagûató) (VLB, I, 134)
tagûatomirĩ (etim. - tauató pequeno) (s.) - var. de tauató (v. tagûató) (VLB, I, 134)
Taîaapûá (etim. - taiá pontudo) (s. antrop.) - nome de índio tupi (D'Abbeville, Histoire, 185)
TAIOBA (fonte: Marcgrave)
TAIAÇU (fonte: Marcgrave)
taîasueté (etim. - taiaçu verdadeiro) (s.) - o TAIAÇU selvagem, não o porco doméstico (ver observação abaixo) (D'Abbeville, Histoire, 249v; Sousa, Trat. Descr., 249)
taîasugûaîa (etim. - taiaçu de rabo) (s.) - porco doméstico (VLB, II, 82): - Xe abé taîasugûaîa... - Eu também sou um porco... (Anch., Teatro, 44). V. tb. taîasu.
taîaûasu (etim. - taiá grande) (s.) - TAIAGUAÇU, 1) espécie de raiz redonda e branca de plantas da família das aráceas e das dioscoreáceas; o inhame; 2) as plantas dessas raízes (D'Abbeville, Histoire, 229v)
takûaîûsara (etim. - taquara-juçara) (s.) - var. de TAQUARA (v. takûara) (VLB, I, 65)
takûakysé (etim. - taquara-faca) (s.) - nome de uma variedade de TAQUARA, TAQUARA-FACA, isto é, usada para se fazerem facas (Nieuhof, Ged. Reize, 219-220)
takûapinima (etim. - taquara pintada) (s.) - var. de TAQUARA (v. takûara) (VLB, I, 65)
takûapoka (etim. - taquara estourada) (s.) - var. de TAQUARA (v. takûara) (VLB, I, 65)
takûare'ẽ (etim. - taquara doce) (s.) - cana-de-açúcar, planta da família das gramíneas (Saccharum officinarum L.) (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 82) ● takûare'ẽ-ndyba - canavial (VLB, I, 65)
takûarusu (etim. - taquara grande) (s.) - TAQUARUÇU, taboca-gigante, bambu da família das gramíneas (Guadua superba Huber), com colmos muito grandes e largos (VLB, I, 65): takûarusu-tyba - ajuntamento de taquaruçu (Léry, Histoire, 349)
tamandûabeba (etim. - tamanduá achatado) (s.) - nome de um animal mamífero (Col. Niedenthal, Brasil Holandês, vol. II, 58)
tamandûagûasu (etim. - tamanduazão) (s.) - TAMANDUÁ-AÇU, TAMANDUÁ-BANDEIRA, mamífero desdentado da família dos mirmecofagídeos (Myrmecophaga jubata L.), de cauda muito peluda. É dócil e alimenta-se de cupins. (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 225)
TAMANDUÁ-AÇU (fonte: Marcgrave)
Tamandûa'i2 (etim. - tamanduazinho) (s. antrop.) - nome de índio tupi (D'Abbeville, Histoire, 188)
tamandûapitinga (etim. - tamanduá pintado) (s.) - var. de TAMANDUÁ, animal mamífero da família dos mirmecofagídeos (Theat. Rer. Nat. Bras., II, 36)
TAMUATÁ (fonte: Marcgrave)
tamûatarana (etim. - falso tamuatá) (s.) - variedade de planta marantácea, do gênero Saranthe, muito provavelmente Saranthe marcgravii Pickel, de "bulbo branco... formado de túnicas triangulares, da figura e conformação da tulipa" (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 53)
tamỹîpagûama (t, t) - v. amỹîpagûama (t, t)
TANGARÁ (fonte: Marcgrave)
tangarakagûasu (etim. - tangaracá grande) (s.) - nome de uma planta poligonácea (Coccoloba crescentiaefolia Cham.) (Theat. Rer. Nat. Bras., II, 119)
Daí, no P.B., TAPERI, TAPIRI, choça. Daí, também, o nome geográfico TAPERA (localidade de SE) (v. p. 386).
TAPITI (fonte: Marcgrave)
tapi'ikuruba (etim. - caroço de anta) (s.) - nome de uma planta (Theat. Rer. Nat. Bras., II, 156)
TAPIRA (fonte: Marcgrave)
tapi'irapé (etim. - caminho de anta) (s.) - via-láctea, caminho-de-Santiago (VLB, I, 64)
tapi'irarepanakũ (etim. - panacu de bois) (s.) - carreta, carroça (VLB, I, 68)
tapi'ireté (etim. - tapira verdadeira) (s.) - TAPIRETÊ, anta, mamífero perissodáctilo da família dos tapirídeos (Tapirus terrestris L.) de grande parte da América do Sul. É o maior animal da fauna silvestre do Brasil, atingindo até 180 quilos. (o mesmo que tapi'ira, n. 1 - v.) (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 229; D'Abbeville, Histoire, 250; Anch., Cartas, 459)
tapi'irusu (etim. - tapira grande) (s.) - 1) anta (Léry, Histoire, 347) (v. tapi'ireté); 2) boi, vaca, gado bovino em geral: Kapi'ĩ sosé kó tuî, tapi'irusu karuápe. - Eis que sobre o capim ele está deitado, no lugar de comer da vaca. (Anch., Poemas, 164) ● tapi'irusu 'aka. - chifre de boi (Léry, Histoire, 344)
tapi'opuba (etim. - tapioca mole) (s.) - tipo de pão que se fazia de mandioca; "bolos mui brandos" (Fig., Missão do Maranhão, in Leite, Luiz Figueira, 195)
tapitigûasu (etim. - tapiti grande) (s.) - asno (VLB, I, 44)
tapuîpera (s.) - escrava (VLB, I, 124): Tapuîpé-poxy mborypa, tupotare'ymi iké... - Deleitando-se com as escravas ruins, não quiseram vir aqui. (Anch., Teatro, 14)
taragûyboîa (etim. - taraguira cobra) (s.) - nome de um lagarto (D'Abbeville, Histoire, 253v)
TRAÍRA (fonte: Marcgrave)
tasybura (etim. - taciba erguida) (s.) - TACIBURA, variedade de formiga pequena, inseto da família dos formicídeos. "...Têm grande cabeça, têm dois corninhos nela; são pretas e mordem muito." É também chamada formiga-lava-pé. (Sousa, Trat. Descr., 272)
tasypytanga (etim. - taciba avermelhada) (s.) - TACIPITANGA, variedade de formiga pequena, inseto da família dos formicídeos (Sousa, Trat. Descr., 272)
tataîyba (etim. - pau de fogo) (s.) - 1) TATAJUBA, TATAÚBA, árvore morácea (Bagassa guianensis Aubl.), de madeira amarela e frutos do tamanho de laranjas, também chamada AMOREIRA-TATAÍBA, ESPINHEIRO-BRANCO, JATAÍBA, JATAÚBA, MOREIRA, TAGUAÚVA, TAÚBA, TUIJUBA, etc. Serviam-se os índios dessa árvore para fazer fogo, donde seu nome. 2) o fruto dessa árvore (VLB, I, 34; 126; Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 119; 273)
tatapyasyka (etim. - carvão cortado) (s.) - tição (VLB, II, 128)
Tataûrana2 (etim. - falso fogo escuro) (s. antrop.) - nome de índio tupi (Anch., Teatro, 64)
tatĩapyra (s.) - entrada de lugar povoado, onde começam as casas (VLB, I, 119)
TATU (fonte: Marcgrave)
tatuapara (etim. - tatu curvo) (s.) - TATUAPARA, APARA, APAR, tatu-bola, mamífero da família dos dasipodídeos, que se encurva por ocasião de perigo, ficando como uma perfeita bola (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 232)
TATUAPARA (fonte: Marcgrave)
tatueté (etim. - tatu verdadeiro) (s.) - TATUETÊ, TATU-VERDADEIRO, TATU-GALINHA, TATU-DE-FOLHA, nome de um animal mamífero desdentado da família dos dasipodídeos (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 231)
tatu'i (etim. - tatuzinho) (s.) - TATUÍ, animal mamífero desdentado da família dos dasipodídeos, Dasypus septemcinctus, conhecido também como TATU GALINHA PEQUENO, TATU MULITA, TATU-MIRIM. Ocorre na Colômbia, Venezuela e Brasil. (Monteiro, Rel. da Prov. do Brasil, in Leite, Hist., VIII, 420)
tatumirĩ (etim. - tatu pequeno) (s.) - variedade de TATU de tamanho pequeno (v.) (Sousa, Trat. Descr., 251)
tatupeba (etim. - tatu achatado) (s.) - TATUPEBA, TATUPOIÚ, TATU-CASCUDO, mamífero desdentado da família dos dasipodídeos, que aparece em todo o Brasil, tendo seis cintas de placas móveis no corpo (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 231; Sousa, Trat. Descr., 252)
tatuûasu (etim. - tatu grande) (s.) - TATUAÇU, variedade de tatu de tamanho avantajado, mamífero da família dos dasipodídeos. "Mantêm-se de frutas silvestres e minhocas, andam devagar e, se caem de costas, têm trabalho para se virar." (Sousa, Trat. Descr., 251)
tebiró (etim. - tapa-bunda < tebir + 'o) (s.) - sodomita, homossexual passivo. Termo conhecido indiretamente pelo topônimo quinhentista ACAJUTIBIRÓ (PB) (v. p. 386). (v. tb. tebira)
TEIUNHANA (fonte: Marcgrave)
tekobîara - v. ekobîara (t)
tembyra - v. embyra (t)
temimbaba - v. emimbaba (t)
tendybá - v. endybá (t)
tendybaaba - v. endybaaba (t)
tendybagûyaîa - v. endybagûyaîa (t)
tendybagûyra - v. endybagûyra (t)
tendyra - v. endyra (t)
tepenhandaba - v. epenhan (s)
terekoara - v. erekoara (t)
terobîara - v. erobîara (t)
te'yîpe (etim. - na multidão) (adv.) - publicamente, em público: Te'yîpe memẽ nhẽ ixé aporombo'e. - Sempre eu ensinei publicamente as pessoas. (Ar., Cat., 55v)
timbeba (etim. - nariz chato) (s.) - obesidade; (adj.: timbeb) - obeso: Xe timbeb. - Eu estou obeso. (D'Evreux, Viagem, 157)
TIMBÓ (fonte: Marcgrave)
timborana (etim. - falso timbó) (s.) - TIMBORANA, fava-de-rosca, timbó-da-mata, árvore da família das leguminosas (Enterolobium schomburgkii (Benth.) Benth. ) (Sousa, Trat. Descr., 224; VLB, II, 145)
tinga2 (s.) - coisa enjoativa, coisa que enfastia (Anch., Arte, 14; Fig., Arte, 77); enjôo; (adj.: ting) - enjoativo: I ting xe remi'u. - É enjoativa minha comida (VLB, I, 135); I ting pirá ixébo. - O peixe é-me enjoativo. (VLB, I, 115)
tininga1 (s.) - coisa seca (VLB, II, 114); coisa mirrada ou muito seca (VLB, II, 38); (adj.: tining) - seco: Nd'e'i te'e... opá abá tiningamo... - Por isso mesmo todos os homens estarão secos. (Ar., Cat., 160); Xe ase'o-tining. - Eu tenho garganta seca. (VLB, II, 114); Topé-tininga - vagem seca (pronta para ser colhida) (VLB, II, 140) ● tining-atã - coisa mirrada ou muito seca (VLB, II, 38)
tipoîrana (etim. - falsa tipóia) (s.) - rede tapada de dormir (VLB, II, 99)
Tokaîusu (etim. - galinheiro grande) (s. antrop.) - nome de índio tupi (D'Abbeville, Histoire, 185)
tugûypabe'yma (etim. - sangue que não acaba) (s.) - sanguessuga (VLB, II, 112)
tuîxaba (s.) - coisa grande (Fig., Arte, 75) - o mesmo que tubixaba (v.)
tukurasu (etim. - gafanhoto grande) (s.) - espécie de gafanhoto, inseto tetigonídeo (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 245)
tukuroby (etim. - gafanhoto verde) (s.) - espécie de gafanhoto, inseto tetigonídeo (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 246)
tunga (s.) - TUNGA, ZUNGE, ZUNGA, bicho-do-pé, inseto sifonáptero da família dos tungídeos, cuja fêmea penetra na pele do homem ou dos animais, produzindo ulcerações (D'Abbeville, Histoire, 256; Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 249)
ty1 (s.) - urina (Anch., Arte, 14; Castilho, Nomes, 39)
tyaruru (s.) - folhagem ou ciscos que se ajuntam por baixo do mato ou pelos rios (VLB, I, 141)
tyba1 (s.) - Forma nominal que expressa o aspecto frequentativo, indicando ação costumeira, frequente, contínua. É usada com nomes deverbativos: xe rekoatyba - lugar onde eu comumente estou; xe soatyba - lugar aonde eu comumente vou; minha ida costumeira (VLB, I, 78; II, 7); xe pindaeîtykatyba - lugar costumeiro de minha pescaria (VLB, II, 75); mba'e o emimboraratyba... - coisas que costuma sofrer (Anch., Diál. da Fé, 231); ...Eboûĩ abá 'anga rupîatyba a'e... - Eis que ele é o adversário costumeiro das almas dos homens. (Ar., Cat., 89); ...Opakatu mba'e-aíba rasy-abaeté porarasatyba... - Lugar de sofrimento contínuo de dores terríveis de todas as coisas más. (Bettendorff, Compêndio, 49); xe remi'utyba - o que eu como costumeiramente (VLB, I, 78)
tybytaba (s.) - sobrancelhas (Fig., Arte, 76; Castilho, Nomes, 40)
typûera - v. ypûera (t, t)
uba4 (t) (s.) - ova (p.ex., de peixe) (VLB, II, 60): T'ame'ẽne pirá ruba endébo... - Hei de dar ova de peixe para ti. (Anch., Teatro, 44); [adj.: ub (r, s)] (xe) - ter ova (o peixe) (VLB, II, 60)
ubarana (etim. - falsa ubá) (s.) - UBARANA, OBARANA, peixe de corpo cilíndrico e alongado, da família dos elopídeos (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 154)
ubukaba (ou ybykaba) (s.) - UBACABA, planta da família das mirtáceas (Psidium radicans O. Berg). Sua madeira é mole e "...dá umas frutas pretas e miúdas como murtinhos, que se comem..." (Sousa, Trat. Descr., 194)
ûĩĩ - v. ûĩinga
u'itinga1 (etim. - farinha branca) (s.) - farinha de mandioca meia seca e meia úmida, VITINGA (Nieuhof, Mem. Viag., 282)
U'itinga2 (etim. - farinha branca) (s. antrop.) - nome de índio tupi (D'Abbeville, Histoire, 187)
umby'ab (s) (v.tr.) - alombar (com pancadas) (VLB, I, 32)
ungá (s) (v.tr.) - apalpar, apertar com os dedos: Eresungápe nde rygé nde membyra îukábo...? - Apalpaste teu ventre para matar teu filho? (Ar., Cat., 102); Nde rorype... nde kama abá sungáreme? - Tu te alegras quando um homem apalpa teus seios? (Ar., Cat., 234, 1686)
uparana (etim. - falso lago) (s.) - brejo (VLB, I, 59)
upytyk (s) (v.tr.) - alcançar (o que caminha): Asupytyk. - Alcancei-o; Asó Pero rupytyka 'ype. - Fui para alcançar Pedro no rio. (VLB, I, 30)
uribakó (s.) - URIBACO, nome de um peixe (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 177)
urukatu (s.) - URUCATU, planta da família das amarilidáceas, de espécie indeterminada, que nasce sobre outras árvores e também no chão. Tem um bulbo muito grande e útil. Secreta uma seiva, que é potável. Segundo Piso, é o mesmo que tupãypy (v.). (Piso, De Med. Bras., IV, 202; Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 35; 104)
urukurana (etim. - falso urucu) (s.) - URUCURANA, URUCUANA, URICURANA, ARICURANA, LICURANA, árvore da família das euforbiáceas (Hieronyma alchorneoides Allemão), que fornece boa e pesada madeira (Sousa, Trat. Descr., 215)
ururá (s.) - URURAU, ARURÁ, var. de jacaré (VLB, II, 17)
urutaûrana (etim. - falso urutau) (s.) - URUTAURANA, ave falconiforme de grande porte e carnívora (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 203; VLB, I, 27): Ké urutaûrana ruri! - Aqui vem um urutaurana. (Anch., Teatro, 180, 2006)
'useîmogûab (etim. - saciar o desejo de comer, de beber) (v.tr.) - fartar-se de comer, de beber: Aî'useîmogûab. - Fartei-me de comê-lo. (VLB, II, 33)
u'ubarana (etim. - falso ubá) (s.) - planta herbácea da família das alismatáceas (VLB, I, 125)
ûyrapara (ou ybyrapara) (etim. - pau torto) (s.) - URAPARÁ, arco de madeira vermelha ou preta, de cordas de algodão bem trançadas, utilizado pelos índios como arma (D'Abbeville, Histoire, 288v)
ûyrate'õ (etim. - pássaro-morte) (s.) - GUIRA-TÉU, nome de uma ave do mangue (Sousa, Trat. Descr., 232)
Ûyraûasupinima (etim. - passarão pintado) (s. antrop.) - nome de índio tupi (D'Abbeville, Histoire, 182v)
ûyraûasupytanga (etim. - passarão cinza) (s.) - nome de uma ave de rapina de plumagem cinza e manchada de amarelo (D'Abbeville, Histoire, 232v)
ûyraûasuúna (etim. - passarão preto) (s.) - nome de uma ave de rapina (D'Abbeville, Histoire, 232v)
yanhurĩ (etim. - cabaça-pescocinho) (s.) - var. de cabaça em forma de pescoço, com estreitamento entre duas partes mais largas, isto é, estreita no meio e grossa nas pontas (VLB, I, 93) (v. yganhurĩ)
yasyka (etim. - cabaça cortada) (s.) - var. de cabaço partido ao meio (VLB, I, 61)
'ybametara (etim. - pau-tembetá) (s.) - árvore anacardiácea (Spondias purpurea L.) (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 129)
'yba-sapé (etim., planta sapé) (s.) - SAPÉ (v. sapé) (Piso, De Med. Bras., IV, 194; VLB, II, 62)
'ybaûasurana (etim. - falsa cidra) (s.) - árvore grande e grossa, com flores brancas, fruto grande de casca muito amarela e polpa muito doce (D'Abbeville, Histoire, 222v)
'ybesembabaka (etim. - ralo que vira de um lado e do outro) (s.) - roda utilizada na produção de farinha de mandioca (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 66)
ybybura (etim. - saliência da terra) (s.) - ABIBURA, var. de cogumelo que cresce na terra (VLB, I, 86; Theat. Rer. Nat. Bras., 183)
ybỹîagûyra (etim. - parte de baixo do interior) (s.) - concavidade (VLB, I, 78)
IBIJAÚ (fonte: Marcgrave)
ybykasy (t) (s.) - diarréia; [adj.: ybykasy (r, t)] - diarréico; (xe) ter diarréia: Xe rybykasy. - Eu tenho diarréia. (VLB, I, 101)
ybyrababaka2 (etim. - madeira que se move para um lado e para o outro) (s.) - roda de engenho (VLB, II, 98); máquina de moagem da cana, engenho (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 83)
ybyraîpu (s.) - IBIRAIPU, variedade de formiga. "São pardas e pequenas, mas mordem muito." (Sousa, Trat. Descr., 272)
ybyraku'i (etim. - madeira-pó) (s.) - BRACUÍ, GUARACUÍ, nome de uma árvore (Brandão, Diálogos, 171)
ybyrakytĩara (s.) - serrador de madeira (VLB, II, 117)
ybyrapararanga1 (etim. - madeira que roda) (s.) - carreta, carroça (VLB, I, 68)
ybyrapararanga2 (etim. - madeira que roda) (s.) - pequeno engenho de açúcar, movido por animais; trapiche (VLB, I, 116)
ybyrapeba (etim. - madeira chata) (s.) - tábua (VLB, II, 125)
ybyrapema (etim. - pau anguloso) (s.) - IVIRAPEMA, IVIRAPEME, tacape (Staden, Viagem, 70) (v. tb. ingapema e ygapema)
ybyrapokaba (etim. - pau instrumento de estouro) (s.) - arcabuz; espingarda (VLB, I, 40; 126)
Ybyrapuku (etim. - pau comprido) (s. antrop.) - nome de índio tupi (D'Abbeville, Histoire, 186v)
ybyrarerekoara (ou ybyraerekoara) (etim. - guardião da cerca de moirões) (s.) - 1) alcaide (VLB, I, 29); 2) governador, governante: Pilatos ybyrarerekoara supé i popûasaba resebé serasóû. - Levaram-no, com suas ataduras, para Pilatos, o governador. (Ar., Cat., 58); 3) juiz (VLB, II, 16)
ybyrasyka (etim. - pau de resina) (s.) - UBIRACICA, árvore anacardiácea (Protium icicariba (DC.) Marchand) que lança grande quantidade de resina, que os índios usavam como mezinha (Sousa, Trat. Descr., 204)
ybyrataîa (etim. - madeira ardida) (s.) - planta da família das anonáceas, árvore de tamanho mediano, "de madeira mole, de cor parda, que cheira muito bem" (Sousa, Trat. Descr., 221)
ybyratinga (etim. - pau branco) (s.) - IBIRATINGA, árvore da família das apocináceas, com cuja madeira se faziam hastes de lança e dardos (Sousa, Trat. Descr., 222)
ybyraúna (etim. - madeira preta) (s.) - BRAÚNA (Melanoxylon brauna Schott), árvore grande da família das leguminosas, de madeira preta, duríssima e pesada, também chamada BARAÚNA, GARAÚNA, maria-preta, etc. (Sousa, Trat. Descr., 218)
ybyrayá (ou ybyraygá) (etim. - cabaça de madeira) (s.) - barril (de madeira) (VLB, I, 52)
ybyraygara (etim. - madeira de canoa) (s.) - IBIRAIGARA, árvore nativa do sertão da Bahia, da qual "...fazem umas embarcações para pescarem pelo rio e navegarem." (Sousa, Trat. Descr., 220)
ybysó (t) (s.) - boa produtividade, bom rendimento; [adj.: ybysó (r, s)] - produtivo, de bom rendimento (p.ex., terra) (VLB, I, 144)
ybysopuku (t) (s.) - boa produtividade, bom rendimento; (adj.: ybysopuku (r, s)] - produtivo, de bom rendimento (p.ex., terra) (VLB, I, 144)
ybytygûaîa2 (etim. - cauda de montanha) (s.) - córrego (VLB, II, 141)
'ygapé (etim. - caminho d'água) (s.) - corrente de água que se desviava de um rio para regar ou mover algum engenho (VLB, II, 20)
ygapeba (etim. - canoa chata) (s.) - jangada (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 272; VLB, II, 7)
ygapebusu (etim. - canoa chata grande) (s.) - barca, como de engenho, que leva cana-de-açúcar (VLB, I, 52)
ygarapé (etim. - caminho de canoas) (s.) - IGARAPÉ, pequeno rio da bacia amazônica; canal natural que une dois trechos de um mesmo rio; rio pequeno que se aparta dos grandes, retalhando terras e florestas [Ferreira, América Abreviada, in RIH, LVII [1894], 55]
ygareté (etim. - canoa verdadeira) (s.) - IGARITÉ, almadia, var. de canoa de madeira (VLB, I, 32)
ygarusumirĩ (etim. - navio pequeno) (s.) - caravelão, var. de embarcação (VLB, I, 67)
ygegûasu (ou ygeûasu) (t) (etim. - barriga grande) (s.) - 1) estômago; bucho (Castilho, Nomes, 40); 2) barriga (D'Evreux, Viagem, 159)
'ygûara (etim. - habitante da água) (s.) - tartaruga de água doce (Thevet, Cosm. Univ., 918v)
ypebebuîa (etim. - casca leve) (s.) - cortiça (VLB, I, 83)
ypeka (s.) - IPECA, espécie de ganso ou pato (D'Abbeville, Histoire, 242v; Sousa, Trat. Descr., 229); "...É preto pelas costas e pardo pela barriga e as asas pintadas de branco e alguns são todos pretos e é um dos pássaros melhores de comer desta terra e fazem os filhos em buracos de pau e fazem nove e dez filhos." (Lisboa, Hist. Anim. e Árv. do Maranhão, fl.186)
IPECACUANHA (fonte: Marcgrave)
ypekatĩapûá (etim. - pato da crista ressaltada) (s.) - pato-de-crista, pato crestudo, ave da família dos anatídeos, de coloração branca e preta, com tuberosidade sobre o bico. Habita regiões pantanosas. (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 218)
YPEKATĩAPÛÁ (fonte: Marcgrave)
IPUPIARA (fonte: Gândavo)
ypygûara (etim. - habitante das profundezas) (s.) - alma (Thevet, Cosm. Univ., 915v)
ypymonhang (etim. - fazer o começo) (v.tr.) - 1) introduzir, começar; 2) inventar: Aîypymonhang. - Inventei-o. (VLB, I, 77; II, 13)
'ysokoba (etim. - lagarta das folhas) (s.) - nome de uma lagarta que come as plantas (VLB, II, 17)
Acapu (rio do AM). De 'aka + pu: som de chifre.
Aningal (ig. do PA). De aninga - planta da família das aráceas + o suf. do port. -al.
Araçoiaba (SP). De ûará - guará + aso'îaba - manto de penas: manto de penas de guarás.
Aranaquara (ig. do PA). Do termo da língua geral setentrional araná - nome de um peixe + kûara - buraco, refúgio: buraco dos aranás.
Aratum (ig. do PA). De aratu - var. de crustáceo.
Auati-Paraná (rio do AM). Do nheengatu auati + paraná: rio do milho.
Bariri (SP). De ma'e + ryryî: coisa que treme, i.e., corrente veloz e precipitada das águas dos rios em trechos de sensível desnivelamento (in PDBLP, p. 161). Termo das línguas gerais coloniais: "...Fomos parar de noite, pouco adiante da boca do pequeno rio Baruri." (Francisco Xavier Ribeiro de Sampaio [1774], Diário, p. 154)
Brejaúba (MG). De maraîa'yba, var. de palmeira (VLB, II, 63).
Caapora (PE). De ka'a + pora: habitantes da mata.
Cabiúnas (RJ). De ka'a + oby + un +-a: folhas verdes-escuras, cabiúna, nome de uma árvore da família das leguminosas papilionáceas.
Cabreúva (SP). De kaburé + 'yba, planta do caburé, nome de duas espécies de árvores. Os portugueses do século XVI chamavam-nas bálsamo. (Cardim, Trat. Terra e Gente do Brasil, 41).
Cabugi (RN). De kaba + îy: rio das cabas. (v. Cabuçu)
Caburi (rio do AM). De kaburé + 'y: rio dos caburés.
Caburu (MG). De kaba + uru (r, s): cesto de vespas ou do port. kabaru, cavalos (VLB, II, 115).
Cacatu (PR). De ka'a - mata + katu - limpo (VLB, II, 22): mata limpa.
Cacu (GO). De kakũ - nome de uma ave de hábitos noturnos (Brandão, Diálogos, 233).
Cacunduva (SP). De kakũ + tyba: ajuntamento de cacus. (v. Cacu)
Caetetuba (SP). De ka'a + eté (r, s) + tyba: ajuntamento de matas verdadeiras. (v. Caeté)
Caiacanga (PR). De ka'i + akanga: cabeça de caí.
Caiaçu (PR). De ka'i + -ûasu: grandes (macacos) caís.
Caibaté (RS). De ka'a + ybaté: mata alta.
Caibiriaçu (CE). De ka'a + ybyri + 'y + -ûasu: rio grande ao longo de matas.
Caiçara (CE). De ka'aysá - cerca rústica feita de galhos e ramos entrelaçados para defesa e proteção (VLB, I, 143).
Caipora (PE). De ka'a + porá: habitante do mato (nome de uma entidade mitológica do Brasil colonial).
Caipu (CE). De ka'i + pu: barulho de (macacos) caís.
Caipuru (ig. do PA). Da língua geral setentrional caí + puru - caí enfeitado.
Caité (PR). De ka'aeté: folha muito boa, designação de várias plantas da família das marantáceas e das canáceas (Sousa, Trat. Descr., 225).
Caititu (SP). De taîtitu, mamífero taiaçuídeo.
Cajuru (SP). De ka'a - mata + îuru - boca: boca da mata.
Cambará (SP). De kamará, nome genérico de certas plantas verbenáceas.
Camboriú (SC). De kamuri + 'y: rio dos robalos.
Cambucá (PE). De kambuká, árvore mirtácea.
Cambuí (MG). De kambu'i, planta mirtácea.
Cambuquira (MG). De ka'a + umbykyra: rabadilhas de folhas, grelos, brotos dos bulbos, rizomas e tubérculos.
Camurubim (PI). De kamurupy - peixe elopídeo.
Capitari, Ig. do (PA). De ka'a + pyter/a + 'y: rio do meio do mato.
Capivari (SP). De kapibara + 'y: rio das capivaras.
Caracará (CE). De karakará, nomes de duas aves da família dos falconídeos, carcará.
Caraguataí (RS). De caraûatá + 'y: rio dos gravatás.
Caramuru (PR). De karamuru, enguia, lampreia, var. de peixes murenídeos.
Caranaíba (MG). De karana'yba, carnaúba, var. de palmeira.
Carandaí (MG). De karaná + 'y: rio dos carandás.
Carapina (ES). De karapina*, nome de uma variedade de pica-pau.
Carapó (MT). De sarapó, nome de um peixe gimnotídeo.
Caruataí (CE). De karagûatá + 'y: rio dos caraguatás.
Cassununga (MT). De kasunununga - var. de vespa.
Catanduva (SP). De ka'a + atã (r, s) + tyba: ajuntamento de mata dura, i.e., de cerrado: [...]"Fomos pousar em um catanduba, ou mato carrasquenho". (S. Paio e Sousa [1769], p. 205).
Cauaçu (RN). De ka'a + -ûasu: folhas grandes, nome de certas plantas arbustivas.
Caxambu (MG). De kaxabu - o mesmo que mandacaru, planta xerófita (Marcgrave, Hist. Nat., 126).
Caxinduba (ig. do PA). Da língua geral setentrional caxinga + tyba: ajuntamento de caatingas.
Chororó (Embu Guaçu, SP). V. Xororó.
Curiuaú (rio do AM). De kuragûá - curauá, planta bromeliácea + 'y: rio dos curauás.
Curuípe (rio de AL). De kuri + 'y + -pe: no rio dos guris. (v. Curuí)
Gabiroba (SC). V. Guabiroba.
Gereraú (CE). De îareré + 'y: rio dos jererés, var. de rede de pescar camarões.
Gragoatá (RJ). De karagûatá: gravatás, caraguatás, plantas bromeliáceas (Brandão, Diálogos, 203).
Grajaú (SP). De karaîá - carajá, nome de nação indígena tapuia. "Vivem no sertão da parte de São Vicente. Foram do Norte, correndo para lá; têm outra língua." (Cardim, Trat. Terra e Gente do Brasil, 126) + 'y - rio: rio dos carajás.
Guabiruparaná (rio do AM). Da língua geral setentrional, guabiru + paraná: rio dos gabirus.
Guajará (rio e baía do PA). De gûaîará: guajarás, plantas sapotáceas (Silveira, Rel. do MA, fl. 11v).
Guaraí (ig. do PA). De gûará + 'y: rio dos guarás.
Guaribe (rio do AM). De guará + 'y + -pe: no rio dos guarás.
Guarujá (SP) - de agûarausá: guaruçás, var. de caranguejos.
Iapi (CE). De îapĩ: japins, pássaros icterídeos.
Iapu (MG). De îapu: japus, pássaros icterídeos.
Iguara (denominação de várias localidades do Brasil). De 'y + kûara: buraco da água, i.e., fonte.
Indaiá (Bertioga, SP). De inaîá, espécie de palmeira.
Inhamuns (CE). Mesma etimologia de Inhamum (v.).
Itacuaxiara (SP). Mesma etimologia de Itacoatiara (v.).
Itacuru (SP). Mesma etimologia de Itacuruba (v.).
Itaguaré (Bertioga, SP). Da língua geral meridional, itá + jaguaré* - um animal carnívoro: jaguaré de pedra.
Itamirindiba (MG). Mesma etim. de Itamarandiba (v.).
Itapanhaú (SP). De tapanhuna + 'y: rio dos negros.
Itapanhoacanga (MG). De tapy'yîuna + akanga: cabeça de negro (VLB, II, 49)
Itaparaná (rio do AM). Do nheengatu itá + paraná: rio das pedras.
Itapicuru Mirim (MA). De itá + puku + ry [de y (t, t)] + mirĩ: pequeno rio das pedras compridas.
Ituí (rio do AM). De ytu + 'y: rio das cachoeiras.
Jaboticatubas (MG). De îabotikaba + tyba: abundância de jabuticabeiras; jaboticabal.
Jaburu (CE). De îaburu, ave ciconídea.
Jabuti Mirim, Lago do (PA). Do nheengatu, jabutis pequenos.
Jaçanaú (CE). De îasanã + 'y: rio dos jaçanãs.
Jacarecoara (CE). De îakaré + kûara: buraco de jacarés.
Jacareguaba (SP). De îakaré + 'y + 'u + -aba: lugar em que os jacarés bebem água.
Jacareí (SP). De îakaré - jacaré + 'y - rio: rio dos jacarés.
Jacareípe (ES). De îakaré + 'y + -pe: no rio dos jacarés.
Jacarepaguá (RJ). De îakaré + upaba + kûá: enseada do lago dos jacarés.
Jacarutuoca (CE). De îakurutu - jacurutu, coruja estrigídea + oka (r, s): refúgio dos jacurutus.
Jacirendi (SP). De îasy - lua + endy (t) - luz: luz da lua, luar.
Jacundá (GO). De îakûndá, peixes ciclídeos.
Jaguamimbaba (SP). De îagûara + mimbaba (de mim - esconder): esconderijo das onças.
Jaguanambi (CE). De îagûara + nambi: orelha de onça.
Jaguaraba (RJ). De îagûara + suf. -aba: lugar de onças.
Jaguaraçu (MG). De îagûara + -ûasu: onças grandes.
Jaguaretama (CE). De îagûara + etama (t): terra das onças. Nome atribuído artificialmente por lei de 1956. (fonte: IBGE)
Jaguaritira (MG). De îagûara + ybytyra: morro das onças.
Jamacaru (CE). De îamakaru, mandacaru, uma cactácea.
Jandiatuba (rio do AM). De jundi'a + tyba: abundância de jundiás, var. de peixes.
Jandira (SP). Provavelmente é termo da língua geral meridional e designa uma variedade de abelha.
Japecanga (PE). De îapekanga, salsaparrilha, planta esmilacácea.
Japeim (ig. do PA). De îapĩ: japim, japi, nome de um pássaro icterídeo (D'Abbeville, Histoire, 183)
Japeri (RJ). De îapĩ + y (t, t): rio dos japis (pássaro icterídeo).
Japiba (PR). De îapĩ + 'yba: planta dos japis.
Japitaraca (CE). De îapĩ, pássaro da família dos icterídeos + taraka - som estridente: japi do som estridente.
Japu (MG). De îapu, pássaro icterídeo.
Japuíba (RJ). De îapu + 'yba: árvore dos japus, pássaros icterídeos.
Jaquirana (RS). De îakyrana: cigarra, inseto cicadídeo.
Jaracatiá (MG). De îarakatîá, planta caricácea.
Jaraguari (MT). De îaragûá + y (t, t): rio dos jaraguás.
Jataí (GO). De îate'i, jataí, abelha melipônida.
Jatapu (rio do AM). De 'y-atã - rio direito (Anch., Arte, 6v) + pu - barulhento: rio direito barulhento.
Jataúba (PE). De îata'yba, nome de uma árvore.
Jati (CE). De îate'i, abelhas meliponídeas.
Jauari (ig. do PA). Do nheengatu iauarí, javari, var. de palmeira que cresce na Amazônia.
Jauquara (MT). De îa'u + kûara: toca dos jaús.
Jequeri (MG). Conta-se que tal nome teve origem no nome de uma planta existente na região (fonte: IBGE). De îukeri: juqueri, ervas leguminosas-mimosoídeas.
Jeribá (MG). De îara'ybá - jerivá, jeribá, var. de palmeira
Jijituba (rio de AL). De îeîu - jiju, jeju, peixe carnívoro + tyba: ajuntamento de jejus.
Jiquitaí (MG). Provavelmente de termo de língua geral colonial, jiquitaia*, variedade de formiga, + 'y: rio das jiquitaias.
Jucururi (RN). De îakuru* - jucuru, ave buconídea + y (t, t): rio dos jucurus.
Juruá (rio do AM). Do nheengatu iuruã: boca alta, boca aberta, foz desentupida de rio (Stradelli, 496).
Jurubatuba (SP). De îara'ybá - jerivá, jeribá, espécie de palmeira + tyba - ajuntamento: ajuntamento de jerivás.
Jutaí (PE). De îate'i, abelhas meliponídeas.
Juti (MT). De îate'i, abelhas meliponídeas.
Jutibuca (SP). De îate'i + puka: buraco de jataís (var. de abelhas).
Macaíba (RN). De makaîuba: macaúbas, var. de palmeira; o mesmo que mokaîe'yba (v.)
Macari (rio do AP). Da língua geral setentrional, macaá* + ry [de y, (t, t)]: rio dos macaás, aves falconídeas.
Macaubal (SP). De makaîuba - macaúba, var. de palmeira (Libri Princ., vol. I, 23) + o suf. port. -al.
Macuá (GO). De makûara - nome de uma ave (Theat. Rer. Nat. Bras., I, 127)
Majé (RJ). De maîé: pajé, feiticeiro indígena.
Mamanguape (PB). De mamangá + kûá + -pe: na enseada dos mamangás, var. de arbusto.
Mandaçaia (MG) - v. Mandassaia.
Mangaraí (ES). De mangará, plantas aráceas + 'y: rio dos mangarás.
Mangaratiba (SP). De mangará, plantas aráceas + tyba - ajuntamento, ocorrência: ajuntamento de mangarás.
Manituba (CE). De mani'yba + tyba: ajuntamento de manivas (var. de mandioca).
Maniva (RJ). De mani'yba, var. de mandioca.
Maracajaú (RN). De marakaîá + 'y: rio dos maracajás, animais felídeos.
Maracanaú (CE). De marakanã, aves psitacídeas + 'y: rio dos maracanãs.
Maracani (RR). De marakanã + 'y: rio dos maracanãs.
Maraial (PE). De maraîá, nome de palmeira (VLB, II, 63) + suf. -al do port.: lugar de muitos marajás.
Marambaia, Restinga da (SP). De kamarambaîa - camarambaias, plantas verbenáceas (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 30).
Maricá (RJ). De pariká, plantas leguminosas.
Maruim (SE). De marigûi: maruins, mariguis, meruís, biriguis, insetos ceratopogonídeos.
Mundaú (rio de AL). De mondá - ladrão; roubo + 'y - rio: rio dos ladrões. "Alem do referido Putisatuba dezagoa tãobem nesta lagoa o rio Mundahú, que nascendo das faldas da serra chamada Barriga vem correndo quasi paralelo aquelle por muitas legoas athé dezaguarem na lagoa..." (Luiz dos Santos Vilhena [1801], p. 808). É, certamente, uma referência aos quilombolas de Palmares, na serra da Barriga, onde o dito rio nasce.
Mutuí (ig. do PA). De mutũ - mutum, ave cracídea + 'y: rio dos mutuns.
Nanaú (PB). De naná + 'y: rio dos ananazes.
Nhandeara (SP). De îandé + îara: Nosso Senhor. Nome atribuído artificialmente em 1935 (fonte: IBGE).
Pacovaí (SP). De pakoba + 'y: rio das pacovas.
Pajeú (rio de AL). De paîé + 'y: rio dos pajés.
Paranaguá (PR). De paranã - mar + kûá - enseada: enseada do mar.
Paranapucu (RJ). De paranã + puku: mar comprido.
Pati (RJ). De pati, var. de palmeira.
Piranhaquara (ig. do PA). De piranha + kûara: toca das piranhas.
Piraquera (ig. do PA). Do nheengatu. Segundo Stradelli (p. 602), pirakéra é "uma casta de lamparina feita de latão e que, no Solimões, serve para fachear".
Puraquequara (rio do AM). De puraké1 + kûara: toca dos puraquês, i.e., das enguias elétricas.
Quitinduba (PE). É uma composição híbrida: de quitandê, termo do quimbundo que designa uma var. de feijão miúdo + 'yba - planta, pé: pés de quitandê. "Entrando depois de quatro legoas de costa [...] sobe sete legoas até o Engenho Quitinduba [...]" (Jozé Cezar de Menezes [n.d.], Resumo das Freguezias da Comarca de Goyana, e Capitania de Itamaracá, p. 46).
Sabiaguaba (CE). De sabîá + 'y + 'ûaba: lugar em que os sabiás bebem água.
Sairi (CE). De saí + ry [v. y (t, t)]: rio dos saís.
Sambaíba (CE). De saîimbe'yba - árvores da família das dileniáceas.
Sapé (GO). De îasapé, planta gramínea.
Sapucaí (MG). De sapukaîa - sapucaia, planta lecitidácea + 'y: rio das sapucaias.
Sapupará (CE). De sapó + pará: rio das raízes, i.e., rio de manguezal.
Sarapuí (SP). De sarapó + 'y: rio dos sarapós.
Sumaúma (ig. do PA). De sumaúma, árvore bombacácea.
Taciba (SP). De tasyba - var. de formigas.
Taguá (CE). De tagûá - var. de barro amarelo.
Taguaí (RJ). De tagûá - tauá, taguá, barro amarelo + 'y - rio: rio do tauá.
Taiaçu (SP). De taîasu - porcos silvestres.
Tairetá (RJ). De ta'yretá: família.
Tamanduapava (MG). De tamandûá + upaba: lagoa dos tamanduás.
Tamanduateí (SP). De tamandûá + eté (r, s) + 'y: rio dos tamanduás verdadeiros. "[...] lhe foram concedidos por sesmaria todos os pontos devolutos, pelo caminho velho da antiga vila de Santo André, rio Jarobatiba, continuados ao longo de Tamanduatihí [...] (Pedro Taques, Nobiliarquia Paulistana, p. 267)
Tamatiatuba (RN). De tamatîá - ave ciconiforme dos mangues, das beiras dos rios e lagos + tyba: ajuntamento de tamatiás.
Tamboatá (PE). De tamûatá - peixes caliquitídeos.
Tanabi (SP). De tanambi, borboleta, em guarani antigo, o mesmo que panambi: "Mariposa panambi 1. tanambi [Tes. no tiene este]; esta es la polilla que se convierte en mariposilla blanca [...]" (Restivo, Vocabulario de la lengua guarani [1722] (1893), p. 378)
Taperobu (PB). De taba + pûer + oby (r, s): tapera verde, i.e., fazenda abandonada com casas cobertas por plantas.
Taperuaba (CE). De tapi'ira + 'y + 'u + suf. -ab/a: lugar em que as antas (ou tapiras) bebem água.
Tapiraí (SP). De taperá + 'y: rio das andorinhas.
Tapirema (PE). De tapi'ira - anta, tapiira, tapira + rema - fedor: fedor das tapiras.
Tapiti (rio do AP). De tapeti (ou tapiti), coelhos-do-mato.
Tapuiú (CE). De tapuîa ou tapy'yîa + 'y: rio dos tapuias.
Taquacetuba (SP). De takûara + kysé + tyba: ajuntamento de taquaras-faca.
Taquarenduva (SP). De takûara + e'ẽ (r, s) + tyba: ajuntamento de taquaras doces, i.e., de canas-de-açúcar; canavial.
Taquarichim (RS). De takûara + 'y + isi'ĩ (r, s) - miúdo, pequeno (VLB, II, 78): rio pequeno das taquaras.
Taquarituba (SP). De takûar/a + -'i + tyba: ajuntamento de taquarinhas.
Taquaruçu (SP). De takûar/a + -usu: taquaras grandes.
Tarituba (RJ). De tare'ira + tyba: ajuntamento de traíras.
Taruaçu (MG). De tare'ira + -ûasu: traíras grandes.
Tataíra (SP). De tatá + eíra: abelhas de fogo, abelhas meliponídeas, também chamadas caga-fogos.
Tatuaia (ig. do PA). De tatu + ûaîa (t): rabo de tatu.
Tatuapé (SP). De tatu + (a)pé (r, s): caminho de tatus.
Tatuquaru (PR). De tatu + kûara + 'y: rio da toca dos tatus.
Traitu (SP). De tare'ira + ytu: cachoeira das traíras.
Traituba (MG). De tare'ira + tyba: ajuntamento de traíras.
Ubintuba (ig. do PA). De ubĩ, ubim, ubi, var. de palmeira (Vieira, Cartas, I, 373) + tyba: ajuntamento de ubins.
Urubuí (rio do AM). De urubu + 'y: rio dos urubus.
BIBLIOGRAFIA (EXCLUÍDAS AS FONTES PRIMÁRIAS)
ALMEIDA NOGUEIRA, Batista Caetano de, "Esboço gramatical do Abáñeê ou língua guarani, chamada também no Brasil língua tupi ou língua geral, propriamente Abañeenga". Anais da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, vol. VI, pp. 1-90. Rio de Janeiro, 1879.
DENUNCIAÇÕES DE PERNAMBUCO (Primeira Visitação do Santo Offício às Partes do Brasil. Pelo licenciado Heitor Furtado de Mendonça [1593-1595]). São Paulo, Homenagem de Paulo Prado, 1929.
(Ferreira) FERREIRA, Pe. João de Sousa, América Abreviada. Suas notícias e de seus naturaes, e em particular do Maranhão [1693]. Publicada na Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, LVII, 1894, pp. 5-145.
(Fig.) FIGUEIRA, Luís, Arte de Grammatica da Lingoa Brasilica. Miguel Deslandes, Lisboa, 1687 (Ed. facsimilar de Julius Platzmann, sob o título Gramática da língua do Brasil). B. G. Teubner, Leipzig, 1878.
(Knivet) KNIVET, Antonie, "The admirable adventures and strange fortunes of Master Antonie Knivet which went with Master Thomas Candish in his second Voyage in the South Sea". [1591]. In Purchas, Samuel, His Pilgrimes, London, 1625.
(Léry) LÉRY, Jean de, Histoire d'un Voyage fait en la Terre du Bresil autrement dite Amerique. Paris, Antoine Chuppin, 1578.
(Silveira) SILVEIRA, Simão Estácio da, Relação Sumária das Cousas do Maranhão. Lisboa, por Geraldo da Vinha, anno de 1624.
(Thevet) THEVET, André, La Cosmographie Universelle. Pierre 1'Huillier, Paris, 1575
CARDIM, Pe. Fernão [1583], Informação da Missão do P. Christovão Gouvêa ás partes do Brasil - anno de 83. Manuscrito da Biblioteca Pública de Évora, Portugal.
VIDE, Dom Sebastião Monteyro da [1707], Constituições primeiras do Arcebispado da Bahia feitas e ordenadas pelo illmo. e Rev. Sr. D. Sebastião Monteiro da Vide, Arcebispo do dito arcebispado, e do conselho de sua Magestade: propostas e aceitas em o Synodo Diocesano, que o dito celebrou em 12 de junho do anno de 1707. Lisboa, Paschoal da Silva, [526]p. ; 28cm. 1718.
absolutamente (= de modo algum) - angá
agora - ko'yr ● agora mesmo: ko'yré
ameaçar - momburu; anga'o; momboî
atacar - (tr.): epenhan (s); (intr.): pu'am
atrair-se - nhemomotar
audácia - kyre'ymbaba
audaz - kyre'ymbab
beira - tembe'yba
briga - nhoepenhana
charco - 'yno'onga
chegar - syk; (chegar com): erobasem; (por mar ou por rio): îepotar; (por terra): syk, gûasem ● chega! - aûîé!
colar2 (s.) - po'yra (m)
completar - mopor; moaûîé
conhecimento - tekokugûaba
corajoso - kyre'ymbab; pyatã; ekoeté (r, s)
engano - tekomemûã
engravidar - momburu'a
estrago - poxy (m); paba (mb); erekomemûãsaba (t) (v. erekomemûã)
feder - nem (xe); kating (xe)
gado - so'omimbaba
gema (de ovo) - apyteîuba
gerar - poromonhang
guarda - morerekoara
igualar - (tr.): moîoîab; (intr.): îakatu
injustiça - tekomemûã
instruir - motekokuab
irar - moŷrõ; moabaeté1
joelho - tendypy'ã ● de joelhos: endypyãe'ybo
louvar - mombe'ukatu
mergulhar - (intr.): nheapumĩ; nhepumĩ; (tr.): pumĩ; 'apiramõ
moço - kunumĩgûasu
murcho - nhynhyng/a
obra - temimonhanga; marãtekoaba
ordem - tekomonhangaba
orgulho - porerobîare'yma1 (m)
orgulhoso - porerobîare'ym/a
ouvir - endub (s); apysá (xe)
partir2 (= ir embora) - po'ir
poça - 'yno'onga
porco - (porco-do-mato): taîasu; (porco doméstico): taîasugûaîa
prisioneiro (de guerra) - pu'amagûera (m)
rapaz - kunumĩgûasu
reconciliar - moîerekûab; monhemũ
rodar (intr.) - nhatiman; pararang; (rodar como pião): pyryrym
ruga - nhynhynga
soltar - mosem; erab
talvez - nipó; serã; (na interr.): ipó?
vencedor - moroîtykara [v. ityk / eîtyk(a) (t)]
'a3 (s. voc., usado por reverência, somente) - 1) mano: xe 'a - meu mano (Castilho, Nomes, 27); 2) companheiro: Mamõ suípe ereîur, xe 'a? - Donde vieste, meu companheiro? (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 277); 3) senhor: Xe 'a! - Meu senhor! (VLB, II, 116)
abaekoete'yma (s.) - pessoa tímida (VLB, II, 128)
Abaykyîa (etim. - o arrasta-gente) (s. antrop.) - nome de índio tupi (Vasconcelos, Crônica [Not.] II, §2, 114)
'abebó (s.) - grenha, cabelo em desalinho; cabelos embaraçados, despenteados (Castilho, Nomes, 27); Xe 'abebogûasu. - Eu tenho uma grande grenha. (VLB, I, 150)
aby2 (v.tr.) - errar, falhar com; enganar-se em, deixar de atingir, desviar-se de, não acertar em: Tatapynha n'oîabyî; oîeí bé muru kaî... - As brasas não falham com eles; ainda hoje os malditos queimam... (Anch., Teatro, 88); Aîaby-îaby. - Fiquei-as errando (isto é, as flechas atiradas.) (VLB, I, 38); T'oîaby umẽ Tupã o monhangara. - Que não se desvie de Deus, seu criador. (Ar., Cat., 187)
aeté (s.) - fineza (em bondade ou maldade); cousa fina; (adj.) - fino, aprimorado, bem feito, muito bom: Iî aeté. - Ele é fino. Xe aeté. - Eu sou fino. (VLB, I, 1390)
agûaîxipuranga (etim. - guaxima vermelha) (s.) - nome de uma planta (Theat. Rer. Nat. Bras., II, 173)
agûana (s.) - cristas de penas de aves que eram grudadas na cabeça com cera ou mel silvestre (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 271)
aíba2 (s.) - brenhas (da mata) (VLB, I, 59)
aîereba1 (s.) - JEREBA, AIEREBA, espécie de arraia pardo-escura, da família dos dasiatídeos (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 175; VLB, I, 41)
aîmbora (t) (s.) - sinal deixado por mordida (VLB, II, 42) (v. tb. pora)
aîtaty (t) (s.) - nora (de h.) (VLB, II, 51)
akamby2 (t) (s.) - o vão entre as coxas, o vão entre as pernas: Xe rakamby. - O vão entre minhas pernas. (VLB, I, 142)
akangaopysá (etim. - chapéu puçá) (s.) - 1) rede de fio de seda, linho ou gaze fina em que se mete o cabelo e se aperta no alto da cabeça; 2) coifa de rede (VLB, I, 76)
akasanga (s.) - dúvida; (adj.: akasang) - duvidoso; (xe) duvidar, estar com dúvida: Xe akasang. - Eu estou com dúvida. (VLB, I, 107); ...Serobîara resé o akasange'ymamo... - Por causa de sua crença nele não duvidando. (Ar., Cat., 85)
akûere'õ (interj.) - ai! que mal! (expressão de dor, de lamento, de arrependimento): Akûere'õ xe rekóû rimba'e re'ĩ... - Que mal eu agi outrora... (Ar., Cat., 155v)
akypûera (t) (s.) - 1) parte posterior, traseira; retaguarda (VLB, II, 135); 2) pegada, rastro, esteira (p.ex., que faz o navio ao navegar): ygara rakypûera - esteira da canoa (VLB, I, 128); Nde rakypûera rupi t'osó xe 'anga îepi. - Por tuas pegadas há de ir minh'alma sempre. (Valente, Cantigas, in Ar., Cat., I, 1618); Sakypûera rupi é îasó... - Por seus rastros é que vamos. (Anch., Teatro, 138); 3) vestígio: Asé 'anga suí asé angaîpaba... rakypûera kanhemagûama resé. - Para o desaparecimento dos vestígios da maldade de nossa alma. (Ar., Cat., 91-91v)
amanarypy'oka (etim. - coalhada de chuva) (s.) - neve; geada (os tupinambás diziam amanarypy'aka) (VLB, II, 49) (V. tb. ro'ynhemoapysanga e ro'yîukyra)
amoré (s.) - MORÉIA, AMBORÉ, AIMORÉ, AMORÉIA, ARAMARÉ, AMORÉ, AMORÉ-GUAÇU, XIMBORÉ, peixe da família dos gobídeos (VLB, II, 42)
amu'a'yembó (etim. - planta de vergônteas da ambuá) - o mesmo que ambu'aembó (v.) (Theat. Rer. Nat. Bras., II, 217)
'anga1 (s.) - sombra: Oîmboapy abá kuîaba; 'anga é semimotara. - Os homens esvaziam as cuias; sombra é o que eles desejam. (Anch., Teatro, 30)
angaîpagûera (s.) - rebotalho, refugo, o que sobra depois que o melhor foi escolhido (VLB, II, 98)
aoîybá (etim. - braço de roupa) (s.) - manga (de roupa ou vestido) (VLB, II, 30)
apasok (v.tr.) - pilar, socar, compactando numa massa: Aîapasok. - Soquei-o, compactando. (VLB, II, 77)
apepu1 (s.) - leveza (em suas coisas, em seus haveres); (adj.) - leve (em suas coisas, em seus haveres): Xe apepu; Xe apepu-pepu. - Eu estou leve; Xe apepu'ĩ. - Eu estou levezinho; Xe rekó-apepu-pepu. - Eu estou muito leve nas minhas coisas. (VLB, II, 21)
api'a'yĩ'ok (s) (etim. - arrancar os grãos dos testículos) (v.tr.) - castrar: Asapi'a'yĩ'ok. - Castrei-o. (VLB, I, 66) ● sapi'a'ỹî'okypyra - castrado (VLB, I, 66)
apina (s.) - pessoa ou coisa tosquiada, rapada, pelada (VLB, II, 137); (adj.: apin) - tosquiado, rapado, pelado: mba'e-apina - coisa rapada (VLB, II, 32)
apiti (v.tr.) - 1) matar (gente), fazendo grande estrago, assassinar, chacinar, trucidar: Eporapiti umẽ ... - Não assassines gente. (Ar., Cat., 16v); Kûeîsé kó aporapiti, aîuruîuba îukábo. - Eis que ontem trucidei gente, matando europeus. (Anch., Teatro, 66); 2) espedaçar, esmagar, quebrar em pedaços: Sekoaba'e kûé kunhã oré akanga i apiti... - O que é comum é aquela mulher esmagar nossas cabeças. (Anch., Teatro, 182) ● oîapitiba'e - o que assassina, o que esmaga, etc.: ...Tekoangaîpaba oporapitiba'e... - Pecado que assassina as pessoas. (Ar., Cat., 220, 1686); apitîara - o que assassina, trucidador, matador, assassino: Gûaîxará kagûara ixé, mboîtiningusu, îagûara,... morapitîara. - Eu sou Guaixará bebedor de cauim, grande cascavel, onça, trucidador de gente. (Anch., Teatro, 26); apitîaba - tempo, lugar, modo, etc. de assassinar, de chacinar; assassinato, chacina: Abá-mondá morapitîagûera repyramo mundeokype i mondebypyrûera. - Um homem ladrão que foi posto na prisão como pena de chacinas. (Ar., Cat., 59v)
apûana1 (s.) - pressa; ligeireza; rapidez; (adj.: apûan) - apressado, ligeiro; (xe) apressar-se: ...Xe apuãnamo kori, nde rerapûana resé. - Apresso-me hoje, por causa da tua fama. (Anch., Poemas, 156); Ne'ĩ! T'eresó taûîé! Nde apûan! - Eia! Que vás logo! Apressa-te! (Anch., Teatro, 22); Aîmbiré, eîori xe robaké! Nde apûan!... - Aimbirê, vem diante de mim! Apressa-te! (Anch., Teatro, 58)
apupa'ũ1 (t) (s.) - espaço entre um pé e outro; entrepernas; passo, passada: Aîmoatã xe rapupa'ũ. - Apertei meus passos. (VLB, II, 66); (adj.) (xe) - dar passos: Xe rapupa'ũusu. - Dou passos largos, dou grandes passos. (VLB, II, 66)
'apyteîuba (etim. - o amarelo do meio) (s.) - gema de ovo (VLB, I, 147)
'apytereba (etim. - chamuscamento do meio da cabeça) (s.) - calvície; (adj.: 'apytereb) - calvo: Xe 'apytereb. - Eu sou calvo. (D'Evreux, Viagem, 157; VLB, I, 64)
aragûama (t, t) - v. îar / ar(a) (t, t) (Ar., Cat., 111)
'areté (etim. - dia muito bom) (s.) - feriado, dia santo, dia de guarda: Ereîmborype nde rapixara 'aretéreme i porabyky-potareme? - És tolerante com teu próximo ao querer ele trabalhar nos feriados? (Ar., Cat., 100)
atar (v. intr.) - andar, caminhar: A'emo îandé resé i atarimo. - Ele conosco caminharia. (Ar., Cat., 5)
atatinga (t) (s.) - fumaça: Xe run tatatinga suí. - Eu estou preto de fumaça. (VLB, I, 92); [adj.: atating (r, s)] - fumegante: Xe ratating. - Eu estou fumegante. (VLB, I, 144)
a'ubĩ (s.) - pessoa vil, coisa vil (VLB, II, 145)
a'ypaba (t, t) - esfalfamento, esgotamento (pela muita atividade sexual); [adj.: a'ypab (r, t)] - esfalfado (pela muita atividade sexual): Xe ra'ypab. - Eu estou esfalfado. (VLB, I, 124)
a'yra2 (t, t) (s.) - família, parentela (de h. ou m.) (VLB, I, 134)
a'yretá (t, t) (s.) - família (de h. ou m.) (VLB, I, 134)
a'ysé (t) (s.) - 1) parente, parentela, nação, raça: Îagûara biãé ererasó, gûa'ysé o îoesé posé o ẽme, oîepysyrõ bé'ĩ... - Pois se levas cães, se estiverem eles ao lado um do outro da sua própria raça, acolhem-se um pouco mais. (Anch., Doutr. Cristã, II, 111); 2) parente da nação ou geração da mulher: xe ra'ysé - os parentes de minha mulher (Ar., Cat., 115v)
bebuîa (s.) - BUBUIA, leveza (VLB, II, 22); (fig.) leviandade; (adj.: bebuî) - leve; (adv.) DE BUBUIA, fracamente; levemente (VLB, II, 21); de leve: Tupã osaûsupe'a, sesé oîerobîá-bebuîa. - Deus deixou de amá-los, n'Ele confiando fracamente. (Anch., Teatro, 28); ...nde rekopûera moasy-bebuîa - ...arrependendo-te fracamente de teus atos passados (Anch., Doutr. Cristã, II, 106) ● bebuî-nhõte - levemente (VLB, II, 21)
bebuîkatu (s.) - leveza (VLB, II, 22); (adj.) - leve: Abebuîkatu. - Sou leve. (VLB, II, 22)
byrybá (s.) - BIRIBÁ, nome de uma planta (v. ybyryba) (Theat. Rer. Nat. Bras., II, 103)
ebira3 (t) (s.) - popa (de embarcação) (VLB, II, 81)
egûama1 (t) - ferida mortal ou o lugar dela (VLB, II, 42)
Daí, no P.B., IRÁ, var. de abelha que faz ninhos no chão; TATAÍRA (tatá + eíra, "abelha de fogo"), nome de abelha da família dos meliponídeos; ARAMÁ, abelha muito agressiva da Amazônia; JANDAÍRA, var. de abelha, etc.
ekó3 (t) (s.) - estado, condição: Marã sekó resépe i angekoaíba îekuabi? - Por qual estado seu transparecia sua angústia? (Ar., Cat., 53); Xe rekó anhẽ nhẽ nakó emonã. - Eis que minha condição, na verdade, é assim. (VLB, I, 79)
ekó9 (t) (s.) - estada, permanência: Kori, nã, îandé rekó îandé moarûapa angá. - Hoje, assim, nossa estada de modo nenhum nos impedem. (Anch., Teatro, 148, 2006)
ekobé (t) (s.) - vida: ...Tekobé îara. - Senhora da vida. (Anch., Poemas, 88); ...îandé rekobé me'engara... - doador de nossa vida (Anch., Poemas, 90); Oré raûsubá îepé oré rekobé pukuî. - Tem tu compaixão de nós durante nossa vida. (Anch., Teatro, 122); [adj.: ekobé (r, s)] - vivo: itá-ekobé - metal vivo, isto é, o mercúrio (VLB, I, 49) ● ekobeaba (t) - lugar, tempo, modo, etc. da vida, do viver: Ixé aé sapysarûera, sekobeaba resé. - Eu mesmo sou quem o queimou, no tempo em que ele vivia. (Anch., Teatro, 18). V. tb. ikobé / ekobé (t).
(e)kuîá (r, s) (s.) - canteiro (Anch., Arte, 13v): xe rekuîá - meu canteiro; sekuîá - seu canteiro (Fig., Arte, 78)
TEMBETÁS (fonte: Staden)
embiarirõ (t) - v. emiarirõ (t) (VLB, II, 49)
embu'a (ou imbu'a) - o mesmo que ambu'a (v.)
embu'ayembó (etim. - planta de vergônteas do embuá) (s.) - árvore da família das aristoloquiáceas (Aristoloquia labiata Willd) (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 26)
embyritĩ (s.) - EMBIRA BRANCA, árvore da família das timeleáceas, de cujo entrecasco tiram-se fibras.... "Fazem os negros da Guiné dele panos... com os quais se cingem e cobrem." (Sousa, Trat. Descr., 217)
(e)miapé (r, s) (s.) - pão ou bolo de qualquer farinha (VLB, II, 64): xe remiapé - meu pão; semiapé - o pão dele (Fig., Arte, 79); ...Miapé-ybakygûara, apŷabebé remi'u... - Pão celestial, comida dos anjos. (Valente, Cantigas, VII, in Ar., Cat., 1618) ● miapé-apara (ou miapé-apynha) - rosca de pão (VLB, II, 108); miapé-mirĩ - bolinho de pão (VLB, I, 57)
(e)miaûsuba1 [ou (e)mbiaûsuba)] (r, s) (s.) - escravo: A'epe miaûsuba n'osapîari xûé o îara nhe'engane? - E o escravo não obedecerá às palavras de seu senhor? (Ar., Cat., 69); Miaûsuba îabépe serekóûne? - Trata-la-á como uma escrava? (Anch., Doutr. Cristã, I, 228); xe remiaûsuba - meu escravo (Léry, Histoire, 368); Nd'e'i te'e miasûbetá ikó 'ara momoranga. - Por isso mesmo os escravos festejam este dia. (Anch., Poemas, 192)
(e)miaûsuba2 [ou (e)mbiaûsuba)] (r, s) (s.) - o que alguém ama, o amado de, o amigo (no sentido ativo): Marã oîkóbo-tepe asé Anhanga rembiaûsubamo sekóû? - Mas procedendo de que modo se está como amigo do diabo? (Ar., Cat., 26v); T'arasó pá xe ratápe... sembiaûsuba resebé. - Hei de levar todos para meu fogo, com seus amigos. (Anch., Poesias, 269)
(e)mimõîpoka (r, s) (s.) - var. de cozido (Anch., Arte, 13v)
emykaîapé (ou embykaîapé) (t) (s.) - assento das nádegas (Castilho, Nomes, 39); cadeiras (do corpo), quadris (VLB, I, 62); ancas (p.ex., de cavalo) (VLB, I, 35)
en1 - v. in / en(a) (t)
endyra (t) (s.) - irmã ou prima (do h.): O endyra... resé nd'e'ikatuî abá omendá. - Com sua própria irmã não pode ninguém se casar. (Ar., Cat., 128v)
enhuna (t) (s.) - mula das virilhas; adenite inguinal de origem venérea (VLB, II, 44); [adj.: enhun (r, s)] (xe) - ter mula nas virilhas (VLB, II, 44)
enõîndaba (ou enõîtaba) (t) (etim. - meio de chamar) (s.) - designativo; nome: Ixé Saûîaetá. Serapûã xe renõîndaba. - Eu sou Sauiaetá. Famoso é meu nome. (Anch., Poemas, 156); Esenõî nde reté renõîndabetá ixébe. - Nomeia os muitos designativos de teu corpo para mim. (Léry, Histoire, 364)
epenhan1 (ou epenhã ou epenhang) (s) (v.tr.) - 1) atacar: ...T'oporepenhã oîkóbo... - Que estejam atacando gente. (Anch., Teatro, 16); ...Apŷaba eresepenhãne. - Os índios atacarás. (Anch., Teatro, 20); ...A'epe kunhãmuku repenhana... - Ali atacando as moças. (Anch., Teatro, 34); Îasepenhan, îaîpysyk, i apysyk' e'ymebé... - Atacamo-los, prendemo-los, antes que se consolem. (Anch., Teatro, 66); Esepenhan, Saraûaî! - Ataca-o, Sarauaia! (Anch., Teatro, 76); 2) brigar com, pelejar com (com espada, etc.) (VLB, II, 71) ● epenhandara (t) - o que ataca: Aîpysy-potá-katu morepenhandara ri. - Quero muito apanhá-las com os que atacam as pessoas. (Anch., Teatro, 154, 2006)
epŷaba (t) (s.) - reparação; retribuição: Sepŷápe, ereîakasó... - Em reparação disso, mudaste-te de aldeia. (Anch., Teatro, 166)
ereb2 (s) (v.tr.) - lamber: Asereb. - Lambi-o. (VLB, II, 18)
eroín (v.tr.) - 1) fazer estar consigo, estar com: Aroín. - Faço-o estar comigo. (Fig., Arte, 92); 2) ter: Sasyeté niã Tupã remipe'apûera, ...ogûekó-mara'ara reroína. - Eis que sofrem muito os que Deus repeliu, tendo sua vida envergonhada. (Ar., Cat., 163)
erokûaka'ar (v.tr.) - levar uns atrás dos outros: Oroerokûaka'ar. - Levamo-los uns atrás dos outros. (VLB, II, 21)
eropu'am - v. enopu'am
eropytá (v.tr.) - ficar com, fazer ficar consigo, deter, fazer parar (p.ex., o cavalo em que se vai) (VLB, II, 64): ...O sy rygépe o pitanga reropytá îabé, t'opytá pe pupé. - Que ele fique dentro de vós como fica com seu estado de feto no ventre de sua mãe. (Ar., Cat., 4); Eropytá nde boîá'ĩ orébo. - Fica com teus suditozinhos junto de nós. (Depoimento de Pero Leitão, ASV, Cong. Rit., Anchieta, nº 303, 110-111, apud Viotti, 180)
esaatyká (s) (v.tr.) - tapar, fechar as fibras de (p.ex., de pano, de tudo o que se tece): Asesaatyká. - Tapei-o. (VLB, II, 124)
esaekoabok (s) (v.tr.) - fazer mudar de idéia: Xe resaekoabok ikó nde ra'yra. - Eis que teu filho me fez mudar de idéia. (VLB, II, 43)
esangá (t) (etim. - arrebentar os olhos) (s.) - choro contínuo; [adj.: esangá (r, s)] - chorão; choramigas; (xe) chorar continuamente: Xe resangá. - Eu sou chorão. Abá-esangá. - homem choramigas (VLB, I, 73); ...Pe resangá, pe angaîpaba rapirõmo. - Chorai continuamente, pranteando vossos pecados. (Ar., Cat., 85v)
esa'y (t) (etim. - água dos olhos) (s.) - lágrima: Eîmo'ẽ nde resa'y... - Derrama tuas lágrimas. (Anch., Doutr. Cristã, II, 112); [adj.: esa'y (r, s)] - lacrimejante (como por doença, etc.); (xe) lacrimejar: Xe resa'y-sa'y. - Eu estou lacrimejando. (VLB, II, 17)
gûaîá-apara (etim. - guajá torto) (s.) - GUAIÁ-APARÁ, GOIÁ, GUAIÁ, UACAPARÁ, espécie de crustáceo da família dos calapídeos (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 182)
gûaîakatu (etim. - guajá bom) (s. etnôn.) - nome de antiga nação indígena (Cardim, Trat. Terra e Gente do Brasil, 125)
gûaîá-pinima (etim. - guajá pintado) (s.) - var. de crustáceo (Theat. Rer. Nat. Bras., I, 82)
gûaîaranha (s.) - crustáceo da família dos inaquídeos (Brandão, Diálogos, 245)
gûaînumbygûasu (etim. - guainumbi grande) (s.) - nome de uma ave (Theat. Rer. Nat. Bras., I,129)
gûakagûasu (etim. - guacá grande) (s.) - ave da família dos larídeos, espécie de gaivota (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 205)
gûamaîakuapé (etim. - guamaiacu de casca) (s.) - GUAMAIACU, BAIACU-COM-CHIFRE, peixe de constituição robusta que se abriga sob uma carapaça espinhosa sólida, de onde emergem pontas córneas, grossas e resistentes (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 142; Piso, De Med. Bras. III, 173)
gûamaîaku'atinga (etim. - guamaiacu da cabeça branca) (s.) - espécie de peixe da família dos tetrodontídeos (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 168)
gûamaîakukuruba (etim. - guamaiacu encaroçado) (s.) - nome de um peixe (Cardim, Trat. Terra e Gente do Brasil, 57)
gûarabebé (etim. - guará voador) (s.) - espécie de peixe-voador (Soares, Coisas Not. Bras. [ms .c], 2211)
gûaragûasu (etim. - guará grande) (s.) - nome de um peixe (VLB, II, 149; Libri Princ., vol. II, 59)
gûara'i (etim. - guarazinho) (s.) - peixe da família dos serranídeos (Lisboa, Hist. Anim. Árv. do Maranhão, fl. 166)
gûaraîuba (etim. - guará amarelo) (s.) - GUARAJUBA, GUARAIUBA, GUARUBA, peixe da família dos carangídeos (VLB, II, 149)
gûarakangûyra (etim. - guará de cartilagem) (s.) - ARACANGUIRA, peixe da família dos carangídeos (VLB, II, 64)
gûaramirĩ (etim. - guará pequeno) (s.) - nome de peixe carangídeo (VLB, I, 67)
gûaranhana (etim. - guará corredor) (s.) - nome de um peixe (VLB, II, 149)
gûaraobanhana (etim. - guará da cara manchada) - (s.) - ARABAIANA, URUBAIANA, olho-de-boi, peixe da família dos carangídeos (VLB, II, 56): Xe pindá-porangeté t'opindaîtykyne endébo, kunapu rekyîetébo, gûaraobanhaneté. - Meu anzol muito ditoso há de pescar para ti, puxando bem os canapus e as arabaianas verdadeiras. (Anch., Poemas, 152)
gûaraoby (etim. - guará verde) (s.) - nome de um peixe (VLB, I, 106)
gûarapuku (etim. - guará comprido) (s.) - peixe da família dos escombrídeos; cavala (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 178; VLB, II, 69, 149): Akûeîme rakó pirá asekyî-marangatu: ku'uka, gûarapuku... - Antigamente pescava bem os peixes: garoupas, cavalas... (Anch., Poemas, 152)
gûararapinima (etim. - guarará manchado) (s.) - nome de um caranguejo (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 187)
gûararaúna (etim. - guarará escuro) (s.) - espécie de caranguejo da família dos ocipodídeos (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 184)
gûarasyma (etim. - guará liso) (s.) - GUARAÇAÍMA, GUARAÇUMA, peixe de mar da família dos carangídeos (VLB, II, 149)
gûará-tebiró (etim. - guará-tapa-bunda) (s.) - nome de um peixe (Lisboa, Hist. Anim e Árv. do Maranhão, fl. 164v)
gûaraúna (etim. - guará escuro) (s.) - ave da família dos ibidídeos (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 204; Theat. Rer. Nat. Bras., 116)
gûariniama (s.) - guerra: Gûariniãme oporapitiba'e tiruãpe?... - Mesmo o que assassina na guerra (transgride o mandamento de Deus)? (Ar., Cat., 69v)
gûatapygûasu (etim. - guatapi grande) (s.) - variedade de concha (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 278)
gûatukupaîuba (etim. - guatucupá amarelo) (s.) - GUATUCUPAJUBA, peixe da família dos esparídeos (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 147)
gûatukupapixyma (etim. - guatucupá da pele lisa) (s.) - nome de um peixe (VLB, II, 75)
gûatukupapuku (etim. - guatucupá comprido) (s.) - nome de peixe (VLB, II, 75)
ĩ1 (interj.) - ah! (expressa mágoa): Xe rubĩ mã! - Ah, meu pai! (Anch., Arte, 54)
îaborandygûasu (etim. - grande jaborandi) (s.) - nome de uma planta (Theat. Rer. Nat. Bras., II, 161, 162, 163, 164)
îagûarusu (etim. - grande cão) (s.) - animal mamífero da família dos canídeos (Cardim, Trat. Terra e Gente do Brasil, 30; VLB, I, 65). "Andam dentro e fora d'água e matam gente." (Cardim, Trat. Terra e Gente do Brasil, 64-65)
îaku'yba (etim. - planta do jacu) (s.) - nome de uma árvore (Vasconcelos, Crônica [Not.] II, §81, 153)
ENDUAPE (fonte: Staden)
No P.B., JENIPAPO pode ser, também, mancha escura na parte inferior da região dorsal das crianças, tida como sinal de mestiçagem (in Dicion. Caldas Aulete).
Îapĩ'yba (etim. - planta do japim) (s. antrop.) - nome de índio tupi (D'Abbeville, Histoire, 188v)
îara'ybá (s.) - JERIVÁ, JERIBÁ, JERIBAZEIRO, espécie de palmeira (Syagrus romanzoffiana (Cham.) Glassman), comum no litoral brasileiro (VLB, II, 63, 124)
JERIMUM (fonte: Brasil Holandês)
îase'opytym (v.tr.) - engasgar: Xe îase'opytym xe remi'u. - Engasgou-me minha comida. (VLB, I, 116)
îasytatá1 (etim. - lua de fogo) (s.) - estrela: Îasytatá serekoarama resé... - Por causa da estrela sua guardiã. (Ar., Cat., 3); ...A'ereme îasytatá o apakuîamo. - Então as estrelas cairão completamente. (Ar., Cat., 159v)
îasytatá2 (etim. - lua de fogo) (s.) - estrela-do-mar (Libri Princ., vol. I, 120)
îau'u (v. intr.) - alcançarem-se no leite materno (dois irmãos de idades diferentes) (VLB, I, 30)
îeaîtyîytyk (v. intr.) - arfar (p.ex., o navio) (VLB, I, 41)
îeaseîa (s.) - irritação, agastamento (VLB, I, 24); (adv.: îeaseî) - com ira, de má vontade; com indignação, rispidamente, irritadamente: Arasó-îeaseî. - Levo de má vontade. (VLB, II, 14); Aîopoî-îeaseî. - Alimentei-o rispidamente. (VLB, II, 106); Aîmonhang-îeaseî. - Fi-lo rispidamente. (VLB, II, 106); Anhe'ẽ-îeaseî. - Falo irritadamente. (VLB, I, 133) ● îeasé-aseîa (s.) - grande irritação ou agastamento contínuo (VLB, I, 24)
îeatykok (v. intr.) - apoiar-se sobre o braço: Aîeatykok gûitupa. - Estou-me apoiando sobre o braço (estando deitado). (VLB, II, 7)
îeatyrung (v. intr.) - apoiar-se sobre o braço (por estar triste ou descansando): Aîeatyrung gûitupa. - Apoio-me sobre o braço, estando deitado. (VLB, II, 7)
îekandab (v. intr.) - arquear-se para cima (VLB, II, 132)
îekûatiar (v. intr.) - assinar-se, subscrever-se, pôr assinatura (p.ex., em carta) (VLB, I, 45)
îemoîasuka - v. nhemoîasuka
îemomburu (v. intr.) - atentar contra si, prejudicar-se ● îemomburûaba - tempo, lugar, modo, causa, etc. de se prejudicar, de atentar contra si: ...Îoapirõe'yma rekóû îemomburûabamo nhẽ. - Não prantear um ao outro (como forma de saudação) é modo de atentar contra si mesmo. (Ar., Cat., 85v)
îemooryb (v. intr.) - alegrar-se: Aîemoorybusu, nde robaké gûitu. - Alegro-me muito, vindo diante de ti. (D'Abbeville, Histoire, 342)
îemosusun (v. intr.) - agitar-se, sacudir-se: Nde ereîemosusuni, oré moingobé-potá... - Tu te agitaste, querendo fazer-nos viver. (Anch., Poemas, 130)
îepoká1 (v. intr.) - arrepiar-se (p.ex., de frio o doente): Aîepoká. - Arrepiei-me. (VLB, I, 43)
îepotabẽ1 (v. intr.) - alastrar-se (VLB, I, 30)
îepykixûera (s.) - pessoa vingativa (VLB, II, 145); (adj.: îepykixûer): Xe îepykixûer. - Eu sou vingativo. (VLB, II, 146)
îepysó (v. intr.) - acamar-se, deitar-se, estender-se, estirar-se deitando (ao longo do chão, em cama, etc.): Aîepysó. - Deito-me. (VLB, I, 19); Aîepysó gûitupa. - Eu estou estirado. (VLB, I, 129)
îeremary (s.) - JUREMARI, JUREMA, árvore da família das leguminosas-mimosoídeas (Chloroleucon tortum (Mart.) Pittier), muito comum na costa nordestina, "delgada no pé e muito grossa em cima;... dá umas favas brancas". (Sousa, Trat. Descr., 220)
îerobîara2 (s.) - glória humana (VLB, I, 148); fantasia (de pessoa presunçosa) (VLB, I, 134); altivez, arrogância (VLB, I, 33): ...Kó aîkó nde akanga kábo nde îerobîara suí. - Eis que aqui estou para quebrar tua cabeça por causa de tua arrogância. (Anch., Poesias, 57)
îerobîasaba (s.) - esperança: Salve Rainha... oré îerobîasaba... - Salve Rainha, nossa esperança. (Ar., Cat., 14)
îeroky2 (s.) - mesura (VLB, II, 36)
îesy (v. intr.) - assar-se: Tatá nde arõeté, i pupé t'ereîesy. - O fogo te convém verdadeiramente, para que nele te asses. (Anch., Teatro, 170)
îetu'u (v. intr.) - acamar-se, estirar-se; deitar-se - Gûyrá-sapukaîa îabé ereîetu'u... - Como um galo te deitas. (Anch., Doutr. Cristã, II, 111); Aîetu'u. - Estiro-me. (VLB, I, 29)
îetyka (s.) - JETICA, JATICA, batata-doce, planta herbácea americana, da família das convolvuláceas (Ipomoea batatas (L.) Lam.), de raízes tuberosas alimentícias e folhas medicinais. É também chamada batata-da-terra, batata-da-ilha. (D'Abbeville, Histoire, 229; Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 16) ● îetyky - vinho de batata-doce (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 274)
îetykasyka (s.) - resina odorífera produzida pela îeta'yba (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 101)
iîatybinhẽ 1) (posp.) - ao invés de, ao contrário de; 2) (adv.) às avessas, ao revés (VLB, I, 48)
ikepuba (etim. - flanco mole) (s.) - o espaço entre as costelas e o osso ilíaco (Castilho, Nomes, 32)
inaîegûasu (etim. - inajê grande) (s.) - var. de gavião grande, ave falconiforme da família dos acipitrídeos (Soares, Coisas Not. Bras. - ms. C, 1421)
inaîemirĩ (etim. - inajê pequeno) (s.) - var. de INAJÊ, ave falconiforme da família dos acipitrídeos (Soares, Coisas Not. Bras. - ms. C, 1421)
inambumirĩ (etim. - nhambu pequeno) (s.) - nome de uma ave (Léry, Histoire [1580], p. 278)
INĩ (fonte: Staden)
îoasaba (etim. - o atravessar um com o outro) (s.) - cruz (VLB, I, 86): Eîmoîar, eîmoîar ybyrá îoasaba resé... - Prega-o, prega-o na cruz de madeira... (Ar., Cat., 59v)
îogûerekokatu (etim. - tratar bem um ao outro) (s.) - favor, bom tratamento (VLB, I, 135)
itaakangaoba (etim. - chapéu de ferro) (s.) - capacete; elmo (VLB, I, 66, 109)
Itaîybá (etim. - braço de pedra) (s. antrop.) - nome de índio tupi (Vasconcelos, Crônica [Not.] II, §1, 113)
itamina (etim. - pua de ferro) (s.) - lança (de ferro) (v. mina): Itamina pupé iî yké kutuki. - Com uma lança espetou seu flanco. (Ar., Cat., 64)
itanha'ẽpepogûasu (etim. - grande bacia de ferro com asas) (s.) - caldeira de engenho (VLB, I, 63); tacho (VLB, II, 123)
NOTA - No P.B., ITAOCA é caverna, furna, lapa (in Dicion. Caldas Aulete).
îu'i-îia (s.) - JUÍ-JIA, batráquio da família dos hilídeos, variedade de rã. "São brancacentas e andam sempre na água e, quando chove muito, falam de maneira que parecem crianças que choram." (Sousa, Trat. Descr., 265)
îunypaba (s.) - JENIPAPEIRO, o mesmo que îanypaba (v.) (D'Abbeville, Histoire, 219)
îupikanga (s.) - JUPICANGA, JAPICANGA, planta esmilacácea do gênero Smilax (Piso, De Med. Bras., IV, 195)
Îuraytaûasu (etim. - grandes esteios de jirau) (s. antrop.) - nome de índio tupi (D'Abbeville, Histoire, 188)
îuru3 (s.) - embocadura, foz: îuru-mirĩ - embocadura pequena (Staden, Viagem, 45)
îusyrana (s.) - JUCIRANA, árvore de boa madeira para fazer canoas (Soares, Coisas Not. do Brasil [ms .c], 1945-1953)
JIBOIA (fonte: Brasil Holandês)
îytó (s.) - JITÓ, árvore da família das meliáceas (Guarea macrophylla subsp. tuberculata (Vell.) T.D. Penn.) cuja casca tem propriedades anti-sifilíticas depurativas. É também chamada ataúba, utuaúba. (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 120)
ka'apotyragûá (etim. - planta de flor inchada) (s.) - nome de uma planta rubiácea (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 8)
CABURÉ (fonte: Brasil Holandês)
kabure'yba (etim. - planta do caburé) (s.) - CABREÚVA, nome de duas espécies de árvores da família das leguminosas-mimosoídeas, do gênero Myrocarpus, o Myrocarpus frondosus Allemão e o Myrocarpus fastigiatus Allemão, da mata atlântica, de madeira, pardo-escura com tons avermelhados, cheirosa, pesada e resistente. Os portugueses do século XVI chamavam-na bálsamo. Serve muito para tratar feridas, além de ter ótimo odor. Também é conhecida como CABRIÚVA, CABURAÍBA, CABRIÚVA-PARDA, CABRUÉ, CABUREÍBA, ÓLEO-CABUREÍBA, óleo-pardo, pau-bálsamo. (Cardim, Trat. Terra e Gente do Brasil, 41) ● kabure'ybysyka (ou kabureysyka) - resina de cabreúva, de propriedades medicinais, balsâmicas (VLB, I, 51; II, 55; Piso, De Med. Bras., IV, 179)
kagûaíba (s.) - pessoa exaltada, feroz, arrebatada, brava (VLB, I, 45); (adj.: kagûaíb) - arrebatado, feroz, exaltado, bravo: Xe kagûaíb. - Eu sou exaltado. (VLB, I, 42)
Ka'iûasu (etim. - grande macaco caí) (s. antrop.) - nome de índio tupi (D'Abbeville, Histoire, 186v)
kakar (v. intr.) - aproximar-se, estar perto (fal. de fato, acontecimento, tempo, época): Okakar S. João 'aragûera. - Aproxima-se o nascimento de S. João. (VLB, I, 72); Okakar xe sorama. - Aproxima-se minha ida. (VLB, I, 72); ...Okakar kó xe rekoberama re'a... - Eis que se aproxima minha vida futura. (Ar., Cat., 158v)
CAMUCIM (fonte: Staden)
kanûaûasu1 (etim. - grande resplendor de cores) (s.) - variedade de tintura (D'Abbeville, Histoire, 184v)
Kanûaûasu2 (etim. - grande resplendor de cores) (s. antrop.) - nome de índio tupi (D'Abbeville, Histoire, 184v)
karaíba2 (s.) - cristão: Karaíba na setáî... - Os cristãos não eram muitos. (Anch., Teatro, 20); A'epe kunumĩgûasu kunhã oîmomosemba'e, miaûsuba potá nhẽ karaibokype-katu...? - E os rapazes que perseguem mulheres, querendo escravas bem nas casas de cristãos? (Anch., Teatro, 36)
karugûasu (etim. - grande repasto) (s.) - banquete (VLB, I, 81)
katinga (etim. - nhaca enjoativa < aby'aka + ting-a) (s.) - mau cheiro, CATINGA, fedor, cheiro desagradável, nauseabundo; (adj.: kating) - fedorento, CATINGUENTO, CATINGOSO; (xe) ter CATINGA, CATINGAR: Xe kating. - Eu tenho fedor; eu catingo. (VLB, I, 73)
kaûĩ'yba (etim. - planta de vinho) (s.) - videira, parreira (VLB, II, 66)
kerarõ (etim. - guardar o sono) (v. intr.) - velar (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 277)
koîrimá (s.) - CURIMÃ (v. kurimã) (Sousa, Trat. Descr., 285)
Kororõûasu (etim. - grande roncador) (s. antrop.) - nome de índio tupi (D'Abbeville, Histoire, 185v)
ko'yr (ou ko'y) (adv.) - agora; hoje (Fig., Arte, 128): ...Aîkuá-katu Tupã ko'y nde rerekokatu. - Bem sei que agora Deus te favorece. (D'Abbeville, Histoire, 350); A'e ko'y, xe resé, ó-mirĩ pupé ereîkó. - Mas agora, por minha causa, dentro de uma casinha estás. (Anch., Poemas, 128); Anhanga t'îaîpe'a ko'yr aûîeramanhẽ... - Que afastemos o diabo agora e para sempre. (Valente, Cantigas, VI, in Ar., Cat., 1618); Enhe'eng ko'yr! - Fala agora! (Staden, D.V.B., 154) ● ko'yr é; ko'yr é é; ko'yr é-katueté - agora mesmo (depois de tanto tempo): Ko'yr é... i 'anga aîuká-potá. - Agora mesmo suas almas quero matar. (Anch., Teatro, 144); ko'yr-y bé - agora mesmo, agora neste instante (VLB, I, 24); ainda agora (VLB, I, 28); hoje em dia (VLB, II, 55): A'epe emonã pe rekopûera repyrama resé koyr-y bé penhemosako'i... - E preocupai-vos hoje em dia com as futuras penas de vosso agir assim? (Ar., Cat., 165); ko'yr é-katuetépe? - E agora? (VLB, I, 24); ko'yr amõ - agora pela primeira vez (Fig., Arte, 129)
kuabe'yma (ou ikugûabe'yma ou ikuabe'ymaé) (adv.) - sem saber, ignorantemente (VLB, II, 8)
kûandugûasu (etim. - cuandu grande) (s.) - var. de porco-espinho (Laet, Novus Orbis, Livro XV, cap. V, §13)
kûandumirĩ (etim. - cuandu pequeno) (s.) - var. de porco-espinho (Laet, Novus Orbis, Livro XV, cap. V, §13)
kuîuîuba (s.) - CUIÚBA, ave da família dos psitacídeos, "pássaro pequeno e de bico revolto, o qual, em se vendo preso, cerra voluntariamente o sesso..." (Brandão, Diálogos, 228)
kumirik (v.tr.) - esmagar; esmigalhar: Aîkumirik. - Esmigalhei-o. (VLB, I, 125)
kupy'yba (etim. - planta da abelha "kupy") (s.) - CUPIÚBA, COPIÚBA, COPIÚVA, CUPIÚVA, CUTIÚBA, pequena árvore cunoniácea (Weinmannia pinnata L.) (Sousa, Trat. Descr., 196)
kupy4 (s.) - CUPIRA, variedade de abelha menor, escura, que produz ótimo mel (Piso, De Med. Bras., 64)
kurika (s.) - CURICA, ave da família dos psitacídeos. "...Fazem grande dano nas searas de milho.... Falam muito bem." (v. aîuru-kuruka) (Sousa, Trat. Descr., 231)
kurûera (etim. - grãos que foram) (s.) - QUIRERA, CRUEIRA, acrivadura, o que resta na peneira após joeirar-se algo; grânulo, bolota (VLB, I, 21; 32) (v. kuruba)
kusuba (etim. - plantas de grande queimada < kaî-usu-'yba) (s.) - faíscas de folhagem queimada, sejam vivas ou não (VLB, I, 133)
kybyra (s.) - 1) irmão (de m.): O kybyra... resé nd'e'ikatuî abá omendá. - Com seu próprio irmão não pode ninguém se casar. (Ar., Cat., 128v); 2) primo (de m.) (Ar., Cat., 115v)
MAGUARI (fonte: Brasil Holandês)
MARACÁ (fonte: Staden)
MARACAJÁ (fonte: Brasil Holandês)
maramonhanga (s.) - guerra (VLB, I, 152)
mba'ekugûabe'yma (s.) - ignorante, bruto, o que não sabe nada (VLB, I, 60)
mboapy (v.tr.) - esvaziar, esgotar: Oîmboapy abá kuîaba... - Os homens esvaziam as cuias. (Anch., Teatro, 30); Kaûĩaîa 'useîa é, opakatu amboapy. - Querendo beber vinho, tudo esgotei. (Anch., Teatro, 46) ● mboapŷaba - tempo, lugar, modo, etc. de esgotar; esgotamento: ...Setá nhẽ ygasabusu; oîoenõî umã muru i mboapŷagûama ri. - São muitas as grandes igaçabas; já chamam uns aos outros os malditos para esgotá-las. (Anch., Teatro, 24); mboapŷara - esgotador, o que esgota: Serapûan kó mosakara, kaûĩ mboapŷareté... - São famosos esses moçacaras, que esgotam verdadeiramente o cauim. (Anch., Teatro, 6)
BOICININGA (fonte: Brasil Holandês)
Meîrugûasu (etim. - grande meru) (s. antrop.) - nome de índio tupi (Vasconcelos, Crônica [Not.] II, §2, 114)
memẽ2 (conj.) - quanto mais (Anch., Arte, 57; Fig., Arte, 137) (o mesmo que memetipó - v.)
memetene (conj.) - quanto mais (Anch., Arte, 57; Fig., Arte, 137)
memetipó (conj.) - quanto mais, (e) mais ainda, também com maior razão, ainda mais, e principalmente: ...memetipó ebapó - ainda mais ali, quanto mais ali (Fig., Arte, 137) (Leva o verbo para o gerúndio.): Tupã omanõ, memetipó asé omanõmo. - Deus morreu, quanto mais nós morreremos. (Fig., Arte, 163); Abá abiã é o a'yra ogûerekó-katu, memetipó Tupã... asé raûsubáne... - Pois, se um homem guarda seu próprio filho, quanto mais Deus compadecer-se-á de nós. (Ar., Cat., 25v); I mba'ee'ymba'e memetipó tube'yma i mene'õba'e bé asé serekomemûãmo. - Tratando-se mal os pobres e, principalmente, os órfãos e as viúvas. (Bettendorff, Compêndio, 17) (v. tb. abiã... memetipó)
mimbyapara (etim. - flauta torta) (s.) - 1) var. de flauta de taquara dos índios (VLB, II, 137); 2) var. de trombeta (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 278)
mimbygûasu (etim. - flauta grande) (s.) - 1) instrumento musical feito de concha (Vasconcelos, Crônica [Not.], §143, 107); 2) trombeta: A'ereme karaibebé ruri, te'õmbûera renõîa, mimbygûasu pŷabo. - Então os anjos virão, chamando os mortos, tocando trombetas. (Ar., Cat., 160v)
mimbypuku (etim. - flauta comprida) (s.) - var. de flauta de taquara dos índios (VLB, II, 137)
mimõîa - v. (e)mimõîa
Daí provêm, também, muitos nomes geográficos do Brasil: MBOIMIRIM (estrada de São Paulo, SP), IMIRIM (bairro de São Paulo, SP), etc. (v. p. 386).
mityma - v. emityma (t)
mixyr (v. intr.) - assar: Amixyr. - Assei. (VLB, I, 45)
mixyra - v. (e)mixyra (r, s)
moaby (v.tr.) - enganar, fazer falhar, fazer errar: Nd'e'ikatuîpe Tupã... îandé moabyuká? - Não pode Deus mandar-nos enganar? (Bettendorff, Compêndio, 55)
moapererá (v.tr.) - tosar: Aîmoapererá-katu nhote. - Tosei-o bem. (VLB, II, 133)
moapy'am (v.tr.) - levantar (somente de uma parte, como o pote, para se lançar água no púcaro, o barco para se calafetar, etc.), deixar penso (VLB, II, 20)
moby'ar (v.tr.) - domar (p.ex., animal) (VLB, I, 106)
moembiaryîar (ou mombiaryîar) (v.tr.) - tornar apresador: Aîmoembiaryîar ahẽ xe îoesé. - Fi-lo apresador de mim (isto é, deixei-me vencer por ele). (VLB, I, 93)
moerapûanaíb (v.tr.) - difamar: Nde remo'emype nde rapixara resé... i moerapûanaípa? - Tu mentiste acerca de teu próximo, difamando-o? (Anch., Doutr. Cristã, II, 100)
moîasuk (v.tr.) - 1) lavar (VLB, II, 19); 2) lavar na água do batismo; batizar: Xe moîasuk îepé, pa'i... - Batiza-me tu, padre. (D'Abbeville, Histoire, 349v) ● i moîasukypyra - o batizado (VLB, I, 53)
moîeapyká (v.tr.) - 1) fazer reproduzir-se, criar (animais para abate) (VLB, I, 85); 2) multiplicar: ...Îandé moîeapykáû ikó 'ara pupé ranhẽ. - Multiplicou-nos neste mundo, primeiro. (Ar., Cat., 166v)
moîepo'oî (v.tr.) - embaraçar (fal. de fio) (VLB, I, 110)
moîereb (v.tr.) - girar, virar (p.ex., assado em espeto) (VLB, II, 146)
mokabusu (etim. - grande instrumento de estouro) (s.) - bombarda (VLB, I, 57)
mombuku (v.tr.) - retardar, reter, fazer demorar, deter: Xe mombuku umẽ îepé. - Não me faças demorar. (VLB, I, 18)
mondosok (v.tr.) - retalhar, cortar em muitos pedaços (VLB, I, 83)
mondyî (v.tr.) - espantar, assustar; amendrontar, apavorar (VLB, II, 66), fazer tremer: ...T'oroîkó nde ypype nhẽ, oré sumarã mondyîa. - Que estejamos perto de ti, espantando nossos inimigos. (Anch., Teatro, 122); Îori anhanga mondyîa... - Vem para espantar o diabo. (Anch., Poemas, 132); ...Oú-mo'ang pe mondyîa. - Pensa em vir para vos espantar. (Anch., Teatro, 180) ● oîmondyîba'e - o que espanta, o que assusta, etc.: ...Setá tekó oporomondyîba'ene... - Serão muitos os fatos que assustarão as pessoas. (Ar., Cat., 159v); mondyîtaba (ou mondyîsaba) - tempo, lugar, modo, etc. de assustar, de espantar; espanto: ...Anhanga mondyîtabamo. - Como modo de espantar o diabo. (Ar., Cat., 93)
mongûiapi (v.tr.) - esbarrar em (p.ex., na parede, no chão, etc.) (VLB, I, 122)
mongy1 (v.tr.) - untar (Anch., Arte, 5): Aîmongy gûyrá-aba. - Untei as penas de pássaro (para me emplumar com elas). (VLB, I, 112); Asá-mongy. - Untei as penas nele. (VLB, I, 112) ● mongŷara - o que unta; mongŷaba - tempo, lugar, modo, etc. de untar (Fig., Arte, 118)
mongy'a (v.tr.) - sujar (Anch., Arte, 4)
monhegûasem (v.tr.) - espantar, afugentar, fazer fugir: Eîmonhegûasem anhanga... - Faze fugir o diabo. (Anch., Poemas, 168); ...Nde monhegûasẽ-motá. - Querem afugentar-te. (Anch., Teatro, 136) ● monhegûasembaba - tempo, lugar, finalidade, etc. de afugentar, de espantar, etc.: ...Anhanga monhegûasemagûama resé. - Para afugentar o diabo. (Ar., Cat., 24)
mopiring (v.tr.) - 1) fazer arrepiar, causar arrepio em (VLB, I, 43); 2) deixar sobressaltado (VLB, II, 119); 3) amedrontar, estremecer (VLB, I, 131)
mopu'am (ou mopu'ã) (v.tr.) - fazer erguer, fazer subir, levantar, elevar: ...Paranã momungábo, ybytyra apyra sosé katu i mopu'ama... - ...Enchendo o mar, levantando-o bem acima do cume das montanhas. (Ar., Cat., 41v); ...Ogûetepûera pupé oîkŷabo, i mopu'ama kûeîeténe... - Entrando nos seus antigos corpos, fazendo-os levantar imediatamente... (Ar., Cat., 160v); ...São Lourenço-angaturama osarõ nhẽ pe retama..., pe mopu'ama. - O bondoso São Lourenço guarda vossa terra, elevando-vos. (Anch., Teatro, 52); ...Mo'ema kó omopu'ã... - Mentiras levantam. (Anch., Teatro, 148) ● mopu'ambara - o que levanta, o que faz erguer, levantador: ...mo'ema mopu'ambara... - levantadoras de mentiras (Anch., Teatro, 156)
mopyĩ (v.tr.) - desarmar (p.ex., laço, armadilha): Ereîmopyĩpe nde rapixara mundé...? - Desarmaste as armadilhas de teu próximo? (Ar., Cat., 102)
morekar (ou moreká) (xe) (etim. - buscar gente) (v. da 2ª classe) - buscar sexo, buscar companhia: Xe-te, xe rembiá-potá sabeypora amõ resé: kunhã ri i moreká. - Eu, em vez disso, quero presas em alguns bêbados: com as mulheres eles buscam sexo. (Anch., Teatro, 148)
moroboîá (s.) - 1) criado ou criada; serviçal (de h.) (VLB, I, 86); 2) súdito (VLB, II, 122)
Moroupîarûera (etim. - o antigo adversário das pessoas) (s. antrop.) - nome de índio tupi (Anch., Teatro, 130, 2006)
mosupara (s.) - visitador, o que visita as pessoas (VLB, II, 146): Mosuparûera ké aîur. - Visitador que fui das pessoas, aqui venho. (D'Evreux, Viagem, 144)
mosyky (s.) - medusa, caravela, variedade de celenterado (VLB, I, 24)
mosyta'yba (s.) - MOCITAÍBA, árvore da família das leguminosas, Swartzia simplex (Sw.) Spreng., de madeira rija (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 106; VLB, II, 64)
motyk (v.tr.) - puxar, beliscar (p.ex., o peixe ao anzol) (VLB, II, 77)
musuîta'yba (s.) - MUCITAÍBA; v. museta'yba (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 106)
nambi1 (s.) - orelha, NAMBI (Castilho, Nomes, 35): ...i nambi mondoka. - ...arrancando sua orelha. (Ar., Cat., 54v); Anambi-kutuk. - Furo orelhas. (Anch., Arte, 50); nambi-asyka - orelha cortada; coisa mocha ou sem orelhas (VLB, II, 39); Xe nambi-asyk. - Eu tenho as orelhas cortadas. (VLB, II, 58); nambi-xoré - orelhas caídas (VLB, II, 58); nambigûasu (ou mba'e-nambigûasu) - orelhudo (VLB, II, 59); nambie'yma - o sem-orelhas, coisa mocha (VLB, II, 39)
ndururuk (v. intr.) - azafamar-se, agitar-se: Orondururuk. - Agitamo-nos. (VLB, I, 138)
nha'ẽpepó (etim. - prato de asa) (s.) - panela (VLB, II, 63; Vasconcelos, Crônica [Not.], I, §140, 106)
nha'ẽpygûaîa (etim. - prato côncavo) (s.) - tigela de comer, prato fundo (VLB, II, 128)
nha'ẽpyko'ẽ (etim. - prato côncavo) (s.) - tigela de comer, prato fundo (VLB, II, 128)
nhambugûasu1 (etim. - nhambu grande) (s.) - NHAMBUGUAÇU, INAMBUGUAÇU, ave da família dos tinamídeos, de matas virgens, que aparecia em todo o Brasil, sendo também chamada INHAMBUGUAÇU, NAMBUGUAÇU, INAMUGUAÇU (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 77)
nhanduapu'a (etim. - nhandu redondo) - o mesmo que îabyrugûasu (v.) (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 200)
nhandugûasu2 (etim. - nhandu grande) (s.) - NHANDUGUAÇU, NANDU, ema, ave reiforme, da família dos reídeos (Rhea americana L.), dos campos e cerrados do Brasil. Vive em bandos, alimentando-se de frutos e de pequenos animais. Os ovos botados pela fêmea são chocados pelo macho. (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 190)
nhandy'yba (etim. - planta de azeite) (s.) - oliveira; toda planta que dá azeite (VLB, II, 56)
nhearõ (s.) - riso; (adj.) risonho: Xe nhearõ. - Eu sou risonho. (VLB, II, 106)
nhe'engerekoaba (etim. - guarda de palavras) (s.) - omissão (de palavras): Ene'ĩ a'e nde nhe'engerekoagûera papasaba mombegûabo rõ. - Eia, pois, confessa o número daquelas tuas antigas omissões. (Ar., Cat., 98)
nhemima (s.) - ocultamento; (adj.: nhemim) - oculto, escondido: Abá angaîpá-nhemima... mombegûabo. - Contando as maldades escondidas de alguém. (Ar., Cat., 73v); (adv.) - às escondidas, ocultamente, secretamente, furtivamente: Arasó-nhemim. - Levei-o secretamente. (VLB, II, 114); ...A'e i pupé sekó-nhemimi... - Ele dentro dela está ocultamente. (Anch., Doutr. Cristã, I, 216); Nd'e'ikatuîpe abá omendá-nhemima? - Não pode uma pessoa casar-se ocultamente? (Ar., Cat., 94); ...kûybõ oma'ẽ-nhemima... - ...para cá olhando furtivamente... (Anch., Teatro, 138)
nhemoanhan (v. intr.) - arremessar-se (VLB, I, 42)
nhemoapapub (ou nhemoapapu) (etim. - fazer-se todo mole) (v. intr.) - amolecer, abrandar-se: ..."T'onhemomembek, t'onhemoapapu." - ..."Que se enfraqueça, que amoleça." (Ar., Cat., 11)
nhemoatyrá (v. intr.) - arrepiar-se (as penas, os pêlos - p.ex., de galinha, de cão, de gato, etc., para brigar) (VLB, I, 115)
nhemoîasuka (ou îemoîasuka) (etim. - o fazer-se lavar) (s.) - batismo: Ereîpotápe... nde nhemoîasuka? - Queres teu batismo? (Ar., Cat., 118v)
nhemoingotebẽ (v. intr.) - afligir-se, atribular-se, entristecer-se: Anhemoingotebẽ. - Entristeci-me. (VLB, I, 119)
nhemomotara (s.) - cobiça, atração (VLB, I, 75)
nhemondysyk (v. intr.) - ajuntar-se: Oronhemondysyk. - Ajuntamo-nos. (VLB, I, 29)
nhemopiring (v. intr.) - arrepiar-se: Enhemopiringa, moropotara nde resá moîo'arype? - Arrepiando-te, o desejo sensual aumentou teus olhos? (Anch., Doutr. Cristã, II, 95)
nhemosaînan (ou îemosaînan) (v. intr. compl. posp.) - 1) cuidar, preocupar-se [em algo, com algo ou com alguém: compl. com esé (r, s)]: -Onhemosaînan pabẽpe cristãos aîpoba'e kuabaûama resé? - Preocupam-se todos os cristãos em saber isso? (Ar., Cat., 21, 1686); Onhemosaînãpe amẽ asé rerokara asé resé? - Preocupam-se conosco, de costume, os nossos padrinhos? (Ar., Cat., 82); 2) prover-se [de algo: compl. com esé (r, s)]: Anhemosaînan xe mba'erama resé. - Provejo-me das minhas coisas. (VLB, II, 88); 3) ocupar-se, estar ocupado; negociar; ser ativo, ser trabalhador: Anhemosãînan gûitekóbo. - Vivo negociando; N'anhemosãînani. - Não sou trabalhador (isto é, sou negligente); -Eîaso'îabok nde karamemûã t'asepîak nde ma'e. -Anhemosaînan. -Destampa tua caixa para que eu veja tuas coisas. -Estou ocupado. (Léry, Histoire, 346) ● nhemosaînandaba - tempo, lugar, modo, etc. de se ocupar, de se preocupar; cuidado, ocupação; negócio (VLB, II, 49): O nhemosaînandagûera resé o irũagûera resé bé o ma'enduaramo. - Lembrando-se das suas antigas ocupações e de seus antigos companheiros também. (Bettendorff, Compêndio, 92)
nhetĩapyr (v. intr.) - arfar (p.ex., o navio) (VLB, I, 41)
nhomomoranga (s.) - brincadeiras desonestas, carícias desonestas (VLB, I, 60)
nhomongetasaba (s.) - 1) lugar de conversar, de conselho; 2) capítulo (de convento) (VLB, I, 66)
nhote1 (ou îõte) (adv.) - só, somente, apenas: ...Xe pópe nhote arasó. - Nas minhas mãos, somente, levei-as. (Anch., Teatro, 46); T'îasó xe irũnamo Nhoesembépe nhote. - Vamos comigo somente até Nhoesembé. (VLB, I, 46); Opûerab é ipó xe 'anga nde nhe'enga pupé nhote. - Sara mesmo minha alma apenas com tuas palavras. (Ar., Cat., 86v) V. anhõ e nhõ.
nhote3 (ou îõte) (adv.) - medianamente: Turusu nhote. - Ele é medianamente grande. (VLB, II, 34)
oba'ok (s) (etim. - arrancar o rosto) (v.tr.) - alargar, dilatar as bordas de (buraco, cova, etc.) (VLB, I, 29)
obapytek (s) (v.tr.) - barrear (como os tonéis de vinho) (VLB, I, 52)
obyeté (t) (etim. - azul verdadeiro) (s.) - o azul; [adj.: obyeté (r, s)] - azul: -Mba'epe ereru nde karamemûã pupé? -Aoba. -Marãba'e? -Sobyeté. -Que trouxeste dentro de tua caixa? -Roupas. -De que tipo? -Elas são azuis. (Léry, Histoire, 342-343)
oîopobaî (etim. - uma mão na frente da outra) (adv.) - com ambas as mãos: Oîopobaî aîar. - Tomei-o com ambas as mãos. (VLB, II, 131)
OCA (fonte: Staden)
okamirĩ (etim. - ocara pequena) (s.) - beco ou rua estreita (VLB, I, 53)
OCARA (fonte: Staden)
okarapupa'ũ (r, s) (s.) - lanço da casa (VLB, II, 18)
okemysá (r, s) (s.) - janela com gelosia (VLB, II, 8)
opyá (r, s) (s.) - parede, repartição de casa (VLB, II, 101)
opytá2 (t) (s.) - popa (de embarcação) (VLB, II, 81)
pa'ama (mb) (s.) - 1) atolamento; obstrução: ty-pa'ama obstrução de urina, cálculo renal (VLB, II, 69); 2) engasgamento; (adj.: pa'am) - 1) atolado; obstruído; 2) engasgado; (xe) engasgar-se: xe nhe'ẽ-pa'ama - minhas palavras engasgadas (Valente, Cantigas, III, in Ar., Cat., 1618)
paîegûasu (etim. - grande pajé) (s.) - artífice, artesão: -Paîegûasu remimonhanga. -Obra de um artífice. (Léry, Histoire, 345)
pak (v. intr.) - acordar: Nd'eréî epaka ranhẽ. - Ainda não acordaste. (Fig., Arte, 25); Nd'a'éî gûipaka ranhẽ. - Ainda não acordei. (Fig., Arte, 25); Opaka bé sesé o ma'enduaramo... - Lembrando-se dele assim que acorda. (Ar., Cat., 74v); Apak gûitupa. - Estou acordando. (VLB, I, 20) ● pakaba - tempo, lugar, modo, etc. de acordar: "...-I katupe nhẽ temõ mã!" erépe nde pakagûerype? - Disseste quando acordaste: "-Oxalá ela estivesse nua!"? (Ar., Cat., 104v)
PARAGUÁ (fonte: Brasil Holandês)
peba (mb) (s.) - 1) achatamento; aplainamento; 2) largura (como da casa, da rua, do caminho, da tábua, da barca, etc.) (VLB, II, 19); (adj.: peb) - 1) achatado; plano: Xe rera "Kururupeba". - Meu nome é "Sapo Achatado". (Anch., Teatro, 90); 'Yba i peb. - Os cabos são achatados. (Léry, Histoire, 346); ybypeba - terra plana, várzea (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 82); 2) largo (VLB, II, 18)
peke'a (s.) - PEQUIÁ, árvore da família das cariocaráceas (Caryocar villosum (Aubl.) Pers.). "Dá uma fruta do tamanho de uma boa laranja;... dentro... não há mais que mel, tão claro e doce como açúcar." (Cardim, Trat. Terra e Gente do Brasil, 40). "É muito rijo e de cor amarela... excelente para taboado." (Brandão, Diálogos, 171)
peú (s.) - pus; matéria ou vurmo que sai das feridas (VLB, II, 33; Anch., Arte, 13v)
pîaîuba (etim. - piaba amarela) (s.) - nome de um peixe fluvial (Piso, De Med. Bras., I, 154)
pîasaba2 (mb) - v. pîá
piki'a (s.) - PIQUEÁ, planta da família das cariocaráceas; o mesmo que peke'a (v.) (Sousa, Trat. Descr., 185)
Piraîybá (etim. - braço de peixe) (s. antrop.) - PIRAGIBA, nome de índio tupi (Vasconcelos, Crônica [Not.] II, §1, 113)
PIRAROBA (fonte: Brasil Holandês)
poanamusu (etim. - grande espessura de fibra) (s.) - espessura, grossura (de pano) (VLB, I, 151)
pobura (ou pubura) (s.) - agitação; transtorno: ...O îosuí pubura pe'a potá. - Querendo afastar de si mesmo o transtorno. (Anch., Doutr. Cristã, II, 79)
po'i (s.) - finura; (adj.) - fino (p.ex., corda, linha, etc.) ● po'i'i - fininho (VLB, I, 93)
pokoka (m) (etim. - apoio da mão) (s.) - toque, sentido do tato: Mba'e resé mokoka anduba. - Sentir o toque nas coisas. (Ar., Cat., 20)
porenotarûera (m) (s.) - o maior ou o mais velho filho ou filha (VLB, II, 28)
porepenhana (m) (etim. - atacar gente) (s.) - briga (VLB, I, 59)
POTIATINGA (fonte: Brasil Holandês)
potĩgûasu1 (ou potĩûasu) (etim. - camarão grande) (s.) - espécie de camarão da família dos peneídeos (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 188; VLB, I, 64)
pûeraba (ou pûeîraba) (m) (s.) - cura: ...mosanga mûeîrab-yîara - ...remédio portador de cura (Anch., Teatro, 38)
pûeraîa (m) (s.) - enfadamento, fadiga, cansaço (do corpo) (VLB, I, 115; 133); (adj.: pûeraî) - cansado: Xe pûeraî mbyté... - Eu estava ainda cansado. (Anch., Teatro, 136); Xe pûeraî, xe ropesyî! - Eu estou cansado, eu estou com sono! (Anch., Teatro, 44)
Feita com fúria desse Mar salgado,
putunusu (etim. - grande escuridão) (s.) - limbo: Umãmepe a'e putunusu pitanga nhemongaraibypyre'yma rekoaba rekóû? - E onde está aquele limbo, morada das crianças que não foram batizadas? (Ar., Cat., 48)
py'aûpîara (m) (etim. - adversário do fígado) (s.) - fel; bílis; (adj.: py'aûpîar) - féleo, amargo: Mba'e-py'aûpîara kaûĩaîasy resé i monani... - Uma coisa amarga com vinagre misturaram. (Ar., Cat., 63v)
pybo'ira (m) (etim. - afastamento dos pés) (s.) - mesura com o pé (VLB, II, 36)
pygûará-gûará (v.tr.) - escarafunchar, esgaravatar, cutucar o interior de (VLB, II, 37)
pypeká2 (v.tr.) - escarrapachar, abrir, alargar (VLB, I, 123)
pyra2 (s.) - crueza; (adj.: pyr) - cru (p.ex., carne, etc.): I pyr. - Ela está crua. (VLB, I, 86, adapt.)
pytanga1 (s.) - cor pastel, cor baça, cor parda, cor fosca (VLB, I, 50); cor cinzenta (VLB, I, 74); cor de trigo (VLB, II, 137); cor morena (VLB, II, 42); louro (VLB, II, 24); entre branco e preto (VLB, II, 24); rosa; (adj.: pytang) - baço, pardo, cinzento, trigueiro, moreno, louro, cinza, rosado*: Xe pytang. - Eu sou pardo. (VLB, I, 50); ybyrá-pytanga - árvore rosada, pau-rosado (isto é, o pau-brasil) (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 101)
rab2 (-îo-) (v.tr.) - arrancar (o que está enrolado), desenrolar: Aînhubã-rab. - Arranquei o invólucro dele; Aîorab. - Desenrolei-o. (VLB, I, 98)
SABIÁ (fonte: Brasil Holandês)
sera'yba (etim. - planta dos siris) (s.) - 1) SEREÍBA, SIRIBA, SIRIÚVA, SIRIÚBA, SARAÍBA, mangue-branco, nome de árvore do mangue da família das verbenáceas (Avicennia germinans (L.) L.); 2) planta combretácea (Laguncularia racemosa (L.) C.F. Gaertn.), também conhecida como canapaúba, mangue canapomba, mangue branco e mangue rateiro (Sousa, Trat. Descr., 218; VLB, II, 30; Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 127, 135)
sere'yba (etim. - planta dos siris) (s.) - SEREÍBA (v. sera'yba) (Sousa, Trat. Descr., 218)
sere'ybuna (etim. - planta escura dos siris) (s.) - SEREIBUNA, mangue-amarelo (Avicennia germinans (L.) L.), planta verbenácea dos manguezais, também conhecida como sereitinga, guapirá, mangue guapirá, mangue branco e MANGUE-SERIVA (Piso, De Med. Bras., IV, 200)
sere'ytinga (etim. - planta clara dos siris) (s.) - nome de uma planta verbenácea dos manguezais (Theat. Rer. Nat. Bras., II, 126)
sosok (v.tr.) - socar continuamente; esbofetear: ...Setobapé sosoka. - Esbofeteando suas faces. (Anch., Doutr. Cristã, II, 112)
Sûasuka'ẽ (etim. - veado assado) (s. antrop.) - nome de índio tupi (D'abbeville, Histoire, 186v)
sûasutinga (etim. - veado branco) (s.) - SUAÇUTINGA, mamífero da família dos cervídeos, dos descampados do Brasil, que tem barriga e rabo claros e olhos circundados por anel branco (Monteiro, Rel. da Província do Brasil, in Leite, Hist., VIII, 416)
suindara (s.) - SUINDARA, SUINDÁ, SUINARA, SONDAIA, TUIDARA, TUINDÁ, var. de coruja, ave estrigiforme da família dos titonídeos, também chamada coruja-de-igreja (VLB, I, 88)
SURUBI (fonte: Brasil Holandês)
sygûasupytanga (etim. - veado avermelhado) (s.) - var. de veado pequeno do mato, animal mamífero da família dos cervídeos (VLB, I, 81)
syûasumimbaba (etim. - veado de criação) (s.) - cabra (VLB, I, 62)
TABA (fonte: Staden)
tabebira (etim. - traseiro de aldeia) (s.) - fim, extremidade de um lugar, de um povoado (VLB, I, 61)
taîupara (s.) - TIJUPÁ, TIJUPABA, TAJUPÁ, TAJUPAR, TIJUPAR, TUJUPAR, AJUPÁ, TIUPÁ, choupana feita para abrigo durante as viagens pela floresta (Sousa, Trat. Descr., 321); v. te'yîupaba
takûare'ẽypy'oka (etim. - coalhada de cana-de-açúcar) (s.) - açúcar (VLB, I, 21)
takura (s.) - TUCURA, TICURA, gafanhoto, o mesmo que tukura (v.) (Sousa, Trat. Descr., 239)
Taperusu (etim. - grande tapera) (s. antrop.) - nome de índio tupi (D'Abbeville, Histoire, 184v)
tapi'irarõana (etim. - guardador de vacas) (s.) - vaqueiro (VLB, II, 141)
Tapi'irebira (etim. - traseiro de vaca) (s. antrop.) - nome de índio tupi (D'Abbeville, Histoire, 184)
tapi'irerekoara (etim. - guardião de vacas) (s.) - vaqueiro (VLB, II, 141)
tataûyraûasu (etim. - grande pássaro de fogo) (s.) - nome de um pássaro (D'Abbeville, Histoire, 239)
tata'yba1 (etim. - planta de fogo) (s.) - TATAÚBA, árvore da família das moráceas (v. tataîyba) (Piso, De Med. Bras., I, 151)
tatupebusu (etim. - grande tatu achatado) (s.) - var. de tatu, mamífero desdentado da família dos dasipodídeos (Soares, Coisas Not. Brasil [ms .c], 1069-1072)
taty (s. - só usado em compos.) - esposa: ...Ta'y-taty abé. - E também as esposas de seus filhos. (Ar., Cat., 41v)
Taubymana (etim. - o antigo Taúba) (s.) - nome de entidade sobrenatural da cosmologia dos antigos tupis da costa (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 278)
2 (interj.) - ah! oh! eta! (expressa prazer, satisfação): Té, xe resemõ toryba... - Ah, sobra-me alegria. (Anch., Teatro, 10); Té, aûîé-katutenhẽ! - Ah, excelente! (Anch., Teatro, 24); Té, aûîé nipó! - Oh, muito bem! (Léry, Histoire, 341); Té, temõ oú mã! - Oh, oxalá viesse! (Anch., Arte, 57)
teînhẽa (ou tenhẽa) (s.) - fábula (Fig., Arte, 76); lorota, bravata, patranha (VLB, II, 68), ficção: Tenhẽngatupabẽ osykyî i xupé. - Muitíssimas lorotas invocaram contra ele. (Anch., Dial. da Fé, 180); (adj.: tenhẽ) - fictício, vão: îerobîá-tenhẽa - glória vã (VLB, I, 148); nhe'ẽ-tenhẽa - palavras vãs (VLB, II, 54)
teîugûasu (ou teîuûasu) (etim. - teju grande) (s.) - TEIUAÇU, réptil lacertílio da família dos teídeos, o maior lagarto do Brasil, que pode atingir cerca de 2 metros de comprimento. Sua carne é muito saborosa e sua pele tem grande preço. (D'Abbeville, Histoire, 248v; Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 237; VLB, II, 17)
teîupara (s.) - TEJUPÁ, choupana para abrigo durante viagens; o mesmo que te'yîupaba (v.) (Sousa, Trat. Descr., 321)
tekopotasaba - v. ekopotasaba (t)
temimotara - v. emimotara (t)
temityma - v. emityma (t)
tenondeara - v. enondeara (t)
tĩkupeara (s.) - esporão: ygá-tĩkupeara - esporão de embarcação (VLB, I, 127)
tĩmusy (s.) - tromba (VLB, II, 137)
tingasu1 (s.) - TINGUAÇU, ave da família dos cuculídeos, das matas e capoeiras do sul da América (Theat. Rer. Nat. Bras., I, 179)
tipirati (s.) - TIPIRATI, farinha de mandioca crua com que se faziam bijus (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 67; Vasconcelos, Crônica [Not.], II, §74, 149)
Tipoîusu (etim. - grande tipóia) (s. antrop.) - nome de índio tupi (D'Abbeville, Histoire, 184v)
topesyîa - v. opesyîa (t)
tuindara (s.) - TUINDARA, SUINDARA, ave estrigiforme da família dos titonídeos, do grupo das corujas (v. suindara) (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 205; VLB, I, 88)
tuîuba (s.) - TUJUBA, TUJUVA, TUIÚVA, var. de abelha da família dos meliponídeos (Piso, De Med. Bras. IV, 178)
tukanusu1 (etim. - grande tucano) (s.) - TUCANUÇU, TUCANAÇU, ave da família dos ranfastídeos (Brandão, Diálogos, 230)
tukanusu2 (etim. - grande tucano) (s. etnôn.) - nome de uma nação de índios tapuias do sertão nordestino (Laet, Novus Orbis, Livro XV, cap. III, §14)
tukuma (s.) - TUCUMÁ, TUCUMÃ, espécie de palmeira, o mesmo que tukũ (v.)
tukunaré (s.) - TUCUNARÉ, peixe da família dos ciclídeos (Lisboa, Hist. Anim. e Árv. do Maranhão, fl. 50)
tukupá (s.) - TICOPÁ, peixe da família dos pomadasídeos, da costa leste do Brasil (Sousa, Trat. Descr., 286)
tukura (s.) - TUCURA, TICURA, gafanhoto, nome genérico de insetos da ordem dos ortópteros, da família dos tetigonídeos (VLB, I, 146)
TUPINAMBÁS (fonte: Staden)
Daí provêm, também, muitos nomes de lugares no Brasil: CURITIBA, ITATIBA, ARAÇATUBA, SAPETUBA, CARAGUATATUBA, SEPOTUBA, ITAMARATI, etc. (v. p. 386).
tyke'yra - v. yke'yra (t, t)
tyky'yra - v. yky'yra (t, t)
MACAMBIRA (fonte: Brasil Holandês)
tynysema - v. ynysema (t, t)
typy'aka (s.) - fécula resultante de mandioca espremida (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 67)
typy'oîa (s.) - fécula resultante da mandioca espremida (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 67)
ûá (t) (s.) - 1) canto (p.ex., de parede, sempre do lado de dentro da casa): sûá'ĩ - cantinho dela (VLB, I, 66); 2) fundo (de qualquer vaso ou recipiente, do lado de dentro) (VLB, I, 145)
ûaîanaûasu (etim. - grande guaianá) (s. etnôn.) - GUAIANÁ-GUAÇU, nome de nação indígena tapuia (Knivet, The Adm. Adv., 1230)
ûaîaûasu (etim. - guajá grande) (s.) - espécie de caranguejo encontrado nos mangues (D'Abbeville, Histoire, 248)
ûarapyranga (etim. - guará vermelho) (s.) - GUARAPIRANGA, talvez o mesmo que gûará1 (v.) (Staden, Viagem, 175)
ubaranasagûasu (etim. - ubarana dos olhos grandes) (s.) - nome de um peixe elopídeo (Griebe, Brasil Holandês, vol. III, 71)
uke'imena (s.) - 1) o marido da cunhada (de m.), ou seja, o irmão; 2) o irmão casado do marido; 3) primo casado (de m.), filho de seu tio materno (Ar., Cat., 116v)
upaba2 (t, t) (s.) - carreta de tiro (peça de artilharia) (VLB, II, 101)
urubu'anga (etim. - imagem de urubu) (s.) - var. de ave de rapina (Soares, Coisas Not. Brasil [ms .c], 1422-1424)
urutaûranusu (etim. - grande urutaurana) (s.) - nome de uma ave (v. urutaûrana) (VLB, I, 27)
usagûasu (etim. - uçá grande) (s.) - espécie de caranguejo, da família dos ocipodídeos (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 185)
usapeba (etim. - uçá achatado) (s.) - espécie de caranguejo (D'Abbeville, Histoire, 248v)
usaúna (etim. - uçá escuro) (s.) - UÇAÚNA, var. de caranguejo, crustáceo da família dos gecarcinídeos, que vive nos mangues (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 184)
u'ubá2 (t) (s.) - tiras estreitas que se faziam nas mangas dos vestidos, das calças; rocas (VLB, II, 106)
u'ubae'ẽ (etim. - ubá doce) (s.) - cana-de-açúcar, planta da família das gramíneas (Saccharum officinarum L.) (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 82) ● u'ubae'ẽndyba - ajuntamento de cana-de-açúcar, canavial (VLB, I, 65); u'ubae'ẽ eíra - melado ou mel de cana-de-açúcar (VLB, II, 35)
u'ubae'ẽypy'oka (etim. - coalhada de ubá doce) (s.) - açúcar (VLB, I, 21)
u'ubapé (r, s) (s.) - talo (p.ex., de folha de palmeira, de couve, etc.); o pé de um ramo sem as folhas (VLB, II, 72)
u'ubeté (etim. - ubá verdadeiro) (s.) - nome de uma planta (VLB, I, 65)
yaîa (t) (etim. - água azeda) (s.) - suor: -Marã sekó resépe i angekoaíba îekûabi? -Syaîa resé. -Por qual estado seu aparecia sua angústia? -Por seu suor. (Ar., Cat., 53); [adj.: yaî (r, s)] - suado; (xe) suar, estar suado: Xe ryaî. - Suo. (Léry, Histoire, 367); Te'õ rerobyka, syaî-tekatu. - Aproximando-se da morte, suou bastante. (Anch., Poemas, 120)
yaîká (s) (etim. - arrancar suor) (v.tr.) - fazer suar: Asyaîká. - Fi-lo suar. (VLB, II, 122)
'yaroba (etim. - planta amargosa) (s.) - JAROBA, arbusto escandente da família das bignoniáceas (Tanaecium jaroba Sw.). Seu fruto serve como cabaça. (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 25; Nieuhof, Ged. Reize, 219-220)
ybaté2 (etim. - o alto) (s.) - sobrado, casa assobradada (VLB, II, 119)
ybatinga (etim. - brancura do céu) (s.) - nuvem: -Marãpe irã turine? -Ybatinga 'arybo. -Como virá futuramente? -Sobre as nuvens. (Ar., Cat., 46v; VLB, II, 52)
ybykûarusu (etim. - grande buraco da terra) (s.) - caverna, furna: Mbobype ybykûarusu yby apyterype sekóû...? - Quantas furnas há no meio da terra? (Bettendorff, Compêndio, 48)
ybyra3 (s.) - EMBIRA (v. embyra) (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 99)
ybyranha'ẽ (etim. - prato de madeira) (s.) - gávea (de navio) (VLB, I, 147)
ybyraparyba (etim. - planta de arco) (s.) - árvore grande, muito dura, "...de que os índios fazem os seus arcos... cuja madeira se não corrompe" (Sousa, Trat. Descr., 217)
ybyrayagûasu (etim. - grande cabaça de madeira) (s.) - cuba (VLB, I, 86)
Ybytinga2 (etim. - brancura da terra) (s. antrop.) - nome de índio tupi (Vasconcelos, Crônica [Not.] II, §1, 113)
'ye'ẽkûaba (ou 'yekûaba) (etim. - água doce que passa) (s.) - ribeirão; água corrente (Léry, Histoire, 360); ribeiro, regato (VLB, II, 100) ● 'yekûabusu - riacho (VLB, II, 105)
IGARUÇU (fonte: Staden)
NOTA - No P.B., IGAÇABA asumiu, também, o sentido de urna funerária: "As urnas funerárias de barro (IGAÇABAS), lisas, de forma globular assentada em fundo cônico, de paredes grossas de um dedo, sem ornamentação gravada ou pintada, arrumadas e enterradas em linhas paralelas no terreno raso, marcavam, na face do solo, inúmeros círculos." (Raimundo Morais, in País das Pedras Verdes, apud Novo Dicion. Aurélio)
yîa (s.) - poeira; (adj.: yî) - empoeirado, poento (fal. de pessoa que se deitou ou se assentou pelo chão): Xe yî. - Eu estou poento. (VLB, II, 79)
ynhusu (s.) - esbugalhamento; (adj.) - esbugalhado: Xe resá-ynhusu. - Eu tenho olhos esbugalhados. (VLB, II, 56)
'ysoku (s.) - nome aplicado às lagartas de diversas borboletas (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 252)
Acará (rio do PA). De akará - carás, peixes caracídeos.
Acariquara (CE). De gûakary - acaris, peixes loricariídeos + kûara - buraco, toca: toca dos acaris.
Amanaiara (CE). Homenagem ao padre Francisco Pinto, trucidado na chapada da Ibiapaba em 1608: "Foi tão grande o conceito que os Indios fizerão da santidade do Venerável Padre (Francisco Pinto), que dali por diante lhe não derão outro nome que o de Amanayára, que quer dizer, Senhor da Chuva." (Pe. José de Moraes [1759], p. 85). É nome de um distrito de Reriutaba (CE), atribuído em 1943.
Apeú (rio do PA). De apé + 'y: rio dos apés, árvores moráceas.
Araciaba (CE). De kûarasy + aba (t): penas de sol.
Arapijó (rio do PA). De ará - ave psitacídea + ypyó - multidão: multidão de arás.
Araraí (rio do PA). De arará - var. de formiga + 'y - rio: rio das ararás.
Araru (rio do PA). Mesma etimologia de Arari (v.).
Bacajá (rio do PA). De língua geral colonial bacaba - var. de palmeiras + ia - fruto: bacabas (i.e., seus frutos).
Bacajaí (rio do PA). Da língua geral colonial bacaba + iá + y: rio das bacabas.
Baté (PI). De ybaté: altura.
Bitiú (rio do MA). De pyti'u - cheiro de peixe fresco (VLB, I, 73)
Buquira-Guaçu (rio de São Paulo). V. Boquira.
Cajaí (rio do PA). De akaîá + 'y: rio dos cajás.
Camu (rio do PA). De kamu, panela de barro redonda para cozer alimentos (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 273).
Candoí (PR). De kûandu + 'y: rio dos cuandus.
Categipe (MG). De kûati + îy + -pe: no rio dos quatis.
Cupari (rio do PA). De kupá - nome de um peixe, provavelmente da família dos cianídeos + y (t, t): rio dos cupás.
Curauaí (rio do PA). De kuragûá - curauá, planta bromeliácea + 'y: rio dos curauás.
Curi (rio do PA). De kuri, var. de bagre.
Cururuaçu (rio do PA). De kururu + -ûasu: sapos grandes.
Curururi (rio do PA). De kururu + y (t, t): rio dos sapos.
Ecatu (SP). Nome atribuído artificialmente, no século XX. Do verbo tupi 'ikatu / 'ekatu - poder, nominalizado: poder, força.
Gandu (SE). De kûandu: cuandus, ouriços-cacheiros.
Garapu (MT). De guará + pu: barulho dos lobos guarás.
Garopaba (SC). De ygarupaba [ygar/a - canoa + upaba - lugar de estar quedo, de estar deitado]: remanso das canoas.
Garuva (PR). De ygara + 'yba: pau de canoa, i.e., árvore com madeira apropriada para se fazerem canoas.
Giçaras (MG). V. Juçara.
Guaiquica (SP). De gûaîkuíka, quaiquica, cuíca, mamífero didelfídeo.
Guajaí (RN). De guaîá - guaiás, guajás + 'y: rio dos guajás, var. de crustáceos.
Guajará-Mirim (RR). De gûaîará + mirĩ: guajarás pequenos, plantas sapotáceas.
Guajuvira (PR). De gûaraembira, peixe da família dos gimnotídeos. Pode ser também uma palavra da língua geral meridional que designa um arbusto da família das poligonáceas.
Guanandi (MT). De gûanandi, árvore clusiácea.
Guarabira (PB). De gûaraembira - guaraviras, peixes da família dos gimnotídeos.
Guaraci (SP). De kûarasy: sol. Nome atribuído artificialmente em 1921. (fonte: IBGE)
Guarará (MG). De gûarará: tambores.
Guaratiba (RJ). De gûará + tyba: ajuntamento de guarás, ave da família dos tresquiornitídeos.
Guaratinguetá (SP). De gûaratinga - garça + etá (r, s) - muitos(as): muitas garças.
Guaretá (PR). De gûará + etá (r, s): muitos guarás.
Guariúba (RR). De gûari* (de língua geral colonial) + 'yba: pés de guaris, árvores moráceas.
Guarus (RJ). De gûarugûaru, nome de peixes ciprinodontídeos e rivulídeos.
Guatapará (SP). De guatapará*, da língua geral meridional, uma espécie de veado.
Guaviru (MT). De gûabiru, nome de mamíferos roedores.
Guavirutuva (SP). De gûabiru + tyba: ocorrência de guabirus, mamíferos roedores.
Guaxima (MG). De gûaxima, nome de uma planta.
Guaxindiba (ES). De gûasunĩ - guaxinim, animal carnívoro procionídeo + tyba: ajuntamento de guaxinins.
Gurupi (rio do PA). Gurupi foi uma capitania do Norte: "Também deixei dois padres no Gurupi, que é outra capitania, sita entre o Maranhão e Pará, onde há duas aldeias de índios". (Pe. Antônio Vieira [1655], Carta LXXIV - Ao rei D. João IV, p. 448). De kurub/a + 'y: rio dos seixos.
Iacaia (MG). De 'y-akã - braço de rio (VLB, I, 58)
Iaciara (GO). Nome atribuído artificialmente no ano de 1887. É termo de língua geral, provindo, talvez, de îeîsara: juçara, var. de palmeira.
Ibarama (RS). Nome atribuído artificialmente no ano de 1945. De 'yba + ama (t), corruptela de etama (t), usado no nheengatu (Stradelli, p. 657): região de árvores.
Icatu (rio do MA). De 'y + katu: águas boas. Entre os anos de 1757 e 1759, confirmado por lei provincial de 1835, transfere-se o nome da sede da antiga vila de Águas Boas para Icatu.
Igaçaba (SP). De ygasaba, talha indígena.
Igaraí (SP). De ygara + 'y: rio das canoas.
Igarapava (SP). De ygara + ub/a + -aba: lugar de estarem deitadas as canoas, porto de canoas.
Indaiaçu (RJ). De inaîá + -ûasu: indaiás grandes.
Indaiatuba (SP). De inaîá + tyba: ajuntamento de indaiás, var. de palmeiras.
Ipaba (MG). De upaba: lagoa.
Ipaguaçu (CE). De upaba + ûasu: lagoa grande.
Ipameri (GO). De upaba + mirĩ: lagoa pequena.
Ipiaçu (MG). Nome atribuído em 1953 ao Fundão, distrito de Ituiutaba. De ypy (r, t) + -ûasu: muito fundo.
Irapara (rio do PA). De ûyrapara: tacape.
Iretama (PR). Nome artificial, atribuído em 1954, da composição de eíra + etama (t): terra do mel. (fonte: IBGE)
Itaberaí (GO). De itá + berab + 'y: rio das pedras brilhantes.
Itabiraçaba (MG). De itá + byr + asaba (t): travessia de pedras empinadas.
Itacarambi (MG). De itá + karãî + 'y: rio das pedras arranhadas.
Itacatu (PE). De itá + katu: pedras limpas.
Itacoera (rio do PA). De itá + pûera: pedras velhas.
Itacolomi (MG). De itá + kunumĩ: menino de pedra, formação rochosa que semelha um menino.
Itaçu (ES). De itá + -ûasu: pedra grande.
Itacuruba (PE). De itá + kuruba: grãos de pedra, seixos.
Itacuruçá (RJ). De itá + kurusá: cruz de pedra.
Itaguaba (MG). De itã + 'y + suf. -aba: lugar de comer ostras.
Itaguá-Guaçu (SP). De itá + ku'a3 - grosso, bojudo (VLB, I, 150) + -ûasu: pedra muito bojuda.
Itaí (SP). De itá + 'y: rio das pedras.
Itaici (SP). De itá + ysy (t): fileira de pedras.
Itaim (SP). De itá + -ĩ: pedrinhas.
Itaipu (PR). De itá + 'y + pu: rio barulhento das pedras.
Itaiquara (SP). De itá + 'y + kûara: rio esburacado das pedras.
Itaitá (rio do PA). De itá + etá (r, s): muitas pedras.
Itaituba (SP). De itá + -'ĩ + tyba: ajuntamento de pedrinhas, de pedregulhos.
Itajá (GO). De itá + îá: repleto de pedras.
Itajacu (PR). De itá + îaku: jacu de pedra (i.e., formação rochosa que lembra essa ave).
Itajaí (SC). De itá + îá + 'y: rio repleto de pedras.
Itambaracá (PR). Nome atribuído artificialmente em 1943 (fonte: IBGE). De itá + maraká: chocalho de pedra. (v. Itamaracá)
Itambi (RJ). De itã + 'y: rio das conchas.
Itamirim (MG). De itá + mirĩ: pedras pequenas.
Itanhandu (MG). De itá + nhandu: nhandu de pedras (i.e., formação rochosa que lembra essa ave).
Itaobim (MG). De itá + oby (r, s): pedras verdes.
Itaoca (RJ). De itá + oka (r, s): casa de pedra.
Itaocaia (RJ). De itá + okaîa (t): curral de pedras.
Itaocara (RJ). De itá + okara: ocara de pedras.
Itapagipe (rio de Salvador, BA). De itá + peb + îy + -pe: no rio da pedra achatada, no rio da laje.
Itapajé (CE). De itá + paîé: pajé de pedra.
Itapará (PR). De itá + pará: rio das pedras.
Itapararoca (RN). De itá + aparar + oka: casa de pedra vergada. É nome de mais de três séculos: "(...) S. Joſeph da Itapararocas" (Dom Sebastião Monteyro da Vide [1707], Catalago, p. 30).
Itapebussu (CE). De itá + peb + -usu: pedra achatada grande.
Itapecoá (ES). De itá + peb/a + ku'a: pedra achatada e grossa.
Itapeim (CE). De itá + (a)pé (r, s) + suf. -'ĩ: caminhozinho de pedra.
Itapevi (SP). De itá + peb/a + 'y: rio da pedra achatada.
Itapiranguara (CE). De itá + pyrang/a + kûara: buraco da pedra vermelha.
Itapó (CE). De itá + pó: mão de pedra.
Itapoim (CE). De itá + po'i: pedras finas.
Itapuí (SP). De itá + pu + 'y: rio das pedras barulhentas.
Itaquandiba (ES). De itá + pu'am + tyba: jazimento de pedras erguidas.
Itarama (PE). De itá + ama (t), corruptela de etama (t): região de pedras.
Itararé (SP). De itareré - bica que corre de cima de alguma rocha ou penedia ou por ela abaixo (VLB, I, 55).
Itataí (rio do PA). De itá + etá (r, s) + 'y: rio das muitas pedras.
Itatiaiuçu (MG). De itá - pedra + atîaî (r, s) - pontudo, pontiagudo + suf. -ûasu: pedras muito pontudas.
Itatiba (SP). De itá + tyba: ajuntamento de pedras.
Itatira (CE). De itá + atyra: pilha de pedras.
Itaú (rio do PA). De itá + 'y: rio das pedras.
Itauçu (GO). De itá + -ûasu - pedra grande.
Janduís (RN). Nome atribuído artificialmente em 1943 por decreto-lei estadual. De îandu2 + 'y: rio dos nhandus, ave reídea. (fonte: IBGE)
Jauacaca, Furo do (AM). Do nheengatu iauacáca, lontra.
Jauaru (rio do PA). Do nheengatu iauara + y: rio dos cães.
Jenipapocu (rio do PA). De îanypaba + puku: jenipapo comprido, nome de uma árvore rubiácea.
Joaçaba (SC). De îoasaba, entrecruzamento, cruz (Ar., Cat., 59v).
Joatuba (ES). De îuá - juá, planta solanácea + tyba: ajuntamento de juás.
Juari (RJ). De îuá - juá, árvore ramnácea + y (t, t) - rio: rio dos juazeiros.
Juruaçu (rio do PA). De aîuru + -ûasu: jurus grandes (var. de papagaios).
Mamorana (rio do PA). Do nheengatu, nome de uma árvore que cresce nos igapós e margens baixas de rios. De mamô + rana: falso mamão (Stradelli, 511).
Manacá (Juquitiba, SP). De manaká, planta solanácea.
Matari (rio do PA). De metara ou pirametara - var. de peixe + 'y - rio: rio das metaras.
Meruú (rio do PA). De meru - biru, var. de moscas + 'y: rio dos birus.
Moju (rio do PA). De moîa, mboîa + 'y: rio das cobras.
Mucajatuba (rio do PA). Da língua geral setentrional, mucajá* + tyba: ajuntamento de mucajás.
Nhandutiba (MG). De nhandu + tyba: ajuntamento de nhandus, aves reídeas.
Ocara (CE). De okara (r, s), área aberta entre as ocas nas aldeias dos índios tupis; pátio, terreiro.
Ocarussu (RJ). De okara - terreiro aberto entre as ocas + suf. -usu: ocara grande.
Pacajá (rio do PA). De paka + îá: repleto de pacas. Nome de grupo indígena extinto que habitava as margens daquele rio.
Pavuçu (PI). De upaba + -usu: lagoa grande.
Pequi, Rib. do (BA). De peke'i, árvores cariocaráceas.
Piacatu (SP). Nome atribuído em 1944 (fonte: IBGE). Foi tomado do tupi antigo: de py'a - fígado, coração + katu - bom: bons corações.
Piaí (SP). De piaba + 'y: rio das piabas.
Pracuí (rio do PA). De pirá + ku'i: farinha de peixe.
Quajuá (rio do PA). De kereîuá: querejuás, guiruás, pássaros cotingídeos de cores brilhantes e vistosas.
Quati (MT). De kûati, mamífero procionídeo.
Quatiguaba (CE). De kûati + 'y + 'u + -aba: lugar em que os quatis bebem água.
Quatituba (MG). De kûati + tyba: ajuntamento de quatis.
Sarapó (rio do PA). De sarapó - peixes gimnotídeos.
Suassupe (PB). De sûasu + 'y + -pe: no rio dos veados.
Sumé (PB). Entidade da cosmologia dos antigos tupis. Nome dado em 1951 ao antigo distrito de São Tomé, tornado município (fonte: IBGE).
Surubiú (rio do PA). De surubi + 'y: rio dos surubis.
Sussuanha (CE). De sûasu + anh/a (r, s): dente de veado, suçuaia, erva da família das compostas.
Taquiruma (MG). De itakyru'uma: lama da mó, amolada, água suja das mós (VLB, I, 34)
Tatuaba (rio do MA). De tatu + -ab/a (suf.): lugar de tatus.
Tatupeba (rib. do PA). De tatupeba: tatu achatado, var. de tatu.
Taubaté (SP). De itá + ybaté: pedras altas.
Timbói (rio de Santos, SP). De ty + mboîa: cobra d'água.
Tupiassu (rio do MA). De ty + ypy + -ûasu: rio muito fundo.
Ubá (MG). De ubá - canoa, embarcação indígena.
Ubaí (MG). De ubá + 'y: rio dos ubás.
Umari (rio do PA). De umari - plantas icacináceas.
Umarituba (CE). De umari - planta icacinácea + tyba: ajuntamento de umaris.
Unaí (MG). De yna'y: unaus, preguiças, mamíferos bradipodídeos (D'Abbeville, Histoire, 251v).
Urucu (rio do PA). De uruku, planta bixácea.
Argumento e Predicado em Tupinambá. Boletim da Associação Brasileira de Lingüística, no 19, 1996.
(Col. Niedenthal) COLEÇÃO NIEDENTHAL - "Animaux et Oiseaux". In Brasil Holandês (org. de Dante Martins Teixeira), Editora Index, Petrópolis, 1998.
(Col. Niedenthal) COLEÇÃO NIEDENTHAL - "Animaux et Insectes". In Brasil Holandês, vol. II (org. de Dante Martins Teixeira), Editora Index, Petrópolis, 2000.
(Griebe) GRIEBE, Jacob Wilhelm, Naturalien-Buch. In Brasil Holandês, vol. I (comentários de Dante Martins Teixeira). Editora Index, Rio de Janeiro, 1998.
DESCONHECIDO [1798], Bahia -Devassas e Seqüestros. Ex Biderman, M.T.C. (org.), Dicionário Histórico do Português do Brasil. (Projeto Institutos do Milênio do CNPq)
MENEZES, Jozé Cezar de [n.d.], Resumo das Freguezias da Comarca de Goyana, e Capitania de Itamaracá. Ex Biderman, M.T.C., (org.), Dicionário Histórico do Português do Brasil. (Projeto Institutos do Milênio do CNPq)
SÁ, Joseph Barboza de [1775], Relação das Povoaçoens do Cuyabá em Mato Groso de seos Principios thé os Prezentes Tempos. Edições UFMT, Secretaria de Educação e Cultura, 1975.
andupaba (s.) (etim. - andub; -aba) - sensor; sonda; detector | sensor; probe; detector | nde r-akypûér-i-xûara andup-aba - Instrumento de sentir o que está atrás de ti - Tool to sense what's behind onself (Blog Abanhe'enga, Emerson Costa, 09/01/2013, Propaganda do Fiat Palio Adventure em tupi antigo) - neologismo
acaso? -p'ipó? serã?
acreditar (em) - erobîar
azia - pusu'umukaîa
bocejar - îeîurupirar
cadáver - te'õmbûera
carne - to'o; (de caça): so'o
cesto - uru (r, s); panakũ ● cesto de taquara com tampa: karamemûã
chato - peb (v. peba)
conversa - nhomongetá, îomongetá
crer (em) - erobîar
cru - pyr (v. pyra)
cutucar - kutuk; pekãî
encher - mopor; porakar; moynysem
enganar - erekomemûã; moaby
enviado - mimondó; paresara; temimondó
escola - nhembo'esaba
escondido - nhemim ● às escondidas: nhemim
escorregadio - sym (v. syma); syryk
esvaziar - porok; mboapy
fedorento - nem (v. nema); rem (v. rema); kating (v. katinga)
inchaço - ruru; pungá
inchar (tr.): mopungá; moruru; (intr.): pungá (xe); ruru (xe)
índio - (em oposição ao africano ou ao branco europeu): abá; (índio livre; índio da mata): apŷaba
mentiroso - temo'emiîara
ofender - erekomemûã
oh! (interj.) - mã!; (de h.): gûé!; gûy! (de m.): îu!; îó!
pedaço - pesembûera; asyka; asykûera
redondo - (esférico): apu'a; (circular): amandab/a; apỹî/a
reto (= direito) - atã (r, s)
a'e3 (conj.) - 1) na verdade, contudo, mas, porém: Na setéî; Tupã Ta'yra a'e, îandé îabé apŷabamo o nhemonhang'iré é, setéramo ko'yté, asé îabé. - Não têm corpo; Deus Filho, contudo, após fazer-se homem como nós, teve corpo, enfim, como nós. (Bettendorff, Compêndio, 43); A'e ko'y, xe resé, ó-mirĩ pupé ereîkó. - Mas agora, por minha causa, dentro de uma casinha estás. (Anch., Poemas, 128); 2) mas sim, senão, pelo contrário (afirmando de um o que negamos de outro): ...Na xe remiaûsuba ruã, xe remirekó a'e. - Não é minha escrava, mas, sim, minha esposa. (Ar., Cat., 95); Na Pero ruã, tybyra a'e. - Não era Pedro, mas, sim, seu irmão. (VLB, II, 115); 3) - senão que, se não fosse (VLB, II, 116)
agûará (s.) - LOBO-GUARÁ, AGUARÁ, GUARÁ, mamífero carnívoro da família dos canídeos que vive principalmente nos cerrados da América do Sul, de cor pardo-avermelhada, de pés e focinho pretos e mancha branca na garganta. Alimenta-se também de aves e frutas e tem hábitos noturnos. É um dos mais belos canídeos do Brasil, sendo conhecido também como lobo e jaguaperi. (Theat. Rer. Nat. Bras., II, 34)
aîriré (s.) - IRERÊ, ave da família dos anatídeos (Brandão, Diálogos, 234)
aîurupy2 (s.) - pé (de árvore frutífera) (VLB, II, 68)
akanunduka (s.) - febre: akanunduka porarasara... - o que sofre febre (Ar., Cat., 165); (adj.: akanunduk) - febril: Xe akanunduk. - Eu estou febril, eu tenho febre. (VLB, I, 136)
akubaíba (t) (etim. - mau aquecimento) (s.) - tepidez; [adj.: akubaíb (r, s)] - morno (fal. de água ou outro líquido): Xe rakubaíb. - Eu estou morno. (VLB, II, 42)
aky2 (s.) - tibieza; frouxidão; (adj.) - tíbio, frouxo: Aîpó gûi'îabo, n'akyî ixé. - Isso dizendo, eu não estou tíbio. (Anch., Teatro, 144)
akypûembour (s) (etim. - fazer virem as pegadas) (v.tr.) - seguir o rastro de (na volta): Asakypûembour. - Sigo-lhe o rastro. (VLB, II, 115); I ara'a îagûara îá, îandé rakypûemboú. - Ele é lampeiro como uma onça, seguindo nosso rastro. (Anch., Poemas, 188)
akypûemondó (s) (etim. - fazer ir as pegadas) (v.tr.) - seguir o rastro de (na ida), ir atrás de, ir no encalço de: Kunhã rakypûemondóbo... - Seguindo o rastro das mulheres. (Anch., Teatro, 150)
akyra2 (s.) - tibieza, frouxidão; enternecimento; (adj.: akyr) - tíbio, frouxo; (xe) enternecer-se, afrouxar-se: Erepo'ẽpe kunhã rapopé amõ pupé, nde akyramo? - Passaste as mãos nalguma virilha de mulher, estando enternecido? (Anch., Doutr. Cristã, II, 90); ...Xe repyramo omanõba'epûera ri xe akyre'ymamo... - Não me enternecendo eu pelo que morreu para me resgatar. (Ar., Cat., 86)
akyta'ĩ (s.) - curteza; (adj.) - curto (VLB, I, 88)
amba'ybuna (etim. - embaúba escura) (s.) - nome de uma planta (Theat. Rer. Nat. Bras., II, 130; 141)
amba'ytinga (etim. - embaúba branca) (s.) - EMBAÚBA BRANCA, 1) árvore da família das cecropiáceas (Cecropia palmata Willd.), também chamada UMBAÚBA, AMBAÚBA, AMBAUBEIRA, AMBAÚVA, árvore-da-preguiça, EMBAÍBA, EMBAUBEIRA, EMBAÚVA, IMBAÍBA, IMBAÚBA, IMBAUBEIRA, pau-de-preguiça, UMBAUBEIRA; 2) arbusto da família das cactáceas, do gênero Opuntia, também conhecido como figueira-do-inferno (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 92; VLB, I, 127)
ambeaîó (t) (s.) - bolsa do abdômen (dos marsupiais) (VLB, I, 57)
ambó (etim. - esta mão) (num.) - cinco (Fig., Arte, 4)
amykysyma (s.) - visgo; (adj.: amykysym) - viscoso, languinhento (VLB, II, 18)
anangatu1 (s.) - multidão; (adj.) - muitos ou muitas em número: Oré anangatu. - Nós somos muitos. (VLB, II, 44)
anangûyra (s.) - 1) curva da perna (D'Evreux, Viagem, 159); 2) coxa, da parte traseira (VLB, I, 85)
angaîbabîara (s.) - héctica, doença em que se manifesta diminuição progressiva das forças, emagrecimento, que vai consumindo o corpo sem febres; tísica; (adj. angaîbabîar) - tísico: Xe angaîbabîar. - Eu sou tísico. (VLB, I, 131)
anhera'upe (interj.) - Vamos ver se é verdade! (expressa zombaria) (Ar., Cat., 66; Fig., Arte, 134) ● anhẽ ra'upe é? (de h.); anhẽ ra'upe re'i? (de m.) - É possível? (VLB, I, 153)
apapûar (v.tr.) - dobrar (p.ex., um pano); enroscar: Aîapapûar. - Dobrei-o. (VLB, I, 105)
'apisukanga (s.) - moleira de criança; o palpitar dessa parte (VLB, II, 40)
'apitumbeka (s.) - moleira (da criança) (VLB, II, 40)
apy'ama (s.) - inclinação; (adj.: apy'am) - penso, pendente, inclinado: Xe apy'am. - Eu estava pendente. (VLB, II, 72)
'apyra (s.) - moleira (Castilho, Nomes, 29)
apytasyka (s.) - visco; (adj.: apytasyk) - languinhento, viscoso (VLB, II, 18)
apŷuban (v.tr.) - forrar por fora (p.ex., barrete, vestido, etc.): Aîapŷuban. - Forrei-o. (VLB, I, 142)
arakaîá (s. etnôn.) - ARACAJÁ, nome de nação indígena tapuia: Emonã sekó suí arakaîá sapekóû... - Assim, por causa de seu procedimento, os aracajás os frequentam. (Anch., Teatro, 36); Arakaîá-te ombory... - Mas os aracajás deleitam-se com eles. (Anch., Teatro, 36)
arõ2 (s) (v.tr.) - guardar, velar; olhar por (para que não se perca); proteger: Asarõ. - Guardo-o. (Fig., Arte, 107); ...São Lourenço-angaturama osarõ nhẽ pe retama... - O bondoso São Lourenço guarda vossa terra. (Anch., Teatro, 52); Esarõ oré retama oré sumarã suí. - Guarda nossa terra de nossos inimigos. (Anch., Teatro, 118) ● arõana (ou arõsara) (t) - guardião: Karaibebé serã, kó taba rarõaneté. - Talvez seja o anjo, guardião verdadeiro desta aldeia. (Anch., Teatro, 26); tapuîa rarõsara - guardião dos tapuias (Anch., Poesias, 263); emiarõ (t) - o que alguém guarda: I angaturam ko'yré... xe remiarõ îandune. - Serão bons, doravante, os que eu guardo de costume. (Anch., Teatro, 50); arõsaba (ou arõaba ou arõama) (t) (Anch., Arte, 3) - tempo, lugar, modo, etc. de guardar, de proteger: Oîkó karaibebé... asé rarõaûama resé. - Há os anjos para nos guardarem. (Bettendorff, Compêndio, 37); sarõmbyra - o que é (ou deve ser) guardado (Fig., Arte, 107)
arukanga (s.) - costela: -Mba'epe Tupã oîmonhang asé rubypy remirekó retéramo? -I arukanga nhẽ. -De que Deus fez o corpo da esposa de nosso pai primeiro? -De sua costela. (Anch., Doutr. Cristã, I, 162)
asaîé1 (s.) - meio-dia (VLB, II, 35)
asanga (s.) - curteza, qualidade do que é curto; (adj.: asang) - 1) curto; 2) rechonchudo, baixo e largo de corpo: Xe asang. - Eu sou rechonchudo. (VLB, II, 98) ● asangĩ - curtinho (VLB, I, 88); rechonchudinho (isto é, de corpo medianamente largo) (VLB, I, 37); asangusu - rechonchudão: Xe asangusu. - Eu sou rechonchudão (isto é, de corpo muito largo). (VLB, I, 37); asangusugûasu - muitíssimo rechonchudo (VLB, II, 98)
asema (t) (s.) - grita, grito (VLB, I, 150); clamor, brado (de dor, de pedido de socorro, etc.) (VLB, I, 59)
asykab (v.tr.) - cortar em pedaços, picar: Pepo'i i xuí, aîpó n'opoasyk-asykabi. - Parti dele, para que não vos corte em pedaços! (Anch., Teatro, 178)
atĩ (t) (s.) - ponta, extremidade: itá-atĩ - ponta de pedra (Anch., Arte, 9); seîkûaratĩba'e - o que tem ponta em forma de nádegas (Léry, Histoire, 346); [adj.: atĩ (r, s)] - pontudo: kabatĩ - vespa pontuda (VLB, I, 55)
atĩapyra (t) (s.) - ponta (de faca, de espada, etc.) (VLB, II, 80)
'atyba (s.) - têmporas; fontes da cabeça (Castilho, Nomes, 30): Ereî'atypetekype amõ abá? - Esbofeteaste as têmporas de alguém? (Anch., Doutr. Cristã, II, 87); Aî'atypetek. - Esbofeteei suas têmporas. (VLB, I, 56)
'atybaname'yma (s.) - têmporas, fontes da cabeça (Castilho, Nomes, 30; VLB, I, 141)
'atype'apaba (s.) - espertadura, divisão que as mulheres fazem do cabelo em duas partes, na cabeça, ficando uma linha no meio: Aî'atype'apá-moín. - Pus espertadura nela. (VLB, I, 126)
'atypuba (s.) - têmporas, fontes (Castilho, Nomes, 30)
aybu (s.) - ofego; (adj.) - ofegante; (xe) resfolegar (como quem leva uma grande carga por ladeira acima): Xe aybu. - Eu estou ofegante; Xe aybu-sem (ou Xe aybugûasu). - Eu estou muito ofegante. (VLB, II, 54)
aŷpyasura (s.) - corcova (que está muito perto do pescoço); (adj.: aŷpyasur) - corcunda: Xe aŷpyasur. - Eu estou corcunda. (VLB, I, 30)
eîkûaratĩ (t) (etim. - saliência do ânus) (s.) - hemorróidas (VLB, I, 32)
eîkûarugûy (t) (etim. - sangue do ânus) (s.) - diarréia com eliminação de sangue; [adj.: eîkûarugûy (r, s)] (xe) - ter diarréia (com sangue): Xe reîkûarugûy. - Eu tenho diarréia com sangue. (VLB, I, 64; D'Abbeville, Histoire, 183v)
eîrara (etim. - toma mel) (s.) - IRARA, animal carnívoro da família dos mustelídeos, também conhecido como papa-mel (Cardim, Trat. Terra e Gente do Brasil, 28)
eîxu (s.) - ENXU, var. de vespa (Piso, De Med. Bras. IV, 178)
ekoaíba1 (t) (etim. - mau estado, má condição) (s.) - 1) menstruação (VLB, I, 84); 2) mênstruo (VLB, II, 36)
ekoaíba2 (t) (etim. - mau estado, má condição) (s.) - pecado, vício: Opabĩ tekoaíba mondebi-katu o py'ape. - Todos os vícios colocaram bem em seus corações. (Anch., Teatro, 10); ...Eboinga tekoaíba nd'oîkuabi... - Essas não conhecem o pecado. (Anch., Doutr. Cristã, I, 202); ...Tekoaíba oromombó. - O vício atiramos fora. (Anch., Poemas, 84)
ekoetee'yma (t) (etim. - falta de procedimento verdadeiro) (s.) - 1) covardia; timidez; [adj.: ekoetee'ym (r, s)] - covarde, tímido: abá-ekoetee'yma - homem covarde (VLB, I, 84); 2) molengão (VLB, II, 40)
ekokuapaba (t) (s.) - julgamento: Tupã asé rekokuapaba - O julgamento de Deus de nós. (Ar., Cat., 20)
embé1 (t) (s.) - borda (de talha, cântaro, pano, etc.) (VLB, I, 58)
embyakyraá (t) (s.) - moela (VLB, II, 44)
embykaîapé (t) - v. emykaîapé (t)
emimborará (t) (s.): o órgão sexual: ...Kunhã koîpó abá remimborará resé oma'ẽmo... - Olhando para o órgão sexual da mulher ou do homem. (Ar., Cat., 72)
endybagûyaîa (t) (etim. - papo da parte inferior do queixo) (s.) - papada (do gordo); [adj.: endybagûyaî (r, s)] - papudo; (xe) ter papo, ter papada (como o gordo): Xe rendybagûyaî. - Eu tenho papo (ou papada). (VLB, II, 64)
enopu'am1 (ou eropu'am) (v.tr.) - ameaçar (com pau, espada, etc., não ferindo): Aropu'am. - Ameacei-o. (VLB, I, 34); Ké abá rekóû anhẽ xe renopu'ã-pu'ama. - Aqui os homens estão, na verdade, para me ficar ameaçando. (Anch., Teatro, 26). (Também pode receber -s- no indicativo.): Asenopu'am Pedro ybyrá pupé. - Ameacei Pedro com um pau. (Anch., Arte, 49)
enopu'am2 (ou eropu'am) (v.tr.) - erguer-se com; levantar-se com; fazer erguer-se consigo, fazer levantar-se consigo: O pó, o py, o yké kutukagûera bépe erimba'e ogûeropu'am? - Ergueu-se com as feridas de suas mãos, de seus pés e de seu flanco? (Ar., Cat., 44v); I abaeté-katu irã tekó i angaîpaba'e supéne,... o poxy, o eté-una reropu'ama... - Serão muito terríveis os fatos, futuramente, para os que são maus, levantando-se com sua fealdade, com seus corpos escuros. (Ar., Cat., 161)
epymondykaba (t) (s.) - resgate, pagamento de dívida: ...xe 'anga repymondykaba... - o resgate de minha alma (Ar., Cat., 12)
erapûanaíba (t) (etim. - fama má) (s.) - difamação: Eresendu-potá-katupe terapûanaíba abá remimombe'u...? - Quiseste muito ouvir difamações que alguém profere? (Ar., Cat., 108v)
ere'yma (t) (etim. - falta de nome) (s.) - paganismo: ...Og ere'yma pupé abá remipysyrõ oîabé sere'ỹme? - O que alguém acolhe no seu paganismo, no paganismo dele está igualmente? (Ar., Cat., 95v)
ereb1 (s) (v.tr.) - chamuscar (passando ligeiramente sobre o fogo): Asereb. - Chamusquei-o. (VLB, I, 72); Aîapé-ereb. - Chamusquei o casco dela (isto é, da embarcação, para calafetá-la). (VLB, II, 93)
erekó3 (v.tr.) - combater: Oroîogûerekó. - Nós nos combatemos uns aos outros. (VLB, I, 77)
eronheangu (v.tr.) - recear por, temer por: Aronheangu. - Temo por ele. (VLB, I, 42)
esagûyryba (t) (s.) - vista turbada, vertigem, tontura, enjôo; [adj.: esagûyryb (r, s)] - enjoado, turbado, tonto; (xe) ter vertigens: Xe resagûyryb. - Eu tive vertigem (ou eu estou enjoado). (VLB, I, 117, 131)
esakûara1 (t) (s.) - pilha, monte (p.ex., de lenha) (VLB, II, 109)
esakûarasy (t) (etim. - cavidades dos olhos ruins) (s.) - carranca; mau semblante; [adj.: esakûarasy (r, s)] - carrancudo, mal-encarado: Xe resakûarasy. - Eu sou mal-encarado. (VLB, I, 140)
esapysoe'yma (t) (etim. - falta de visão) (s.) - cegueira (VLB, I, 70)
esau'uma (t) (etim. - lama dos olhos) (s.) - ramela (dos olhos); [adj.: esau'um (r, s)] - rameloso: Xe resau'um. - Eu estou rameloso. (D'Evreux, Viagem, 157)
esemõ2 (t) (s.) - sobra, demasia, abundância; [adj. esemõ (r, s)] - excessivo, demais, de sobra: Xe rosang-esemõ. - Eu tenho sofrimento de sobra. (VLB, I, 106)
e'ymiîaramẽ (ou e'ymiîarameté) (conj.) - como se não (VLB, I, 78)
gûaîbĩkûarusu (etim. - buracão, grande vagina de velha) (s.) - nome de um peixe (Brandão, Diálogos, 237)
gûambaîakuatĩ (s.) (etim. - baiacu pontudo) - o mesmo que gûamaîakugûará (v.) (Theat. Rer. Nat. Bras., I, 52)
-gûar (suf. nominalizador) - v. -ndûar
gûarasyaba (etim. - penas de sol) (s.) - GUARACIABA, uma das espécies de beija-flor (Cardim, Trat. Terra e Gente do Brasil, 35) (v. tb. gûaînumby)
NOTA - O nome GUARANI ("os guerreiros"), de nação indígena da América do Sul, deve provir de palavra do Proto-Tupi-Guarani, língua pré-histórica da qual se originou o tupi antigo.
gûyapy2 (v. intr.) - cair, levar queda, (o que vai andando), cair por acidente: Agûyapy. - Caí. (VLB, I, 63)
Îagûakûara (etim. - toca do cão) (s. antrop.) - nome de índio tupi (D'Abbeville, Histoire, 188)
îagûarema (etim. - onça fedorenta) - o mesmo que îagûara1 (v.) (D'Abbeville, Histoire, 96)
Îagûareté2 (etim. - onça verdadeira) (s. antrop.) - nome de índio tupi (D'Abbeville, Histoire, 184v)
Îagûaruna (etim. - onça preta) (s. antrop.) - nome de índio tupi (Anch., Teatro, 60)
îandûaba (etim. - penas de nhandu) (s.) - ENDUAPE, penacho utilizado pelos índios tupis nas nádegas, que era pendurado na cintura (D'Abbeville, Histoire, XLVI)
îanypagûera (s.) - tintura de jenipapo (por contato com alguém já tingido); (adj. - îanypagûer) - tingido de jenipapo (por encostar em alguém já tingido): Xe îanypagûer. - Eu estou tingido de jenipapo. (VLB, II, 128)
îaruparikuraba (etim. - escárnio do Jurupari) (s.) - nome de uma planta (Theat. Rer. Nat. Bras., II, 190)
îasuk (v. intr.) - lavar-se; batizar-se: Aîasuk. - Lavo-me. (Fig., Arte, 102) ● oîasukyba'e - o que se batiza (VLB, I, 53); i moîasukypyra - o batizado; o cristão; moîasukaba - tempo, lugar, modo, etc. de se lavar, de se batizar (VLB, II, 76)
îasy3 (s.) - estrela-do-mar, nome vulgar dos equinodermos marinhos, da ordem dos asteróides (Sousa, Trat. Descr., 294)
îatapy (v. intr.) - fazer fogo (para si): Aîatapy. - Fiz fogo. (VLB, I, 140)
îatapygûasu (v. intr.) - fazer fogueira: Aîatapygûasu. - Fiz fogueira. (VLB, I, 140)
îeapara (s.) - entortadura, encolhimento; (adj.: îeapar) - entortado, encolhido: Xe raîyîeapar. - Eu tenho um nervo encolhido. (VLB, I, 114)
îeapasaba (etim. - lugar de se entortar) (s.) - articulação dos ossos (VLB, I, 116); junta, articulação dos membros (VLB, II, 16); curva (da perna, do joelho) (VLB, I, 88; Castilho, Nomes, 31)
îeapirõ (v. intr.) - lamentar-se: - Nde rasẽ, eîeapirõ! - Grita tu, lamenta-te! (Anch., Teatro, 42)
îeîaîa (s.) - esquivança; (adj.: îeîaî) - esquivo, arisco, arredio: Xe îeîaî. - Eu sou arredio. (VLB, I, 106)
îeîuká1 (v. intr.) - matar-se: A'e o kakuab'iré, ...i nheme'engi apŷabaíba supé, oîeîuká-uká ybyraîoasaba resé... - Ele, após crescer, entregou-se aos homens maus, fazendo-se matar na cruz. (Anch., Doutr. Cristã, I, 194) ● oîeîukaba'e - o que se mata: ...Tupã resé oîeîuká-ukaba'epûera... - Os que se fizeram matar por causa de Deus. (Ar., Cat., 168v)
îekotyar (ou îekotyá) (v. intr. compl. posp.) - aliar-se, tomar partido, ter amizade, ter comunicação, ter conversação, ter familiaridade [compl. com esé (r, s)]: ...Sesé nhẽ aîekotyá. - Com eles alio-me. (Anch., Teatro, 22); -Ereîekotyápe abá-angaîpaba resé? - Tiveste amizade com um homem pecador? (Ar., Cat., 234); Ereîekotyápe nde nhemõîa resé? - Aliaste-te com tua comborça? (Ar., Cat., 106v) ● îekotyarixûera - o que tem amigos, o que é sociável: Xe îekotyarixûer. - Eu sou sociável. (VLB, I, 35)
îekûarybykoî (v. intr.) - fazer mina (para prospectar minerais), lavrar: Aîekûarybykoî. - Fiz minas. (VLB, II, 38)
îemokane'õ (v. intr.) - cansar-se: Ta pe putu'ẽngatueté irã... pe îemokane'õ ré... - Haveis de bem recobrar o fôlego após vos cansardes. (Ar., Cat., 170)
îemonan (ou nhemonan) (v. intr. compl. posp.) - misturar-se, confundir-se, unir-se [com algo ou com alguém: compl. com esé (r, s)] ● nhemonanaba - tempo, lugar, modo, etc. de se misturar; mistura, confusão, união: Sesé i nhemonanagûera ra'angabamo mendá îarekó. - Como símbolo de sua união com ela, temos o casamento. (Ar., Cat., 132v)
îemongaraíba - v. nhemongaraíba
îeneúna (s.) - JENEÚNA, árvore da família das leguminosas-cesalpinoídeas, do gênero Cassia (Cassia leiandra Benth.), de grandes flores amarelas. Era chamada também, no século XVI, de canafístula. (Sousa, Trat. Descr., 205)
îepabok (etim. - tirar-se o leito < îe- + upab + 'ok) (v. intr.) - partir-se (p.ex., o viajante): Aîepabok. - Parto. (VLB, II, 66)
îepoekyî (etim. - puxarem-se as fibras) (v. intr.) - estender-se (p.ex., o pano depois de molhado, para secar) (VLB, I, 128)
îepotasatyba (etim. - lugar habitual de arribar) (s.) - porto: ygara îepotasatyba - porto das canoas (VLB, II, 122) (V. tb. îepotar1)
îepypetek (v. intr.) - sapatear, bater-se os pés (VLB, I, 66)
îepytasoka (s.) - firmeza: ...Îepytasokûera eroîeby. - Devolvendo sua antiga firmeza. (Ar., Cat., 40)
îerobîatenhẽ (v. intr.) - vangloriar-se: Aîerobîatenhẽ. - Vanglorio-me. (VLB, II, 141)
inimbó1 (s.) - 1) linha grossa ou fio (como barbante, etc.) (VLB, II, 23); 2) lã: inimbó-apu'a - bola, novelo de lã (VLB, II, 51) ● inimbó'i - linha delgada para coser (VLB, II, 23): Inimbó'i amõ reru. - Trazendo algumas linhazinhas. (VLB, I, 154); inimbó-'yba - armação de fios, roca de fiar (VLB, II, 106)
îoa'o (s.) - injúria (de palavras) (VLB, II, 12)
îoîtyîtyk (etim. - ficar atirando um no outro) (v. intr. compl. posp.) - lutar [apenas no plural] (com alguém: compl. com esé (r, s) ou ndi]: Oroîoîtyîtyk Peró ndi (ou Peró resé). - Lutei com Pedro. (VLB, II, 25)
iperuîagûara (etim. - tubarão onça) (s.) - espécie de tubarão (Soares, Coisas Not. Bras. [ms .c], 2085-2089)
iraîtytataendy (etim. - cera de luz de fogo) (s.) - vela: -Mba'epe oîme'eng asé pópe? -Iraîtytataendy. -Que põe na mão da gente? -Uma vela. (Ar., Cat., 81v)
itá (s.) - 1) pedra: ...Itá karamemûã... pupé i mondepa. - Pondo-o dentro de um túmulo de pedra. (Ar., Cat., 64v); itá kasara - quebrador de pedras, cavouqueiro (VLB, I, 69); itá-atĩ - ponta de pedra (Anch., Arte, 9); itá-kûara - buraco de pedra (Fig., Arte, 6); itá-kysé (etim. - pedra-faca) - pedra de que se faziam facas (Nieuhof, Ged. Reize, 219-220); 2) metal; ferro (VLB, I, 138); ferros de prisão (VLB, I, 138); Ererupe itá kysé amõ? - Trouxeste algumas facas de ferro? (Léry, Histoire, 346); Itá resé aín. - Estou preso nos ferros. (VLB, II, 85); 3) penedo: itagûasu - penedo grande; itá-tyba (ou itá-tybusu) - jazimento de pedras, pedreira; itagûasutyba - jazimento de pedras grandes, penedia (VLB, II, 69, 72)
itaekobé (etim. - metal vivo) (s.) - mercúrio (VLB, I, 49)
itaîukûara (etim. - buraco do ouro) (s.) - mina de ouro (VLB, II, 38)
itaîyka (etim. - metal duro) (s.) - 1) chumbo (VLB, I, 74); 2) estanho (VLB, I, 128): itaîy-kamusi - vaso de estanho (VLB, II, 77)
itamembeka1 (etim. - metal mole) (s.) - chumbo (VLB, I, 74)
itanema (etim. - metal fedorento) (s.) - cobre (VLB, I, 76)
itapûapẽ (etim. - tenazes de ferro) (s.) - tenazinhas de sobrancelhas, pinça (VLB, II, 126)
itasymirĩ (etim. - enxada pequena de ferro) (s.) - sacho, instrumento agrícola que consiste em uma lâmina de ferro com cinco ou seis centímetros de largura com alvado e cabo longo de pau (VLB, II, 110)
îupomoín (v.tr.) - ferrar, marcar (p.ex., gado) (VLB, I, 138)
îuraragûaîa (s.) - mentira: Eresenõî tenhẽpe Tupã rera, ...nde îuraragûaîamo nhẽ, îuraragûaîamo sekó kuapa? - Invocaste em vão o nome de Deus, mentindo, sabendo ser mentira? (Ar., Cat., 99v) ● îuraragûaîa ekyî (s): urdir mentiras: Eresekyîpe îuraragûaîa abá supé...? - Urdiste mentiras contra alguém? (Anch., Doutr. Cristã, II, 103)
îuraybaté (etim. - jirau elevado) (s.) - varanda; balcão (VLB, II, 141)
îuruapẽ (etim. - boca torta) (s.) - boquitorto (Anch., Arte, 32v)
îurupara1 (etim. - boca torta) (s.) - arco: Ké turi, arupare'aka îurupara ndi seru. - Para cá vem, trazendo farpas junto com o arco. (Anch., Teatro, 132); Kobé xe îurupara... - Eis aqui meu arco. (Anch., Teatro, 162)
iurupukĩ (etim. - boca arrombada, sem mais) (s.) pasmo; (adj.) - pasmado, embasbacado, boquiaberto: I îurupukĩ ahẽ oîkóbo. - Ele está boquiaberto. (VLB, I, 111)
îurutá (s.) - coleira que se põe no inimigo que vai ser morto ● itá-îurutá - coleira de ferro para prender pessoas (VLB, I, 76)
îurutimbora (etim. - fumaça da boca) (s.) - fôlego, hálito (VLB, I, 141); bafo (VLB, I, 50)
îuruũ (v.tr.) - pintar o rosto com uma risca ou com riscas que vão das orelhas até os cantos da cabeça (VLB, II, 78)
ka'apîasó (etim. - ir ao mato) (v. intr.) - defecar, ir defecar: Aka'apîasó. - Defequei (ou fui defecar). (VLB, I, 62)
ka'apîasoaba (etim. - lugar de defecar) (s.) - latrina (VLB, II, 19); vaso sanitário (VLB, I, 50)
kagûaba (etim. - lugar de beber cauim) (s.) - taça; copo (VLB, II, 123)
kapi'i (etim. - erva fina < ka'a + po'i) (s.) - 1) erva qualquer; feno, CAPIM (VLB, I, 137): ...Kapi'i anhẽ rerupa. - Deitando às pressas o capim. (Anch., Poemas, 130); Kapi'i sosé kó tuî... - Eis que sobre o capim ele está deitado. (Anch., Poemas, 164); 2) palha (VLB, II, 62) ● kapi'i-tyba (ou kapi'i-tybusu) - CAPINZAL, erval, ervaçal (VLB, I, 121)
karabusu (s.) - pequena garça de cor branca ou parda, da família dos ardeídeos. "...Todas criam ao longo do mar, onde tomam peixe de que se mantêm e caranguejos novos." (Sousa, Trat. Descr., 232)
karûaba1 (etim. - lugar de comer) (s.) - nome genérico para as cuias, cuipebas, cuiabas, etc., em que os antigos índios da costa do Brasil costumavam comer (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 272)
karûaba2 (etim. - lugar de comer) (s.) - mesa (em que se come) (VLB, II, 36)
katupabẽ (s.) - multidão, grande número; (adj.) – muitíssimos, numerosíssimos: ...-Setápe? -I katupabẽ. -Eles são muitos? -Eles são muitíssimos. (Léry, Histoire, 343); ...O mba'e-katupabẽ îarama... - Futuro senhor de suas muitíssimas riquezas. (Ar., Cat., 7); Ko'yr bé a'e oka a'e cristãos-katupabẽ i moetesabamo. - Agora também aquela casa é lugar de muitíssimos cristãos cultuá-la.
kerupaba (etim. - lugar de estar deitado para dormir) (s.) - dormitório (VLB, I, 106)
kesaba1 (etim. - lugar de dormir) (s.) - cama; rede de dormir: Eîotĩ nde kesaba xe porupi. - Amarra tua rede de dormir ao lado de mim. (Anch., Arte, 44)
kesaba2 (etim. - lugar de dormir) (s.) - poleiro: gûyrá-kesaba - poleiro de aves (VLB, II, 80)
kesapeba (etim. - lugar de dormir achatado) (s.) - cama de dormir (VLB, I, 64)
kiryba (s.) - QUIRIBA, o mesmo que kiri (v.) (ABN, LXXXII. 1962, 328)
ko'arapukuî (etim. - durante este mundo; durante este dia) (adv.) - 1) sempre, perpetuamente, enquanto o mundo durar: N'osa'angi-te-p'akó nhembo'e ko'arapukuî? - Mas não tentam esses aprender sempre? (Anch., Teatro, 30); Apŷaba, gûaîbĩ, kunhãne, ko'arapukuî xe rembiá... - Homens, velhas, mulheres sempre serão minhas presas. (Anch., Teatro, 92); 2) o dia todo: -Abá bépe n'oîabyî oîekuakube'yma? -Ko'arapukuî morabykŷara... -Quem mais não o transgride, não jejuando? -Os que trabalham o dia todo. (Ar., Cat., 77v); 3) cotidianamente (VLB, II, 94) ● ko'arapukuîndûara - coisa cotidiana, o que é de cada dia (VLB, II, 94)
kokaba (etim. - lugar de encostar-se) (s.) - 1) encosto (VLB, I, 115); escora (VLB, I, 123); 2) tranca: okena kokaba - tranca da porta (VLB, II, 135)
komandagûyra (etim. - comandá inferior) (s.) - variedade de planta leguminosa, feijão (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 62)
komanda'ĩ (etim. - comandazinho) (s.) - feijão (Fig., Arte, 140; VLB, I, 136)
komandamirĩ (etim. - comandá pequeno) (s.) - o grão de feijão; feijão (D'Abbeville, Histoire, 229): -Ma'epe ereîpotar? -Îetyka, komandaûasu, komandamirĩ... -Que queres? -Batata-doce, favas, feijões. (Léry, Histoire, 347)
kopûera (etim. - roça que foi) (s.) - mato que já foi roçado (VLB, II, 33); lugar onde já houve roça (Cardim, Trat. Terra e Gente do Brasil, 41)
kori2 (s.) - CURI, variedade de argila vermelha usada para tingimentos (Ferreira, América Abreviada, in RIH LVII [1984], 49)
kotypotaba (etim. - isca de cilada) (s.) - 1) homem corredor que, na guerra, vai por negaça e põe os inimigos em cilada (VLB, I, 82); 2) negaça, engodo, isca (em guerra) (VLB, II, 48)
kuabe'u (v.tr.) - contar (p.ex., segredo): Aîkuabe'u-be'u. - Fiquei-o contando. (VLB, II, 89)
kûaka'ar (v. intr.) - passar sucessivamente, uns atrás dos outros: Orokûaka'ar. - Passamos uns atrás dos outros. (VLB, II, 67)
kûakeó (v. intr.) - passar sucessivamente, uns atrás dos outros: Orokûakeó. - Passamos uns atrás dos outros. (VLB, II, 67)
kûara2 (s.) - sol: kûara reîkeaba - pôr-do-sol, poente (etim. - lugar em que o sol entra) (VLB, II, 80); kûara sembaba - lugar em que nasce o sol, o oriente (VLB, II, 59)
kuîeté (etim. - cuia legítima) (s.) - 1) CUITÉ, COITÉ, CUITEZEIRA, CUIEIRA, árvore bignoniácea, (Crescentia cujete L.), que dá cuias, cabaças ou cuités, também conhecida como cabaceiro, cabaceira (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 123); 2) o fruto dessa árvore, espécie de abóbora de miolo doce ou amargo que se separa e deixa um casco rijo de que se fazem cuias (VLB, I, 61)
kuîmbuka (etim. - cuia fendida) (s.) - CUMBUCA, CUIAMBUCA, var. de cabaço partido ao meio, uma kuîeté (v.) partida ao meio (VLB, I, 61)
kuîpeba (etim. - cuia chata) (s.) - cabaça comprida partida pelo meio; metade de uma cabaça comprida (VLB, I, 61; Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 272)
kuîpeúna (ou kuîpuna) (s.) - CUIPUNA, árvore da família das mirtáceas (Myrcia tingens O. Berg) (Sousa, Trat. Descr., 205)
kumarugûasu (etim. - cumaru grande) (s.) árvore da família das leguminosas, grande e grossa, de flores amareladas, provavelmente o cumaru verdadeiro (Dipteryx odorata (Aubl.) Willd.) (D'Abbeville, Histoire, 226).
kuré (interj.) - palavra usada pelos guardadores de porcos para os chamar (VLB, I, 73)
kurubixok (etim. - socar as migalhas) (v.tr.) - esmigalhar: Aîkurubixok. - Esmigalhei-o. (VLB, I, 125)
kybykyra (etim. - irmão tenro) (s.) - 1) irmão caçula (de m.); 2) primo caçula (de m.) (Ar., Cat., 269, 1686)
kyîakûy (s.) - pimenta-malagueta, planta solanácea sul-americana (Capsicum frutescens L.) (Piso, De Med. Bras., 198; Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 39)
kyîu (s.) - QUIJUBA, grilo (o mesmo que kyîuba2 - v.) (D'Evreux, Viagem, 215; VLB, I, 150)
kyîuba1 (s.) - QUIJUBA, ave psitacídea (Theat. Rer. Nat. Bras., I, 170)
kyrá (s.) - gordura, sebo (adj.) - gordo (fal. de pessoa ou animal): Xe kyragûasu. - Eu sou muito gordo. (VLB, I, 149)
kytĩ (v.tr.) - cortar (com serra, tesoura, faca, palha, vidro, casca de ostra, etc. Cortar com instrumentos maiores, como machado, espada, etc. é mogûaî ou mondok - v.); dar cutilada: Aybyrá-kytĩ. - Cortei madeira. (VLB, II, 117)
marangatu1 (s.) - 1) bondade, afabilidade, virtude: ...Oîkuab i marangatueté. - Conheceu sua autêntica bondade. (Ar., Cat., 8v); 2) boa disposição; 3) preço; 4) favor; (adj.) - 1) bom, bondoso, afável, virtuoso naturalmente: I marangatu supi é i mombe'upyra rekóreme é. - Ele é bom se o que é contado é mesmo verdade. (Ar., Cat., 67v); T'i marangatu apó abá pé. - Sejamos bons para aqueles homens. (Léry, Histoire, 355); 2) bem disposto; com saúde: Na xe marangatuî (ou N'aîkó-marangatuî). - Eu não estou bem disposto. (VLB, I, 19; II, 28); 3) precioso, alto (fal. de preço): Na xe repy-marangatuî. - Eu não tenho preço alto. (VLB, I, 51); 4) favorável: Xe nhe'ẽ-marangatu (abá) supé. - Eu tenho palavras favoráveis ao homem. (VLB, I, 22, 135, adapt.); (adv.) bem, muito bem (Fig., Arte, 136), muito: Akûeîme, rakó, pirá asekyî-marangatu. - Antigamente pescava bem os peixes. (Anch., Poemas, 152); Xe moaîu-marangatu... aîpó tekó-pysasu. - Importuna-me muito aquela lei nova. (Anch., Teatro, 4); Nd'e'i te'e moxy onhana... oîoa'o-marangatûabo... - Por isso mesmo as malditas correm, insultando-se muito umas às outras. (Anch., Teatro, 128) ● marangatu-eté - largamente (VLB, II, 18)
maratá (s.) - profeta, apóstolo (D'Evreux, Viagem, 250)
mba'easyborupaba (etim. - lugar de estarem deitados os doentes) (s.) - enfermaria (VLB, I, 116)
mba'easyborupatyba (etim. - lugar costumeiro de estarem deitados os doentes) (s.) - enfermaria (VLB, I, 116)
mba'emoîypaba (etim. - lugar de cozer as coisas) (s.) - cozinha (VLB, I, 85)
mba'emosyryrykaba (etim. - lugar de fritar as coisas) (s.) - frigideira (VLB, II, 113)
mba'eramaé? (interr.) - para que fim? (Fig., Arte, 133)
mba'erupaba (etim. - lugar de estarem as coisas) (s.) - despensa (VLB, I, 100)
mba'etymbaba (etim. - lugar de plantar as coisas) (s.) - horta, plantação (VLB, I, 153)
mbo- prefixo da voz causativa, alomorfe de mo- (v.)
membynhemonhangaba (etim. - lugar de se fazerem filhos) (s.) - vagina (Castilho, Nomes, 33)
mendare'yma (etim. - o não casado) (s.) - solteiro (VLB, II, 120); (adj.: mendare'ym) - solteiro: Ereîkópe... abá-mendare'yma resé? - Tiveste relação sexual com pessoa solteira? (Ar., Cat., 103v)
menybyra (etim. - irmão de marido) (s.) - cunhado mais moço (de m.), irmão mais novo do marido (Ar., Cat., 115)
menyky'yra (etim. - irmão de marido) (s.) - cunhado mais velho (de m.), o irmão mais velho do marido (Ar., Cat., 115)
mimborará (s.) - os órgãos sexuais, as vergonhas (VLB, II, 144)
mimbypysara (ou mimbysara) (etim. - o soprador de instrumento de sopro) (s.) - gaiteiro (VLB, I, 146)
mimondó (s.) - o enviado (VLB, II, 19); mensageiro (VLB, II, 35) [V. tb. emimondó (t), em mondó]
mindokurûera (s.) - crueira, tudo o que fica do que é peneirado, joeirado; os restos de farinha que ficam na peneira após ser ela peneirada (VLB, II, 22)
moaikatu (v.tr.) - estragar (com o uso): Aîmoaikatu. - Estraguei-a. (VLB, I, 130)
moapong (v.tr.) - opilar (VLB, II, 57)
moapytereb (v.tr.) - tornar calvo, tonsurar (metaforicamente, tornar padre): Aîmoapytereb. - Tonsurei-o. (VLB, II, 58)
moaterẽ (v.tr.) - deixar raso, deixar cortado de todo (VLB, II, 97)
mobybykaba (s.) - costura (do que foi cosido) (VLB, I, 84); ponto de costura (VLB, II, 81)
mo'ẽ (v.tr.) - derramar, expelir, verter: Eîmo'ẽ nde resa'y... - Derrama tuas lágrimas. (Anch., Doutr. Cristã, II, 112); Asugûy-mo'ẽ. - Verto o sangue dele. (VLB, II, 112)
moeburusu (v.tr.) - engrandecer; elevar em dignidade: ...I angaturãngatu moeburusûabo. - Sua muita bondade engrandecendo. (Anch., Poemas, 86)
mo'ema (s.) - mentira - v. (e)mo'ema (r, s)
moembiar (ou moembiá) (v.tr.) - apresar: Erobîá, xe rubangab, ta nde moembiá kori. - Acredita, meu padrinho, hão de te apresar hoje. (Anch., Teatro, 142)
moetá (v.tr.) - tornar numeroso, multiplicar (VLB, II, 44)
moîaru (v.tr.) - zombar de, brincar desonestamente com: "-T'aîkóne nde resé" erépe, i moîarûabo nhote? - Disseste: "-Hei de ter relações sexuais contigo", somente brincando desonestamente com ela? (Ar., Cat., 104v) ● moîarûaba - tempo, lugar, modo, companhia, etc. de zombar, de brincar desonestamente: Ereîmomorangype nde kunhã'yba nde i moîaruagûera? - Acariciaste tua namorada com quem brincaste desonestamente? (Anch., Doutr. Cristã, II, 103)
moîoaparybyr (v.tr.) - dobrar (p.ex., uma mesa) (VLB, I, 105)
mokó (s.) - MOCÓ, mamífero roedor da família dos caviídeos (Kerodon rupestris). É como um coelho pequeno, sem orelhas nem cauda. Os índios o domesticavam para apanhar ratos. (Brandão, Diálogos, 255)
mokyrana (s.) - MUQUIRANA, piolho do corpo humano, inseto anopluro, pediculídeo (VLB, II, 78) ● mokyrana'yra - lêndeas de piolho (do corpo) (VLB, II, 20)
momboreaûsub2 (v.tr.) - compadecer-se de, ter dó de, ter piedade de: Aîmomboreaûsub. - Compadeci-me dele. (VLB, I, 78)
momiaûsub (v.tr.) - escravizar, cativar ● i momiaûsubypyra - o escravizado, o cativo: I momiaûsubypyra renosema. - Resgatar os cativos. (Ar., Cat., 18v)
mongetá3 (v.tr.) - ler: Aîmongetá. - Leio-o. (VLB, II, 20)
monguba (s.) - MONGUBA, MUNGUBA, 1) MONGUBEIRA, árvore da família das bombacáceas (Pseudobombax munguba (Mart. & Zucc.) Dugand); 2) o fruto da mongubeira (Brandão, Diálogos, 204)
monhynhyng (v.tr.) - tornar enrugado, fazer murchar (VLB, II, 44)
mooryb (v.tr.) - tornar alegre, alegrar: Xe moory-katu îepé... - Tu me alegras muito. (Anch., Teatro, 14); T'oú... Tupã oré moorypa... - Que venha Deus para nos alegrar. (Anch., Teatro, 118)
mopirian (v.tr.) - tornar listrado, listrar (VLB, II, 23)
mopixé (v.tr.) - deitar chamuscos de, queimar (p.ex., pão, farinha, etc.) (VLB, II, 77)
moran2 (v.tr.) - tornar grosseiro, fazer ficar tosco, fazer grosseiramente (VLB, I, 20)
moroîubyka (s.) - enforcamento (das pessoas): Karaibebé a'e, moroîubyka puaîtara. - Ele é o anjo que encomenda o enforcamento. (Anch., Teatro, 62)
moroîubykaba (etim. - lugar de enforcar gente) (s.) - forca (VLB, I, 141)
morombo'esaba2 (etim. - lugar de ensinar gente) (s.) - escola (VLB, I, 123)
moropotara - v. poropotara
mosugûaraîy (v.tr.) - tornar prostituta, fazer ser prostituta: Ereîmosugûaraîype nde rapixarĩ? - Fizeste tua companheira uma prostituta? (Anch., Doutr. Cristã, II, 100)
motakaba (s.) - fecho, aldrava: okena motakaba - fecho da porta (VLB, I, 136)
motebir (v.tr.) - tornar sodomita passivo, usar como mulher: Ereîmotebi-tebipe nde rapixara? - Ficaste usando como mulher o teu próximo? (Anch., Doutr. Cristã, II, 100); Ereîmotebirype abá koîpó nde motebirype abá? - Usaste um homem como mulher ou usou-te como mulher um homem? (Ar., Cat., 234, 1686)
motekokuabe'ym (v.tr.) - deixar ignorante, fazer cair em erro: ...Te'itenheumẽ mba'e amõ nde motekokuabe'yma... - Que não aconteça de alguma coisa te deixar ignorante. (Ar., Cat., 157v); oporomoaîu oîkóbo, oporomotekokuabe'yma... - Está molestando as pessoas, fazendo-as cair em erro... (Ar., Cat., 83)
moting1 (v.tr.) - 1) branquear, tingir de branco: Eîori xe 'anga reîa, i motinga... - Vem para lavar minha alma, branqueando-a. (Anch., Poemas, 170); 2) caiar (VLB, I, 62)
moting2 (v.tr.) - enjoar-se de, ficar enjoado de (inclusive falando-se de comida): Eîmoting nde rekopûera! - Enjoa-te de teu velho modo de ser! (Anch., Doutr. Cristã, II, 111)
motining (v.tr.) - tornar seco, secar (VLB, II, 114)
moupixûar (v.tr.) - tornar feiticeiro, fazer ser feiticeiro: Ereîmoupixûarype paîé, serobîá...? - Fizeste o pajé ser feiticeiro, acreditando nele? (Anch., Doutr. Cristã, II, 78)
moŷrõ (v.tr.) - 1) irar, irritar, agastar: Xe moaîu-marangatu, xe moŷrõetekatûabo, aîpó tekó-pysasu. - Importuna-me bem, irritando-me muitíssimo, aquela lei nova. (Anch., Teatro, 4); ...Pemoŷrõ Pa'i Îesu... - Irritastes o senhor Jesus. (Anch., Teatro, 42); 2) indispor (contra algo ou contra alguém: compl. com supé): Aîmoyrõ-yrõ (abá) supé. - Fiquei-o indispondo contra o homem. (VLB, I, 48, adapt.); 3) escandalizar (VLB, I, 122)
mumbuka (s.) - MUMBUCA, MOMBUCA, MOMBUCÃO, nome de uma abelha da família dos meliponídeos (Piso, De Med. Bras. IV, 178)
mundekûara (etim. - buraco de mundéu) (s.) - prisão (VLB, II, 137)
mundepora (etim. - morador de prisão) (s.) - prisioneiro: ...Mundepora amõ îepé peîmosemukar ixébe îepi... - Um prisioneiro fazeis-me sempre libertar. (Ar., Cat., 59v)
museta'yba (ou musuîta'yba) (s.) - MUCITAÍBA, árvore da família das leguminosas (Zollernia ilicifolia (Brongn.) Vogel), de madeira incorruptível e que cheira bem. Era chamada em Pernambuco de pau-santo. (Sousa, Trat. Descr., 221)
mytaîurá (etim. - jirau de andaimo) (s.) - andaimo no mato para esperar caça (VLB, I, 35)
nha'erupaba (etim. - lugar de estarem os pratos) (s.) - armário de louça (VLB, I, 32)
nheatĩapyr (v. intr.) - dar um tombo, dar cambalhota, dar um trambulhão (VLB, II, 147): Anheatĩapyr. - Dei uma cambalhota. (VLB, I, 64)
nhe'ẽmbyk (etim. - entalar as palavras) (v.tr.) - deixar atônito, deixar sem palavras: Xe nhe'ẽmbyk ahẽ. - Ele me deixou sem palavras. (VLB, I, 110)
nhe'engaíba1 (etim. - o das palavras incompletas) (s.) - gago; (adj.: nhe'engaíb): Xe nhe'engaíb. - Eu sou gago. (D'Evreux, Viagem, 157)
nhe'engapaparaíba (etim. - o mau contador de mensagens) (s.) - gabola, mentiroso; (adj.: nhe'engapaparaíb): -Nde nhe'engapaparaípe mba'epoxy resé nde ma'enduaramo? - Tu foste gabola, lembrando-te de coisas más? (Anch., Doutr. Cristã, II, 92)
nhe'engar (v. intr.) - cantar: T'îanhe'engá-mirĩ, ranhẽ, 'ara momorãngatûabo... - Cantemos um pouquinho, primeiro, para festejar bem o dia. (Anch., Teatro, 56)
nhe'engaraíb (v. intr.) - cantar (VLB, I, 66)
nhe'ẽnhe'enga (etim. - ficar falando) (s.) - discurso, sermão, NHENHENHÉM: ...abaré nhe'ẽnhe'enga renduba... - ouvir o sermão do padre (Ar., Cat., 12)
nhe'ẽnhe'engaba (etim. - lugar de ficar falando) (s.) - púlpito (VLB, II, 89)
nhe'ẽrueru (etim. - ficar vindo com as palavras) (s.) - gagueira; gago; (adj.) - gago: Xe nhe'ẽrueru. - Eu sou gago. (VLB, I, 146)
nhembo'esaba2 (etim. - lugar de aprender) (s.) - escola (VLB, I, 123)
nhemoaîu2 (v. intr.) - fazer estrondo, levantar vozerio, fazer reboliço (p.ex., após beber vinho) (VLB, I, 131; II, 98)
nhemoapŷab (v. intr.) - fazer-se homem, tornar homem: ...Aîpó potá é erimba'e nhemoapŷabi, Tupãnamo o ekó po'ire'yma. - Querendo isso, fez-se homem, não deixando de ser Deus. (Ar., Cat., 86)
nhemoapysyk2 (v. intr.) - fazer-se aquietar, fazer-se sossegar (VLB, II, 94)
nhemoarûá (v. intr.) - fazer-se humilde: Onhemoarûabo mba'eîare'yma îabé... - Fazendo-se humilde como um pobre. (Ar., Cat., 9v)
nhemoîyba (etim. - o fazer-se cozer) (s.) - suadouros (VLB, II, 122)
nhemokunumĩ (v. intr.) - fazer-se menino ● nhemokunumĩaba - tempo, lugar, modo, etc. de fazer-se menino; ato de fazer-se menino: Nde ma'enduá-katu... nde resé Tupã Ta'yra nhemokunumĩagûera resé... - Lembra-te bem de Deus-Filho ter-se feito menino por tua causa. (Ar., Cat., 249, 1686)
nhemomirĩ (v. intr.) - fazer-se pequeno: I pupé onhemonhanga, onhemomirĩ Tupã. - Dentro dela gerando-se, Deus fez-se pequeno. (Anch., Poemas, 162)
nhemopysasu (v. intr.) - fazer-se novo, renovar-se: T'îanhemopysasu, tekopûera pe'apapa. - Que nos renovemos, repelindo completamente os costumes antigos. (Anch., Poemas, 164)
nhemoryba (s.) - diversão: ...Mo'ema nde resemõ: moraseîa, nhemoryba, gûe'ena, ka'uaíba... - Mentiras sobejavam-te: danças, diversões, vômitos, bebedeiras. (Anch., Teatro, 170)
nhemoryryîe'yma (etim. - o não se fazer tremer) (s.) - desinteresse: Tupã rekó resé nhemoryryîe'yma... - desinteresse pela lei de Deus (Ar., Cat., 18)
nhemotekokuaba (etim. - o fazer-se conhecer os fatos) (s.) - entendimento, compreensão: Otupãar-y bé o nhemotekokuá-katu roîré... - Comunga também após seu bom entendimento. (Bettendorff, Compêndio, 82)
nhemoyaîa (etim. - o fazer-se suar) (s.) - suadouro (VLB, II, 122)
nhemũ2 (v. intr.) - fazer as pazes (VLB, II, 68)
nhoatõî (v. intr.) - dar golpes um no outro (VLB, II, 32)
nhoepenhana [etim. - o atacar um(s) ao(s) outro(s)] (s.) - briga (com flechadas, cutiladas, etc., não com punhadas ou agarrando-se os cabelos, que é îoîrarõ - v.) (VLB, II, 71)
nhomongakugûaba (s.) - notícia, novidade (VLB, II, 97)
nhopa'ũ (s.) - intervalo (VLB, II, 13); espaço entre duas coisas (VLB, I, 125)
nhote2 (ou îõte) (part. que expressa o aspecto lusivo) - não mais, tão somente: Asó nhote. - Fui, tão somente (ou fui por ir). (Fig., Arte, 144); Esepîak nhote xe ra'yra. - Vê, tão somente, meu filho (isto é, e não lhe faças mal). (Fig., Arte, 144); V. tb. nhõ e -'ĩ1.
obagûá (t) (s.) - entradas do rosto, os ângulos que formam os cabelos na parte superior do rosto (Castilho, Nomes, 40): Asobagûá-moín. - Pus entradas no rosto dele. (VLB, I, 119)
obasy (t) (etim. - cara ruim) (s.) - carranca, cara feia, má catadura; [adj.: obasy (r, s)] - carrancudo, mal-encarado; (xe) ficar de cara feia para, ter má catadura para: Ta sobasy umẽ i xupé, serekokatûabo... - Que não fique de cara feia para ele, tratando-o bem. (Anch., Doutr. Cristã, I, 228); Xe robasy. - Eu sou mal-encarado. (VLB, I, 140)
obaybyra (t) (etim. - margem do rosto) (s.) - topete (Castilho, Nomes, 40)
oîoîá (ou onhonhã) (adv.) - 1) em igualdade (duas coisas ou muitas): Oîoîá îandé. - Nós estamos em igualdade. (VLB, II, 9); 2) igualmente: Oîoîá marã sekóû... - Igualmente fazem o mal... (Anch., Teatro, 36); Oîoîá... osarõ nhẽ pe retama... - Igualmente guarda vossa terra. (Anch., Teatro, 52); Oîoîá kó Tupã sy îandé rerekomemûã... - Igualmente essa mãe de Deus nos maltrata. (Anch., Teatro, 142); Nde onhonhã ereîkó i mombe'ukatupyramo kunhã suí. - Tu igualmente és bendita entre as mulheres. (Thévet, Cosm. Univ., II, 925)
okangûama (r, s) - v. okanga (r, s) (VLB, II, 27)
okara (r, s) (s.) - 1) área aberta entre as ocas nas aldeias dos índios tupis; OCARA, pátio, terreiro: ...Aûnhenhẽ eresó nde rokápe enhe'engá... - Imediatamente vais para teu terreiro para cantar. (Anch., Doutr. Cristã, II, 111); Osem okarype oîase'oasykatûabo. - Saiu para o pátio chorando muito dolorosamente. (Ar., Cat., 57v); okarusu - ocara grande (Staden, Viagem, 109); 2) rua (VLB, II, 109) ● okara koty - de fora, do lado da rua (VLB, I, 92); okarype - fora, na rua (VLB, I, 141)
okytaîuba (lit, coluna amarela) (s. etnôn.) - nome de antiga nação tapuia (Cardim, Trat. Terra e Gente do Brasil, 124)
opakatumba'e (etim. - todas as coisas) (s.) - mundo (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 276)
opesyîa (t) (etim. - pálpebras pesadas) (s.) - sono, vontade de dormir; [adj.: opesyî (r, s)] - sonolento, que tem sono, que está com sono: Xe pûeraî, xe ropesyî! - Eu estou cansado, eu estou com sono! (Anch., Teatro, 44)
opykõîa (r, s) (s.) - quarto, cômodo (de uma casa) (VLB, I, 64)
osange'yma (t) (etim. - falta de paciência) (s.) - impaciência (VLB, II, 10)
pear (etim. - tomar caminho) (v. intr.) - desembarcar: O îara opeá ytupe é... - Desembarcando seu senhor na própria cachoeira. (Anch., Poesias, 269)
peasaba2 (etim. - lugar em que se toma caminho) (s.) - porto, desembarcadouro (VLB, II, 83): aîuruîuba peasaba - porto dos franceses (Knivet, The Adm. Adv., 1239)
NOTA - No P.B., -PEBA (ou -BEBA, -BÉUA, -BEVA, -PÉUA, -PEVA) aparece como elemento de composição em muitas palavras: ACARAPEBA (acará chato), ARATUPEBA (aratu chato), BOIPEBA (cobra achatada), CAMURIPEBA (camuri achatado), ITAPEBA (pedra chata), etc.
peîtika (s.) - PEITICA, ave da família dos tiranídeos, considerada de mau-agouro (Brandão, Diálogos, 230)
perereka (s.) - pulo, salto; (adj.: pererek) - pulador, que salta, saltador: îu'iperereka - rã saltadeira (Sousa, Trat. Descr., 265)
pesyma (m) (etim. - casca lisa) (s.) - lisura; (adj.: pesym) - liso (o que tem casca ou crosta) (VLB, II, 23)
pinima (m) (s.) - pinta, sarda; manchas diversas (VLB, II, 30): tobá pinima - sardas do rosto (VLB, II, 113); (adj.: pinim) - pintado, sardento; manchado; malhado de diversas cores (p.ex., o animal); (xe) ter pintas: Xe pinim. - Eu tenho pintas. (VLB, II, 78); Xe robá-pinim. - Eu tenho rosto sardento; Xe pó-pinim. - Eu tenho mãos sardentas. (VLB, II, 113); sokó-pinima - socó pintado (nome de uma ave) (Theat. Rer. Nat. Bras., I, 118) ● pinĩ-pinima - manchas diversas: Xe pinĩ-pinim. - Eu sou todo manchado. (VLB, II, 30)
pipir (v.tr.) - dobrar (por força) (VLB, I, 105)
pirá-petymbûaba - v. petymbûaba1 (Griebe, Brasil Holandês, vol. III, 54)
piratĩ (m) (etim. - saliências da pele) (s.) - varíola, bexigas (VLB, I, 55)
pitinga (m) (s.) - pinta; (adj.: piting - pintado, pintalgado): gûyrá-pitinga - ave pintada, nome de uma ave (Theat. Rer. Nat. Bras., I, 139)
pitub (v.tr.) - pintar, tingir, untar (com azeite e urucu misturados) o corpo de forma geral (VLB, I, 32): Aîpitu-pyrang. - Tinjo-o de vermelho (com urucu). (VLB, II, 128; 139) ● i pitubypyra - o que é (ou deve ser) pintado, untado: Mba'e-mba'epe asé suí i pitubypyra? - Que deve ser ungido de nós (isto é, de nosso corpo)? (Ar., Cat., 92)
pitupuku (v.tr.) - pintar, tingir, untar as pernas: Aîpitupuku. - Tinjo as pernas. (VLB, I, 32)
pobebuîa (m) (etim. - mãos leves) (s.) - ligeireza de mãos; (adj.: pobebuî) - ligeiro de mãos (diz-se do que faz tudo com presteza): Xe pobebuî. - Eu sou ligeiro de mãos. (VLB, II, 22)
poekyî (etim. - puxar as fibras) (v.tr.) - estender (p.ex., pano) (VLB, I, 128)
poîababa (m) (etim. - mãos fugidias) (s.) - diligência, destreza, presteza, ligeireza de mãos; (adj.: poîabab) - destro, ligeiro (de mãos), habilidoso, que faz as coisas com destreza: Xe poîabab. - Eu sou destro. (VLB, I, 101)
pokupé (m) (s.) - costas da mão (Castilho, Nomes, 30): Aîpokupé-petek. - Esbofeteio as costas de suas mãos. (VLB, I, 73)
popy'i (m) (etim. - mãos rápidas) (s.) - ligeireza, habilidade, destreza de mãos; (adj.) - ligeiro, destro, hábil de mãos: Xe popy'i. - Eu sou ligeiro de mãos. (VLB, II, 22); Xe popy'i emonã gûitekóbo. - Eu sou hábil em assim agir. (VLB, I, 34)
por2 (v. intr.) - saltar, pular: São João pitangĩ, tygépe o endápe... opor-oporĩ... - São João criancinha, ao estar no ventre, ficou saltando. (Anch., Poemas, 118); Toryba suí apó-por gûitekóbo. - Estou saltando de alegria. (VLB, II, 112)
por3 (v. intr.) - faltar (Fig., Arte, 92)
porenonhena (m) (etim. - castigar gente) (s.) - repreensão, admoestação (VLB, I, 68)
porenonhendaba (m) (etim. - castigo de gente) (s.) - repreensão, admoestação (VLB, I, 68)
porerobîare'yma2 (m) (etim. - não acreditar em gente) (s.) - 1) pertinácia (VLB, II, 74); contumácia, obstinação; 2) reincidência (no desprezo das leis da Igreja) (VLB, I, 81)
poroamotare'yma (m) (etim. - não querer bem as pessoas) (s.) - cólera; (adj.: poroamotare'ym) - colérico, encolerizado: Xe poroamotare'ym. - Eu estou encolerizado. (D'Evreux, Viagem, 147)
poroîukaíba1 (m) (etim. - matar gente não completamente) (s.) 1) braveza, fereza (VLB, I, 59); 2) pessoa exaltada, feroz, arrebatada, brava (VLB, I, 45)
posykyîé2 (s.) - 1) cuidado; 2) afabilidade; (adj.) - 1) cuidadoso: Na xe îuruposykyîéî. - Eu não tenho boca cuidadosa (isto é, sou destemido em falar). (VLB, I, 86); 2) afável: Na xe posykyîéî. - Eu não sou afável. (VLB, I, 86)
NOTA - No P.B., POTABA é 1) dádiva, presente; 2) legado; 3) gorjeta (in Dicion. Caldas Aulete)
po'yra (m) (s.) - contas; colar, jóia (VLB, II, 14): Aîpo'y-rung. - Coloquei colar nele. Aîepo'y-rung. - Coloquei-me colar. (VLB, I, 116); itaîu-po'yra - colar de ouro (VLB, I, 76); mo'yrobyeté - colares azuis (Léry, Histoire, 346); mbo'ykaraíba - conta benta, conta de rosário ou de terço; mbo'ypyranga - contas vermelhas, contas de coral (VLB, I, 81)
puraké3 (m) (s.) - disfarce, engano; (adj.) - disfarçado, enganoso, falso; (xe) disfarçar-se: ...I poranga nhẽ o purakéramo i xupé... - Sua beleza disfarçando-se para eles; Xe nhe'ẽ-puraké. - Eu tenho palavras enganosas, falsas. (VLB, II, 99, 122)
putupabe'yma (m) (etim. - falta de provimento) (s.) - negligência ou descuido (VLB, II, 49)
pyapasabybaté (m) (etim. - sapato alto) (s.) - sapato de salto alto de mulheres (VLB, I, 72)
pyapasapuku (m) (etim. - sapato comprido) (s.) - bota (VLB, I, 58)
py'arĩ (etim. - tomar, sem mais, o coração) (v.tr.) - saber perfeitamente, entender completamente, ser mestre em (VLB, II, 131, 110)
pyko'ẽ'ok (v.tr.) - tornar côncavo (como uma colher) (VLB, I, 30)
pynõ2 (s.) - PINÔ, var. de palmeira da Amazônia cujo fruto se come (VLB, II, 60)
pysamirĩ (etim. - puçá pequeno) (s.) - var. de rede de pescar de mão (VLB, II, 99)
pysa'ybusu (etim. - puçá de cabo grande) (s.) - var. de rede de pesca de varas compridas para rios muito fundos, nos quais se pesca da embarcação (VLB, II, 99)
pysa'ypeba (etim. - puçá de cabo chato) (s.) - var. de rede de pescar de mão (VLB, II, 99)
pysyrõ1 (v.tr.) - livrar, libertar; salvar, socorrer (VLB, II, 119); Oré pysyrõ-te îepé mba'e-aíba suí. - Mas livra-nos tu das coisas más. (Ar., Cat., 13v); ...Nde erimba'e xe pysyrõ îepé. - Tu outrora me salvaste. (Ar., Cat., 86v) ● pysyrõana (ou pysyrõsara) - o que livra, libertador; salvador: Iesu moropysyrõana - Jesus salvador da gente. (Valente, Cantigas, in Ar., Cat., 1618); pysyrõaba (ou pysyrõsaba) - tempo, lugar, modo, etc. de libertar, de salvar; libertação; salvação: ...Oromoeté-katu... nde xe pysyrõagûera resé... - Louvo-te muito por tu me teres salvado. (Ar., Cat., 87)
pytapuku (etim. - ficar longamente) (v. intr.) - demorar-se: ...Opytapuku-mirĩ bé Tupãokype... - Demora-se um pouco na igreja, também. (Bettendorff, Compêndio, 89)
pytasok (etim. - socar o calcanhar) (v.tr.) - escorar, apoiar (para que não caia); firmar (VLB, I, 123) ● pytasokaba - tempo, lugar, modo, etc. de escorar; escora (VLB, I, 123); tranca (de porta, janela, etc.) (VLB, II, 135)
pytuura (ou putuura) (etim. - bafo que vem) (s.) - vento, bafo contínuo, sem parar (p.ex. de furacão, o bafejar produzido por furo na barriga, etc.) (VLB, II, 143); (adj.: pytuur ou putuur) (xe) ventar, bafejar continuamente, sem parar (VLB, II, 143)
rema (s.) - fedor; (adj.: rem) - fedorento: Xe ybĩî-rem. - Eu tenho bafo fedorento. (VLB, I, 136) (o mesmo que nema - v.)
ruru (s.) - 1) inchamento; 2) gravidez: -Erimba'epe i xóû i xupa? -I membyra São João rurureme. - Quando foi para visitá-la? -Por ocasião da gravidez de seu filho São João. (Ar., Cat., 35); (adj.) - 1) inchado, embebido: Xe ruru. - Eu estou inchado. (Fig., Arte, 38); 2) prenhe, grávida (VLB, II, 11)
samongy (etim. - untar penas) (v. intr.) - grudar penas no corpo, emplumar-se (colando no corpo penas delicadas de várias cores com goma, mel silvestre, etc.) (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 271)
sariama (s.) - SERIEMA, SARIEMA, SIRIEMA, ave da família dos cariamídeos (Cariama cristata L.), que vive nos descampados, comendo insetos, répteis e pequenos roedores. Dorme empoleirada em árvores, em que faz ninhos. É ave típica dos cerrados e das caatingas do Brasil. (D'Abbeville, Histoire, 242; Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 203)
(interj. usada somente pela 1ª p.) - sei lá! não sei (VLB, II, 47) -Abá ra'yrape ûĩ?! -Sé! -Filhos de quem eram esses?! -Sei lá! (Anch., Teatro, 48); -Marãba'e oka? -Sé! -Que tipo de casa? -Sei lá! (Léry, Histoire, 352) ● Sé ruã! - Sei lá! (VLB, II, 8)
so'oma'e'ĩndaba (etim. - lugar de vender carne) (s.) - açougue (VLB, I, 21)
so'ombo'isaba (etim. - lugar de retalhar carne) (s.) - açougue (VLB, I, 21) (v. mbo'i)
su'uagûera (etim. - lugar de mordida que foi) (s.) - sinal deixado por mordida (VLB, II, 42)
syge'oka (s.) - pequena almadia, pequena canoa de madeira (VLB, I, 32)
tataupaba (etim. - lugar de estar o fogo) (s.) - lareira, fogão (Thevet, Cosm. Univ., 915; VLB, I, 140)
tatobapy (s.) - 1) entrada de lugar povoado, onde começam as casas (VLB, I, 119); 2) fronteira (de territórios) (VLB, I, 144) ● tatobapyygûara - habitante de fronteira (VLB, I, 144)
teîkeaba (etim. - lugar de entrar) (s.) - porta (Fig., Arte, 61)
tekomonhangaba - v. ekomonhangaba (t)
tembe'yba - v. embe'yba (t)
temimonhanga - v. emimonhanga (t)
2 (s.) - 1) ponta, saliência: Kuîa nhẽ i tĩ-ngá-tĩ-ngábo... - Das cuias quebrando as pontas. (Anch., Teatro, 168); 2) proa (de embarcação) (VLB, II, 87); 3) esporão (de barco, de navio) (VLB, I, 127)
tiá! (interj.) - Vai! Ide! Sus! Vai adiante! (Anch., Arte, 23v) ● Tiá nde ko'ema! - Bom dia! (D' Evreux, Viagem, 143)
tininga2 (s.) - héctica, doença em que se manifesta diminuição progressiva das forças; tísica (VLB, I, 131)
tĩsaba (etim. - lugar de vergonha) (s.) - os órgãos sexuais, as vergonhas (VLB, II, 144)
titinga (s.) - TITINGA, mancha branca na pele; impigem, erupção cutânea (VLB, II, 29); (adj.: titing) (xe) - ter impigem, ter TITINGA: Xe titing. - Eu tenho impigem. (VLB, II, 10); Xe tĩ-titing. - Meu nariz tem titinga. Xe py-titing. - Meus pés têm titinga. Xe pi-titing. - Minha pele tem titinga. (VLB, II, 29)
tuba1 - v. îub / ub(a) (t, t) (Anch., Arte, 58)
tuîuka1 (s.) - podridão; (adj.: tuîuk) - podre: ...I nem-eté, i tuîuketé, tasoka, ura remimongûyamone. - Serão fedorentos, serão muito podres, corroídos de vermes e de bernes. (Ar., Cat., 164)
tupeir (v. intr.) - varrer ● tupeisaba - tempo, lugar, instrumento, etc. de varrer (Piso, De Med. Bras., IV, 199)
tupinakyîa (etim. provável: os que invocam Tupi < Tupi2, nome de um personagem mítico + ekyî (s) ou ykyî (s) + suf. -a] (s. etnôn.) - TUPINIQUIM, TUPINAQUI, nome de nação indígena ou indivíduo dessa nação: Soryb, xe îabé, xe ruba tupinakyîa. - Está alegre, como eu, meu pai tupiniquim. (Anch., Poemas, 110)
tyabora (s.) - penúria, miséria, falta de mantimentos (VLB, I, 128)
NOTA - No P.B., TIBA pode ser, também, adjetivo, assim como TIBI ou TUBI (formas populares): 1) cheio, abarrotado: uma casa TIBA; um carro TIBI; 2) (NE) grande, grosso, considerável.
tyryka (s.) - recuo, afastamento, fuga; (adj.: tyryk) - arredio, arisco, que foge, que se afasta: tu'ĩ-tyryka - tuim arisco, TUITIRICA, periquito da família dos psitacídeos (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 206)
(suf. que marca o modo indicativo circunstancial): ...I kangûerĩ tiruã momba'etéû... - Até mesmo seus ossinhos cultua. (Ar., Cat., 12v); Kó xe rekóû nde reká... - Eis que aqui estou, procurando-te. (Anch., Poemas, 104); Kori i îukáû. - Hoje o matou. (Anch., Arte, 39v)
ub - v. îub / ub(a) (t, t) (Anch., Arte, 57v)
ubaxa'ynha (s.) - GRUMIXAMA, planta da família das mirtáceas (Eugenia brasiliensis Lam.) (Lisboa, Hist. Anim. e Árv. do Maranhão, fl. 179)
uke'i (s.) - 1) cunhada (de m.), mulher de seu irmão; 2) mulher de primo (de m.) (filho de tio materno); 3) concunhada (Ar., Cat., 117)
upi'a (t) (s.) - ovo (Anch., Arte, 6v): Oîoupi'a-erub. - Choca seus ovos; está deitada com seus ovos. (VLB, I, 73, adapt.); ysá rupi'a - ovos de içá (VLB, I, 142) ● upi'a-tinga (t) - clara de ovo (VLB, I, 75); upi'a-îuba (t) - gema de ovo (VLB, I, 147)
urupema (s.) - URUPEMA, URUPEMBA, GURUPEMA ou JURUPEMA, espécie de peneira com que os índios coavam mandioca, também utilizada para outros fins culinários (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 67); joeira (VLB, II, 14) ● urupemusu - var. de peneira (VLB, I, 74); urupẽ-mby'i - var. de peneira (VLB, I, 86; II, 14); urupẽ-mokanga - peneira rala (VLB, II, 14)
y2 (t, t) (s.) - 1) água; líquido (Fig., Arte, 75); 2) umidade (VLB, I, 154); 3) sumo (ainda na fruta), caldo (Anch., Arte, 13); 4) rio; [adj.: y (r, t)] - úmido: Xe ry. - Eu estou úmido; Xe rygûasu. - Eu estou muito úmido. (VLB, I, 154)
yapyĩ (v. intr.) - dar um tombo, dar cambalhota, dar um trambulhão; voltear (VLB, II, 147): Ayapyĩ. - Dei um tombo (VLB, I, 64)
'ybá (etim. - 'yba + 'a > fruto de planta) (s.) - fruta, fruto: Eva, îandé sy-ypy, onhemomotar-eté 'ybá-poranga resé... - Eva, nossa mãe primeira, atraiu-se muito pelo belo fruto. (Anch., Poemas, 178); Okuî rakó amũme 'ybarambûera o 'yba suí ybotyramo oîkóbo bé. - Caem, às vezes, os frutos das suas árvores, sendo ainda flores. (Ar., Cat., 157v); E'u ymẽ ikó 'ybá... - Não comas este fruto... (Anch., Doutr. Cristã, I, 162)
'ybanemixama (s.) - GRUMIXAMA (v. komixã) (Vasconcelos, Crônica [Not.], II, §88, 155)
'ybapaar (etim. - tirar todos os paus) (v. intr.) - roçar (VLB, II, 107)
'ybaruba (s.) - IBIRUBÁ, pitangueira-do-mato (Vasconcelos, Crônica [Not.], II, §88, 156)
ybykûara (etim. - buraco da terra) (s.) - mina (VLB, II, 38)
ybyrakûara2 (etim. - toca de madeira) (s.) - prisão (VLB, II, 137)
ybysosok (etim. - ficar socando terra) - 1) (v.tr.) - pilar taipas (p.ex., de uma casa): Aîybysosok. - Pilei-lhe as taipas. (VLB, II, 77); 2) (v. intr.) - fazer taipa de pilão: Aybysosok. - Fiz taipa de pilão. (VLB, II, 123) ● ybysosokaba - tempo, lugar, modo, instrumento, etc. de pilar taipas; pilão de socar o barro dentro dos taipais para se fazerem paredes (VLB, II, 77)
ybytimbora (etim. - fumaça da terra) (s.) - poeira (que se levanta da terra seca) (VLB, II, 79)
ybytygûaîa1 (ou ybytyûaîa ou ybytyngûaîa) (etim. - cauda de montanha) (s.) - passagem, caminho estreito entre montes (VLB, I, 82); vale: Ikó ybytygûaîa îasegûaba pupé. - Neste vale, lugar de choro. (Ar., Cat., 14v); Ybytygûaîa Îosafat seryba'epe. - No vale que tem nome Josafat. (Ar., Cat., 46v)
ybyxuma (s.) - IBIXUMA, fedegoso, arbusto de caule herbáceo (Senna occidentalis (L.) Link), da família das leguminosas, de propriedades medicinais, também chamado lava-pratos, maioba, mamangá, etc. "Serve de ótimo sabão, tendo os mesmos usos que sabão espanhol." (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 131; Theat. Rer. Nat. Bras., II, 177)
ygarupaba (etim. - lugar de estarem fundeadas as canoas) (s.) - ancoradouro de canoas (VLB, II, 83) ● ygarupá-tyba (s.) - ancoradouro usual de canoas (VLB, II, 83)
ygasaba (etim. - lugar de tomar água) (s.) - IGAÇABA, GAÇABA, QUIÇABA, pote de barro, geralmente de boca larga, para água e outros líquidos; talha de fazer cauim: ...Setá nhẽ ygasabusu... - São muitas as grandes igaçabas. (Anch., Teatro, 24); Ygasápe kaûĩ-tuîa, a'e ré, îamomotá... - O cauim transbordante nas igaçabas, depois disso, os atrai. (Anch., Teatro, 28); Tynysẽ memẽ ygasaba... - Estão sempre cheias as igaçabas... (Anch., Teatro, 34)
'yîararar (v. intr.) - fazer reservatório de água; fazer aguada (como o navio) (VLB, I, 24)
'ykûara (etim. - buraco d'água) (s.) - 1) cisterna (VLB, I, 75); 2) fonte (VLB, I, 141); 3) poço (VLB, II, 79)
yky'yra (ou yke'yra ou eky'yra) (t, t) (s.) - 1) irmão mais velho (de h.): ...Xe ryky'yra pyri. - Junto de meu irmão. (Fig., Arte, 131); Gûixóbo asobaîtĩ nde ryke'yra. - Indo eu, encontrei teu irmão. (Fig., Arte, 164); 2) primo mais velho (de h.); filho do irmão do pai (de h.); 3) sobrinho mais velho, filho do irmão (de h.) (Ar., Cat., 116v)
'ymbîasaba (etim. - lugar de se abrigar da água) (s.) - barra de porto (VLB, I, 52)
yperupinima (etim. - tubarão pintado) (s.) - nome de um peixe (VLB, II, 128)
yperuûasu (etim. - tubarão grande) (s.) - var. de tubarão (Staden, Viagem, 68)
ypygûaîa (t) (etim. - cauda do fundo) (s.) - canal do fundo de rio, talvegue (VLB, I, 65)
'ytab (v. intr.) - nadar: A'ytab. - Nado. (Anch., Arte, 51v)
'ytororombaba (etim. - lugar de jorro d'água) (s.) - valeta d'água (VLB, I, 55)
As etimologias aí dadas por Silveira Bueno não têm nenhum fundamento. Embu não significa "lugar" nem em tupi, nem em guarani, nem nas línguas gerais coloniais. Consultando o próprio Vocabulário Tupi-Guarani-Português, vemos que nem o próprio Silveira Bueno o consigna... Ademais, em que vocabulário antigo ou moderno de tupi, guarani, língua-geral ou nheengatu teria Silveira Bueno visto que "ama" é um coletivo? Em português isso acontece (como em dinheirama, por exemplo). Mas em tupi também seria assim? O autor não o esclarece.
Aragipe (recifes da BA). De ará - nome de ave psitacídea + îy - rio + posp. -pe - em, para: no rio dos arás.
Arapuá (MG). De eirapu'a - abelha da família dos meliponídeos (
Baepina (nome de vários acidentes geográficos do Brasil). De mba'eapina: coisa tosquiada, homem marinho, monstro marinho que os índios supunham existir: "Baéapina — Estes são certo genero de homens marinhos do tamanho de meninos, porque nenhuma differença têm delles; destes ha muitos, não fazem mal." (Pe. Fernão Cardim [1585], I - Do Clima e Terra do Brasil - E de algumas Cousas Notaveis que se Achão assi na Terra como o Mar, p. 56).
Boraceia (SP). De poraseîa (m) - danças.
Cajati (SP). Nome da língua geral meridional, designando uma árvore laurácea.
Cajuba, Furo do (PA). De akaîu + 'yba: pés de cajus.
Comandaí (RS). De komandá + 'y: rio das favas.
Guamirim (PR). De 'ybá + mirĩ, talvez pela língua geral meridional: frutos vermelhos, nome de uma planta melastomácea.
Ibaiti (PR). De 'yba + ayty (t): ninhos das árvores. Nome atribuído artificialmente em 1943 por um decreto-lei. (fonte: IBGE)
Ibatiba (ES). Nome dado ao distrito do Rosário em 1944. De 'ybá + tyba: ajuntamento de frutas; pomar.
Ibuaçu (CE). De 'yba + -ûasu: paus grandes.
Ipauçu (SP). De 'ypa'ũ + -usu: ilha grande.
Iraci (PE). De eíra + sy: mãe do mel, var. de abelha.
Irajá (CE). De eíra + îá: repleto de mel; repleto de abelhas.
Irajá (RJ). De eíra + îá: que está repleto de mel.
Irapé (SP). De eîrara + (a)pé (r, s): caminho das iraras.
Irara (MG). De eîrara: animal mustelídeo.
Itamarandiba (MG). Nome dado em 1923 (fonte: IBGE). Apesar de o ato de nomeação ser artificial, neste caso, o topônimo é antigo: "(...) ao mesmo Dom Rodrigo fêz entrega da feitoria do Arraial de São João e das Minas até Itamirindiba." (Pedro Taques, Notícias das Minas, p. 82); "(...) deixando descuberto todo aquelle espaço partirão para Itamarandiba que hé Rio muito fertil de peixe e propriamente significa Pedra pequena e buliçosa (...)." (Luiz dos Santos Vilhena [1801], p. 677). De itá + mirĩ + tyba: ajuntamento de pedras pequenas.
Ivaporunduva (SP). De 'ybapurunga + tyba: ajuntamento de ibapuringas, nome de uma árvore.
Jacuacanga (nome de baía do RJ). De îaku-akanga (cabeça de jacu), plantas zingiberáceas.
Jiriba (córrego da BA). De îuruba: juruva, jeruva, jiriba, var. de papagaio (Brandão, Diálogos, 229)
Jundiaquara (rio de Ubatuba, SP). De îundi'a - jundiá + kûara: toca de jundiás, peixes pimelodídeos.
Macambira (PI). De tymakambira, planta da família das bromeliáceas (Libri Princ., vol. II, 27)
Miracica (PE). De pirá + syka: chegada dos peixes. Não é nome do tupi clássico, já que chegar por água, nessa língua, é îepotar (v.).
Mogi-Guaçu (SP). De moîa, mboîa - cobra + 'y - rio + -ûasu - suf. de aumentativo: rio grande das cobras.
Mogi-Mirim (SP). De moîa, mboîa - cobra + 'y - rio + mirĩ - pequeno: rio pequeno das cobras.
Morangaba (RJ). De poranga (m) + suf. -aba: beleza, lugar de belezas. Não é nome antigo.
Piracema (SP). De pirá + sema: saída de peixes.
Piraí (RJ). De pirá + 'y: rio dos peixes.
Pirajibu (SP). De pirá + îereb/a + 'y: rio dos peixes lisos, rio das pirajebas, peixes lobotídeos.
Pirambu (SE). De pirambu: peixes barulhentos, peixes hoemulídeos, também conhecidos como roncadores.
Pirangaí (RJ). De pyranga + 'y: rio das pirangas (v. Piranga2).
Pirangi (SP). De pirá + ãî/a (r, s) + 'y: rio dos peixes dentados, rio das piranhas.
Pirapitingui (SP). De pirá + piting/a + 'y: rio dos peixes pintados.
Piraquê (RJ). De pirá + eîké (t): entrada dos peixes.
Piratuba (SC). De pirá + tyba: ajuntamento de peixes.
Piraúba (MG). De pirá - peixe + a'uba - excremento (VLB, II, 135): excrementos de peixes, i.e., âmbar.
Puçá (PI). De pysá, var. de rede de pesca.
Quiririm (rio de Ubatuba, SP). De kyrirĩ: silencioso.
Tetéu (PI). De (ûyrá)te'õte'õ - ave caradriídea.
Traicis, Rochedo das (PE). De ybytyra + ysy (t): fileira de morros.
Tupanaci (PE). De tupana + sy: mãe de Deus.
Tupantuba (RS). De Tupã + tuba: Deus Pai.
Tuparetama (PE). De Tupã + etama (t): terra de Deus.
_____Lírica Portuguesa e Tupi. São Paulo, Edições Loyola, 1984.
MELATTI, Júlio Cézar, Índios do Brasil. Editora da Universidade de Brasília / HUCITEC, São Paulo-Brasília, 1993.
REY-DEBOVE, Josete, "La Lexicographie". In Langages: 19, set., Larousse, Paris, 1970.
Phonologie der Tupinambá-Sprache (Tese de Doutorado). Universidade de Hamburgo, 1959.
(Leite) LEITE, Serafim, História da Companhia de Jesus no Brasil. 10 vols. Lisboa, Livraria Portugália; Rio de Janeiro, Ed. Civilização Brasileira, 1938-1950.
'arypy (s.) (etim. - 'ara; ypy) - domingo | sunday | - - (TPK, 2024, 125) - neologismo
îasytatatyba (s.) (etim. - îasy; atá; tyba) - galáxia | galaxy | - - (TPK, 2024, 113) - neologismo
îasytatabebé (s.) (etim. - îasy; atá; bebé) - estrela cadente | shooting star | - - (TPK, 2024, 114) - neologismo
'aramokõîa (s.) (etim. - 'ara; mokõîa) - segunda-feira | monday | - - (TPK, 2024, 125) - neologismo
'aramosapyra (s.) (etim. - 'ara; mosapyra) - terça-feira | tuesday | - - (TPK, 2024, 125) - neologismo
'arairundyka (s.) (etim. - 'ara; oîoirundyka) - quarta-feira | wednesday | - - (TPK, 2024, 125) - neologismo
'arambó (s.) (etim. - 'ara; pó) - quinta-feira | thursday | - - (TPK, 2024, 125) - neologismo
'aramboîepé (s.) (etim. - 'ara; pó; oîepé) - sexta-feira | friday | - - (TPK, 2024, 125) - neologismo
'arambomokõîa (s.) (etim. - 'ara; pó; mokõîa) - sábado | saturday | - - (TPK, 2024, 125) - neologismo
afastar - eîyî (s); pe'a; pe'arung; moîepe'a
baba - tendysyryka
caldo - ty2; typûera
casar (tr.) - momendar
caspa (do corpo, carepa) - piku'i
cinza (de fogo) - tanimbuka
colar1 (v.) - moîepotar
continuar - (intr.): îepotabẽ; (tr.): moîepotabẽ
depressa - korite'ĩ; taûîé
dividir - mbo'ir; moîa'ok
espinha - (de peixe): kanga; (da pele): kuruba
guiar - pokok; pekuabe'eng; erekó
honrar - moeté; momba'eté; moangaturam
humilhar-se - nhemomboreaûsub
lança - mimbuku; itamina
lavar - eî (-îo-s-); moîasuk; (lavar roupa, batendo): patuká
maldade - tekopoxy; marã; angaîpaba; poxy (m)
manar - 'ẽ; 'em ● manar em borbotões: bur
migalha - kurubipûera
mim - ixé, xe ● para mim: ixébe, xebe
multiplicar - irumõ; moetá; moîo'ar
- ku'i; tybyra
publicamente - te'yîpe; ikatupe
puxar - ekyî (s); (puxar por corda): samysyk; motyk
rapidamente - korite'ĩ; taûîé
revirar - pobur; poekar
rezar - îeruré; tupãmongetá
romper - mondorok; ká (-îo-)
sedento - (s.): 'useîbora; 'useîbor/a
subir - îeupir ● fazer subir consigo; subir com: eroîeupir
troco (= o que se dá em troca) - tepy
umidade - ty2; yby'y; akymaíba
abo'o (s) (v.tr.) - pelar (p.ex., o leitão); depenar (p.ex., ave): Asabo'o.- Pelei-o. (VLB, II, 70); Aî'apir-abo'o. - Eu lhe pélo o couro cabeludo. (VLB, II, 70)
aîaká (s.) - cesto, JACÁ (VLB, I, 71) (o mesmo que îaká * - v.)
akutitere'yba (s.) - CUTIRIBÁ, CUCUTIRIBÁ, CUTITIRIBÁ, árvore grande da família das sapotáceas (D'Abbeville, Histoire, 219v)
amanybá (etim. - fruta de chuva) (s.) - saraiva, granizo, chuva de pedra (VLB, II, 69)
ambuba (s.) - monco, ranho, muco espesso do nariz (D'Evreux, Viagem, 158; VLB, II, 40)
'amopikytĩ (etim. - cortar o prepúcio) (v.tr.) - circuncidar, cortar o prepúcio: Aî'amopikytĩ. - Cortei-lhe o prepúcio. (VLB, I, 74) ● i 'amopikytĩpyra - o que é circuncidado, o que tem o prepúcio cortado (VLB, I, 74)
amõroré (s.) - eternidade; (adj.) - eterno, inextinguível: ...Yby apyterype tatá-amororé ogûeba'erame'yma monhanga... - No meio da terra fazendo um fogo inextinguível, que não se apagará. (Ar., Cat., 38)
amoypyra (os que ficaram no lugar de outros < amõ + oŷpyra) (s. etnôn.) - AMOIPIRA, nome de povo indígena que vivia às margens do rio São Francisco (Vasconcelos, Crônica [Not.], I, §151, 110)
angapeẽamẽ (s.) - o que não há, o que falta: Ybyrá angapeẽamẽ. - Madeira é o que falta. (VLB, II, 15)
angari (conj.) - portanto, por isso: Angari abaregûasu kori arogûatá. - Por isso, ando com o provincial hoje. (Anch., Poesias, 56)
angé (t) (s.) - pressa; [adj.: angé (r, s)] - apressado; (xe) - ter pressa: Xe rangé. - Eu estou apressado; eu tenho pressa. (VLB, II, 85)
anhẽ2 (t) (s.) - pressa; [adj.: anhẽ (r, s)] - 1) apressado; (xe) ter pressa: Xe ranhẽ. - Eu estou apressado. (VLB, I, 39); Reîá-anhẽ ... pitangĩ supé oú. - Os reis apressados junto ao nenenzinho vieram. (Anch., Poemas, 192); 2) temporão (p.ex., o fruto): Xe ranhẽ. - Eu sou temporão. (VLB, II, 126); (adv.) às pressas; apressadamente: Aîapó-anhẽ-anhẽ. - Faço-o muito apressadamente. (VLB, I, 39); ...Kapi'ĩ anhẽ rerupa. - Capim às pressas colocando. (Anch., Poemas, 130)
anhumatiroba (etim. - folha de esporão de anhuma) (s.) - melancia, planta herbácea da família das cucurbitáceas [Citrullus lanatus (Thunb.) Matsum. & Nakai], de origem africana (VLB, I, 51)
aobasyka (etim. - roupa cortada) (s.) - gibão; jaqueta (VLB, I, 148)
aoku'asandoka (etim. - roupa de metades desunidas) (s.) - pelote (VLB, II, 71)
aopuku (etim. - roupa comprida) (s.) - roupão, saio alto; loba (nome de vestido antigo) (VLB, II, 23; 108)
aopyranga (etim. - roupa vermelha) (s.) - púrpura: Amõ aopyranga mondepa sesé. - Uma púrpura colocando nele. (Ar., Cat., 60)
aosyryryka (etim. - roupa que se arrasta) (s.) - vestido comprido, loba (VLB, II, 23)
apapuba (s.) - frouxidão, moleza; (adj.: apapub) - frouxo (p.ex., arco), mole, brando; (xe) afrouxar: Xe apapub. - Eu afrouxei. (VLB, I, 23); Eu estou frouxo. (VLB, I, 144)
apek (s) (v.tr.) - 1) SAPECAR, queimar de leve (os pêlos), chamuscar: Xe posaká, xe ratã; oroapek; oroesyne... - Eu sou moçacara, eu sou forte; sapecar-te-ei, assar-te-ei. (Anch., Teatro, 162); Peîori, perasó muru, supi, îandé ratápe sapeka... - Vinde, levai os malditos, erguendo-os, para sapecá-los em nosso fogo. (Anch., Teatro, 90); 2) tostar: Esapek u'i amõ. - Tosta alguma farinha. (Léry, Histoire, 367)
apepyxagûana (s.) - precinta de embarcação (VLB, II, 84)
'apiku'i (etim. - pó da pele da cabeça) (s.) - caspa da cabeça (Castilho, Nomes, 29)
apó4 (s.) - grossura; (adj.) - grosso, cheio: ty-apogûasu - água cheia grande, maré alta (VLB, I, 24)
apopé1 (t) (s.) - esporão (de galo, etc.): ...Gûyrá-sapukaîa îabé ereîetu'u... Nde atõî nhote abá, aûnhenhẽ eresó nde rokápe enhe'engá, nde rapopé moboka i xupé. - Como um galo te deitas. Somente te toca alguém, imediatamente vais para o teu terreiro para cantar, teu esporão arrebentando contra ele. (Anch., Doutr. Cristã, II, 111)
apupa'ũmbirar (s) (v.tr.) - escarrapachar, abrir muito (as pernas) (VLB, I, 123)
apupa'ũmeká (s) (v.tr.) - escarrapachar, abrir muito (as pernas) (VLB, I, 123)
apupa'ũmombok (s) (v.tr.) - escarrapachar, abrir muito (as pernas) (VLB, I, 123)
apyrasye'yma (s.) - eternidade, infinitude; (adj.: apyrasye'ym) - eterno, sem fim, sem extremo: tekobé-apyrasye'yma - vida eterna (Anch., Doutr. Cristã, II, 112)
apysá1 (s.) - ouvido; (adj.) (xe) - ter ouvido: Na pe apysáî, îandu. - Não tendes ouvidos, como de costume. (Anch., Teatro, 40) ● apysá-ygugûá - cera dos ouvidos (VLB, I, 70)
ara (t) (s.) - espiga (p.ex., de milho): sara - espiga dele (VLB, I, 126)
aruru (s.) - tristeza, estado de JURURU, melancolia; (adj.) - triste, JURURU, tristonho, melancólico: Nde arurupe abá nde rapixara rerekó-katureme? - Tu te entristeceste ao alguém tratar bem teu próximo? (Ar., Cat., 102); Xe aruru (ou Xe aruru nhẽ). - Eu estou triste. (VLB, II, 45)
asem (r, s) (xe) (v. da 2ª classe) - 1) gritar (de dor, para que acudam, etc.): - Nde rasẽ, eîeapirõ! - Grita tu, lamenta-te! (Anch., Teatro, 42); Ta sasẽ, oîasegûabo! - Que eles gritem, chorando! (Anch., Teatro, 56); Aûnhenhẽ sasẽ-sasemamo... - Imediatamente ficaram gritando... (Ar., Cat., 59v); 2) ganir (o cão em que batem) (VLB, I, 146)
atagûasu (t) (etim. - grande fogo) (s.) - bomba de fogo (VLB, I, 57)
-aûam (suf.) - contração de -(s)ab + ram (v.)
-aûer (suf.) - contração de -(s)ab + -pûer (v.)
aûîé4 (conj.) - no mais (VLB, II, 50); ora, ora não mais (VLB, II, 58)
a'ykaba (etim. - vespa de bicho-preguiça) (s.) - nome de uma vespa (VLB, I, 55)
bakupûá (s.) - peixe da família dos oncocefalídeos, (Sousa, Trat. Descr., 287)
bebé (v. intr.) - voar: ...Obebé îandé suí. - Voa para longe de nós. (Anch., Poemas, 186); Abebé kó ybytu îá. - Vôo como este vento. (Anch., Teatro, 40); ...Ybytyrybo gûibebébo, asó tupi moangaîpapa... - Pelos montes voando, fui para fazer pecar os tupis. (Anch., Teatro, 140); Irõ, xe îar, abebé. - Pronto, meu senhor, voei. (Anch., Teatro, 146)
byter (ou byterĩ) (adv.) - ainda (É usado com o verbo auxiliar 'i / 'é. Leva o verbo principal para o gerúndio.): A'é byter i monhanga. - Ainda o faço. (VLB, I, 28); A'é byter nde raûsupa. - Ainda te amo. (Fig., Arte, 161); A'é byter aîpó gûi'îabo. - Ainda digo isso. E'i byté-byterĩ ahẽ xe amotare'yma. - Ainda, ainda me odeia fulano. (VLB, II, 74)
ebinhỹ (r, s) (xe) (v. da 2ª classe) - escafeder-se, sair escondido e com medo: Xe rebinhỹ gûixóbo. - Indo, eu me escafedo. (VLB, I, 122)
ebykasy-pyranga (t) (etim. - diarréia vermelha) (s.) - diarréia com eliminação de sangue; [adj.: ebykasy-pyrang (r, s)] (xe) - ter diarréia com sangue: Xe rebykasy-pyrang. - Eu tenho diarréia com sangue. (VLB, I, 64)
(s) (v.tr.) - limar, ralar: Aseé. - Ralo-o. (Anch., Arte, 28; Fig., Arte, 110); Seébo. - Ralando-o. (Fig., Arte, 110; VLB, II, 22)
eíra1 (s.) - mel de abelhas (VLB, II, 35; Piso, De Med. Bras., IV, 178)
ekokuab2 (ou ekokugûab) (s) (v.tr.) - julgar; sentenciar: ...Abaré serekoara aé t'osekokuab. - O próprio padre responsável por eles que o julgue. (Ar., Cat., 128v)
ekoporeaûsuba1 (t) (s.) - moleza; [adj.: ekoporeaûsub (r, s)] - mole, molengão: Xe rekoporeaûsub. - Eu sou molengão. (VLB, II, 40)
ekopotar (r, s) (xe) (v. da 2ª classe) - intentar, determinar: Emonã nakó xe rekopotari. - Assim, na verdade, eu determinei. (VLB, II, 13)
ekoruînhẽ (r, s) (xe) (v. da 2ª classe) - adoecer, ficar ou estar adoentado: Xe rekoruînhẽ. - Eu estou adoentado. (VLB, II, 29)
ekoruruînhẽ (xe) (r, s) (v. da 2ª classe) - adoecer, ficar ou estar adoentado: Xe rekoruruînhẽ. - Eu estou adoentado. (VLB, II, 29)
ekosûer (r, s) (xe) (v. da 2ª classe) - durar muito, ser longevo, existir muito tempo: Na xe rekosûeri. - Eu não duro muito. (VLB, I, 147); Xe rekosûé-katu. - Eu sou muito longevo. (VLB, II, 145)
embyrĩ (r, s) (xe) (v. da 2ª classe) - escafeder-se, sair escondido e com medo: - Xe rembyrĩ gûixóbo. - Eu me escafedo ao ir. (VLB, I, 122)
emyra (t) - v. embyra2 (t)
endyendyîab (r, s) (xe) (v. da 2ª classe) - chamejar (o fogo), cintilar (as estrelas) (VLB, II, 25)
endyîaîab (r, s) (xe) (v. da 2ª classe) - resplandecer, brilhar extensamente (como uma multidão de lumes, de candeias, de lâmpadas, etc.) (VLB, II, 25)
endyîuî (r, s) (xe) (v. da 2ª classe) - escumar, lançar espuma pela boca, espumar: Xe rendyîuî. - Eu espumei. (VLB, I, 124)
e'õ'ar (r, s) (xe) (v. da 2ª classe) - desmaiar: Xe re'õ'ar. - Eu desmaiei. (VLB, I, 99)
epenhang (s) - v. epenhan1 (s) (VLB, I, 59)
epyme'eng (s) (v.tr.) - 1) pagar, pagar por, pagar tributo por: Asepyme'eng. - Paguei-o. (VLB, II, 62); Osepyme'engype erimba'e emonã o ekoagûera...? - Pagou outrora por seu proceder assim? (Anch., Doutr. Cristã, I, 163); Asepyme'eng (abá) supé. - Paguei-o ao homem. (VLB, I, 146, adapt.); 2) dar recompensa por, resgatar ● osepyme'engyba'e - o que paga, o que resgata (Ar., Cat., 168v); epyme'engara (t) - o que resgata, o que paga: ...Ikó 'ara pupé bé o angaîpagûera repyme'ẽngatusarûera ybakype aûnhenhẽ serasó-uká... - Fazendo levar imediatamente para o céu os que resgataram bem seus pecados ainda neste mundo. (Ar., Cat., 159); epyme'engaba (t) - tempo, lugar, modo, etc. de pagar, de resgatar; pagamento, resgate: Ndaeroîaî... o ekoangaîpagûera repyme'engagûama resé o putupabamo. - Nem por isso se importa com o resgate de seus antigos pecados. (Ar., Cat., 155)
era (t) (s.) - nome: Aîpó nhõ-pipó nde rera? - Esse somente é, de fato, teu nome? (Anch., Teatro, 44); Ta setá-katu xe rera! - Que sejam muitos os meus nomes! (Anch., Teatro, 64); Xe rera "Kururupeba". - Meu nome é "Sapo Achatado". (Anch., Teatro, 90); "Santa Maria" sera... - Santa Maria é o seu nome. (Anch., Poemas, 88); I porãngatu nde rera. - É muito belo o teu nome. (Anch., Poemas, 104); [adj.: er (r, s)] - nomeado; (xe) ter nome: Xe rer. - Eu tenho nome. (VLB, II, 50) ● seryba'e - o que tem nome, o chamado: Gûaîxará seryba'e... - o que tem nome Guaixará, o chamado Guaixará (Anch., Teatro, 6); sere'ymba'e - o que não tem nome, o não batizado: Ereîkópe sere'ymba'e amõ resé? - Vives com alguma não batizada? (Anch., Doutr. Cristã, II, 89)
erok2 (v.tr.) - retirar: Aînhubã-rok. - Retirei o invólucro dele. (VLB, I, 98)
eropîá (v.tr.) - desviar consigo, levar consigo (o que seguiria outro curso): Aropîá. - Desviei-o comigo. (VLB, I, 101); Xe reropîápe abá ri, kûepe nhẽ xe rerasóbo xe rapé-katu suí? - Levou-me alguém consigo, por acaso, para longe me levando do meu bom caminho? (Anch., Teatro, 160)
eropûar (v.tr.) - golpear com, bater com: ...I akanga resé a'e takûara reropûá. - Em sua cabeça batendo com aquela cana. (Ar., Cat., 60v); ...Ereropûar ybyrá nde remirekó resé! - Bateste com um pau na tua esposa! (Anch., Teatro, 168)
esaîyra (t) (s.) - menina dos olhos (Castilho, Nomes, 38)
esatinga (t) (etim. - brancura do olho) (s.) - 1) belida, névoa ou mancha esbranquiçada na córnea do olho; 2) esclerótica, o branco do olho (Castilho, Nomes, 38); 3) catarata (dos olhos) (VLB, I, 69)
e'yĩ (s) (v.tr.) - coçar: Ase'yĩ. - Cocei-o. (VLB, I, 76)
gûaîbĩ-paîé (etim. - velha pajé) (s.) - var. de dança; modo de saltar (Vasconcelos, Crônica, [Not.], I, §143, 107); Nieuhof, Ged. Reize, 217-218)
gûarará2 (s.) - peixe da família dos ciprinodontídeos (Sousa, Trat. Descr., 296)
gûaratereba (s.) - peixe da família dos carangídeos (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 172)
gûareruá (s.) - peixe da família dos pomacentrídeos (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 178)
gûyraenõîa (etim. - o chama-pássaros) (s.) - ave da família dos cerebídeos (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 209)
gûyrapongoby (etim. - guiraponga verde) (s.) - nome de uma ave (Theat. Rer. Nat. Bras., I, 150)
gûyri (loc. posp.) - abaixo de (em sentido pontual); menos (comparativamente); menor que: xe gûyri bé - menor ainda que eu (VLB, II, 35); xe gûyri - abaixo de mim, mais pequeno que eu (Anch., Arte, 41) ● gûyri nhote - menor ou menos que: akûeîa gûyri nhote - menos ou menor que aquele (VLB, II, 28); gûyri-pyryb (ou gûyri-pyrybĩ) - algum tanto menor, um pouco menor ou menos que (VLB, II, 35)
îakugûará (s.) - peixe da família dos calorrinquídeos, do Atlântico (VLB, II, 70)
îa'ok (v. intr.) - 1) apartar-se, separar-se (p.ex., os caminhantes, etc.): Oroîa'ok oré îosuí. - Separamo-nos uns dos outros. (VLB, I, 38); Aîa'ok. - Aparto-me. (Fig., Arte, 102); 2) distinguir-se: ...A'e anhẽ mosapyr pessoaamo i îa'oki... - Eles, na verdade, em três pessoas se distinguem. (Anch., Doutr. Cristã, I, 134)
îararakopeba - nome de uma serpente, o mesmo que îararakapeba (Cardim, Trat. Terra e Gente do Brasil, 32)
îase'opyoú (s.) - rouquidão; (adj.) - rouco: Xe îase'opyoú. - Eu estou rouco. (VLB, I, 117)
îebyîebyra (s.) - procissão: Opabenhẽ gûá sóû îebyîebybo... - Todos vão em procissão. (Ar., Cat., 125, 1686)
îebyîebysaba (s.) - procissão: ...Ebokûé 'ara pupé gûá osa'ang ladainhas îebyîebysaba rupi. - Nesse dia proferem as ladainhas ao longo da procissão. (Ar., Cat., 125)
îemongatyrõ (ou nhemongatyrõ) (v. intr.) - enfeitar-se, adornar-se, ornar-se: Oîemongatyrõmo, abá o potara potá... - Enfeitando-se, querendo que as pessoas o desejem. (Ar., Cat., 71); Anhemongatyrõ. - Enfeitei-me. (VLB, I, 115)
îepun (v. intr.) - reavivar-se, renovar-se, avivar-se, recrudescer (p.ex., chaga, ódio, inimizade, etc.) (VLB, II, 101): ...T'oîepun xe marandûera! - Que recrudesça minha antiga maldade! (Anch., Teatro, 18)
îepytasok1 (etim. - firmarem-se os pés) (v. intr. compl. posp.) - firmar-se (como o que vai levantar algo pesado para não escorregar), suster-se, escorar-se [em algo: compl. com esé (r, s)]: Aîepytasok (mba'e) resé. - Escorei-me em algo. (VLB, I, 131, adapt.)
îepytasok2 (etim. - firmarem-se os pés) (v. intr.) - combater, ter encontro (com inimigos) (VLB, I, 114)
îeraba (s.) - frouxidão; (adj.: îerab) - solto, frouxo, desatado: -Marã e'ipe Tupã i tĩ-îeraba repîaka? -Que disse Deus vendo seu frouxo pudor? (Ar., Cat., 41)
îerebusu1 (etim. - volta grande) (s.) - nome de uma ave da família dos catartídeos, do grupo dos urubus (D'Abbeville, Histoire, 182v)
Îerebusu2 (etim. - volta grande) (s. antrop.) - nome de índio tupi (D'Abbeville, Histoire, 182v)
îesapy'a (v. intr.) - 1) antecipar-se muito (VLB, I, 36); 2) apressar-se muito (VLB, I, 47)
îetanonga (s.) - oferenda; presente dado ao pajé para obter algum favor (vitória na guerra, etc.): Ererobîápe îetanonga'uba? - Acreditas em falsas oferendas? (Ar., Cat., 98v)
inimbó2 (s.) - INIMBÓ, arbusto da família das leguminosas-cesalpinoídeas (Caesalpinia bonduc (L.) Roxb.), comum no litoral do Brasil tropical, sendo armado de espinhos. (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 12)
-îo-3 (ou -nho- em ambientes nasais) (pron. obj. de 3ª p. usado com temas verbais monossilábicos): ...I akanga t'ereîoká. - Que quebres suas cabeças. (Anch., Teatro, 46); ...Asé 'anga ereîosub. - Nossa alma visitas. (Anch., Poemas, 102); Anhopan. - Aparei-o. (VLB, I, 134)
îogûerekó2 (etim. - combater um ao outro) (s.) - batalha (VLB, I, 53), escaramuça, peleja (VLB, I, 123), guerra já travada (VLB, I, 152)
îogûerekoaíba (etim. - combater um ao outro não completamente) (s.) - injúria (com palavras) (VLB, II, 12)
irõ2 (conj.) - portanto, pois, enfim: -Ké muru ruri obébo? -Irõ n'i ate'ymangáî! -Não é que o maldito veio voando? -Portanto, não é, de modo algum, preguiçoso! (Anch., Teatro, 24); Irõ oropokosub! - Portanto, prendo-te! (Anch., Teatro, 48); Irõ, oîepé tiruã pecado n'aromanõî! - Portanto, não morri com um pecado sequer! (Anch., Teatro, 172); Irõ bé! - Enfim, de volta! (Anch., Teatro, 134)
itaesakanga (etim. - pedra luzente) (s.) - cristal (VLB, I, 86)
itagûyrusu (etim. - fundão de pedras) (s.) - furna em penedos ou rochas (VLB, I, 145); lapa em pedras (VLB, II, 18)
itaoba (etim. - roupa de ferro) (s.) - couraça: itaoba i apenhugûã-nhugûanyba'e - couraça com lâminas (VLB, I, 85)
itapesyryka (etim. - pedra achatada escorregadia) (s.) - 1) laje de rio; 2) água que corre por laje de rio, escoamento sobre laje (VLB, I, 24)
Itapuku (etim. - pedra comprida) (s. antrop.) - nome de índio tupi (D'Abbeville, Histoire, 362)
itapukusama1 (etim. - corda de ferro comprido) (s.) - corrente de ferro (VLB, I, 62); espécie de corrente, argola com corrente de ferro que prende alguém pela parte inferior da perna (VLB, I, 59; D'Abbeville, Histoire, 183v)
itau'ubatĩ (etim. - ponta de flecha de ferro) (s.) - seta de ponta (VLB, II, 66)
Itaukaîa (etim. - choça de pedra) (s. antrop.) - nome de índio tupi (Anch., Poesias, 262)
itau'usama (etim. - corda de flecha de ferro) (s.) - arpão, arpoeira, farpão para arpoar peixes (VLB, I, 41, 135)
itayby'ama (etim. - terra erguida de pedras) (s.) - rocha; rochedo (VLB, II, 107)
itayîuîa (etim. - pedra espumante) (s.) - sabão (VLB, II, 110): Itayîuîa pupé aîkytyk. - Com sabão esfreguei-o. (VLB, I, 117)
îuatĩ (etim. - ponta de juá) (s.) - espinho: -Mba'epe onong i akanga 'arybo? -Îuatĩ-embó apynha... -Que puseram sobre sua cabeça? -Uma argola de vergônteas de espinhos. (Ar., Cat., 60v)
îurepeba (s.) - JURUBEBA (v. îurebeba)
îuripeba (s.) - JURUBEBA (V. îurebeba)
îurubeba (s.) - JURUBEBA, o mesmo que îurebeba (v.) (Frei Vicente do Salvador, História do Brasil, I, cap. vii)
îurué (xe) (etim. - sabor de boca) (v. da 2ª classe) - apetecer; dar vontade de comer; ter vontade de comer; ter apetite: Na xe îuruéî. - Não me dá vontade de comer. (Léry, Histoire, 367)
îurukapeba (s.) - peixe da família dos serranídeos, também chamado itaîara (v.) (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 146-147)
îurumopyko'ẽ (etim. - concavidades dos cantos da boca) (s.) - covas do rosto (Castilho, Nomes, 32)
îurupopy (etim. - ponta da boca) (s.) - os cantos da boca (Castilho, Nomes, 33)
îyapara (etim. - ferramenta torta) (s.) - foice: N'ererupe îyapara? - Não trouxeste foices? (Léry, Histoire, 345)
îyatĩmuku (etim. - ferramenta pontuda comprida) (s.) - escopro, instrumento de cortar usado por carpinteiros, entalhadores, estatuários, etc. (VLB, I, 123)
îyatĩmukupyûaîa (etim. - ferramenta pontuda comprida e côncava) (s.) - goiva, instrumento de marceneiro (VLB, I, 148)
îykûara (etim. - ferramenta de buraco) (s.) - machado (VLB, II, 27)
îynambikûara (etim. - ferramenta de buraco de orelha - v. nota em îykûara) (s.) - var. de machado (VLB, II, 27)
îyoby (etim. - ferramenta verde) (s.) - cunha de pedra usada principalmente antes da conquista portuguesa (VLB, I, 87)
2 (-îo-) (v.tr.) escarrapachar, abrir (p.ex., as pernas) (VLB, I, 19; 123)
ka'aakanga (etim. - folha-de-cabeça) (s.) - nome de uma planta (Theat. Rer. Nat. Bras., II, 226)
ka'aaxyma (etim. - folha lisa) (s.) - var. de mandioca (Vasconcelos, Crônica [Not.] II, §75, 149-150)
ka'ae'õ (etim. - folha desmaiada, folha morta) (s.) - dormideira, sensitiva ou juqueri, variedade de leguminosa-mimosoídea (Mimosa pudica L.) (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 73) "...Tocadas pela mão,... contraem as folhas, que logo depois, porém, se reabrem." (Piso, De Med. Bras., 202). O mesmo que îukeri (v.).
ka'aîandy'ûaba (etim. - folha em que se come óleo) - o mesmo que ka'apomonga (v.) (Piso, De Med. Bras., 197)
ka'ataîa (etim. - folha ardida) (s.) - 1) mostarda (VLB, II, 43); 2) planta escrofulariácea do gênero Lindernia, conhecida pelos nomes vulgares de mata-cana e orelha-de-rato (Piso, De Med. Bras., 199; Theat. Rer. Nat. Bras., II, 219)
ka'ayapûana (etim. - folha cheirosa) (s.) hortelã, planta rasteira da família das labiadas, principalmente as do gêneros Mentha e Peltodon (VLB, I, 153; II, 59)
kabaoîuba (etim. - vespa da roupa amarela) (s.) - inseto himenóptero da família dos vespídeos, de espécie indeterminada.... "São amarelas e criam nas tocas das árvores e são mais cruéis que todas..." (Sousa, Trat. Descr., 240)
kabatĩ (etim. - vespa pontuda) (s.) - inseto da família dos vespídeos (VLB, I, 55)
kabobaîuba (etim. - vespa de cara amarela) (s.) - var. de CABA, de vespa, inseto himenóptero da família dos vespídeos (VLB, I, 55)
kapara (etim. - folha torta) (s.) - planta de folhas largas, usadas para cobrir casas (Sousa, Trat. Descr., 225)
kapyrok (v.tr.) - excitar: Ereîkapyrokype nde ra'y-pupuka potá? - Excitaste-o, querendo ejacular teu sêmen? (Anch., Doutr. Cristã, II, 90)
karaîá (s. etnôn.) - CARAJÁ (nome de nação indígena tapuia). "Vivem no sertão da parte de São Vicente. Foram do Norte, correndo para lá; têm outra língua." (Cardim, Trat. Terra e Gente do Brasil, 126): -Marãpe pe robaîara rera? -Marakaîá, gûaîtaká, gûaîanã, karaîá, kariîó. -Quais os nomes dos vossos inimigos? -Maracajás, goitacazes, guaianás, carajás, carijós. (Léry, Histoire, 354)
kariîó (s. etnôn.) - CARIJÓ, CARIÓ, CÁRIO, nome de nação indígena: -Marãpe pe robaîara rera? -Marakaîá, gûaîtaká, gûaîanã, karaîá, kariîó. -Quais os nomes dos vossos inimigos? -Maracajás, goitacazes, guaianás, carajás, carijós. (Léry, Histoire, 354)
kasunununga (etim. - vespa que fica zunindo) (s.) - CAÇUNUNGA, var. de vespa social da família dos vespídeos (VLB, I, 55)
kaûĩ'a (etim. - fruta de vinho) (s.) - uva (VLB, II, 140)
kõîa (ou koîgûera) (s.) - gêmeos (de qualquer sexo), irmão ou irmã gêmeos (Ar., Cat., 114) (Usa-se também ûera por se entender que estavam juntos no ventre da mãe e que, ao nascerem, separaram-se.): xe kõîgûera - meu irmão gêmeo, o que nasceu juntamente comigo (Ar., Cat., 268, 1686); Kõîgûera oré. - Nós somos gêmeos. (VLB, I, 147); (adj.: kõî) - gêmeo: Oré kõî. - Nós somos gêmeos. (VLB, I, 147); Xe membykõî. - Tive filhos gêmeos. (VLB, II, 66)
kopira (etim. - monda-roça) (s.) - roçado; roçador: Ereîkó kopira resé kó tyma. - Estiveste no roçado para plantar roça. (Anch., Teatro, 166)
ku'a3 (s.) - grossura, bojo (p.ex., de árvore) (VLB, I, 151); (adj.) - grosso, bojudo: I ku'agûasu. - Ela é muito bojuda (fal. de pipa, de árvore, etc.). (VLB, I, 150)
Kûarasyîuba (etim. - sol amarelo) (s. antrop.) - nome de índio tupi (Knivet, The Adm. Adv., 1210)
kûesé (ou kûeîsé) (adv.) - 1) ontem: Kûesé Pedro sóû. - Ontem Pedro foi. (Fig., Arte, 95); Kûesé Pedro nde resé i ma'enduari. - Ontem Pedro de ti se lembrou. (Fig., Arte, 95); Kûesé paîé mba'easybora subani. - Ontem o feiticeiro chupou o enfermo. (Fig., Arte, 96); Kûesé ka'a rupi Pedro ogûatábo, sopari. - Ontem, andando Pedro pela mata, perdeu-se. (Fig., Arte, 95); ...Aseîá kûesé xe roka... - Deixei ontem minha casa. (Anch., Poemas, 112); Kûeîsé, rakó, amõ kanhemi. - Ontem, é verdade, alguns sumiram. (Anch., Teatro, 12); 2) há poucos dias, recentemente (VLB, I, 24): Kûesé nde remirekó manhanamo ereîmondó... - Há poucos dias mandaste tua esposa como espiã... (Anch., Teatro, 178, 2006) ● kûesé bé - desde ontem; há dias: ...Kûesé bé mba'e n'a'uî. - Desde ontem não como nada. (Anch., Poemas, 150); Kûeîsé bé nakó aîrumõ... - Eis que o ajunto há dias, na verdade. (Anch., Teatro, 10); kûesé-té'ĩ, kûesé-té'ĩ-mbyryb, kûesé-té'ĩbé, kûesé-bé'ĩ, kûesé-pyryb - há bem pouco tempo, agora há pouco, agorinha mesmo (VLB, I, 24)
kuîẽ (s.) - CUIÉM, variedade de pimenta. "São tamanhas como cerejas, as quais se comem em verdes..." (Sousa, Trat. Descr., 185)
kupeasura (etim. - costas corcovadas) (s.) - corcova; (adj.: kupeasur) - corcunda; (xe) ter corcova: Xe kupeasur. - Eu tenho corcova, eu estou corcunda. (VLB, I, 30)
kupepema (etim. - costado anguloso) (s.) - quilha de embarcação (VLB, II, 94)
kuriboka (s.) - CURIBOCA, CARIBOCA, filho de pai indígena e mãe africana (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 268)
kuruanha (etim. - curuá de dentes) (s.) - planta trepadeira que dá um fruto de feição de fava, que tem dentro três ou quatro caroços (Sousa, Trat. Descr., 194)
kurûatapinima (etim. - curuatá pintado) (s.) - CURUATÁ-PINIMA, peixe da família dos tunídeos (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 150)
kuruka (s.) - resmungão; resmungo; (adj. - kuruk): Nde nhe'ẽ-kuru-kurukype...? - Tu tiveste palavras muito resmungonas? (Ar., Cat., 100v)
kutuk1 (v.tr.) - espetar, CUTUCAR, pungir, furar; ferir de ponta com coisa que entra pela carne, espinhar (o espinho); arpoar; escarificar: Anambi-kutuk. - Furo orelhas. (Anch., Arte, 50); Oîké îugûasu i akanga kutuka... - Entram grandes espinhos, espetando sua cabeça. (Anch., Poemas, 122); Minusu pupé iî yké kutuki... - Com uma lança espetaram seu flanco. (Anch., Diál. da Fé, 192)
ku'uka (s.) - peixe da família dos serranídeos, garoupa: Akûeîme rakó pirá asekyî-marangatu: ku'uka, gûarapuku... - Antigamente pescava bem os peixes: garoupas, cavalas... (Anch., Poemas, 152)
ma'ẽtakó (interj.) - ora, vejam agora! (Fig., Arte, 137)
marakaîá1 (s. etnôn.) - MARACAJÁ, nome de nação indígena (Staden, Viagem, 121): -Marãpe pe robaîara rera? -Marakaîá, gûaîtaká, gûaîanã, karaîá, kariîó. -Quais os nomes dos vossos inimigos? -Maracajás, goitacazes, guaianás, carajás, carijós. (Léry, Histoire, 354)
maranebira (etim. - o traseiro da guerra) (s.) - retaguarda na guerra (VLB, II, 104)
mba'eaíba1 (etim. - coisa ruim) (s.) - 1) mal, maldade, coisa má: Oré pysyrõ-te mba'eaíba suí. - Mas livra-nos do mal! (Ar., Cat., 13v)
mba'eaíba2 (etim. - coisa ruim) (s.) - peçonha, veneno (VLB, II, 68): A'u temõ mba'eaíba mã a'emo nhẽ xe re'õû... - Ah, quem me dera comer veneno para que eu morresse! (Anch., Doutr. Cristã, II, 102)
mba'eapina (etim. - coisa tosquiada) (s.) - homem marinho, monstro marinho que os índios supunham existir (VLB, II, 32; Laet, Novus Orbis, Livro XV, cap. XIV, §11)
mba'ekatu (s.) - felicidade, bem-aventurança: Ybaka aé Tupã îandé resé i nhemosako'îaba, îandé mba'ekaturama nongatûaba re'a... - O próprio céu é o que Deus prepara para nós, lugar em que bem coloca nossa felicidade futura. (Ar., Cat., 167)
mba'epapasaba (etim. - contagem das coisas) (s.) - conta (de algarismos); contagem (VLB, I, 80)
mba'epûera1 (etim. - coisas que foram) (s.) - despojos (VLB, I, 100)
mba'epûera3 (etim. - coisas que foram) (s.) - herança, patrimônio que deixa o defunto: xe ruba mba'epûera - herança de meu pai (VLB, I, 121), patrimônio de meu pai defunto (VLB, II, 68)
mba'etegûama (etim. - coisa instrumento de morte) (s.) - peçonha, veneno (VLB, II, 68)
mboîeté (etim. - cobra verdadeira) (s.) - nome de uma cobra com duas braças de comprimento em média, com pele lisa e manchada de diversas cores, um chocalho na ponta de sua cauda e picada mortal (D'Abbeville, Histoire, 253)
mboîgûasu (etim. - cobra grande) (s.) - BOIGUAÇU, o mesmo que îyboîa (v.). (Piso, De Med. Bras., III, 171)
mboîkûatiara (etim. - cobra pintada) (s.) - BOIQUATIARA, cobra da família dos viperídeos (VLB, I, 76; Anch., Cartas, 124)
mboîkupekanga (etim. - cobra do dorso ossudo) (s.) - variedade de serpente venenosa com espinhos no dorso (Cardim, Trat. Terra e Gente do Brasil, 32; VLB, I, 76)
mboîmaraká (etim. - chocalho de cobra) (s.) - var. de planta medicinal, heléboro, da família das liliáceas (VLB, I, 121; Theat. Rer. Nat. Bras., II, 202)
mboîpeba (etim. - cobra chata) (s.) - BOIPEVA, BOIPEBA, GOIPEVA, PEPÉUA, PEPEVA, cobra-chata, cabeça-chata, cobra não peçonhenta da família dos colubrídeos, que, quando irritada, achata o corpo (Piso, De Med. Bras., III, 171; VLB, I, 76)
mboîro'ysanga (etim. - cobra de frio) (s.) - cobra cuja "mordedura comunica ao corpo um grande frio." Não é venenosa. (Anch., Cartas, 124)
mboîsinimbeba (etim. - cobra que retine, achatada) (s.) - nome de uma cobra, provavelmente da família dos crotalídeos. "Também tem cascavel, mas mais pequeno; é preta e tem muita peçonha." (Cardim, Trat. Terra e Gente do Brasil, 33)
mboîtĩapûá (etim. - cobra do focinho pontudo) (s.) - BOITIAPÓIA, cobra da família dos colubrídeos. Segundo Cardim, com ela "os índios açoitavam as cadeiras das mulheres estéreis". (in Trat. Terra e Gente do Brasil, 31)
mboîuna (etim. - cobra escura) (s.) - BOIÚNA, cobra da família dos colubrídeos (Sousa, Trat. Descr., 259; Cardim, Trat. Terra e Gente do Brasil, 32)
Mboîusu1 (etim. - cobra grande) (s. antrop.) - nome de índio tupi (Anch., Teatro, 138, 2006)
mboîusu2 (etim. - cobra grande) - o mesmo que mboîgûasu (v.) (VLB, I, 107; II, 117; Anch., Teatro, 162)
mbyatĩ (etim. - pontas das patas) (s.) - esporas; esporão de galo (VLB, I, 127)
memeté (conj.) - 1) quanto mais: Memetémo n'ixé ûixóbo... - Quanto mais eu haveria de ir. (Anch., Arte, 57; Fig., Arte, 137); Memeté rakó pé o eminguabe'yma rupi oguataba'e o angekotebẽnamo, korikorinhẽa'ub 'ara repîaki... - Quanto mais um caminhante por um caminho que não conhece se aflige, mais deseja logo ver o dia. (Anch., Doutr. Cristã, II, 79); 2) tanto mais porque, e principalmente, mesmo porque: Memeté a'e morero'arupîara. - Tanto mais porque eles são adversários de agressores. (Léry, Histoire, 9); Îé t'asóne xe mondoápe. Memeté ixé, xe py'ape, emonã tekó potá... - Sim, hei de ir para onde me mandam. Mesmo porque eu, em meu coração, assim quero fazer... (Anch., Teatro, 22)
migûaîuba (etim. - biguá amarelo) (s.) - nome de uma ave (Theat. Rer. Nat. Bras., I, 98)
mimbabetá (etim. - muitas criações) (s.) - rebanho (de gado) (VLB, II, 97)
minga'upomonga (etim. - mingau viscoso) (s.) - var. de mel silvestre (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 271)
moabaibe'ym (etim. - tornar sem dificuldades) (v.tr.) - tornar possível: ...Mba'e i abaiba'e moabaibe'yma... - Tornando possíveis coisas que são difíceis. (Ar., Cat., 58v)
moaíb (v.tr.) - enfeiar, afear (VLB, I, 22)
moaku'i (v.tr.) - enxugar (o que está úmido; enxugar o que está molhado é mokang - v.): Aîmoaku'i. - Enxuguei-o. (VLB, I, 120)
moapĩî (v.tr.) - colocar ponta com ponta (p.ex., uma vara) (VLB, II, 80)
moîekundasab (ou moîekunasab) (v.tr.) - fazer cruzar, fazer atravessar (em forma de X) (VLB, I, 44)
moîepotar1 (v.tr.) - 1) colar, juntar: Oîposanong i nambi atõîa nhote, aûnhenhẽ i monga'ẽmo, i moîepotá. - Curou-o, somente tocando sua orelha, imediatamente fazendo-a sarar, colando-a. (Ar., Cat., 55); 2) soldar (VLB, II, 120)
moîese'ar (ou moîese'a) (v.tr.) - 1) ajuntar, fazer unir-se, fazer juntar-se: ...Sesé so'o gûyrá aîmoîese'a i mokanhemane... - Com eles os animais e os pássaros ajuntarei para destruí-los. (Ar., Cat., 41); 2) incluir, abarcar: Taba Belém pora pitanga i amundaba pora abé apitiukari, sesebé Îandé Îara moîese'a-potá. - As crianças habitantes da aldeia de Belém e também as habitantes das suas vizinhanças mandou assassinar, nelas querendo incluir Nosso Senhor. (Ar., Cat., 139); 3) flechar [dois com um só tiro de flecha (isto é, flechar dois pássaros ou dois peixes com uma só flechada ou flechar uma pessoa em duas partes de seu corpo (p.ex., o braço e o peito) ficando essas duas partes unidas pela flecha que as trespassou] (VLB, I, 143); 4) misturar (coisas da mesma espécie) (VLB, II, 36; Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 277)
moîetanong (v.tr.) - ofertar, fazer oferenda de (VLB, I, 130)
moîuraragûaî (etim. - tornar mentira) (v.tr.) - desmentir (ao que fala) (VLB, I, 99)
mokang (v.tr.) - enxugar (o que está molhado. Enxugar o que está úmido é moaku'i - v.): Aîmokang. - Enxuguei-o. (VLB, I, 120)
mombe'uabaíb (etim. - contar com dificuldade) (v.tr.) - confundir, misturar (uma coisa com outra quando se conta algo) (VLB, I, 80)
mombe'uaíb (etim. - contar mal) (v.tr.) - difamar, dizer mal de: Aîmombe'uaíb. - Digo mal dele. (VLB, II, 28)
momboreaûsub1 (ou momboreaûsu) (v.tr.) - afligir, fazer penar, fazer sofrer, humilhar: ...Oîmomboreaûsu-katu... - Afligiu-o muito. (Anch., Poemas, 90); Îaîmomboreaûsu ro'y... - Fá-lo sofrer o frio. (Anch., Poemas, 162)
mondar1 (v.tr.) - ter para si, cuidar, julgar, supor ver: Pedro resé ixé nde mondari. - Em Pedro eu te supunha ver (isto é, julgava que tu fosses Pedro). (VLB, II, 121)
mondarõ3 (s.) - furto, ladroeira: Mondarõ, nhe'engaíba, mo'ema nde resemõ. - Ladroeira, palavras ruins, mentiras sobejavam-te. (Anch., Teatro, 170); Abá mondarõ osepîakĩba'e. - O que vê o furto de alguém, sem se importar. (Ar., Cat., 72v)
mondeseb (v.tr.) - enliçar, pôr liços em (p.ex., tear), tramar com fios em (VLB, I, 117)
mongu'i (etim. - tornar pó) (v.tr.) - moer, pulverizar (com pedra ou moinho) (VLB, II, 40) ● i mongu'ipyra - o que é (ou deve ser) moído (VLB, II, 40)
monomo? (interr.) - quanto? (em quantidade) (VLB, II, 91)
mopygûaî (v.tr.) - encovar, fazer pequenas concavidades em, fazer covinhas em (p.ex., no rosto, no chão, etc.) (VLB, I, 84)
mopyko'ẽ (v.tr.) - encovar, fazer pequenas concavidades em, fazer covinhas em (p.ex., no rosto, no chão, etc.) (VLB, I, 84)
mopysasu (v.tr.) - renovar (o que está velho) (VLB, II, 101)
moran1 (etim. - tornar falso) (v.tr.) - fingir, simular: Aîmorã-moran. - Fiquei-o simulando. (VLB, I, 139; II, 65)
moro'y (v.tr.) - esfriar (VLB, I, 124)
moro'ysang (v.tr.) - esfriar (VLB, I, 124)
mourué (etim. - tornar os recipientes diferentes) (v.tr.) - apartar, separar: ...Îarekó é rakó mba'e-katu i poxyba'e suí i mouruébo. - Tenhamos, de fato, as coisas boas, apartando-as do que é mau. (Ar., Cat., 89)
moyku (etim. - tornar líquido) (v.tr.) - derreter (cera, metal, etc.) (VLB, I, 95)
Mo'ytinga (etim. - contas brancas) (s. antrop.) - nome de índio tupi (D'Abbeville, Histoire, 184)
mundé1 (s.) - MUNDÉU, armadilha que tomba com peso ou estalando: Xe t'oropysykatu, xe mundépe nde mbo'a. - Eu hei de bem apanhar-te, fazendo-te cair no meu mundéu. (Anch., Teatro, 172); ...Mundépe i porerasóû... - Para as armadilhas eles levam gente. (Anch., Teatro, 36) ● mundé-arataká - ARATACA, var. de armadilha para prender animais maiores; mundé-piká - mundéu de passarinhos; mundepeba - lájea de pedra de fazer armadilhas para apanhar aves; mundegûasu - var. de mundéu para animais maiores, como cobras; mundé-gûaîa - var. de mundéu para tatus, cutias, etc. (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 272); ûaîamũ-mundé - armadilha de guaiamum (D'Abbeville, Histoire, 182v)
murukuîagûasu (ou murukuîaûasu) (etim. - maracujá grande) (s.) - MARACUJÁ-AÇU, 1) nome que designa uma variedade de maracujá, planta trepadeira da família das passifloráceas (Passiflora quadrangularis L), com frutos enormes, bem como, de modo geral, todas as espécies de plantas do gênero Passiflora (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 70; Piso, De Med. Bras., IV, 197-198); 2) laranja: -Ma'epe ereîpotar? -...Îetyka, komandaûasu, komandá-mirĩ, murukuîaûasu, ma'e tiruã. -Que queres? -Batata-doce, favas grandes, feijões, laranjas, quaisquer coisas. (Léry, Histoire, 347)
mutumutuka (etim. - muitas mutucas) (s.) - 1) broca de furar, furador de alfaiate (VLB, I, 60; 145); furador com que os índios furavam as contas (VLB, I, 145); 2) punção (VLB, II, 89)
mynhu - nome de uma ave, do tamanho de um grande falcão (Libri Princ., vol. II, 44)
nema (s.) - fedor, mau cheiro: Xe moaîu-te i nema mã! - Ah, mas como me importuna o fedor dele! (Anch., Teatro, 8); îurunema - fedor de boca (VLB, I, 136); (adj.: nem) - fedorento, mal-cheiroso, fétido: Eîori, mba'enem! - Vem, coisa fedorenta! (Anch., Teatro, 44); -Akó tubixanẽmbûera? - Aqueles velhos reis fedorentos? (Anch., Teatro, 64); Xe nem. - Eu sou fedorento. (VLB, I, 136)
nhe'endok (xe) (etim. - palavras quebradas) (v. da 2ª classe) - calar-se, parar de falar: Xe nhe'endok. - Eu me calei. (VLB, I, 63)
nhe'engetá (etim. - muitas palavras) (s.) - desatino, palavra desatinada; (adj.) - desatinado; (xe) ter palavras desatinadas: Xe nhe'engetá. - Eu tenho palavras desatinadas. (VLB, I, 96)
nhemoangaîbar (v. intr.) - emagrecer (VLB, I, 112)
nhemoesaînandaba (s.) - preocupação; envolvimento; ocupação (VLB, I, 21)
nhenõî (v. intr.) - chamar-se pelo nome (VLB, II, 50)
nherane'yma (etim. - sem agressão) (s.) - 1) mansidão (Bettendorff, Compêndio, 20); humildade (VLB, I, 154); 2) pessoa humilde (VLB, I, 154); (adj.: nherane'ym) - humilde, manso: Abanherane'yma ixé. - Eu sou homem manso. (VLB, II, 31)
nhetinga (ou nhitinga) - o mesmo que îetinga (v.) (VLB, II, 43)
nhomongetá (s.) - conversa (VLB, II, 84): Ma'e resé îandé nhomongetá? - Sobre quê será nossa conversa? (Léry, Histoire, 358)
nhumbugûasu (s.) - trombeta grande feita da concha chamada gûatapygûasu (v.) (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 278)
obara'angaba (t) (etim. - imagem do rosto) (s.) - máscara (VLB, II, 33)
oîeí2 (ou oîeîbé) (adv.) - por longo tempo, há longo tempo, demoradamente (VLB, II, 13): Oîeí aîkó. - Estou há longo tempo (isto é, tardo). (VLB, II, 124)
oîoirũ (etim. - companheiros um do outro) (s.) - par (VLB, I, 154); (adv.) em número par (VLB, II, 65) ● oîoirũîrũ - um par de pares, quatro (VLB, I, 154)
oîtysyka (s.) - OITICICA, planta da família das crisobalanáceas (Manifesto de utilidades do Brasil. In Brasilia (1687), VII, 184)
pakoba (etim. - folha de paca) (s.) - PACOBA, PACOVA, o fruto da pacobeira, var. de bananeira (Sousa, Trat. Descr., 188; VLB, I, 51; Thevet, Les Sing. de la France Antart., 61; Gândavo, Trat. Prov. Bras., 825-853)
pema2 (mb) (s.) - penca (p.ex., de bananas); (adj.: pem) (xe) - ter penca: Oîepé i pem. - Ela teve penca uma vez. (VLB, II, 71)
pene'ĩ (interj.) - eia! sus! vamos! (Fig., Arte, 135): Pene'ĩ, rõ, t'îasó ké îagûapyka îakupa. - Eia, pois, vamos estar sentados aqui. (Anch., Teatro, 144); Pene'ĩ pesóbo. - Sus! Ide! (Anch., Arte, 56v); Pene'ĩ, ta pe rory... - Eia, que estejais alegres. (Anch., Poemas, 94); (Na forma negativa os homens acrescentavam -hengûy e as mulheres, -îu.) (VLB, II, 58)
pindasama (etim. - corda de anzol) (s.) - linha de pescar (VLB, II, 23): pindasã-po'i - linha de pescar delgada (VLB, II, 114) ● pindasã-muku - linha grossa de pescar (VLB, II, 23); pindasã-pokuruba - linha grossa de pescar (VLB, II, 23)
pindaúna (etim. - pindá preto) (s.) - PINDAÚNA, PINDÁ-PRETO, var. de ouriço-do-mar preto, que habita as pedras do litoral (VLB, II, 60)
piraîké (etim. - entrada dos peixes) (s.) - PIRAQUÊ, entrada dos peixes pela foz dos rios, saindo do mar, para desovar em lugares estreitos e rasos, principalmente nas regiões de mangues (Anch., Cartas, 120; Frei Vicente do Salvador, História do Brasil, III, cap. xviii)
pirarigûá (s.) PIRIRIGUÁ, ave da família dos cuculídeos (Brandão, Diálogos, 230)
piriana (m) (s.) - listra (VLB, II, 23); (adj.: pirian) - listrado (ao comprido): -Mba'epe ereru nde karamemûã pupé? -Aoba. -Marãba'e? -(I) pirian. -Que trouxeste dentro de tua caixa? -Roupas. -De que tipo? -Elas são listradas. (Léry, Histoire, 342-343)
pitubara (m) (s.) - quebranto (do que está triste e melancólico); (adj.: pitubar) - quebrantado; (xe) ter quebranto: Xe pitubar. - Eu tenho quebranto; Xe pitubarusu. - Eu estou muito quebrantado. (VLB, II, 92)
poîoybyra (etim. - fibras ao longo de outras) (s.) - dobra (de fios) (VLB, I, 105) ● i poîoybyryba'e - o que é dobrado (como fio) (VLB, I, 105)
pong (v. intr.) - soar, bater, soar por percussão ● pongaba - tempo, lugar, modo, instrumento, etc. de soar, de bater: pó-pongaba (m) - lugar de bater das mãos, atabaque (VLB, I, 46)
popy (mb) (s.) - ponta, cabo, extremidade (de qualquer coisa) (VLB, I, 61): ...Nde resá-popybo ema'ẽmo... - Olhando na ponta dos teus olhos. (Anch., Doutr. Cristã, II, 111-112)
porabyky1 (v. intr.) - trabalhar, fazer ou produzir com as mãos (VLB, II, 53): N'îaporabykyî kó 'ara pupé... - Não trabalhamos neste dia... (Ar., Cat., 7); Ûiporabykŷabo gûixóbo... - Indo eu para trabalhar... (Anch., Teatro, 46) ● oporabykyba'e - o que trabalha: Domingo pupé... oporabykyba'e. - O que trabalha no domingo. (Ar., Cat., 68); porabykŷara (m) - o que produz com as mãos, o que trabalha, trabalhador (VLB, II, 53; 134): -Abá bépe n'oîabyî oîekuakube'yma? -Ko'arapukuî morabykŷara... -Quem também não o transgride, não jejuando? -Os trabalhadores de dia todo. (Ar., Cat., 77v); porabykysaba (ou porabykŷaba) (m) - tempo, lugar, modo, instrumento, etc. de trabalhar; trabalho; obra feita com as mãos: A'e o porabykysaba pupé ...oîpytybõ... - Ele, com seu trabalho, ajudou-o. (Ar., Cat., 123, 1686)
poreaûsubĩ (m) (s.) - miserável, coitado: Moreaûsubĩ ra'u mã! (ou Moreaûsubĩ mã!) - Miserável! Coitado! (como diz o que se compadece); I poreaûsubĩ ra'u mã! (ou I poreaûsubĩ mã!) - Coitado dele! (VLB, II, 38); (adj.): abá-poreaûsubĩ - homem miserável (VLB, II, 38)
porepŷana (m) (s.) - contrato com alguém que estava cativo, após seu resgate (VLB, I, 81)
potisoba (etim. - merda-folha) (s.) - erva-púlgera ou erva-do-bicho, planta poligonácea (Polygonum punctatum Elliott), de muitas aplicações na medicina popular brasileira, como vermífugo, antifebril e excitante geral. É também chamada cataia ou persicária-do-brasil. (Piso, De Med. Bras., IV, 196)
puka (mb) (s.) - fissão, fenda; abertura, furo, buraco (VLB, I, 60): paranã-mbuka - fenda de mar (Staden, Viagem, 32); (adj.: puk) - aberto, fendido, furado: ...Asé apysakûá-puka potá. - Querendo abertos os buracos das orelhas da gente. (Ar., Cat., 81v) ● pu-puk - esburacado (com muitos furos): Xe robá-pu-puk. - Eu tenho o rosto esburacado (com varíola). (VLB, I, 55)
(in Prosopopeia [Prefácio de Afrânio Peixoto]. Álvaro Pinto Editora, Rio de Janeiro, 1923.)
putumimbyka (s.) - escuridão: ...Ysysaý putumimbyka rupi pé resapébo. - Fachos de luz para iluminar o caminho pela escuridão. (Ar., Cat., 54)
pyapasamoîar (etim. - pregar ferradura) (v.tr.) - ferrar (p.ex., cavalo) (VLB, I, 138)
pybo'ir (etim. - pés afastados) (v. intr.) - 1) pernear (como o animal que está morrendo) (VLB, II, 74); 2) fazer mesura com o pé (VLB, II, 36)
pykasueté (etim. - pomba verdadeira) (s.) - var. de rola (VLB, II, 108; Theat. Rer. Nat. Bras., I, 173)
pykasuroba (etim. - pomba amargosa) (s.) - PICUÇAROBA, nome de uma ave columbídea (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 204)
pykasutinga (etim. - pomba branca) (s.) - var. de pomba (VLB, II, 80)
pynekûab (v.tr.) - desviar de, desencontrar-se de: Ereîpynekûápe abá i amotare'yma nhẽ sepîaka suí? - Desviaste de alguém, detestando-o, para não o ver? (Ar., Cat., 102); Oroîopynekûab. - Desencontramo-nos. (VLB, I, 98)
pypora (mb) (etim. - marca do pé) (s.) - pegada, rastro (VLB, II, 69): ...Îasepîak îepi i pypora... - Vemos sempre as suas pegadas. (Ar., Cat., 138, 1686)
pyryryma (mb) (s.) - 1) pião (espécie de jogo) (VLB, II, 76); 2) rodopio: T'oroîtyk oré poxy, paîé rerobîare'yma, moraseîa, mbyryryma... - Que lancemos fora nossa maldade, não acreditando nos pajés, em danças e rodopios. (Anch., Teatro, 118)
pyta'am (xe) (etim. - calcanhar erguido) (v. da 2ª classe) - manquejar nas pontas dos pés, levantar-se nas pontas dos pés: Xe pyta'ã-ta'am. - Eu me fico levantando nas pontas dos pés. (VLB, II, 21)
pytaî (etim. - no calcanhar) (posp.) - atrás de (Anch., Arte, 41); Xe pytaî turi. - Veio atrás de mim. (Anch., Arte, 41v)
rakó3 (conj.) - se, já que: Kype rakó ereín nde raûsupara koîpó nde mũ rapirõmo... marãpe nde rekoangaîpagûera resé é nd'ereîase'o-mirĩngatutenhẽ-motari? - Se longamente ficas pranteando teus amigos ou teus parentes, por que não queres chorar nem um pouquinho por causa de teus antigos pecados? (Ar., Cat., 157)
rerieté (etim. - ostra verdadeira) (s.) - variedade de ostra da família dos ostreídeos (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 188)
rerimirĩ (etim. - ostra pequena) (s.) - nome de ostra pequena que se cria nos mangues, da família dos ostreídeos (Sousa, Trat. Descr., 291)
reripeba (etim. - ostra achatada) (s.) - var. de ostra (VLB, II, 18; Soares, Coisas Not. Bras. [ms .c], 2235-2236)
reriûasu1 (etim. - ostra grande) (s.) - variedade de ostra grande da família dos ostreídeos (Sousa, Trat. Descr., 291)
Reriûasu2 (etim. - ostra grande) (s. antrop.) - nome tupi dado ao francês Jean de Léry (Léry, Histoire, 341)
sapoaîobaîa (s.) - lombriga (VLB, II, 24)
-sar(a) [suf. nominalizador. Forma deverbais ativos, com o sentido de agente. Tem os alomorfes -ar(a), -an(a). Corresponde, geralmente, aos sufixos -or, -dor, do português.]: Pesaûsu pe monhangara... - Amai vosso criador. (Anch., Teatro, 54); so'ombo'isara - retalhador de carne, açougueiro (VLB, II, 28); moroîtykara - vencedora (Anch., Poemas, 88); ...Îandé rekobé me'engara... - Doador de nossa vida. (Anch., Poemas, 90); morapitîara... - trucidador (Anch., Poemas, 90)
sarinambitinga (etim. - cernambi branco) (s.) - CERNAMBITINGA, variedade de molusco bivalve da família dos venerídeos (Sousa, Trat. Descr., 292)
serigûaîá (s.) - SIRIGOIÁ, var. de crustáceo marítimo decápodo, da família dos portunídeos (VLB, I, 70)
serikó (s.) - SERICÓIA, SERICORA, nome de uma ave, espécie de saracura (Brandão, Diálogos, 234)
sororoka (s.) - SOROROCA, peixe teleósteo da família dos tunídeos (Sousa, Trat. Descr., 284; VLB, I, 69; II, 113)
suí2 (s.) - peixe da família dos ranfictídeos (Lisboa, Hist. Anim. e Árv. do Maranhão, fl. 175)
syk3 (v. intr.) - 1) acabar - ...Ikó îope'asagûera syk'iré esepîá-ukar orébe... - Após acabar este desterro comum, faze-nos vê-lo. (Ar., Cat., 14v); A'epe ikó 'ara pupé sepy syke'ỹme? - E no caso de não acabar sua dívida neste mundo? (Anch., Dial. Fé, 229); 2) completar-se: ...O membyra Maria rerasóû... mosapyr ro'y sykeme. - Levou sua filha Maria quando se completaram três anos. (Ar., Cat., 8v); 3) transcorrer ● sykaba - tempo, lugar, modo, etc. de acabar, de completar-se, de transcorrer: ...Oîoirundyk îeapyká sykápe. - No transcorrer de quatro gerações. (Ar., Cat., 129)
tabe'yma (etim. - sem aldeias) (s.) - ermo (VLB, I, 121); o que é despovoado (VLB, I, 100)
tak (v. intr.) - soar, estalar, fazer barulho, fazer ruído seco “conhecido pela sua forma causativa motak” (VLB, I, 53)
takûapembyra (etim. - cercado de taquaras) (s.) - esteira de taquara com que se armavam os navios por causa das flechas (VLB, I, 128)
takypûeri (etim. - no rastro) (adv.) - na parte posterior, após, atrás (Anch., Arte, 41; VBL, II, 135)
tambeaoba (etim. - roupa de concha) (s.) - var. de musgo (VLB, II, 45)
NOTA - O sentido antigo de TAPERA é, hoje, menos conhecido. Em nossos dias, essa palavra é mais usada com o sentido de casa em ruínas, casebre abandonado.
tapura'ybá (etim. - fruta da anta < tapi'ira + 'ybá) (s.) - TAPIRIBA, TAPEREBÁ, nome de árvore do norte do Brasil, o mesmo que CAJÁ (v. akaîá) (Piso, De Med. Bras. IV, 178)
taragûypirá (s.) - peixe da família dos anablepídeos (Lisboa, Hist. Anim. e Árv. do Maranhão, fl. 166v)
Tatapytera (etim. - chupa-fogo) (s. antrop.) - nome de índio tupi (Anch., Teatro, 130, 2006)
teîkûare'yma (etim. - sem ânus) (s.) - var. de caramujo (VLB, I, 66)
tembekûaritá (etim. - pedra do buraco do beiço) (s.) - pedra usada como enfeite nas bochechas pelos índios homens (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 271)
temo'emiîara - v. emo'emiîara (t)
te'õmbûera - v. e'õmbûera (t)
teringûá (s.) - TERINGOÁ, espécie de vespa (Sousa, Trat. Descr., 241)
3 (s.) - vergonha, pudor: Marã e'ipe Tupã i tĩîeraba repîaka? - Que disse Deus, vendo seu frouxo pudor? (Ar., Cat., 41)
tiîeîuba (etim. - tié amarelo) (s.) - espécie de TIÉ, pássaro da família dos traupídeos. "...São passarinhos pequenos que têm o corpo amarelo, as asas verdes, o bico preto." (Sousa, Trat. Descr., 236; VLB, I, 65)
NOTA - NO P.B., -TINGA é um elemento de composição presente em dezenas de palavras: CAATINGA, CAMARATINGA, COUVETINGA, CAPINTINGA, GAVIÃOTINGA, GUIRATINGA, JABUTITINGA, JACUTINGA, etc. Aparece também em inúmeros nomes de lugares no Brasil: ITATINGA (SP), CARATINGA (MG), CURURUTINGA (BA), etc. (v. p. 386).
NOTA - TINGUI é, também, outro nome dado, no sul do Brasil, ao que nasce no estado do Paraná; paranaense (in Dicion. Caldas Aulete).
tobaîara2 (s. etnôn.) - TABAJARA, nome de nação indígena (Staden, Viagem, 54)
tobi (s.) - peixe da família dos gimnotídeos (Lisboa, Hist. Anim. e Árv. do Maranhão, fl. 172v)
tororoma (s.) - jorro, jato, borbotão: 'y-tororoma - jorro d'água, ITORORÓ, bica d'água (VLB, I, 55)
tungusu (etim. - tunga grande) (s.) - pulga, inseto da família dos pulicídeos. "...São compridos, com feição de pernas, como os piolhos-ladros, e fazem grande comichão no corpo." (Sousa, Trat. Descr., 274; VLB, II, 89)
tupinambá [etim. provável - todos da família dos tupis < tupi + anam/a + mbá (nasal. de pá)] (s. etnôn.) - TUPINAMBÁ, nome de nação indígena ou indivíduo dessa nação (Cardim, Trat. Terra e Gente do Brasil, 122; D'Abbeville, Histoire, 61): Ma'ẽne, tupinambá Paragûasupendarûera ...opakatu îamombá. - Olha, arrasamos todos os tupinambás que estavam no Paraguaçu. (Anch., Teatro, 14)
tutyra (s.) - 1) tio materno; 2) primo da mãe; 3) primo, filho de tio materno (Ar., Cat., 117)
typyrõ (v.tr.) - ensopar, por de molho, amolecer pondo em líquido, migar (um caldo) (VLB, II, 37)
tyryryka (s.) - TIRIRICA, erva daninha da família das ciperáceas, do gênero Cyperus, que é uma praga nos campos cultivados, alastrando-se rapidamente (Matos, Obras, II, 282)
ûaîbabak (r, s) (xe) (v. da 2ª classe) - rabear, balançar o rabo (como o cão) (VLB, II, 95)
ubaeaîa (etim. - fruta gostosa e azeda) (s.) - UVAIA, 1) planta mirtácea, do gênero Eugenia; 2) nome de seu fruto (Theat. Rer. Nat. Bras., II, 114)
urapegûasu (s.) - jito, planta meliácea (Guarea macrophylla subsp. tuberculata (Vell.) T.D. Penn.), de cuja raiz é extraído um remédio de efeito purgativo (Piso, De Med. Bras., IV, 188)
uriîuba (s.) - GURIJUBA, GUARIJUBA, GURUJUBA, GARAJUBA, GURIBU, GURUJUVA, GRIUJUBA, GRUIJUBA, nome de um peixe (D'Abbeville, Histoire, 244)
urukure'a (s.) - URUCURIÁ, var. de coruja (Sousa, Trat. Descr., 234)
urutaû'i (etim. - urutauzinho) (s.) - URUTAUÍ, URUTAÍ, nome de um pássaro (D'Abbeville, Histoire, 240)
-usu1 (suf. de temas terminados em consoante) - expressa o aumentativo: Pytunusupe émo i xóûmo. - Para uma grande escuridão é que iriam. (Ar., Cat., 80); okusu - casarão, casa grande (Anch., Arte, 13v); Xe, anhangusu-mixyra... - Eu, o diabão assado... (Anch., Teatro, 6); Kó xe 'akusu... - Eis meus chifrões... (Anch., Teatro, 40); Kó xe musuranusu. - Eis aqui minha grande muçurana. (Anch., Teatro, 64)
-usu2 (suf. de temas terminados em consoante) - muito, muitos; (com o sujeito): Oroîurusu. - Viemos muitos. (VLB, II, 146); (com o objeto): Arurusu. - Trago muitos. (Anch., Arte, 13v); Aîopoîusu. - Alimento muitos. (Anch., Arte, 13v); (com o predicativo do sujeito): Xe ranusu. - Eu sou muito grosseiro; eu sou grosseirão. (VLB, I, 20); [V. tb. -(g)ûasu]
u'usama (etim. - corda de flecha) (s.) - farpão para arpoar peixes (VLB, I, 135)
Ûyrapasama (etim. - corda de arco) (s. antrop.) - nome de índio tupi (Léry, Histoire, 431-432, 1994)
ûyraroka'ĩ (etim. - cercadinho de pássaros) (s.) - 1) gaiola de pássaros; 2) galinheiro (D'Abbeville, Histoire, 283v)
yaíba (r, t) (etim. - água má) (s.) - tormenta do mar bravo; tempestade do mar: O'ar yaíba ixébo. - Caiu-me uma tormenta. (VLB, II, 125); [adj.: yaíb (r, t)] - tempestuoso (VLB, II, 126); (xe) - fazer ondas (o mar, quando em tormenta) (VLB, II, 57) ● yaíbusu (r, t) - grande tormenta do mar (VLB, II, 132)
yapogûasu (t, t) (etim. - água cheia e grande) (s.) - maré alta, águas vivas (VLB, I, 24)
yapoypaba (t, t) (etim. - água cheia esgotada) (s.) - maré baixa, águas mortas (VLB, I, 24)
yarybé (t, t) (etim. - água tranquila) (s.) - bonança no mar; água calma (VLB, I, 57)
'ybaaîa (etim. - fruta azeda) (s.) - 1) laranja (VLB, II, 18); 2) limão (VLB, II, 22)
'yae'ẽ (etim. - fruta doce) (s.) - melancia, planta cucurbitácea (o mesmo que 'ybae'ẽ - v.) (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 22)
'ybagûasu (etim. - fruta grande) (s.) - cidra (VLB, I, 74)
'ybaîuba (etim. - fruta amarela) (s.) - laranja (VLB, II, 18)
'ybakurupari (etim. - fruta de caroço torto) (s.) BACURI, 1) árvore da família das clusiáceas (Platonia insignis Mart.), também chamada BACURIZEIRO; 2) o fruto dessa planta, grande e carnoso, de polpa amarela e comestível (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 119; Brandão, Diálogos, 217)
'ybamembeka (etim. - fruta mole) (s.) - nome de uma árvore de fruto amarelo e caroço amargo (D'Abbeville, Histoire, 222v)
'ybamirĩ (etim. - fruta pequena) (s.) - nome de uma fruta semelhante ao limão (Brandão, Diálogos, 217)
'ybapyranga (etim. - fruta vermelha) (s.) - nome de uma fruta (Piso, De Med. Bras., I, 11)
yby'ama (etim. - terra levantada) (s.) - 1) barranco (VLB, I, 52); 2) ladeira (VLB, II, 17); 3) costa (VLB, I, 83); 4) planalto, chapada; superfície plana e alta (VLB, I, 72) ● yby'ã-by'ama - barrancos (VLB, I, 52)
yby'apaba (etim. - fenda da terra) (s.) - 1) cava, cova, buraco, vala, fosso, barreiro (v. 'ab) (VLB, I, 69; II, 135); 2) valado, vala pouco funda, guarnecida de tapume ou sebe (VLB, II, 140)
ybyasura (etim. - lombada de terra) (s.) - barranco (VLB, I, 52); ladeira (não muito grande) (VLB, II, 17)
ybykyra (t, t) (s.) - irmão caçula (de h.) (Ar., Cat., 116v)
ybypeba (etim. - terra plana) (s.) - 1) várzea (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 82); 2) planície (VLB, I, 134)
ybyri2 (loc. posp.) - ao longo de (Anch., Arte, 41); ao lado de: ...O îoybyri se'õmbûera paranã ybyri i kûáî. - Ao lado uns dos outros seus cadáveres estavam, ao longo do mar. (Anch., Teatro, 52); O îoybyri aîmoín. - Prendi-os um ao lado do outro. O îoyby-ybyri aîmoín. - Prendi-os uns ao lado dos outros. (VLB, II, 85); Xe ybyri tuî. - Jazia ao lado de mim. (VLB, I, 106); itá ybyri - ao longo das pedras (VLB, I, 106)
ybysosokypyra (etim. - terra socada) (s.) - 1) entulho de terra (VLB, I, 119); 2) taipa de pilão, isto é, parede de barro socado entre duas tábuas paralelas, que lhe servem de molde e que são retiradas quando seca o barro (VLB, II, 123)
yby'y (r, s) (etim. - água da terra) (s.) - umidade; [adj.: yby'y (r, s)] - úmido: Xe ryby'y. - Eu estou úmido. (VLB, I, 154; II, 20)
'ygûá (s.) - limo d'água; musgo de árvore (VLB, II, 22; 45)
ypekapara (etim. - ipeca torta) (s.) - filhote de ave d'água que ainda não sai fora (VLB, I, 21)
ypyapyambaba (t, t) (s.) - encapeladura de mar ou de rio (VLB, I, 38)
1500 1700 Língua geral meridional 1900
Anhangabaú (rio SP). De anhanga + obá (t) + 'y: água da face do diabo. (in Anônimo [c. 1630]. Mapa da Capitania de São Vicente).
Baguari (MG, SP). De magûari - ave ciconiforme.
Biguá (MG). De migûá, corvo-marinho, ave falacrocoracídea.
Biguaçu (SC). De migûá + suf. -ûasu: grandes biguás.
Boapaba (ES). De mboîa + upaba (t): lugar de estarem deitadas as cobras.
Boiçucanga (SP). De mboîa + -usu + kanga: esqueleto de cobra grande.
Boituva (SP). De mboî/a + tyba: ajuntamento de cobras.
Bonhu (CE). De mboîa + nhũ: campo das cobras.
Botucoruvu (morro de Santana do Parnaíba, SP). Da língua geral meridional botura*, morro, montanha + kuruba - seixo + oby (r, s) - verde: morro dos seixos verdes.
Burarama (ES). De ybyrá + ama (t), corruptela de etama (t), usado na língua geral meridional: terra de árvores.
Coreaú (CE). De kuruá + 'y: rio dos curuás, ratos-de espinho, roedores equimiídeos.
Cunhaú (RN). De kunhã + 'y - rio: rio das mulheres.
Embu (SP). De mboîa: cobras ou, ainda, mboîa + 'y: rio das cobras. É corruptela de Mboy, nome da aldeia jesuítica que lhe deu origem: "Os Jezuitas q̃. tiveraõ Sempre o maior Cuidado em possuir Indios, deraõ Origem as Aldeas de Carapucuyba, Mboy, Itapecirica, Taquaquecetyba, e S. Joze." (Joze Arouche de Toledo Rendon [1802], Plano em que se Propoem o Melhoramento da Sorte dos Indios, p. 92).
Guaimbé (SP). Termo da língua geral meridional que designa uma planta trepadeira arácea; imbé.
Guarandi (MT). De gûyraundi, pássaro da família dos traupídeos.
Guarapari (ES). De ybyrá + aparĩ: árvore curvadinha, nome de árvore cunoniácea.
Ibicaba (SP). De ybykaba: ubacaba, planta mirtácea.
Ibirá (SP). De ybyrá: árvores. Nome atribuído artificialmente em 1906.
Ibiracatu (MG). De ybyrá + katu: árvores boas, nome atribuído artificialmente ao povoado de Gameleiras, em 1925.
Ibiraci (MG). De ybyrá + ysy (t): fileira de árvores, árvores enfileiradas. Nome atribuído em 1923.
Ibirama (SC). De ybyrá + ama (t), variante de etama (t), usada no nheengatu (Stradelli, p. 657): região de árvores. Nome dado em 1943.
Ibirité (MG). De ybyra4 - verdor, frescura (VLB, II, 144) + eté (r, s): muito verdor. Nome dado em 1923.
Iburá (SE). De ybyrá: árvores.
Itapitangui (morro de Cananéia, SP). De itá + pitangĩ - criancinha, bebê: bebê de pedra.
Janaúba (MG). Termo da língua geral meridional, designando um arbusto da família das apocináceas.
Jandaia (MG). De îendaîa: jandaias, aves psitacídeas.
Mboimirim (SP). De mboîa + mirĩ: cobra pequena.
Mongaguá (SP). De monga - visgo, grude, pez, substância pegajosa + kûá - enseada: enseada da substância pegajosa.
Paranaíba (rio de Goiás). Da língua geral meridional paraná* + aíba: rio ruim (v. Paraná).
Paranatinga (rio de Goiás). Da língua geral meridional paraná + tinga: rio claro (v. Paraná).
Pindamonhangaba (SP). De pindá + monhang + -aba: lugar de fazer anzóis: "...padroeira da Matriz da Vila de Pindamonhangaba, que significa lugar de se fazer anzóis..." (Manuel José Pires da Silva Pontes [n.d.], p. 38).
Pindaúva (rio de Iguape). De pinda'yba - ouriços-do-mar.
Quebo (MT). De gûeba: guebos, peixes istioforídeos.
Ubiraçu (CE). De ybyrá + -ûasu: árvores grandes.
Vacanga (morro de Santana do Parnaíba, SP). De 'y + akanga: cabeça de rio, i.e., suas nascentes.
Vorá (PR). De mborá: borás, vorás, abelhas meliponídeas.
Voturana (morro de Santana de Parnaíba, SP). Da língua geral meridional votura* + rana*: falso morro.
DOOLEY, Robert. Vocabulário do Guarani. SIL, Brasília-DF, 1982.
_____Análise morfológica de um texto Tupi. In Logos, ano VII, nº 15. Tip. João Haupt & Cia. Ltda., Curitiba, 1952, pp. 55-57.
______O Mundo dos Artrópodes. (Col. Zoologia Brasílica). Ed. Itatiaia, Belo Horizonte, 1982.
______O mundo dos artrópodes. (Col. Zoologia Brasílica). Ed. Itatiaia, Belo Horizonte, 1982.
ANÔNIMO [c. 1630]. Mapa da Capitania de São Vicente. Real Academia de la Historia, Madri. (reproduzido em: Calendário da Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, mês de outubro). São Paulo, 2000.
VILHENA, Luiz dos Santos [1802], Recopilação de noticias soteropolitanas e brasilicas contidas em xx cartas. Imprensa offical do estado, 1921.
ygabebé (s.) (etim. - ygara; bebé) - avião | airplane | ygabebé pupé xe soypy - minha primeira ida em uma avião - my first ride on an airplane ("Ygabebé pupé xe soypy", Tupinizando, 23/05/2024, Minuto 0:02) - neologismo
itagûyragûasu (s.) (etim. - itá; gûyrá; -ûasu) - avião | airplane | - - (ENHE'ENG TUPINHE'ENGA RUPI, Tiago Matheus, 2024, 17) - neologismo
ybakybypá (s.) (etim. - ybaka; yby; pá) - universo | universe | - - (TPK, 2024, 113) - neologismo
mba'emokanhema (s.) (etim. - mba'e; mokanhem) - subtração | subtraction | - - (TPK, 2024, 113) - neologismo
mba'emoîo'ara (s.) (etim. - mba'e; moîo'ar) - multiplicação; cálculos básicos | multiplication; basic arithmetic | - - (TPK, 2024, 113) - neologismo
arremessar - ityk / eîtyk(a) (t)
atirar - ityk / eîtyk(a) (t)
batizar - erok (s); mongaraíb
chamar - enõî (s) ● chamar para reunião: amanaîé
cheirar - (intr.) - (cheirar bem): yapûan (r, s) (xe); (cheirar mal): yapûanusu (r, s) (xe); (tr. = sentir o cheiro de): etun (s)
chocar (intr.): îoupi'aerub
conversar (com) - mongetá
despejar - en (-nho-s-); ekoabok; porok
enjoativo - ting (v. tinga)
estar - ikó / ekó; kûab; kub ● estar com; fazer estar consigo: erokub; erekó; estar de pé: 'am; estar deitado: îub / ub(a) (t, t); estar deitado com: erub; estar em movimento: ikó / ekó (t); estar presente: ikobé / ekobé (t); estar sentado, parado, quieto: in / en(a) (t)
estéril (mulher, fêmea) - membyre'yma
início - ypy; ypyrunga
lançar - ityk / eîtyk(a) (t); mombor
mudo - nhe'enge'ym/a
muitos - e'yî (r, s); etá (r, s)
nata (do leite) - kaba2
prima - (de h.): tendyra; (de m.): tykera (quando mais velha); pyky'yra (quando mais moça)
viva! (= muito bem!) - aûîé!, aûîebé!, aûîebeté!, aûîé-katutenhẽ!, aûîé nipó!
a'ang4 (s) (v.tr.) - imitar, arremedar: ...nde rekokatu ra'anga. - imitando tua virtude (Anch., Poemas, 98); Eresa'angype abá-memûã? - Imitaste os homens maus? (Anch., Doutr. Cristã, II, 100); Asa'ang-a'ub. - Imitei-o fingidamente. (VLB, I, 81)
abangaíba (etim. - pessoa da alma ruim) (s.) - pessoa desprezível: Xe abangaíba. - Eu sou uma pessoa desprezível. (VLB, I, 100)
a'embé (s) (v.tr.) - torrar (como o milho no alguidar): Asa'embé. - Torrei-o. (VLB, II, 133)
aîmbé (s) (v.tr.) - tostar: Peîori, perasó muru, supi, îandé ratápe sapeka,... saîmbé-katûabo... - Vinde, levai os malditos, erguendo-os, para sapecá-los em nosso fogo, tostando-os bem... (Anch., Teatro, 90)
aîubyk (v.tr.) - enforcar, afogar pela garganta: Ne'ĩ, taûîé i aîubyka! - Eia, enforca-os logo! (Anch., Teatro, 60) ● i aîubykypyra - o que é (ou deve ser) enforcado: Nd'e'i te'e abá mondá iî aîubykypyramo oîkóbo o mondarõagûera repyramo nhẽ. - Por isso mesmo o ladrão é o que deve ser enforcado como pena de seus roubos passados. (Ar., Cat., 107v); aîubykara - enforcador (VLB, I, 31). V. îubyk.
akó2 (t) (s.) - virilha (Castilho, Nomes, 37) ● akó-a'ynha (t) - íngua na virilha (VLB, II, 12)
'am (v. intr.) - estar (de pé); estar levantado; levantar-se nas pontas dos pés: A'am. - Levanto-me. (VLB, II, 21); Opyk o'ama, i nhe'engobaxûare'yma. - Calava-se, estando de pé, não respondendo as palavras deles. (Ar., Cat., 56); yby-'ama - terra levantada (VLB, I, 52) ● o'amba'e - o que está (de pé): Amõ 'yba gûemityma pyterype o'amba'e kuabe'enga. - Mostrando-lhe certa árvore que estava no meio do seu jardim. (Ar., Cat., 39v, 40); 'ambaba - tempo, lugar, modo, etc. de estar em pé (VLB, II, 25)
'amĩ (v. intr.) - estar em pé, sem mudar de lugar: A'amĩ. - Eu estou em pé (sem mudar de lugar). (VLB, II, 93)
'amĩote (v. intr.) - estar em pé sem se mexer: A'amĩote. - Estou em pé (sem me mexer). (VLB, II, 93)
amoreatĩ (etim. - moréia pontuda) (s.) - peixe da família dos batracoidídeos, que vive na lama da foz dos rios. "Picam por debaixo o pé ou mão que lhes toca." (Cardim, Trat. Terra e Gente do Brasil, 56)
amoregûasu (etim. - moréia grande) (s.) - AMORÉ-GUAÇU, peixe da família dos gobiídeos (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 166)
amorepinima (etim. - moréia pintada) (s.) - AMOREPINIMA, AMBOREPINIMA, peixe da família dos gobiídeos. Pertence ao grupo das moréias ou caramurus. (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 242)
amoretapuku (etim. - moréia dos bigodes compridos) (s.) - nome de um peixe (Lisboa, Hist. Anim. e Árv. do Maranhão, fl. 165v)
amoretinga (etim. - moréia branca) (s.) - nome de um peixe (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 166)
anama2 (s.) - espessura, grossura (de tábua, papel, pano, beiju, etc.), densidade; (adj.: anam) - grosso (VLB, I, 93; 151); denso, pesado: Xe keranama mombaka... - De meu pesado sono despertando-me. (Anch., Poemas, 92)
aparaîtyk (v.tr.) - derrubar (o que está assentado, como panela, pote, vaso, etc.): Aîaparaîtyk. - Derrubei-o. (VLB, I, 95)
NOTA - No P.B., PICUMÃ também significa, além de fuligem, teia de aranha enegrecida pela fuligem. Em Coelho Neto lemos: "O teto, de telha-vã, com as vigas fuliginosas, como carbonizadas, estava colgado de flocos negros de PICUMÃ." (in Obra Seleta, I, apud Novo Dicion. Aurélio)
SAPOPEMBAS (foto de E. Navarro)
apûanama (s.) - espessura de mato; (adj.: apûanam) - basto, espesso (p.ex., o mato) (VLB, I, 53)
apytera2 (s.) - vértice, ápice, alto, cume (de monte ou outeiro): Ybytyra Olivete seryba'e apyterybo o sy o boîá rerasóû. - Para o alto do chamado Monte das Oliveiras levou sua mãe e seus discípulos. (Ar., Cat., 127) ● apyteri - no vértice, no ápice (Anch., Arte, 41)
aûîekatutenhẽ (interj.) - está bem mesmo assim! (Diz isso o que se lastima de não ter conseguido aquilo que queria, mas ainda esperando consegui-lo.) (D'Evreux, Viagem, 246)
bebó (s.) - desgrenhamento; (adj.) - desgrenhado: 'a-bebó - cabelo desgrenhado (VLB, I, 61); 'a-tyrá-bebó - cabelos arrepiados e desgrenhados (Anch., Teatro, 28)
benhẽ (ou benhẽno) (adv.) - novamente, de novo (VLB, II, 60); mais, mais outra vez; mais ainda (VLB, II, 28): A'é benhẽ. - Digo novamente. (VLB, II, 132); Asó benhẽ. - Vou novamente. (VLB, II, 101); ...Aîmoangaîpá pá benhẽne. - Farei todos pecarem de novo. (Anch., Teatro, 136); Our benhẽpe o boîá rupápe...? - Veio de novo ao lugar em que estavam deitados seus discípulos? (Ar., Cat., 53v); N'asaûsu benhẽî xûé Anhangane... - Não mais amarei o diabo. (Ar., Cat., 86)
berame'ĩ1 (v. intr.) - 1) parecer, afigurar-se: Obebé-berame'ĩ. - Parece voar. (VLB, II, 65); Obebuî-berame'ĩ. - Parece flutuar. (Ar., Cat., 91v)
bîar2 (v. intr.) - estar acostumado, estar prático: N'abîari. - Não estou acostumado. (VLB, II, 47)
ekar (s) (v.tr.) - buscar, procurar: ...T'oroakypûer-eká. - Que eu te busque as pegadas. (Anch., Poemas, 98); Kó xe rekóû nde reká... - Eis que aqui estou para te procurar. (Anch., Poemas, 104); Iesu Nazareno orosekar... - Procuramos Jesus Nazareno. (Ar., Cat., 54); Mba'e-tepe peseká kó xe retama pupé? - Mas que procurais nesta minha terra? (Anch., Teatro, 28); Asekar îepé. - Busquei-o em vão. (Fig., Arte, 142); Ma'epe eresekar? - Que procuras? (D'Evreux, Viagem, 144) ● ekasara (t) - o que busca, o que procura: Se'yî nhẽ nde rekasara. - São numerosos os que te procuram. (Valente, Cantigas, IV, in Ar., Cat., 1618); ekasaba (t) - tempo, lugar, causa, objeto, etc. do buscar, do procurar: Na sekasaba kuabe'yma ruã. - Não que não soubesse o que buscava. (Ar., Cat., 54); N'aker-angáî sekasápe... - Não dormi absolutamente para procurá-los. (Anch., Teatro, 48); emiekara (t) - o que alguém busca; o que alguém procura; meta, alvo, objetivo: xe 'anga remiekara - o que minh'alma busca (Valente, Cantigas, III, in Ar., Cat., 1618); Anheté kó nde rapé a'e nde remiekara. - Verdadeiramente, eis aqui teu caminho, aquele que tu procuras. (Anch., Teatro, 164, 2006)
ekobekatu (t) (etim. - vida boa) (s.) - 1) felicidade, bem estar: ...Sekobekaturama resé bé onhemboryryîa. - Interessando-se também por sua felicidade. (Ar., Cat., 123); 2) saúde (VLB, II, 113; Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 276)
ekomondyk (s) (v.tr.) - julgar: ...oîkobeba'e, omanõba'epûera pabẽ rekomondyka. - ...para julgar todos os que vivem e os que morreram. (Bettendorff, Compêndio, 59)
ekoporeaûsuba2 (t) (s.) - miséria; infortúnio (VLB, II, 38)
ekyî2 (s) (v.tr.) - pescar ( com linha e anzol): Asekyî pirá. - Pesquei peixes. (VLB, II, 75); Pirá rekyîa suí ké aîur. - Da pesca de peixes venho aqui. (D'Evreux, Viagem, 151); Akûeîme, rakó, pirá asekyî-marangatu... - Antigamente pescava bem os peixes. (Anch., Poemas, 152)
emberung (s) (v.tr.) - bordar, pôr bordas, guarnecer de bordas: Asemberung. - Bordei-o. (VLB, I, 58)
embe'yrungaba (t) (s.) - postiças de embarcação (VLB, II, 83)
NOTA - No P.B., EMBIRA (ou ENVIRA) também é qualquer casca ou cipó usados para amarrar (in Dicion. Caldas Aulete).
embyrusu (etim. - embira grande) (s.) - EMBIRUÇU, variedade de embira de tamanho avantajado, designação comum às plantas bombacáceas do gênero Pseudobombax (v. embyra) (Sousa, Trat. Descr., 216)
(e)mimõîa (r, s) (s.) - coisa cozida; cozido (Anch., Arte, 13v): xe remimõîa - meu cozido (Fig., Arte, 79)
(e)mixyra (r, s) (s.) - coisa assada, assado: Aîpó nde remixyrama. - Essas serão teu futuro assado. (Anch., Teatro, 130); xe remixyra - meu assado; semixyra - assado dele (Fig., Arte, 79); [adj.: (e)mixyr (r, s)] - assado: ...Xe anhangusu-mixyra... - Eu, o diabão assado... (Anch., Teatro, 6)
(e)nha'ẽ (r, s) (s.) - 1) prato (Anch., Arte, 13v): xe renha'ẽ - meu prato; senha'ẽ - seu prato (Fig., Arte, 78); itá nha'ẽ - prato de pedra (Staden, Viagem ao Brasil, 52); 2) bacia qualquer (VLB, I, 50); bacia de estanho (VLB, I, 50); 3) alguidar (VLB, I, 31); 4) (peças de) louça (VLB, II, 24) ● nha'ẽ-mbeba - prato raso (VLB, II, 84)
eryîara (t) (s.) - o portador do nome de, o que tem o nome de: Xe reryîara tupãoka eîmonhang. - Faze uma igreja que tenha meu nome. (Ar., Cat., 7)
esagûyrumbyka (t) (s.) - olheiras (em geral) (VLB, II, 56); [adj.: esagûyrumbyk (r, s)] (xe) - ter olheiras: Xe resagûyrumbyk. - Eu tenho olheiras. (VLB, II, 56)
esakûara2 (t) (s.) - olho, cavidade dos olhos; [adj. esakûar (r, s)] - ter olhos, ter cavidades dos olhos: Xe resakûá-rorẽ. - Eu tenho as cavidades dos olhos encovadas. (VLB, II, 56)
esakûarumbyka (t) (s.) - olheiras (como resultado de pancada), olho roxo (VLB, II, 56); [adj.: esakûarumbyk (r, s)] - olheirento (como resultado de pancadas); (xe) ter olho roxo: Xe resakûarumbyk. - Eu estou olheirento. (VLB, II, 56)
esapysó (t) (s.) - 1) vista, visão (VLB, II, 147); 2) vista aguda; agudeza de vista (VLB, I, 27); [adj.: esapysó (r, s)] (xe) - ter visão; ter vista aguda: Na xe resapysóî. - Eu não tenho visão, eu sou cego. (VLB, II, 147); ...Sesapysó a'upe é Tupã xe repîaka? - Acaso Deus tem vista aguda para me ver? (Anch., Teatro, 30)
eŷnhang1 (s) (v.tr.) - juntar, recolher, reunir: Ogûerasó amõ okusupe seroîkŷabo, a'epe maranaritekoaratã reŷnhanga sesé. - Levaram-no para um certo palácio, fazendo-o entrar, reunindo soldados fortes ali por sua causa... (Ar., Cat., 60); ...T'asó aîpó nhe'enga mopó, xe boîá reŷnhangetábo. - Hei de ir cumprir essas palavras, juntando muitos dos meus servos. (Anch., Teatro, 60); ...I kangûera reŷnhanga ybytygûaîa Îosaphat 'îápe... - Reunindo seus ossos no chamado Vale de Josafat. (Ar., Cat., 160v)
gûaîtaká (s. etnôn.) - GUAITACÁ, GOITACÁ, GOITACAZ, 1) nome de nação indígena; 2) indivíduo da tribo dos GOITACAZES: -Marãpe pe robaîara rera? -Marakaîá, gûaîtaká, gûaîanã, karaîá, kariîó. -Quais os nomes dos vossos inimigos? -Maracajás, goitacazes, guaianás, carajás, carijós. (Léry, Histoire, 354); Sekoaûîépe gûaîtaká? - Está pronto o guaitacá? (Anch., Teatro, 62)
gûaîu1 (v. intr.) - embarbascar-se (p.ex., peixe), ficar entorpecido com o barbasco que se lança na água (VLB, I, 110)
gûaûpira (s. voc.) - minha irmã! mana! (Anch., Arte, 14v; VLB, II, 30)
gûetependûara (s.) - inteireza, completeza; coisa inteira, não partida (VLB, II, 130): I pupé Îesu Cristo rekóû, i Tupã, seté abé gûetependûara pupé... - Dentro dele está Jesus Cristo, sua divindade e seu corpo em inteireza. (Ar., Cat., 85)
gûyryryma2 (s.) - ventoinha (VLB, II, 144)
NOTA - O nome de tal ave aparece no introito do romance Iracema, de José de Alencar:
îareré2 (s.) - JERERÉ, JARERÉ, landuá, rede de fole com que se pescavam os camarões grandes (VLB, II, 99)
NOTA - Esse termo aparece na letra da famosa canção de Joubert de Carvalho e Olegário Mariano:
îasekó (v. intr.) - estar dependurado: Aîasekó. - Estou dependurado. (VLB, I, 94)
îase'o1 (s.) - choro; pranto: Îase'o porarasápe, kunumĩ-poranga ruî. - Suportando o choro, o menino belo está deitado. (Anch., Poemas, 164) ● îase'o monhang - produzir choro, chorar: Ipuku erimba'e îandé rubypy rekóû îase'o monhanga... - Longamente estava nosso pai primeiro chorando. (Ar., Cat., 84); Nd'e'i te'e îase'o anhõ monhanga i mombyke'ymane... - Por isso mesmo será só chorar sem parar. (Ar., Cat.,163); îase'o erekó - ficar em pranto, ter pranto: Aîase'o-rekó. - Fiquei em pranto. (VLB, I, 73); Abá... o a'yra... re'õneme oîase'o-erekó-puku... - O homem, ao morrer um filho seu, fica longamente em pranto. (Ar., Cat., 156)
îasyendy (etim. - luz da lua) - luar (VLB, II, 25)
îata'ymondé (s.) - nome de árvore da família das leguminosas-cesalpinoídeas, variedade de jataí que produz madeira amarela, "...muito rija e doce de lavrar e incorruptível..." (Sousa, Trat. Descr., 214)
îatyrana (s.) - fios de algodão que se enrolavam no tacape (VLB, I, 50)
îaxixá (s.) - 1) GRUMIXAMA, também chamada GUAMIXÁ, GUMIXÁ, árvore mirtácea com flores amarelas (Eugenia brasiliensis Lam.); 2) o fruto amarelo dessa árvore, o qual contém um pequeno caroço muito doce (D'Abbeville, Histoire, 224)
îeaibok (v. intr.) - tirar o luto: Aîeaibok. - Tirei o luto. (VLB, I, 105)
îemongetá2 - v. nhemongetá
îemotupan (ou nhemotupã) (etim. - fazer-se Tupã) (v. intr.) - santificar-se: S. Sebastião 'ara, se'õagûera, cristãos oîmoeté oîemotupana... - O dia de São Sebastião, em que ele morreu, os cristãos comemoram para se santificarem. (Ar., Cat., 3v)
îe'o1 (v. intr.) - 1) tapar-se, cerrar-se: ...Sesapysopûera kanhemi, iî apysaká oîe'obo. - Sua vista aguda desaparece, tapando-se seus ouvidos. (Ar., Cat., I, 156); 2) entupir-se (buraco, cano, etc.) (VLB, I, 118)
îepaboka (etim. - retirada do leito < îe- + upab + 'oka) (s.) - partida: T'îaîmombe'u é irã i îepaboka... - Havemos de anunciar futuramente sua partida. (Ar., Cat., 127, 1686)
îepé5 (pron. pess. da 2ª p. do sing., usado quando o objeto é da 1ª p. do sing. ou pl.) - tu: Xe mĩ-te îepé i xuí! - Mas esconde-me tu dele! (Anch., Teatro, 32); T'aîpapáne i angaîpaba ta xe rerobîá îepé. - Hei de contar os pecados deles para que tu me acredites. (Anch., Teatro, 34); Xe pysyrõ îepé! - Livra-me tu! (Anch., Teatro, 48); Aûîé, xe îuká îepé! - Basta, tu me matas! (Anch., Teatro, 76); Oré moingobé îepé. - Faze-nos tu viver. (Anch., Poemas, 82); ...Na xe reroŷrõî îepé... - Tu não me detestas. (Anch., Poemas, 96)
îepo'oî (v. intr.) - embaraçar-se, estar embaraçado (fal. de fio) (VLB, I, 110)
NOTA - No P.B., JEREBA tem vários sentidos: 1) animal ruim de montaria; 2) arreios; 3) indivíduo desajeitado ou desleixado; 4) (SP Pop.) meretriz; 4) (BA) espécie de raia grande (in Novo Dicion. Aurélio).
îero'ar (v. intr.) - estar derrubado (p.ex., com o muito peso): Aîero'ar. - Estou derrubado. (VLB, I, 95)
îetaysyka (etim. - resina de jatobá) (s.) - JETAICICA, resina transparente destilada pela îeta'yba (v.) (Piso, De Med. Bras., IV, 180)
îetykusu (etim. - jetica grande) (s.) - JETICUÇU, planta da família das convolvuláceas, de folhas cordiformes e raiz tuberosa, de efeito purgativo. É chamada também batata-de-purga ou tapioca-de-purga. (Cardim, Trat. Terra e Gente do Brasil, 47; Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 41)
ingapenambi (etim. - orelhas de tacape) (s.) - pendentes ou campainhas de penas de diversas cores que ficavam no cabo do tacape que seria usado para matar um prisioneiro (Cardim, Trat. Terra e Gente do Brasil, 117)
îoepîaka'uba (etim. - desejar muito ver um ao outro) (s.) - saudades (VLB, II, 113)
ipekutereterẽ (s.) - nome de ave da família dos picídeos (VLB, II, 76)
itapygûá (s.) - prego, cravo: ...Itapygûá pupé i pó kutuka, i moîá. - Com cravos espetando suas mãos, pregando-as. (Ar., Cat., 62); Oîké itapygûá nde 'anga pupé. - Penetram os cravos dentro de tua alma. (Anch., Poemas, 122)
itaysyka (etim. - resina de pedra) (s.) - 1) almécega, resina dura que servia de louça para os índios e que parece vidro (VLB, I, 32); 2) árvore que produz tal resina (Cardim, Trat. Terra e Gente do Brasil, 42). "Os índios chamam itaysyka e os portugueses incenso branco e tem os mesmos efeitos que o incenso." (Cardim, Trat. Terra e Gente do Bras., 42)
JUAZEIRO (foto de E. Navarro)
îubyk (v.tr.) - enforcar; estrangular: Aîubyk. - Enforquei-o. (VLB, I, 116); A'emo oîubyk-uká? - Eles mandariam enforcá-los? (Anch., Teatro, 62) ● îubykara - enforcador, o que enforca: Akó xe îubykarûera... xe îubyk benhẽ potá! - Esse é meu antigo enforcador, querendo enforcar-me novamente! (Anch., Teatro, 62); moroîubykarûera - o que enforcou gente (VLB, I, 31); i îubykypyra - o que é (ou deve ser) enforcado (VLB, I, 116) (O mesmo que aîubyk - v.)
îuká2 (etim. - quebrar o pescoço) (v.tr.) - quebrar: Nde akanga îuká aîpotá korine. - Tua cabeça quererei quebrar hoje. (Staden, Viagem, 156)
îupabok (etim. - retirar-se o leito) (v. intr.) - partir-se, partir (o viajante): Aîupabok. - Parti. (VLB, II, 66)
îurubytypoîa (etim. - tipóia do papo) (s.) - barbas do galo (VLB, I, 51)
îurukûá (ou îurukugûá) (s.) - designação comum das tartarugas marítimas, da família dos quelonídeos (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 241; Sousa, Trat. Descr., 288)
îutypoîa (etim. - tipóia do pescoço) (s.) - papo (de boi), pele excrescente dele (VLB, II, 64)
îybatupoîa (etim. - tipóia do braço) (s.) - bucho do braço, parte do braço desde o cotovelo até o ombro (Castilho, Nomes, 32)
îyboîusu (etim. - jibóia grande) (s.) - JIBOIAÇU, espécie de cobra jibóia grande de rio (VLB, I, 107; Gândavo, Trat. Prov. Bras., 1238-1254; Monteiro, Rel. da Prov. do Brasil, in Leite, Hist., VIII, 422)
ka'ẽ2 (v. intr.) - curar-se, sarar (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 277)
kambeba (etim. - seio achatado) (s.) - fêmea estéril (VLB, II, 31)
kandumirĩ (s.) - roedor da família dos coendídeos (Cardim, Trat. Terra e Gente do Brasil, 28)
karaibeté (etim. - cristão normal) (s.) - leigo (VLB, II, 20)
karukasy (etim. - dor da tarde) (s.) - saudade; tristeza, melancolia; (adj.) - saudoso, triste, melancólico; (xe) ter saudades: Xe karukasy (abá) resé. - Eu tenho saudades de alguém. (VLB, II, 113, adapt.); Xe karukasy. - Eu estou triste. (Léry, Histoire, 367); ...Nd'e'i te'e oîoepîaka'upa, o karukasyramo. - Por isso mesmo, tendo saudades um do outro, ficam tristes. (Ar., Cat., 156)
ka'u1 (s.) - bebedeira (de cauim); bebedeira em geral: Mba'e-eté ka'ugûasu... - Coisa muito boa é uma grande bebedeira. (Anch., Teatro, 6); Ixé kó ka'u resé aporomoingó îepi... - Eis que eu faço as pessoas estarem na bebedeira sempre. (Anch., Teatro, 134)
ka'u2 (v. intr.) - tomar cauim, tomar bebida alcoólica: E'ikatupe abá... okagûabo...? - Pode alguém beber cauim? (Ar., Cat., 76v); T'aka'une! - Vou beber cauim! (Anch., Teatro, 10); Saraûaî, îori ekagûabo. - Sarauaia, vem para beber cauim. (Anch., Teatro, 60) ● kagûara - bebedor de cauim: Onheŷnhang umã sesé kunumĩetá kagûara... - Já se juntaram por causa disso muitos moços bebedores de cauim. (Anch., Teatro, 24); kagûaba - lugar, tempo, modo, etc. de beber cauim: Nd'e'i te'e kunumĩgûasu... oîkébo memẽ kagûápe... - Por isso mesmo os moços entram sempre no lugar de beber cauim. (Anch., Teatro, 34); Kagûápe nhõ nde ratãngatu-potá? - Somente quando bebes cauim tu queres ser valente? (Anch., Teatro, 64)
kongûyra (s.) - véu do paladar (D'Evreux, Viagem, 158)
kûabẽ (v. intr.) - escapar: Okûabépe irã so'o, gûyrá...? - Escaparão futuramente os animais, os pássaros? (Ar., Cat., 46)
kukuri (s.) - CUCURI, cação-frango, peixe da família dos galeorrinídeos (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 164)
kunapo'yba (s.) - nome de árvore de mangue, o mesmo que kanapa'yba (v.) (VLB, II, 30)
kunumĩgûasu'ĩ (s.) - mocinho adolescente (VLB, II, 39)
kuruiri (s.) - CURUIRI, árvore da família das mirtáceas (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 109)
kype3 (ou kypenhõ) (adv.) - rarissimamente (VLB, II, 96)
manõmanõ (v. intr.) - 1) padecer acidentes: Amanõmanõ. - Padeci acidentes. (VLB, I, 20); 2) sofrer (doenças) (VLB, I, 149)
marikiná (s.) - MIRIQUINÁ, símio de hábitos noturnos da família dos cebídeos, também chamado MARIQUINHA, MARIQUINHAS, MARIQUINA, MURIQUINA, MURIQUINHA (D'Abbeville, Histoire, 252v)
mba'easyaíba (etim. - doença superficial) (s.) - indisposição, doença fraca; (adj.: mba'easyaíb) - adoentado, mas não muito doente: Xe mba'easyaíb. - Eu estou adoentado. (VLB, II, 28)
mba'ekagûera (s.) - 1) gordura (fora do corpo dos animais): Aîkyty-kytyk mba'ekagûera pupé. - Fiquei-o esfregando com gordura. (VLB, I, 117); 2) graxa (VLB, I, 150); 3) unguento (VLB, II, 139) [v. tb. kaba (VLB, I, 150)]
mba'enhemonhangaba (etim. - o gerar-se das coisas) (s.) - fertilidade (VLB, I, 138)
mbo'eaíb (etim. - ensinar mal) (v.tr.) - confundir: O 'anga sumarã o mbo'eaíme... - Por confundir o inimigo sua alma. (Ar., Cat., 34v)
mbyra (s.) - nome de animal; veloso (VLB, II, 143)
mimbûaîa (etim. - o comandado) (s.) - moça de serviço doméstico (VLB, II, 39); moço que serve em casa como pajem; criado de mulher (VLB, II, 39); criado ou criada; serviçal (VLB, I, 86)
mimõîpoka - v. (e)mimõîpoka (t)
moakym (v.tr.) - 1) molhar (VLB, II, 40); 2) umedecer (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 277)
mo'angekoaíb (v.tr.) - molestar, fazer penar (VLB, II, 40): ...Ta nde moangekoaíb umẽ Anhanga. - Que não te moleste o diabo. (Ar., Cat., 141)
moapakuî (v.tr.) - derrubar (p.ex., frutas, terra, como fazem os ratos) (VLB, I, 95)
moaparaîereb (v.tr.) - derrubar (o que cai rodando - p.ex., um barril, um pote, etc.) (VLB, I, 95)
moapen (v.tr.) - entortar (VLB, I, 119)
moapûá1 (v.tr.) - empilhar, amontoar, fazer monte de (VLB, II, 109)
moapûa'ĩ (v.tr.) - encurtar (VLB, I, 115)
mobok (v.tr.) - estourar, fazer rachar, arrebentar (VLB, I, 42); furar, rachar, fender (VLB, I, 137): Itamina pupé iî yké kutuki, i nhy'ã moboka... - Com uma lança de ferro espetou seu flanco, estourando suas entranhas... (Ar., Cat., 64) ● mobokaba - tempo, lugar, modo, instrumento, etc. de estourar, de fender, etc.: îepe'a-mobokaba - instrumento de fender lenha (VLB, I, 87)
moesakûar (v.tr.) - empilhar, amontoar, fazer monte de (VLB, II, 109)
moesakûaranam (v.tr.) - empilhar, amontoar, fazer monte de (VLB, II, 109)
moîegûak (v.tr.) - enfeitar, adornar, ornar: Eîori xe moîegûaka... - Vem para me adornar. (Anch., Poemas, 96); ...xe akanga moîegûaka... - enfeitando minha cabeça (Anch., Poemas, 152)
mombeb2 (v.tr.) - encurtar (Fig., Arte, 107)
mombe'uporang (etim. - proclamar belamente) (v.tr.) - louvar (VLB, II, 24) ● i mombe'uporangymbyra - o que é (ou deve ser) louvado (VLB, II, 24)
mongûy (v.tr.) - 1) desfazer (Fig., Arte, 2); 2) corroer; 3) gastar; despender, usar, empregar (VLB, I, 113): Aîmongûy-pab. - Gastei-o totalmente. (VLB, I, 147); 4) desatar (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 277) ● emimongûy (t) - o que alguém desfaz, corrói, etc.: ...I nemeté, i tuîuketé, tasoka, ura remimongûyamone. - Serão muito fedorentos, serão muito podres, corroídos de vermes e de bernes. (Ar., Cat., 164)
mopyrang (v.tr.) - 1) pintar de vermelho, tingir de vermelho; tornar vermelho (VLB, I, 32); 2) ensanguentar (VLB, I, 117)
mosykyakanitara (etim. - medusa de canitar, de cocar) (s.) - var. de fitozoário; medusa (VLB, I, 67)
mosykypyranga (etim. - medusa vermelha) (s.) - var. de fitozoário; medusa (VLB, I, 67)
motĩbyk (v.tr.) - desonrar, envergonhar: -Eresekyîpe îuraragûaîa abá supé... i motĩbyka? - Urdiste mentiras contra alguém, desonrando-o? (Anch., Doutr. Cristã, II, 103)
muku'iîy (s.) - MUCUIM, variedade de inseto vermelho do mato, acarídeo da família dos trombidídeos, que entra no corpo humano e causa grande comichão (VLB, I, 55)
mukunagûasu (etim. - mucuná grande) (s.) - MUCUNÁ-GUAÇU, variedade de mucuná (v.), com fava de grande beleza e tamanho, de virtudes nocivas (Piso, De Med. Bras. III, 175; Brandão, Diálogos, 196)
mutukusu (etim. - mutuca grande) (s.) - MUTUCUÇU, mosca de gado, inseto da família dos tabanídeos (VLB, II, 43)
mutupapaba (etim. - esgotamento do fôlego) (s.) - coisa maravilhosa (VLB, II, 32) [v. putupaba (m)]
nongatu (etim. - colocar bem) (v.tr.) - 1) amansar; pacificar, aplacar, deixar sossegado; aquietar (VLB, II, 94); 2) bem colocar; guardar; 3) reconciliar: Anhonongatu o îoupé. - Reconciliei-os um com o outro. (VLB, I, 34); 4) remediar (VLB, II, 100); 5) reformar (p.ex., os costumes, os atos): Asekó-nongatu. - Reformei seus atos. (VLB, II, 99) ● onongatuba'e - o que amansa, o que aquieta, o que deixa sossegado, o que guarda, etc.: A'epe bé kunumĩ, kunhataĩ, kunhãmuku Tupã resé ogûeté onongatuba'epûera rekóû. - Ali também estão os meninos, as meninas, as moças que guardaram seus corpos em Deus. (Ar., Cat., 168v); nongatusara (ou nongatûara) - o que amansa, o que aquieta, o que guarda; o que pacifica, o que reconcilia, o medianeiro (VLB, II, 127): A'epe bé ogûekokatu pupé o 'anga nongatusarûera... oína. - Ali também estando os que guardaram sua alma em sua virtude. (Ar., Cat., 168v); nongatûaba - tempo, lugar, modo, etc. de amansar, de reconciliar, de remediar, de bem colocar, etc.: Ybaka aé Tupã îandé resé i nhemosako'îaba, îandé mba'ekaturama nongatûaba re'a... - O próprio céu é o que Deus prepara para nós, lugar em que bem coloca nossa felicidade futura. (Ar., Cat., 167)
nhandyroba (etim. - óleo amargo) (s.) - NHANDIROBA, NHANDIROVA; o mesmo que îandyroba (v.)
nhatimanĩ (v. intr.) - girar em círculos, rodear (p.ex., o navio para o lugar donde saiu): Anhatimã-timanĩ. - Fico girando em círculos, fico rodeando (como o que se perdeu ou que busca alguma coisa). (VLB, I, 43)
nheatõî (v. intr.) - 1) dar cabeçadas (VLB, I, 61); 2) golpear, dar golpes um no outro: Oronheatõî. - Golpeamos um ao outro. (VLB, II, 32)
nhe'ẽe'yma (etim. - sem palavras) (s.) - silêncio (VLB, II, 117)
nhe'enge'yma (etim. - sem palavras) (s.) - mudo (D'Evreux, Viagem, 157)
nhe'engybõ (etim. - flechar palavras) (v.tr.) - ferir com palavras, ofender: Ereînhe'engybõpe nde ruba...? - Ofendeste teu pai? (Anch., Doutr. Cristã, II, 86)
nhemoabá (v. intr.) - 1) fazer-se homem: Anhemoabá. - Fiz-me homem. (VLB, I, 91); 2) ser homem de meia-idade (VLB, II, 8)
nhemoaíb2 (v. intr.) - estar de luto, vestir luto (VLB, I, 105)
nhemoembiaryîar (ou nhemombiaryîar ou îemoembiaryîar) (v. intr. compl. posp.) - assenhorear-se, levar de vencida (VLB, II, 21); tornar-se apresador [de algo ou de alguém: compl. com esé (r, s)]: Nd'e'i te'e moxy keteté abá ropenhana,... sesé oîemoembiaryîá. - Olhe bem que, por isso mesmo, o maldito ataca o homem, tornando-se apresador dele. (Ar., Cat., 89)
nhemoîa'ok (v. intr.) - repartir-se: Oronhemoîa'ok. - Repartimo-nos. (VLB, II, 101)
nhemoîerobîar (etim. - confiar em si) (v. intr.) - ser presumido, vangloriar-se, alardear grandeza (VLB, I, 150)
nhemongetá1 (ou îemongetá) (v. intr. compl. posp.) - combinar, concertar, tratar [sobre algo, de algo: compl. com esé (r, s)] ...Aîpó tekoagûama resé o nhemongetá e'ymebé. - Antes de tratar sobre aquele procedimento. (Ar., Cat., 279) ● nhemongetasara - o que combina, o que concerta: O îoesé o mendaragûama resé nhemongetasara... nd'e'ikatuî a'e roîré amoaé resé omendá... - Os que tratam de seu futuro casamento um com o outro não podem, depois disso, casar-se com outros. (Ar., Cat., 280)
nhemongyr (v. intr.) - levantar-se, erguer-se, sair da inatividade, mexer-se (VLB, I, 57)
'o1 (-îo-) (v.tr.) - 1) tapar, fechar, entupir, cerrar (o que estava aberto, como, p.ex., o caminho, o buraco, etc.); calafetar (VLB, I, 63): Aîo'o. - Tapo-o. (Anch., Arte, 28v); 2) remendar ● 'osaba - tempo, lugar, modo, etc. de tapar, de fechar, de remendar; remendo (VLB, II, 101)
obagûang (s) (v.tr.) - pintar o rosto de (com riscas vermelhas) (VLB, II, 78)
obaîara2 (t) (s.) - 1) cunhado (do h.), irmão de sua esposa; 2) primo da esposa (de h.) (Ar., Cat., 116v)
obapy2 (t) (s.) - 1) limiar, entrada (de porta, de buraco, de cova): okena robapy - o limiar da porta (VLB, II, 25); 2) fim, limite: xe kó robapy - o limite de minha roça (VLB, II, 22)
oîoaname'yma (etim. - sem parentesco uns com os outros) (s.) - espécie, tipo: Mbobype tekoangaîpaba oîoaname'yma? - Quantas são as espécies de pecados? (Bettendorff, Compêndio, 70)
okaîa (t) (s.) - 1) choça (VLB, I, 73); TOCAIA. Nela os índios "se recolhem sós, fazem suas cerimônias e dizem que falam com o Jurupari." (Heriarte, "Descr. Maranhão, Pará", in Varnhagen, Hist. [4ª edição], 1951, III, 172); 2) curral, cercado: tapi'irokaîa - curral de vacas (VLB, I, 88); taîasu rokaîa - curral dos porcos (VLB, I, 73); 3) gaiola; galinheiro: gûyrá rokaîa - gaiola ou galinheiro de pássaros; Asokaîmonhang. - Fiz gaiola para eles. (VLB, I, 146); 4) pocilga (VLB, II, 79)
okaîrana (t) (etim. - tocaia falsa) (s.) - variedade de chiqueiro, curral ou qualquer lugar sobre quatro esteios em que se mantêm animais (VLB, II, 121)
okaîybaté (t) (etim. - tocaia elevada) (s.) - andaimo no mato para esperar caça (VLB, I, 35)
okendab (s) (v.tr.) - fechar (porta, janela, carta), encerrar (pessoa, etc.): Osokendab a'e karamemûã itagûasu pupé. - Fecharam aquele túmulo com uma pedra grande. (Ar., Cat., 64v); Itá karamemûã pupé i nongi, sokendapa. - Dentro de uma sepultura de pedra puseram-no, fechando-a. (Bettendorff, Compêndio, 50)
okusu (r, s) (etim. - casa grande) (s.) - sala, dianteira da casa (VLB, II, 112)
opóbo (etim. - em suas mãos) (adv.) - de gatinhas: Agûatá opóbo (ou Opóbo nhẽ agûatá). - Ando de gatinhas. (Anch., Arte, 43; Fig., Arte, 122; VLB, I, 35)
orypaba (t) (etim. - lugar de felicidade) (s.) - paraíso (Ar., Cat., 24v)
pararang (v. intr.) - rodar (pelo chão, como as rodas de uma carroça) (VLB, I, 35; II, 107)
peke'i (s.) - PEQUI, 1) árvore cariocarácea alta e grossa (Caryocar brasiliensis Cambess.), de flores amarelas; 2) o fruto dessa árvore (D'Abbeville, Histoire, 225)
pererek (v. intr.) - pular, saltar, ir aos pulos (Sousa, Trat. Descr., 265)
pi (-îo-) (v.tr.) - picar (p.ex., um inseto, uma urtiga): Aîopi. - Piquei-o. (Anch., Arte, 6v; VLB, II, 77)
pirameîu'i (etim. - peixe-andorinha) (s.) - nome de um peixe (Theat. Rer. Nat. Bras., I, 55)
poatasaba (m) (s.) - intervalo entre as espáduas (VLB, I, 125); as costas entre as duas espáduas (Castilho, Nomes, 34)
po'e (mb) (s.) - quebranto (do que está triste e melancólico); (adj.) - quebrantado, entorpecido; (xe) ter quebranto: Xe po'e-po'e (ou Xe po'e nhẽ). - Eu tenho quebranto. (VLB, II, 92)
popongaba (m) (etim. - lugar de bater das mãos) - atabaque (VLB, I, 46)
porangu (m) (s.) - mentira, falácia, ilusão, fantasia; (adj.) mentiroso, falaz, ilusório, fantasioso: ...Nhe'ẽ-porangu... ereîapi ko'arapukuî. - Atiras nele, o dia todo, as palavras mentirosas. (Anch., Doutr. Cristã, II, 112); Na xe poranguî gûitekóbo. - Eu não estou sendo fantasioso. (VLB, I, 131)
porepîakaba (m) (etim. - lugar de ver gente) (s.) - miradouro, mirante (VLB, I, 46, II, 38)
porepŷan1 - 1) (v. intr.) - fazer resgate (contratar o que estava escravizado após pagar pela sua libertação): Asó gûiporepŷana. - Vou para fazer resgates. (VLB, II, 102); 2) (v.tr.) - resgatar: Aporepŷan apŷaba. - Resgatei os índios. (VLB, II, 102); Asó apŷaba porepŷana. - Vou para resgatar os índios. (VLB, I, 81)
poroîukaíba2 (m) (etim. - o matar gente não completamente) (s.) - soberba; (adj.: poroîukaíb) - soberbo: abá-poroîukaíba - homem soberbo (VLB, II, 118)
poromoîasukaba (m) (etim. - lugar de lavar gente) (s.) - pia batismal, pia de batismo (VLB, II, 76): Moromoîasukaba pupé onhemongaraípa... - Santificando-se na pia batismal. (Anch., Doutr. Cristã, I, 133)
poromongaraipaba (m) (etim. - lugar de batizar as pessoas) (s.) - pia batismal, pia de batizar (VLB, II, 76)
poromonhemombegûaba (m) (etim. - lugar de confessar gente) (s.) - confessionário (VLB, I, 79)
posakara (m) (s.) - sobrecarga; (adj.: posakar) - sobrecarregado, com grande peso: Xe posakar. - Eu estava sobrecarregado. (VLB, I, 68)
NOTA - No P.B., POCEMA pode ser, também, algazarra, brado, vozearia, grito: "Soam festivos gritos, e as POCEMAS / Dos guerreiros, que sôfregos escutam / Do piaga os ditos, e o feliz augúrio / Da próxima vitória." (Gonçalves Dias, Os Timbiras. In Poesia e Prosa Completas. Editora Nova Aguilar, Rio de Janeiro, 1998.)
posyîa (m) (s.) - peso, carga: Nd'e'i te'e sero'a-ro'a... i posyîa suí. - Por isso mesmo ficava caindo com ela por causa do seu peso. (Ar., Cat., 61v); (adj.: posyî) - pesado, grave: Xe rekoposyîkatu. - Eu tenho atos muito graves (isto é, muito sérios); Xe nhe'ẽposyî. - Eu tenho palavras pesadas (isto é, sérias, com pesadas reflexões). (VLB, I, 74); Na xe rekoposyî. - Eu não sou grave nos meus atos. (VLB, II, 21)
potakatu (etim. - desejar muito) (v.tr.) - folgar com, folgar em: Asendu-potakatu. - Folgo muito em ouvi-lo. (VLB, I, 141)
potegûama (etim. - futura morte de gente) (s.) - insalubridade; (adj.: potegûam) - insalubre (p.ex., um lugar, uma terra) (VLB, I, 105)
potyra2 (mb) (s.) - flor; (adj. potyr) - florido; (xe) ter flor; florescer, estar em flor (VLB, I, 140): Xe potyr. - Eu tenho flores. (VLB, I, 144)
po'ypuku (m) (etim. - colar comprido) (s.) - fio de contas (VLB, II, 113)
pûapendaba (m) (etim. - lugar de entortar os dedos) (s.) articulações dos dedos (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 276)
puku1 (m) (s.) - extensão, longitude; comprimento, compridão (VLB, I, 78); (adj.: puku ou muku) - extenso, comprido, longo; alto (fal. de pessoas): Xe puku. - Eu sou alto. (VLB, I, 33); ...Kó bé... xe rûaî-puku. - Eis aqui também meu rabo comprido. (Anch., Teatro, 40); Xe 'anga rekó-puku. - Vida longa de minha alma. (Valente, Cantigas, VII, in Ar., Cat., 1618); (adv.) - longamente, por longo tempo; prolixamente (VLB, II, 87): Eîmoingó-puku-katu kó taba Tupã resé. - Faze estar muito longamente esta aldeia em Deus. (Anch., Poemas, 174); ...nde... ate'ỹ-mukuramo - estando tu por longo tempo preguiçoso (Anch., Doutr. Cristã, II, 105)
py1 (-îo-) (v.tr.) - tocar (flauta ou instrumento de sopro); soprar (buzina, etc.): Aîopy. - Toco-a. (VLB, II, 124; Anch., Arte, 6v)
pykutuk (etim. - cutucar o interior) (v.tr.) - escarafunchar, esgaravatar (VLB, II, 37)
pym2 (v. intr.) - desarmar-se (p.ex., o laço) (VLB, I, 96)
pymondyk (etim. - queimar os pés) (v. intr.) - patear, bater os pés no chão (como o cavalo, ou bailando) (VLB, II, 67)
pyryba (s.) - proximidade (fal. de parentesco); (adj.: pyryb) - próximo (fal. de parentes): Nde poxype nde remirekó asykûereté amõ resé koîpó i mũ-mbyryba? - Tu foste torpe com alguma irmã de tua esposa ou com sua parente próxima? (Anch., Doutr. Cristã, II, 94)
pysykaba (m) (etim. - lugar de pegar) (s.) - 1) asa (de xícara) (VLB, I, 44); 2) alça (de cesto) (VLB, I, 44); 3) empunhadura (VLB, I, 113)
r- (pref. de relação usado com alguns substantivos, adjetivos, verbos e posposições para indicar dependência entre estes e os termos que os precedem): Nde porãngatu raûsupa... - Amando tua grande beleza (Anch., Poemas, 84); ...Te'õ rupîara nhẽ... - Adversária da morte. (Anch., Poemas, 88); Xe roryb nde só resé. - Eu estou feliz por tua ida. (Anch., Arte, 27)
rab1 (-îo-) (v.tr.) - desatar (p.ex., o nó) (VLB, II, 50); desligar, soltar (p.ex., as velas da embarcação); desembaraçar (p.ex., fios): Aîpopûasá-rab. - Soltei as algemas dele. (VLB, II, 120)
raú (s.) - bicho-de-taquara, larva de uma var. de borboleta. Era comido assado ou torrado. (Anch., Cartas, 131)
ro'y1 (s.) - 1) frio: Îaîmomboreaûsu ro'y. - Fá-lo sofrer o frio. (Anch., Poemas, 162); 2) época fria; inverno (VLB, II, 13); (adj.) - frio: Xe ro'y. - Eu estou frio; eu tenho frio. (Léry, Histoire, 367); kûarasy-ro'y - sol frio, isto é, sol encoberto, tempo nublado (VLB, II, 121)
sabeyporaíb (etim. - embriagar-se não completamente) (v. intr.) - ficar alterado por bebida (mas sem se embriagar de todo, nem ficar fora de si) (VLB, II, 131)
sapuka'i1 (s.) - nome de árvore, o mesmo que sapukaîa (v.) (Sousa, Trat. Descr., 213; Brandão, Diálogos, 171)
1 (v. intr.) - ir: Asó-potá nde retãme... - Quero ir para tua terra. (Anch., Poemas, 92); N'asó-potari mamõ... - Não quero ir para longe. (Anch. Poemas, 100); Gûixóbo asó. - "Vou para ir" (isto é, vou para morar). (VLB, II, 41); Asó ka'abo. - Vou pelos matos. (Fig., Arte, 7); Korite'ĩ i xóû. - Agora ele foi. (Fig., Arte, 94); Nd'a'éî gûixóbo ranhẽ. - Ainda não vou. (Fig., Arte, 162); Mamõpe eresó? - Aonde vais? (D'Evreux, Viagem, 143); T'îasó, t'îasó! - Vamos, vamos! (Carder, The rel., 1188) ● osoba'e - o que vai: ...Opakatu ybakype osoba'erama repyramo... - Como resgate de todos os que irão para o céu. (Ar., Cat., 84v); soara - o que vai (Fig., Arte, 64): ybakype soarama... - o que irá para o céu (Ar., Cat., 31v); soaba - tempo, lugar, modo, etc. de ir; ida (Fig., Arte, 1686, 64): Ogûatá îepé serã i îybá mokõîa itapygûá soarama resé? - Por acaso não chegava seu segundo braço ao lugar de irem os pregos? (Ar., Cat., 62v); ...Ybakype i xoagûera rerobîá. - Crendo na sua ida para o céu. (Ar., Cat., 12v); ...A'epe xe soagûama... - Ali é o lugar aonde eu vou. (Anch., Teatro, 162, 2006)
so'o2 (v.tr.) - convidar (em geral ou para festa): Aporoso'o. - Convido gente. (Fig., Arte, 89); ...apŷaba sogûabo pá... - convidando os homens todos (Anch., Teatro, 34); ...Pabẽ t'îaîxo'o. - Todos havemos de convidar. (Anch., Teatro, 64) ● sogûaba - tempo, lugar, causa, etc. de convidar: Nd'e'i te'e kunumĩgûasu, morubixaba o sogûápe, oîkébo memẽ kagûápe... - Por isso mesmo os moços, por os convidarem os chefes, entram sempre no lugar de beber cauim. (Anch., Teatro, 34); i xo'opyra - o que é (ou deve ser) convidado (VLB, I, 81)
-sûer1 (suf.) (Têm os alomorfes -sûé, -ixûer e -xûer.) - 1) quase, por pouco que: A'arixûer. - Quase caí. (Fig., Arte, 140); Amanõsûer. - Quase morri. (Fig., Arte, 140); Aîukasûer. - Quase o matei. (VLB, I, 19); Asosûé. - Quase fui. (Anch., Arte, 25v); 2) haveria de: Aîukaxûer. - Haveria de o matar; A'arixûer. - Haveria de cair. (VLB, II, 61) ● -sûerĩ - por um triz que não... (VLB, I, 19)
sye'yma (etim. - sem mãe) (s.) - órfão (de mãe) (VLB, II, 59)
syma (s.) - escorregadura; (adj.: sym) - escorregadio (VLB, I, 123); liso: Xe sym. - Eu estou liso. (VLB, II, 23)
tapi'irapekũ (etim. - língua de vaca) (s.) - TAPIRAPECU, língua-de-vaca (Chaptalia nutans (L.) Pol.), planta composta empregada na medicina popular como tônico abstergente e emoliente, sendo que as folhas aquecidas são colocadas sobre as têmporas para combater as cefaléias e provocar sono. Era também chamada erva-do-fígado. (Piso, De Med. Bras., 200)
tatau'uba1 (etim. - flecha de fogo) (s.) - flecha incendiária com que se queimam as casas durante as guerras (VLB, I, 141)
tatau'uba2 (etim. - flecha de fogo) (s.) - foguete, fogo de artifício (VLB, I, 141)
3 (s.) - diferença, mudança; desfiguramento; (adj.) - desfigurado; diferente, mudado (VLB, I, 93): Xe té xe té. - Eu estou muito desfigurado. (VLB, I, 99); I te i té xe robá. - Está muito desfigurado meu rosto. (VLB, I, 99)
tegûama (etim. - futura causa de morte) (s.) - veneno; peçonha; (adj.: tegûam) - peçonhento; (xe) ter peçonha (como cobra, etc.): Xe tegûam. - Eu tenho peçonha. (VLB, II, 69)
tekokuaba (ou tekokugûaba) (etim. - conhecimento dos fatos) (s.) - prudência; sabedoria, entendimento, conhecimento, compreensão, juízo, saber natural [à diferença de mba'ekuaba (v.), que é o saber adquirido], instinto natural, razão. (Neste termo, o t- é forma fixa e não um prefixo de relação. Ele nunca é substituído por r- ou s-.): Xe tekokuaba opá amokanhem. - Meu entendimento todo fiz desaparecer. (Anch., Poemas, 106); (adj.: tekokuab ou tekokugûab) - ajuizado, entendido, que tem discernimento, prudente, sábio: abá-tekokugûá-katu - homem muito entendido (VLB, I, 48); (xe) saber, ser conhecedor (das coisas): Na xe tekokuabi. - Eu não sei (sou ignorante). (VLB, II, 48); Anhẽ, n'i tekokuabi... - Na verdade, não são conhecedores das coisas. (Anch., Teatro, 38)
tekokuabe'yma (ou tekokugûabe'yma) (etim. - falta de conhecimento dos fatos) (s.) - 1) ignorância (VLB, II, 8); falta de entendimento; parvoíce (VLB, II, 48); 2) o ignorante, o bruto, o que não sabe nada; o sem juízo, o desatinado (VLB, I, 60) (Neste termo, o t é forma fixa e não um prefixo de relação. Ele nunca é substituído por r- ou s-.); (adj.: tekokuabe'ym ou tekokugûabe'ym) - ignorante, desatinado, parvo: abá-tekokuabe'yma. - homem ignorante (VLB, II, 8); nhe'ẽ-tekokugûabe'yma - palavras desatinadas (VLB, I, 96); O tekokuabe'ymamo nhẽ emonã xe rerekóû... - Sendo ignorantes, sem mais, assim me tratam. (Ar., Cat., 63); abá-tekokuabe'ymusu - homem parvoeirão, ignorantão (VLB, II, 66) ● i tekokuabe'ymba'e - o que é ignorante: I tekokuabe'ymba'e motekokuaba. - Instruir os que são ignorantes. (Ar., Cat., 18v)
tendysyryka - v. endysyryka (t)
tie'apyragûyra (etim. - tiê da moleira baixa) (s.) - variedade de TIÊ, pássaro da família dos traupídeos (Soares, Coisas Not. Brasil [ms .c], 1337-1347)
titó (s. voc.) - minha sobrinha! (Anch., Arte, 14v)
Tukumusu (etim. - tucuma grande) (s. antrop.) - nome de índio tupi (D'Abbeville, Histoire, 188v)
tumbek (v. intr.) - estar desleixado, desleixar; enfraquecer (VLB, I, 116): Atumbé-tumbek. - Estou desleixando. (VLB, I, 93)
tyabor (v. intr.) - estar na penúria, padecer miséria, sofrer falta de mantimentos: Atyabor. - Estou na penúria. (VLB, I, 128)
typy'abyka (etim. - fécula apertada - v. pyk) (s.) - fécula de mandioca espremida (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 67)
ugûymombuk (s) (etim. - furar o sangue) (v.tr.) - dar sangria; sangrar: Asugûymombuk. - Sangro-o. (VLB, II, 112)
umberi (s.) - UMIRI, planta da família das humiriáceas; o mesmo que umeri (v.) (VLB, I, 64)
upixûara (t) (s.) - TUPUXUARA, demônio ou espírito familiar; espírito protetor; [adj.: upixûar (r, s)] (xe) - ter espírito protetor: Supixûar ikó paîé-angaíba... - Este pajé ruim tem espírito protetor. (Ar., Cat., 98v)
urende'yba (s.) - URUNDEÚVA, URINDEÚVA, URIUNDUBA, árvore da família das anacardiáceas (Myracrodruon urundeuva Allemao), também chamada aroeira-do-campo e lentisco (Brandão, Diálogos, 171)
u'ubapûaetá (etim. - flecha de muitas pontas) (s.) - espécie de flecha com extremidade de muitas pontas (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 278)
xeruru (s.) - SURURU, var. de molusco (v. sururu) (D'Abbeville, Histoire, 204v)
xó1! (interj.) - irra! (VLB, II, 15)
yapopeba (t, t) (etim. - largura das águas cheias) (s.) - largura (de rio) (VLB, II, 19); [adj.: yapopeb (r, t)] - largo (o rio) (VLB, II, 18)
'ybapaara (etim. - o tirar todos os paus) (s.) - lavoura, roça, roçado (VLB, II, 19) ● kopisaba 'ybapaara - (lit., o arrancar todos os paus do lugar de carpir) roçado antes de se queimar (VLB, II, 107)
ybygûá (s.) - ventre, barriga, do umbigo para baixo (Castilho, Nomes, 32)
yby'îaba (etim. - indicação da terra) (s.) - limite (p.ex., entre roças) (VLB, I, 130); margem que divide as roças (comumente uma carreira de erva ou mato que não se limpava) (VLB, II, 32)
ybyraty (t, t) (s.) - cunhada (do h.), mulher do irmão ou do primo mais moço (de h.) (Ar., Cat., 116v; VLB, I, 87)
ybyraysyka (etim. - resina de árvore) (s.) - incenso (VLB, I, 114)
ye'ẽ (s.) - fojo, buraco no chão cuja existência se disfarça com folhas ou gravetos para apanhar caça, que cai dentro dele (VLB, I, 141)
ygapotitinga (t, t) (etim. - manchas brancas da água cheia) (s.) - ovelhas do mar (VLB, II, 60); [adj.: ygapotiting (r, t) (xe) - fazer ovelhas (o mar)] (VLB, II, 60)
yke'yraty (t, t) (s.) - cunhada (de h.), primeira mulher de seu irmão ou primo mais velhos (Ar., Cat., 116v; VLB, I, 87)
ypy4 (s.) - topo: mytamytá-ypy - topo da escada (VLB, II, 132)
ysykapûangatu (etim. - resina muito cheirosa) (s.) - incenso (VLB, I, 114)
Aruaru (CE). Reduplicação de aru - var. de sapo.
Boturuçu (morro de Itanhaém, SP). De ybytyra (na língua geral meridional botura*) + -usu (suf. aument.): morro grande; montanhão.
Caipira (MG). De kopira: roçado; roçador.
Camuari (rib. de SP). Da língua geral meridional camuá* - nome de uma palmeira + y (t, t) - rio dos camuás.
Cavoçu (rio de SP). Da língua geral meridional kabusu*, arbusto da família das poligonáceas.
Corumbataí (SP). De kurimatá - peixe da família dos caracídeos + 'y - rio: rio dos corimbatás.
Curicaca (GO). De kurikaka, ave ciconiforme dos brejos e pantanais.
Grupiara (MG). De kuruba + piara: caminho do cascalho, i.e., cascalho ralo nas faldas inclinadas das montanhas e donde se extrai ouro.
Guapiaçu (rio do RJ). Da língua geral meridional, guapira* (em tupi, 'yapyra) + -ûasu: grandes cabeceiras.
Iacanga (SP). De 'y + akanga: cabeça do rio (nome atribuído artificialmente, no século XX, em 1909).
Ijucapirama (RS). De i îuká-pyr-ama: os que serão mortos (v. îuká). Nome de um poema de Gonçalves Dias.
Imburi (RJ). De embyr/a + 'y: rio das embiras.
Inhaí (rio de MG). Da língua geral meridional inhaíba* - grande árvore lecitidácea + 'y: rio das inhaíbas.
Inhangá (MG). De 'y + anhanga: diabo do rio.
Itu (SP). De ytu: cachoeira, queda d'água (VLB, I, 62)
Jaceguai (rio de SP). Da língua geral meridional, nome de planta da família das cucurbitáceas.
Jaguareguava (pico de Cubatão). De îagûara + 'y + 'ûaba (v. 'u): lugar de as onças beberem água.
Jarina (rio do MT). Da língua geral meridional, nome de uma palmeira baixa e de estipe grosso.
Juquiá (rio de SP). Da língua geral meridional, designando um aparelho de pescaria.
Juquitiba (SP). De îukyra + tyba: ajuntamento de sal, salina.
Membeca (rio do MT). Da língua geral setentrional, uma variedade de bacuri, árvore gutiferácea: "[...] as quatro castas de bacurí, reté, parí, membeca, e curuba [...]" (in Alexandre Rodrigues Ferreira [n.d.]: Baixo Rio Negro, p. 702.)
Motuca (SP). De mutuka, insetos tabanídeos.
Mucajaí (rio de RR). Da língua geral setentrional mucajá* + 'y: rio dos mucajás, plantas palmáceas.
Paranapanema (rio que separa os estados de SP e PR). Da língua geral meridional paraná + panema: rio azarado (v. Paraná).
Paranapitanga (rio de SP). Da língua geral meridional paraná* + pytanga: rio avermelhado (v. Paraná).
Pequeá (SP). De peke'a: pequiás, plantas cariocaráceas.
Piqueri (SP). De pikyra - piquira, peixe miúdo + 'y - rio: rio dos peixes miúdos: "Ha mais neste mesmo rio huma coiza rara, e digna de notarsse, que hé hum peixinho pequeno chamado piquira, que costuma sobir todos os annos na vazante..." (Barboza de Sá et al. [1782], Anaes do Senado / Atas de Cuiabá, fol. 97)
Piquerobi (SP). De pikyra - piquira, peixe miúdo + oby (r, s) - verde; azul: piquiras verdes.
Piquira (SP). De pikyra: pele tenra, peixes pequenos.
Potira (PB). De potyra (mb), flor.
Puiraçu (PE). De po'yra + -usu: grandes miçangas.
Sernambitiba (RJ). De serinambi + tyba: ajuntamento de cernambis, moluscos bivalves.
Sorocaba Mirim (Ibiúna, SP). De sorok + -ab/a + mirĩ: pequena rasgadura [da terra].
Tarumirim (MG). De língua geral colonial, tarumã-mirim*, árvore da família das verbenáceas, da floresta atlântica, idêntica ao tarumã (in PDBLP, p. 1173).
Tejuçuoca (SP). De teîuûasu - teiuaçu, réptil teídeo + oka (r, s): toca dos teiuaçus.
Tejupá (SP). De teîupara, choupana para abrigo durante viagens, tejupá (Sousa, Trat. Descr., 321)
Tiê (MG). De tié, pássaros traupídeos.
Tiquira (MT). De tykyra: gotas, pingos (VLB, II, 17).
Toriba (SP). De toryba: alegria. Nome atribuído artificialmente no século XX.
Toritama (PE). De toryba + etama (t): terra da alegria, nome atribuído artificialmente no século XX.
Tubi, Rio do (MG). Talvez da língua geral meridional, nome de abelhas meliponídeas.
Tucuruvi (SP). De tukura + oby: gafanhotos verdes.
Tuiutinga (MG). De tuîuka + tinga: tejuco claro.
Urubici (rio de SC). Talvez nome da língua geral meridional, uruba* - árvore marantácea + ysy (t): fileira de urubas.
_____ Pequeno Vocabulário Tupi-Português. Rio de Janeiro, Livraria São José, 1971.
_____Estudos sobre Línguas Tupi do Brasil. Série Lingüística, n. 11. SIL, Brasília, 1984.
(Nieuhof) NIEUHOF, Johan, Gedenkenweerdige Brasilianense Zeen Lant-Reize, Amsterdam, Jacob Van Meurs, 1682.
acalmar - monhyrõ; nongatu
barulho - pu (mb); sununga
comer - (tr.): 'u; (intr.): karu ● comer gente: poru
confundir - erekorekó; moapaîugûá; moapatynã; monan; apamonan; mombe'uabaíb; mbo'eaíb
devagar - mbegûé ● devagarinho: mbegûé-mbegûé
ermo (= desértico) - tabe'ym (v. tabe'yma)
esburacado - puk; pupuk; kûar (v. kûara)
escuro - un (r, s) [v. una (t)]; pytun (v. pytuna)
falador - nhe'engixûera
girar - (intr.): îereb; îatiman; (tr.): moîereb
habitualmente (= de costume) - amẽ
pintado (= que tem pintas): pinim/a; piting/a; (= que tem pintura): kûatiar/a
ser - ikó / ekó (t)... -ramo
sobrinho - (filho do irmão ou primo de h.): ta'yra, tyky'yra2 (quando mais velho); (filho do irmão ou primo de m.): penga (m); (filho da irmã ou prima de m.): i'yra
tingir - (com urucu): gûang (-îo-); (de preto): moún; (de amarelo): moîub; (de vermelho): mopyrang; (de branco): moting
torcer - (tr.): pepyr; poká; (torcer como corda): pomombyk; (torcer mão ou pé): mongaraû; (intr.): îekundab; îe'ab; (mão ou pé): nhemongaraû
voltar - îebyr ● voltar com; fazer voltar consigo: eroîebyr
'a4 (s.) - fruto: i 'a - fruto dela (Anch., Arte, 5v)
'aba (etim. - pelo da cabeça < 'a + aba) (s.) - 1) cabelo da cabeça (Anch., Arte, 15v): xe 'aba, nde 'aba, i 'aba - meu cabelo, teu cabelo, o cabelo dele (Castilho, Nomes, 27); 'a-tyrá-tyrá - cabelos muito arrepiados, grenha (VLB, I, 150); 'a-tinga - cabelos brancos, cãs, ABATINGA; Xe 'a-tinga - meus cabelos brancos; minha abatinga (VLB, I, 65); 'a-titinga - manchas brancas do cabelo (VLB, II, 29); 2) pêlo ou penugem da cabeça (de animais mamíferos, de aves): Aî'abeky-ekyî. - Fiquei-lhe puxando os pêlos; fiquei-o arrepelando. (VLB, I, 42) ● andyrá-'aba - tipo de corte de cabelo dos índios (etim. - cabelo de morcego) (VLB, II, 137); 'agûera - cabeleira, peruca (VLB, I, 61)
a'ebé - o mesmo que a'eîbé (v.) (Anch., Teatro, 146, 2006)
a'ereme (etim. - por ocasião disso) (adv.) - nesse tempo, naquele tempo, então: A'ereme amõ aîukáne... - Então matarei alguns. (Anch., Poemas, 156); A'ereme oín uman São João Batista o sy rygépe. - Então já estava São João Batista no ventre de sua mãe. (Ar., Cat., 6v); T'îaîuká xe mena..., a'ereme t'îamendar îandé îoesé. - Matemos meu marido e, então, casemos um com o outro. (Ar., Cat., 279); Aîuká umã a'ereme. - Já eu, então, tinha matado. (Fig., Arte, 14) ● a'ereme é - bem então (Fig., Arte, 129); a'ereme bé - logo então (VLB, II, 24)
Agûai'yba (etim. - pé de aguaí) (s. antrop.) - nome de índio tupi (D'Abbeville, Histoire, 188)
agûaxima2 (s.) - nome de caranguejo branco das praias arenosas (D'Abbeville, Histoire, 248)
agûeá1 (s.) - dente molar (Castilho, Nomes, 28)
agûeá2 (s.) - eixo: ybyrá-pararanga agûeá - eixo da roda de madeira que gira (no engenho de açúcar) (VLB, I, 109)
agûe'y (interj.) - ô, opa (daquele que chama sem dizer o nome) (VLB, II, 60)
aîuba (etim. - pêlos amarelos) (s.) - ruivo; (adj.: aîub) - Xe aîub. - Eu sou ruivo; Xe rendybá-aîub. - Eu tenho barba ruiva. (VLB, II, 109) ● i aîuba'e - o que é ruivo (VLB, II, 109)
akaîueté - o mesmo que akaîu (v.)
akanitara - o mesmo que akangatara (v.)
akûea - o mesmo que akûeîa (v.)
akûeba'e - o mesmo que akûea (v.)
akûeîba'e - o mesmo que akûeîa (v.) (VLB, I, 39)
akûeîme'ĩ (interj.) (com mã! no final do período) - ai, naquele tempo! (expressa saudade do tempo passado) (VLB, II, 120)
akûeîme'ĩe'õ (interj.) (com mã! no final do período) - ai, bons tempos! (expressando saudade do tempo passado) (VLB, II, 120)
akûeîme'ĩka'e (interj.) (com mã! no final do período) - ai, bons tempos! (expressando saudade do tempo passado) (VLB, II, 120)
ama'ybeté - o mesmo que amba'yba (v.) (VLB, I, 127)
ama'ytinga - o mesmo que amba'ytinga (v.)
ambeaoba (t) (etim. - roupa da virilha) (s.) - 1) ceroulas; cueca, calção (VLB, I, 63); 2) espécie de tanga (VLB, II, 64)
amboaé - o mesmo que amoaé (v.)
amũme - o mesmo que amõme (v.) (Fig., Arte, 128)
amũnyme - o mesmo que amõnume (v.) (VLB, I, 31)
anhasy2 (t) (etim. - coisa ruim do dente) (s.) - peçonha; [adj.: anhasy (r, s)] - peçonhento: Xe ranhasy. - Eu sou peçonhento. (VLB, II, 69)
aninga'yba (etim. - pé de aninga) (s.) - ANINGAÚBA, ANINGAÍBA, planta da família das aráceas (Montrichardia arborescens Schott.), de fibras aproveitáveis para cordoalha e no fabrico de papel, e cuja raiz é drástica e anti-hidrópica (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 106; Piso, De Med. Bras., IV, 197)
anu - o mesmo que anũ (v.)
apepyxugûana - o mesmo que apepyxagûana (v.) (VLB, II, 84)
'apira2 (etim. - pele da glande) (s.) - prepúcio: Mokõî oîoirundyk oito 'ara sykeme,... i 'apira mondoki. - Ao chegar o dia oitavo (duas vezes quatro), cortaram seu prepúcio. (Ar., Cat., 3)
apixá - o mesmo que apixara (v.)
apixaba (t) (s.) - o colega, o semelhante, o próximo [o mesmo que apixara (t) (v.)]: Eremondarõpe nde rapixaba kópe? - Furtaste na roça de teu próximo? (Anch., Doutr. Cristã, II, 98)
apugûar - o mesmo que apûar (v.)
apŷaba2 (s.) - 1) homem, varão (Fig., Arte, 3): ...Sory pakatu apŷaba... - Felizes estão todos os homens. (Anch., Poemas, 146); Tapiîara, tuîba'e, gûaîbĩ, kunumĩgûasu, apŷaba, kunhãmuku, xe boîáramo pabẽ xe pópe arekó-katu. - Os moradores da aldeia, velhos, velhas, moços, homens, moças, como meus súditos todos em minhas mãos os tenho. (Anch., Teatro, 34); 2) índio livre (VLB, II, 11); gentio: Oîkobé xe pytybõanameté,... tubixá-katu Aîmbiré, apŷaba moangaîpapara. - Existe meu auxiliar verdadeiro, o grande chefe Aimbirê, o pervertedor dos índios. (Anch., Teatro, 8); Abá-tepe, erimba'e, pe mba'erama resé apŷaba me'enga'ubi? - Mas quem, outrora, como vossas coisas os índios deu? (Anch., Teatro, 28); Apŷaba karaíba atûasaba kori oîkó. - Os índios e os cristãos hoje são companheiros. (D'Abbeville, Histoire, 342); 3) nação (de gente) (VLB, II, 46) ● apŷabusu - homem maduro na idade e no juízo (VLB, II, 141); apŷabeté - nome genérico dado aos índios que falavam tupi, em oposição aos tapuias: "Os mais barbaros se chamão in genere Tapuhias, dos quaes ha muitas castas de diversos nomes, diversas lingoas, e inimigos huns dos outros. Os menos barbaros, que por isso se chamão Apuabeté, que quer dizer homens verdadeiros, posto que tambem são de diversas nações, e nomes; [...] comtudo todos fallão hum mesmo lingoagem e este aprendem os Religiosos que os doutrinão por huma arte de grammatica que compoz o Padre Joseph de Anchieta [...]" (Frei Vicente do Salvador, História do Brasil, I, cap. xii)
apŷaba3 (t) (s.) - forno: kamusi rapŷaba - forno de potes; itaku'i-apŷaba - forno de cal (VLB, I, 142)
apŷapytanga (etim. - índio avermelhado) (s. etnôn.) - nome de antiga nação indígena (Cardim, Trat. Terra e Gente do Brasil, 122)
arabori - o mesmo que araberi (v.) (Sousa, Trat. Descr., 285)
araraúna - o mesmo que araruna (v.) (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 206)
araûeri - o mesmo que arabori (v.) (Lisboa, Hist. Anim. e Árv. Maranhão, fl. 166v)
arõ3 (s) (v.tr.) - esperar, aguardar: ...Iké nhẽ peîkó xe rarõmo... - Estai aqui esperando-me. (Ar., Cat., 52v)
atara (s.) - 1) o que caminha, o caminheiro; 2) estrangeiro, estranho (VLB, I, 130); 3) viandante, peregrino, viajante (VLB, I, 141): Atara mombytá. - Hospedar os peregrinos. (Ar., Cat., 18v); Ataramo é asé rekóû ikó yby pupé. - Como viajantes é que nós estamos nesta terra. (Ar., Cat., 26); 4) hóspede (VLB, II, 59) ● atasûera - andejo, o que anda ou caminha muito (Fig., Arte, 140)
atuasaba (etim. - o companheiro da nuca, isto é, o que segue alguém) (s.) - 1) compadre; comadre: -Marã e'ipe asé ruba, asé sy asé rerokara supé? -Xe atuasaba e'i. -Como dizem nosso pai e nossa mãe para o que nos batiza? -Dizem: -Meu compadre (Minha comadre). (Ar., Cat., 82-82v); Ata'y-nupã xe atuasaba. - Açoito o filho de meu compadre. (Fig., Arte, 88); 2) aliado, companheiro: ...Apŷaba karaíba atuasaba kori oîkó. - Os índios hoje são aliados dos cristãos. (D'Abbeville, Histoire, 342)
atybasaba - o mesmo que atuasaba (v.)
atygûasu - o mesmo que atyûasu (v.)
atyra (s.) - monte ou amontoado de alguma coisa, pilha: yby-atyra - monte de terra (VLB, II, 41); Pe apysykĩ serã peîkóbo pe rekomemûã aty-atyra pupé?... - Será que estais sossegados, sem mais, nos vossos montes de maldades? (Ar., Cat., 166 ); [adj.: atyr ou aty] - amontoado; (xe) amontoar-se, ser um monte: I aty sekopoxypûera. - São um monte os seus antigos vícios. (Anch., Teatro, 164); Oré atyr. - Nós estamos amontoados. (VLB, II, 41) ● iaty-iatyr (adv.) - aos montes (VLB, I, 34)
banga (s.) - tortuosidade: py-banga - tortuosidade dos pés; tesá-banga - tortuosidade dos olhos; (adj.: bang) - torto: Xe py-bang. - Eu tenho os pés tortos. Xe resá-bang. - Eu tenho olhos tortos. (VLB, II, 133)
ba'u (etim. - come pau < 'yba + 'u) (s.) - nome genérico de insetos e vermes comestíveis que nascem dentro de paus, canas, etc. (VLB, I, 55)
ebira2 (t) (s.) 1) sodomia passiva; 2) sodomita passivo, o patiens (VLB, II, 68): Ereîkópe tebira amõ resé? - Tiveste relações sexuais com algum sodomita? (Anch., Doutr. Cristã, II, 91)
emba'yba - o mesmo que amba'yba (v.) (Sousa, Trat. Descr., 203)
embeirĩ (t) (s.) - estupefação; [adj.: embeirĩ (r, s)] - estupefato, boquiaberto (de espanto), embasbacado: Xe rembeirĩ. - Eu estou embasbacado. (VLB, I, 125)
(e)mimby (r, s) (s.) - buzina, apito, tudo o que se toca com ar; [adj.: emimby (r, s)] (xe) - ter buzina; buzinar: Xe remimby. - Eu tenho buzina, eu buzino. (VLB, I, 58)
emime'enga (t) (etim. - o doado, o dado) (s.) - dom: Espírito Santo remime'enga - os dons do Espírito Santo (Ar., Cat., 19)
(e)nha'ẽpepó (r, s) (etim. - prato de asa) (s.) - panela: Oú bé senha'ẽpepó t'omoîy xe renondé. - Veio também sua panela para que os cozinhe adiante de mim. (Anch., Teatro, 66)
epîaka'ub (s) (v.tr.) - desejar ardentemente ver, ter saudades de; ver na imaginação: ...Nde robá repîaka'upa... - Desejando ardentemente ver tua face. (Anch., Poemas, 84); Pitangĩ repîaka'upa, aîur xe roka suí. - Desejando ardentemente ver o nenenzinho, vim de minha casa. (Anch., Poemas, 102); Xe-te, nde repîaka'upa, oroamotá-katu... - Mas eu, tendo saudades de ti, quero-te muito bem. (Anch., Poemas, 142); O membyra... 'arama osepîaka'ub... - Deseja ardentemente ver o nascimento de seu filho. (Ar., Cat., 9-9v); Asepîaka'ub xe ruba. - Tenho saudades de meu pai. (Fig., Arte, 138)
epîakukar (s) (v.tr.) - mostrar: ...Îudeus supé sepîakuká... - Mostrando-o aos judeus. (Ar., Cat., 60v)
erapûaturu (t) (s.) - rombo; [adj.: erapûaturu (r, s)] - rombudo (VLB, II, 108)
erekoukar (v.tr.) - depositar, mandar outrem guardar consigo, em seu poder (bens, dinheiro, etc.): Arekoukar (abá) supé. - Mandei ao homem guardá-lo consigo. (VLB, I, 94, adapt.)
etun (s) (v.tr.) - cheirar, sentir o cheiro de: mba'e retuna... - cheirando as coisas (Ar., Cat., 92); Asetun. - Cheirei-o. (VLB, I, 73)
e'ymetemaé (conj.) - sendo assim como é (Fig., Arte, 148)
gûaîá (s. voc. de m.): mano! meu irmão! (Anch., Arte, 14v) (v. tb. a'ĩ, ta'a, tapi'a e tang - v.) (VLB, II, 31)
gûapyk (v. intr.) - sentar-se: Nde robaké ûigûapyka... Diante de ti sentando-me. (Anch., Poemas, 96); Nde pópe ogûapyka, osó kunumĩ... - Em tuas mãos sentando-se, vai o menino. (Anch., Poemas, 120); Te'yîpe nhẽ i gûapyki... - Sentou-se em público. (Ar., Cat., 57); Pene'ĩ, rõ, t'îasó ké îagûapyka îakupa. - Eia, pois, vamos estar sentados aqui. (Anch., Teatro, 144); Agûapyk gûitena. - Estou-me sentando. (VLB, I, 45)
gûaraky'ynha (etim. - pimenta de guará) (s.) - GUARAQUIM, planta da família das solanáceas (Solanum americanum L.), também conhecida como erva-de-bicho, erva-moura, pimenta-de-rato, carachichu. "É o único remédio para lombrigas e, de ordinário, quem as come, logo as lança." (Cardim, Trat. Terra e Gente do Brasil, 49)
gûarausá - o mesmo que agûarausá (v.) (Brandão, Diálogos, 245)
gûasem2 (v. intr.) - chegar (por terra): Agûasem. - Cheguei (por terra). (VLB, I, 72)
îanypapyxuna (etim. - pretejamento de jenipapo) (s.) - tingimento com jenipapo; (adj. - îanypapyxun) - tingido de jenipapo ● i îanypapyxunyba'e - o que está tingido de jenipapo (VLB, II, 128)
îasytatagûasu1 (etim. - estrela grande) (s.) - estrela-do-mar, nome genérico de animais equinodermos achatados em forma de estrela ou pentágono, com muitos braços, pés ambulacrários e boca na face inferior do corpo (Theat. Rer. Nat. Bras., I, 29, 30)
îasytatagûasu2 (etim. - estrela grande) (s. astron.) - estrela d'alva (Léry, Histoire, 359)
îatyká (v. intr.) - pregar-se, fincar-se (p.ex., o prego) (VLB, II, 84)
îatyrá (s.) - pêlo de pano, felpa ● i îatyrá-tyraba'e - o que é felpudo (VLB, I, 144)
îeapyk (v. intr.) - sentar-se: Ereîeapyk kûepe kunhã amõ supé nde rakûãîekyîa? - Sentaste-te por aí diante dalguma mulher, puxando teu pênis? (Anch., Doutr. Cristã, II, 92)
îeatyká (v. intr.) - fincar-se, fazer pé firme: Aîeatyká. - Finquei-me, fiz pé firme. (VLB, I, 139)
îeîkûaru'umbok (v. intr.) - limpar-se das fezes: Aîeîkûaru'umbok. - Eu me limpo das fezes. (VLB, II, 22)
îeîuká2 (v. intr.) - forçar-se, masturbar-se: Erepokokype nde rapopé resé... epypekábo, eîeîukábo? - Tocaste nas tuas virilhas, abrindo as pernas, masturbando-te? (Anch., Doutr. Cristã, II, 95)
îekaraimonhanga (s.) - feitiço, magia, pajelança: Ererobîarype paîé... îekaraimonhanga...? - Acreditas nos feitiços do pajé? (Anch., Doutr. Cristã, II, 83)
îekotymondeb (v. intr.) - pôr armadilhas (em seu proveito) (VLB, I, 74)
îemo'ẽ (v. intr.) - derramar-se: ...Xe îara Îesu Cristo rugûy-eté..., nde erimba'e morepyramo ereîemo'ẽukar cruz pupé. - Sangue verdadeiro de meu Senhor Jesus Cristo, tu, outrora, como resgate, fizeste derramar-te na cruz. (Ar., Cat., 88)
îepotabẽ3 (s.) - continuidade; (adj.) - contínuo (VLB, I, 81)
îepotar1 (v. intr.) - chegar (por mar, por rio, por água), arribar: Koromõ ipó eregûatá xe rekoápe, eîepotáne. - Logo, decerto, passarás no lugar em que moro, chegando (por mar). (Anch., Poemas, 156); Aîepotar. - Cheguei (por mar). (VLB, I, 72) ● îepotasaba - tempo, lugar, modo, etc. de chegar (por água), de arribar: Pindaîtykara îepotasápe, memẽ o agûasá-poxy supé oîmoîa'ok o embiara, o îara kupébo nhẽ. - Ao chegarem os pescadores, repartem sempre com suas amantes ruins seu pescado, pelas costas de seus senhores. (Anch., Poesias, 268)
îepotar3 (v. intr.) - soldar-se, juntar-se (VLB, II, 120)
îepyapasabok (v. intr.) - descalçar-se (VLB, I, 96)
îetipera (s.) - 1) sobrinha de homem, filha de sua irmã ou prima (VLB, II, 119); 2) prima, filha de tia de homem (Ar., Cat., 114)
imbu'a - o mesmo que ambu'a e embu'a (v.) (Sousa, Trat. Descr., 266)
inaîamirĩ (s.) - o fruto da pindoba (v.) (Piso, De Med. Bras., IV, 182)
inambugûasukyîa (etim. - pimenta de inhambu-guaçu) (s.) - nome de uma planta (Theat. Rer. Nat. Bras., II, 152)
îoupi'aerub (v. intr.) - chocar (seus ovos) (fal. de galinha); estar deitada com seus ovos (VLB, I, 73)
irarõ (v.tr.) - 1) irritar: "Aîrarõpe muru ká... - Hei de irritar os malditos. (Anch., Teatro, 168); Oporoîrarõ mbá. - Irritam completamente as pessoas. (Anch., Teatro, 154); Oîrarõ, oîmoanhã satápe... - Irrita-o, empurra-o para seu fogo. (Anch., Poemas, 188); 2) dar soco em, dar punhada em, andar às porradas com (as mãos somente), brigar (com as mãos) com, atacar: -Marã oîkóbo bépe abá i abyû...? -Oporoîrarõmo... -Procedendo de que forma o homem o transgride? -Brigando com as pessoas... (Ar., Cat., 69v)
itaîuburu (etim. - receptáculo do ouro) (s.) - bolso, lugar de se pôr dinheiro (VLB, I, 32); bolso de dinheiro (VLB, I, 57)
itakyseuru (etim. - receptáculo de facas de ferro) (s.) - faqueiro (VLB, I, 134)
îukyrakokara (etim. - o que arranca o amargor do sal) (s.) - fazedor de sal (VLB, II, 112)
îuruaíb (xe) (etim. - boca má) (v. da 2ª classe) - falar mal, ser maledicente: "-E'i kó..." eré tenhẽpe... nde îuruaíbamo? - Disseste falsamente que ele disse isso, sendo maledicente? (Anch., Doutr. Cristã, II, 100)
îybapekanga (etim. - osso da superfície do braço) (s.) - espádua, ombro, omoplata (Castilho, Nomes, 32)
kabaru (s. - portug.) - cavalo: kabaru sosé - sobre o cavalo (Fig., Arte, 122); kabaru repanaku - sela de cavalo (VLB, II, 115)
kará2 - o mesmo que akará (v.)
karaimonhanga (s.) - feitiço, magia, pajelança: Ererobîápe îetanonga'uba koîpó karaimonhanga? - Acreditas em falsas oferendas ou em pajelanças? (Ar., Cat., 98v); T'oroîtyk oré poxy, paîé rerobîare'yma, moraseîa, mbyryryma karaimonhanga ndi. - Que lancemos fora nossa maldade, não acreditando nos pajés, em danças, rodopios com feitiços. (Anch., Teatro, 118)
karanha - o mesmo que akaraãîa (v.) (Soares, Coisas Not. Bras. [ms .c], 486-490)
karuk (v. intr.) - urinar: Akaruk. - Urinei. (VLB, II, 37; 60)
kasîana (s. - portug.) - castelhano: Tó! Kasîanap'ikó? - Oh! Estes são castelhanos? (Anch., Teatro, 74)
katûaba (s.) - excelência, boa qualidade, virtude, bondade: Katunhẽ eîerurébo oré katûagûama ri! - Eia, roga por nossa virtude! (Valente, Cantigas, III, in Ar., Cat., 1618); Abámo... mba'e-katu 'uagûera n'oîkuabi xûé... sé katûagûera resé o esaraîamo...? - Alguém não reconheceria ter comido algo bom, esquecendo-se da excelência de seu sabor? (Ar., Cat., 88v)
kerikó (s.) - peixe de água doce semelhante às savelhas (Sousa, Trat. Descr., 296)
ko'yra (s.) - o hoje, o agora, o tempo presente (VLB, II, 126)
kuambe'u2 (v.tr.) - confessar (VLB, I, 79)
kûambu (s.) nome de uma planta (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., XLIV)
Kûatiarusu (etim. - pintura grande) (s. antrop.) - nome de índio tupi (D'Abbeville, Histoire, 184v)
kuîẽîurimũ (etim. - pimenta cuiém jerimum) (s.) - variedade de pimenta da feição da abóbora (Sousa, Trat. Descr., 186)
kuîemusu (etim. - pimenta cuiém grande) (s.) - variedade de pimenta nativa. É "grande e comprida e depois de madura faz-se vermelha". (Sousa, Trat. Descr., 176)
kukur (v.tr.) - sorver: Aîty-kukur. - Sorvi o caldo. (VLB, II, 121)
kunu'uma (s.) - zelo, cuidado, carinho: Setá nhẽ kunu'umusu... - É muito, com efeito, o grande zelo. (Ar., Cat., 157v)
kupu'y'aîuba (etim. - cupiúba do fruto amarelo) (s.) - árvore anacardiácea de flor branca manchada de amarelo, cujo fruto possui uma pequena amêndoa dentro (D'Abbeville, Histoire, 222v)
kuraîu (s.) nome de uma ave noturna, da família dos nictibídeos (Wagener, Zoobiblion, prancha 42)
kutimirĩ - o mesmo que akutimirĩ (v.) (Sousa, Trat. Descr., 252)
kybukybura (s.) - GUIBUGUIRA, var. de formiga grande, de asas (Sousa, Trat. Descr., 271)
kyîaapu'a (etim. - pimenta redonda) (s.) - variedade de pimenta, espécie de planta solanácea (Capsicum baccatum L.), originária da América do Sul (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 39; Piso, De Med. Bras., IV, 197)
kyîaapu'a'ĩ (etim. - pimenta redondinha) (s.) - nome de uma planta (Theat. Rer. Nat. Bras., II, 160)
kyîakumari (etim. - pimenta cumari) (s.) - variedade de pimenta, PIMENTA-CUMARI, de fruto de cor vermelha, planta solanácea do gênero Capsicum (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 39)
kyîasarapó (etim. - pimenta sarapó) (s.) - variedade de pimenta nativa, planta solanácea do gênero Capsicum (Piso, De Med. Bras., IV, 198)
mahmõ! (interj. - É usada para expressar coisa admirável, maravilhamento.) - demais! muito! imensamente!: -(I) ybaté-katupe? -Mahmõ! -Elas são muito altas? -Demais! (Léry, Histoire, 363)
mba'ererosapukaîtara (etim. - o que anuncia as coisas) (s.) - pregoeiro, pregador (VLB, II, 84)
mboîtininga (s.) - BOICININGA, nome de uma cobra (v. mboîsininga) (VLB, I, 76)
Metarapu'a (etim. - tembetá redondo) (s. antrop.) - nome de índio tupi (D'Abbeville, Histoire, 182)
miapapakaba (s.) - tipo de calçado; alpargatas (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 271)
(ou mbó) - forma absol. de pó (v.) (Anch., Arte, 2v)
moapỹî (v.tr.) - 1) colocar em roda (VLB, II, 58); 2) arredondar [deixando plano, como um círculo. Arredondar, deixando esférico, é moapu'a (v.).] (VLB, I, 42)
moaûîé2 (v.tr.) - completar, acabar, terminar, concluir (p.ex., um serviço): Nd'e'i ymûanĩ ahẽ aoba moaûîébo. - Ele nunca acaba de completar as roupas. (VLB, II, 52); Ta pe ma'enduar... ikó 'ara ...ixé i moaûîé pá roîré xe putu'uagûera resé. - Que vos lembreis deste dia em que descansei após terminá-las todas. (Ar., Cat., 11v) ● omoaûîeba'e - o que acaba, o que completa: ...pitanga mokõî ro'y omoaûîeba'e... - as crianças que completam dois anos (Ar., Cat., 139)
moîepotabẽ (v.tr.) - continuar (p.ex., uma ação, um ato), fazer alastrar-se (VLB, I, 30; 81)
moîykó (v.tr.) - polir (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 277)
mokabusumirĩ (etim. - pequena bombarda) (s.) - bombarda, peça de artilharia curta conhecida no passado como berço (VLB, I, 57)
mokamondykara (etim. - o que acende o instrumento de estouro) (s.) - bombardeiro, o que assesta e aponta para atirar (VLB, I, 57)
momburu'a (v.tr.) - emprenhar, fazer engravidar: Aîmomburu'a. - Fi-la engravidar. (VLB, I, 113)
mondar2 (v.tr.) - suspeitar de: Ereîmondá-mondápe nde rapixara nde py'ape? - Ficaste suspeitando de teu próximo em teu interior? (Anch., Doutr. Cristã, II, 100); Aîmondar ahẽ xe itaîuba ri. - Suspeito dele acerca de meu dinheiro (isto é, suspeito que foi ele quem o furtou). (VLB, II, 121); Ereîmondá-mondá tenhẽpe nde remirekó abá resé? - Ficaste suspeitando sem motivo de tua esposa por causa de alguém? (Ar., Cat., 236, 1686)
mondykaba (s.) - 1) conclusão, final, o último: Marã e'ipe Santa Madre Igreja asé rekomonhangaba mondykaba? - Como diz o último dos mandamentos da Santa Madre Igreja? (Ar., Cat., 78); Missa mondykápe épe ereîké îepi...? - É no final da missa que entras sempre? (Anch., Doutr. Cristã, II, 105); 2) destino final: Abá rekó mondykaba. - O destino final das coisas dos homens. (Ar., Cat., 20)
moporang (v.tr.) - embelezar, adornar: ...O 'anga moporangukar e'ymebé. - Antes de fazer embelezar sua alma. (Ar., Cat., 187, 1686)
mopyring (v.tr.) - estimular, excitar (p.ex., os ógãos sexuais, o corpo, com lascívia) (VLB, I, 129)
morandupapabẽ (etim. - notícia de todos) (s.) - coisa notória por fama, coisa pública (VLB, II, 51)
moreîatĩ - o mesmo que amoreatĩ (v.)
mosapyr1 (num.) - três: Iîá mosapyr-y bé pekaî oîepegûasune. - Ainda bem que vós três, novamente, queimareis juntos. (Anch., Teatro, 50); Mosapyr o boîá... - Três de seus discípulos. (Ar., Cat., 52v); Mosapyr abá our. - Três pessoas vieram. (Anch., Arte, 9v) ● mosapy-sapyr - de três em três, três cada um (VLB, II, 136)
motagayb (v.tr.) - confortar: Our i moapysyka, i motagaypa. - Vieram para consolá-lo, confortando-o. (Ar., Cat., 53v)
moti'apeba (etim. - peito achatado) (s.) - var. de caranguejo (VLB, I, 67)
mukury (s.) - MUCURI, planta do gênero Platonia, da família das clusiáceas, também conhecida como BACURI, BACURIZEIRO. "...Dá umas frutas amarelas..., de maravilhoso sabor..." (Sousa, Trat. Descr., 197)
munduigûasu (ou mundubigûasu) (etim. - mundubi grande) (s.) - MUNDUÍ-GUAÇU (Jatropha curcas L.), planta euforbiácea, também denominada MANDUBI-GUAÇÚ, MANDUBI, pinhão-do-paraguai (Piso, De Med Bras., IV, 190)
nharõ2 1) (v. intr.) ficar bravo, estar bravo, estar zangado (como o animal que provocam) (VLB, II, 95): Onharõ moxy; xe 'une! - Está bravo o maldito; comer-me-á! (Anch., Teatro, 62); 2) (v. intr. compl. posp.) - investir (p.ex., o animal) [contra alguém: compl. com esé (r, s)]: ...Onharõ-berame'ĩ asé ro'o îandé 'anga resé... - Parece investir nossa carne contra nossa alma. (Ar., Cat., 11)
nhemoangaîpab (v. intr.) - tornar-se mau: Onhemoangaîpabeté serã apŷaba...? - Porventura tornaram-se muito maus os homens? (Ar., Cat., 41)
nhemombukab (v. intr.) - derramar-se, desperdiçar-se (VLB, II, 15)
nhemongaraíba (etim. - o tornar-se caraíba, o tornar-se cristão) (s.) - batismo: -Marãpe aîpó mosangypy rera...? -Nhemongaraíba. -Qual é o nome daquele primeiro remédio? -Batismo. (Ar., Cat., 80)
nhemongaraibypyra (etim. - o tornado cristão) (s.) - o batizado, pessoa batizada: Memetipó nhemongaraibypyra tekokatu abŷara... abaré... supé ogûasema, sorybetéûne... - E ainda mais um batizado, transgressor da boa lei, encontrando um padre, alegrar-se-á muito. (Ar., Cat., 219)
nhemoryryîa (ou îemoryryîa) (etim. - o fazer-se tremer) (s.) - interesse, envolvimento, cuidado: ...Tupã rekó resé nhemoryryîa - interesse pela lei de Deus (Ar., Cat., 18)
nhurĩ - o mesmo que anhurĩ (v. aîura) (VLB, I, 93)
obá (t) (s.) - rosto, face, cara (Castilho, Nomes, 40): ...Nde robá repîaka'upa .... - Tendo saudades de tua face. (Anch., Poemas, 84); T'asepîáne nde robá... - Hei de ver tua face. (Anch., Poemas, 98); Marã e'ipe Îandé Îara og obá petekarûera supé? - Como disse Nosso Senhor para o que esbofeteou seu rosto? (Ar., Cat., 55v); îagûarobá - cara de onça (Anch., Arte, 9) ● obá-ky'a-ky'a (r, s) (lit., de cara suja, suja) - brusco, feio (fal. do tempo, das condições atmosféricas) (VLB, I, 60)
obaapyra (t) (etim. - ponta do rosto) (s.) - topete (Castilho, Nomes, 40)
oîtikoro'i (s.) - OITICOROIA, OITICORÓ, 1) nome de árvore da família das crisobalanáceas (Couepia rufa Ducke); 2) nome de seu fruto, "do tamanho de uma grande pinha" (Brandão, Diálogos, 216)
okapuku (r, s) (etim. - ocara comprida) (s.) - rua (VLB, II, 109)
papasaba2 (mb) (etim. - lugar de contar) (s.) - rol (VLB, II, 108)
patakûera (s.) - prostituta (D'Evreux, Viagem, 126)
penaranga (m) (s.) - 1) rodela do joelho (Castilho, Nomes, 35); 2) rodela do braço (VLB, I, 73)
penga (s.) - 1) sobrinha, sobrinho (de m.), filho ou filha de irmão ou primo (de m.) (VLB, II, 119); 2) filho mais velho de irmão (de m.) (Ar., Cat., 115)
pinda'yba1 (etim. - pé de anzol) (s.) - PINDAÍBA, PINDAÚVA; o mesmo que pena'yba (v.) (Piso, De Med. Bras., IV 185)
pinda'yba2 (s.) - ouriço-do-mar; assim era chamado da capitania do Espírito Santo para o Sul (v. pindá) (VLB, II, 60)
pindobusu1 (etim. - pindoba grande) (s.) - 1) variedade de palmeira PINDOBA (Léry, Histoire, 377; Sousa, Trat. Descr., 197); 2) folhas dessa palmeira, que cobrem casas como telhado; cobertura de suas folhas (Sousa, Trat. Descr., 197)
Pindobusu2 (etim. - pindoba grande) (s. antrop.) - nome de índio tupi (Anch., Cartas, 214)
pirá (s.) - peixe, PIRÁ: Akûeîme, rakó, pirá asekyî-marangatu... - Antigamente pescava bem os peixes. (Anch., Poemas, 152); Aîeruré pirá resé. - Peço por peixe. (D'Evreux, Viagem, 144); T'ame'ẽne pirá ruba endébo... - Hei de dar ovas de peixe para ti. (Anch., Teatro, 44)
piraîuba1 (etim. - peixe amarelo) (s.) - PIRAJUBA, 1) dourado, peixe de rio da família dos caracinídeos; 2) nome também dado, no século XVII, ao roncador (do Rio de Janeiro para cima), peixe de mar da família dos conifaenídeos (VLB, I, 106; II, 108)
Piraîuba2 (etim. - peixe amarelo) (s. antrop.) - nome de índio tupi (D'Evreux, Viagem, 88)
pirakaba (etim. - peixe-caba) (s.) - PIRACAVA, peixe da família dos polinemídeos (Lisboa, Hist. Anim. e Árv. do Maranhão, fl. 166v)
pirakyîa (etim. - pimenta de peixe; peixe apimentado) (s.) - mistura de pimenta, sal, farinha e peixe cozido sem espinhas, da qual os índios faziam uso em viagem e que se conservava durante vários dias (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 39)
pirambu (etim. - peixe-barulho) (s.) - PIRAMBU, peixe da família dos hoemulídeos, também conhecido como roncador (Cardim, Trat. Terra e Gente do Brasil, 53; VLB, II, 113)
pirapema (etim. - peixe anguloso) (s.) - PIRAPEMA, peixe marítimo da família dos elopídeos (D'Abbeville, Histoire, 244)
piraybyrá (etim. - peixe-pau) (s.) - nome de um peixe (Theat. Rer. Nat. Bras., I, 47)
pirigûa'i (s.) - molusco marinho da família dos estrombídeos (Cardim, Trat. Terra e Gente do Brasil, 60; VLB, I, 60). "...As ondas do mar fazem, às vezes, grandes amontoados deles na margem..." (Laet, Novus Orbis, Livro XV, cap. XIII, §6)
pirupiru (s.) - PIRUPIRU, ave caradriiforme da família dos hematopodídeos (Theat. Rer. Nat. Bras., I, 104)
pita'i (m) (s.) - borbulhas, empolas pequenas da pele que se fazem quando se entra n'água muito fria ou com o vento; arrepiamento (p.ex., de frio); (adj.) - arrepiado; (xe) ter borbulhas: Xe pita'i-ta'i. - Eu estou muito arrepiado. (VLB, I, 57)
pititinga (m) (etim. - muitas pintas) (s.) - impigem, erupção cutânea. O mesmo que titinga e unhẽ (v.) (VLB, II, 10)
pitõ (s.) - PITOMBEIRA, o mesmo que pitomba (v.) (D'Abbeville, Histoire, 223v)
pokek (v.tr.) - embrulhar, envolver: Peîori, perasó muru, supi... i pokeka... - Vinde, levai os malditos, erguendo-os, embrulhando-os. (Anch., Teatro, 90)
poranga (m) (s.) - 1) beleza, formosura, coisa bela: Onhemomotá xe 'anga nde 'anga poranga ri. - Atraiu-se minha alma pela beleza de tua alma. (Anch., Poemas, 140); 2) sorte, dita; (adj.: porang) - 1) belo, bonito; gracioso: I porangype pe retama? - É bonita vossa terra? (Léry, Histoire, 363); I porãngatu nde rera. - É muito belo teu nome. (Anch., Poemas, 104); Xe rekó i porangeté. - Minha lei é muito bela. (Anch., Teatro, 6); 2) ditoso, que funciona bem, que dá sorte, que tem sorte; (xe) ter sorte: Xe pindá-porang. - Eu tenho um anzol que dá sorte (isto é, um anzol que pesca muito, ditoso); Xe pysá-porang. - Eu tenho uma rede que dá sorte (isto é, uma rede que apanha muitos peixes); Xe mba'e-porang. - Eu tenho sorte com animais (isto é, eu caço ou pesco muito). (VLB, I, 104); (adv.) bem, belamente: Emonã serekopyra rakó abá obasẽ-porang... - Assim tratada, uma pessoa certamente chega bem. (Ar., Cat., 85v); ...Sory-porang... - Estão bem felizes. (Ar., Cat., 123, 1686)
porenotara (m) (s.) - o que vai adiante preparar as coisas para os que chegarão mais tarde, o preparador: Asó morenotaramo. - Vou como preparador. (VLB, I, 39)
porero'ar (etim. - derrubar gente) (v. intr.) - saltear (no mar), piratear, ser salteador: Aporero'ar. - Salteio. (VLB, II, 112) ● porero'asara (m) - salteador (pelo mar) (VLB, II, 112)
poropûaîxûera (m) (s.) - o que manda; mandão, mandador, o que gosta de mandar; (adj.: poropûaîxûer): Xe poropûaîxûer. - Eu sou mandão. (VLB, II, 30)
NOTA - No P.B. (N.E.), POTABA (ou POTAVA) é isca própria para apanhar pitu (in Dicion. Caldas Aulete).
NOTA - No P.B., POTIGUAR também significa 1) o natural do Rio Grande do Norte; 2) (adj.) relativo àquele estado brasileiro, rio-grandense-do-norte.
Que, sem no derivar cometer míngua,
puká (v. intr.) - rir: Apuká-puku (ou Apuká-atã). - Ri alto, dei alta risada. (VLB, II, 106)
pukusama (m) (etim. - corda de perna) (s.) - peia (VLB, II, 68); prisão ou trava dos pés ou das pernas (VLB, II, 87): Aîpukusamb-ok. - Soltei as peias dos pés dele. (VLB, II, 120); (adj.: pukusam) - peado, preso com peia: Xe pukusam. - Eu fui peado. (VLB, II, 68) ● i pukusamba'e - o que está preso em ferros, o que está peado (VLB, II, 85)
pupirar (v.tr.) - v. pypirar
pyendaba (mb) (etim. - lugar de estarem os pés) (s.) - estribos (VLB, I, 131)
pyky'ymena (ou pykyîymena) (m) (s.) - 1) cunhado, marido da irmã mais moça (de m.); 2) marido da sobrinha mais moça (de m.); 3) marido da prima mais moça (de m.) (Ar., Cat., 271)
Daí, no P.B., PINOGUAÇU, mamoeiro, papaieira.
pypaîa (mb) (s.) - gordura das tripas (VLB, I, 149); teagem das tripas (VLB, II, 125)
pytasama (m) (etim. - corda de calcanhar) (s.) - jarreto ou nervo; tendão: Aîpytasã-mondok. - Cortei seus nervos. (VLB, II, 7)
NOTA - Esse sufixo aparece em inúmeros nomes de lugares no Brasil: GUARAPUAVA, BAREQUEÇABA, CAÇAPAVA, IGARAPAVA, POTIRENDABA, PINDAMONHANGABA, PARANAPIACABA, PIAÇAGUERA, GUARAQUEÇABA, PIRACICABA, etc. (v. p. 386).
syb (-îo-) (v.tr.) - limpar: Aîosyb. - Limpo-o. (Fig., Arte, 73); Osobá-syb aó-tinga pupé... - Limpou seu rosto com um pano branco. (Ar., Cat., 62)
sygûaraîybora (s.) - prostituta: Na xe reroŷrõî ...sygûaraîybora... - Não me detestam as prostitutas. (Anch., Teatro, 150)
syî2 (v. intr.) - recuar (fugindo de todo, virando as costas para o inimigo) (VLB, II, 99; 104)
Muitos nomes de lugares também provêm daquela palavra: TAPIRAÇÁ (riacho de PE), TAPIRAÍ (SP), etc. (v. p. 386).
tapi'iraraîygûera (etim. - filhota de anta) (s. astron.) - nome de certa estrela de primeira magnitude do signo de Touro (VLB, II, 56)
tasapé - o mesmo que atasapé (v.) (Soares, Coisas Not. Brasil [ms .c], 2353-2355)
taté1 (interj.) - cuidado!: Taté, taté, kunumĩ, na nde nupãî karaíba... - Cuidado, cuidado, menino, para que não te castigue o homem branco. (Anch., Poemas, 194)
Tebiresá (etim. - olho das nádegas) (s. antrop.) - TEBIRIÇÁ, TEBIREÇÁ, TIBIRIÇÁ, nome de índio tupi, de famoso chefe de Piratininga, que muito auxiliou os portugueses nos primeiros tempos da vila de São Paulo (Vasconcelos, Crônica I, §158, 256)
tetimixyra - o mesmo que aîpĩmixyra (v.)
tiegûasu (etim. - tiê grande) - o mesmo que tiîegûasu - v. (Soares, Coisas Not. Brasil [ms .c], 1337-1347)
tiîegûasu (etim. - tiê grande) (s.) - TIÉ-GUAÇU, pássaro da família dos traupídeos (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 212)
timbopeba (etim. - timbó achatado) (s.) - var. de timbó (v.) (VLB, II, 145)
Daí, o nome geográfico ITORORÓ (município da BA) (v. p. 386).
tu'ĩîuparaba (etim. - tuim manchado de amarelo) (s.) - nome de uma ave (Theat. Rer. Nat. Bras., I, 171)
uba2 (t) (s.) - pó, cinza (do que se queimou ou se chamuscou): nha'ẽpesẽ-uba - cinzas do alguidar, cinzas da bacia (feitas pelas chamas) (VLB, II, 79); [adj.: ub (r, s)] - cinéreo; (xe) ter cinza, virar cinza: Sugûé-katu. - Ele virou cinza completamente. (VLB, II, 79)
ubangaba (t, t) (etim. - imagem do pai) (s.) - padrinho*: Oîkobé xe rubangaba, tupi moangaîpaparûera. - Há um padrinho meu, velho pervertedor dos tupis. (Anch., Teatro, 136); Erobîá, xe rubangaba, ta nde moembiá kori. - Acredita, meu padrinho, hão de te apresar hoje. (Anch., Teatro, 142)
urumasá - o mesmo que aramasá (v.)
u'uba1 (r, s) (s.) - flecha (feita pelos índios com caniços sem nós, onde se prendiam duas penas de cores diferentes, tendo ponta de madeira dura) (D'Abbeville, Histoire, 288v): ...U'uba mongûá-potá. - Querendo fazer passar as flechas. (Anch., Teatro, 132); su'uba - sua flecha (Fig., Arte, 78); ...I abaeté muru supé São Sebastião ru'uba... - Foram terríveis contra os malditos as flechas de São Sebastião. (Anch., Teatro, 52) ● atá-u'uba (t) - flecha de fogo (com que se queimavam as casas durante as guerras) (VLB, I, 141); u'ubanhã (r, s) - entalhe de flecha (VLB, I, 113); u'ubasy (r, s) - flecha envenenada ou ervada (VLB, I, 121); u'u-tapûá-etá (r, s) - espécie de flecha com muitas pontas (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 278); u'ubora - flechado, cheio de flechas: I maranirũ abé Bastião u'uborûera. - Seu companheiro de guerras também é Bastião, o flechado. (Anch., Teatro, 18)
NOTA - De xe originaram-se, no P.B., as palavras XARÁ (xe rera, "meu nome"), pessoa que tem o mesmo nome que outra (ou XARAPA, XARAPIM, XERA, XERO); XERIMBABO (xe reîmbaba, "minha criação"), qualquer animal de criação ou estimação; XIRU, CHIRU (S.)
'ybapeba (etim. - fruto achatado) (s.) - nome de uma planta (Theat. Rer. Nat. Bras., II, 212)
'ybatitara - o mesmo que atitara (v.)
ybyaryba - o mesmo que andyrá-ybyaryba (v.)
NOTA - O termo MUIRAQUITÃ é do nheengatu, que Mário de Andrade estudou e empregou em sua obra Macunaíma.
ybyrayamirĩ (etim. - pequena cabaça de madeira) (s.) - var. de barril de madeira (VLB, I, 52)
yîuîa (t, t) (s.) - escuma, espuma (VLB, I, 124)
ytarõ (v.tr. irreg. - não recebe o pronome -î- incorporado) - fartar: Aytarõ. - Farto-o. (Anch., Arte, 39); Xe ytarõ pirá. - Farta-me o peixe. (VLB, I, 135)
Acari (RN). Segundo Câmara Cascudo, apud IBGE, "o topônimo do município originou-se dos acaris, peixes de escamas ásperas e carne branca, cujo habitat era o "poço do Felipe".
Araponga (nomes de localidades de vários estados). De gûyrá - pássaro, ave + ponga - som de coisa oca, som cavo: pássaro do som cavo. O sentido de ponga é conhecido indiretamente: Montoya, em seu Tesoro, p. 314, dá-nos essa informação que apresentamos.
Baguaçu (MT, SP). De 'ybaguasu - babaçu, planta palmácea.
Biritiba-Mirim (SP). De ybyryba + tyba + mirĩ - pequeno ajuntamento de biribas. (v. Biriba)
Boribi (SP). De ybyryba, nome de uma árvore + 'y - rio: rio das biribas.
Botucatu (SP). De ybytyra - montanha, serra + katu - bom: serra boa.
Botumirim (MG). De ybytyra (na língua geral meridional botura*) - montanha, morro + mirĩ: morro pequeno.
Buri (SP). De buri, var. de palmeiras.
Cavaru (RJ). Do port. kabaru: cavalos.
Cupira (PE). De kupy, variedade de abelha.
Embaúva (rib. do MT). V. Ambaíua.
Iandara (SP). Do nheengatu iandára: meio dia (Stradelli, p. 453). Nome atribuído artificialmente, no século XX.
Ibirubá (RS). De ybyryba: biribá, biriba, árvore mirtácea.
Ibitiguaia (MG). De ybytyra + ûaîa (t): cauda do morro, vale.
Ibitimirim (MG). De ybytyra + mirĩ: morro pequeno.
Icaiçara (PE). De 'y + kaysá: caiçara do rio.
Iperó (SP). De yperoba: casca amarga, árvores apocináceas ou bignoniáceas
Itaperuçu (PR). De 'y + taper/a + -usu: tapera grande do rio.
Itarapuá (SP). De ybytyra + apu'a: morro redondo. (Há localidade com o mesmo nome em MG, chamada Itirapuá.)
Itiguapira (MG). De ybytyra + 'yapyra: cabeceiras da montanha.
Itrapoá (SP). De ybytyra + apu'a: morro redondo.
Jaguacoara (morro de Pirapora do Bom Jesus, SP). De îagûara + kûara: toca das onças.
Janga (PE). De 'y + 'anga4: abrigada do rio.
Jundiaí (SP). De îundi'a - jundiá, nhandiá, bagres de rio + 'y: rio dos jundiás.
Jurucê (SP). Do nheengatu iuru-ceên: bocas doces, i.e., afáveis (nome atribuído artificialmente em 1944). (fonte: IBGE)
Mombuca (MG). De mumbuka, abelhas meliponídeas.
Muriú (RN). De buri, var. de palmeira + 'y: rio dos buris.
Mutumparaná (RO). Do nheengatu mutum + paraná: rio do mutuns.
Pindoba (CE). De pindoba - palmeiras cocosoídeas.
Pindoguaba (CE). De pindoba + 'u + -aba: lugar de comer pindobas (i.e., as suas nozes).
Pindoretama (CE). De pindoba + etama (t): região de pindobas, var. de palmeiras. Nome atribuído por decreto-lei de 1943 ao distrito de Palmares (fonte: IBGE).
Tiangua (CE). De ty + 'anga: abrigada de rio.
Topé (CE). De tope: vagens.
Voturuna (morro de Pirapora do Bom Jesus, SP). Da língua geral meridional, votura* + una*: montanha escura.
DRUMMOND, Conselheiro Antonio de Menezes Vasconcellos de [1797], (ex Biderman, M.T.C., (org.), Dicionário Histórico do Português do Brasil. CNPq (Projeto Institutos do Milênio do CNPq)
PAES LEME, Pedro Taques de Almeida, Notícias das Minas de São Paulo e dos Sertões da Mesma Capitania (1954), Livraria Martins, São Paulo.
PONTES, José Pires da Silva [n.d.], Manual do Guarda Mòr composto por Manoel José Pires da Silva Pontes. Imprensa Oficial de Minas Gerais, Belo Horizonte, 1902.
etamusu (t) (s.) (etim. - etama; -usu) - país | country | - - (TPK, 2024, 113) - neologismo
mba'emoîa'oka (t) (s.) (etim. - mba'e; moîa'ok) - divisão; cálculos básicos | division; basic arithmetic | - - (TPK, 2024, 113) - neologismo
gûyragûasu (s.) (etim. - gûyrá; -ûasu) - avião | airplane | - - (ENHE'ENG TUPINHE'ENGA RUPI, Tiago Matheus, 2024, 17) - neologismo
amansar - mombub; momby'ar; nongatu
aqui - iké; ké ● por aqui, para cá: kybõ; os daqui, os habitantes daqui: kybõygûara; keygûara
cheiro - (cheiro bom): tyapûana; (cheiro de peixe): pyti'u; (cheiro de mofo): tygynõ; (cheiro de urina): taby'aka; (cheiro mau, bodum): katinga
clara (de ovo) - tupi'atinga
defecar - poti / epoti; ka'apîasó; ka'ab
elevar-se - îeupir ● elevar-se com; fazer elevar-se consigo - eroîeupir
empoeirado - tubyr (v. tubyra); yî (v. yîa)
haver - i tyb (impessoal: há, havia); ikó / ekó (t); ikobé / ekobé (t)
interior (s.) - py (mb); ybỹîa
juntar - mono'ong; eŷnhang (s); irumõ; moîepotar
ova (de peixe) - tuba2
reunir - mono'ong; eŷnhang (s)
abangatu (etim. - homem da alma boa) (s.) - homem gentil, fino; (adj.): Xe abangatu. - Eu sou gentil. (VLB, I, 148)
abanhẽ (etim. - homem, não mais) (s.) - leigo (VLB, II, 20)
Abaosanga (etim. - homem paciente) (s. antrop.) - nome de índio tupi (Knivet, The Adm. Adv., 1228)
abé1 (conj.) - 1) logo após, logo que, logo depois de, tão logo: Nde rera rendupa abé, Anhanga ryryî okûapa. - Tão logo ao ouvir o teu nome, o diabo está tremendo. (Anch., Poemas, 132); Aîpó oîoupé 'é abé, o îara repypûera reîtyki Tupãokype. - Logo depois de dizerem aquilo para ele, lançou o pagamento por seu senhor no templo. (Ar., Cat., 57v); Oú abé. - Tão logo vindo ele (Anch., Arte, 45v); Xe só abé turi. - Tão logo indo eu, ele veio. (Anch., Arte, 46); 2) assim que, enquanto, em (como em eu fazendo, etc.); no mesmo instante em que: Gûinhe'enga abé... - Em eu falando... (VLB, I, 110); Xe só abé... - Assim que eu vou... (VLB, II, 24)
agûé (t) (s.) - meio, metade; [adj.: agûé (r, s)]: Xe ragûé rupi aín. - Estou pela metade (p.ex., afundado n'água). (VLB, II, 35, adapt.)
aîaingá (s.) - nome de uma ave (Theat. Rer. Nat. Bras., I, 154)
aîapá (s.) - nome de uma ave (Lisboa, Hist. Anim. e Árv. do Maranhão, fl. 185v)
aîyra (t, t) (s.) - 1) filha (de h.): O aîyra... resé abá n'omendari... - Com sua própria filha ninguém se casa. (Ar., Cat., 128v); ...Tupã raîyra - filha de Deus (Anch., Poemas, 88); T'e'i Tupã nde moingóbo o aîyramo ybaté. - Que Deus te coloque nas alturas como sua própria filha. (Anch., Poemas, 158); 2) filha de irmão ou primo (de h.) (Ar., Cat., 115v)
akaîgûé (interj. de h.) - ai! (de desgosto, lamento, indignação): ...Tekotebẽ-eté rerekóbo, "akaîgûé" ...o'îabo. - Tendo aflições verdadeiras, dizendo: - ai! (Ar., Cat., 163v)
akaîguy (interj. de m.) - ai! (de dor, desgosto, indignação): ...Tekotebẽ-eté rerekóbo, "akaîgûy" ...o'îabo. - Tendo aflições verdadeiras, dizendo: - ai! (Ar., Cat., 163v)
akaîu'yba (etim. - pé de caju) - o mesmo que akaîu (v.) (D'Abbeville, Histoire, 217; Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 94)
akangapixa'ĩ - o mesmo que 'apixa'ĩ (v.)
ACANGATARA (ilustr. de C. Cardoso)
akaraoby (s.) - nome de uma ave da família dos ardeídeos; garça azul (Lisboa, Hist. Anim. e Árv. do Maranhão, fl. 185)
aké2 (interj. de m.) - ai! (de dó, dor ou lamento) (VLB, II, 53)
'akuabe'ymba'e (etim. - o que não conhece o mundo) (s.) - bobo (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 276)
akubora (t) (s.) - veemência; animosidade; [adj.: akubor (r, s)] - veemente, de muito trabalho, com fúria para lutar, animoso: Xe rakubor. - Eu estou animoso. (VLB, I, 127)
akûé1 (s.) - nome de uma ave (Theat. Rer. Nat. Bras., I, 160)
akûé2 (interj. de m.) - ai! (de dor, lamento, espanto ou zombaria) (VLB, I, 27, 28)
amingûá (s.) - nome de uma árvore muito alta (Lisboa, Hist. Anim. e Árv. do Maranhão, fl. 178v)
amonge'aba (s.) - nome de uma planta da família das gramíneas (Piso, De Med. Bras., IV, 203; Theat. Rer. Nat. Bras., II, 186)
amongy (s) (v.tr.) - emplumar, untar ou colar penas no corpo de: Asamongy. - Emplumei-o. (Anch., Arte, 5)
'amopira (s.) - prepúcio (Castilho, Nomes, 28); (adj. - 'amopir) (xe) - ter prepúcio: Na xe 'amopiri. - Eu não tenho prepúcio (isto é, eu sou circuncidado). (VLB, I, 74)
ananá - o mesmo que naná (v.)
andyroba - o mesmo que îandyroba (v.) (Heriarte, Descr. Maranhão, Pará, in Varnhagen, Hist., III, 170)
angaba (s.) - o bom de (gabando aquele de quem se fala, o dito ou o feito de alguém, ou enaltecendo-o): "Pe angaturam" e'i xe rubangaba. - Disse o bom do meu pai: "-Sede bons". (VLB, II, 24); Pero angaba - o bom do Pedro (VLB, II, 53); -Marãpe nde rerokaba...? -Frasiku Perera-angaba. -Qual é teu nome de batismo? -O do bom Francisco Pereira. (Anch., Teatro, 168, 2006)
angabok (v. intr.) - comprazer-se: ...Nde 'anga... me'enga anhanga pé, oangabó-katu... - Tua alma entregando para o diabo, ele se compraz muito. (Anch., Doutr. Cristã, II, 112)
anhangu'i (etim., pó do diabo) (s.) - enxofre (VLB, I, 120)
apa- (pref.) - expressa completude ou intensidade
aparagûá (s.) - nome de uma planta (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 14)
apekũgûyra (etim. - fundo da língua) (s.) - guelras (de peixe) (VLB, I, 152)
apesu (s.) - nome de uma ave (Brandão, Diálogos, 228)
arakukaru (s.) - nome de uma ave (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 271)
bibîá (s.) - nome de uma ave passeriforme traupídea (Sousa, Trat. Descr., 251)
eboûĩba'e (dem. pron.) - essa coisa, isso (VLB, II, 15)
egûyrõ (t) (s.) - cio; sensação carnal, excitação sexual: -Nde regûyrõpe nde agûasá resé? - Tu tiveste excitação com teu amante? (Ar., Cat., 235); [adj.: egûyrõ (r, s)] - excitado; (xe) estar no cio; ter sensação carnal, ter excitação ● segûyrõba'e - o que está no cio; o que tem excitação: A'epe o agûasá resé segûyrõba'e, marã? - E o que tem excitação por sua amante, que acontece? (Ar., Cat., 72)
e'îara - v. 'i / 'é (Fig., Arte, 55)
eîririku (s.) - nome de uma abelha (Piso, De Med. Bras., IV, 178)
eîtyk - v. ityk / eîtyk(a) (t) (Anch., Arte, 58v)
eîxûá (s.) - nome de uma ave de rapina falconiforme (VLB, I, 125; Theat. Rer. Nat. Bras., I, 159)
eîxûagûasu (s.) - nome de uma ave de rapina (VLB, I, 125)
eîxûamirĩ (s.) - nome de uma ave de rapina (VLB, I, 125)
ekoabok1 (s) (v.tr.) - despejar (p.ex., um vaso ou o conteúdo dele): Asekoabok. - Despejei-o. (VLB, I, 100)
ekoaûîé (t) (etim. - o estar pronto) (s.) - prontidão, presteza; [adj.: ekoaûîé (r, s)] - pronto, prestes, preparado: Marãpe erimba'e sekóû o e'õ îanondé o ekoaûîéramo? - Que fez antes de morrer, estando pronto? (Ar., Cat., 52); Sekoaûîépe gûaîtaká koîpó gûaîanã ra'yra? - Está pronto o guaitacá ou o filho do guaianá? (Anch., Teatro, 62)
ekonhote'yma (t) (s.) - bulício, agitação, travessura; [adj.: ekonhote'ym (r, s)] - abá-ekonhote'yma - homem buliçoso (VLB, I, 57)
ekopotasaba (t) (s.) - determinação (VLB, I, 101); intenção, intento, propósito: Aîpó nakó xe rekopotasaba. - Este era, de fato, o meu intento. (VLB, II, 13); ...Tupã remime'enga o ekopotasaba rupi. - ...o que Deus dá segundo seus propósitos. (Ar., Cat., 31)
embó (t) (s.) - vergôntea (p.ex., da batata), vara tenra, rebento, verga: -Mba'epe onong i akanga 'arybo? -Îuatĩ-embó apynha... -Que puseram sobre sua cabeça? -Uma argola de vergônteas de espinhos. (Ar., Cat., 60v); itá-embó - verga de ferro, arame; kará-embó - vergôntea de cará (VLB, II, 144); [adj. embó (r, s)] - vergonteado, delgado (como uma vara tenra): Xe rembó nhẽ. - Eu sou muito delgado. (VLB, II, 144)
emimbûaîa (t) (etim. - o comandado) (s.) - súdito; criado: Opakatu xe yby pora nde remimbûaîamo sekóû... - Todos os habitantes de minha terra são teus súditos. (D'Abbeville, Histoire, 342)
(e)mo'ema (r, s) (s.) - mentira (Também pode ser regular, tendo, assim, na forma absoluta, o prefixo t-: temo'ema - mentira.) (Anch., Arte, 13v): xe remo'ema - minha mentira; semo'ema - sua mentira (Fig., Arte, 78); Abá resé mo'ema oîmonhangyba'e. - O que cria mentiras por causa de alguém. (Ar., Cat., 73v); Ererobîápe abá remo'ema? - Acreditaste nas mentiras de alguém? (Ar., Cat., 108v); [adj.: emo'em (r, s)] - mentiroso; (xe) mentir: Nde remo'em umẽ abá resé... - Não sejas mentiroso por causa de ninguém. (Ar., Cat., 73v); Xe remo'em aîpó gûi'îabo... - Eu fui mentiroso dizendo isso. (Ar., Cat., 73v); Semo'ẽ, oîobaúpa. - Eles mentem, um de cara para o outro. (Anch., Teatro, 164)
enembaîa (t) (s.) - penduricalho; [adj.: enembaî (r, s)] (xe) - ter penduricalhos: Xe renembaî. - Eu tenho penduricalhos. (VLB, II, 72)
enhambé (v. irreg. - forma só usada no imper.) - espera!: Enhambé ranhẽ! (ou Enhambé rangûé!) - Espera, primeiro! (VLB, I, 126)
epynõ (t) (s.) - ventosidade, peido (VLB, II, 144)
ereîteúna (s.) - nome de uma árvore de grandes folhas. "Bota delas um modo de resina negra como breu com que os índios fazem suas frechas... Por ter este breu preto se chama ereiteúna e dá tanto que também se bream canoas com ele." (Lisboa, Hist. Anim. Árv. do Maranhão, fl 183)
esaoby (t) (etim. - olho azul) (s.) - belida, mancha esbranquiçada na córnea do olho (Castilho, Nomes, 38); catarata (dos olhos) (VLB, I, 69); [adj.: esaoby (r, s)] (xe) - ter catarata: Xe resaoby. - Eu tenho catarata. (VLB, I, 69)
etobapy (t) (s.) - topete, cabelo ou pêlo levantado na parte anterior da cabeça (de cavalo, de pessoa, etc.): xe retobapy-'aba - cabelo de meu topete; Tetobapy-apûá - ponta de topete, pontinha aguda de cabelo que alguns têm na testa (VLB, II, 131)
gûaîbĩpokakabyba (s.) - nome de uma árvore (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 111)
gûakará (s.) - nome de uma ave (Theat. Rer. Nat. Bras., I, 121)
gûakarara'yba (s.) - nome de uma árvore (VLB, II, 24)
gûambaîaku - o mesmo que baîaku (v.) (Piso, De Med. Bras., 173)
gûambîapirûera (s.) - nome de uma ave falconídea (Brandão, Diálogos, 233)
gûaragûará - o mesmo que karakará (v.) (Brandão, Diálogos, 233)
gûararymá (s.) - nome de uma ave aquática (Brandão, Diálogos, 234)
gûarirama (s.) - nome de uma ave (Theat. Rer. Nat. Bras., I, 111)
gûe'en (v. intr.) - vomitar: Agûe'en. - Vomitei. (VLB, II, 147)
gûititoroba (s.) - GUITITIROBA, GUITIROBA, planta da família das sapotáceas (Pouteria macrophylla (Lam.) Eyma) (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 113)
gunandima (s.) - nome de uma árvore (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 106)
gûybyra (s.) - nome de uma árvore cujos bagos moídos eram usados no tratamento das mordeduras de cobra (Piso, De Med. Bras. III, 172)
gûyragûy (s.) - nome de uma ave de cabeça branca (VLB, II, 76)
gûyrakokó (s.) - nome de uma ave (Brasil Holandês, vol. III, 77)
îaborandyba - o mesmo que îaborandy (v.) (Sousa, Trat. Descr., 209)
îabubyra - o mesmo que îabebyra (Sousa, Trat. Descr., 283)
îagûarapeba - o mesmo que îagûapopeba (v.)
îagûarusá - o mesmo que îagûaresá (v.) (Libri Princ., vol. II, 75)
îagûasatĩ (s.) - nome de uma ave (Libri Princ., vol. I, 95)
îaî (-îo-) (v.tr.) - motejar de, caçoar de, debochar de; escarnecer de: Aîoîaî. - Caçôo dele. (VLB, II, 43); Ereîoîaîpe abá amõ? - Escarneceste de alguma pessoa? (Anch., Doutr. Cristã, II, 86); Aporoîaî. - Escarneço das pessoas. Aporoîá-roîaî. - Fico escarnecendo das pessoas. (VLB, I, 123)
îakaminĩ (s.) - nome de uma ave (Theat. Rer. Nat. Bras., I, 101)
îakanigûaîa (s.) - nome de uma ave (Theat. Rer. Nat. Bras., I, 101)
îakapekûaîa (s.) - nome de uma serpente (Piso, De Med. Bras., III, 171)
îaniparandyba - o mesmo que îaparandyba (v.) (Piso, De Med. Bras., IV, 203)
îapu'i (s.) - nome de uma ave do tamanho de uma gralha (Libri Princ., vol. I, p. 80)
îaramakaru - o mesmo que îamakaru (v.) (D'Abbeville, Histoire, 228)
îarati'i (s.) - nome de uma ave (VLB, II, 76)
îareré1 (s.) - nome de uma planta (Theat. Rer. Nat. Bras., II, 201)
îasya'yra (etim. - filho da lua) (s.) - nome de um escorpião (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 245)
îata'uba - o mesmo que îata'yba (v.) (Brandão, Diálogos, 171)
îeabyky (v. intr.) - pentear-se: Aîeabyky. - Penteio-me. (VLB, II, 72)
îeká (v. intr.) - quebrar-se: Aîeká. - Quebrei-me. (VLB, II, 92); ...Itá oîeká-îeká o îopyterybo. - As pedras ficaram-se quebrando ao meio. (Ar., Cat., 64)
îeku'yba (s.) - nome de uma árvore lecitidácea (Cariniana legalis (Mart.) Kuntze) (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 127)
îenypaba - o mesmo que îanypaba (v.) (Thevet, Les Sing. de la France Antart., 59)
îepîar (v. intr.) - escudar-se, defender-se: Aîepîar. - Escudo-me, defendo-me. (VLB, I, 21)
îepubur (v. intr.) - revirar-se, agitar-se: ...A'e 'ara îepubur'iré... a'ereme karaibebé ruri... - Após aquele revirar-se do mundo, então os anjos vêm. (Ar., Cat., 160v)
îepysyrõsyrõ (v. intr.) - escusar-se, desculpar-se (de fazer algo): Aîepysyrõsyrõ. - Desculpei-me. (VLB, I, 124)
îerab (v. intr.) - desfiar-se (p. ex., tecido) (VLB, I, 99)
îesûera (s.) - consciência, convencimento; (adj.: îesûer) - consciente, convencido: Missa mondykápe épe ereîké îepi, nde îesûere'yîpe... - É no final da missa que entras sempre, manifestamente consciente? (Anch., Doutr. Cristã, II, 105)
îeta'yba - o mesmo que îata'yba (v.) (Vasconcelos, Crônica [Not.], II, §81, 153)
inambu - o mesmo que îambu (v.) (Léry, Histoire, 348)
inambugûasu - o mesmo que îambugûasu (v.) (Léry, Histoire, 348)
inaúba (s.) - nome de uma árvore (Heriarte, Descr. Maranhão, Pará, in Varnhagen, Hist., III, 169)
inhambûasu - o mesmo que îambugûasu (v.) (Brandão, Diálogos, 227)
inhati'ũ - o mesmo que îati'ũ (v.) (Sousa, Trat. Descr., 242)
Inĩgûasu (etim. - rede grande) (s. antrop.) - nome de índio tupi (Frei Vicente do Salvador, História do Brasil, III, cap. xxii)
îó1 (interj. de espanto - de m.) (VLB, I, 125); o mesmo que îu (v.) (Fig., Arte, 9)
îó2 (interj. de escárnio - de h.): -Marãpe Anhanga serekóû i moapysyka? "-Pe îu ipó, pe îó peẽ. Iîá, iîá" e'i i xupé... -Como o diabo os trata para consolá-los? "-Ui, ai de vós; bem feito, bem feito" diz para eles. (Ar., Cat., 159v)
îoatypeteka (etim. - golpe das têmporas) (s.) - bofetada (VLB, I, 56)
îobapeteka (etim. - golpe da face) (s.) - bofetada (VLB, I, 56)
isi'ĩ (s, r, s) (s.) - coisa miúda (VLB, II, 39); [adj.: isi'ĩ (r, s)] - miúdo, pequeno: Xe risi'ĩ. - Eu sou pequeno. (VLB, II, 78)
itaitinga (etim. - pedrinha branca) (s.) - jaspe, variedade de quartzo (VLB, II, 7); pedra de mármore ou semelhante (VLB, II, 69)
itaîutinga (etim. - ouro branco) (s.) - 1) prata (VLB, II, 84); 2) dinheiro ou moeda de prata (VLB, I, 103)
itaky (s.) - mó ou pedra de afiar: itaky-nhatimana - pedra de afiar que gira, pedra de afiar de barbeiro (VLB, II, 39)
itamarana (etim. - ferro para guerra) (s.) - acha de armas, instrumento de guerra (VLB, I, 20)
itaobagûyra (etim. - fundo da face das pedras) (s.) - lapa em pedras (VLB, II, 18); furna em penedos ou rochas (VLB, I, 145)
îuapytá (s.) - nome de uma planta (Theat. Rer. Nat. Bras., II, 209)
îuá-umbu (s.) - nome de uma planta anacardiácea (Spondias tuberosa Arruda), conhecida como UMBUZEIRO (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 108)
îubopeba (s.) - nome de uma planta (Theat. Rer. Nat. Bras., II, 135)
îuku (s.) - nome de uma planta, variedade de canela. Tal palavra é conhecida indiretamente por meio do nome do índio tupi Îukugûasu (Vasconcelos, Crônica [Not.] II, §1, 113).
îukuryûasu (s.) - nome de uma árvore de madeira dura, pesada, incorruptível (Sousa, Trat. Descr., 221)
îuta'y - o mesmo que îata'yba (v.) (D'Abbeville, Histoire, 225v)
ka'aapi'a - o mesmo que ka'api'a (v.)
ka'aîamby (s.) - nome de uma planta (Theat. Rer. Nat. Bras., II, 223)
ka'a'îyîuîa (etim. - folhinha de espuma) (s.) - variedade de planta melastomácea (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 59)
ka'aobetinga (s.) - nome de uma erva pequena que põe poucas folhas, com flores do tamanho de avelãs, cujas raízes e folhas têm propriedades medicinais (Cardim, Trat. Terra e Gente do Brasil, 49)
ka'asyka2 - o mesmo que ka'atîá (v.) (Piso, De Med. Bras., IV, 196)
ka'aururugûasu (s.) - nome de uma planta (Theat. Rer. Nat. Bras., II, 151)
kabu'ĩ'yba (etim. - pé de cabuim) (s.) - CABUIM, pau-amarelo, árvore grande e alta, talvez uma aroeira, da família das anacardiáceas (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 137)
kaî2 (v. intr.) - queimar-se, arder, pegar fogo: Akaî. - Queimo-me. (Fig., Arte, 2); ...Sekobé abé okaî aûîeramanhẽ. - Também queima vivo para sempre. (Ar., Cat., 79v); A'epe opá irã mba'e kaîne? - E todas as coisas futuramente queimarão? (Ar., Cat., 46); ...T'okaî nde ratá pupé... - Que queimem em teu fogo. (Anch., Teatro, 60) ● okaîba'e - o que arde, o que queima: ...xe irũnamo okaîba'e... - o que arde comigo (Anch., Teatro, 8); kaîtaba (ou kaîaba) - tempo, lugar, modo, companhia, etc. de queimar; queimada, o ato de queimar: ...Anhanga pyri seîtyka... aûîeramanhẽ i kaîagûama. - Junto do diabo lançando-os, com o qual queimará para sempre. (Anch., Doutr. Cristã, I, 195); ...Xe ratá nde kaîaûama. - Meu fogo é o lugar em que queimarás. (Anch., Teatro, 90)
Kaîa'yba (etim. - pé de cajá) (s. antrop.) - nome de índio tupi (D'Abbeville, Histoire, 188)
kakũ (s.) - nome de uma ave de hábitos noturnos (Brandão, Diálogos, 233)
kakugûab - o mesmo que kakuab (v.) (VLB, I, 85)
kamaîyba (s.) - nome de uma planta, uma cana com nódulos (VLB, I, 65)
kandugûasu - o mesmo que kandûasu (v.) (Soares, Coisas Not. Brasil [ms .c], 1422-1424)
kapi'a - o mesmo que ka'iapi'a (v.)
kapi'ibara - o mesmo que kapibara (v.) (Theat. Rer. Nat. Bras., II, 39)
kapupuba - o mesmo que kapi'ĩpuba (v.)
karaîu (s.) - nome de uma ave, "grande como um falcão. Os escravos negros o temem porque eles são bicados por estas aves quando estão no trabalho." (Griebe, Brasil Holandês, vol. III, 81)
karapinima (s.) - nome de uma árvore (Vasconcelos, Crônica, II, §81, 153)
karapirá - o mesmo que karipirá (v.)
karaûatá1 - o mesmo que karagûatá (v.)
kaxabu - o mesmo que îamakaru (v.) (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 126)
kerambu (xe) (etim. - roncar de sono) (v. da 2ª classe) - roncar (o que dorme): Xe kerambugûasu. - Eu ronco muito. (VLB, II, 108)
kok (-îo-) (v.tr.) - escorar, apoiar: Aîokok. - Escorei-o. (VLB, I, 123)
komanakaru - o mesmo que îamandakaru (v.) (Lisboa, Hist. Anim. e Árv. do Maranhão, fl. 182v)
kûamoká (s.) - nome de uma fruta vermelha (v. kambuká) (Brandão, Diálogos, 217)
ku'aúna (s.) - nome de uma ave (Brasil Holandês, vol. III, 37)
kûesenhe'ym (etim. - o que não é ontem) (adv.) - antigamente, muito tempo atrás; havia muito tempo; no passado: ...Kûesenhe'ym bé sepîá-potá tenhẽ roîré. - Depois de querer vê-lo, em vão, desde muito tempo atrás. (Ar., Cat., 58v); Kûesenhe'ym oroîkó Îurupari ra'yramo... - Antigamente estávamos como filhos do diabo. (D'Abbeville, Histoire, 341v-342); ...Kuesenhe'ym nde angaîpabamo ereîkó. - Antigamente eras pecador. (D'Abbeville, Histoire, 350) ● kûesenhe'ỹndarûera - o que é de antigamente, o que é antigo (VLB, I, 36)
kukuriîuba (etim. - cucuri amarelo) (s.) - var. de tubarão (Soares, Coisas Not. Brasil [ms .c], 2304-2310)
kurubá (s.) - nome de uma planta cucurbitácea, uma variedade de abóbora (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 21)
kurukûá (s.) - nome de uma ave (Theat. Rer. Nat. Bras., I, 148)
kurupa'ymirĩ (s.) - nome de uma planta (Theat. Rer. Nat. Bras., II, 204)
NOTA - No P.B., CURURU, além de termo genérico para certos sapos grandes, de pele enrugada, pode ser também um termo específico para os do gênero Bufo, o sapo-cururu, propriamente dito. No folclore brasileiro tal palavra está presente: SAPO-CURURU / Da beira do rio / Quando o sapo canta, menino, / Ele está com frio.
kytyk (v.tr.) - 1) esfregar; brunir; alisar (VLB, II, 23); roçar: Itayîuîa pupé aîkytyk. - Com sabão esfreguei-o. (VLB, I, 117); Aîkyty-kytyk mba'e-kagûera pupé. - Fiquei-o esfregando com gordura. (VLB, I, 117); Aîkytyk iraîty pupé. - Esfreguei-o com cera. (VLB, I, 114); 2) brear, passar breu, alcatrão (p.ex., no barco); encerar, untar (p.ex., com azeite) (VLB, II, 139): Aîkytyk. - Breei-o. (VLB, I, 59)
maîaku - o mesmo que baîaku (v.) (Gândavo, Hist., VIII, fl. 29)
maîreá - o mesmo que maîriá (v.) (Libri Princ., vol. I, 92)
makûara (s.) - nome de uma ave (Theat. Rer. Nat. Bras., I, 127)
makukaûá - o mesmo que makukagûá (v.). (Staden, Viagem, 162)
mandapyti'u (s.) - nome de uma planta (Theat. Rer. Nat. Bras., II, 201)
mandatîá (s.) - nome de planta leguminosa (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 33)
mandi'yba - o mesmo que mani'yba (v.)
mangagûĩ (s.) - nome de uma ave (Theat. Rer. Nat. Bras., I, 126)
manga'yba - o mesmo que mangaba (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 121; VLB, II, 121)
maragûaó - o mesmo que marakaîá2 (v.)
marangygûana (s.) - espírito mau. "Não significa divindade, mas alma separada do corpo ou outra cousa, anunciando o instante da morte." (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 278-279)
marimbu (s.) - nome de uma planta (Theat. Rer. Nat. Bras., II, 81)
masaranduba - o mesmo que masarandyba (v.) (Brandão, Diálogos, 171)
mba'ekuapara (etim. - o que sabe as coisas) (s.) - letrado (VLB, II, 20)
mba'emoasyîá (etim. - o que faz doer de costume) (s.) - sensibilidade; (adj.) - sensível: Xe mba'emoasyîá. - Eu sou sensível. (VLB, II, 116)
mba'emonhangara (etim. - o que faz as coisas) (s.) - oficial (VLB, II, 55)
mboîesapykûara (s.) - nome de uma cobra (VLB, I, 76)
Mboî'i (etim. - cobrinha) (s. antrop.) - nome de índio tupi (D'Abbeville, Histoire, 184v)
mboîsininga (ou mboîtininga) (etim. - cobra que retine) (s.) - BOICININGA, BOIÇUNUNGA, cascavel, cobra venenosa da família dos crotalídeos, com guizo ou chocalho na ponta da cauda. Alimenta-se de roedores em geral. É também chamada BOIQUIRA, BOITINGA, maracá, maracabóia. (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 240; Piso, De Med. Bras., III, 171; Knivet, The Adm. Adv., 1242): Gûaîxará kagûara ixé, mboîtiningusu... - Eu sou Guaixará, bebedor de cauim, grande boicininga. (Anch., Teatro, 26)
menhũ (s.) - nome de uma ave de rapina (Soares, Coisas Not. Brasil [ms .c], 1422-1424)
MARITACACA (Ilustr. de C. Cardoso)
mieîaba (s.) - cocho de ralar mandioca (VLB, I, 76)
mimbo'e (etim. - o ensinado; o que alguém ensina) (s.) - discípulo (VLB, I, 103) [V. tb. emimbo'e (t)]
miubaumari (s.) - nome de uma árvore (Vasconcelos, Crônica [Not.] II, §88, 156)
moaîu (v.tr.) - importunar, incomodar, molestar, desatinar (VLB, II, 33): Xe moaîu-marangatu... aîpó tekó-pysasu. - Importuna-me muito aquela lei nova. (Anch., Teatro, 4); Anhanga xe moaîu... - O diabo me importuna. (Anch., Poemas, 132); Oporomoaîu oîkóbo... - Está molestando as pessoas. (Ar., Cat., 83)
mo'anga'ub1 (v.tr.) - supor, imaginar (falsamente) ● omo'anga'uba'e - o que supõe, o que imagina (falsamente): I mba'e-kuá-mo'anga'uba'e... - O que supõe saber as coisas. (Ar., Cat., 66)
moe'ẽ (v.tr.) - 1) temperar com sal, salgar (VLB, II, 125); 2) adoçar (VLB, I, 22; Fig., Arte, 112) ● i moe'ẽmbyra - o que é (ou deve ser) salgado; o salgado; coisa salgada (VLB, II, 112)
mokõîbé (num.) - os dois, ambos: Mokõîbé osyî kori... - Ambos tremerão hoje. (Anch., Teatro, 18); Iîamuru! Mokõîbé pekaî oîepegûasune. - Bem feito! Ambos queimareis em conjunto. (Anch., Poesias, 271)
momorangygûan (v.tr.) - ter por agouro, considerar agouro (VLB, I, 27)
mondururu (s.) - MUNDURURU, árvore da família das melastomatáceas (Miconia macrophylla (D. Don) Triana), "...que dá umas frutas pretas... que se comem todas..." (Sousa, Trat. Descr., 194)
mopepu (v.tr.) - pôr embraçaduras em (isto é, pôr alças de corda que se passam pelos ombros para se levarem cargas ou o panacu) (VLB, I, 111)
NOTA - No P.B., MORUBIXABA pode ser, também, chefe político, coronel, mandachuva (In Dicion. Caldas Aulete).
motekokuab (ou motekokugûab) (v.tr.) (etim. - fazer conhecer os fatos) - ensinar, instruir (nos bons costumes): Aîmotekokuab. - Ensino-o. (VLB, II, 12) ● motekokuapaba - tempo, lugar, modo, etc. de ensinar, de instruir: Tupã o motekokuapaba rupi mba'e mombe'u. - Narrar as coisas segundo o modo em que Deus o instruiu. (Ar., Cat., 19v)
mûa'i (s.) - nome de uma fruta da qual se fazia vinho (D'Evreux, Viagem, 82)
mutũtĩpyranga (etim. - mutum da crista vermelha) (s.) - var. de MUTUM, ave galiforme da família dos cracídeos, de bico grosso e comprido, possuidor de um topete e de plumagem branca e vermelha (D'Abbeville, Histoire, 236)
naĩ (s. voc. de m.) - mana! minha irmã! (Anch., Arte, 14v)
naîeroîaî - o mesmo que naeroîaî (v.) (VLB, II, 49)
nambu1 - o mesmo que îambu (v.) (D'Abbeville, Histoire, 237; Brandão, Diálogos, 227)
nha'ẽpesẽ2 (s.) - forno de fazer farinha (VLB, I, 142)
nhambu - o mesmo que îambu (v.)
nhandé1 - o mesmo que îandé (v.) (Anch., Arte, 4)
nharybobõ - o mesmo que îarybobõ (v.)
nhea'ang (v. intr.) - expirar, finar-se (VLB, II, 127)
nhe'engasara (etim. - o que canta) (s.) - músico; cantor (VLB, II, 45)
nhe'engu (etim. - o come-palavras) (s.) - o que não fala, o mudo (VLB, II, 43)
nhemoagûyrõ (v. intr.) - excitar-se, masturbar-se: Erepokokype nde rakûãîa resé enhemoagûyrõmo? - Tocaste no teu pênis, excitando-te? (Anch., Doutr. Cristã, II, 90)
nhemoapỹî (v. intr.) - colocar-se em roda (VLB, II, 58)
nhemoîerobîara (etim. - o confiar em si) (s.) - presunção, vanglória (VLB, I, 150)
nhemombe'umirĩ (etim. - confessar-se um pouco) (v. intr.) - reconciliar-se confessando-se (VLB, II, 98)
nhemomoreaûsub (ou nhemomboreaûsub) (v. intr.) - humilhar-se, amesquinhar-se: ...Ybakygûara onhemoputupab i nhemomoreaûsuba repîaka. - Os habitantes do céu afligiram-se, vendo-o humilhar-se. (Ar., Cat., 138, 1686)
nhemomotiasó (v. intr.) - emendar-se: Eîeroŷrõ, enhemomotiasó... - Detesta-te, emenda-te. (Anch., Doutr. Cristã, II, 113)
nhenonhen (v. intr.) - emendar-se, corrigir-se: Anhenonhẽpe ko'yté ká... - Hei de me corrigir, enfim. (Ar., Cat., 75)
nheũî (v. intr.) - queimar-se (Fig., Arte, 82)
nhonongatu (v. intr.) - moderar-se (p.ex., nos costumes), ser moderado (VLB, II, 39)
oba (s, r, s) (s.) - folha (de planta, árvore, etc.) (VLB, II, 63): sobûerusu - grande folha caída (Léry, Histoire, 351); sokyra - folha tenra (VLB, II, 126); Aîmonguî soba. - Derrubei as folhas dela. (VLB, I, 99); [adj.: ob (r, s)] - folheado; (xe) ter folhas: Sob. - Ela tem folhas. (VLB, I, 141)
obapytym (s) (etim. - sufocar o rosto) (v.tr.) - tapar, cobrir (p.ex., uma fenda) (VLB, II, 124) ● obapytymbaba (t) - tempo, lugar, modo, etc. de tapar; tampa, cobertura (VLB, II, 124)
oẽ (interj.) - quebranto do que está muito triste e melancólico, que nem pode falar nem fazer nada (VLB, II, 92)
okanga (r, s) (etim. - ossatura de casa) (s.) - madeira ou madeiramento para casas ou de casas (VLB, II, 27)
okarupagûama (r, s) (etim. - lugar de futuro assentamento de casa) (s.) - terreno apropriado para uma casa (VLB, I, 72)
okupagûama (r, s) (etim. - lugar de futuro assentamento de casa) (s.) - terreno apropriado para uma casa (VLB, I, 72)
omanõ'ĩba'e (etim. - o que não morre) (s.) - imortal (VLB, II, 10)
paîemirĩoba - o mesmo que paîemarioba (v.) (Piso, De Med. Bras., IV, 190-191)
paîomirĩoba - o mesmo que paîemirĩoba (v.) (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 9)
pakury'yba1 (etim. - pé de bacuri) - o mesmo que pakury (v.)
Pakury'yba2 (etim. - pé de bacuri) (s. antrop.) - nome de índio tupi (D'Abbeville, Histoire, 185)
panapanama - o mesmo que panapanã1 (v.) (Libri Princ., vol. I, 170)
panikũ - o mesmo que panakũ (v.)
paraí (s.) - nome de uma ave (Soares, Coisas Not. Brasil [ms .c], 1358-1361)
paraûá - o mesmo que paragûá (v.)
pekaú (s.) - nome de uma ave (Theat. Rer. Nat. Bras., I, 173)
pesibira (s.) - nome de planta canácea, provavelmente Cana glauca L., denominada vulgarmente MBERI, MERI, BERI, BIRI, IMBIRI ou albará, de propriedades medicinais (Piso, De Med. Bras., 202)
pesipesi (s.) - nome de uma ave (Theat. Rer. Nat. Bras., I, 158)
Petymuku (etim. - longo tabaco) (s. antrop.) - nome de índio tupi (Knivet, The Adm. Adv., 1227)
pigûaîá (s.) - nome de uma planta medicinal (Soares, Coisas Not. Brasil [ms .c], 1500-1516)
pikaipeba (s.) - nome de uma ave (Soares, Coisas Not. Brasil [ms .c], 1358-1361)
piraakangatá (etim. - peixe da cabeça dura) (s.) - nome de um peixe (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 144)
piraîurumembeka (etim. - peixe da boca mole) (s.) - nome de um peixe (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 149)
pirõ (s.) - nome de uma ave falconídea (Brandão, Diálogos, 233)
pixuna (s.) - nome de uma abelha (Piso, De Med. Bras. IV, 178)
poaoba (mb) (etim. - roupa de mãos) (s.) - luva (VLB, II, 25)
poapyîa (m) (s.) - ligeireza de mãos; (adj.: poapyî) - ligeiro de mãos (p.ex., para atirar o arco): Xe poapyî. - Eu sou ligeiro de mãos. (VLB, II, 22)
poesemõ (etim. - encher as mãos) (v.tr.) - encher, abarrotar, repletar: Ereîmoîebyrype kaûĩ nde poesemõneme? - Vomitaste cauim quando te encheu? (Anch., Doutr. Cristã, II, 103) [v. tb. esemõ] (VLB, I, 17)
pok (v. intr.) - 1) estalar, arrebentar (VLB, I, 127) ESPOCAR, PIPOCAR, PAPOCAR; 2) disparar (p.ex., tiro) (VLB, I, 100); 3) estourar, dar estouro, ESPOCAR (VLB, I, 129)
pomonga (etim. - visgo das mãos) (s.) - viscosidade; visgo, grude; (adj.: pomong) - viscoso, grudento (VLB, I, 53); (xe) grudar, pegar como grude (VLB, II, 69)
potĩkykyîa (s.) - POTIQUEQUIÁ, espécie de crustáceo da família dos palinurídeos (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 185; VLB, II, 17)
potiûasu (etim. - poti grande) - o mesmo que potigûasu (v.) (Sousa, Trat. Descr., 297)
pûapẽ (m) (etim. - crosta do dedo) (s.) - 1) unha (de dedo da mão) (Castilho, Nomes, 34); 2) garra, tenaz: ...Kó bé xe pûapẽ... - Eis aqui também minhas garras. (Anch., Teatro, 40) ● pûãpẽgûasu (m) - unhas dos dedos polegares (Castilho, Nomes, 34); pûãpẽ-apyra (m) - pontas das unhas dos dedos das mãos (Castilho, Nomes, 34)
puba2 - o mesmo que mandi'opuba (v.) (Nieuhof, Mem. Viag., 287)
pu'ĩ (s.) - nome de uma planta (Theat. Rer. Nat. Bras., II, 108)
puk (v. intr.) - 1) furar-se, estar com furos, estar furado, esburacado; fender-se; arrebentar-se (VLB, I, 42); romper-se (p.ex., o dia), arrombar-se (VLB, I, 44): Apu-puk. - Estou com muitos furos, estou esburacado. (VLB, I, 124); 2) desvirginar-se: ...I puke'ỹme nhẽ o'a oúpa. - Estava nascendo sem ela se desvirginar. (Anch., Poemas, 88); 3) ter polução: Apu-apuk. - Estou tendo polução. (VLB, II, 80)
Paranambuco de todos é chamado.
purukeré (s.) - nome de uma lagarta (VLB, II, 17)
putunara (s.) - nome de uma ave de hábitos noturnos (Soares, Coisas Not. Bras. [ms .c] 1464-1468)
pyaoba (mb) (etim. - roupa dos pés) (s.) - sapato, calçado (VLB, I, 63)
pyaopuku (mb) (etim. - roupa dos pés comprida) (s.) - bota (var. de calçado) (VLB, I, 58)
pykûepeba (s.) - nome de uma ave da feição das rolas. "...Tem as penas vermelhas e o bico preto." (Sousa, Trat. Descr., 230; Soares, Coisas Not. Bras. [ms .c], 1358-1361)
pykupé (mb) (etim. - costas dos pés) (s.) - peito do pé (Castilho, Nomes, 30; VLB, II, 70)
pynõ3 (s.) - nome de uma planta (VLB, II, 59; Thet. Rer. Nat. Bras., II, 222)
pypupypuba (s.) - nome de uma ave de hábitos noturnos (Soares, Coisas Not. Bras. [ms .c], 1464-1468)
PUÇÁ (ilustr. de C. Cardoso)
1 - gerúndio de îar / ar(a) (t, t) (v.)
rab3 (-îo-) (v.tr.) - desfiar (o tecido), destecer (trança, teia, etc.): Aîorab. - Desfiei-o. (VLB, I, 99)
ro'ynhemoapysanga (etim. - frio coalhado) (s.) - geada; neve (VLB, II, 8)
ro'yrypy'aka - v. ro'yrypy'oka
rurunhynga (etim. - o murchar do inchamento) (s.) - ato de desinchar; (adj.: rurunhyng) - desinchado: Xe rurunhyng. - Eu estou desinchado. (VLB, I, 99)
sabiîeitá (s.) - nome de uma árvore amarela, muito rija, que dá tinta da mesma cor, talvez o mesmo que sabiîuîuba (v.) (Brandão, Diálogos, 171)
sabiîeîuba - o mesmo que sabiîuîuba (v.) (Sousa, Trat. Descr., 211)
sagûiá - o mesmo que saûiá (v.) (Soares, Coisas Not. Brasil [ms .c], 1154-1156)
sa'ikupeûkaîa (s.) - nome de uma ave (Brasil Holandês, vol. III, 21)
SAMBURÁ (ilustr. de C. Cardoso)
sapumim (etim. - mergulhar os olhos) (v. intr.) - pestanejar, piscar: Asapumim. - Pisco. (D'Evreux, Viagem, 158); Eresapumimype amõ supéno? - Piscaste para alguma, também? (Anch., Doutr. Cristã, II, 90)
sariûé - o mesmo que sarigûeîa (v.) (Staden, Viagem, 172)
saûí - o mesmo que sagûi (v.)
sebuí (s.) - nome de uma ave (Soares, Coisas Not. Brasil [ms .c], 1358-1361)
sebypyragûasu (etim. - sucupira do fruto grande) (s.) - variedade de SUCUPIRA, planta leguminosa faboídea do gênero Bowdichia (Piso, De Med. Bras., IV, 188) (v. tb. sebypyra)
sebypyramirĩ (etim. - sibipira do fruto pequeno) (s.) - variedade de SUCUPIRA (v. sebypyra) (Piso, De Med. Bras., IV, 188)
seîxupirá (etim. - peixe das plêiades) (s.) - nome de um peixe (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 158)
sepenika (s.) - nome de uma árvore de madeira muito rija e forte (Soares, Coisas Not. Bras. [ms .c] 1976-1980)
serokypyre'yma (etim. - o que não tem nome retirado) (s.) - pagão (VLB, II, 62)
sobaúra (s.) - nome de uma planta. "Serve para chagas velhas, que já não têm outro remédio: deita-se moída e queimada na chaga, logo come todo o câncer e cria couro novo." (Cardim, Trat. Terra e Gente do Brasil, 49; Soares, Coisas Not. Bras. [ms .c], 1583-1587)
sok2 (v. intr.) - quebrar-se, partir-se (como corda, linha, espada, serra, etc.) (VLB, II, 93; Anch., Arte, 53v); Osó-osok. - Quebra-se muitas vezes. (Anch., Arte, 53v)
so'oîukasara (etim. - o que mata animais) (s.) - açougueiro (VLB, II, 28)
surukuá (s.) - nome de uma ave (Libri Princ., vol. I, 63)
sypotingapé (etim. - cipó claro de casca) (s.) - nome de uma planta (Theat. Rer. Nat. Bras., II, 197)
1 - gerúndio de îar / ar(a) (t, t) (v.) (Anch., Arte, 58v)
taboka - o mesmo que îataboka (v.) (Heriarte, Descr. Maranhão, Pará, in Varnhagen, Hist., III, 184)
Tagûypytanga (s.) - nome de uma entidade da mitologia dos antigos índios tupis da costa do Brasil [Soares, Coisas Not. Bras. [ms .c], 676-683]
taîasu2 - o mesmo que taîaûasu (v.) (Sousa, Trat. Descr., 173)
taîoba - o mesmo que taîaoba (v.) (Sousa, Trat. Descr., 181)
takaranha (s.) - nome de uma planta (Silveira, Relação do Maranhão, fl. 11v)
takyra (s.) - nome de uma planta (Brandão, Diálogos, 211)
tamandûasu - o mesmo que tamandûagûasu (v.) (Brandão, Diálogos, 255)
tamburutaka - o mesmo que tamarutaka (v.)
tameîuá (s.) - nome de uma planta; coentro (entre os tupis) (VLB, I, 79)
tamotarana - o mesmo que tamûatarana (v.) (Brandão, Diálogos, 198)
tamỹîa - o mesmo que tamũîa (v.)
tapiti1 - o mesmo que tapeti1 (v.) (Cardim, Trat. Terra e Gente do Brasil, 30)
taposoka (s.) - nome de uma planta (Theat. Rer. Nat. Bras., II, 206)
tapyîa - o mesmo que tapuîa1 (v.)
tarakûagûasu (s.) - nome de uma planta (Theat. Rer. Nat. Bras., II, 118)
tararoky - o mesmo que tareroky (v.) (Soares, Coisas Not. Bras. [ms .c], 1531-1544)
Tatagûasu (etim. - fogo grande) (s. antrop.) - nome de índio tupi (D'Abbeville, Histoire, 183v)
taturana - o mesmo que taturama (v.) (VLB, I, 55)
taûató - o mesmo que tagûató (v.)
taûato'i - o mesmo que tagûato'i (v.) (D'Abbeville, Histoire, 233)
tieté (ou tiete'ĩ) [part. que expressa desgosto, arrependimento. Emprega-se com o verbo 'i / 'é como auxiliar, traduzindo-se por estou desgostoso (em), tenho desgosto (por)]: Arasó tieté a'é. - Tenho desgosto por o ter levado. (VLB, I, 43) ● tieté (kó)... maniîabo! - Irra! (VLB, II, 15); Que mau!: Tieté kó angaîpaba maniîabo mã! - Ah, que mau é o pecado! Tieté kó ahẽ maniîabomã! - Que mau que é fulano! (VLB, II, 65); Tieté maniîabo a'e! - Que mau é ele! (VLB, II, 103); E'i tieté ahẽ maniîabo niã! - Eis que ele é mau! (VLB, II, 142)
tîopurana (s.) - nome de uma cobra não venenosa (Sousa, Trat. Descr., 262)
TIPÓIA (ilustr. de C. Cardoso)
tixarimbó (s.) - nome de uma planta da qual se faziam cestas e açafates (Brandão, Diálogos, 206)
tûató - o mesmo que tagûató (v.), ave falconiforme da família dos falconídeos (Sousa, Trat. Descr., 233)
tubixaba2 (s. irreg.) - coisa grande; o que é grande, o muito maior (superlativo) (VLB, II, 28): ...Oîmombe'u o angaîpá-mirĩ anhõ. Tubixabeté oseîá, abaré suí i mima. - Confessam seus pecadilhos somente. Os que são muito grandes deixam-nos, escondendo-os do padre. (Anch., Teatro, 160, 2006); (adj.: tubixab) - grande, imenso; enorme; principal; grosso (p.ex., o mato); membrudo: Tubixabeté. - Ele é muito grosso. (VLB, I, 151); abá-tubixaba - homem membrudo (VLB, II, 35); ...Xe angaîpá-tubixagûera amosẽne. - Meus antigos e grandes pecados farei sair. (Anch., Teatro, 38) ● tubixabeté - (o) muito maior (superlativo) (VLB, II, 28)
tubuna (s.) - nome de uma abelha da família dos meliponídeos (Piso, De Med. Bras. IV, 178)
tugûygûasu (etim. - muito sangue) (s.) - sanguessuga (VLB, II, 112)
tu'imirĩ (s.) - nome de uma ave (Libri Princ., vol. I, 101)
turari (s.) - nome de uma planta (Theat. Rer. Nat. Bras., II, 150)
tykyr (v. intr.) - gotejar, dividir-se em gotas: ...Îandé Îara rugûy bé tykyreme... i tyky-tykyra bé îabi'õ Îandé Îara Jesus Cristo rekóû...? - E ao dividir-se em gotas o sangue de Nosso Senhor, em cada uma das gotas dele também está Nosso Senhor Jesus Cristo? (Bettendorff, Compêndio, 86)
typa'ama (etim. - obstrução de urina) (s.) - cálculo renal (VLB, II, 69); (adj.: typa'am) - doente de cálculos renais; (xe) ter cálculos: Xe typa'am. - Eu tenho cálculos renais. (VLB, II, 69)
ûaîeroba (s.) - nome de uma árvore muito grande e alta, com folhas semelhantes às do carvalho, porém um pouco maiores (D'Abbeville, Histoire, 218v)
ûakûakûá (s.) - nome de uma ave (Brandão, Diálogos 233)
ûatapy - o mesmo que ûatapu (v.)
ugûykutuk (s) (etim. - espetar o sangue) (v.tr.) - dar sangria; sangrar (VLB, II, 112)
ûi- (ou gûi-) (pref. da 1ª p. do sing. usado com o gerúndio): ...Tupã supé ûiîerurébo... - Orando eu para Deus. (Anch., Teatro, 40); ...Nde robaké ûigûapyka... - Diante de ti sentando-me eu. (Anch., Poemas, 96); Karaibokype ûitekóbo... - Estando eu em casa de cristãos... (Anch., Teatro, 46)
ukûara (s.) - resfôlego; (adj.: ukûar) - resfolegante; (xe) resfolegar; ofegar sem ruído: Xe ukûar (ou Xe ukûá-kûar). - Eu resfólego. (VLB, II, 54; 102)
upaba5 (t, t) (etim. - lugar de estar estendido) (s.) - campo (limpo) para plantação: Atupá-rung abati. - Estabeleci uma plantação de milho. (VLB, II, 81)
urukure'aûasu (etim. - urucureá grande) (s.) - nome de uma ave de rapina (D'Abbeville, Histoire, 233)
uti (s.) - nome de uma árvore (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 120)
xororó (s.) - nome de uma ave (v. xerorõ) (Theat. Rer. Nat. Bras., I, 151)
'yba2 (s.) - 1) pé (de planta), planta; pau, árvore: Okuî rakó amũme ybarambûera o 'yba suí ybotyramo oîkóbo bé. - Caem, às vezes, os frutos das suas árvores, sendo ainda flores. (Ar., Cat., 157v); Aî'ybab. - Cortei o pé dela (isto é, da parreira, da mandioca, etc.). (VLB, I, 83); 'ybotyra - flor de planta, flor (em geral) (VLB, I, 144); 2) haste, caule; talo (p.ex., de couve, de alface), vergôntea (VLB, II, 62, 123): ● 'ygûera - haste sem os grãos (VLB, II, 63)
'ybapiroba (etim. - fruto da pele amarga) (s.) - nome de uma planta (D'Abbeville, Histoire, 224v)
ybykûaba (s.) - produtividade; [adj. - ybykûab (r, s)] - produtivo, de bom rendimento (p.ex., terra) (VLB, I, 144) ● ybykûabusu (r, s) - muito produtivo, de mui bom rendimento (p.ex., terra) (VLB, I, 144)
ybyokamonhangara (etim. - o que faz casas de terra) (s.) - taipeiro de pilão, isto é, aquele que constrói casas de barro socado entre tábuas paralelas (VLB, II, 123)
ybyraîaka (s.) - nome de uma árvore (abn, lxxxii [1962], 207)
ybyrapeaponha (s.) - nome de uma árvore (abn, lxxxii [1962] 318)
ybyrapoká (s.) - nome de uma árvore (abn, lxxxxii [1962], 200)
ybyraporomakasi (s.) - nome de uma árvore (Soares, Coisas Not. Bras. [ms .c], 1666)
ygé (t) (s.) - ventre, barriga (D'Evreux, Viagem, 159): Kunhãmuku... rygépe pitangamo onhemonhanga. - No ventre de uma moça gerando-se como uma criança. (Ar., Cat., 42); T'aîpobu sygé-aponga! - Hei de revirar seu ventre opilado! (Anch., Teatro, 172); ...I por nde rygé. - Está cheio teu ventre. (Anch., Poemas, 116)
yîereba (s.) - nome de uma ave, do tamanho de uma grande gaivota (Libri Principis, vol. I., 48)
ykemena (t, t) (s.) - 1) cunhado (de m.), marido de sua irmã mais velha; 2) marido de sobrinha mais velha (de m.); 3) marido de prima mais velha (de m.) (Ar., Cat., 116v)
yky (v.tr.) - 1) debulhar (p.ex., o milho) (VLB, I, 90); 2) colher (VLB, I, 77) (Tem o gerúndio irregular: ykyébo.): Eva... onhemomotareté 'ybá-poranga resé... iî ykyébo... - Eva atraiu-se muito pelo belo fruto, colhendo-o. (Anch., Poemas, 178)
'ykytĩaba (etim. - corte da água) (s.) - veia d'água, um vinco que, às vezes, se vê pelo meio do mar (VLB, II, 142)
'yma (s.) - fuso de fiar (VLB, I, 145)
ypekũataîrana (s.) - nome de uma árvore (VLB, II, 113)
ypekuta'yra (s.) - nome de uma planta (Theat. Rer. Nat. Bras., II, 153)
yribaîá (s.) - nome de uma ave (Theat. Rer. Nat. Bras., I, 169)
ysapuku (s.) - compridez; (adj.) - comprido: Iîysapuku sama amõ. - Eram compridas algumas cordas. (Anch., Teatro, 48)
ytykyr (r, t) (xe) (etim. - água gotejante) (v. da 2ª classe) - destilar-se (o líquido) (VLB, I, 129)
Acarembó (rio do RS). De akará + 'yemby: córrego dos carás.
Apiaí (rio de SP). De apŷaba + 'y: rio dos índios.
Araberi (rio de PE). De araberi - var. de peixe + 'y - rio: rio dos araberis.
Araçuaí (rio de MG). De araso'iá + 'y: rio das araçoias.
Aratanji (rio de PE). De aratue'ẽ (lit., aratu sápido, que tem muito sabor) - aratanha, var. de camarão de rio + îy - rio: rio das aratanhas.
Bocaiúva (nome de pessoa). De mokaie'yba, palmeira apocínea muito alta (D'Abbeville, Histoire, 224).
Caiobi (nome de pessoa). De ka'i - variedade de macaco + oby - verde: caí verde.
Caracuí (rio de PE). De akarapuku + 'y: rio dos carapucus.
Caratuba (rio do PR). De akará - cará, var. de peixe + tyba - ajuntamento: ajuntamento de carás.
Caraú (rio do RN). De akará + 'y: rio dos carás.
Caubi (nome de pessoa). De ka'a + oby (r, s): mato verde, caubi (Amaz.) (PDBLP, p. 262).
Cumbaúbas (PI). Nome de uma árvore, de língua geral colonial.
Guaraciaba (nome de pessoa). De gûarasŷaba - uma das espécies de beija-flor, guaraciaba (Cardim, Trat. Terra e Gente do Brasil, 35). De kûarasy - sol + aba (t) - pena: penas de sol.
Ibicatu (CE). De yby + katu: terra boa.
Ibitiúra (MG). De ybytuura: vinda de ventos, furacão, ventania (VLB, I, 145).
Ibuguaçu (CE). De yby + -ûasu: terra grande.
Iguaguaçu (SP). De 'y + kûá + -ûasu: grande enseada de rio.
Iguape (SP). De 'y + kûá + -pe: na enseada do rio.
Iguaraci (PE). De 'y + kûara + asy (r, s): fonte ruim, fonte pestilenta. Nome atribuído em 1948.
Imbé (MG). Nome de uma planta arácea (ysypoimbé) (Sousa, Trat. Descr., 224).
Inhaúma (PE). De 'y + nhau'uma: rio enlameado. Pode também provir de anhyma: anhima, inhaúma, ave anhimídea (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 215).
Itupuraranga (SP). De ytu + pararanga: roda de queda-d'água.
Jaci (nome de pessoa). De îasy: lua.
Jacira (nome de pessoa). De îasy + a'yra (t, t): filho da lua.
Jaibaras (CE). De 'yb + 'ari + 'yb + 'ara: queda de paus sobre paus, jaibara, jabara, jebara, jaribara, galhada de árvores caídas que ficam presas às ramagens de outras e cobertas de trepadeiras e epífitas. "Este Supplicante tem descuberto hum riacho, por nome Pirambeba, q fica em numa ilharga do Rio Jaebara (...)" (Data e Sesmaria do Capitão Manoel Dias Netto [1717], p. 13)
Jaraguá (GO). Nome de uma planta da família das gramíneas. Em Goiás é também o campo em que tal planta domina. Tal nome remonta ao século XVI: "(...) ao qual rio chamam os Índios o porto Jaragoá." (Sousa, Trat. Descr., XVIII)
Jitirana (PI). Nome de uma planta trepadeira, talvez um termo da língua geral setentrional.
Jubaí (MG). Nome de uma árvore, talvez um termo da língua geral meridional.
Jurupeba (SP). De îurebeba, árvores solanáceas.
Mirim (SC). Nome de uma abelha, termo da língua geral meridional.
Mundaú Mirim (rio de AL). De mondá + 'y + mirĩ: rio pequeno dos ladrões. (v. Mundaú).
Oiticica (PI). De oîtysyka, plantas crisobalanáceas.
Piragibe (nome de pessoa). De pirá + îy + -pe: no rio dos peixes.
Pitangy (nome de pessoa). De pitanga - criança + suf. -'ĩ: criancinha, bebê.
Tinguá (RJ). Nome de uma planta não identificada, da língua geral meridional.
Xororó (nome de pessoa). De xerorõ - nhambuxororó, inhambuxororó, ave da família dos tinamídeos.
EDELWEISS, F.G., Tupis e Guaranis. Estudos de Etnonímia e Lingüística. Salvador, Secretaria da Educação e Saúde, 1947.
(Monteiro) MONTEIRO, Pe. Jácome Monteiro, Relação da Província do Brasil [1610]. Publicada por Leite, Hist. VIII, 1949, pp. 393-425.
DESCONHECIDO [1749], Informação Geral da Capitania de Pernambuco. vol. XXVIII dos Annaes da Bibliotheca Nacional. Officinas de artes graphicas da Bibliotheca Nacional, Rio de Janeiro, 1908.
yby'arana (s.) (etim. - yby; 'ara; rana) - planeta | planet | - - (TPK, 2024, 113) - neologismo
Yby'ara (s.) (etim. - yby; 'ara) - planeta Terra | planet Earth | - - (TPK, 2024, 113) - neologismo
ekoabeté (t) (s.) (etim. - ekoaba; eté) - habitat | habitat | - - (TPK, 2024, 114) - neologismo
ekoaparaba (t) (s.) (etim. - ekoaba; paraba) - bioma; habitats | biome; habitats | - - (TPK, 2024, 114) - neologismo
abundância - tesemõ; tynysema; tyba
borda - tembé; tembe'yba
contar - mombe'u ● contar número ou quantidade: papar
descida (de morro) - teroapy'ambaba
engordar - (intr.): nhemongyrá; (tr.): mongyrá
estender - poekyî; pysó; moatã; pirar
florido - potyr [v. potyra (mb)]
margem - tembé; tembe'yba
medo - sykyîé; sykyîéba; (ter medo): sykyîé
prejudicar - moingotebẽ; momarã
retorcer - mopokyrirĩ; poká
segundo2 (num. ord.) - mokõîa
sola (do pé) - pypytera (mb)
verdadeiramente - eté (r, s); upindûara (r, s)
aba'yba (etim. - homem-guia) (s.) - namorado (VLB, II, 46): nde raîyra aba'yba - o namorado de tua filha (Ar., Cat., 1686, 267)
abé2 (posp.) - desde: - Marãpe pe rubixabetae'ym? - Nd'oroerekóî nhẽ oré ramuîa abé. - Por que vós não tendes muitos reis? - Não os temos desde nossos avós. (Léry, Histoire, 362)
'aîuberaba (etim. - penugem amarela brilhante) (s.) - var. de pomba (Soares, Coisas Not. Bras. - ms. C, 1355-1357)
Daí, os nomes geográficos ACARIREMA (PA), ACARITUBA (AM), ACARI (MG), etc. (v. p. 386)
akuba (t) (s.) - 1) quentura, calor, ACU; 2) febre; [adj.: akub (r, s)] - 1) quente: Xe rakubeté kó mã! - Ah, eu estou muito quente aqui! (Anch., Teatro, 90); 'arakubeté - dia muito quente (Ar., Cat., 7); mba'e-akuba - coisa quente, quentura (VLB, II, 94); 2) febril: Xe rakub. - Eu estou febril, eu tenho febre. (Léry, Histoire, 367)
ambu'aembó (etim. - vergôntea da ambuá) (s.) - planta da família das aristoloquiáceas (Aristolochia labiata Willd.), também chamada jarrinha, papo de peru, mil-homem. É uma trepadeira que se enrola em outras plantas e arbustos. (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 15)
amĩ (v.tr.) - espremer: Anhamĩ. - Espremi-o. Aty-amĩ. - Espremi o sumo dela. (VLB, I, 127)
NOTA - Do termo tupi ANAÎÁ provêm os nomes geográficos ANAJATÉUA (PA), ANAJATUBA (MA), etc. (v. p. 386)
api'a1 (s.) - 1) circuncidado: Xe api'a. - Eu sou um circuncidado. (VLB, I, 74); 2) pênis circunciso (Castilho, Nomes, 28) ● i api'aba'e - o que é circuncidado (VLB, I, 74)
apûá1 (t) (s.) - monte ou amontoado de alguma coisa; (adj.) - amontoado: Xe rapûá. - Eu estou amontoado. (VLB, II, 41)
apŷabebé (etim. - homem voador) (s.) - anjo (VLB, I, 36): apŷabebé remi'u... - comida dos anjos... (Valente, Cantigas, VIII, in Ar., Cat., 1618)
aŷpypûasaba (s.) - estorvo (do anzol), isto é, corda com que se reata o anzol (VLB, I, 129)
a'yra1 (t, t) (s.) - sêmen masculino, semente (da vida humana ou animal): Ereîkapyrokype nde ra'y-pupuka potá? - Excitaste-o, querendo expelir teu sêmen? (Anch., Doutr. Cristã, II, 90)
ayty (t) (s.) - ninho (de ave, rato, etc.): Aîeayty-monhang. - Fiz-me um ninho; Asayty-monhang. - Eu lhe faço ninho. (VLB, II, 49)
baîakukuruba - o mesmo que gûamaîakukuruba (v.)
Daí os nomes geográficos BACUÍ (RJ), BACU (AM), etc. (v. p. 386).
boîá1 (s.) - 1) servo, criado ou criada; serviçal (de h.) (VLB, I, 86): N'i tyb-angáî xe boîá... - Não há absolutamente servos meus. (Anch., Teatro, 128); Tupã boîáramo nhõ oîkó-potá... - Querendo ser servo de Deus somente. (Ar., Cat., 26v); 2) súdito, discípulo: ...Xe boîáramo pabẽ xe pópe arekó-katu. - Como meus súditos, todos em minhas mãos tenho-os bem. (Anch., Teatro, 34)
ekomonhangara (t) (s.) - juiz, julgador: ...Îesu Cristo, tekomonhangara... - Jesus Cristo, o juiz (Ar., Cat., 162v)
ekonongatu (s) (v.tr.) - regenerar, reformar nos costumes: Asekonongatu. - Reformo-o nos costumes. (VLB, II, 99)
enotĩ (v.tr.) - envergonhar-se de (fato ou pessoa): Ereîkuakupe nde angaîpaba amõ abaré suí, senotĩamo nhẽ? - Escondeste algum pecado teu do padre, envergonhando-te dele? (Ar., Cat., 221); Anotĩ xe aíba. - Envergonho-me de minha feiúra. (VLB, I, 83)
ere- (pref. núm.-pess. da 2ª p. sing., usado com verbos da 1ª classe): ...Eresó, kó 'ara ri. - Vais, neste dia. (Anch., Poemas, 94); ...Ereîase'o îepi. - Choravas sempre. (Anch., Poemas, 96); Ybaka suí ereîur... - Do céu vieste. (Anch., Poemas, 100); Ereîpotápe itaîuba? - Queres ouro? (Anch., Teatro, 44)
erokaba (t) (s.) - nome de batismo: Marãpe nde rerokaba abaré reminongûera? - Qual o teu nome de batismo que o padre pôs? (Anch., Teatro, 168, 2006)
eroŷrõama (t) (s.) - defeito, falta (VLB, II, 123)
esakûanhyrõ (t) (s.) - bom semblante; [adj.: esakûanhyrõ (r, s)] - de semblante bom, bem-encarado: Xe resakûanhyrõ. - Eu sou de bom semblante. (VLB, II, 115)
esakûé (t) (etim. - olhos ágeis) (s.) - desassossego, travessura, lascívia; [adj.: esakûé (r, s)] - desassossegado, travesso, lascivo, dissoluto: Xe resakûé-kûé. - Eu sou travesso. (VLB, I, 96)
gûaîamũ - o mesmo que gûanhamũ (v.)
gûaîaru - o mesmo que gûaîeru (v.)
gûaînumby-akaîu'yba - o mesmo que gûaînumby-akaîu (v.) (Theat. Rer. Nat. Bras., II, 213)
gûakukuá - o mesmo que gûakukuîá (v.) (Griebe, Brasil Holandês, vol. III, 74)
gûanhamũ - o mesmo que gûanhumỹ (v.)
gûapare'yba - o mesmo que gûapara'yba (v.) (VLB, II, 30)
gûapere'yba - o mesmo que gûapara'yba (v.) (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 118)
gûaperugûá - o mesmo que gûaperûá (v.)
gûaribu - o mesmo que gûabiru (v.) (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 229)
gûarinĩ2 (v. intr.) - guerrear, fazer guerra: Agûarinĩ (abá) resé. - Faço guerra com os homens. (VLB, I, 152, adapt.)
gûatukupasaba (s.) - nome que era dado ao peixe roncador do Rio de Janeiro para baixo (VLB, II, 108)
gûebusu (etim. - guebo grande) (s.) - GUEBUÇU, peixe da família dos istioforídeos (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 171)
gûe'ena (s.) - vômito: Mondarõ, nhe'engaíba... nde resemõ, moraseîa, nhemoryba, gûe'ena, ka'uaíba, marana... - Ladroeiras, palavras más sobejavam-te, danças, diversões, vômitos, bebedeiras, guerras. (Anch., Teatro, 170)
gûitigûasu (etim. - guiti grande) (s.) - nome de uma planta (Theat. Rer. Nat. Bras., II, 93)
gûyraîuba1 - o mesmo que gûaraîuba (v.)
gûyrigûana (s.) - menor de idade: Xe gûyrigûana. - Sou um menor de idade. (VLB, II, 35)
'îaba - v. 'i / 'é1 (Fig., Arte, 55)
îagûararuapema (s.) - nome de um animal carnívoro (Brandão, Diálogos, 259)
îambé - o mesmo que nhambé (v.) (Anch., Teatro, 36)
îandy - o mesmo que nhandy (v.)
îeaîubyk (v. intr.) - enforcar-se: ...O îara repypûera reîtyki Tupãokype aûîé osóbo oîeaîubyka... - Jogou o pagamento por seu senhor no templo, indo finalmente enforcar-se. (Ar., Cat., 57v)
îeaobok (v. intr.) - despojar-se (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 277)
îeapar (v. intr.) - entortar-se, encolher-se (VLB, I, 114)
îeapûapyk (v. intr.) - enovelar-se, enrolar-se, encolher-se (como o pano depois de molhado, como o que dorme ao frio, etc.): Aîeapûapyk. - Encolho-me. (VLB, I, 114; 117)
îebyká (v. intr.) - respigar (uvas na vinha, espigas na roça, migalhas ou cascas do que outro come) (VLB, II, 95)
îekytyk (v. intr.) - esfregar-se: Ereîkapyrokype nde rapixarĩ resé eîekytyka? - Excitaste-o, esfregando-te no teu companheiro? (Anch., Doutr. Cristã, II, 90)
îepîak (v. intr.) - enxergar-se (VLB, I, 120)
inaîagûasu'yba (etim. - pé de inajá grande) - o mesmo que inaîagûasu (v.)
itaîabebypira (etim. - pele de arraia de ferro) (s.) - lima de ferro (VLB, II, 22)
itaîuberekoara (etim. - o que guarda ouro) (s.) - tesoureiro (VLB, II, 129)
itaîuîuba - o mesmo que itaîuba (v.)
itatenhẽ - o mesmo que itateé (v.)
itatetateé - o mesmo que itateé (v.)
îuembo'i (etim. - vergonteazinha de espinho) (s.) - amora silvestre (VLB, I, 34)
kûá1 (interj.) (expressa compaixão): Coitado! Que pena! (Fig., Arte, 147)
kuambe'u3 (v.tr.) - prometer: Aîkuambe'u (abá) supé. - Prometi-o ao homem. (VLB, II, 87, adapt.)
kûatimondi - o mesmo que kûatimundé (v.) (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 228)
ITACOLOMI (menino de pedra), pico de Ouro Preto, MG (Foto de E. Navarro)
kuri (s.) - GURI, designação genérica dos bagres marinhos (Sousa, Trat. Descr., 282)
kyba (s.) - piolho de cabeça humana e de animais, inseto da família dos pediculídeos (VLB, II, 78; Anch., Arte, 5) ● kyba'yra - lêndeas de piolho (da cabeça) (VLB, II, 20)
kyre'yma (s.) - 1) diligência, presteza, destreza, habilidade (VLB, I, 103); 2) valentia (VLB, II, 127); (adj.: kyre'ym) - 1) destro, habilidoso, diligente: Xe kyre'ym. - Eu sou habilidoso. (VLB, I, 101); 2) valente (VLB, II, 127)
ma'e - o mesmo que mba'e (v.)
mana (s.) - feixe (de qualquer coisa); maço, molho (VLB, I, 137): u'u-mana - maço de flechas (VLB, II, 27)
manõaíb (etim. - morrer não completamente) (v. intr. compl. posp.) - 1) desmaiar, desfalecer; esmorecer (VLB, I, 125): Amanõaíb ambyasy suí. - Desfaleço de fome. (VLB, II, 73); 2) desanimar (de algo: compl. com -pe): ...Omanõaibí abá o mba'e gûápe bé. - O homem desanima, sem mais, de comer também... (Ar., Cat., 157v); ...Omanõaibí abá o poraseîtápe bé... - O homem desanima, sem mais, de suas danças também. (Ar., Cat., 157v)
mba'easyborerekoara (etim. - o que trata os doentes) (s.) - enfermeiro (VLB, I, 116)
mba'easypora - o mesmo que mba'easybora (v.) (Anch., Arte, 31v)
mba'epotara (etim. - desejo das coisas) (s.) - avidez, ganância; (adj.: mba'epotar) - ávido (de coisas), ganancioso: I mba'epotar îagûara. - O cão é ávido (isto é, bom de caça, quer tudo apanhar). (VLB, I, 62)
mba'etymbara (etim. - o que planta as coisas) (s.) - hortelão, o que cultiva horta (VLB, I, 153)
mbiarataka - o mesmo que miaratakaka (v.) (Cardim, Trat. Terra e Gente do Brasil, 30)
mimbabararõana (etim. - o que guarda as criações) (s.) - pastor de gado (VLB, II, 67)
moabangab1 (v.tr.) - descoroçoar, acovardar, desanimar, desencorajar (VLB, I, 95)
mo'am2 (v.tr.) - urdir (teia ou rede) (VLB, II, 58)
moapi'a (v.tr.) - circuncidar (VLB, I, 74)
moîoparab (v.tr.) - 1) entressachar, entremeter, entremear (coisas alternadamente, dando um resultado variado), intercalar: Aîmoîoparab. - Entremeei-as. (VLB, I, 119); 2) misturar (diversas coisas) (VLB, II, 36) ● i moîoparabypyra - o que é (ou deve ser) entremeado, misturado; mistura de diversas coisas (VLB, II, 36)
motĩ (v.tr.) - envergonhar: Eresekyîpe îuraragûaîa abá supé... i motĩamo...? - Urdiste mentiras contra alguém, envergonhando-o? (Anch., Doutr. Cristã, II, 103)
moysy (tr.) - pôr em fila, enfileirar (VLB, II, 101)
mysakanga (s.) - tropeço, topada; tropeçada (VLB, II, 131): Iî abaíbeté ...asé atá mysakanga... - São muito molestos os tropeços de nossa caminhada. (Anch., Doutr. Cristã, II, 79)
nhambiara - o mesmo que nhãîmbiara (v. nhãîa)
nhandu1 - o mesmo que nhandy (v.) (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 75)
nhandygûasu - o mesmo que nhandugûasu (v.) (Libri Princ., vol. I, 151)
nhandy'i - o mesmo que nhandu'i (v.) (Libri Princ., vol. I, 152)
nhang3 - o mesmo que nhan (v.) (VLB, I, 82)
nhe'engaryba (s.) - mestre de canto, dirigente do canto (VLB, I, 66)
nhembo'esaba1 (etim. - meio de aprender) (s.) - doutrina escrita (VLB, I, 106): ...Ta penhemosaînãngatu sesé, nhembo'esaba resé i mbo'ebo... - Que vos preocupeis muito com ele, ensinando-o acerca da doutrina. (Ar., Cat., 127-127v)
nhemo'areté (v. intr.) - ser dia santo, ser feriado: Nd'e'i te'e ko'yr, onhemo'aretébo, og orybamo... - Por isso mesmo agora, sendo dia santo, eles estão felizes. (Ar., Cat., 5v)
nhemoatyrõ (v. intr.) - enfeitar-se, arrumar-se: Erenhemoatyrõpe ...nde poropotaramo? - Enfeitaste-te, tendo desejo sensual? (Ar., Cat., 234, 1686)
nhemongyrá (v. intr.) - engordar (VLB, I, 116)
nhundi'a - o mesmo que nhandi'a (v.) (VLB, I, 50)
o2 (pref. núm.-pess. da 3ª p.): Oîuká. - Mata (ou matam). (Anch., Arte, 17v); Xe resé oîerobîá... - Em mim confiam. (Anch., Teatro, 40); omanõmo - morrendo ele (Anch., Arte, 29); okaturamo - sendo ele bom (Anch., Arte, 29)
obaîtĩ (s) (v.tr.) - encontrar, dar de cara com, topar: Gûixóbo, asobaîtĩ nde ryky'yra. - Indo eu, encontrei teu irmão. (Fig., Arte, 164); T'îasó sapépe sobaîtĩamo... - Vamos em seu caminho para encontrá-lo. (Ar., Cat., 53v); Xe rureme, asobaîtĩ xe remierekopûera. - Ao vir eu, encontrei o que guardara. (Léry, Histoire, 375)
obaîuba (t) (etim. - rosto amarelo) (s.) - palidez; [adj.: obaîub (r, s)] - pálido; (xe) empalidecer, ficar pálido: Nd'e'i te'e... opá abá robaîubamo tekotebẽ suíne. - Por isso mesmo todos os homens ficarão pálidos de aflição. (Ar., Cat., 160)
obaké (r, s) (posp.) - em face de, perante, na frente de, diante de, em presença de (Fig., Arte, 122): Xe robaké aîpó i 'éû. - Na minha frente ele disse isso. (VLB, II, 81); Aîmbiré, eîori xe robaké! - Aimbirê, vem diante de mim! (Anch., Teatro, 58); T'îasó îandé îabé... îandé 'anga moîegûaka, serasóbo sobaké. - Vamos, como nós, para enfeitar nossas almas, para levá-las diante dele. (Anch., Poemas, 164)
okabytera (etim. - o meio das ocas) (s.) - 1) praça; terreiro entre as ocas (VLB, II, 84; 127); 2) convés: ygara rokabytera - convés da embarcação (VLB, I, 81)
opabĩngatu - o mesmo que opabĩ (v.) (Anch., Arte, 54v)
opabinhẽ - o mesmo que opabenhẽ (v.)
pabẽ2 (posp.) - com, juntamente com, na companhia de (leva o verbo para o plural): Orosó Pedro pabẽ. - Vou com Pedro. (Anch., Arte, 44); Xe ruba pabẽ orosó (ou Xe ruba pabẽ oré sóû). - Fui com meu pai. (VLB, II, 16); T'îasó xe pabẽ. - Vamos comigo. (Fig., Arte, 123); ahẽ pabẽ - com ele (VLB, I, 77)
panamoby (etim. - borboleta verde) (s.) - var. de borboleta (Libri Princ., vol. II, 119)
pepokanga (etim. - osso de asa) (s.) - barbatana (de peixe) (VLB, I, 125)
pesẽ1 (s.) - colher: ybyrá pesẽ - colher de madeira (com que as índias mexiam suas bebidas e mingaus) (VLB, I, 76)
piku'igûasu (etim. - picuí grande) (s.) - nome de uma ave columbiforme, columbídea (Theat. Rer. Nat. Bras., I, 174; Soares, Coisas Not. Brasil [ms .c], 1358-1361)
piratinga (etim. - peixe branco) (s.) - PIRATINGA, nome de um peixe da família dos esparídeos (VLB, II, 65)
popytera (m) (etim. - meio da mão) (s.) - palma da mão (Castilho, Nomes, 31): N'asasabi i popytera... - Não cruzei suas palmas das mãos. (Anch., Teatro, 162, 2006)
poreaûsuberekó (etim. - ter compaixão) (v.tr.) - compadecer-se de: ...T'oîporeaûsuberekó îudeus... - Que se compadeçam dele os judeus. (Ar., Cat., 59v) ● poreaûsuberekosara (m) - compadecedor, o que se compadece de: Nd'oîkóîpe abá amõ... i poreaûsuberekosaramo? - Não havia nenhuma pessoa que se compadecesse dele? (Ar., Cat., 61v)
porepŷan2 (v. intr.) - 1) mercadejar, fazer comércio (VLB, II, 36); 2) comutar (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 277)
poromoaîu (m) (etim. - molestar gente) (s.) - importunação, incômodo (VLB, II, 10)
porypab (xe) (etim. - esgotar o conteúdo) (v. da 2ª classe) - absorver (como o vaso novo ao líquido) (VLB, I, 111)
posaûsuba (m) (s.) - sonho: ...Mosaûsuba rerobîasara... - Os que acreditam em sonhos. (Ar., Cat., 66v); ...Kó mosaûsuba xe remimotaramo sekó kuapaba... - Este sonho é o modo de se reconhecer que ela é o que eu quero. (Ar., Cat., 7); Xe posaûsupe asepîak. - Vi-o em meus sonhos. (VLB, II, 121)
putu'u2 (etim. - ingerir alento) (v. intr.) - descansar, repousar; ficar descansado; ficar tranquilo; tomar ou ter refrigério (VLB, II, 99): Tapuîpe gûaîbĩ aru amõ Magûeá suí... A'ereme aputu'u. - Aos tapuias trouxe as velhas de além de Magueá. Então, fiquei descansado. (Anch., Teatro, 12); Ta soryb, oputugûabo. - Que se alegrem, descansando. (Anch., Teatro, 58); Erĩ, aûîé, peputu'u! - Ah, muito bem, ficai tranquilos! (Anch., Teatro, 166, 2006); Aîosub Itaokaîa; i pupé kó aputu'u. - Visito Itaocaia; eis que nela descanso. (Anch., Poesias, 269)
putu'uma (m) (s.) - miolo, tutano: kanga putu'uma - miolo, tutano de osso (VLB, II, 138); 'a-putu'uma - miolos de cabeça (VLB, II, 37)
pyapasamoín (etim. - pôr ferradura) (v.tr.) - ferrar (p.ex., cavalo): Aîpyapasamoín. - Ferrei-o. (VLB, I, 138)
pyranga (m) (s.) - vermelhidão; (adj.: pyrang) - vermelho, PIRANGA: ...Amõ aó-pyranga mondepa sesé. - Uma roupa vermelha colocando nele. (Ar., Cat., 60); Xe robá-pyrã-pyrang. - Eu tenho rosto muito vermelho, eu enrubesço. (VLB, II, 109)
ri'a (s.) - homem que parece mulher; mulher que tem testículos (VLB, II, 40)
saraûaîa (s. portug.) - selvagem: Xe rapixá saraûaîa... - Eu sou semelhante aos selvagens. (Anch., Teatro, 22)
saûasu (etim. - olhos grandes) (s.) - nome de peixe de mar da família dos carangídeos (Brandão, Diálogos, 238)
senembyîuba (etim. - senembi amarelo) (s.) - var. de lagarto (Libri Princ., vol. I, 161)
somana (s. - portug.) - semana: ...kó somana pupé... - nesta semana (Ar., Cat., 126)
so'ombiara (etim. - o que traz caça) (s.) - açougueiro (VLB, I, 67)
sugûasuarana - o mesmo que sûasuarana (v.) (Libri Princ., vol. I, 16)
susuarana - o mesmo que sûasuarana (v.) (Sousa, Trat. Descr., 246)
susurana - o mesmo que sûasuarana (v.) (Brandão, Diálogos, 263)
sygûasu - o mesmo que sûasu (v.) (VLB, I, 81; II, 142); Léry, Histoire, 347-348)
sygûasuapara - o mesmo que sûasuapara (v.). (VLB, I, 71, 81; II, 142)
sygûasuarana - o mesmo que sûasuarana (v.) (VLB, II, 56)
takûare'ẽ-eíra (etim. - mel de taquara doce) (s.) - melado de cana-de-açúcar (VLB, II, 35)
tamaru (s.) - nome de um animal crustáceo (Theat. Rer. Nat. Bras., I, 74)
tapiti2 (etim. - lebre) (s. astron.) - nome de uma constelação (D'Abbeville, Histoire, 251)
teîkûaratĩ (etim. - extremidade de nádegas) (s.) - rabo de tiro, como de certas armas de fogo antigas (VLB, II, 95)
tiîepytanga (etim. - tiê cinza) (s.) - nome de um pássaro (Libri Princ., vol. I, 75)
tuatuî (v. intr.) - entornar, extravasar (o líquido, por estar cheio demais o recipiente) (VLB, II, 142)
TUIM (desenho de C. Cardoso)
tukũkurûatá (etim. - tucum-croatá) (s.) - nome de uma planta (Theat. Rer. Nat. Bras., II, 189)
tyeté (etim. - rio verdadeiro) (s.) - leito do rio dentro das margens, que às vezes fica descoberto (VLB, II, 27)
ûaînumby - o mesmo que gûaînumby (v.) (D'Abbeville, Histoire, 239v)
Ûaîupîá - o mesmo que Gûaîupîá (v.)
ûakary - o mesmo que gûakary (v.) (Lisboa, Hist. Anim. e Árv. do Maranhão, fl. 175v)
ûarakapá - o mesmo que gûarakapá (v.) (D'Abbeville, Histoire, 289)
ûarûá - o mesmo que gûarugûá (v.) (D'Abbeville, Histoire, 283)
TUXAUAS (chefes indígenas)
uman - o mesmo que umã1 (v.)
urubutinga (etim. - urubu branco) (s.) - URUBUTINGA, var. de URUBU, ave da família dos catartídeos (Sousa, Trat. Descr., 234)
urukapi (s.) - 1) modo de saltar (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 278); 2) nome de uma dança (Nieuhof, Ged. Reize, 217)
urupé (s.) - URUPÊ, orelha-de-pau, var. de cogumelo grande e não comestível da família das poliporáceas (Pycnoporus sanguineus (L. ex Fr.) Murr.) (VLB, I, 86)
usaeté - o mesmo que ysaeté (v.) (D'Abbeville, Histoire, 255v)
usaúba - o mesmo que ysaúba (v.) (Sousa, Trat. Descr., 269)
'yapyra (etim. - extremidade de rio) (s.) - cabeceiras, nascentes de rio (VLB, I, 61)
'ybabiraba - o mesmo que gûabiraba (v.) (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 87)
ybakuna (s.) - nuvem escura, nuvem cerrada (VLB, II, 52): Karaíba osapukaî tenhẽ "-Terre, terre". Ybakuna supinhẽ. - Os homens brancos gritam, sem motivo, "-Terra, terra". Na verdade, são nuvens escuras. (D'Abbeville, Histoire, cap. LI)
'ybaremusu (etim. - fruto grande fedorento) (s.) - cebola (VLB, I, 69)
ybobõ (t) (s.) - o que é hábil em trepar, o que trepa bem; (adj.) - trepador: Xe rybobõ. - Eu sou trepador. (VLB, II, 136)
ybyrakûatiara - o mesmo que kûatiara2 (v.) (Frei Vicente do Salvador, História do Brasil, IV, cap. xxxviii)
Daí, os nomes geográficos IGARAPAVA (SP), GAROPABA (SC), etc. (v. p. 386).
ygarusuetá (etim. - muitos navios) (s.) - armada (VLB, I, 41)
ygûaragûá - o mesmo que gûaragûá (v.) (VLB, II, 70)
ymûana - o mesmo que ymana (v.)
'ysokarenimbó (etim. - fio de lagarta) (s.) - seda em fio; seda tecida (VLB, II, 114)
ysymbo'ir (s) (v.tr.) - desenfiar, fazer sair da fila, da fileira, do fio: Asysymbo'ir. - Desenfiei-o. (VLB, I, 98)
'ytororoma (etim. - jorro d'água) (s.) - bica d'água (VLB, I, 55)
Anhangaí (córr. de SP). De anhanga + 'y: rio do diabo.
Bacuí (rio do RJ). De baku + 'y: rio dos bacus.
Beberibe (rio de PE). De îabebyra - arraia + 'y - rio + -pe - em: no rio das arraias.
Caaguaçu (rio de SP). De ka'a + -ûasu: matão.
Caiaí (rio de PE). De kaîá + 'y: rio dos cajás.
Camaragibe (rio de PE). De kamará - plantas verbenáceas + îy - rio + -pe: no rio dos camarás.
Camarugipe (rio do PI). De kamaru + îy + -pe: no rio dos camarus. (v. Camaru)
Camurupim (rio do RN). De kamurupy - peixe elopídeo.
Cangueri (rio do MT). De kanga + -ûer + 'y: rio dos ossos velhos, rio dos esqueletos.
Capibaribe (rio de PE). De kapibara + 'y + -pe: no rio das capivaras.
Capivari Mirim (MG) - De kapibara + 'y + mirĩ: rio pequeno das capivaras.
Curica, Ig. (RO). De kurika, nome de uma ave psitacídea.
Cururu (RN). De kururu: sapos.
Geriva, Rib. do (MT). De îara'yba - jerivá, jeribá, jeribazeiro, espécie de palmeira.
Imburuçu (rib. de GO). Mesma etim. de Imbiruçu (v.).
Inhanduva (rio do RS). Mesma etim. de Inhanduba (v.).
Ipuçá (RJ). De 'y + pysá - nome de uma rede de pesca: rio dos puçás.
Itajaí Mirim (SC). De itá + îá + 'y + mirĩ: rio pequeno repleto de pedras.
Itambacuri (rio de MG). De tabacuri, nome de povo indígena extinto: " (...) os que com elles confinão pello Norte, nas cabeceiras e visinhanças do rio de S. Matheus, são Capoxi, (...) Curuxú, Tabacuri e o Apinxó." (Luiz dos Santos Vilhena [1801], p. 590)
Itaquaquecetuba (SP). "(...) Os Jezuitas q̃. tiveraõ Sempre o maior Cuidado em possuir Indios, deraõ Origem as Aldeas de Carapucuyba Mboy, Itapecirica, Taquaquecetyba, e S. Joze (...)." (Joze Arouche de Toledo Rendon [1802], p. 92). De takûara + kysé + tyba: ajuntamento de taquara-faca: "Há também o taquaquicé, que quer dizer taquara de faca, porque, rachadas, ficam com gume como faca, de sorte que dão golpes penetrantes, e por esse respeito o gentio delas usam [...]" (Caetano da Costa Matoso [1749], p. 784)
Itaquiraí (rio de MS). De takyra - nome de uma planta (Brandão, Diálogos, 211) + 'y: rio das taquiras.
Ituetá (MG). De ytu + etá (r, s): muitas cachoeiras.
Ituguaçu (PE). De 'ytu + -ûasu: cachoeira grande.
Itumbiara (MG). De ytu + piara: caminho da cachoeira.
Jabiberi (rio de SE). De îabebyra + 'y: rio das arraias.
Jacaraípe (rio do ES). De îakaré + 'y + -pe: no rio dos jacarés.
Jacaregueaú (rio do MT). De îakaré + agûeá - dente molar (Castilho, Nomes, 28) + 'y: rio do dente molar do jacaré.
Jacaré-Pepira (rio de SP). De îakaré + pepyra: banquete de jacarés.
Jaguari (rio de MT). De îagûara + 'y: rio das onças.
Jaguaribe (rio de PE). De îagûara + 'y + -pe: no rio das onças.
Japaratuba (rio de SE). De îaparandyba: japarandubas, árvores lecitidáceas.
Jararaca (rio do PR). De îararaka, réptil crotalídeo.
Jauru (rio do MT). De îa'u + ry [de y, (t, t)]: rio dos jaús.
Jenipaú Mirim (rio do PA). Do nheengatu, rio pequeno dos jenipapos. (v. Jenipabu)
Maracaí (rio de SP). De maraká - chocalho, maracá + 'y - rio: rio dos maracás.
Maracaípe (rio de PE). De maraká - chocalho, maracá + 'y - rio + -pe - em, para: no rio dos maracás.
Nhunguaçu (RJ). De nhũ + -gûasu: campo grande.
Pacuí (rio de MG). De paku* - pacu, var. de peixe + 'y: rio dos pacus. Montoya, em seu Tesoro, consigna o termo na página 260. Ele, porém, não é mencionado nos textos dos viajantes e cronistas dos séculos XVI e XVII.
Paraim (rio do PI). De pará + -'ĩ: riozinho.
Picinguaba (SP) - v. Pessinguaba.
Picuí (PB). De piku'i2, aves columbídeas.
Saboji (rio do RN). De sapó + îy: rio das raízes, i.e., rio de manguezal.
Saimirim (rio de SC). De sa'i + mirĩ: saís pequenos.
Sorocaba (SP). De sorok + -aba: rasgadura [da terra].
Tabaranas (rio de SP). De taîbarana, peixes caracídeos.
Taburuji (rio do RJ). De tapuru + îy: rio dos tapurus, larvas vermiformes de certos insetos.
Tangará (rio do PR). De tangará, pássaros piprídeos.
Tapanhuna (rio de SP). De tapy'yîuna (ou tapy'yînhuna): homem negro; escravo africano.
Tapessirica (rio de PE). Mesma etim. de Itapecirica (v.).
Tapiracuí (rio do PR). De tapi'irapekũ - planta medicinal + 'y: rio dos tapirapecus.
Tarairi (rio do RN). De tare'ira - traíra, peixe caracídeo + 'y: rio das traíras.
Tatuí (rio do PR). De tatu + 'y: rio dos tatus.
Timbopeba (SE). De timbopeba, var. de timbó, plantas leguminosas que entorpecem os peixes.
Traipu (rio de SE). De tare'ira - traíra, peixe caracídeo + pu - barulho: barulho das traíras.
Uruaçu (RN). De uru2 + -ûasu: urus grandes.
Uruoca (CE). De uru + oka (r, s): toca dos urus, aves galiformes.
_____Estudos Tupis e Tupi-Guaranis. Confrontos e Revisões. Rio de Janeiro, Livraria Brasiliana Editora, 1969.
LANDAU, Sidney, Dictionaries: The Art and Craft of Lexicography. University of Cambridge Press, Cambridge, 1993.
(PDBLP) Pequeno Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa. (Organizado por Hildebrando de Lima e Gustavo Barroso). Editora Civilização Brasileira, Rio de Janeiro, 1943.
(Bettendorff) BETTENDORFF, João Filipe, Crônica da Missão dos Padres da Companhia de Jesus no Estado do Maranhão, 1698. (Publicada na Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, LXXII, 1909.)
gûyra (koty) (s.) (etim. - extensão semântica) - sul; ponto cardeal | south; cardinal point | - - (TPK, 2024, 113) - neologismo
gûanhamỹ (s.) (etim. - extensão semântica) - constelação | constellation | - - (TPK; Cabral, 2024; 2024, 114; 109) - neologismo
panakũ (s.) (etim. - extensão semântica) - constelação; o mesmo que gûanhamỹ | constellation; the same as gûanhamỹ | - - (TPK; Cabral, 2024; 2024, 114; 109) - neologismo
Kurusá (s.) (etim. - extensão semântica) - Cruzeiro do Sul | Crux or Southern Cross | - - (TPK, 2024, 114) - neologismo
alimento - tembi'u; i 'upyra
branco - ting ● homem branco, civilizado: karaíba
comida - tembi'u; i 'upyra (v. 'u)
cozido - mimõî [v. (e)mimõîa]
destruído - tygûer (v. tygûera)
escandalizar - moŷrõ; erekomemûã
pescaria (com rede) - îeporakasaba (v. îeporakar)
sobre - (ponto preciso): 'ari; sosé; (sentido difuso): 'arybo
tagarela (s.) - nhe'engixûera
trair (o cônjuge) - mondarõ
a'angaba (s.) - molde, exemplar (VLB, II, 40)
abiîagûasu (s.) - nome de um pássaro (Soares, Coisas Not. Bras. - ms. C, 1464-1468)
a'epûerabé (conj.) - desde então (VLB, I, 97)
a'epûerype (conj.) - desde então: Nd'e'i te'e Tupã nde pe'abo, a'epûerype tatá aûîerama nde rapŷabo. - Por isso mesmo Deus te repeliu, desde então o fogo para sempre queimando-te. (Anch., Teatro, 18)
agûaîá (s.) - nome de um mamífero (Theat. Rer. Nat. Bras., II, 26)
aigûera (s.) - refugo, rebotalho, o que sobra depois que o melhor foi escolhido (VLB, II, 98)
akangaopotyra (etim. - flor do pano de cabeça) (s.) - penacho (VLB, II, 71)
ameîuá (s.) - nome de um lagarto (Theat. Rer. Nat. Bras., II, 56)
ameresyma (s.) - espécie de lagartixa, pequeno lagarto da família dos teídeos (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 238; VLB, II, 17)
anhangakŷaba (etim. - pente do Anhanga) (s.) - planta cípoda da família das bignoniáceas, gênero Pithecoctenium, também chamada pente-de-macaco e pente-do-diabo (Sousa, Trat. Descr., 223)
apamonan (v.tr.) - 1) mexer (duas coisas de diversas espécies para que se misturem): Aîapamonan. - Mexi-as. (VLB, II, 37); 2) misturar (VLB, II, 36); 3) confundir: Na pe apysáî, îandu, ikó taba apamonana. - Não tendes ouvidos, como de costume, confundindo esta aldeia. (Anch., Teatro, 40) ● i apamonanymbyra - o que é (ou deve ser) misturado; mistura de diversas coisas (VLB, II, 36)
apekó (s) (v.tr.) - frequentar, visitar amiúde: Koromõ, keygûara temiminõ moaûîébo, asapekóne. - Logo, vencendo os temiminós, habitantes daqui, frequentá-los-ei. (Anch., Teatro, 136); Kûé suí asó mamõ, amõ taba rapekóbo. - Daqui vou para longe, outras aldeias frequentando. (Anch., Teatro, 4); Akûeîme eresapekó oré retama, saûsupa. - Antigamente frequentavas nossa terra, amando-a. (Anch., Poemas, 154)
'apira1 (etim. - pele de cabeça) (s.) - couro cabeludo: Aî'apirabo'o. - Eu lhe pelo o couro cabeludo. (VLB, II, 70)
apopé2 (t) - o mesmo que apupé (v.)
apyrixûara (s.) - vizinho de casa contígua (VLB, II, 145)
arapipoka (s.) - espécie de mandioca (Piso, De Med. Bras. IV, 177)
atá2 (t) (s.) - fogo: Nde 'anga osapy satá... - Queimou tua alma o fogo dele. (Anch., Poemas, 124); Adão, oré rubypy, oré mokanhemeté, Anhanga ratápe nhẽ oré kaîaûama ri. - Adão, nosso primeiro pai, fez-nos perder verdadeiramente, para nos queimarmos no fogo do diabo. (Anch., Poemas, 130); Sosang, tatá porarábo... - Sofreu, suportando o fogo. (Anch., Teatro, 54); Gûaîxará t'osó tatápe. - Que vá Guaixará para o fogo. (Anch., Teatro, 56) ● atá-ar - acender fogo: Eresaûsubarype i mba'easyreme, satá-á, i poîa, i poraká? - Compadeceste-te deles por ocasião de sua doença, acendendo seu fogo, alimentando-os, procurando-lhes alimento? (Anch., Doutr. Cristã, II, 86); kaûĩ ratá - fogo do cauim, isto é, com que se coze o cauim (Anch., Arte, 9)
bebuî (v. intr.) - 1) BUBUIAR, flutuar, boiar: ...Obebuî-berame'ĩ. - Parece flutuar. (Ar., Cat., 91v); 2) ser leve: Abebuî. - Sou leve. (VLB, II, 21)
berabe'ĩ - o mesmo que berame'ĩ (v.)
bŷá - o mesmo que ybŷá (v.)
ekomondykaba (t) (s.) - juízo, julgamento: Tupã îandé rekomondykaba rupi... - Segundo o julgamento de nós por Deus. (Ar., Cat., 159)
ekomonhang (s) (v.tr.) - 1) governar, comandar, dar leis para, determinar, dar determinações para, dar ordens para...: Îori xe rekomonhanga... - Vem para me governar... (Valente, Cantigas, VII, in Ar., Cat., 1618); Osekomonhangype a'ereme Tupã îandé rubypy? - Deus deu, então, determinações para nosso pai primeiro? (Ar., Cat., 39v); 2) julgar, sentenciar: Oîkobeba'e, omanõba'epûera pabẽ rekomonhanga. - Para julgar todos os que vivem e os que morreram. (Ar., Cat., 47); 3) aconselhar (VLB, I, 20); 4) reformar nos costumes (VLB, II, 99)
emimbo'e (t) (etim. - o ensinado) (s.) - discípulo, aluno: Osó kunhã semimbo'e-etá sapirõmo. - Iam mulheres, discípulas dele, pranteando-o. (Ar., Cat., 61v)
emirekoe'õ (r, s) (etim. - esposa morta) (xe) (v. da 2ª classe) - enviuvar, ser viúvo (o h.): Xe remirekoe'õ. - Eu enviuvei. (VLB, I, 120) ● seremirekoe'õba'e - o que é viúvo, o viúvo (VLB, II, 147)
emirekó-membyra (t) (etim. - filho da esposa) (s.) - enteado ou enteada (de h.) (Ar., Cat., 116)
eroangu (v.tr.) - temer, recear: Ereka'upe, nde sabeypora reroangûabo nhẽ? - Bebeste cauim, temendo tua embriaguez? (Ar., Cat., 111v)
esy (t) - v. ysy (t) (Fig., Arte, 145)
e'ymiîasûaramonaé (conj.) - como se não (VLB, I, 78)
gûaí (s.) - nome de um pássaro (Lisboa, Hist. Anim. Árv. do Maranhão, fls. 187v-188)
gûariama (s.) - nome de um pássaro (Lisboa, Hist. Anim. Árv. do Maranhão, fl. 187)
gûarikuru (s.) - espécie de camarão comestível (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 187; Theat. Rer. Nat. Bras., I, 78)
gûyragûaînumby (s.) - nome de um pássaro (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 193)
gûyraroba (s.) - nome de um pássaro (Libri Princ., vol. I, 46)
gûyrate'õte'õmirĩ (s.) - nome de um pássaro (VLB, I, 63)
hegûé (interj. de h.) - 1) ai! (de dor): Sasy iang xe remimborará anhanga pyri hegûé! - Ai, eis que é muito doloroso o que eu sofro perto do diabo! (Ar., Cat., 165v); 2) ah! (como que entendendo, afinal, alguma coisa ou lembrando-se dela): Eẽ hegûé! - Ah, sim! (VLB, II, 117)
hegûy (interj. de h.) - 1) Ai! (de dor, de queixa): Tekatunheté rakûé endé hegûy! - Ai, que enfadonho és tu, de fato! (VLB, II, 54); 2) ah! (como que entendendo, afinal, alguma coisa ou lembrando-se dela): Eẽ hegûy! - Ah, sim! (VLB, I
îangerekó - o mesmo que nheangerekó (v.)
îaûeti (s.) - nome de um pássaro, var. de rola (Soares, Coisas Not. Bras. [ms .c], 1358-1361)
îeangu - o mesmo que nheangu (v.)
îeky (s.) - covo, cisterna: Eresópe abá... îeky-'ye'ẽ supa, i pora rá? - Foste para revistar as cisternas de água doce de alguém, tomando seu conteúdo? (Ar., Cat., 107v)
îepe'e (v. intr.) - esquentar-se, aquecer-se, iluminar-se: Te'yîpe nhẽ i gûapyki, tatá ypype oîepegûabo. - Sentou-se em público, aquecendo-se perto do fogo. (Ar., Cat., 57); Aîepe'e. - Esquento-me. (Fig., Arte, 111). (Seu gerúndio é îepe'ebo ou îepegûabo.)
îepotabẽ2 (v. intr.) - continuar: Aîepotabẽ. - Continuei. (VLB, I, 81)
îeremũ-pakobá (etim. - jerimum pacova) (s.) - variedade de jerimum (v. îurumũ) (Brandão, Diálogos, 198)
îeta'ybá (s.) - o fruto do jatobá (v. îeta'yba) (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 101)
îe'ynhang (etim. - verter-se água) (v. intr.) - fazer aguada, fazer armazenamento de água (p.ex., como o navio) (VLB, I, 24)
îobaîar (v. intr.) - Encontrarem-se na guerra, enfrentarem-se: Oroîobaîar. - Enfrentamo-nos. (VLB, I, 114)
irara - o mesmo que eîrara (v.) (Sousa, Trat. Descr., 250)
itaîubeté (etim. - ouro verdadeiro) (s.) - dinheiro (VLB, I, 103)
îukeriomanõ (etim. - juqueri da folha morta) (s.) - sensitiva ou dormideira, variedade de erva leguminosa (Caesalpinia bonduc (L.) Roxb.) (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 64)
îurupupîara (etim. - o que está dentro da boca) (s.) - freio (de cavalo) (VLB, I, 143)
îykûasokaba (s. - termo que era usado só na Capitania de São Vicente) - escopro, instrumento de cortar usado por carpinteiros, entalhadores, estatuários, etc. (VLB, I, 123)
ka'abondûara (etim. - o que está pelas matas) (s.) - caçador (VLB, I, 62): Ka'abondûarûera k'aîut. - Venho da caça (lit., caçador eis que venho). (D'Evreux, Viagem, 144)
ka'agûasu'yba (etim. - pé de erva grande) (s.) - CAAGUAÇU, CAA-AÇU, planta ornamental, cultivada, da família das eriocauláceas (Eriocaulon sellowianum Kunth), com folhas lanceoladas e flores brancacentas em capítulos globosos (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 97)
kana'ĩ - o mesmo que kena'ĩ (v.)
NOTA - No P.B. de hoje, CARIMÃ também significa 1) bolo de farinha de mandioca; 2) farinha de mandioca fina e seca (In Dicion. Caldas Aulete).
kûeba'e - o mesmo que kûea (v.)
kuîe'yba (etim. - pé de cuia) (s.) - CUIEIRA, árvore de cujos frutos, da cor dos cabaços verdes, faziam-se cuias, após serem cortados ao meio; o mesmo que kuîeté (v.) (Sousa, Trat. Descr., 223)
kukuritinga (etim. - cucuri branco) (s.) - var. de tubarão (Soares, Coisa Not. Brasil [ms .c], 2110-2111)
kurukakutinga (s.) - nome de cobra (Piso, De Med. Bras., III, 171)
kururi (s.) - espécie de sapo venenoso (Piso, De Med. Bras., III, 170)
kuỹ'ĩ (s.) - CUIM, ouriço-cacheiro (v. ku'ĩ) (VLB, II, 60)
magûy (s.) - espécie de raiz (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 272)
manati (s.) - peixe-boi, cetáceo da família dos manatídeos. O mesmo que gûaragûá (v.) (Laet, Novus Orbis, Livro XV, cap. XII, §1)
manhera'upẽ (interj.) - expressa zombaria (não se crendo no que se diz) (Fig., Arte, 134; VLB, I, 27)
maniîabo (interj.) - expressa depreciação: Angaîpaba maniîabo mã! - Ah, que velhaco! (VLB, II, 65)
manipûera (etim. - suco de mani) (s.) - MANIPUEIRA, MANIPUERA, suco leitoso da mandioca ralada, obtido por compressão, e que contém o veneno da planta. Evaporado o veneno, ao fogo ou ao sol, faz-se do líquido o molho denominado tucupi. Também é chamado de MANICUERA, água-brava, água-de-goma. (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 67; Piso, De Med. Bras. III, 173)
maranaritekoara (etim. - o que está na guerra) (s.) - guerreiro; soldado (VLB, I, 152): Marãpe tobaîaretá, maranaritekoara, i pysyka, serekóû a'ereme? - Como os inimigos e os soldados, apanhando-o, trataram-no, então? (Ar., Cat., 56v)
mbeîu (s.) - BIJU, BEIJU, var. de bolinho indígena feito da massa da mandioca espremida e cozido dentro de um alguidar, ficando muito seco e torrado (Staden, Viagem, 142; Brandão, Diálogos, 190)
mbo'ar1 - o mesmo que mo'ar1 (v.)
mbo'ar2 - o mesmo que mo'ar2 (v.)
membypitanga (etim. - filho criança) (s.) - filhinho(a), filho(a) bebê (de m.): Asé sy o membypitanga raûsuba sosé asé raûsume nhẽ. - Por nos amar mais do que nossa mãe ama seus próprios filhinhos. (Ar., Cat., 37)
moendyîab (v.tr.) - produzir faísca de, tirar faísca de (p.ex., com um machado num pau): Aîmoendyîab. - Tirei faísca dele. (VLB, I, 137)
moîobaîxûar (v.tr.) - pôr um(s) diante do(s) outro(s), opor: Aîmoîobaîxûar. - Ponho-os um(s) diante do(s) outro(s). (VLB, II, 57)
mokamembyra (etim. - filho de arma de fogo) (s.) - fogo de artifício (VLB, I, 64)
mombukab2 (v.tr.) - destruir, fazer destroços de, destroçar (VLB, I, 101)
momosem (v.tr.) - perseguir, acossar, ir no encalço de (Anch., Arte, 49): Eîori... i momosema... - Vem para persegui-lo. (Anch., Poemas, 82) ● oîmomosemba'e - o que persegue: A'epe kunumĩgûasu kunhã oîmomosemba'e...? - E os rapazes que perseguem mulheres? (Anch., Teatro, 36); momosembara - o que persegue, perseguidor: Anhanga momosembara - perseguidora do diabo (Valente, Cantigas, III, in Ar., Cat., 1618); emimomosema (t) - o que alguém persegue: O apixara reîmbaba îagûara remimomosẽgûera. - O que perseguiu o cão de seu próximo. (Ar., Cat., 73)
monga'ẽ1 - o mesmo que moka'ẽ2 (v.)
morerekoara1 (etim. - o que está com as pessoas) (s.) - guardião, o que cuida, o que agasalha, o responsável [por algo ou por alguém: compl. com esé (r, s) ou ri]: Eresaûsubápe nde sy nde ruba i mba'easy tume, sesé nde morerekoaramo...? - Tens compaixão de tua mãe e de teu pai quando eles estão deitados, doentes, sendo responsável por eles? (Ar., Cat., 101); (adj.: morerekoar) - agasalhador, guardião (VLB, I, 23): Nde morerekoar xe ri... - Tu és guardião de mim. (Valente, Cantigas, I, in Ar., Cat., 1618)
mosapyt - o mesmo que mosapyr (v.) (Fig., Arte, 4)
mosẽmosem (v.tr.) - seguir o rastro de (acossando-o) (VLB, II, 115) (V. tb. momosem)
mosykyîe'yma (ou mosykyîee'yma) (etim. - sem afabilidade) (s.) - severidade (VLB, II, 117); crueza, crueldade (VLB, I, 86)
moysyrung (v.tr.) - pôr em fila, enfileirar: Aîmoysyrung. - Enfileirei-os. (VLB, II, 101)
muîepereru (s.) - MUIEPERERU, pássaro da família dos trogloditídeos (Sousa, Trat. Descr., 237)
muru2 (interj.) - expressa louvor (VLB, I, 147)
naani2 (pron.) - nenhum: -Umãba'e bépe amõ sosé sekóû?... -Naani. -Qual também está acima dos outros? -Nenhum. (Bettendorff, Compêndio, 43)
nambipora (etim. - o que está na orelha) (s.) - orelheira de ossos de búzios muito compridos ou de pedra que chegam aos ombros ou passam deles (VLB, I, 42)
nambipupîara (etim. - o que está na orelha) (s.) - orelheira, arrecada (VLB, II, 58)
ndene (interj.) - vê tu! faze como te parece! (VLB, II, 142)
nhandy'a (etim. - fruto de azeite) (s.) - azeitona (VLB, I, 49)
nheapumĩ (v. intr.) - mergulhar (VLB, I, 34)
nhe'engaba1 (etim. - modo de falar) (s.) - refrão, provérbio (VLB, II, 105)
nhe'engûera (etim. - o que foram palavras) (s.) - recado (que se manda) (VLB, II, 98)
nhe'engyrygûana (s.) - fingimento (nas palavras); (adj.: nhe'engyrygûan) - fingido: Xe nhe'engyrygûan. - Eu sou fingido (nas palavras). (VLB, II, 99)
nhemoakub (v. intr.) - esquentar-se (VLB, II, 94)
nhemomosapyra (num.) - terceiro: 'Ara nhemomosapyra pupé... - No terceiro dia... (Anch., Doutr. Cristã, I, 141)
nhemomungá (v. intr.) - impregnar-se, inchar-se, encher-se: Eresabeypó-potarype erimba'e... kaûĩ pupé enhemomungábo? - Quiseste embebedar-te outrora, impregnando-te de cauim? (Anch., Doutr. Cristã, II, 103)
nhenong (v. intr.) - 1) colocar-se, guardar-se: ...Nde rera pupé anhenong... - Em teu nome guardo-me. (Ar., Cat., 24v); 2) recolher-se: Anhenong gûitupa. - Estou-me recolhendo. (VLB, I, 92)
nhepumĩ (v. intr.) - mergulhar, afundar na água (VLB, I, 29)
nhetanong - o mesmo que îetanong (v.)
nhobaîtĩ (v. intr.) - encontrarem-se (na guerra), enfrentarem-se (VLB, I, 114)
nhopa'ũme (etim. - no intervalo) (loc. posp.) - entre (VLB, I, 119)
nhynhyng (v. intr.) - 1) enrugar-se, ter rugas: Anhynhyng. - Enruguei-me. (VLB, II, 109); 2) murchar, estar murcho (VLB, II, 45)
obapegûasu (t) (etim. - bochecha grande) (s.) - bochechudo (D'Evreux, Viagem, 158)
oîopebondûara (etim. - o que está em um) (s.) - variedade de linha, entre grossa e delgada, de três fios que se torciam juntos (VLB, II, 23)
opeaba (t) (etim. - pêlos das pálpebras) (s.) - pestanas (Castilho, Nomes, 40)
oro- (pron. pess. obj. da 2ª p. do sing.) - te: Nd'oromombe'uî xóne. - Não te denunciarei. (Anch., Teatro, 32); ...Oroapy kori, îandu! - Queimo-te hoje, como de costume! (Anch., Teatro, 44); Oré oroîuká. - Nós te matamos. (Fig., Arte, 9); Xe orotym. - Eu te enterro. (Fig., Arte, 154); Oropytub ymã îandykaraíba pupé.- Já te ungi com óleo bento. (Ar., Cat., 141)
oykébo (etim. - no seu flanco) (adv.) - de lado, de ilharga: Oykébo aîub. - Jazo de lado. (VLB, II, 7)
oŷpyre'yma (t) (etim. - sem zelador) (s.) - ausência (do lugar ou casa onde se reside): xe roŷpyre'yma - minha ausência (VLB, I, 48)
papar (v.tr.) - meter letra (o que canta) (VLB, II, 20) ● papasaba - tempo, lugar, modo, etc. de meter letra; letra do que se canta (VLB, II, 20)
papyxûara (etim. - o que está nos pulsos) (s.) - ornato feito de corais de várias cores, usado nos braços e pulsos (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 271)
parati'yba (m) (etim. - pé de mandioca parati) (s.) - antebraço (Castilho, Nomes, 35)
2 (-îo-) (v.tr.) - esquentar, aquentar: ...Xe anhanga moropé. - Eu sou o diabo esquentador de gente. (Anch., Teatro, 28); Aîopé. - Aquento-o. (Anch., Arte, 53); Xe pé. - Aquentam-me. (Anch., Arte, 53)
NOTA - No P.B. (NE), PEITICA é, também, 1) brincadeira de mau gosto; impertinência; 2) pessoa impertinente, maçadora; pessoa importuna (in Dicion. Caldas Aulete).
pepytera (etim. - meio do caminho) (s.) - estrada (VLB, I, 130)
pîá (v. intr.) - 1) desviar-se (do caminho), apartar-se: Apîá. - Desviei-me. (VLB, I, 101); 2) abrigar-se, guardar-se ● pîasaba (mb) - tempo, lugar, modo, etc. de abrigar-se, de apartar-se, de guardar-se; guarda: 'ara i pîasaba, îekuakupaba - dia de guarda e de jejum (Ar., Cat., 4); 'y-mbîasaba - lugar de se abrigar da água, barra de porto (VLB, I, 52)
piku'ipytanga (etim. - picuí rosado) (s.) - nome de uma ave (Soares, Coisas Not. Brasil [ms .c], 1358-1361)
pikyra (etim. - pele tenra) (s.) - PIQUIRA, PEQUIRA, peixe pequeno (Rodrigues, Relação, in Leite, Novas Cartas Jesuíticas, 199)
pirapu'ama - o mesmo que pirapu'ã (v.) (VLB, I, 34)
pirapyxanga (etim. - peixe rosado) (s.) - espécie de peixe da família dos serranídeos (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 152)
poraké - o mesmo que puraké (v.) (Lisboa, Hist. Anim. e Árv. do Maranhão, fl. 172v-173)
porenonhandara (m) (etim. - o que faz correr consigo as pessoas) (s.) - 1) corredor na guerra que vai por negaça e põe os inimigos em cilada (VLB, I, 82); 2) negaça, isca (na guerra) (VLB, II, 48)
porero'yasapara (m) (etim. - o que faz as pessoas atravessarem um rio consigo) (s.) - barqueiro (VLB, I, 52)
porombo'esara (m) (etim. - o que faz as pessoas dizerem) (s.) - mestre; professor (VLB, II, 36); (adj.) (xe) - ter mestre: Xe porombo'esar. - Eu tenho mestre. (Anch., Arte, 48)
poromborybe'yma (m) (etim. - o que não se compraz com as pessoas) (s.) - intolerante, pessoa seca, que não suporta as pessoas; (adj.: poromborybe'ym): abá-poromborybe'yma - homem intolerante (VLB, II, 114)
poropytasokara (m) (etim. - o escorador das pessoas) (s.) - retaguarda na guerra (VLB, II, 104) (v. pytasok)
poroŷrõ (v. intr.) - 1) encruar-se (p.ex., pela ingratidão de alguém), encruescer-se; 2) ficar cru (p.ex., o que se assa ou se coze) (VLB, I, 115)
poru3 (s.) - uso, emprego (Anch., Arte, 2v)
potaba2 (m) (s.) - engodo, isca (VLB, I, 71)
punari - o mesmo que punaré (v.) (Brandão, Diálogos, 254)
purá - o mesmo que puraké (v.), outra designação de peixe elétrico da família dos eletroforídeos (Cardim, Trat. Terra e Gente do Brasil, 56)
py'aso'o - o mesmo que pyîaso'o (v.) (D'Evreux, Viagem, 159)
pyîaso'o (mb) (s.) - 1) lombo, parte carnosa dos lados da espinha (VLB, II, 24); lombo da parte de fora (Castilho, Nomes, 36): Xe kori i pyîaso'o. - Eu hoje (quero) o lombo deles. (Anch., Teatro, 64); 2) espinhaço (VLB, I, 126)
pysapy'i (s.) - rede de pesca para piquitingas (VLB, II, 99)
pysaûasu - o mesmo que pysagûasu (v.) (Léry, Histoire, 360)
pytanga2 - o mesmo que 'ybapytanga (v.) (Cadornega, Hist. Guerras Angolanas, III, 37)
sa'ikuriba (s.) - nome de um pássaro, variedade de saí (Monteiro, Rel. da Província do Brasil, in Leite, Hist., VIII, 424)
sa'iysysyka (s.) - nome de um pássaro do tamanho de um pica-pau (Libri Princ., vol. I, 44)
sokopinima (etim. - socó pintado) (s.) - nome de uma ave (Theat. Rer. Nat. Bras., I, 118)
so'ombo'isara (etim. - o que retalha carne) (s.) - açougueiro; carniceiro (VLB, II, 28) (v. mbo'ir)
soroka (s.) - rompimento, rasgadura; (adj. - sorok) - rompido, rasgado: I ku'a-sorok serã moxy...? - Porventura tinha o maldito sua cintura rompida? (Anch., Dial. da Fé, 177)
2 (interj.) - expressa dó, dor ou lamento (de h. e m.) (VLB, II, 53)
taîasutirika (etim. - dentes grandes que estalam) (s.) - espécie de porco selvagem da família dos taiaçuídeos. "...Os índios que os flecham hão de ter, prestes, aonde se acolham, porque, se se não põem em salvo com muita presteza, não lhes escapam, os quais são muito ligeiros e bravos..." (Sousa, Trat. Descr., 249) "...Com seus dentes atassalham quantos animais acham." (Cardim, Trat. Terra e Gente do Brasil, 26)
taibĩ (s.) - nome de um mamífero didelfídeo marsupial; o mesmo que taîyby (v.) (Theat. Rer. Nat. Bras., II, 27)
taraba (s.) - nome de um pássaro (Brandão, Diálogos, 230)
tataûyramirĩ (etim. - pequeno pássaro de fogo) (s.) - nome de um pássaro (D'Abbeville, Histoire, 238v)
tatugûaxima (s.) - espécie de TATU, animal mamífero desdentado da família dos dasipodídeos (Soares, Coisas Not. Brasil [ms .c], 1069-1072)
tekoaraíba (etim. - o que mora mal) (s.) - homiziado, fugitivo (Anch., Arte, 14)
temirekó-membyra - v. emirekó-membyra (t)
tenhunhanha (s.) - espécie de lagarto; o mesmo que teîunhana (v.) (VLB, II, 17)
tiegûaîsyka (etim. - tiê-esfrega-cauda) (s.) - variedade de TIÊ, pássaro da família dos traupídeos (Soares, Coisas Not. Brasil [ms .c], 1337-1347)
tingyry (s.) - outro nome para o TINGUI; o mesmo que tingy (v.) (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 272)
tipi (s.) - TIPI, PIPI, planta fitolacácea (Petiveria alliacea L.), de cheiro forte. Também é chamada erva, guiné ou raiz-da-guiné. (Piso, De Med. Bras., 201)
tu'ĩeté (etim. - tuim verdadeiro) (s.) - TUIETÊ, provavelmente o macho do pássaro conhecido genericamente como tuim, da família dos psitacídeos (v. tu'ĩ) (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 206)
tuîuka2 (s.) - TIJUCO, TIJUCA, atoleiro; charco, pântano, lama (VLB, II, 17), TIJUCAL ● tuîukusu - tijucal, grande atoleiro, pântano (VLB, I, 47); lamaçal (VLB, II, 18)
(foto de Júlio Pedrosa)
tupiana (s.) - nome de um passarinho, de "peito vermelho, barriga branca e o mais azul" (Sousa, Trat. Descr., 236)
turumumbu (s.) - mexilhões d'água doce, grandes e pintados (VLB, II, 37)
typoîa (s.) - lenço ou tira de pano que se prendia ao pescoço para se carregarem os filhos junto ao corpo (Cardim, Trat. Terra e Gente do Brasil, 107) (v. tipoîa)
typy'okaẽ (s.) - subproduto da mandioca (Piso, De Med. Bras., III, 171)
ûakaraúna (s.) - nome de um pássaro de plumagem negra (D'Abbeville, Histoire, 241)
'ubapytanga - o mesmo que 'ybapytanga (v.) (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 293)
ube'yma (t, t) (etim. - sem pai) (s.) - órfão (de pai): ...tube'yma i mene'õba'e bé asé serekomemûãmo. - ...tratando-se mal os órfãos e as viúvas. (Bettendorff, Compêndio, 17)
una1 (s.) - espécie de MARACUJÁ (Piso, De Med. Bras., IV, 197)
uruana (s.) - espécie de tartaruga do mar (Lisboa, Hist. Anim. e Árv. do Maranhão, fl. 169v)
ûyrasu - o mesmo que ûyraûasu (v.) (Sousa, Trat. Descr., 233)
ûyratĩ - o mesmo que ûyratinga (v.) (D'Abbeville, Histoire, 241)
ûyraupi'a (etim. - ovos de pássaro) (s. astron.) - nome de duas estrelas não identificadas (D'Abbeville, Histoire, 319)
ybá - o mesmo que ybŷá (v.)
'ybakurapari - o mesmo que 'ybakurupari (v.) (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 114)
ybyîa (s.) - nome de um carnívoro aquático (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 234)
ybyra1 (s.) - espécie de raia de grande tamanho (VLB, II, 70)
ybyrapara - o mesmo que ûyrapara (v.)
ybysosokara (etim. - o que fica socando terra) (s.) - taipeiro de pilão, isto é, aquele que constrói paredes de barro socado entre tábuas paralelas (VLB, II, 123)
ybyupaba (t, t) (s.) - sepultura (VLB, II, 116)
ybyuru (t, t) (s.) - sepultura (VLB, II, 116)
yperu (ou iperu) (s.) - tubarão, nome genérico de grandes peixes carnívoros elasmobrânquios, pleurotremados, com fendas branquiais laterais, havendo deles centenas de espécies. São extremamente agressivos e atacam as pessoas nas praias. Entram também na foz de rios, subindo-os alguns quilômetros. (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 172)
'Ypupîara (etim. - o que está dentro d'água) (s.) - IPUPIARA, nome de entidade sobrenatural dos antigos índios tupis da costa do Brasil (VLB, I, 85). "Eram homens marinhos que atacavam as pessoas, comendo partes de seus corpos." (Cardim, Trat. Terra e Gente do Brasil, 57). Era também chamado "homem-marinho", o qual, segundo certos relatos da época colonial, teria sido morto por Baltazar Ferreira no litoral da capitania de São Vicente em 1564. (Sousa, Trat. Descr., 277)
ytá1 (s.) - esteio, coluna, armação; peças principais em que se sustenta uma máquina ou qualquer coisa (VLB, I, 41); partes essenciais de um edifício; estrutura: okytá - esteio, alicerce de casa (Anch., Arte, 9); inimbebytá - armação de leito (VLB, II, 20); (adj.) - estrutural, fundamental, cardeal: ...Quatro tekokatu-ytá - Quatro são as virtudes cardeais. (Ar., Cat., 19v); îurá-ytaûasu - grandes esteios de um jirau (D'Abbeville, Histoire, 188)
Ariranha (GO). Nome de um mamífero mustelídeo carnívoro. De eîrara - irara + anha (t) - dente: iraras dentadas.
Buritama (SP). De buri + etama (t): região de palmeiras.
Caguaçu (córr. do MT). Mesma etim. de Caaguaçu (v.).
Caicira (SC). O nome consta dos Annaes do Rio de Janeiro, de Balthazar da Silva Lisboa, de 1834, p. 157, sendo o de uma ilha do Arquipélago de Angra dos Reis. Deve provir de ka'a + asyra: corcova de mata; mata corcovada, i.e., mata que cobre um morro de curvas salientes.
Cresciúma, Córrego (SP). Mesma etim. de Criciúma (v.).
Garaú (rio de SP). De gûará + 'y: rio dos guarás.
Genipapo (córr. de MT). De îanypaba, planta rubiácea.
Guabiroba (córr. de MT). V. Guabiraba.
Guaicuí (rio de MG). De gûaîaku - baiacu + 'y - rio: rio dos baiacus.
Guaviruva (rio de SP). De gûabiru + 'yba: árvore dos guabirus, nome de uma planta não identificada.
Ibiciritaba (CE). De yby - terra + syryk - escorregadio + suf. -aba - lugar: lugar de terra escorregadia.
Itaguaí (rio do RJ). De itá + kûá + 'y - rio da enseada de pedra.
Jiaquara (RJ). De îu'i + kûara: toca de rãs, toca de jias.
Juaru (rib. de GO). De îuá + y (t, t): rio dos juás.
Mococa (SP). De mokó + oka (r, s): refúgio de mocós.
Murici (PI). De murisi, plantas malpiguiáceas.
Nhanduí (rio de MT). De nhandu - ave reídea, ema + 'y: rio dos nhandus.
Sassuí (rio de MG). De sûasu + 'y: rio dos veados.
Siriri (SE). De suîriri, pássaro da família dos tiranídeos.
Suaçuí (rio de MG). De sûasu + 'y: rio dos veados.
Tagaçaba (rio do PR). De itá + ygasaba: igaçaba de pedra, uma forma de relevo fluvial.
Umburetama (PE). De umbu + etama (t): região de umbus, árvores da família das anacardiáceas.
GREGÓRIO, José, Contribuição Indígena ao Brasil. União Brasileira de Educação e Ensino. Belo Horizonte, 1980. (3 vols.)
SÁ, Mem de [1560], Carta de mem de saa, governador do brazil para el rey em que lhe da conta do que passou e passa lá e lhe pede em paga dos seus serviços o mande vir para o reino. (ex Biderman, M.T.C. (org.), Dicionário Histórico do Português do Brasil. (Projeto Institutos do Milênio do CNPq)
aluno (i.e., o que é ensinado por alguém) - temimbo'e
buzina (= cornetim indígena) - îombyá
enlameado - u'um (r, s) [v. u'uma (r, s)]
interessar-se - nhemoryryî; putupab (xe)
planta2 (dos pés) - pypytera (m)
remar - (tr.): pukuî; (intr.): ygapukuî
serra1 (= conjunto de montanhas): ybytyrusu; ybytyra
abiîu1 (t) (s.) - 1) pêlo de pano, felpa (VLB, I, 144); 2) fibras de madeira de má qualidade ou serrada com serra ruim, que tem uma certa frisa por cima (VLB, I, 144); 3) penugem fina de ave nova (VLB, I, 113); 4) raspa ou raspas como da bota ou de qualquer couro (VLB, II, 97) ● aoba rabiîu - felpas de pano usadas para curar feridas, como se faz hoje com flocos de algodão; sabiîuakytãba'e - o que é felpudo (VLB, I, 144)
agûyrõ (t) (s.) - pênis excitado ou lubrificado por excitação sexual: Ereîkytykype nde ragûyrõ? - Esfregaste teu pênis excitado? (Anch., Doutr. Cristã, II, 90)
aîxó (t) ou (t, t) (s.) - sogra (de h.): Oka'u bé xe raîxó... - Bebe cauim também minha sogra. (Anch., Teatro, 46); Kó aîkó sygepûera t'arasó i nhy'ãbebuîa abé xe raîxó-gûaîbĩ supé. - Aqui estou para levar seu ventre e também seus pulmões para minha sogra velha. (Anch., Teatro, 66)
'anga2 (s.) - eco: xe nhe'ẽ-'anga - eco de minhas palavras (VLB, II, 129)
aob (v.tr.) - cobrir (com algum envoltório, como pano, folhas), envolver: Aîaob. - Cubro-o. (VLB, I, 76)
api'a2 (t) (s.) - testículo (Castilho, Nomes, 38) ● api'a sama (t) - as cordas dos testículos (Castilho, Nomes, 38)
'ara7 (s.) - vez, oportunidade: 'Aramõ. - Foi agora de primeira vez. (VLB, II, 51)
asoka (t) (s.) - verme que nasce dentro de frutas, de carne, etc.: I nem-eté, i tuîuk-eté, tasoka, ura remimongûyamone. - Serão fedorentos, serão muito podres, corroídos de vermes e de bernes. (Ar., Cat., 164); [adj.: asok (r, s)] - ter vermes: Xe rasok. - Eu tenho vermes (na carne podre). (VLB, I, 55)
asy'ab (v.tr.) - dividir, repartir, cortar, partir (p.ex., com faca); segar (como o arroz) (VLB, II, 114): Oîopytera rupi aîasy'ab. - Parti-o pelo meio. (VLB, II, 73); Asykûera aîasy'ab. - Cortei um pedaço. (VLB, II, 66, 123)
bebuînhẽ (v. intr.) - ser leviano, ser ou proceder de maneira inconstante: Abebuînhẽ. - Sou leviano. (VLB, II, 11)
ebikokaba (t) (s.) - leme de embarcação (VLB, II, 20)
ebira4 (t) (s.) - fundo de qualquer recipiente, do lado de fora (VLB, I, 145)
ebitapyîa (t) (etim. - cobertura de popa) (s.) - toldo (de barco ou navio) (VLB, I, 72)
(e)mityma (r, s) (etim. - o que alguém planta) (s.) - 1) plantação; horto, jardim, pomar (VLB, II, 89); horta (VLB, I, 153): -Mamõpe i xóû o mba'e'u-pab'iré? -Amõ abá remitỹme. -Aonde ele foi após acabar de comer? -Para o horto de certo homem. (Ar., Cat., 52v); O emitymaysó Paraíso Terreal seryba'epe. - No seu jardim formoso chamado "Paraíso Terreal". (Ar., Cat., 39); Sugûy turusu, ...ybype osyryka, mityma pupé. - Seu sangue era muito, na terra escorrendo, dentro do horto. (Anch., Poemas, 120); 2) planta (VLB, II, 84)
emonan - o mesmo que emonã1 (v.)
enema - o mesmo que enena (v.) (Libri Princ., vol. I, 153)
erekûab (s) (v.tr.) - oferecer: Asemi'u-erekûab. - Ofereci-lhes comida. (VLB, I, 81)
erĩ (interj.) 1) (expressando raiva, desgosto, irritação) - irra! (VLB, II, 15); Oh! Ah! Ai! Que nada!: Erĩ, aani! Amorambûé; opá xe nhe'engendubi. - Oh não! Frustrei-os; ouviram-me as palavras todas. (Anch., Teatro, 12); Erĩ, sarigûeîa é! - Irra, gambá! (Anch., Teatro, 42); Erĩ! Xe rapy Tupã...! - Ai! Queima-me Deus! (Anch., Teatro, 90); Erĩ! Aîmoaûîé îandune. - Que nada! Vou vencê-los, como sempre. (Anch., Teatro, 138); 2) (expressando satisfação): Erĩ, aûîé! - Ah, muito bem! (Anch., Teatro, 143, 2006)
eroîabab (v.tr.) - fugir com, fazer fugir consigo ● eroîabapara (t) - o que faz fugir consigo, o que foge com: Kunhã reroîabapara... nd'e'ikatuî sesé omendá... - O que foge com uma mulher não pode casar-se com ela. (Ar., Cat., 128v)
esakanga (t) (s.) - luzimento; [adj.: esakang (r, s)] - luzente, reluzente (para coisas transparentes como vidro, etc.); translúcido: 'aresakangeté. - um dia muito reluzente (Ar., Cat., 167)
gûaîtó (s. voc. de h.) - minha sobrinha! (Anch., Arte, 14v)
gûyrapeasoka - o mesmo que ybyrapeasoka (v.) (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 83)
gûyrara'yrusu (etim. - filhote grande de ave) (s.) - frango (VLB, I, 143)
îabab (v. intr.) - fugir: Oîabab i xuí, seîá... - Fugiram dele, deixando-o... (Ar., Cat., 55); Aîabab. - Fujo. (VLB, II, 11) ● îababixûera - fujão: Xe îababixûer. - Eu sou um fujão. (VLB, I, 144); îabapara - o que foge; fugido, fugitivo (VLB, I, 140)
îekoabok - o mesmo que îekûabok (v.) (VLB, II, 43; 61)
îeporakar (v. intr.) - 1) procurar alimento; 2) pescar com rede: Aîeporakar. - Pesco com rede. (VLB, II, 75); 3) caçar ● îeporakasaba (ou îeporakaaba ou îeporakaba) - tempo, lugar, modo, causa, etc. de procurar alimento, de caçar, de pescar (com rede); caçada; pescaria (com rede): I gûara, îeporakaba, xe resemõ saûîá. - Comedor deles, sobram-me sauiás, causa das caçadas. (Anch., Poemas, 156; VLB, II, 75); îeporakasara - pescador (com rede) (VLB, II, 75)
îombyá (s.) - cornetim de madeira que os índios sopravam (Léry, Histoire, 375)
itaku'i (etim. - pó de pedra) (s.) - cal de pedra (VLB, I, 63); cal: itaku'i-apŷaba - forno de cal (VLB, I, 142)
itapûé (etim. - ferro de barulho diferente) (s.) - relógio de sino (VLB, II, 100)
itó (s. voc. de h.) - minha sobrinha! (Anch., Arte, 14v)
îurapupîara (etim. - os que estão dentro do jirau) (s.) - JURAPUPIARA, JURAPUPIÁ, nome de antigo grupo indígena do norte do Brasil (D'Abbeville, Histoire, 189)
ixé (pron. pess.) - eu: Gûaîxará kagûara ixé... - Eu sou Guaixará, bebedor de cauim. (Anch., Teatro, 26); Aîkobé n'ixé sarõana... - Eu permaneço seu guardião. (Anch., Teatro, 40); Ixé oroîuká. - Eu te mato. (Fig., Arte, 9); 2) meu (s), minha (s) (VLB, II, 37) ● ixé re'a (expressão de h. para enfatizar ou confirmar uma afirmação ou negação): A'é ixé re'a (ou A'é ipó ixé re'a). - Digo que sim; Aan a'é ipó ixé re'a. - Digo que não. (VLB, II, 7). As mulheres diziam ixé re'ĩ. (VLB, II, 7)
îyb (v. intr.) - cozer-se, assar-se; estar cozido, assado: Aîyb. - Assei-me. (Anch., Arte, 5); Nd'a'éî gûiîypa ranhẽ. - Ainda não estou cozido. (VLB, I, 86)
îybakanga (etim. - osso do braço) (s.) - canas do braço, o rádio e o cúbito (Castilho, Nomes, 32)
kamaraîapé (s.) - espécie de planta balsâmica (Ageratum conyzoides L.), também conhecida como menta-de-santa-maria, mentrasto, menta grega (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 25)
ké?1 (interr.) - de que tamanho? (VLB, II, 91)
kûarybỹîa (etim. - oco do buraco) (s.) - vão, oco (VLB, II, 141)
kûeeba'e - o mesmo que kûeea (v.)
kurugûatapinima - o mesmo que kurûatapinima (v.) (VLB, I, 57)
mangok (v.tr.) - distorcer (palavras, acrescentando coisas próprias) (VLB, II, 136)
manhana (etim. - o que espia) (s.) - 1) espião; espia (de guerra) (VLB, I, 126): ...Xe manhana, manembûera... - Eu sou um espião, um velho poltrão... (Anch., Teatro, 44); T'akûáne pe renondé, pe manhanamo, ranhẽ. - Hei de ir adiante de vós, como vosso espião, primeiro. (Anch., Teatro, 66); 2) alcoviteiro, o que serve de intermediário nas relações amorosas: Asó manhanamo. - Vou como alcoviteiro. (VLB, I, 30); O manhanamo abá moingóbo... - Fazendo alguém ser seu alcoviteiro. (Ar., Cat., 71v); 3) espionagem, alcovitice: ...Manhana, sygûaraîy - n'aîpotari abá seîara. - Alcovitice, prostituição - não quero que ninguém as deixe. (Anch., Teatro, 8)
MBA'E (objetos) (fonte: Staden)
mba'eerekoara (t) (etim. - o que guarda as coisas) (s.) - despenseiro (VLB, I, 100)
mba'eruru (etim. - depósito das coisas) (s.) - celeiro (VLB, I, 70)
mbiara - o mesmo que (e)mbiara (r, s) (v.) (VLB, II, 85)
miara - o mesmo que (e)mbiara (r, s) (v.)
miîara - o mesmo que emiîara (t) [V. îar / ar(a) (t, t)]
mimbaberekoara (etim. - o que cuida das criações) (s.) - pastor de gado (VLB, II, 67)
mindu'u (s.) - o mordido, o mastigado [o mesmo que emindu'u (t) - v. su'u] (Anch., Arte, 4)
minusu (etim. - estrepe grande) (s.) - lança: Minusu pupé iî yké kutuki... - Com uma lança espetaram seu flanco. (Anch., Diál. da Fé, 192)
moingoé (v.tr.) - 1) diferenciar, fazer diferente: ...Amõ kunhã suí i moingoébo... - Diferenciando-a das outras mulheres. (Anch., Poemas, 86); 2) distinguir, tratar com distinção ● moingoeara - o que diferencia; o que distingue, o que trata com distinção: Emonã serekopyra..., rakó opytá-katu, o apysykamo o moingoeara ri... - Assim tratado, certamente fica bem, satisfazendo-se com o que o distingue. (Ar., Cat., 85v)
mondeb2 (v.tr.) - prender, encarcerar (VLB, I, 113) ● i mondebypyra - o que é (ou deve ser) preso, o preso: Mba'easybora i mondebypyra bé repîaka. - Ver os doentes e os presos. (Bettendorff, Compêndio, 22); ...mundeokype i mondebypyrûera - o que foi encarcerado na prisão (Ar., Cat., 59v)
mondyabor (v.tr.) - empobrecer: ...apŷaba mondyabó - empobrecendo os índios (Anch., Teatro, 30)
mong (-îo- ou -nho-) (v.tr.) - lambuzar (com coisa viscosa, pegajosa, grudenta); sujar, encher de visgo ou grude: Anhomong. - Sujei-o de visgo. (VLB, II, 69); Lambuzei-o. (VLB, I, 87)
mosabeypor - o mesmo que mondabeypor (v.) (VLB, I, 111)
mukusama (s.) - pio (como do gavião) (VLB, II, 78)
mundubigûasu (etim. - mundubi grande) - o mesmo que munduigûasu (v.) (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 96)
nõmo2? (interr.) - de que tamanho? (VLB, II, 91)
nhe'engerekoara2 (etim. - o que tem as palavras) (s.) - intérprete, tradutor (VLB, II, 13): abaré nhe'engerekoara - o tradutor do padre (VLB, II, 22)
nhemoaíb1 (v. intr.) - prejudicar-se, danar-se (p.ex., na saúde): Anhemoaíb. - Danei-me.(VLB, I, 89)
nhemongaraû (v. intr.) - torcer (mão ou pé) (VLB, II, 132)
nhupatĩ (v. intr.) - sofrer, padecer: ...A'epe bé rakó abá nhupatĩû... - Aí também, certamente, o homem sofre. (Ar., Cat., 165)
obaîxûamoín (s) (v.tr.) - pôr um diante do outro (VLB, II, 57)
o'ekatu - o mesmo que e'ikatu [3ª pess. do verbo 'ikatu / 'ekatu (v.)] (Anch., Arte, 56)
okapyra (r, s) (etim. - cume da casa) (s.) - telhado (VLB, II, 125)
okûembó - o mesmo que embûayembó (v.)
-pakó? (interr.) - 1) pois?: Marã-marã-pakó îeí xe rekóû? - Que coisas, pois, eu fiz hoje? (Ar., Cat., 75); 2) porventura?: Na nde ruã-te-pakó kunhã ri ereîemomotá? - Mas não foste tu, porventura, que te atraíste pelas mulheres? (Anch., Teatro, 176)
pan (-îo- ou -nho-) (v.tr.) - lavrar, bater, aparar (VLB, I, 134): Aybyrá-pan. - Lavro as madeiras. (VLB, I, 67) ● pandara - o que lavra, o que bate: ybyrá pandara - o que lavra as madeiras, o carpinteiro (VLB, I, 67)
Daí, os nomes dos estados brasileiros do PARÁ, da PARAÍBA e muitos outros nomes geográficos no Brasil, como PARACATU (rio de MG), PARACAIÇARA (ig. do AM), etc. (v. p. 386). *
pexarorẽ (s.) - PIXORORÉM, PIXARRO, pássaro da família dos fringilídeos (Sousa, Trat. Descr., 237)
piara2 (mb) (s.) - o que busca, o que traz; perseguidor, o que está em busca de; catador: Marã e'ipe Îudeus i piaretá i xupé? - Como disseram os judeus, seus perseguidores, para ele? (Ar., Cat., 54v); Asó ybyrá piaramo. - Vou como catador de madeira. (VLB, I, 69); Nde piara our. - Veio o que está em tua busca. (VLB, I, 69); Asó itá piaramo. - Vou como catador de pedras. (VLB, II, 14); 'Y piaramo asó. - Vou em busca de água. (VLB, II, 136)
piku'ipinima (etim. - picuí pintado) (s.) - PICUIPINIMA, ave da família dos columbídeos (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 204)
pinõ (s.) - espécie de planta urticácea (Laportea aestuans (L.) Chew) (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 48)
pirakûatiara (etim. - peixe pintado) (s.) - nome de um peixe (D'Abbeville, Histoire, 247v)
piranha (etim. - peixe dentado) (s.) - PIRANHA, o mesmo que pirãîa (v.) (Lisboa, Hist. Anim e Árv. do Maranhão, fl. 173)
piranhatinga (etim. - peixe dentado branco) (s.) - PIRANHA BRANCA, peixe carnívoro da família dos caracídeos (Lisboa, Hist. Anim. e Árv. do Maranhão, fl. 173v)
pirapu'amarepoti (etim. - fezes de baleia) (s.) - âmbar (VLB, I, 34; Vasconcelos, Crônica [Not.], II, §98, 162; Knivet, The Adm. Adv., 1224)
poîuîy (s.) - POJUJI, toninha, mamífero cetáceo do gênero Inia. Habita os rios da bacia amazônica. (Sousa, Trat. Descr., 278)
pongoby - o mesmo que gûyrapongoby (v.) (Brasil Holandês, vol. III, 90)
poraûsuba - o mesmo que poreaûsuba (v.) (Anch., Poemas, 130)
pûeîrab - o mesmo que pûerab (v.)
putupaba3 (m) (s.) - provimento, abastecimento; (adj.: putupab ou putupá) - provido, abastecido; (xe) prover-se, abastecer-se [de algo: compl. com esé (r, s)]: Xe putupab (mba'e) resé. - Eu estou provido das coisas. (VLB, I, 40, adapt.)
py'anhemongetá (mb) (etim. - conversa do fígado; conversa do coração) (s.) - pensamento (VLB, II, 72); (adj.) - pensante; (xe) pensar, ter pensamentos [compl. com esé (r, s)]: Nde py'anhemongetápe kunhã amõ resé? - Pensaste nalguma mulher? (Anch., Doutr. Cristã, II, 92; VLB, II, 72)
pyasab (v.tr.) - tecer (p.ex., pano, rede, etc.): Aaó-pyasab. - Teço roupas. (VLB, II, 125) ● pyasapaba - tempo, lugar, modo, etc. de tecer; teçume (VLB, II, 125)
ro'ysanga (s.) - frio intenso; (adj.: ro'ysang) - muito frio: Xe ro'ysang. - Eu estou muito frio. (Fig., Arte, 38)
seruru (s.) - SURURU, mexilhão (v. sururu) (VLB, II, 37)
sîesîé (s.) - CIECIÉ, XIÉ, chama-maré, var. de caranguejo, o mesmo que sîesîéeté (VLB, I, 67)
soka - o mesmo que ysoka (v.) (Sousa, Trat. Descr., 266)
sokaúna - o mesmo que ysokaúna (v.) (Sousa, Trat. Descr., 266)
sûasueté - o mesmo que sygûasueté (v.) (Soares, Coisas Not. Bras. [ms .c], 945-946)
sûasukanga (etim. - osso de veado) (s.) - nome de uma árvore pequena, de "madeira alvíssima como marfim... Serve para marchetar em lugar de marfim." (Sousa, Trat. Descr., 214)
sûasupytanga - o mesmo que sygûasupytanga (v.) (Soares, Coisas Not. Bras. [ms .c], 945-946)
sugûasu - o mesmo que sygûasu (v.) (Libri Princ., vol. I, 33)
supibé (conj.) - 1) logo então (Fig., Arte, 128); 2) da mesma maneira (Fig., Arte, 149)
tang (s. de voc. de m.) - mano! (como diz uma mulher ao irmão) (VLB, II, 31)
tapé (s. voc. de m.) - minha senhora! senhora! (Anch., Arte, 14v)
tapi'a2 (s. de voc. de m.) - mano! (como diz uma mulher ao irmão) (VLB, II, 31)
tapi'ira'yrusu (etim. - filhote grande de vaca) (s.) - vitela, novilho (VLB, II, 51, 147)
taûpé1 (s. voc. de h.) - minha senhora! senhora! (Anch., Arte, 14v)
tekoaraibora (s.) - fugitivo (Fig., Arte, 77); homiziado, o que anda embrenhado pelos matos; (adj.: tekoaraibor) (xe) - homiziar-se, viver fugido: Xe tekoaraibor gûitekóbo. - Eu estou-me homiziando, eu estou vivendo fugido. (VLB, I, 140)
Temoti (s.) - nome de entidade sobrenatural da cosmologia dos antigos tupis da costa (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 278)
teté2 (interj. que indica enfado, desgosto ou decepção) - ah! ai!: Teté marã e'îabo mã!? - Ah, que dizes!? (Anch., Teatro, 50)
timbora (etim. - conteúdo das ventas) (s.) - vapor, bafo, fumaça (de coisa quente) (VLB, I, 50): O îuru timbora pupé asé robá peîuû. - Com o bafo de sua boca sopra-nos o rosto. (Ar., Cat., 81); (adj.: timbor) - enfumaçado, abafado; (xe) fumegar, vaporar, soltar fumaça ou vapor (VLB, I, 50)
tuî2 (v. intr.) - regurgitar, transbordar, extravasar: Atuî. - Regurgitei. (Anch., Arte, 4)
ûanandi - o mesmo que gûyraundi (v.) (Sousa, Trat. Descr., 238)
uboîara - o mesmo que ybyîara (v.) (Sousa, Trat. Descr., 261-262)
ubyraîara - o mesmo que ybyraîara (v.) (Sousa, Trat. Descr., cap. CLXXXI)
ubyrataîa - o mesmo que ybyrataîa (v.) (Sousa, Trat. Descr., 221)
unhẽ (s.) - impigem; erupção cutânea (VLB, II, 10) (o mesmo que titinga e mbititinga - v.)
urandi - o mesmo que gûyraundi (v.) (Sousa, Trat. Descr., 237)
uraparyba - o mesmo que gûyraparyba (v.) (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 278)
uruparyba - o mesmo que gûyraparyba (v.) (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 118)
urutagûi - o mesmo que urutaû'i (v.) (VLB, I, 88)
u'uberekoara (etim. - o que cuida das flechas) (s.) - flecheiro (VLB, I, 143)
u'yba - o mesmo que u'uba (v.)
ûyrá - o mesmo que gûyrá (v.) (D'Abbeville, Histoire, 353)
ûyrasapukaîa - o mesmo que gûyrasapukaîa (v.) (D'Abbeville, Histoire, 242v)
ûyratinga - o mesmo que gûyratinga (v.)
ûyraupi'agûara - o mesmo que gûyraupi'agûara (v.) (Sousa, Trat. Descr., 263)
'ybotyra (etim. - flor de planta < 'yb + potyra) (s.) - flor (VLB, I, 144): Okuî rakó amũme 'ybarambûera o 'yba suí 'ybotyramo oîkóbo bé. - Caem, às vezes, os frutos das suas árvores, sendo ainda flores. (Ar., Cat., 157v).
ybykaba - o mesmo que ubukaba (v.) (Sousa, Trat. Descr., 194)
ybyraîara (etim. - o que porta pau) (s. etnôn.) - UBIRAJARA, nome de grupo indígena que habitava para além dos carijós (Vasconcelos, Crônica, I, §169, 262)
ybyratingyîara (etim. - o que porta pau branco) (s.) - 1) alcaide (VLB, I, 29); 2) juiz (VLB, II, 16)
ybyraypy (etim. - tronco de árvore) (s.) - variedade de abelha (VLB, I, 18)
ybyrinhẽ (conj.) - em vez de, ao contrário, em vez de ser (VLB, I, 101)
ygeapûá (t) (etim. - extremidade do ventre) (s.) - intestino: Opakatu serã sygeapûá-kuîamo i ku'a sorokaba rupi? - Acaso todo o seu intestino caiu pela fissura de sua cintura? (Ar., Cat., 57v)
ypûera (t, t) (s.) - suco extraído (de fruta, planta, cana, etc.) (VLB, I, 63); água que sai daquilo que se cozeu (VLB, I, 24)
ypy5 (s.) - tronco, pé (de árvore): Ybyrá-ypype aín. - Estive assentado no tronco de uma árvore. (VLB, II, 68) ● ypypûera - resto do tronco de árvore que fica na terra após o seu corte (VLB, II, 68); tronco de pau ou árvore que fica na terra depois que perdeu os ramos (VLB, II, 137)
'ysokapé (etim. - verme de casca) (s.) - traça, nome comum às larvas de lepidópteros, quase todas de origem européia, e que atacam roupas (VLB, II, 134)
Bertioga (SP). De mbyryki - macaco buriqui + oka (r, s) - casa, refúgio: casa de buriquis: "[...] O territorio d'esta barra distinguião os Indios com o appellido Buriquioca, que quer dizer casa de Buriguis (Buriquis são uma especie de macacos)." (Frei Gaspar da Madre de Deus [1767], p. 119)
Betari (rio de SP). De betara + 'y: rio das betaras, var. de peixe.
Conduru (ES). De konduru, grande árvore da família das moráceas.
Imbetiba (RJ). De imbé + tyba: ajuntamento de imbés.
Ingaí (rio de MG). De ingá + 'y: rio dos ingás.
Itamaracá (PE). Segundo o Vocabulário na Língoa Brasílica, de 1621, Itamaracá significa sino. De itá - pedra + maraká - chocalho, maracá: chocalho de pedra.
Itiquira (MT). De 'y + tykyra: gotas d'água.
Itiquiri (SP). De 'y + tykyra + suf. -'i: gotinhas d'água.
Itupu (SP). De ytu + pu: barulho da cachoeira.
Jarinu (SP). De um termo da língua geral meridional, jarina*, que designa uma palmeira + 'y - rio: rio das jarinas.
Mirapuxi (rio do MS). De pirá + poxy: peixes ruins.
Muriqui (RJ). De mbyryki - macacos cebídeos.
Ouricuri (PE). De urukuri - var. de palmáceas.
Piracoara (rib. do RJ). De pirá + kûara: buraco dos peixes: "[...] Este nome de Piracuára em lingua da terra quer dizer na nossa buraco ou cova de peixe." (José Vieira Couto [1801], p. 49)
Piraim (rio de MT). De pirá + -'ĩ: peixinhos.
Pirapé (rio do PR). De pirá + (a)pé (r, s): caminho dos peixes.
Pirapema (rio de PE). De pirapema: peixes angulosos, peixes marítimos elopídeos.
Pitangui (rio do PR). De 'ybapytanga + 'y: rio das pitangas.
Tabocas (morro de PE). De îataboka - bambus de colmo muito alto, que alcança muitos metros.
Tucambira (rio de MG). De tukana + pira: pele de tucano.
Urupu (RS). De uru + pu: barulho dos urus.
SAMPAIO, Teodoro, O Tupi na Geografia Nacional. São Paulo, Companhia Editora Nacional, 1987.
ANÔNIMO, [1748], nº 529 - Data e sesmaria de Jozé Coelho Ferreira de tres leguas de terra no riacho posso da anta, na serra da Uruburetama, concedida pelo capitão-mór francisco da costa, em 29 de março de 1748 (ex Biderman, M.T.C., (org.), Dicionário Histórico do Português do Brasil. (Projeto Institutos do Milênio do CNPq)
nhemosaraîtara (s.) (etim. - îe; mo-; esaraî; -ara) - atleta; jogador | athlete; player | nhemosaraitara remimombe’u - o juramento dos atletas - the athletes' oath (TPK, 2024, 87) - neologismo
acabado (= findo, concluído) - aûîé
feliz - oryb (r, s) [ v. oryba (t)]
plantar - (tr.): tym (-îo-); (intr.): mba'etym
preocupar-se - nhemoryryî; nhemosaînan
prometer - mombe'u; momboî; kuabe'eng; kuambe'u; enõî (s)
aîbu (s.) - IPU, gênero de abelha meliponídea que nidifica no solo (Piso, De Med. Bras. IV, 178)
aîybena (t, t) - o mesmo que aîymena (t, t) (v.) (VLB, I, 148)
akaîgûaî (interj. de h. e m.) - ai! (de dor) (VLB, I, 27)
amotare'ymbara (s.) - inimigo [pessoal, não da nação, que é obaîara (t) - v.] (VLB, II, 12)
amũîa (t, t) - o mesmo que amỹîa (t, t) (v.)
amỹnha (t, t) - o mesmo que amỹîa (t, t) (v.) (VLB, I, 48)
anhangarepoti (etim. - fezes do diabo) (s.) - enxofre (VLB, I, 120)
apypyîepé (v.tr.) - vencer com razões ou doutra maneira (VLB, II, 143)
arakuí (s. etnôn.) - nome de antigo grupo indígena tapuia do norte do Brasil (D'Abbeville, Histoire, 189)
a'ytaty (t, t) - o mesmo que a'yraty (t, t) (v.)
babak (v. intr.) - estrebuchar, virar-se de um lado e do outro, debater-se: Ababak. - Estrebuchei. (VLB, I, 130)
bakutingy (etim. - tingui de bacu) (s.) - var. de cauim (Vasconcelos, Crônica, 106)
ekoate'yma (t) - o mesmo que ekate'yma (t) (v.)
endamoín (s) (etim. - pôr o lugar de sentar-se) (v.tr.) - selar (o cavalo): Asendamoín. - Selo-o (o cavalo). (VLB, II, 115). V. in / en(a) (t) (Anch., Arte, 58v)
enoĩ (ou enoín) (v.tr.) - estar (parado ou sentado) com, fazer estar consigo (parado ou sentado): Îandé monhangara nhẽ erenoĩ nde îybápe. - Nosso criador fazes estar contigo em teus braços. (Anch., Poemas, 102)
eroker (v.tr.) - dormir com, fazer dormir consigo: Ereroker-etápe îoamotare'yma? - Dormiste com ódio muitas vezes? (Ar., Cat., 101v); Aroker xe ra'yra. - Fiz meu filho dormir comigo. (Anch., Arte, 48v); Aroker aoba. - Durmo com roupa. (Anch., Arte, 48v)
gûarakapema (s.) - nome de peixe acantopterígio que vive em grandes cardumes na região pelágica tropical e subtropical (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 160)
gûyrype (loc. posp.) - sob, debaixo de, embaixo de (em sentido pontual, em ponto definido): Nde pó gûyrype oroîkó... - Sob tuas mãos estamos. (Anch., Poemas, 174); "-I katupe temõ mã!", erépe, nde gûyrype kunhã resé nde rekó mo'ang'iré? -Disseste: -Ah, quem me dera estivesse nua!, após imaginares estar com uma mulher debaixo de ti? (Anch., Doutr. Cristã, II, 93); itá gûyrype - debaixo da pedra (Anch., Arte, 41)
-i2 (ou -î) (suf. de neg.): ...Na xe reroŷrõî îepé. - Tu não me detestas. (Anch., Poemas, 96); ...N'omoetéî o monhangara... - Não honram seu criador. (Anch., Teatro, 30); Marãpe nd'erenhemimi? - Por que não te escondes? (Anch., Teatro, 32)
îakatu2 (conj.) como (de comparação), da mesma forma que: Akó ybakype ogûekó îakatu, Îandé Îara... rekóû miapepûera... - Eis que, como está no céu, Nosso Senhor está dentro do pão. (Ar., Cat., 84v)
îakuruîu (s. etnôn.) - nome de antiga nação indígena (Cardim, Trat. Terra e Gente do Brasil, 126)
îanypaba'yba (etim. - pé de jenipapo) - o mesmo que îanypaba (v.)
Îanypa'yba (etim. - pé de jenipapo) (s. antrop.) - nome de índio tupi (D'Abbeville, Histoire, 186v)
îekunasab (v. intr.) - entrecruzarem-se em forma de X ou +, estarem atravessados um por cima do outro: Oroîekunasab. - Estamos entrecruzados. (VLB, I, 47)
îekundasaba - o mesmo que îekunasaba (v.) (VLB, I, 44)
îemoangekoaíb - o mesmo que nhemoangekoaíb (v.)
ikopepu / ekopepu (etim. - estar de pálpebras leves) (t) (v. intr. compl. posp. irreg.) - duvidar [de algo ou de alguém: compl. com esé (r, s)]: Aîkopepu-pepu (abá) resé. - Eu estou duvidando do homem. (VLB, I, 107, adapt.)
irũ1 (posp.) - com (de companhia): Ne'ĩ, t'ereîkó pa'i Nikorá irũ. - Eia, que mores com o senhor Nicolau. (Léry, Histoire, 352); T'aîkó nde irũ. - Que eu esteja contigo. (Léry, Histoire, 372)
itaîara (etim. - o que domina as pedras) (s.) - espécie de peixe da família dos serranídeos, também chamado îurukapeba (v.) (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 146)
îubé / ubé (t, t) (etim. - estar deitado ainda) (v. intr. irreg.) - 1) jazer acordado, jazer desperto: Aîubé. - Jazo acordado. (VLB, I, 20); 2) estar vivo (VLB, II, 147); 3) estar presente, estar por perto, estar por aí: Oubépe nde ruba? - Está por aí teu pai? (VLB, I, 128); Oubé rakó abá mba'e mundépe oína biã... - Ainda que estivessem presentes as coisas de alguém na prisão. (Ar., Cat., 165); 4) jazer imóvel, ficar sem se mexer: Aîubé. - Jazo imóvel. (VLB, II, 7)
îubĩ / ubĩ (t, t) (etim. - estar deitado, sem mais) (v. intr. irreg.) - estar quieto, estar deitado, estar sem mudar de lugar (mas não imóvel): Aîubĩ. - Estou quieto. (VLB, II, 93)
karagûataîara (etim. - os que portam caraguatás) (s. etnôn.) - nome de antiga nação indígena (Cardim, Trat. Terra e Gente do Brasil, 126)
karakuîu (s. etnôn.) - nome de antiga nação indígena (Cardim, Trat. Terra e Gente do Brasil, 126)
karupysaîé (s.) - noite, por volta das dez horas (VLB, II, 50)
keraíb (xe) (etim. - dormir mal) (v. da 2ª classe) - gemer, confranger-se dormindo: Xe keraíb. - Eu gemo dormindo. (VLB, I, 129)
kuruaîá - o mesmo que mukunã (v.) (Theat. Rer. Nat. Bras., II, 193)
kurupy'a (s. etnôn.) - nome de antiga nação indígena (Cardim, Trat. Terra e Gente do Brasil, 126)
mba'emoîypara (etim. - o que coze as coisas) (s.) - cozinheiro (VLB, I, 85)
mbaepûeryîara (etim. - o que domina as coisas que foram) (s.) - herdeiro (VLB, I, 121)
mba'e'ueteeté (etim. - o comer demais as coisas) (s.) - gula (VLB, I, 152)
mboîa-maraká - o mesmo que mboîmaraká (v.)
membykambu (etim. - filho que mama) (s.) - lactente, criança de peito, filho que mama: Xe membykambu. - Meu filho que mama. (VLB, I, 86) ● i membykambuba'e - o que tem criança de peito, o que tem filho que mama: -Abá bépe n'oîabyî oîekuakube'yma? -I membykambuba'e. -Quem também não o transgride, não jejuando? -As que têm filhos que mamam. (Ar., Cat., 77v)
moabangaîepé (v.tr.) - vencer (com razões ou doutra maneira) (VLB, II, 143)
mo'ang2 (v.tr.) - fingir, simular, disfarçar: ...Oporomoingobé-mo'anga... - Fingindo fazer viver as pessoas. (Ar., Cat., 160); Nde remo'emype nde nhemombegûápe, nde angaîpaba mo'anga? - Tu mentiste ao te confessares, disfarçando teus pecados? (Ar., Cat., 108); Asó-mo'ang. - Finjo que vou. (Fig., Arte, 143)
moapyk (v.tr.) - cozer, cozinhar (com água) (VLB, I, 85)
mobybyk (v.tr.) - coser, costurar (VLB, I, 83)
moîebyr2 (ou moîeby) (etim. - fazer voltar) (v.tr.) - vomitar: Ereîmoîebype kaûĩ...? - Vomitas cauim? (Ar., Cat., 111v); Mba'eeté ka'ugûasu, kaûĩ moîeby-îebyra. - Coisa muito boa é uma grande bebedeira, ficar vomitando cauim. (Anch., Teatro, 6)
momburu'aba (etim. - consequência do engravidar) (s.) - feto: Peín pe îara momburu'abamo nhẽ. - Estais na condição de fetos de vosso senhor. (Ar., Cat., 85v)
mondykyr (ou mondyky) (v.tr.) - fazer gotejar, destilar (VLB, I, 129): Nde resa'y eîmondyky... - Destila tuas lágrimas. (Anch., Doutr. Cristã, II, 112)
mongué (v.tr.) - 1) bulir com, agitar, balançar: Aîmongué. - Buli com ele; agitei-o. (VLB, I, 57); 2) fazer menear, afrouxar, abalar (o que estava firme, fixo): ...T'oîkó umẽ oka rupi oré 'anga monguébo. - Que não esteja pelas casas para afrouxar nossas almas. (Valente, Cantigas, II, in Ar., Cat., 1618)
muru'abora - o mesmo que muru'apora (v.) (Anch., Arte, 31v)
nhemomotar2 (v. intr.) - v. îemomotar
nhemonan - o mesmo que îemonan (v.)
nhemonguengué (v. intr.) - estrebuchar, agitar-se de um lado e do outro, debater-se (como para se soltar) (VLB, I, 130)
obaxûar (s) - o mesmo que obaîxuar (s) (v.)
oîeruba - o mesmo que îuruba (v.) (Brasil Holandês, vol. III, 81)
PAJÉS COM HOMENS EM RODA (fonte: De Bry)
pakaîara (etim. - os que portam pacas) (s. etnôn.) - PACAJÁ, nome de antigo grupo indígena do norte do Brasil (D'Abbeville, Histoire, 189)
panakuîu (s. etnôn.) - nome de antiga nação indígena (Cardim, Trat. Terra e Gente do Brasil, 126)
papy (mb) (s.) - pulso do braço, punho (Castilho, Nomes, 35)
pe'ekatu - o mesmo que peîekatu [2ª p. do pl. de 'ikatu / 'ekatu (v.)] (Anch., Arte, 56)
peki'a - o mesmo que peke'a (v.) (Theat. Rer. Nat. Bras., II, 96)
peypy (etim. - começo do caminho) (s.) - entrada de um lugar povoado, antes de chegarem as casas (VLB, I, 119)
peypykõîa (etim. - começo de caminhos gêmeos) (s.) - caminho que se divide em dois, bívio (VLB, I, 56)
pike'a - o mesmo que peke'a (v.) (Brandão, Diálogos, 171)
pin (-îo- ou -nho-) (v.tr.) - 1) aparar, raspar, descascar (VLB, I, 37); rapar (p.ex., com navalha); acepilhar; 2) beliscar (comida) (VLB, II, 96): Aîpĩ-pin. - Fiquei-a beliscando. (VLB, I, 94) ● pinara (ou pindara) - o que apara, o que rapa, etc. (Anch., Arte, 3); pindaba - tempo, lugar, modo, etc. de aparar, de rapar, etc. (Anch., Arte, 3)
pinakuîu (s. etnôn.) - nome de antiga nação indígena (Cardim, Trat. Terra e Gente do Brasil, 126)
piragûayagûy (s. etnôn.) - nome de antiga nação indígena (Cardim, Trat. Terra e Gente do Brasil, 126)
pira'itinga (etim. - peixinho claro) (s.) - nome de um peixe (Theat. Rer. Nat. Bras., I, 73)
Piraka'ẽ (etim. - peixe queimado) (s. antrop.) - nome de índio tupi (Anch., Teatro, 8)
pirakuîu (s. etnôn.) - nome de antiga nação indígena (Cardim, Trat. Terra e Gente do Brasil, 126)
piriîu (s. etnôn.) - nome de antiga nação indígena (Cardim, Trat. Terra e Gente do Brasil, 127)
popesûara (m) (etim. - o que está na mão) (s.) - 1) objeto de mão: -Mba'e-mba'epe i popesûaramo? -Mimuku-katupabẽ ... -Que havia como seus objetos de mão? -Muitíssimas lanças... (Ar., Cat., 54); 2) arma (VLB, I, 41); (adj.: popesûar) - armado: Pa'i, marãpe guarinĩme na nde popesûari? - Padre, por que, na guerra, tu não estás armado? (Cardim, Trat. Terra e Gente do Brasil, 204)
poropoûsuba (m) (s.) - medo, receio; (adj.: poropoûsub) - medroso, receoso: Na xe poropoûsubi. - Eu não sou medroso. (VLB, I, 47)
posema (s.) - grito de guerra dos índios, POCEMA (Vieira, Cartas, I, 562)
pyma (s.) - endurecimento, arrebitamento (do que é, comumente, frouxo ou mole); (adj.: pym) - duro, entesado, arrebitado, enrijecido: "Oú temõ ké kunhã xe posé", erépe, nde mba'e-pymamo? -"Oxalá viesse aqui uma mulher para o meu lado", disseste, tendo o teu membro ereto? (Anch., Doutr. Cristã, II, 93)
pysyrõ3 (v.tr.) - impedir, tornar defeso, proibir ● emipysyrõ (t) - o que alguém impede, proíbe: 'ybá Tupã remipysyrõ - o fruto que Deus proíbe (Ar., Cat., 84)
pytuna - o mesmo que putuna (v.)
rimba'e - o mesmo que erimba'e (v.)
sarinambi - o mesmo que serinambi (v.) (VLB, I, 81)
seî (v.tr.) - querer, desejar (usado só com temas verbais incorporados): I kamu-seî kunumĩ... - Deseja o menino mamar. (Anch., Poemas, 162)
suruku'i (s.) - SURUCUÍ, SURUCUÁ, ave da família dos trogonídeos (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 211)
syryk2 (ou tyryk) (v. intr.) - afastar-se, arredar-se, recuar, retirar-se (VLB, II, 99): Tupã robaké eîkóbo, xe suí nd'eresyryki. - Estando diante de Deus, de mim não te afastas. (Valente, Cantigas, VI in Ar., Cat., 1618)
tatapynhapŷara (etim. - o que queima carvão) (s.) - carvoeiro (VLB, I, 68)
tĩe'yma (etim. - sem vergonha) (s.) - falta de vergonha, sem-vergonhice (VLB, I, 96)
timbopiriana (etim. - timbó listrado) (s.) - var. de timbó (v.) (VLB, I, 51; II, 145)
tingyîar - 1) (v. intr.) - TINGUIJAR, dar barbasco (para entorpecer os peixes); 2) (v.tr.) TINGUIJAR, embarbascar (o rio, o peixe) (VLB, I, 52)
toputá - o mesmo que topytá (v.)
tukurusu - o mesmo que tukurasu (v.) (Libri Princ., vol. I, 159)
tutuka - o mesmo que tytyka (v.) (Fig., Arte, 76)
ugûapara (t) (s.) - perseguidor, apresador (p.ex., um cão perdigueiro, um caçador) (VLB, II, 73)
ybyraapûaîara (etim. - os que portam paus agudos: ybyrá + apûá + îara) (s. etnôn.) - nome de nação indígena tapuia. "Pelejam com paus tostados, agudos; são valentes." (Cardim, Trat. Terra e Gente do Brasil, 125)
ybyrapesẽ (etim. - colher de madeira) (s.) - var. de colher com que as índias mexiam suas bebidas e mingaus (VLB, I, 76)
NOTA - Em Inglês de Souza lemos: "Canoa havia, uma bela IGARITÉ grande, com tolda de japá, fixa e cômoda." (in O Missionário. Livraria José Olympio Editora, Rio de Janeiro, 1946). Daí, também, no P.B. (Amaz.), IGARITEIRO, canoeiro.
Botujuru (morro entre Jundiaí e Itatiba). De ybytyra (na língua geral meridional botura*) - montanha, serra) + îuru - boca: boca da serra.
Catupiri (nome próprio). De katu - bom + pyryb - algum tanto, um tanto, muito: muito bom. [I katu-pyryb. - Ele é muito bom. (VLB, II, 35)]
Coraçu (córrego de Rio Grande da Serra, SP). De akará + -ûasu: carás grandes.
Imbutuva (rio do PR). De mboî/a + tyba: ajuntamento de cobras.
Juru (PB). De îuru3: embocadura, foz.
Pindaituba (rio do MT). De pinda'yba + tyba: ajuntamento de pindaíbas, plantas anonáceas.
Urucuba (PE). De uruku + 'yba: pés de urucu, urucuzeiros.
________________Enciclopédia dos Municípios Brasileiros. Rio de Janeiro, 1957-1964.
O Conceito de Língua Indígena no Brasil, I: Os Primeiros Cem Anos (1550-1650) na Costa Leste. ANPOLL, mesa redonda inter-GTs sobre idéias lingüísticas no Brasil, 1996. Estrutura do Tupinambá. Inédito.
SICK, Helmut, Ornitologia Brasileira. Editora da UNB; Linha Gráfica Editora, Brasília, 1984, 2 vols.
dormir - ker ● dormir com; fazer dormir consigo: eroker
entrar - iké / eîké (t) ● entrar com; fazer entrar consigo: eroîké
gago - nhe'ẽrueru; nhe'engaíba
sim - (de h. e m.): eẽ; (de h.): pá
akûaba (t) (s.) - púbis; pêlos da virilha (Castilho, Nomes, 37); [adj.: akûab (r, s)] - pubescente; (xe) pubescer, ser pubescente (VLB, II, 89)
akûara (t) (s.) - febre, quentura pela febre (VLB, II, 94); [adj.: akûar (r, s)] - febril, (xe) ter febre: Xe rakûar. - Eu estou febril. (VLB, II, 94)
akypûemomosem (s) (etim. - perseguir as pegadas) (v.tr.) - seguir o rastro de (acossando-o): Asakypûemomosem. - Sigo-lhe o rastro. (VLB, II, 115)
ambyra (s.) - o defunto, o finado, o falecido. [Para cadáver, v. e'õmbûera (t)]: Ambyrama pabẽ îandé... - Futuros defuntos somos todos nós. (Ar., Cat., 158); Penhemoma'enduar ambyra 'angûera... - Lembrai-vos das almas dos defuntos. (Ar., Cat., 49); (adj.: ambyr) - defunto, finado, falecido: ...Amõ re'õneme, opytaba'e nd'e'ikatuî omendá o mendasabambyra asykûera amõ resé. - No caso de morrer algum, o que fica não pode casar-se com algum irmão ou irmã de seu cônjuge falecido. (Ar., Cat., 131)
apixaba (s.) - ferimento; cutilada (geralmente na cabeça): Peteumẽ pe poxyramo angiré, t'okanhẽ pe rekopûera: marã 'é, îoapixaba, marandûera. - Guardai-vos de serdes maus doravante, para que desapareça vossa lei antiga: dizer maldades, ferimentos mútuos, antigas guerras. (Anch., Teatro, 54) ● apixapaba - tempo, lugar, modo, etc. de ferir; cutilada; ferida (VLB, I, 88)
araboîara (s. etnôn.) - nome de nação indígena (Vasconcelos, Crônica [Not.], I, §151, 110)
Aru'ype (etim. - no rio dos sapos-arus) (s. antrop.) - nome de índio tupi (D'Abbeville, Histoire, 187)
Quer ser filho do sol, nascendo cá."
atu'uba (t, t) (s.) - sogro (de h.) (Ar., Cat., 116)
eboĩ - o mesmo que eboinga (v.) e eboûinga (v.)
egûama2 (t) - o mesmo que e'õagûama (t) [v. e'õ (t)]
NOTA - No P.B. (N.), TECÓ é 1) cacoete, sestro; 2) hábito, modo de ser habitual (in Dicion. Caldas Aulete).
ekoaba2 (t) (s.) - procedimento, ação, ato: ...sekoagûera repyramo... - como retribuição por seu procedimento... (Ar., Cat., 154v); Nd'ereîkuabipe Tupã îandé rubypy oîepé nhõ sekoaba suí i mosemagûera...? - Não sabes que Deus expulsou nosso pai primeiro por causa de um só ato seu? (Ar., Cat., 112); Îandé Îara rekoagûera ra'anga motá... - Querendo imitar os atos de Nosso Senhor. (Ar., Cat., 160)
endyîaba (t) (s.) - lume (p.ex., do mar em certa conjunção da lua, etc.): 'y rendyîaba - lume das águas (VLB, II, 25); [adj.: endyîab (r, s)] - luzente; (xe) luzir; fazer lume (p.ex., o mar, o peixe nele, etc.) (VLB, II, 25)
epoti2 (t) (s.) - 1) ferrugem: itá repoti - ferrugem do ferro (VLB, I, 138); 2) escória (como de ferro): itá repoti - escória do ferro (VLB, I, 123); [adj.: epoti (r, s)] - enferrujado; (xe) - ter ferrugem: Sepoti. - Ele está enferrujado, ele tem ferrugem (p.ex., o ferro). (VLB, I, 138)
ere'ĩ (interj. que expressa raiva, desaprovação, desprezo) - irra! (VLB, II, 15)
gûaîaná-timbó (etim. - timbó dos guaianás) (s.) - GORANÁ-TIMBÓ, GUAJANA-TIMBÓ, GUATIMBÓ ou TIMBÓ DE RAIZ, planta leguminosa-papilionada (Dahlstedtia pinnatum (Benth.) Malme, de cuja raiz é extraído entorpecente usado para matar peixes e para o tratamento das afecções parasitárias da pele e, ainda, como analgésico geral e hipnótico (Piso, De Med. Bras., IV, 201)
guaîu2 (s.) - nome genérico para danças (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 278)
gûakaraîara (etim. - os que dominam os guacarás) (s. etnôn.) - nome de antiga nação indígena (Cardim, Trat. Terra e Gente do Brasil, 126)
gûemimotarybo - o mesmo que emimotarybo (v.)
gûyrĩ-îuba - o mesmo que uri-îuba (v.)
îabebyra (s.) - nome genérico das arraias ou raias, peixes cartilaginosos da família dos rajídeos (VLB, II, 95; D'Abbeville, Histoire, 244v) ● îabebyrasyka - arraia pitoca (nome de uma aldeia) (Léry, Histoire, 349)
îagûarasá (etim. - olhos de onça) (s.) - JAGUARUÇÁ, JAGUARIÇÁ, JAGUAREÇÁ, JAGURIÇÁ, JUGURIÇÁ, peixe de alto-mar da família dos holocentrídeos (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 147; Sousa, Trat. Descr., 285)
îemosaînan - o mesmo que nhemosaînan (v.)
îemosako'i - o mesmo que nhemosako'i (v.)
îerumũeté (etim. - jerimum verdadeiro) (s.) - nome de uma planta; variedade de abóbora (Theat. Rer. Nat. Bras., II, 216)
îesarusu (s. etnôn.) - nome de nação indígena (Vasconcelos, Crônica [Not.], I, §153, 110)
îetinga (s.) - espécie de mosca ou mosquito pequeno que ataca feridas; mosquito-de-cachorro (D'Abbeville, Histoire, 255v; Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 257; VLB, II, 43)
inĩote / enĩote (t) (etim. - estar, somente) (v. intr. irreg.) - estar quieto num lugar, sem se mexer (VLB, II, 93)
îoabye'yma (etim. - sem diferença) (s.) - igualdade, semelhança (VLB, II, 9)
îurukugûá - o mesmo que îurukûá (v.) (VLB, II, 125)
kakaboîa (s.) - espécie de cobra-d'água (Piso, De Med. Bras., III, 171)
kamarupĩ1 (s. etnôn.) - nome de nação indígena (D'Evreux, Viagem, 84)
kapi'iûara (etim. - comedor de capim) - o mesmo que kapibara (v.) (Anch., Cartas, 122; Knivet, The Adm. Adv., 1242)
kororõ (s.) - 1) grunhido, rosnado (p.ex., do cão que vai morder, do que rói o osso, do gato que come o rato): xe kororõ-pysyrõ... - meu soltar de grunhidos (Anch., Teatro, 162); 2) ronco, roncado; roncador (D'Abbeville, Histoire, 185v)
kûatiasaba (etim. - registro, lugar de registrar) (s.) - rol, lista (VLB, II, 108)
kûé2 (interj. que expressa espanto, de h.) (VLB, I, 125) - É possível? (VLB, I, 153)
ma'e'ĩ (v.tr.) - 1) distribuir: Aîma'e'ĩ. - Distribuo-os. (VLB, I, 104); 2) vender: Amba'e-ma'e'ĩ. - Vendi coisas. (VLB, II, 143) ● ma'e'ĩndaba - tempo, lugar, modo, etc. de vender: so'o ma'e'ĩndaba - lugar de vender carne, açougue (VLB, I, 21)
manema (s.) - indivíduo que não capturou nenhum adversário; MANEMA, covarde, poltrão, palerma (forma de tratamento injurioso) (VLB, II, 40); pobre, infeliz, azarado, malsucedido (D'Abbeville, Histoire, 359): Xe abé taîasugûaîa; xe manhana, manembûera... - Eu também sou um porco; eu sou um espião, um velho poltrão... (Anch., Teatro, 44); Epytá! Kagûápe nhõ nde ratãngatu-potá? Manemusu! Ambu'a! - Fica! Somente quando bebes cauim tu queres ser valente? Palermão! Centopéia! (Anch., Teatro, 64); Pepytá, manemusu! - Ficai, palermões! (Anch., Teatro, 172)
membytaty - o mesmo que membyraty (v.)
miamĩ (v. intr.) - espremer mandioca: Amiamĩ. - Espremi mandioca. (VLB, I, 127)
miîuká - o mesmo que (e)miîuká (t) (v. îuká)
mimby1 (etim. - o que é soprado) (s.) - 1) apito (VLB, I, 38); 2) gaita (VLB, I, 146)
minguaba (s.) - o conhecido, o sabido (Anch., Arte, 4v) [o mesmo que eminguaba (t) - v. kuab]
mo'anga'ub2 (v.tr.) - fingir, inventar: Ererobîarype paîé porapiti mo'anga'uba...? - Acreditas no pajé ao fingir assassinar as pessoas? (Anch., Doutr. Cristã, II, 83); Peteumẽ mendara moarupaba mo'anga'upa supindûare'yma mombegûabo... - Guardai-vos de inventar impedimentos ao casamento, contando o que não é verdade. (Ar., Cat., 132)
mongy2 (v.tr.) - 1) tingir [de algo: compl. com esé (r, s)]: Aîmongy îanypaba resé. - Tinjo-o com jenipapo. (VLB, II, 128); 2) usar como tinta, passar (tinta): Aîmongy îanypaba. - Uso jenipapo como tinta; passo jenipapo. Aîîanypá-mongy. - Passo jenipapo nele. (VLB, II, 128)
morosogûara (etim. - o que convida gente) (s.) - mensageiro (que convida para festas) (VLB, II, 35)
murîapytanga (s. etnôn.) - nome de nação indígena que habitava do sertão de São Vicente até Pernambuco (Cardim, Trat. Terra e Gente do Brasil, 122)
nhau'ũgûara (etim. - comedor de barro) (s.) - barreiro, lugar donde se tira barro (VLB, I, 52)
nhe'engagûera (etim. - o que foi uma fala) (s.) - recado (em mau sentido, isto é, de alcoviteira) (VLB, II, 98)
nhemoaûîé (v. intr.) - render-se, dar-se por vencido, entregar-se: Erenhemoaûîépe nde kerype nde resé abá rekó mo'angeme? - Tu te entregaste ao imaginar em teu sono que um homem fazia sexo contigo? (Ar., Cat., 235, 1686)
nhemongaraíb - o mesmo que îemongaraíb (v.)
nhopa'ũmondûara (s.) - extremos do rosário, isto é, os padres-nossos do rosário que são contas mais espaçadas e maiores que as ave-marias (VLB, I, 131)
oîá3 (s.) - o suficiente: Mba'e 'u-eté-eté robaîara oîá nhote mba'e 'u. - O oposto do comer demais é comer somente o suficiente. (Ar., Cat., 18)
oîakatu (s.) - o suficiente: ...Oîakatu nhote okagûabo-eté. - Bebendo cauim só o suficiente. (Anch., Diál. da Fé, 203)
opytá1 (t) (s.) - 1) tronco cortado de árvore (como o pé do mastro do navio); 2) pé de copo, de taça (VLB, II, 68)
peîty (s.) - frutos que se parecem com tâmaras, de árvore da família das palmáceas (Brandão, Diálogos, 217)
pemim (etim. - esconder o caminho) (v.tr.) - cercar, murar: Aîpemim. - Cerquei-o. (VLB, I, 70)
NOTA - No português do Brasil, PEREBA pode ser, também, sarna, escabiose.
perigûá - o mesmo que pirigûa'i (Sousa, Trat. Descr., 293)
peroba - o mesmo que yperoba (v.) (Livro de Contas [1624] in DHA, II, 66)
pindó - o mesmo que pindoba (v.). (D'Abbeville, Histoire, 66)
pipi (s.) - PIPI, nome de uma planta (Theat. Rer. Nat. Bras., II, 157)
piragûa'y - o mesmo que pirigûa'i (v.) (Laet, Novus Orbis, Livro XV, cap. XIII, §6)
pirametara (etim. - peixe tembetá) (s.) - PIRAMETARA, peixe marítimo de cor rósea viva (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 156)
piryty (m) (etim. - pele imunda) (s.) - lepra (VLB, II, 20); (adj.) - leproso: Xe piryty. - Eu sou leproso. (VLB, I, 146)
pitigûara - o mesmo que potigûara (v.) (Anch., Arte, 1v)
porekobîara (m) (s.) - o filho que há de ficar por chefe por morte do pai; o substituto, o sucessor (VLB, II, 122)
poro'asypara (m) (etim. - o que limpa o cabelo das pessoas) (s.) - barbeiro; tosquiador (VLB, I, 52)
poromoîarusûera (m) (etim. - o que zomba de gente, de costume) (s.) - gozador, brincalhão, zombeteiro (VLB, I, 59)
posanga2 (m) (s.) - 1) enfeite: tobá posanga - enfeites do rosto (VLB, I, 22); 2) cosméticos de rosto (VLB, II, 83)
potarĩ (etim. - querer, sem mais) (v.tr.) - preferir: Oîpotarĩ-p'amẽ abá erimba'e... o îuká? - Preferiam outrora as pessoas que as matassem? (Ar., Cat., 83)
Potigûara2 (etim. - comedor de camarões) (s. antrop.) - nome de um chefe do qual tomaram nome os índios potiguaras (Vasconcelos, Crônica [Not.], I, §149, 109)
pu'amagûera (m) (etim. - objeto de assalto) (s.) - presa, coisa ou pessoa capturada na guerra, prisioneiro: xe pu'amagûera - minha presa (o que eu capturei na guerra) (VLB, II, 130)
pûapẽîara (m) (etim. - o que porta unhas) (s.) - unha-de-fome, sovina; (adj.: pûapẽîar): abá-pûapẽîara - homem sovina (VLB, II, 139)
putu'u1 (m) (etim. - o ingerir alento) (s.) - descanso: Mutu'u resé Tupã îekosu-berame'ĩ... - Deus parece obter o descanso. (Ar., Cat., 11v) ● putugûaba (m) - tempo, lugar, modo, etc. de descanso (VLB, I, 96)
sokuri (s.) - SUCURI, SICURI, CAÇÃO-SICURI, SICURI-DE-GALHA-PRETA, variedade de cação, peixe da família dos galeorrinídeos. Vive perto da água salgada e alimenta-se de peixe e caranguejos dos mangues. (Sousa, Trat. Descr., 282; VLB, I, 62)
sorok (v. intr.) - romper-se, rasgar-se ● sorokaba - tempo, lugar, modo, etc. de romper-se, de rasgar-se; rompimento, fissura: Opakatu serã sygeapûá-kuîamo i ku'a sorokaba rupi? - Por acaso ele teve seu intestino caído totalmente pelo lugar em que se rasgou sua cintura? (Ar., Cat., 57v)
sunung (v. intr.) - 1) zunir, soar: Ybytu îabé osunung... - Zune como o vento. (Anch., Poemas, 190); 2) fazer barulho forte, estrondear, rugir (VLB, I, 131); 3) tocar (VLB, II, 118)
sururu (s.) - SURURU, SURURU-DE-ALAGOAS, molusco comestível da família dos mitilídeos, que vive na lama de certas lagoas (Sousa, Trat., Descr., 292)
tabaîara (etim. - os que dominam as aldeias) (s. etnôn.) - TABAJARA, tribo indígena que habitava o Nordeste do Brasil (D'Abbeville, Histoire, 158v)
tapîora (s.) - remédio feito da raiz do îetikusu (v.) (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 41)
tata'u (etim. - come-fogo) (s.) - arcabuz: Ererupe tata'u? - Trouxeste arcabuzes? (D'Evreux, Viagem, 246)
tenhẽa - o mesmo que teînhẽa (v.)
(interj. que expressa espanto, admiração, surpresa) - 1) É mesmo! (VLB, II, 7); Ah, sim! (como que entendendo, afinal, alguma coisa ou lembrando-se dela. Diz isso o que se espanta ou cai na realidade.) (VLB, II, 117; Fig., Arte, 147); 2) Que grande! (VLB, II, 91); 3) Oh! Eh! Que! Oh quanto! Que multidão!: Tó te'ĩ kó pirá rekóû mã! - Oh! Que multidão estes peixes são! (ou Quanto peixe é este!) (VLB, II, 57); Tó! Mamõpe ahẽ rekóû? - Eh! Onde ele está? (Anch., Teatro, 10); Tó! Aîpó n'i papasabi! - Ó! Não há modo de contar isso. (Anch., Teatro, 38) ● tó eẽ - ah, sim! ah, já entendi! (VLB, I, 17)
tupiîó (s. etnôn.) - nome de nação indígena tapuia (Cardim, Trat. Terra e Gente do Brasil, 125)
O verbo 'u, no deverbal 'ûaba / gûaba, está presente em nomes geográficos: ARARITAGUABA (nome antigo de Porto Feliz, SP), JACAREGUABA (localidade de SP), etc. (v. p. 386).
muitos nomes geográficos em que esse sufixo aparece: IGUAÇU, IGARAÇU, etc. O nome AÇU designa vários acidentes geográficos no Brasil (v. p. 386).
uburu (etim. - envoltório das coxas) (s.) - ceroulas (VLB, I, 59)
ugûyká (s) (etim. - romper o sangue) (v.tr.) - 1) desvirginar: Eresugûykápe kunhataĩ amõ? - Desvirginaste alguma menina? (Ar., Cat., 103v)
urupeba - o mesmo que urupema (v.) (Piso, De Med. Bras., IV, 177)
u'uba2 (r, s) (s. fig.) - pênis (Castilho, Nomes, 41)
ygapenunga (r, t) - o mesmo que yapenunga (r, t) (v.) (VLB, II, 56)
NOTA - No português do Brasil, PEROBA pode também significar 1) trabalho, serviço; 2) (fam.) pessoa maçante; 3) pessoa de elevada estatura (In Novo Dicion. Aurélio).
ysyrung (s) (etim. - pôr em fila) (v.tr.) - enfileirar: Oroîoysyrung. - Enfileiramo-nos. (VLB, I, 139); Asysyrung. - Enfileirei-o. (VLB, II, 101)
Brejaubinha (córrego de MG). De maraîa'yba, var. de palmeira (VLB, II, 63) + suf. do port. -inho. V. Brejaúba.
Curupaí (rio de MT). De curupá*, nome de um peixe + y: rio dos curupás. (v. Curupá)
Curupi (rio de MT). De kuruba + 'y: rio dos seixos.
Gudiuvira (SP). Nome de peixe, talvez da língua geral meridional.
Iapó (rio do PR). De 'y + apó (s, r, s): rio de raízes.
Ibicuí (RJ). De yby + ku'i: farinha de terra, areia.
Itororó (SP). De 'y + tororoma: jorro d'água, bica d'água, fonte: "Ha mais na campanha, por detraz do Convento da Lapa, huma Fonte chamada do Tororó." (Luiz dos Santos Vilhena [1802], p. 105)
Itumirim (MG). De ytu + mirĩ: cachoeira pequena.
Mandi (córrego de SP). De mandi'ĩ, peixes pimelodídeos.
Muricituba (CE). De murisi + tyba: ajuntamento de muricis, plantas malpiguiáceas.
Nhumirim (SP). De nhũ + mirĩ: campo pequeno.
Paratiguassu (ribeiro do RJ). De parati + ûasu: grandes paratis, peixes mugilídeos.
Pitimbu (rio do RN). De petyma + 'y: rio do tabaco.
Tapeva (córrego de SC). Mesma etim. de Itapeva (v.).
Tibiriçá (nome de h.). De tebira + esá (t): olho das nádegas.
Urupês (SP). De urupé - orelhas-de-pau, var. de cogumelos da família das poliporáceas (VLB, I, 86).
IHERING, Rodolfo Von, Dicionário dos Animais do Brasil. São Paulo, 1968.
frouxo - kué; membek (v. membeka)
pescar - (tr.): ekyî (s); (intr.): pindaeîtyk; (pescar com rede): îeporakar
quarto (num. ord.) - oîoirundyka
recear - posykyîé; poûsub; eroangu; eronheangu
serra2 (= instrumento de serrar) - ybyrakytĩaba
Desse termo tupi provém, também, o nome do município de AVARÉ (SP).
abati'itinga (etim. - milhozinho branco) (s.) - trigo (VLB, II, 137)
-abo [suf. de gerúndio. Sua forma nasal é -amo. Apresenta também os alomorfes -bo e -mo (nasal).]: ...xe 'anga moingó-katûabo! - fazendo estar bem minha alma! (Anch., Poemas, 92); ...Îandé rarõmo... - Guardando-nos. (Anch., Poemas, 90); ...nde moingóbo xe py'ape... - fazendo-te viver no meu coração (Anch., Poemas, 94)
aîká (s.) - boto, nome comum aos cetáceos odontocetos, delfinídeos (de mar) e platanistídeos (de rios) (VLB, I, 58)
aîurupy4 (s.) - colo (D'Evreux, Viagem, 158)
akaîuba - o mesmo que murukuîagûasu (v.)
'aputu'uma (s.) - cérebro, miolos; massa encefálica: I 'aputu'uma t'a'u. - Hei de comer seus miolos. (Anch., Teatro, 66) ● 'aputu'ũ-aoba - saco, teia ou teagem dos miolos (Castilho, Nomes, 29; VLB, II, 125); 'aputu'ũ-mbira - tecido dos miolos (Castilho, Nomes, 29); 'aputu'umbok - arrancar o miolo de (p.ex., de cabaços novos): Aîputu'umbok. - Arranquei o miolo dele. (VLB, I, 125)
apypema (s.) - cume (p.ex., de serra) (VLB, I, 87); espigão (VLB, I, 126)
'ar6 (v. intr. compl. posp.) - atinar, compreender [complemento com esé (r, s)]: A'ar ko'yté aîpó resé. - Atinei, enfim, com isso. (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 277)
arabó (s.) - serpente venenosa, o mesmo que araboîa (v.) (Piso, De Med. Bras., III, 171)
arataratagûasu (s.) - outro nome do gûaînumby (v.) (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 196)
aso'îabok (v.tr.) - descobrir, destampar: Eîaso'îabok nde karamemûã t'asepîak nde ma'e. - Destampa tua caixa para que eu veja tuas coisas. (Léry, Histoire, 346)
boîesy (s.) - enfeite muito branco, feito de grandes búzios marinhos, da forma de uma meia-lua, que se pendurava ao pescoço (Staden, Viagem ao Brasil, 148)
'ẽ (ou 'em) - (v. intr.) - 1) manar, vazar, verter-se, entornar-se, fazer água (p.ex., o navio): O'ẽ. - Faz água. (VLB, I, 136); ...Aûnhenhẽ 'y sugûy abé i xuí i 'emi, osyryka. - Imediatamente, água e seu sangue dele vazaram, escorrendo. (Ar., Cat., 93); 2) poluir-se, ter polução por excitação sexual: O'ẽpe erimba'e nde membyra nde i potasápe? - Poluiu-se outrora teu filho por tu o desejares? (Anch., Doutr. Cristã, II, 97) ● 'ẽaba - tempo, lugar, modo, causa, etc. de verter, de manar, de vazar: Minusu pupé iî yké kutuki... aûnhenhẽ 'y sugûy abé i xuí i 'ẽaûama. - Com uma lança espetaram seu flanco, causa de verterem imediatamente dele água e seu sangue. (Anch., Diál. da Fé, 192)
ebûinga - o mesmo que eboûinga (v.) (Fig., Arte, 85)
endy1 (s) (v.tr.) - cuspir (em): Omarãmonhangype, oîoendyne? - Brigarão, cuspirão um no outro? (Anch., Doutr. Cristã, I, 228)
endy3 (ou eny) (t) (s.) - cuspo, saliva (VLB, I, 88): Mba'erama ripe asé tĩme o endy moíni? - Por que põe sua saliva no nariz da gente? (Ar., Cat., 81v); [adj.: endy (r, s)] - salivoso, salivante; (xe) salivar: Xe rendy-rendy. - Eu fico salivando. (VLB, I, 85)
gûetépe (etim. - em seu corpo) (adv.) - inteiro, inteiramente, por inteiro (VLB, II, 13): I Tupã irũmo bé kó seté rekóû, pesembûeri pupé bé gûetépe-katu re'a... - Eis que com seu corpo deve estar sua divindade, nos pedacinhos também, inteiramente. (Ar., Cat., 85); ...Itá gûetépe.- Inteiramente de pedra. (Léry, Histoire, 363) ● gûetépe bé (ou gûetépe nhẽ) - por inteiro (VLB, II, 13); todos juntos (VLB, II, 130)
îeaseî (v. intr. compl. posp.) - agastar-se, irritar-se, haver-se rispidamente [compl. com esé (r, s)]: Aîeaseî (abá) resé. - Irritei-me com o homem. (VLB, II, 106, adapt.)
îeîyî (v. intr. compl. posp.) - afastar-se, mudar-se (complemento com suí) (VLB, II, 44): Ixé n'aîeîyî i xuí... - Eu não me afasto deles. (Anch., Teatro, 40); Oîeîyîpe a'e o boîá mosapyr suí a'ereme? - Afastou-se daqueles seus três discípulos, então? (Ar., Cat., 52v)
îekok (v. intr. compl. posp.) - apoiar-se, encostar-se, escorar-se, arrimar-se [em algo ou em alguém: compl. com esé (r, s)]: Xe resé oîerobîá,... xe resé-katu oîekoka. - Em mim confiam, bem em mim apoiando-se. (Anch., Teatro, 40); Aîekok sesé. - Encosto-me nele. (Anch., Arte, 44v); ...Oroîekok nde resé. - Apoiamo-nos em ti. (Anch., Poemas, 172); Nde pó gûyrype oroîkó, nde resé oroîekoka. - Sob tuas mãos estamos, em ti apoiando-nos. (Anch., Poemas, 174)
îekokaba (s.) - encosto, suporte, apoio (de uma pessoa, p.ex., uma bengala, um corrimão de escada, etc.) (VLB, I, 115)
îekosub2 (v. intr. compl. posp.) - alcançar, obter, achar [compl. com esé (r, s) ou ri]: Sorybeté rakó abá mba'eeté amõ resé o îekosub'iré. - Muito feliz está o homem, certamente, após alcançar alguma verdade. (Ar., Cat., 126); ...Mba'e-memûãngatupabẽ resé i îekosubyne... - Muitíssimas coisas más eles acharão. (Ar., Cat., 164) ● îekosupaba - tempo, lugar, modo, causa, etc. de alcançar, de obter: ...sesé xe îekosubagûama ri - para alcançá-lo eu (Bettendorff, Compêndio, 29)
îepe'a (v. intr. compl. posp.) - afastar-se, apartar-se (de algo ou de alguém: compl. com suí): Aîkobé; n'aîepe'aî i xuí. - Aqui estou; não me afasto deles. (Anch., Teatro, 88); ...Tupã suí i îepe'a-potá... - Querendo que eles se afastem de Deus. (Ar., Cat., 160); Eîepe'a! Ekûá ké suí ra'a! - Afasta-te! Vai-te daqui já! (Anch., Teatro, 32) ● îepe'asaba - tempo, lugar, modo, etc. de afastar-se; afastamento: ...Tekó-angaîpaba suí o îepe'aagûera repyramo. - Como recompensa de seu afastamento da vida má. (Ar., Cat., 169v)
îepotar2 (v. intr. compl. posp.) - alastrar-se (p.ex., fogo, doença) [compl. com esé (r, s)] (VLB, I, 38)
îugûá (s.) - visco, suco vegetal glutinoso com que os caçadores untam pequenas varas para nelas prender as aves que aí pousem (VLB, II, 146)
îuraytá (etim. - esteio de jirau) (s.) - tirante de casa; viga, travões (de telhado de casa) (VLB, II, 128; Léry, Histoire, 359)
kangûera1 (etim. - ossos que foram) (s.) - esqueleto (Castilho, Nomes, 31); ossada; espinha: pirá-kangûera - espinhas de peixe; mba'e-kangûera - ossada (de animal) (VLB, II, 59); (adj.: kangûer) - esquelético, muito magro, descarnado, posto nos ossos: Xe kangûer. - Eu estou esquelético. (VLB, II, 28)
kararapinima (s.) - espécie de crustáceo dos mangues, da família dos grapsídeos (D'Abbeville, Histoire, 248; Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 183 e 185)
Karaûatá'ûara (etim. - comedor de gravatás) (s. antrop.) - nome de índio tupi (Staden, Viagem, 74; D'Abbeville, Histoire, 184v)
karukypy (etim. - começo do entardecer) (s.) - boca da noite (VLB, II, 50)
koîpó (ou konipó) (conj.) - ou: Andyrá ruãpe é, panama koîpó gûaîkuíka? - Será que é um morcego, uma borboleta ou uma cuíca? (Anch., Teatro, 42); Sekoaûîépe gûaîtaká koîpó gûaîanã ra'yra? - Está pronto o goitacá ou o filho do guaianá? (Anch., Teatro, 62); Yby koîpó mba'e amõ gûara... - O que come terra ou outra coisa. (Ar., Cat., 70); Endé konipó ixé. - Tu ou eu. (VLB, II, 60)
korokoró (s.) - COROCORÓ, peixe da família dos percídeos (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 177)
kuîpuna - o mesmo que kuîpeúna (v.) (Piso, De Med. Bras., 189)
kunuru (s.) - espécie de crustáceo da família dos ocipodídeos (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 185)
maniakaó (s.) - lombo interior (Castilho, Nomes, 33; VLB, II, 24)
mboîgûasurepoti (etim. - fezes de cobra grande) (s.) - âmbar (VLB, I, 34)
mie'ẽ (ou mbie'ẽ) (v. intr.) - ralar mandioca: Amie'ẽ. - Ralo mandioca. (VLB, II, 96)
moîa'ok2 (v.tr.) - distinguir: Tupã é abaré oîmoîa'ok gûekobîaramo... - O próprio Deus distinguiu o padre como seu substituto. (Anch., Doutr. Cristã, II, 77)
moîyb2 (ou moîy) (v.tr.) - cozer, assar, cozinhar: ...A'epe i moîypa, i gûabo. - Ali assando-os e comendo-os. (Anch., Teatro, 140); ...O emi'urama tiruã moîybe'yma... - Não cozendo sequer sua comida. (Ar., Cat., 11v); Emoîyb pirá. - Coze o peixe. (Léry, Histoire, 367); Emoîyb kaûĩ amõ. - Coze algum cauim. (Léry, Histoire, 367); Oú bé senha'ẽpepó t'omoîy xe renondé. - Veio também sua panela para que os cozinhe adiante de mim. (Anch., Teatro, 66)
momosakar (v.tr.) - enobrecer, tornar um moçacara (VLB, I, 117)
mopokyrirĩ (v.tr.) - retorcer, enrolar (linha, cordão, etc.) (VLB, II, 104)
mosapysaba (num.) - terceiro: i mosapysaba - o terceiro deles (Ar., Cat., 154v)
moybyr (ou moyby) (etim. - tornar fresco) (v.tr.) - remoçar, renovar: Îandé o 'u îabi'õ îandé moybymo... - Far-nos-ia remoçar cada vez que nós o comêssemos... (Ar., Cat., 40)
mutugûaba (etim. - tempo de descanso) (s.) - festa religiosa, feriado religioso, dia santo (VLB, I, 138)
nhe'ẽpyo'u (etim. - comer numerosas palavras) (s.) - rouquidão; (adj.) - Xe nhe'ẽpyo'u. - Eu estou rouco. (VLB, I, 117)
nhuban (v.tr.) - envolver (com pano, capa, embrulho, etc.); embrulhar; amortalhar (VLB, I, 120)
pe2 (ênclise que expressa deliberação, para h. e m. É acompanhada por ká (para h.) ou ky (para m.), que se coloca no final do período.) - haver de: ...Aîkó umẽpe mba'epoxy resé sobaké ká... - Não hei de estar na maldade diante dele. (Ar., Cat., 66); Anhenonhẽpe ko'yté ká... - Hei de me corrigir, enfim. (Ar., Cat., 75); Aîemĩngatupe ká. - Hei de me esconder bem. (Anch., Teatro, 32); "Xe katupe ká..." - Hei de ser bom. (Anch., Teatro, 38); Aîmoeté-katupe xe ruba ká... - Hei de louvar muito meu pai. (Ar., Cat., 25v); Asó umẽpe ky. - Não hei de ir (dito por mulher). (Anch., Arte, 23)
pen1 (-îo- ou -nho-) (v.tr.) - entrançar (VLB, I, 119)
pe'uma (s.) - 1) genro (de m.); 2) marido da sobrinha (de m.) (Ar., Cat., 115-115v)
piku'i2 (s.) - PICUÍ, nome de uma ave columbiforme da família dos columbídeos (Lisboa, Hist. Anim. e Árv. do Maranhão, fl. 194)
pirapanema (etim. - peixe imprestável) (s. astron.) - 1) estrela-d'alva (VLB, I, 130); 2) o planeta Mercúrio (VLB, II, 36)
pobe'eng (v. intr. compl. posp.) - apontar (com o dedo, por escárnio ou desprezo) (para algo ou alguém: compl. com supé): Apobe'eng (abá) supé. - Apontei para o homem. (VLB, I, 39, adapt.)
poekar (v.tr.) - revolver, revirar, trasfegar (VLB, II, 135)
porepîaka'uba (m) (etim. - ver gente na imaginação) (s.) - saudades (VLB, II, 113)
potĩkykyîxé (s.) - espécie de crustáceo, conhecido vulgarmente como lagostim (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 186; Theat. Rer. Nat. Bras., I, 79)
pupîara - o mesmo que pupé-ndûara (v. pupé) - o que está em, o que está dentro de: ...Opakatu ikó 'ara pupîara mba'easy sosé. - Mais que todas as coisas dolorosas que estão neste mundo. (Anch., Doutr. Cristã, I, 221)
pyaba (mb) (etim. - pés de penas) (s.) - calçuda (diz-se de aves que têm as pernas ou as patas cobertas de penas) (VLB, I, 63); (adj.: pyab) - calçudo (VLB, I, 63)
suîriri (s.) - SUIRIRI, SIRIRI, pássaro da família dos tiranídeos, de hábitos migratórios (Sousa, Trat. Descr., 234; Theat. Rer. Nat. Bras., I, 140)
taîasupytá (etim. - porco que fica, i.e., que não foge) (s.) - espécie de porco selvagem da família dos taiaçuídeos (Cardim, Trat. Terra e Gente do Brasil, 26)
tatybe'yma (etim. - sem ocorrência de aldeias) (s.) - ermo (VLB, I, 121); lugar despovoado (VLB, I, 100)
tuturubá - o mesmo que tytyrybá (v.) (Silveira, Relação do Maranhão, fl. 11v)
ûiûiá (s.) - espécie de lontra (Sousa, Trat. Descr., 250-251)
ybyra4 (s.) - frescor (p.ex., de carne, peixe) (VLB, I, 144); verdor; (adj.: ybyr) - fresco, verde (o contrário de seco, como pau, madeira, etc.) (VLB, II, 144)
Coaçu (rio do CE). De kó + -ûasu - roça grande.
Ipu (CE). De 'y + pu: rio barulhento. Nome dado por lei de 1840, Vila Nova do Ipu Grande. (fonte: IBGE)
Itapixé, Córrego do (MG). De itá + pixé: chamusco da pedra ou pedra chamuscada.
Maíra (nome de mulher). De maíra - entidade mitológica dos antigos tupis que serviu para designar os franceses, que os índios supunham ser criaturas sobrenaturais. Significa, assim, francês.
Poti (rio do PI). De potĩ: camarões.
Tiribobó (rio do RJ). De ty + îarybobõ: rio das pontes.
Trussu, Rio (CE). De turusu: grande.
CAXA, Quirício, "Breve Relação da Vida e Morte do Padre José de Anchieta". Primeiras Biografias de José de Anchieta. São Paulo, Loyola, 1988.
_____(org.) Estudos sobre Línguas Tupi do Brasil. Série Lingüística Nº 11. SIL, Brasília, 1984.
beber - 'u (v.tr. irr.) ● beber cauim: ka'u; beber água: 'y'u
se1 (índice de indeterminação do sujeito) - gûá; ybá; ybŷá
abiîu2 (t) (s.) - espécie de roupa usada no século XVI; saia de pano (VLB, I, 84)
amaeîu (interj. de m.) - oh! coitado de! (dito por aquela que perdeu algo e já não pode recuperar) (VLB, II, 53)
amokó (s.) - MOCÓ, roedor sem cauda da família dos caviídeos (Kerodon rupestris, Wied) (D'Abbeville, Histoire, 251v). É importante na sociedade nordestina pois sua carne, pelagem e banha são amplamente utilizados para diversos fins. (D'Abbeville, Histoire, 251v)
apagûy (interj. de h.) - Ui! Coitado! (expressão de dó, dor, lamento ou escárnio) (VLB, II, 53, 139)
apeaob (etim. - cobrir por fora) (v.tr.) - forrar (p.ex., barrete, vestido, etc.): Aîapeaob. - Forrei-o. (VLB, I, 142)
atybi (nhẽ) (conj.) - em vez de, ao contrário, em vez de ser (VLB, I, 101)
e'uma'ẽ (interj. de m.) - Ui! Coitado! (Expressa dor, dó, espanto, condolências.) (VLB, II, 53, 139)
îearok (v. intr.) - consumir-se, gastar-se (VLB, I, 39) (o mesmo que îarok - v.)
îepokok (v. intr. compl. posp.) - dar (nalgum obstáculo do caminho, p.ex., o barco), topar, bater, embarrar: Sakã resé i îepokoki. - Ela embarrou nos seus ramos. (VLB, I, 111)
îe-pupé - o mesmo que îo-upé (v.) (Anch., Arte, 16)
îerobyk (ou îoerobyk) (v. intr.) - ajuntar-se: Oîerobyk. - Ajuntam-se. (VLB, I, 29)
îeruresara (etim. - o que pede) (s.) - advogado, o que faz petições: Ene'ĩ, oré îeruresar! - Eia, advogada nossa! (Ar., Cat., 14v)
îeysyrung (v. intr.) - pôr-se em fila, enfileirar-se: Oroîeysyrung. - Pusemo-nos em fila. (VLB, II, 101)
imbegûasu - o mesmo que gûembegûasu (v.)
îopupé - o mesmo que îoupé (v.) (Anch., Arte, 16)
itaîubaíba (etim. - ouro ruim) (s.) - latão (VLB, II, 19)
îubĩote / ubĩote (t, t) (etim. - estar deitado, somente) (v. intr. irreg.) - estar quieto (num lugar, deitado, bolindo-se ou não): Aîubĩote. - Estou quieto. (VLB, II, 7).
kaî1 (interj.) - o mesmo que akaî e akaîgûá (v.)
kaîakanga (s.) - polvo, nome comum aos moluscos cefalópodes, octópodes (VLB, II, 80)
ka'i'ûara (etim. - comedores de caís) (s. etnôn.) - nome de antiga nação indígena (Cardim, Trat. Terra e Gente do Brasil, 124)
kunumĩ (s.) - 1) menino, CURUMIM (Amaz.): Kunumĩ turusu. - O menino é grande. (Fig., Arte, 75); Nde pópe ogûapyka, osó kunumĩ... - Em tuas mãos sentando-se, vai o menino. (Anch., Poemas, 120); 2) meninice, idade de menino, tempo de menino, infância (compreendida entre 1 e 7 ou 8 anos) (D'Evreux, Viagem, 130): xe kunumĩ-era - meu nome de meninice, meu nome de infância (Anch., Arte, 9v); 3) moço, rapaz (VLB, II, 96) (v. tb. kunumĩgûasu): Onheŷnhang umã sesé kunumĩetá kagûara... - Já se juntaram por causa disso muitos moços bebedores de cauim. (Anch., Teatro, 24); kunumĩ-nhembo'e - moço que aprende, moço aprendiz (Anch., Arte, 32) ● kunumĩ-a'uba - rapaz (por desprezo, pejorativo) (VLB, II, 96)
mamõygûara (etim. - o que é de fora, o que é de longe) (s.) - forasteiro (VLB, I, 141)
mamõygûaraé (etim. - o que é de fora e diferente) (s.) - estrangeiro, estranho (VLB, I, 130)
mani- elemento de composição presente em mani'oka, mani'yba, manipo'i, etc.
mba'ekugûapara (etim. - o que conhece as coisas) (s.) - sábio ● mba'ekugûapara'uba - sábio fingido, pseudo-sábio (VLB, II, 110)
mbosyî (v. intr. compl. posp.) - carregar-se, levar carga, ficar carregado (com algo: compl. com esé (r, s)]: Ambosyî ahẽ resé. - Fiquei carregado com ele (isto é, carreguei-o, levei-o às costas). (VLB, I, 67); Ambosyî. - Levo carga. (VLB, I, 68)
moaob (v.tr.) - vestir, pôr roupa em; fazer ter roupa: Ikatupendûara moaoba. - Vestir os nus. (Ar., Cat., 18); Aîmoaob Pedro. - Faço Pedro ter roupa. (Anch., Arte, 48v)
moîanypagûer (v.tr.) - tingir de jenipapo (encostando em alguém, isto é, pelo contato físico) (VLB, II, 128)
mokamby (v.tr.) - o mesmo que mokambu (v.)
morutĩ (s.) - BURITI, nome de uma palmeira (v. moretĩ) (Bettendorff [1698], Crônica do Maranhão, in RIH, LXXII [1909], 169)
mosapyra (num.) - 1) terceiro (Fig., Arte, 4): -Marã e'ipe i mosapyra? -Que diz o terceiro deles? (Ar., Cat., 76v); 2) terceira vez (VLB, II, 127)
mururé (s.) - MURURÉ, nome de duas plantas da família das moráceas, do gênero Brosimum, também conhecidas como MURERU (D'Abbeville, Histoire, 224v)
nen (-îo- ou -nho-) (v.tr.) - moderar (p.ex., os costumes): Anhonen. - Moderei-os. (VLB, II, 39)
nhearupu'am (v. intr.) - erguer-se, ficando sentado (VLB, I, 121)
nhemboryb (ou îemboryb) (v. intr.) - alegrar-se: Kó oroîkó oronhemborypa... - Aqui estamos para nos alegrar. (Anch., Teatro, 118)
nhemoaíb3 (v. intr.) - envelhecer (fal. de coisas) (VLB, I, 119)
nhemopoîaî (v. intr. compl. posp.) - fazer agrado, fazer carícia; ter cuidado (p.ex., dando de comer) [compl. com esé (r, s)]: Anhemopoîaî (abá) resé. - Fiz afagos no homem. (VLB, I, 67, adapt.); Anhemopoîá-poîaî. - Fico fazendo mimos. (VLB, II, 38) ● nhemopoîaîtaba - tempo, lugar, modo, objeto, etc. de fazer agrado, de fazer mimos; o mimado (VLB, II, 38)
nhemoysy (v. intr.) - pôr-se em fila, enfileirar-se: Oronhemoysy. - Enfileiramo-nos; pusemo-nos em fila. (VLB, I, 127; II, 101)
ogûar - 3ª p. do indic. do v. îar / ar(a) (t, t) (v.)
Piraoby (etim. - peixe verde) (s. antrop.) - nome de índio tupi (Vasconcelos, Crônica, I, §203, 278)
pirytybora (m) (etim. - o que costuma ter pele imunda) (s.) - leproso (VLB, II, 20); o que tem lepra (VLB, I, 146)
pokok2 (v. intr. compl. posp.) - dar combate, fazer ataque [a alguém: compl. com esé (r, s) ou ri]: Kûesé, karaíba ri i pokoki... - Ontem, aos brancos deram combate. (Anch., Teatro, 140); Apokok (abá) resé. - Dou combate aos homens. (VLB, I, 53, adapt.)
porero'ara (m) (etim. - o que derruba gente) (s.) - agressor: Memeté a'e morero'arupîara. - E, principalmente, eles são adversários de agressores. (Léry, Histoire, 357)
poro'aîubykatyba (m) (etim. - o que enforca gente de costume) (s.) - algoz, enforcador (VLB, I, 31)
poroapindara (m) (etim. - o que tosquia as pessoas) (s.) - barbeiro; tosquiador (VLB, I, 52)
pûar2 (v. intr. compl. posp.) - bater, dar punhada, dar pancada [em alguém: compl. com esé (r, s) ou ri]: Kunhã muru'abora resé opûá... - Batendo numa mulher grávida. (Ar., Cat., 70v); Marãpe erepûar xe resé? - Por que bates em mim? (Ar., Cat., 56); ...T'opûar anhanga ri... - Que bata no diabo. (Anch., Poemas, 88) ● pûaraba (ou pûasaba) (m) - tempo, lugar, modo, objeto, etc. de bater, de dar pancada; golpe, pancada: ...Nde resé i pûaragûera moasŷabo. - Arrependendo-se ele de ter batido em ti. (Ar., Cat., 106v); ...Nde remirekó resé epûá tenhẽmo, mûasá-mbururamo serekóbo îepi... - Batendo sem motivo na tua esposa, tratando-a sempre como objeto maldito de pancada... (Anch., Doutr. Cristã, II, 103); Na xe pûasabi. - Eu não tenho com que bater. (VLB, II, 69); pûasá-bora - marca de pancada, de porrada; o sinal de uma batida, de um golpe (VLB, II, 82; 144)
pupé (posp.) - 1) dentro de: Mba'epe ererur nde karamemûã pupé? - Que trouxeste dentro de tua caixa? (Léry, Histoire, 342); 2) com (instr.): Oîeypyî 'y-karaíba pupé. - Asperge-se com água benta. (Ar., Cat., 24); ...Opîá o akangaobĩ pupé. - Cobrindo-o com seu véu. (Ar., Cat., 62); itá pupé - com uma pedra (VLB, I, 77) 3) em (temp.): kó semana pupé... - nesta semana (Ar., Cat., 4); 4) em, para, para dentro de: ...Apŷaba... mondóbo xe retama pupé. - Enviando homens para minha terra. (D'Abbeville, Histoire, 341v); Mba'e-tepe peseká kó xe retama pupé? - Mas que é que procurais nesta minha terra? (Anch., Teatro, 28); ...Ybyrá pupé omanõmo... - Morrendo na cruz. (Anch., Poemas, 90); ...Purgatório pupé osoba'e... - as que vão para o purgatório (Ar., Cat., 136, 1686); 5) dentro do mesmo lugar de; no mesmo lugar de; com (de companhia): A'ar nde pupé. - Embarco contigo. (Anch., Arte, 40v); A'a nde pupé. - Caí no mesmo lugar de ti (isto é, caí em teus costumes); 6) entre, no meio de, junto com: Arasó nde mba'e xe mba'e pupé. - Levei as tuas coisas entre as minhas coisas. (Anch., Arte, 40v) ● pupé-ndûara (ou pupé-sûara) - o que está dentro de; o que é interior, o interno (VLB, II, 13)
putupaba1 (m) (etim. - fôlego esgotado) (s.) - admiração, espanto; abalo; (adj.: putupab ou putupá) - admirado, espantado, maravilhado: Xe putupab nhẽ nde ri. - Eu estou admirado contigo. (Léry, Histoire, 353)
putupaba2 (m) (etim. - fôlego esgotado) (s.) - preocupação, interesse [compl. com esé (r, s)]: ...Îandé 'anga rekorama resé îandé putupaba potá. - Querendo nossa preocupação com o futuro estado de nossa alma. (Ar., Cat., 154); (adj.: putupab ou putupá) - preocupado, interessado; (xe) interessar-se, preocupar-se, importar-se: O a'yra resé oputupabe'ymamo... - Com seu filho não se importando. (Ar., Cat., 69); Nde putupápe nde ra'yra resé...? - Tu te importas com teu filho? (Ar., Cat., 101); Apŷaba raûsupa nhẽ... oré putupá sesé. - Amando os homens, nós nos preocupamos com eles. (Anch., Teatro, 28)
py'aká (etim. - romper o estômago) (v.tr.) - embaçar (batendo na boca do estômago) (VLB, I, 110)
segûé (interj. de h.) - expressa espanto ou zombaria: veja isto! (VLB, II, 53); olha só! (VLB, II, 56)
sîesîepanema (etim. - ciecié imprestável) (s.) - CIECIÉ-PANEMA, crustáceo da família dos ocipodídeos (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 185)
tapi'iresá (etim. - olho-de-boi) (s.) - TAPIREÇÁ, olho-de-boi, peixe da família dos carangídeos (Sousa, Trat. Descr., 283)
tataendy2 (etim. - luz de fogo) (s. astron.) - nome de uma estrela brilhante (D'Abbeville, Histoire, 319v)
tieoby (etim. - tiê verde) (s.) - variedade de TIÊ, pássaro da família dos traupídeos (Soares, Coisas Not. Brasil [ms .c], 1337-1347)
tieobygûasu (etim. - tiê verde e grande) (s.) - variedade de TIÊ, pássaro da família dos traupídeos (Soares, Coisas Not. Brasil [ms .c], 1337-1347)
TIMBÓ, no P.B. (SP, fig. pop.) é também lassidão, moleza, entorpecimento dos membros (apud Dicion. Caldas Aulete).
TUCUM (foto de Júlio Pedrosa)
NOTA - O verbo 'u, no deverbal 'ûara / gûara, do tupi, está presente em muitas palavras no P.B.: POTIGUAR (potĩ + gûara, "comedor de camarões"), o natural do Rio Grande do Norte; CERNAMBIGUARA (serinambi + gûara, "comedor de cernambis"), nome de um peixe; BURITIGUARA ("comedor de buritis"), nome de povo indígena extinto; PACAGUARA ("comedor de pacas"), nome de povo indígena extinto; MANIUARA ("comedor de manis"), saúva, var. de formiga; PIRAGUARA ("comedor de peixes"), outro termo para designar o caipira, etc.
ububoka - o mesmo que ybyboboka (v.) (Sousa, Trat. Descr., 260-261)
una2 (t) (s.) - negror, cor preta; [adj.: un (r, s)] - negro, preto: -Aoba. -Marãba'e? -Sobyeté, ...sun. -Roupas. -De que tipo? -Elas são azuis, elas são pretas. (Léry, Histoire, 342-343); Xe run tatatinga suí. - Eu estou preto de fumaça. (VLB, I, 92); Xe run. - Eu sou preto. (VLB, II, 49)
uruká (s.) - instrumento musical, variedade de trombeta (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 278)
'yemby (etim. - pé de rio [de água doce ou salgada]) (s.) - esteiro de mar ou rio, braço muito estreito de mar ou rio, que entra pela terra (VLB, I, 128)
ypybo (loc. posp.) - perto de, nas proximidades de: ...T'oîkó umẽ moxy xe ypybo... - Que não esteja o maldito perto de mim. (Ar., Cat., 141)
ypye'yma (t, t) (etim. - sem fundura) (s.) - baixio no mar (VLB, I, 51)
'ysoko'ĩ (etim. - pequeno socó da água ) (s.) - nome de uma ave (Theat. Rer. Nat. Bras., I, 120)
ysybõ (s) (v.tr.) - pôr em fileira, em fila, em enfiada (p.ex., peixes, contas, etc.): Asysybõ. - Pu-los em enfiada. (VLB, I, 116)
ysypó (s.) - CIPÓ, ICIPÓ, designação comum às plantas sarmentosas ou trepadeiras que pendem das árvores e nelas se trançam (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 14; Staden, Viagem, 35; VLB, II, 145): Aîmaman okytá ysypó pupé. - Amarrei o esteio com cipó. Aîmaman ysypó okytá resé. - Enrolei o cipó no esteio. (VLB, I, 117) ● ysypó-tyba - ajuntamento de cipós (Léry, Histoire, 349)
Guaciara (nome de mulher). De kûarasy + 'ara: dia de sol.
Jacu Mirim (rio do RN). De îaku + mirĩ, jacus pequenos.
Jacuí Mirim (rio do RS). De îaku + 'y + mirĩ, rio pequeno dos jacus.
Macaé (RJ). Do termo do tupi antigo mokaîé, conhecido indiretamente na composição mokaie'yba - mocajaíba, bocaiúva, var. de palmeira.
Muriaé (rio de MG). O rio Muriaé banha região que foi habitada por índios Puris, já extintos. Não é nome tupi.
Pejuaba (rio do PI). De peîu + -aba: instrumento de abanar, abano (VLB, I, 46).
Taquari Mirim (rio do MT). De takûara + 'y + mirĩ: rio pequeno das taquaras.
_____Cartas dos Primeiros Jesuítas do Brasil [1538-1563]. São Paulo, Comissão do IV Centenário da Cidade de São Paulo, 1954, 3 vols.
após - riré; roîré; ré ● logo após, logo depois de: bé
descer - gûeîyb ● descer com; fazer descer consigo: erogûeîyb
abakatuaîatakapá (s.) - nome de um peixe da família dos carangídeos (Libri Princ., 98)
Abatiúna (etim. - milho escuro) (s. antrop.) - nome de índio tupi (D'Abbeville, Histoire, 186v)
aembé (r, s) (s.) - corte, fio (de faca, machado, etc.): aembé-korõîa - fio embotado (VLB, I, 44); [adj: aembé (r, s)] - afiado (p.ex., faca) (VLB, I, 27); Saembé. - Ela está afiada. (VLB, I, 83)
agûara'yba (s.) - nome comum de certas plantas anacardiáceas
agûari (s.) - nome de um peixe da família dos ciclídeos (Soares, Coisas Not. Brasil [ms .c], 2288-2292)
akarapeasaba (s.) - nome de um peixe, sargo-de-rio (VLB, II, 113)
aky1 (interj. de dó, dor ou lamento - de h.) (VLB, II, 53)
amykyra (s.) - broto, renovo de planta, grelo (VLB, I, 149)
api'agûasu (t) (etim. - testículos grandes) (s.) - hérnia do escroto; [adj.: api'agûasu (r, s)] (xe) - ter hérnia: Xe rapi'agûasu. - Eu tenho hérnia. (VLB, II, 83)
apysakarara (s.) - surdo (como se dizia em Piratininga) (VLB, II, 122)
aru1 (s) (v.tr.) - 1) impedir, obstar; 2) prejudicar, ser nocivo, danar ● arûara - o que impede; o que prejudica, o que dana; danador: Oîkobé nde arûara é. - Aqui está teu danador. (Anch., Teatro, 90); arûaba (t) - tempo, lugar, finalidade, etc. de impedir, de obstar, de prejudicar, etc.: ...Tapi'irusu sarûápe kapi'ĩ anhẽ rerupa. - Colocando o boi capim às pressas para impedi-lo. (Anch., Poemas, 130)
byrygûi (s.) - BURIQUIM, BIRIGUI, var. de macaco de rosto e pernas compridas (o mesmo que mbyryki - v.) (VLB, I, 56)
-bo2 (posp.) 1) em, por, per (locativo, expressando difusão, indeterminação do lugar, não um lugar específico): kóbo - nas roças (Anch., Arte, 42); pelas roças (Anch., Arte, 42v); ka'abo - pelas matas (VLB, II, 81); nhũbo - pelos campos (VLB, II, 81); kóbo - por aqui (VLB, II, 81); 2) segundo, de acordo com, conforme: ...Cruz resé i moîari, i îeruresabo é... - Conforme seu próprio pedido, na cruz o pregaram. (Ar., Cat., 9); ...Îudeos ekomonhangábo i 'apira mondoki. - Segundo o rito dos judeus, seu prepúcio cortaram. (Ar., Cat., 3); 3) para (dativo, com pron. pess.):... - O'a îandébo kori. - Nasceu para nós hoje. (Anch., Poemas, 94); 4) por, no caso de [com deverbais em -sab(a)]: Nde i potasábo-katu é, t'onhemonhang... - No caso de o desejares muito mesmo, que se faça (tua vontade). (Ar., Cat., 53)
ekó7 (t) (s.) - ser, modo de ser: A'e anhẽ mosapyr pessoaamo i îa'oki, oîepé og ekó-karaíba îese'ara pupé nhẽ. - Eles, na verdade, em três pessoas se distinguem, na união de seu único ser divino. (Anch., Doutr. Cristã, I, 134); Xe rekó-aé arekó. - Tenho meu modo de ser diferente. (VLB, I, 103)
ekoeté (t) (etim. - proceder verdadeiro) (s.) - esforço; magnanimidade (para realizar coisas árduas e perigosas) (VLB, I, 124; II, 28)
embé2 (t) (s.) - beiço inferior (Castilho, Nomes, 39); [adj.: embé (r, s)] (xe) - ter beiço: Xe rembegûasu. - Eu tenho beiço grande. Mba'e-embegûasu! - Coisa beiçuda! (VLB, I, 54) ● sembegûasuba'e - o que tem beiço grande (VLB, I, 54)
gûaîbokara (s.) - nome de um peixe marinho (Sousa, Trat. Descr., 288)
gûaky - o mesmo que mokó (v.) (Brandão, Diálogos, 255)
gûamaîakugûará (s.) - nome de um peixe (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 158; VLB, II, 70)
guĩ - o mesmo que ûĩ (v.) (Fig., Arte, 85)
gûiti'yba (etim. - pé de gueti) (s.) - árvore da família das crisobalanáceas (Licania tomentosa (Benth.) Fritsch.) (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 115)
gûyrybo (loc. posp.) - sob, por debaixo de (em sentido difuso): ...Anhanga pó gûyrybo nhẽ sekóû... - Sob as mãos do diabo está. (Ar., Cat., 31v); pysaîekatu ké-gûyrybo - "sob o sono" da alta noite, nas horas mortas da noite, em que todos dormem (VLB, I, 32)
2 (interj.) - diz o que está angustiado (Fig., Arte, 147)
îagûasagûaré (s.) - espécie de peixe carnívoro da família dos quetodontídeos, com grande número de representantes encontrados nos recifes, parcéis e bancos coralíneos (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 156)
îarameté (conj.) - como se: Xe só îarameté... - Como se eu fosse... (Anch., Arte, 26)
îaruma'i (s.) - verme gordo e esbranquiçado que vive nos troncos medulosos das palmeiras silvestres (Piso, De Med. Bras., II 160)
îebyîebyr (ou îebyîeby) (v. intr.) - passear, dar uma volta: Aîebyîebyr. - Passeei. (VLB, II, 67); Îaîebyîeby ranhẽ... - Vamos dar uma volta, primeiro. (Anch., Teatro, 24) ● îebyîebysaba - tempo, lugar, modo, etc. de passear; passeadouro (VLB, II, 67)
îeîoka (s.) - soluço (VLB, II, 112); (adj.: îeîok) - soluçante; (xe) soluçar (p.ex., de frio): Xe îeîok. - Eu soluço. (VLB, II, 112)
îekyî2 (v. intr.) - crescer (pessoa, animal, árvore, etc.) (VLB, I, 85)
îemim - o mesmo que nhemim (v.) (Anch., Teatro, 32)
îemoembiaryîar - o mesmo que nhemoembiaryîar (v.)
îepe'aba (etim. - instrumento de aquecer-se) (s.) - lenha (VLB, II, 20): Aîepe'abar. - Arranco lenha. (VLB, II, 20) Aîepe'abá gûitekóbo. - Estou tomando lenha; Asó îepe'abá. - Vou para arrancar lenha. (VLB, II, 20) ● îepe'a-mobokaba - cunha de fender lenha (VLB, I, 87)
inimbeba (etim. - rede de dormir achatada) (s.) - leito, cama de dormir (VLB, I, 64): inimbebytá - armação de leito (VLB, II, 20)
irũmo (loc. posp.) - com, em companhia de; o mesmo que irũnamo (v.): Ne'ĩ, t'asó nde irũmo... - Eia, hei de ir contigo. (Anch., Teatro, 64); Nde abé... Îesu irũmo t'ereîu. - Que tu também venhas com Jesus. (Anch., Teatro, 118); Orébe t'oré mondyki, nde irũmo t'oroîkobé. - Que ela nos destrua para que vivamos contigo. (Anch., Poemas, 148) ● Pode aparecer com as partículas nhẽ ou bé: Irũmo nhẽ aîkó (ou Irũmo bé aîkó). - Estou com ele. (VLB, II, 114)
itanemarepoti (etim. - ferrugem de metal fedorento) (s.) - azinhavre, matéria verde que se forma na superfície dos objetos de cobre pela ação dos ácidos ou da umidade; verdete (VLB, I, 49)
itaoka2 (etim. - refúgio de pedra) (s.) - prisão, cadeia, presídio (VLB, I, 62)
îu1 (interj. de m.) - oh! ó: Îu, anhangap'ikó ri?! - Oh, será que isto é o diabo?! (Anch., Teatro, 8); ...Mba'enem-y îu! - Ó coisa fedorenta! (Anch., Teatro, 128); Xe sy îu! - Ó minha mãe! (Fig., Arte, 9) [Usava-se também por quem respondia. (VLB, II, 60)]
îukyruru (etim. - recipiente de sal) (s.) - saleiro (VLB, II, 112)
kapuripima (s.) - nome de um peixe (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 180)
konduru (s.) - CONDURU, CONDURU-DE-SANGUE, amapá-doce, grande árvore da família das moráceas (Brosimum paraense Huber) (Sousa, Trat. Descr., 217; Brandão, Diálogos, 171)
korororoka (s.) - nome de um peixe (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 179)
kosok (ou kotok) (v. intr.) - menear, balançar-se, mexer-se, oscilar, vascolejar-se (p.ex., o vaso com líquido) (VLB, II, 142)
kugupugûasu (s.) - espécie de peixe da família dos serranídeos, frequente no litoral tropical da América (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 169)
ku'ĩ (s.) - CUIM, espécie de cuandu, mamífero roedor da família dos eretizontídeos. "É todo cheio de espinhos até o rabo... os quais espinhos são amarelos e têm as pontas pretas e mui agudas." (Sousa, Trat. Descr., 257)
kyîa (s.) nome genérico de plantas da família das solanáceas, gênero Capsicum, conhecidas como pimenta (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 39)
man (-îo- ou -nho-) (v.tr.) - enfeixar, fazer feixe de, fazer em feixe, fazer em molhos: Anhoman. - Enfeixei-os. (VLB, II, 27)
maraká2 (s. etnôn.) - povo indígena tapuia habitante do interior da Bahia (Sousa, Trat. Descr., 350)
marakûani (s.) - nome genérico de caranguejos pequenos da família dos ocipodídeos, vulgarmente conhecidos como navalhas ou tesouras, que habitam frequentemente os manguezais (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 184; VLB, I, 67)
mba'eresysaba (etim. - instrumento de assar as coisas) (s.) - espeto para assar (VLB, I, 126)
mberuoby (etim. - meru verde) (s.) - variedade de mosca (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 254; D'Abbeville, Histoire, 255v)
mboîgûasu1 (ou mboîusu) (etim. - cobra grande) (s.) - BOIGUAÇU, BOIAÇU, BOIUÇU, BOIOÇU, BOIÇU, cobra da família dos boídeos, não peçonhenta, do Brasil. Atinge até dez metros de comprimento. Vive em ambiente aquático; come peixes, aves e mamíferos, que engole, comprimindo-os. (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 239)
mbyryki (s.) - BURIQUI, BURIQUIM, macaco da família dos cebídeos, o maior macaco do continente americano, de pêlo amarelo. Vive em bandos. É também chamado MARIQUINHA, MARIQUINHAS, MURIQUINA, MARIQUINA, MURIQUINHA ● mbyryki-oka - reduto de buriquis (Staden, Viagem, 55)
mixysaba (etim. - instrumento de assar) (s.) - espeto (VLB, I, 126)
mokosokosok (ou mokotokotok) (v.tr.) - vascolejar, mover, sacudir (p.ex., o líquido que está nalgum vaso, misturando seus componentes ou levantando seus sedimentos) (VLB, II, 142)
moropopûasaba (etim. - instrumento de amarrar as mãos das pessoas) (s.) - algemas (VLB, I, 31)
moropûasaba (etim. - instrumento de amarrar as pessoas) (s.) - algemas (VLB, I, 31)
muturaké (s.) - nome de um peixe (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 169)
nhemoaîu1 (v. intr. compl. posp.) - 1) apressar-se; ir atrás (de alguém, importunando): Anhemoaîu-katu. - Apressei-me muito. (VLB, I, 39); 2) esforçar-se, trabalhar demais [por algo: compl. com esé (r, s)]: Anhemoaîu (mba'e) resé. - Esforço-me pelas coisas. (VLB, II, 134, adapt.)
nhemoputun (ou nhemopytun) (etim. - fazer-se escuro) (v. intr.) - eclipsar-se; escurecer-se (p.ex., o sol, o tempo, etc.) (VLB, I, 71; 108): Kuarasy onhemoputun... - O sol eclipsa-se. (Ar., Cat., 159v)
oîoirundyk (ou oîeirundyk) (num.) - quatro: ...oîoirundyk îeapyká sykápe - no transcorrer de quatro gerações (Ar., Cat., 129)
okytá (r, s) (etim. - esteio de casa) (s.) - 1) esteio, coluna, pilar: Oîaobok, itá-okytá resé i popûá... - Despiram-no, amarrando-lhe as mãos numa coluna de pedra. (Ar., Cat., 60); Aîmaman okytá ysypó pupé. - Amarrei o esteio com cipó. Aîmaman ysypó okytá resé. - Enrolei o cipó no esteio. (VLB, I, 117); 2) mastro: ygara rokytá - mastro da embarcação (VLB, II, 33)
panianaîu (s.) - nome de um peixe da família dos hemiranfídeos (D'Abbeville, Histoire, 246)
pese'õmbûera - o mesmo que pesembûera (v.) (Ar., Cat., 87v)
pirakûaba (s.) - nome de um peixe (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 176)
piraumbu (s.) - nome de um peixe (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 167)
popytuna (etim. - escurecimento das fibras) (s.) - fechamento (de pano); (adj.: popytun) - fechado, tapado (como pano, isto é, nem fino nem tênue) (VLB, II, 124)
posanong2 (v.tr.) - pôr enfeites em: Asobá-posanong. - Pus-lhe enfeites no rosto. (VLB, I, 22)
posykyîé1 (v. intr. compl. posp.) - tratar com cuidado, cuidar, ter afabilidade, ser afável [compl. com esé (r, s)]: E'ikatupe abá o emirekó resé oposykyîee'yma? - Pode o homem não cuidar de sua esposa? (Ar., Cat., 166, 1686)
potĩkukuma - o mesmo que potĩkykyîa (v.) (Theat. Rer. Nat. Bras., I, 75)
pouru (mb) (etim. - envoltório das mãos) (s.) - luva (VLB, II, 25)
putusok (ou pytusok) (xe) (etim. - bater o fôlego) (v. da 2ª classe) - perder o fôlego, perder o alento, acalmar-se (p.ex., o vento) (VLB, I, 19): Akó Îagûanharõ îá i nharõ; n'i pytusoki. - Aquele Jaguanharõ está bravo como de costume; não perde o alento. (Anch., Teatro, 154)
rerigûara (etim. - comedor de ostras) (s. etnôn.) - nome de nação indígena (Vasconcelos, Crônica [Not.], I, §151, 110)
sapuka'i2 (s.) - nome de um peixe carangídeo. "É alvacento, muito delgado e largo, com uma boca pequena e faz na cabeça uma feição como crista." (Sousa, Trat. Descr., 285)
sapukaî2 (v. intr.) - enfurecer-se (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 277)
sarinambigûara (etim. - comedor de cernambis) (s.) - CERNAMBIGUARA, var. de peixe da família dos carangídeos (VLB, I, 81)
tatapeîuaba (etim. - instrumento de abanar o fogo) (s.) - foles de ferreiro (VLB, I, 141)
TIPITI (fonte: Instituto Sócio-Ambiental)
tieúna (etim. - tiê escuro) (s.) - variedade de TIÊ, pássaro da família dos traupídeos (Soares, Coisas Not. Brasil [ms .c], 1337-1347) (o mesmo que tiîeúna - v.)
NOTA - No P.B., o verbo TINGUIJAR pode também significar ser envenenado pelo tingui: "O peixe tinguijou".
tukũ'yba - o mesmo que tukũ (v.) (D'Abbeville, Histoire, 222)
uban (v.tr.) - envolver, embrulhar: Aobybĩ pupé sobá ubana... - Envolvendo seu rosto com véus. (Ar., Cat., 79, 1686); Aó-tinga pupé i nhubani... - Em roupas brancas envolveram-no... (Ar., Cat., 64v)
ubixakatu'ĩ (t, t) - o mesmo que ubixaba (t, t) (v.) (VLB, II, 100)
uru5 (r, s) (s.) - URU, cesto fechado, feito de varas ou tábuas com grades, onde se põem capões, galinhas e outras aves (VLB, I, 66); gaiola: Asuru-monhang. - Fiz-lhe uma gaiola. (VLB, I, 146)
urugûyboandipîá2 (s.) - espécie de covo usado para pescarias (Vasconcelos, Crônica [Not.] I, §124, 99)
NOTA - URUPÊS é o nome de uma obra de Monteiro Lobato, que queria designar, com tal palavra, os caipiras, os que vivem escondidos no mato como cogumelos.
ybyrasosé (s.) - instrumento de podar, podão (VLB, II, 79)
ybyryby'apaba (etim. - instrumento de abrir covas da terra) (s.) - arado (VLB, I, 40)
ybyyby'apaba (etim. - instrumento de arar) (s.) - arado (VLB, I, 40)
yku (t, t) (s.) - 1) líquido; coisa líquida (Fig., Arte, 75); 2) coisa rala como polme (VLB, II, 95); [adj.: yku (r, t)] - líquido, ralo; derretido; (xe) derreter-se: Xe ryku. - Eu me derreti. (VLB, II, 95; Anch., Arte, 13) ● tykuba'e - o que é líquido, o que é ralo (VLB, II, 95)
yty (s.) - cisco (p.ex., que se varre); lixo (VLB, II, 23), sujeira, imundície: Aytypeir. - Varri os ciscos. (VLB, I, 75); (adj.) - sujo, imundo: piryty - pele imunda (isto é, lepra) (VLB, II, 20)
Aricanduva (córrego de SP). O nome aricá aparece registrado em Libanio Augusto da Cunha Mattos [1786], Diario, p. 324): "Enfim com quatro legoas e meia de viagem pousámos defronte da boca do Aricá-assú, rio pequeno que entra no Cuyabá pelo lado de nascente (...)". Deve ser o nome, na língua geral meridional, de um peixe. Assim, Aricanduva significaria ajuntamento de aricás.
Guandu Mirim (rio do RJ). De kûandu + mirĩ: cuandu (ouriço-cacheiro) pequeno.
Iriritiba (ES). De 'y + reri + tyba: jazida de ostras de rio.
Putiri (rio do ES). De potiry - aves anatídeas.
Morfologia do Verbo Tupi. in Letras, no 1. Curitiba, 1953.
______Anfíbios e Répteis. (Col. Zoologia Brasílica). Ed. Villa Rica, Belo Horizonte, 1987.
_____ LIBRI PRINCIPIS. In Brasil Holandês, vol. II (org. de Dante Martins Teixeira). Editora Index, Rio de Janeiro, 1995)
ANCHIETA, José de [1584], Informação do Brasil e de suas Capitanias. São Paulo, Editora Obelisco, 1964.
fender-se - bok ● fender-se em muitas partes: bobok
abati'i (etim. - milhozinho) (s.) - 1) arroz (VLB, I, 44); 2) trigo (VLB, II, 137); 3) xerém, variedade de milho miúdo (VLB, II, 149)
akaî (interj. de h.) - 1) (expressa desgosto, enfado, irritação, dó, dor): ai, oh!: Akaî! Aseká îepé mytasaba amõ gûitekóbo, erĩ!, xe mosẽ memẽ taba suí abaré... - Ai, por mais que eu esteja procurando alguma pousada, irra, faz-me sair sempre da aldeia o padre. (Anch., Teatro, 126); Akaî! Teumẽ xe rapŷabo! - Ai! Guarda-te de me queimar! (Anch., Teatro, 44); 2) expressa zombaria (VLB, I, 28) (V. tb. kaî e akaîgûá.)
akaîgûá (interj. de h.) - 1) (expressa dor) - ai!: Akaîgûá! N'i tyb-angáî xe boîá... - Ai! Não há absolutamente servos meus. (Anch., Teatro, 128); Akaîgûá! Marãpe xe ri erepûá? - Ai! Por que bates em mim? (Anch., Teatro, 32); 2) expressa raiva, incitamento ao ódio: -Akaîgûá! Ne'ĩ, t'asó nde irũmo, ta xe rembiá... -Eia, hei de ir contigo, para que eu tenha presas... (Anch., Teatro, 64) (V. tb. akaî e kaî.)
akaraîu (s.) - nome de um peixe (D'Abbeville, Histoire, 245)
akarapururu (s.) - nome de um peixe, uma das espécies de cará; é chato, escuro e rajado de amarelo (v. akará) (D'Abbeville, Histoire, 245)
'angetaetá (etim. - muitíssimos pensamentos) (xe) (v. da 2ª classe) - duvidar, estar com dúvida: Xe 'angetaetá. - Eu estou com dúvida. (VLB, I, 107)
apagué (interj. de h.) - 1) Ui! Coitado! (expressão de dó, dor, lamento ou escárnio) (VLB, II, 53, 139); 2) diz o que festeja graças ou novidades (Fig., Arte, 147)
apearé (s.) - nome de um inseto (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 257)
apepé (s.) - nome de um inseto lampirídeo (Libri Princ., vol. II, 122)
apûapyk2 (v.tr.) - 1) encolher, encurtar (p.ex., pano): Aîapûapyk. - Encurtei-o. (VLB, I, 114); 2) enrolar, enovelar (p.ex., o fio) (VLB, I, 117)
aramari (s.) - nome de um peixe (Soares, Coisas Not. Bras. [ms .c], 2284)
araré (s.) - nome de um peixe (Brandão, Diálogos, 239)
bosyma (s.) - nome de um peixe (Soares, Coisas Not. Bras. [ms .c], 2211)
ebikok (s) (v.tr.) - dirigir (p.ex., embarcação): Asebikok. - Dirigi-a. (VLB, I, 149)
eŷnhang2 (s) (v.tr.) - encolher, encurtar (p.ex., o pano, ao costurá-lo) (VLB, I, 114)
gûetitoroba - o mesmo que gûititoroba (v.) (Piso, De Med. Bras., IV, 183)
gûitikorõîa - o mesmo que gûetikorõîa (v.) (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 114; Theat. Rer. Nat. Bras., II, 92)
-i1 (ou -î) (posp. de sentido partitivo. Expressa parte de um lugar ou parte do corpo.) - em: ...i akangusuî... - nas grandes cabeças deles (Anch., Teatro, 48); ...O aîuri serekóbo. - Tendo-os no pescoço. (Ar., Cat., 12v); ku'aî - na cintura (Anch., Arte, 41v)
îakatinga (s.) - nome de um inseto (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 254)
îatebusu (s.) - nome de um inseto (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 245)
îemoîoîaî (v. intr. compl. posp.) - escarnecer [de alguém: compl. com esé (r, s)]: Ereîemoîoîaîpe kunhã resé? - Escarneceste de mulheres? (Anch., Doutr. Cristã, II, 91)
îemoryryîa - o mesmo que nhemoryryîa (v.)
îeremuîé (s.) - JERIMUM, espécie de abóbora, chamada cabaço em Portugal. O mesmo que îurumũ (v.) (Sousa, Trat. Descr., 184)
îesub (v. intr. compl. posp.) - deparar-se [a alguém: compl. com esé (r, s)]: T'oîesub amõ ixébo ranhẽ. - Há de se me deparar algum, primeiro. (VLB, I, 94)
ikonhẽ / ekonhẽ (t) (etim. - viver, não mais) (v. intr. irreg.) - folgar (o contrário de trabalhar): Aîkonhẽ. - Folgo. (VLB, I, 141)
îu2 (s.) - 1) espinho: Oîké îugûasu i akanga kutuka... - Entram grandes espinhos, espetando sua cabeça. (Anch., Poemas, 122); Aopyranga îu abé ogûerur... - Vinha com púrpura e espinhos... (Ar., Cat., 60v); 2) espinheiro (VLB, I, 126)
îymonhangaba (etim. - instrumento de fazer ferramentas) (s.) - forja de ferreiro (VLB, I, 142)
kisi (s.) - nome de um inseto (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 254)
kûá3 (v. intr.) - o mesmo que kûab2 (v.)
kurubi - o mesmo que kurubipûera (v.)
marangoty? (interr.) - 1) em que direção? (Fig., Arte, 127): Marangoty-pakó xe rekopûera é? - Em que direção eram, pois, meus atos passados? (Ar., Cat., 155v); 2) em que lado?: Marangotype i angaturamba'e nongine? - Em que lado porá os que são bons? (Ar., Cat., 47) ● marãngoty suí? - de que parte? de que lado? (mais específico que mamõ suí? - donde?) (VLB, I, 95)
mba'eba'u (etim. - bicho que come pau) (s.) - nome de um pássaro (Soares, Coisas Not. Bras. [ms .c], 1464-1468)
mba'ekugûapamo'anga (etim. - o que se supõe saber as coisas) (s.) - sábio (na opinião dos outros) (VLB, II, 110)
mba'epokeka (etim. - embrulho de coisas) (s.) - envoltório, embrulho, trouxa (VLB, I, 120)
mboîtinga - o mesmo que mboîsininga (v.) (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 240)
mixu'u - o mesmo que mindu'u (v.) (Anch., Arte, 4)
moîerundyk (ou monherundyk) (num.) - quatro (Fig., Arte, 4): -Mbobype ybykûarusu yby apyterype sekóû...? -Moîerundyk. - Quantas furnas há no meio da terra? -Quatro. (Bettendorff, Compêndio, 48)
mokuîé - o mesmo que mukuîé (v.) (Vasconcelos, Crônica [Not.] II, §88, 155)
monhangaba (etim. - instrumento de fabricar) (s.) - forma (de pão, de modelar, etc.) (VLB, I, 142)
morûara (s.) - comedor de gente: Gûaîxará kagûara ixé,... morûara... - Eu sou Guaixará bebedor de cauim, comedor de gente. (Anch., Teatro, 26)
mun (-îo- ou -nho-) (v.tr.) - cuspir: Anhomun. - Cuspi-o. (VLB, I, 83)
nhe'ẽ (ou nhe'ẽn) (v. intr.) - derramar-se (o líquido) (VLB, I, 95); vazar (VLB, II, 142)
nhemoîar (v. intr. compl. posp.) - pegar-se, coser-se, grudar-se [a algo ou com algo: compl. com esé (r, s)] (VLB, II, 70): Anhemoîar (mba'e) resé. - Grudei-me na coisa. (VLB, I, 83, adapt.)
nhemotegûá - o mesmo que nhemote'õ'a (v.)
paresar (v. intr. compl. posp.) - levar ou mandar mensagem, convidando para festa; fazer convite por mensageiro para festas (compl. com supé): Aparesar (abá) supé. - Fiz convite por mensageiro aos homens. (VLB, I, 38, adapt.)
peîpesaba (etim. - instrumento de varrer, varrer... ) (s.) - planta da família das escrofulariáceas (Scoparia dulcis L.), também conhecida como vassourinha-de-varrer. Dela "fazem as vassouras na Bahia, com que varrem as casas." (Sousa, Trat. Descr., 210)
piraroba (etim. - peixe vesgo folha) (s.) - PIRAROBA, nome de um peixe com os dois olhos de um mesmo lado do corpo (Theat. Rer. Nat. Bras., I, 39)
poraûsubarerekosara (m) (etim. - o que tem compaixão, piedade) (s.) - piedoso (Ar., Cat., 14v)
porerokara (m) - o mesmo que porerokarûera (v.)
reri (s.) - GUERIRI, GURERI, ostra, nome genérico de moluscos bivalves da família dos ostreídeos (D'Abbeville, Histoire, 204; Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 188; VLB, II, 59): Aruretá kó reri. - Trouxe muitas destas ostras. (Anch., Poemas, 150) ● reri ku'i - cal de ostra (VLB, I, 63)
(s.) - instrumento de pesca onde o peixe entra e do qual não consegue sair; nassinho de rede, côvão (VLB, II, 48)
supikatu3 (interj.) - Muito bem! (Fig., Arte, 136)
sypó - o mesmo que ysypó (v.) (Brandão, Diálogos, 205)
tataendyuru (etim. - recipiente de chama) (s.) - candeeiro (VLB, I, 65)
tiemirĩ (etim. - tiê pequeno) (s.) - variedade de TIÊ, pássaro da família dos traupídeos (Soares, Coisas Not. Brasil [ms .c], 1337-1347)
tupeisaba (etim. - instrumento de varrer) (s.) - TUPIXABA, TUPIÇABA, TAPIXABA, vassourinha, planta escrofulariácea (Scoparia dulcis L.), de cujos ramos enfeixados se fazem vassouras simples, úteis para se varrerem terreiros. É muito empregada na medicina popular como emoliente, béquica e febrífuga. (Piso, De Med. Bras., IV, 199)
umby1 - o mesmo que umbu (v.) (Theat. Rer. Nat. Bras., II, 143)
uru4 (r, s) (s.) - URU, cesto com tampa feito de folhas de palmeiras ou pequenos juncos (D'Abbeville, Histoire, 283; VLB, I, 76)
urukũ - o mesmo que uruku (v.) (D'Abbeville, Histoire, 208v)
ûyrĩ - o mesmo que gûyrĩ (v.) (D'Abbeville, Histoire, 244)
ypygûyra (r, t) (s.) - fundo, profundezas (de mar, rio, etc.) (VLB, I, 145)
'ysokusu (s.) - nome de um inseto (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 252)
Bucuri (rib. de SP). De mukuri - bacuri, nome de planta gutífera.
Juçara (nome de mulher). De îeîsara, palmeira alta e delgada da mata atlântica (VLB, II, 63).
Jucu (ES). De îuku* - nome de uma planta. Tal palavra aparece em composição no antropônimo Îukugûasu, nome de índio tupi (Vasconcelos, Crônica [Not.] II, §1, 113).
Piraí Mirim (rio do PR). De pirá + 'y + mirĩ: rio pequeno dos peixes.
Urupuca (rio de MG). De uru + puka: fenda dos urus.
SANTOS, Eurico, Nossos Peixes Marinhos. (Col. Zoologia Brasílica). Ed. Villa Rica, Belo Horizonte, 1992.
ah! oh! (como que entendendo algo ou lembrando-se disso) - to!
ajuntar - irumõ; moîerobyk; moîese'ar; mono'ong
abuna (etim. - homem escuro) (s.) - padre, ABUNA (Vieira, Cartas, I, 382)
aîymena (t, t) (s.) - 1) genro (de h.); 2) marido de sobrinha, filha do irmão; 3) marido da filha do primo (de h.) (Ar., Cat., 115v)
'aka2 (s.) - chifre, corno: Kó xe 'akusu, xe ranha... - Eis meus chifrões, meus dentes. (Anch., Teatro, 40); Iîabaeté-katu nde 'aka. - São muito temíveis teus chifres. (Anch., Teatro, 162)
akûanhaíba (t) (etim. - pênis ruim) (s.) - cavalo (nome vulgar de doença venérea do homem); [adj.: akûanhaíb (r, s)] (xe) - ter cavalo, ter doença venérea: Xe rakûanhaíb. - Eu estou com doença venérea. (VLB, I, 69)
amotaba (s.) - bigode (do homem, do gato, do peixe, etc.) (Castilho, Nomes, 28; VLB, I, 51)
eky'yra (t, t) - o mesmo que yky'yra (t, t) (v.) (Ar., Cat., 155v)
(e)mindypyrõ [ou (e)minypyrõ] (r, s) (s.) - papa grossa, ensopado, pirão (Anch., Arte, 13v); caldo migado com farinha ou beiju de maneira que se desfaz todo em uma massa ou polme (VLB, II, 37): xe remindypyrõ - minha papa grossa (Fig., Arte, 79)
endubaíb (s) (etim. - ouvir superficialmente) (v.tr.) - entreouvir: Asendubaíb nde nhe'enga. - Entreouvi tuas palavras. (VLB, I, 119)
enoko'em - o mesmo que eroko'em (v.) (Anch., Dial. da Fé, 175)
erekorekó (v.tr.) - 1) confundir; misturar, fazer confusão (p.ex., de uma coisa com outra, quando se conta algo); dizer e desdizer: Arekorekó. - Fiz confusão. (VLB, I, 80); Arekorekó i mombegûabo. - Contando-o, digo-o e desdigo-o. (VLB, I, 104); 2) falar com dificuldade (como o que quer mentir), tartamudear (VLB, II, 125)
gûaîbĩkûati (s.) - nome de um peixe de água doce que vive sob as pedras (Sousa, Trat. Descr., 286)
gûambaîakuaté (s.) - nome de um peixe (Theat. Rer. Nat. Bras., I, 53)
gûarugûá (s.) - espelho; o mesmo que arugûá (v.) (VLB, I, 126)
gûé (interj. de h. Vem posposta ao substantivo.) - 1) ó, oh! (de chamado): Eîori, xe îarĩ gûé...! - Vem, ó meu senhorzinho! (Anch., Poemas, 130); ...Enhemombegûabo ereîur, xe ra'yrĩ gûé? - Vieste para te confessar, ó meu filhinho? (Ar., Cat., 220); Xe rub-y gûé! - Ó meu pai! (Fig., Arte, 9); 2) Valha-nos Deus! (com espanto) (VLB, II, 141); 3) Irra! (VLB, II, 7); 4) Vede isso! (com admiração) (VLB, II, 142); 5) Isso não pode ser! (não crendo no que se diz) (VLB, I, 27)
gûiti (ou gûitimirĩ) (s.) - fruto da gûiti'yba (v.) (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 115)
îasatina (s.) - nome de um inseto voador (VLB, I, 55)
îeepyk (v. intr. compl. posp.) - vingar-se [de alguém: compl. com esé (r, s)]: Rumby... oîeepyka, xe rapîá. - Enfim, tendo-se vingado, obedeceram-me. (Anch., Teatro, 140); Aîeepyk anhẽ sesé. - Vingo-me deles. (Anch., Teatro, 14)
îeîu (s.) - JIJU, JEJU, peixe de mar carnívoro da família dos caracídeos (D'Abbeville, Histoire, 247v)
îeîurume'eng (v. intr. compl. posp.) - deixar falar mal (de algo ou de alguém: compl. com supé): Aîeîurume'eng (abá) supé. - Deixo falar mal do homem. (VLB, II, 53, adapt.)
îekotyrung (v. intr. compl. posp.) - pôr armadilhas [para algo ou alguém: compl. com esé (r, s)]: Aîekotyrung seséne. - Porei armadilhas para eles. (Anch., Teatro, 136); ...T'îaîekotyrung îaîupa. - Estejamos pondo armadilhas. (Anch., Teatro, 20) ● oîekotyrungyba'e - o que põe armadilhas: ...nhãîmbiara pupé-katu oîekotyrungyba'e - os que põem armadilhas bem nos caminhos das fontes (Anch., Poesias, 268)
îemoingé (v. intr.) - recolher-se, entrar em si mesmo: Pe ramỹîa pabẽ rakó îase'o rerekóû, îemoingeabo... - Vossos avós todos com pranto estavam, recolhendo-se. (Ar., Cat., 85v)
îeremũ - o mesmo que îurumũ (v.) (Brandão, Diálogos, 198)
kamambu2 (s.) - bucho de peixe, bexiga natatória dos peixes (VLB, I, 60)
kangûera3 (etim. - osso que foi) (s.) - CANGOEIRA, CANGUEIRA, instrumento musical feito de ossos de pessoas mortas (Vasconcelos, Crônica [Not.], §143, 107)
kisimirĩ (s.) - espécie de inseto elaterídeo (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 254)
makuîé - o mesmo que mukuîé (v.) (Brandão, Diálogos, 217)
meeru1 (s.) - nome de um peixe (Theat. Rer. Nat. Bras., I, 68)
nhemondá (s.) - furto, roubo: ...Sekomemûãagûera serekóbone sobaké bé... i nhemondá bé... - Seus antigos pecados fazendo estar diante deles, seus furtos também. (Ar., Cat., 161v)
pa'i (s.) - 1) mestre, senhor (forma de tratamento que acompanha um nome próprio): Pa'i Îesu - Senhor Jesus (Anch., Teatro, 42); Pa'i Tupã - o Senhor Deus (Anch., Teatro, 50); 2) padre: Xe reroketé pa'i. - Batizou-me, verdadeiramente, o padre. (Anch., Teatro, 164); 3) s. voc. - meu senhor! meu pai!: Marãnamo-piã xe pe'a îepé, pa'i gûé?... - Por que tu me abandonaste, ó meu senhor? (Ar., Cat., 63; Anch., Arte, 14v)
peki - o mesmo que peke'i (v.) (Soares, Coisas Not. Bras. [ms .c], 1842-1850)
pekugûapara (etim. - o que conhece o caminho) (s.) - guia (do caminho) (VLB, I, 152)
piraîeoka (s.) - nome de um peixe (Theat. Rer. Nat. Bras., I, 31)
pitanguru (etim. - recipiente de crianças) (s.) - órgão sexual feminino (Castilho, Nomes, 36)
NOTA - No P.B. (N.), PIXÉ pode ser, também, mau cheiro. Pode ser adjetivo, significando esfumaçado, que tem fumaça: comida PIXÉ, "comida que tem fumaça".
po'ir1 (v. intr. compl. posp.) - deixar, partir, afastar-se, separar-se, apartar-se (como, p.ex., os cônjuges, os amancebados, etc.), desaferrar-se (de algo ou de alguém: compl. com suí): E'ikatupe o îosuí opo'i? - Podem deixar um do outro? (Ar., Cat., 94v); Pepo'i xe remiarõ suí! - Afastai-vos daquele que eu guardo! (Anch., Teatro, 180, 2006)
porapitîaba (m) (etim. - instrumento de assassinar gente) (s.) - arma ofensiva (VLB, I, 41)
posaûsub (v. intr. compl. posp.) - sonhar [com algo ou com alguém: compl. com esé (r, s)]: Kunhã resé nde posaûsub'iré ereîmborype sesé nde posaûsubagûera? - Depois que tu sonhaste com uma mulher deleitaste-te no teu sonho com ela? (Ar., Cat., 104) ● posaûsubaba (m) - tempo, lugar, modo, etc. de sonhar; sonho: ...Ereîmborype sesé nde posaûsubagûera? - Deleitaste-te no teu sonho com ela? (Ar., Cat., 104)
pyri (etim. - no pé) (loc. posp.) - na parte próxima de, ao pé de, perto de (Anch., Arte, 41); com, para junto de (fal. de pessoas e não de lugares): ...Xe pyri marãtekoara... - O que trabalha perto de mim. (Anch., Teatro, 8); ...I abaeté muru supé São Sebastião ru'uba, São Lourenço pyri bé. - Foram terríveis contra os malditos as flechas de São Sebastião, com São Lourenço também. (Anch., Teatro, 52); T'asó nde pyri kori. - Hei de ir contigo hoje. (Anch., Teatro, 66); Asó xe ruba pyri. - Vou para junto de meu pai. (VLB, II, 14); Tapi'ira osó ogûapixara pyri. - O boi foi para junto dos seus companheiros. (Fig., Arte, 126)
pysyrõama (s.) - instrumento de defesa (VLB, I, 91)
sepîakypypabẽ (etim. - o que é visto totalmente) - v. epîak (s) (VLB, II, 89)
sukuriúba - o mesmo que sukuriîu (v.) (Anch., Cartas, 121)
taîkuîu1 (s.) - nome de um pequeno pássaro (D'Abbeville, Histoire, 183v)
tasysema (s.) - inseto himenóptero da família dos formicídeos. São formigas que "se criam nos mangues... as quais são pequenas e fazem ninho da terra nestas árvores". (Sousa, Trat. Descr., 272)
tataendy1 (etim. - luz de fogo) (s.) - chama, lume: Tataendy-etá, asé apekũ abŷare'yma anhõ osepîak. - Viram somente muitas chamas, parecidas com as línguas da gente. (Ar., Cat., 45)
tiepyranga (etim. - tiê vermelho) (s.) - variedade de TIÊ, pássaro da família dos traupídeos (Soares, Coisas Not. Brasil [ms .c], 1337-1347) (o mesmo que tiîepyranga - v.)
tining2 (v. intr.) - sofrer de tísica, de héctica (VLB, I, 131)
tipoîa (s.) - 1) TIPÓI, espécie de saco, feito de fios de algodão, aberto em cima e em baixo, que as mulheres vestiam (Staden, Viagem, 132); 2) TIPÓIA, pano com que as mulheres traziam amarrados aos corpos os bebês (Cardim, Trat. Terra e Gente do Brasil, 107)
tu'ĩ'aputeîuba (etim. - tuim do cocuruto amarelo) (s.) - nome de um periquito largamente espalhado em todo o Nordeste, pássaro da família dos psitacídeos (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 206)
urukuri'yba - o mesmo que urukuri (v.) (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 274)
yke'yra (t, t) - o mesmo que yky'yra (t, t) (v.) (VLB, II, 14)
yky'yraty (t, t) - o mesmo que yke'yraty (t, t) (v.)
Corutuba (rio de MG). De kori + tyba: ajuntamento de curi, i.e., de argila vermelha.
Giqui (CE). De îeky: covo, cisterna.
Guaripu (nome de rio de SP). De gûariba + pu: barulho dos guaribas, símios da família dos cebídeos.
Ibicuitaba (CE). De yby + ku'i + -t- + -aba: lugar de farinha de terra, lugar de areia.
Iguatemi (rio de MT e de MG). De ygara - canoa + tĩ - proa, ponta + 'y - rio: rio das canoas emproadas: "(...) ygatimy, Rio de proa ajuda." (Taunay, Relatos Monçoeiros, 100)
Itabapoana, Bom Jesus do (RJ). De 'y-kûabapûana - corrente d'água (no rio ou no mar) (VLB, I, 82).
Jequi (RN). De îeky: covo, cisterna (Ar., Cat., 107v)
Juraci (nome próprio). De îuru + asy (r, s): boca maligna.
Moema (nome de mulher). De mo'ema - mentira (nome de uma personagem da epopéia Caramuru, de Santa Rita Durão, de 1781). Moema fora amante de Diogo Álvares, simbolizando o amor-concupiscência, donde o nome que recebeu na epopéia.
Mucuri (SE). De mukury: mucuris, plantas gutíferas.
Peropava (rio de SP). De iperu + upaba: lagoa de tubarões.
Pirajussara (rio de SP). Nome de língua geral colonial. De pirá - peixe + pajuçara* (N. e NE) - muito grande; de grande corpo ou estatura (in PDBLP, p. 890): peixes muito grandes.
Siriúva (rio do MT). De siri + 'yba: planta dos siris, árvores verbenáceas de manguezais.
Tujuguaba (SP). De teîu + 'y + 'u + -aba: lugar em que os tejus bebem água.
(Piso), PISO, Wilhelm, De Medicina Brasiliensis Libri Quatuor, in Marcgrave, George, Historia Naturalis Brasiliae. (Tradução de Alexandre Correa, publicado com o título História natural do Brasil Ilustrada. Edição comemorativa do primeiro cinqüentenário do Museu Paulista. Companhia Editora Nacional, São Paulo, 1948.)
ai! (de dor, desgosto ou irritação - de h.) - akaî; akaîgûá; teté; (de m.): akaîgûé; akaîguy
ciúme - tygûyrõ ● ter ciúme: mondar
enfraquecer - (intr.): membek; tumbek; (tr.): moatãe'ym; mopopyatambab
lábio - (inferior): tembé; (superior): apûã
abaesaba (etim. - homem do olho cortado) (s.) - cego (VLB, I, 70)
apytera1 (s.) - 1) meio, centro (de coisa esférica): Ogûeîyb yby apyterype... - Desceu para o meio da terra. (Anch., Doutr. Cristã, I, 141); apyterybỹîa - vão oco de alguma coisa, o vazio do meio de alguma coisa (VLB, II, 141); 2) miolo (de pão, etc.); âmago, cerne (de árvore) (VLB, I, 33): i apytera - o miolo dele (VLB, II, 37)
araberi (s.) - nome de um peixe, provavelmente um caracinídeo (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 178; VLB, II, 113)
ebûĩ - o mesmo que eboûĩ (v.) (Fig., Arte, 85)
eîru (s.) - IRU, nome genérico de abelhas da família dos meliponídeos. "Fazem o ninho no ar... e criam mel muito bom e alvo..." (Sousa, Trat. Descr., 240)
gûabaîaku (s.) - peixe-coelho, espécie da família dos quimerídeos (VLB, II, 70)
guti - o mesmo que gûeti (v.) (Sousa, Trat. Descr., 194)
îeme'eng - o mesmo que nheme'eng (v.) (Anch., Poemas, 136)
îemopokyrirĩ (v. intr.) - retorcer-se, enrolar-se (o fio, o cordão, etc.) (VLB, II, 104)
îeseî (v. intr. compl. posp.) - irritar-se, querer brigar, fazer-se hostil [com alguém: compl. com esé (r, s)]: Aîeseî (abá) resé. - Irritei-me com o homem. (VLB, I, 115)
îobaypyîtaba (etim. - instrumento de se aspergir o rosto) (s.) - hissope, bola de metal oca e furada com que se fazem as aspersões de água benta nas cerimônias religiosas (VLB, II, 15)
itapysykaba (etim. - instrumento de pegar metais) (s.) - tenaz de ferreiro (VLB, II, 126)
karaûatá2 (s.) - nome de um peixe (Sousa, Trat. Descr., 283)
kupá (s.) - nome de um peixe, provavelmente da família dos cianídeos (Sousa, Trat. Descr., 281)
membykyra (etim. - filho tenro) (s.) - criança recém-nascida (VLB, II, 126)
membyre'yma (etim. - sem filhos) (s.) - fêmea estéril (VLB, II, 31); (adj.: membyre'ym) - estéril, sem filhos: ...kunhã-marangatu-membyre'yma... - mulher bondosa e estéril (Ar., Cat., 6v)
mokõmokõîsyk (etim. - dois e dois no total) (num.) - quatro (VLB, I, 154)
monga (s.) - visgo, grude, pez, substância pegajosa: Eîori oré mongoka... - Vem para nos arrancar o visgo. (Anch., Poemas, 174)
nhandyeté (etim. - óleo muito bom) (s.) - azeite de coco (VLB, I, 49)
nhe'engaíba2 (etim. - discurso ruim) (s.) - maledicência, vitupério, injúria; (adj.: nhe'engaíb) - maldizente; (xe) dizer palavras más, falar mal, murmurar: Mba'epoxy koty onhe'engaíbamo... - Dizendo palavras más acerca de coisas nojentas... (Ar., Cat., 71v); Xe nhe'engaíb (abá) resé. - Eu falo mal do homem. (VLB, I, 134, adapt.)
nhembo'ir (ou nhembo'i) (v. intr.) - livrar-se, desgrudar-se, desapegar-se: Taûîé-te t'îanhembo'i. - Bem logo nos livremos. (Anch., Poemas, 196)
obaîxûar1 (s) (v.tr.) - responder, contestar: Emonã-pipó morubixaba erenhe'engobaîxûar...? - É assim, porventura, que respondes as palavras do chefe? (Ar., Cat., 55v)
petymbûaba2 (etim. - instrumento de fumar, cachimbo) (s.) - PETIMBABO, catimbu, catimbó, catimbaua, catimbaba, cachimbo indígena feito do coco da pindoba (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 274; Brandão, Diálogos, 293)
pîasaba1 (mb) (etim. - instrumento de abrigar) (s.) - cerca, defensão (VLB, I, 70); valado, qualquer cercado (VLB, II, 140): taba pîasaba - cerca da aldeia (VLB, II, 45)
pirapoti (etim. - fezes de peixe) (s.) - âmbar gris (D'Evreux, Viagem, 181)
pirauruku (etim. - peixe urucu) (s.) - PIRARUCU, peixe da família dos osteoglossídeos (Lisboa, Hist. Anim. e Árv. do Maranhão, fl. 175v)
Pitangûá2 (s.) - nome de um espírito maligno (Laet, Novus Orbis, Livro XV, cap. II, §2)
porogûykutukaba (m) (etim. - instrumento de sangrar as pessoas) (s.) - lanceta (VLB, II, 18)
porogûymombukaba (m) (etim. - instrumento de sangrar as pessoas) (s.) - lanceta (VLB, II, 18)
pûakatu (m) (etim. - dedos bons) (s.) - boa pontaria, destreza no tiro, nos golpes, na flechada; (adj.) - destro, certeiro, bom flecheiro: I pûakatu kó muru. - É certeiro esse maldito. (Anch., Teatro, 132); Xe pûakatu. - Eu sou certeiro. (VLB, I, 71)
seri - o mesmo que siri (v.) (Lisboa, Hist. Anim. e Árv. do Maranhão, fl. 169v)
sining (v. intr.) - retinir (como metal) (VLB, II, 104)
so'oragûera (etim. - o que foi pele de animal) (s.) - 1) pano de couro (VLB, II, 64); 2) lã (VLB, I, 136)
syî1 (v. intr.) - 1) tremer, sentir arrepios; estremecer: Mokõîbé osyî kori, xe repîaka rupibéne. - Ambos tremerão hoje, assim que me virem. (Anch., Teatro, 18); Ybytu îabé osunung, î abaeté suí osyîa. - Como o vento zune, tremendo por causa de sua bravura. (Anch., Poemas, 190); Asy-syî. - Fiquei estremecendo. (VLB, I, 130); 2) espantar-se; sobressaltar-se (VLB, II, 119)
syryka (s.) - escorrimento; escorregadura; (adj.: syryk) - escorrido; escorregadio: itá-pé-syryka - pedra achatada e escorregadia; laje de rio (VLB, I, 24); Xe rugûy-syryk. - Eu tenho o sangue escorrido. (Anch., Arte, 51); (xe) escorrer; escorregar: Xe py-syryk. - Meus pés escorregaram. (VLB, I, 123)
takupapirema (s.) - nome de um peixe (Sousa, Trat. Descr., 283)
teîteî (s.) - TEITEI, TIETÊ, TEM-TEM, pássaro da família dos traupídeos. É pássaro pequeno, de belo canto e de cores ornamentais. (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 212)
tekokuapara (etim. - o que conhece os fatos) (s.) - juiz, chefe: ...Cristãos i mongaraibypyra tekokuaparamo Cristo remieîara... - O que Cristo deixa como chefes dos cristãos batizados. (Ar., Cat., 6-6v)
tyuru1 (etim. - recipiente de urina) (s.) - bexiga (Castilho, Nomes, 40)
tyuru2 (etim. - recipiente de urina) (s.) - urinol, penico (VLB, II, 60)
ûakará (s.) - nome de um peixe de mar (D'Abbeville, Histoire, 244)
ûiti (s.) - OITI, GOITI, OITIZEIRO, árvore da família das crisobalanáceas, de flores brancas e amarelas (Licania tomentosa (Benth.) Fritsch) (D'Abbeville, Histoire, 225)
urupe'i (etim. - urupê pequeno) (s.) - var. de cogumelo comestível que cresce na terra (VLB, I, 86)
ururukuri (s.) - OURICURI, espécie de palmeira (o mesmo que urukuri - v.)
Ybytyrapé (etim. - superfície de montanha) (s. antrop.) - nome de índio tupi (Anch., Poemas, 156)
Bartira (nome de mulher). De mbotyra: flor.
Pipiri (córrego de GO). Nome de uma erva ciperácea, de brejos. Talvez um termo da língua geral meridional.
Sepotuba (rio de MT). De ysypó + tyba: ajuntamento de cipós, cipoal.
ajuntar-se - no'ong; nhemondysyk; nheŷnhang2
grande - eburusu (r, s); sufixos -usu, -ûasu, -gûasu
nos (pron. pess. obj.) - oré (excl.); îandé (incl.)
Abatiposanga (etim. - remédio de milho) (s. antrop.) - nome de índio tupi (Staden, Viagem, 116)
agûy2 (interj. de h.) - oh! (dito por aquele que perdeu algo e já não pode recuperar) (VLB, II, 53)
akarakorõ (s.) - nome de um peixe (Lisboa, Hist. Anim. e Árv. do Maranhão, fl. 168)
akarakorõ'i (s.) - nome de um peixe (Lisboa, Hist. Anim. e Árv. do Maranhão, fl. 166)
aomoundara (etim. - o que escurece roupas) (s.) - tintureiro de panos (VLB, II, 128)
ekoaba1 (t) (s.) 1) modo de ser, essência, natureza: Sekoaba nhẽpe? - É o modo de ser deles? (ou É natural deles?) (Anch., Doutr. Cristã, I, 158); Sekoaba nhẽ. - É natural dele (p.ex., um sinal que tem no rosto, que sempre ali esteve, que sempre foi assim e não é coisa nova). (VLB, II, 48); 2) característica: ...apŷabaíba... rekoaba é... - característica de homem mau (Ar., Cat., 107v)
ekoaba2 (t) (s.) - costume, uso: Kokoty paranã aé rame'ĩ o abaetéramo erimba'e gûekoagûera sosé... - E, por outra parte, semelhantemente, o próprio mar será mais terrível do que foi seu costume. (Ar., Cat., 159v); [adj.: ekoab (r, s)] - costumeiro, usual: Sekoab apŷabangaturama i porerekó-katu. - É usual os bons homens tratarem bem as pessoas. (Léry, Histoire, 353) ● sekoaba'e - o que é comum, o que é usual: Sekoaba'e kûé kunhã oré akanga i apiti... - O que é comum é aquela mulher quebrar em pedaços nossas cabeças. (Anch., Teatro, 184, 2006)
gûaîbĩgûaîbĩambuku (s.) - nome de um jogo de crianças (Marcgrave, Hist. Nat Bras., 278)
gûympaîagûara (s.) - espécie de serpente brasileira (Piso, De Med. Bras., III, 171)
îemombe'u - o mesmo que nhemombe'u (v.) (Anch., Teatro, 38)
îe'o2 (v. intr. compl. posp.) - reservar-se, destinar-se (para algo ou para alguém: compl. com -ramo): Nd'e'i te'e o poxye'ymamo... Tupã-Ta'yra syramo o îe'o îanondé. - Por isso mesmo não tinha maldade antes de se destinar para mãe de Deus- Filho. (Ar., Cat., 9)
îepotasaba (etim. - instrumento de juntar-se) (s.) - junta, juntura (em geral e também do corpo) (Castilho, Nomes, 31): ...I kanga îepotasaba pe'abo o îosuí. - As juntas de seus ossos afastando umas das outras. (Ar., Cat., 62); akanga îepotasaba - as juntas da cabeça (VLB, I, 84)
îerobîar1 (v. intr. compl. posp.) - 1) ser altivo, arrogante, denodado (em coisas de guerra ou briga): Aîerobîá-katu. - Sou muito arrogante; Aîerobîá-pyryb gûitekóbo. - Estou sendo um tanto arrogante. (VLB, I, 33); 2) ensoberbecer-se, gloriar-se, ser presumido, ser fantasioso, ser contador de vantagem [compl. com esé (r, s)]: Aîerobîá-katu (mba'e) resé. - Ensoberbeci-me muito acerca das coisas. (VLB, I, 118, adapt.); Aîerobîá xe îoesé. - Ensoberbeci-me acerca de mim mesmo. (VLB, I, 117); Aîerobîar-a'ub (mba'e) resé. - Glorio-me em vão das coisas. (VLB, I, 148)
îerumũ - o mesmo que îurumũ (v.) (Sousa, Trat. Descr., XLVI)
itaeté (etim. - ferro muito bom) (s.) - aço (VLB, I, 21)
mba'easybora (s.) - doente, enfermo: Kûesé paîé mba'easybora subani. - Ontem o feiticeiro chupou o enfermo. (Fig., Arte, 96); Mba'easybora repîaka. - Ver os doentes. (Ar., Cat., 18)
mba'eatykasaba (etim. - instrumento de fincar coisas) (s.) - macete, maço, instrumento como um martelo, de madeira rija, usado por marceneiros, carpinteiros, etc. (VLB, II, 27)
mba'ete? (interr.) - pois quê? que coisa? (VLB, II, 80)
meeru2 (s.) - MERU, EMBIRI, BERI, BIRU-MANSO, planta ornamental cultivada, da família das canáceas (Canna indica L.) (Marcgrave, Hist. Nat., 4)
momupumupuk (ou mombupumupuk) (v.tr.) - crivar, esburacar (p.ex., com flechas, canhões, etc.) (VLB, I, 86)
mûani (s.) - nome de um peixe (Lisboa, Hist. Anim. e Árv. do Maranhão, fl. 175v)
nhe'engaba2 (etim. - instrumento de mensagens) (s.) - intriguista, mentiroso: Eresekyîpe îuraragûaîa abá supé... i motĩamo... nhe'engabamo serekó-uká...? - Urdiste mentiras contra alguém, envergonhando-o, fazendo-o ser tratado como mentiroso? (Anch., Doutr. Cristã, II, 103)
nhemoapysyk1 (v. intr. compl. posp.) - consolar-se [com algo: compl. com esé (r, s)]: Onhemoapysy-katu rakó abá mba'e ikó 'ara pora resé. - Consola-se muito o homem, de fato, com as coisas que estão contidas neste mundo. (Ar., Cat., 155)
nhemopaîé (v. intr.) - o mesmo que îemopaîé (v.)
pikuruatá (s.) - nome de um peixe (Lisboa, Hist. Anim. e Árv. do Maranhão, fl. 170)
piraîukuri (s.) - nome de um peixe (Lisboa, Hist. Anim. e Árv. do Maranhão, fl. 167)
putumuku (m) (etim. - fôlego longo) (s.) - paciência; tolerância; (adj.) - paciente, tolerante (que não responde logo ao mal que fazem ou dizem): Xe putumuku. - Eu sou paciente. (VLB, II, 119)
sirinema (etim. - siri fedorento) (s.) - var. de SIRI (v.) (VLB, I, 67)
taûgûapé (s.) - nome de um peixe (Lisboa, Hist. Anim. e Árv. do Maranhão, fl. 174)
umeri (s.) - UMIRI, MERI, UMIRIZEIRO, árvore alta da família das humiriáceas (Humiria floribunda (Mart.) Cuatr.), de flores brancas, fruto comestível. Verte óleo ao chão no princípio do inverno, sendo de aroma excelente e de propriedades medicinais e usado também como perfume e aromatizante. (D'Abbeville, Histoire, 225)
'ybarema (etim. - fruto fedorento) (s.) - alho (Anch., Arte, 3v; VLB, I, 32)
ybyrakytĩaba (etim. - instrumento de cortar madeira) (s.) - serra (para madeira) ● ybyrakytĩabusu - serra braceira (VLB, II, 117)
ygeaíba (t) (etim. - ventre ruim) (s.) - diarréia (forte, perigosa); [adj.: ygeaíb (r, s)] - diarréico; (xe) ter diarréia: Xe rygeaíb. - Eu tenho diarréia. (VLB, I, 64)
ygepo'ĩ (etim. - ventre fino) (s.) - tripas (Castilho, Nomes, 40); tripas delgadas (VLB, II, 137)
Curupira (CE). Nome de um ente sobrenatural das matas do Brasil. (v. Kurupira)
Embiruçu (córr. de SP). De embyrusu - variedade de embira de tamanho avantajado (Sousa, Trat. Descr., 216)
Ibitu (SP). De ybytu: ventos. Nome dado em 1944.
Tipi (CE). De tipi: tipis, pipis, plantas fitolacáceas.
Urubuquessaba (SP). De urubu + ker + suf. -sab/a: lugar em que os urubus dormem.
MORAES, Pe. José de [1759], História da Companhia de Jesus na extinta província do Maranhão e Pará. Colégio do Pará. Rio de Janeiro: Editorial Alhambra, 1987.
anhasy1 (t) (etim. - dente ruim) (s.) - presa de cobra (VLB, II, 85)
bobok (v. intr.) - fender-se em diversas partes (VLB, I, 137)
bybyr [redupl. de byr (v.)] (v. intr.) - arrepiar-se (p.ex., os pêlos): Xe rá-bybyr. - Eu tenho os pêlos arrepiados; Opá xe raba bybyri. - Todos os meus pêlos se arrepiaram. (VLB, I, 43)
ekoesaba (t) (s.) - gênero, tipo, diferenciação: Onheangerekó-katu opabinhẽ o angaîpagûera resé... sekoesaba resé, i papasaba resé bé... - Reflete muito acerca de todos os seus antigos pecados, acerca de seus gêneros e acerca de seu número. (Bettendorff, Compêndio, 92)
esapytumbyka (t) (etim. - olhos escuros cessantes) (s.) - tontura, desmaio, vertigem; [adj.: esapytumbyk (r, s)] - tonto, desmaiado; (xe) tontear, ter vertigens; desmaiar: Xe resapytumbyk. - Eu desmaio. (VLB, II, 15)
gûasem1 (v. intr. compl. posp.) - encontrar, achar (complemento com supé ou pé): Oporandu benhẽ, n'i angaîpaba amõ supé ogûasema ruã-te. - Fez-lhe perguntas de novo, mas não achando maldade alguma dele. (Ar., Cat., 59); A'epe marã abá rekóû a'e o esaraîagûera supé ogûasemane? - E como alguém procederá encontrando o que esqueceu? (Ar., Cat., 90) ● gûasemaba (ou gûasembaba) - tempo, lugar, modo, etc. de encontrar, de achar; encontro: ...Tekokatueté pé pe gûasemagûama resé. - ...Para o vosso encontro da virtude verdadeira. (Ar., Cat., 169v)
îekosub1 (v. intr. compl. posp.) - regozijar-se, gozar, deleitar-se, ter prazer ou satisfação [compl. com esé (r, s) ou ri]: Sekó-katu rerekóbo, îandé 'anga îekosubi. - Sua vida bondosa tendo, nossa alma regozija-se. (Anch., Poemas, 180); Nd'e'i te'e... mba'e-katu... resé oîekosube'yma... - Por isso mesmo eles não se deleitam com as boas coisas. (Ar., Cat., 179); Ta pesó peîekosupa i potarypyra ri... - Que vades regozijar-vos com o que é desejado. (Anch., Teatro, 56) ● îekosupaba (ou îekosubaba) - tempo, lugar, modo, causa, etc. de regozijar-se; regozijo: T'oré angaturãne... oré îekosubagûama ri. - Que sejamos dignos do lugar futuro de nosso regozijo. (Ar., Cat., 14v)
îemoîtỹ (ou nhemoîtỹ) (v. intr.) - esquivar-se: Îamongûá moxy ru'uba, i xupé îaîemoîtỹamo. - Fazemos passar as flechas dos malditos, diante deles esquivando-nos. (Anch., Teatro, 26); E'i tenhẽ onhemoîtỹamo, u'uba mongûá-potá. - Em vão eles se esquivam, querendo fazer passar as flechas. (Anch., Teatro, 134)
îerobîar2 (v. intr. compl. posp.) - 1) confiar, ter esperança [em algo ou em alguém: compl. com esé (r, s) ou ri]: T'i îerobîar apó abá ri. - Confiemos nesses homens. (Léry, Histoire, 354); Eîerobîá xe resé. - Confia em mim. (Anch., Teatro, 128); Aîerobîá-katu xe îoesé. - Confio muito em mim mesmo. (VLB, II, 57) ● îerobîasara - o que confia: Marãpe karaibebé Tupã resé îerobîasara rubixaba rera? - Qual é o nome do chefe dos anjos que confiam em Deus? (Ar., Cat., 38); îerobîasaba - tempo, lugar, modo, causa, etc. de confiar, de ter esperança: ...Sesé Tupã resé bé o îerobîasápe... - Por ter ele esperança nela e em Deus. (Ar., Cat., 352); Mba'epe Tupã resé asé îerobîasabeté? - Quais são as causas verdadeiras de nós termos esperança em Deus? (Bettendorff, Compêndio, 62)
itakasaba (etim. - instrumento de quebrar pedras) (s.) - martelo, marreta (VLB, II, 32)
kagûara1 (s.) - o que bebe, bebedor (de cauim ou vinho); beberrão: Nd'oîkuabipe ta'a kagûaramo xe rekó? - Não sabe o senhor que eu sou um beberrão? (Anch., Teatro, 134); Oîá nhote kagûarape, marã? - O que bebe somente na medida, que acontece? (Ar., Cat., 78)
kasaba1 (etim. - instrumento de quebrar) (s.) - cunha de fender: îepe'a-kasaba - cunha de fender lenha (VLB, I, 87)
mba'epysykaba (etim. - instrumento de segurar as coisas) (s.) - garfo (VLB, I, 146)
mboîubu - o mesmo que mboîoby (v.) (Sousa, Trat. Descr., 265)
morombo'esaba1 (etim. - instrumento de ensinar pessoas) (s.) - ensinamento: ...Tupã nhe'enga morombo'esaba - ensinamento da palavra de Deus (Ar., Cat., 66)
nong1 (-îo- ou -nho-) (v.tr.) - 1) pôr, colocar: Enhonong nde itaingapema nde ku'aî. - Põe tua espada na tua cintura. (Fig., Arte, 125); Nde morerekoar xe ri, nde pó gûyrype xe nonga. - Sê tu guardião de mim, sob tuas mãos colocando-me. (Valente, Cantigas, in Ar., Cat., 1618); Aó-tinga onong asé resé. - Roupa branca põe na gente. (Ar., Cat., 81v); 2) fazer ser, fazer estar: ...Aîonong ka'umondá... - Faço-os ser ladrões de cauim. (Anch., Teatro, 134); 3) deter: T'orosóne, Anhangusu; oré reîtyk, oré nonga. - Vamos, Anhanguçu; derrotou-nos, detendo-nos. (Anch., Teatro, 172) ● nongaba - lugar, tempo, modo, causa, etc. de pôr, de colocar, ato de pôr, de colocar: ...I pysyrõû tekoangaîpabypy Adão îandé nongaba suí. - Livrou-a do pecado primeiro em que Adão nos pôs. (Ar., Cat., 9); nongara - o que põe, o que coloca, etc.: Mba'easybora o mara'ara kakareme t'osenõîukar abaré, îandykaraíba nongara... - Ao se aproximar o doente de sua agonia, que mande chamar o padre, o que põe o óleo bento. (Ar., Cat., 137v); i nongymbyra - o que é (ou deve ser) posto, colocado, etc.: ...Kaûĩ i pupé i nongymbyra... - O vinho que é colocado dentro dele. (Bettendorff, Compêndio, 85)
nhang2 (-îo- ou -nho-) (v.tr.) - verter, derramar: ...inaîagûasu apepûera amõ pupé i nhang'iré... - ...após vertê-la dentro de alguma casca de coco... (Ar., Cat., 353)
nhemobabak (v. intr.) - resistir estrebuchando (VLB, II, 102)
popiaba (m) (etim. - instrumento de picar as mãos) (s.) - 1) aguilhão (para picar) (VLB, I, 27); 2) punhal, adaga (VLB, II, 89)
porokutukaba (m) (etim. - instrumento de furar gente) (s.) - 1) lanceta (VLB, II, 18); 2) punhal, adaga (VLB, II, 89)
pororok (v. intr.) - explodir (v. pororoka)
putuẽ (ou pytuẽ) (xe) (etim. - fôlego parado) (v. da 2ª classe) - 1) resfolegar, recobrar o fôlego, tomar alento, tomar refrigério (VLB, II, 99): Ta pe putuẽngatuté irã... pe îemokane'õ ré. - Haveis de bem recobrar o fôlego após vos cansardes. (Ar., Cat., 170); Xe putuẽ-tuẽ. - Eu estou resfolgando. (VLB, I, 50); 2) descansar, sossegar: Nde pytuẽ. Na satãngatuî maíra! - Descansa. Não é muito forte o maíra. (Anch., Teatro, 16)
pypytera (mb) (etim. - meio do pé) (s.) - 1) palmilha da meia, parte inferior da meia onde assenta o pé (VLB, II, 63); 2) planta do pé, sola (D'Evreux, Viagem, 159; Castilho, Nomes, 30)
surubi (s.) - SURUBI, SURUBIM, nome de alguns peixes grandes da família dos pimelodídeos, com pintas ou faixas escuras pelo corpo (D'Abbeville, Histoire, 247)
tatapu'i (etim. - pó de fogo) (s.) - pólvora: -Ererupe tatapu'i setá? -Trouxeste muita pólvora? (D'Evreux, Viagem, 246)
tungasu - o mesmo que tungusu (v.) (Sousa, Trat. Descr., 274)
u'imogûapaba (etim. - instrumento de joeirar farinha) (s.) - peneira (VLB, II, 72)
ybytuura (etim. - vento que vem) (s.) - furacão (VLB, I, 145)
Embu Mirim (SP). Nome que significa cobra pequena (v. Embu).
Inhobi (rio do MT). De 'y + oby (r, s): água azul.
Itinguçu (rio de SP). De 'y + ting + -ûasu: rio muito claro.
Urubuci (SC). De urubu + ysy (t): fileira de urubus.
apysae'yma1 (etim. - sem ouvidos) (s.) - pertinácia (VLB, II, 74); teima (VLB, II, 125)
beraba (s.) - brilho, resplendor: Otĩ kûarasy osema nde beraba robaké. - Envergonha-se o sol, nascendo, diante de teu brilho. (Valente, Cantigas, IV, in Ar., Cat., 1618); ...Tupã beraba reru. - Trazendo o resplendor de Deus. (Anch., Poemas, 142); (adj.: berab) - brilhante, resplandecente: Seté-beraba tiruãpe n'osepîaki xûéne? - Não verão sequer seu corpo brilhante? (Ar., Cat., 46v)
epîakĩ (s) (v.tr.) - consentir, permitir tacitamente, ver sem se importar: ...Og okype îopotara repîakĩamo. - Em sua própria casa o desejo sensual consentindo. (Ar., Cat., 71v) ● osepîakĩba'e - o que consente, o que vê sem se importar: Abá mondarõ osepîakĩba'e... - O que vê um homem furtar sem se importar. (Ar., Cat., 72v)
epoti1 (t) [ou (e)poti (r, s)] (s.) - fezes (Castilho, Nomes, 39); excrementos (VLB, II, 23); esterco (de qualquer animal) (VLB, I, 128)
îeponhea'ĩ (v. intr.) - encolher-se (como o pano depois de molhado) (VLB, I, 114)
îuki'a (s.) - espécie de peixe sem escamas e saboroso (Sousa, Trat. Descr., 296)
i'upyra (etim. - o que é ingerido) (s.) - mantimento, comida (VLB, II, 31)
mba'era'angaba1 (etim. - instrumento de medir as coisas) (s.) - compasso (VLB, I, 78)
mba'era'angaba2 (etim. - instrumento de medir as coisas) (s.) - medida, peso (VLB, II, 34)
mimuku (etim. - estrepe comprido) (s.) - lança, lança longa (VLB, II, 18): -Mba'e-mba'epe i popesûaramo? -Mimuku-katupabẽ ... -Que havia como seus objetos de mão? -Muitíssimas lanças... (Ar., Cat., 54)
momboî2 (v.tr.) - 1) prometer, propor: ...xe katurama momboîa... - propondo ser bom (Anch., Teatro, 170, 2006); 2) projetar, planejar: ...tekomemûã momboîa... - planejando maldades (Ar., Cat., 99v)
momỹî (v.tr.) - mover, mexer, bulir com: Aîmomỹî. - Movi-o. (VLB, II, 43); Buli com ele (p.ex., para que acordasse). (VLB, I, 57)
mondarõagûera (etim. - o que foi consequência de uma traição) (s.) - filho adulterino, filho bastardo (Anch., Cartas, 458)
mororokaba (etim. - instrumento de explosão) (s.) - bombarda (VLB, I, 57); tiro de arma de fogo (VLB, II, 129); explosivo, bomba; artilharia: -Esenõî mbá!... -Mokaba, mororokaba, mokaku'i-uru. -Nomeia tudo. -Armas de fogo, explosivos, recipientes de pólvora. (Léry, Histoire, 343-344)
moún (v.tr.) - tingir de preto, pretejar (VLB, II, 128); escurecer ● moundara - o que tinge de preto, o que escurece: aó-moundara - o que escurece roupas, o tintureiro (VLB, II, 128)
nha- (pref. núm.-pess.) - o mesmo que îa- (v.)
nha'ẽpykytykaba (etim. - instrumento de esfregar o interior do prato) (s.) - esfregão, escova ou bucha de esfregar pratos (VLB, I, 124)
okendapaba(r, s) (etim. - instrumento de fechar) (s.) - fechadura; ferrolho para trancar (VLB, I, 136); tranca (de porta) (VLB, II, 135)
okyîu (s.) - grilo, inseto ortóptero da família dos grilídeos (D'Abbeville, Histoire, 257v)
pengaty (s.) - mulher de sobrinho (de m.) (Ar., Cat., 115)
pi'a (s. voc. - de h. e m.) - meu filho! (Anch., Arte, 6v)
pirapuku (etim. - peixe comprido) (s.) - PIRAPUCU, peixe da família dos caracídeos (Sousa, Trat. Descr., 279)
ponhea'ĩ (v. intr.) - encolher-se (como o pano depois de molhado) (VLB, I, 114)
poti1 / epoti (t) (v. intr. irreg.) - defecar: Apoti. - Defeco. (Anch., Arte, 58); sepotireme - quando ele defeca (Anch., Arte, 58) ● potîara - o que defeca; potîaba - tempo, lugar, modo, etc. de defecar (Fig., Arte, 63)
sukuriú - o mesmo que sukuriîu (v.) (Sousa, Trat. Descr., 259)
tining1 (v. intr.) - ser seco; ser ou estar mirrado (VLB, II, 38); secar (VLB, II, 114): Atining-atã. - Sequei muito, sequei duramente. (VLB, II, 114)
uruku (ou urukũ) (s.) - URUCU, URUCUM, 1) árvore bixácea (Bixa orellana L.), planta das matas tropicais e subtropicais do continente americano. Das sementes de seus frutos os índios produziam uma tinta vermelha com que se tingiam para se protegerem do sol e dos insetos e coloriam sua cerâmica e suas peças de algodão. Também é conhecida como URUCUZEIRO, URUCUEIRO, URUCUUBA, bixe; 2) nome da tinta que se extrai do urucuzeiro (D'Abbeville, Histoire, 226; Knivet, The Adm. Adv., 1228)
u'u (s.) - 1) tosse (VLB, II, 133); 2) escarro (VLB, I, 123); (adj.) (xe) - tossir; escarrar (VLB, I, 123): Xe u'u. - Eu tusso. (VLB, I, 62)
ybypypûera (etim. - o que foi um tronco da terra) (s.) - cepo, toco (da árvore que foi cortada) (VLB, I, 70) (v. ypy)
'ypûera (etim. - rio que foi) (s.) - IPUEIRA, terreno alagado; charco formado nas áreas baixas pela junção de rios que transbordaram e onde as águas se conservam muitos meses, tornando indistintos os canais fluviais que lhe deram origem [abn, lxxxii [1962], 220]
ypymoín (etim. - pôr começo) (v.tr.) - começar: Aîypymoín. - Comecei-o. (VLB, I, 77)
Araripina (PE). Em 1943, o município de São Gonçalo teve seu nome mudado para Araripina, talvez por sua proximidade da Chapada do Araripe (fonte: IBGE).
Mucurici (ES). De mukury + ysy (t): fileira de mucuris.
Mussurepé (RJ). De musũ, nome de peixe + (a)pé (r, s): caminho dos muçuns.
Pirituba (rio de SP). De piripiri + tyba: ajuntamento de juncos, juncal.
(Libri Princ.) LIBRI PRINCIPIS. In Brasil Holandês, vol. I (org. de Dante Martins Teixeira). Editora Index, Rio de Janeiro, 1995)
depois (de) - riré, iré ● depois disso: a'e riré
secar - (intr.): tining; (tr.): motining; monga'ẽ
agûerabé (posp.) - desde, desde que: xe rura agûerabé - desde minha vinda (VLB, I, 101)
andyrá-'aka (etim. - morcego de chifre) (s.) - mamífero da ordem dos quirópteros, da família dos filostomídeos, que se alimenta principalmente de frutos (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 213)
ené (interj.) - o mesmo que ene'ĩ (v.) (Anch., Teatro, 44, 2006)
eroîeupir (ou eroîeupi) (v.tr.) - subir com, fazer subir consigo: Nde reroîeupi kori... - Faz-te subir consigo hoje. (Anch., Poemas, 96); Xe 'anga nde raûsupara erasó seroîeupi... - Leva minha alma que te ama, fazendo-a subir contigo... (Valente, Cantigas, III, IV, in Ar., Cat., 1618)
îarumũ (ou îurumũ) (s.) - JERIMUM, JERIMU, abóbora, planta cucurbitácea de fruto redondo e grosso, casca delicada e polpa amarela (Cucurbita maxima Duchesne) (D'Abbeville, Histoire, 52v)
îasûaramo (conj.) - como, como se, como que (às vezes com as partículas n'aé ou n'aémo): Oîoasykûera ri îasûaramo oîoerekóbo. - Tratando-se uns aos outros como que numa fraternidade. (Ar., Cat., 127v); Xe só îasûaramo n'aé... - Como se eu fosse... (Anch., Arte, 26); Xe 'é îasûaramo n'aé... - Como se eu dissesse... (VLB, II, 15)
îenotĩ (ou nhenotĩ) (v. intr.) - envergonhar-se: Penhenotĩ iké bé mba'e-memûã raûsub'iré. - Envergonhai-vos aqui também, após terdes amado as coisas más. (Ar., Cat., 169)
îeposypaba (etim. - instrumento de se limparem as mãos) (s.) - 1) guardanapo (VLB, I, 146); 2) toalha das mãos (VLB, II, 129) (v. syb)
îeupisaba (etim. - instrumento de se elevar) (s.) - escada (VLB, I, 122)
îobasypaba (etim. - instrumento de se limpar o rosto) (s.) - lenço (VLB, II, 20); toalha de rosto (VLB, II, 129)
karûabora (s.) - gotoso, o que sofre de gota (D'Evreux, Viagem, 157)
kyîuba2 (ou kyîu) (s.) - grilo, nome comum aos insetos ortópteros da família dos grilídeos (D'Abbeville, Histoire, 257v; Thevet, Cosm. Univ., 918v)
mba'eubana (s.) - envoltório, embrulho, trouxa (VLB, I, 120)
nhemim (ou îemim) (v. intr.) - esconder-se: Asópe ûinhemima ká! - Vou-me esconder! (Anch., Teatro, 62); Enhemim, nde kyrirĩ. - Esconde-te, fica quieto. (Anch., Teatro, 32); Marãpe nd'erenhemimi? - Por que não te escondes? (Anch., Teatro, 32); Aîemĩngatu kó gûitupa... - Escondo-me bem, estando deitado aqui... (Anch., Teatro, 32)
obapŷaba (t) (etim. - instrumento de queimar o rosto) (s.) - carapuça de cera que se colocava naquele que era enforcado (VLB, I, 67)
obapytymbaba (t) (etim. - instrumento de sufocar o rosto) (s.) - rolha de garrafa (VLB, II, 108); tampão, cobertura (VLB, I, 66) [v. tb. obapytym (s)]
opupé - o mesmo que o îoupé (v. îoupé) (Anch., Arte, 16)
pẽ (-îo- ou -nho-) (v.tr.) - tecer como trança, trançar: Anhopẽ. - Trancei-o. (VLB, II, 125)
peîor! - o mesmo que peîori! (v.) - vinde! (Anch., Arte, 57v). Segundo Léry (1578), tal forma "é comumente para chamar os animais e os pássaros que eles (os indígenas) alimentam." (Léry, Histoire, 374)
pira'aka (etim. - peixe de chifre) (s.) - PIRAACA, peixe marinho da família dos balistídeos (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 154)
piraíba (m) (etim. - pele ruim) (s.) - 1) doença de bexigas, varíola (Anch., Arte, 31); 2) lepra (VLB, II, 20); (adj.: piraíb) - bexigoso, leproso: Xe piraíb. - Eu sou leproso. (VLB, II, 20)
piranema (etim. - peixe fedorento) (s.) - PIRANEMA, PIRAPEMA, peixe marítimo da família dos priacantídeos, de olhos grandes (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 145)
popetekaba (m) (etim. - instrumento de golpear as mãos) (s.) - palmatória (VLB, II, 63)
seba'e (etim. - o que é gostoso) (s.) - 1) mantimento (Fig., Arte, 72); qualquer tipo de manjar (VLB, II, 31): i xeba'e - seu mantimento (Fig., Arte, 72); 2) aquilo que se come habitualmente com pão; conduto (VLB, I, 79); 3) legumes (VLB, II, 19)
tiîepyranga (etim. - tiê vermelho) (s.) - TIÊ-PIRANGA, pássaro da família dos traupídeos. É também chamado TAPIRANGA, TIÉ-FOGO, TIÉ-VERMELHO, etc. (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 192; Sousa, Trat. Descr., 236)
u'ipukuîtaba (etim. - instrumento de mexer farinha) (s.) - pá utilizada na produção de farinha de mandioca (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 67)
uru'i (etim. - uruzinho) (s.) - nome de uma ave (Brandão, Diálogos, 226)
'ybamyxuna (etim. - fruto escuro) (s.) - 1) murta, gênero de plantas da família das mirtáceas; 2) árvore melastomatácea do norte do Brasil (Mouriri guianensis Aubl.) (VLB, II, 45)
'ysokó2 - o mesmo que sokó (v.) (Griebe, Brasil Holandês, vol. III, 40)
Iperoig (SP). De iperu + 'y: rio dos tubarões. Nome da localidade onde Anchieta e Nóbrega ficaram reféns dos tamoios em 1562-1563.
Jirumirim (RJ). De îuru + mirĩ: foz pequena.
Pium (rio de MG). De pi'ũ: piuns, borrachudos.
Urussuí (PI). De eirusu - uruçus, iruçus, abelhas meliponídeas + 'y - rio: rio dos uruçus.
avermelhar-se (= tingir-se de vermelho) - îemopyrang
viver - ikobé / ekobé (t); ikó / ekó (t) ● fazer viver: moingobé
Que sem ser do Pequim, por ser do AÇU,
esabanga (t) (etim. - olho torto) (s.) - vesgo; [adj.: esabang (r, s)]: Xe resabang. - Eu estou vesgo. (D'Evreux, Viagem, 157; Castilho, Nomes, 38)
gûebi (s.) - nome de um peixe (Griebe, Brasil Holandês, vol. III, 70)
gûeîyb (ou gûeîy) (v. intr.) - descer: Nde 'anga osapy satá ogûeîypa... - Queimou tua alma o fogo dele, descendo. (Anch., Poemas, 124); ...Ogûeîy îandé rekoápe... - Desceu aonde nós estamos. (Anch., Poemas, 160); Ogûeîyb yby apyterype... - Desceu para o centro da terra. (Anch., Doutr. Cristã, I, 141) ● gûeîypaba (ou gûeîybaba) - tempo, lugar, modo, etc. de descer; descida: Arobîar yby apyterype i gûeîybagûera... - Creio na descida dele para o meio da terra. (Ar., Cat., 16)
îaramẽ (conj.) - como se: ...Mutu'u resé Tupã îekosu-berame'ĩ Tupã kane'õ mba'e tetiruã monhanga îaramẽ. - Deus parece obter descanso, como se fazer quaisquer coisas fosse cansaço de Deus. (Ar., Cat., 11v); A'epe xe só îaramẽ... - Como se eu fosse lá... (VLB, I, 78)
îomoaîu (v. intr. compl. posp.) - competir, fazer disputa [por algo ou por alguém: compl. com esé (r, s)]: Nd'e'i te'e moxy sesé og orybamo, ...sesé oîomoaîuabo... - Por isso mesmo os malditos se alegram por causa deles, fazendo disputa por eles. (Ar., Cat., 159)
îori - 2ª p. sing. do imper. de îur / ur(a) (t, t), alomorfe de eîori (v.): Saraûaî, îori ekagûabo. - Sarauaia, vem para beber cauim. (Anch., Teatro, 60); Kaburé, îori enhana... - Caburé, vem correndo! (Anch., Teatro, 64)
mim (-îo- ou -nho-) (v.tr.) - esconder, ocultar: Xe mĩ-te îepé i xuí! - Mas me esconde tu dele! (Anch., Teatro, 32); Anhomim temõ i mba'e-katu mã...! - Ah, oxalá esconda eu as boas coisas dele. (Ar., Cat., 73) ● omimba'e (ou onhomimba'e) - o que esconde: Abá mba'e omimba'e. - O homem que esconde algo. (Ar., Cat., 72v); emimima (t) - o que alguém esconde: Nde remimimbûera, anhẽ, umãmepe nde mondá? - O que tu escondeste, na verdade, onde tu roubaste? (Anch., Teatro, 44); Ereîarype abá mba'e, nde rapixara mondarõagûera koîpó semimima? - Tomaste as coisas de alguém, o objeto do furto de teu próximo ou o que ele esconde? (Ar., Cat., 107); mimaba (ou mimbaba) - tempo, lugar, modo, etc. de esconder; ato de esconder: Xe resá pupé-katu asepîak nde i mimagûera. - Bem com os meus olhos vi que tu as escondeste. (Anch., Teatro, 176)
nhe'engerekoara1 (etim. - o que tem discursos) (s.) - arauto; porta-voz (VLB, I, 134)
nhemotimbosaba (etim. - instrumento de se defumar) (s.) - perfume (VLB, II, 73)
okendaba (r, s) (etim. - instrumento de fechar) (s.) - madeira, tampo que fecha uma entrada (de casa, de caixa, etc.); porta; janela (VLB, I, 18)
paraíba (etim. - rio ruim) (s.) - nome de um antigo grupo indígena (Léry, Histoire, 152, 1994)
-pipó? (contr. de -pe e ipó em interrogações) - de fato? por acaso? porventura?: Aîpó nhõ-pipó nde rera? - Esse somente é, de fato, teu nome? (Anch., Teatro, 44); I kaûĩgûasu-pipó xe ramûĩa Îagûaruna? - Tem muito cauim, por acaso, meu avô Jaguaruna? (Anch., Teatro, 60); Ereîakasó-pipó? - Imigraste, porventura? (D'Evreux, Viagem, 244); Marã-pipó moranduba? - Quais as novidades, por acaso? (Anch., Teatro, 22)
poká (v.tr.) - 1) espremer (p.ex., com prensa); 2) retorcer, torcer (como camisa lavada ou cipó) (VLB, I, 127) ● pokasara - prenseiro, o que prensa (VLB, II, 85)
poranduba (m) (etim. – ouvir gente) (s.) - novidade, notícia, história, PORANDUBA: Marã-pipó moranduba? - Quais as novidades, por acaso? (Anch., Teatro, 22)
posanga3 (m) (s.) - feitiço, prodígio: Ererobîápe paîé-aíba mosangyîaramo sekó? - Crês que o pajé ruim é o que tem o dom dos prodígios? (Ar., Cat., 98v); Mosangape ereîpuru ture'ymagûama ri? - Usaste feitiço para que não viessem? (Anch., Teatro, 12)
pyapasaba1 (m) (etim. - instrumento de entortar os pés) (s.) - sapato, calçado: Aîpyapasá-mondeb. - Pus o sapato. (VLB, I, 63); (adj.: pyapasab) (xe) - ter sapato: Na xe pyapasabi. - Eu não tenho sapatos. (VLB, I, 96) ● mbyapasá-puku (ou kunhã-pyapasaba) - sapatas de mulher, sapato largo e grosso de mulher, sem salto ou de salto baixo (VLB, I, 66)
pysebo'i (etim. - verme dos pés) (s.) - frieira (dos pés) (VLB, I, 144)
tepiti (s.) - TIPITI, cesto feito de folhagem de palmeira para tirar o suco de raízes já raladas; prensa (Staden, Viagem, 141); espremedor de mandioca (VLB, I, 127) (o mesmo que tapeti2 - v.)
Urubutĩgûaba (etim. - bebedouro dos urubutingas) (s. antrop.) - nome de índio tupi (D'Abbeville, Histoire, 187)
'ybamoîybypyra (etim. - fruto cozido) (s.) - conserva (VLB, I, 80)
Coité (PB). De kuîeté - cuité, cuitezeira, cuieira, árvore bignoniácea (Crescentia cujete L.), que dá cuias, cabaças ou cuités.
Imbituba (PR). De imbé (de ysypoimbé) + tyba: ajuntamento de cipós-imbés.
ekobîara (t) (s.) - 1) substituto, sucessor: ...Îudas Tupã Ta'yra me'engarûera rekobîaramo tari... - Tomou-o como substituto de Judas, que entregara Deus-Filho. (Ar., Cat., 121-122); Té! Oîpotareté îandé ramuîa o ekobîareté îandébe. - Ah, nossos avós muito quiseram verdadeiros substitutos seus para nós. (Léry, Histoire, 356); Asó nde rekobîaramo. - Vou como teu substituto. (Anch., Arte, 44v); 2) substituição, troco, troca: Sekobîaramo aîme'eng. - Dei-o em troca. (VLB, I, 90); Seîmbaba rekobîáramo amõ aîme'eng i xupé. - Em troca de sua criação, dei-lhe outra. (VLB, II, 103)
îeke'a (s.) - covo (de peixes): Ereîosubype abá îeke'a i poroka? - Visitaste o covo de alguém, arrancando seu conteúdo? (Anch., Doutr. Cristã, II, 99)
mba'easy (etim. - dor dos membros) (s.) - doença, dor, coisa dolorosa, infortúnio; má disposição (VLB, II, 27), tormento (VLB, II, 132): Aîporará temõ Tupã resé mba'easy katupabẽ mã...! - Ah, oxalá eu sofresse por Deus muitíssimos infortúnios! (Ar., Cat., 164v); (adj.) - doente; (xe) adoecer: ...Iîá omba'easyramo...! - Bem feito que adoeceu! (Ar., Cat., 69v); Xe mba'easy-'ar. - Caí doente. (VLB, I, 116) ● mba'easypotar - enfermiço, doentio: Xe mba'easypotar. - Eu sou enfermiço. (VLB, I, 105)
mbirakubora (etim. - os de pele quente) (s.) - verão (VLB, II, 144)
mytũporanga (etim. - mutum bonito) (s.) - MUTUMPORANGA, ave galiforme da família dos cracídeos (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 195)
nhen (-îo- ou -nho-) (v.tr.) - submeter, subjugar (por bem, como, p.ex., o pai ao filho) (VLB, II, 121)
obakûatiara (s. etnôn.) - nome de grupo indígena que vivia, no século XVI, em ilhas do rio São Francisco e tinha casas como cafuas debaixo do chão (Cardim, Trat. Terra e Gente do Brasil, 124)
obapy1 (t) (etim. - fundo do rosto) (s.) - entradas da cabeça, os ângulos que formam os cabelos na parte superior do rosto (Castilho, Nomes, 40)
peẽ (pron. pess. de 2ª p. pl.) - vós: ...Peẽ aé-te peîeapirõ... - Mas chorai por vós mesmas. (Ar., Cat., 61v)
teîkuare'ẽ (etim. - sesso doce) (s.) - nome de uma ave (Brandão, Diálogos, 230)
Tuputapuku [etim. - tronco comprido < toputá + puku)] (s. antrop.) - nome de índio tupi (D'Abbeville, Histoire, 82)
typy'asyka (s.) - bolo feito de tipioku'i (v.) (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 67)
ũî (-îo-s- ou -nho-s-) (v.tr. irreg. Incorpora -îo- e -s-. Nas formas nominais é pluriforme.) - 1) queimar, abrasar: Anhosũî. - Queimo-o. Aporoũî. - Abraso gente. (Fig., Arte, 89); 2) escaldar: Xe rũî îepé. - Tu me escaldaste. (VLB, I, 122)
u'uburu (r, s) (etim. - repositório de flechas) (s.) - aljava: itá-u'uburu - aljava de ferro (VLB, I, 32)
Mocoripe (rio do CE). De mukury - mucuri, plantas gutíferas + 'y + -pe: no rio dos mucuris.
Mussum (RS). De musũ, muçuns, peixes simbrânquios.
vingar (tr.) - poepyk (o objeto é sempre uma pessoa: vingar alguém); epyk (s)
aopyasapaba (etim. - instrumento de tecer roupas) (s.) - lançadeira (peça de tear) (VLB, II, 18)
apixarĩ (t) (s.) - o próximo (VLB, II, 89), o companheiro: Nde mba'epûerype, nde rapixarĩ nhe'engûera mombegûabo? - Tu fizeste mexericos, contando as palavras de teu próximo? (Anch., Doutr. Cristã, II, 99); Aûnhenhẽ o apixarĩ resé îepyki... - Imediatamente eles se vingam de seu próximo. (Anch., Teatro, 130); Xe rapixarĩ pabẽ, 'areté-angaturama t'asepîáne! - Meus companheiros, hei de ver o feriado santo. (Anch., Poemas, 150)
4 (posp.) - desde: Kûesenhe'ym bé sepîá-potá tenhẽ roîré. - Depois de querer vê-lo, em vão, desde muito tempo atrás. (Ar., Cat., 58v); ...Kûesé bé mba'e n'a'uî. - Desde ontem não como nada. (Anch., Poemas, 150)
eriaan (interj. de h. que exprime ferocidade) - Não! Não há de ser assim! (VLB, II, 46)
gûeti (s.) - GUETI, OITI, nome genérico de árvores altas que produzem frutos amarelos: gûetitoroba, gûetimirĩ e gûetikoroîa (v.). (Piso, De Med. Bras., IV, 183; Brandão, Diálogos, 217). O mesmo que ûiti (v.).
itakytyngokaba (etim. - instrumento de brunir metais) (s.) - rascador de barbeiro (VLB, II, 97)
ker (v. intr.) - 1) dormir: Xe porupi xe ra'yra keri. - Ao lado de mim dorme meu filho. (Fig., Arte, 123); ...Iké nhẽ peîkó xe rarõmo, xe pyri, pekere'yma... - Estai aqui esperando-me, junto de mim, não dormindo. (Ar., Cat., 52v); Ereké-pipó eîupa? - Estavas realmente dormindo? (Anch., Teatro, 10); Okerĩ... Nd'eremombaki! - Ele dorme... Não o acordes! (Anch., Teatro, 32); Ereképe, Gûaîxará? - Dormes, Guaixará? (Anch., Teatro, 50); 2) adormecer (VLB, I, 22) ● Aker-akerĩ. - Durmo amiúde. (VLB, I, 106)
kyrirĩ (s.) - silêncio (VLB, II, 117); QUIRIRI; (adj.) - silencioso, quieto, calado, pensativo, QUIRIRI: Enhemim, nde kyrirĩ... - Esconde-te, fica quieto. (Anch., Teatro, 32)
nhegûarĩ (v. intr.) - ser retorcido; ser espiralado (VLB, II, 104)
nhembo'e1 (etim. - o instruir-se) (s.) - 1) doutrina (VLB, I, 106); 2) aprendizagem: nhembo'e-irũ - companheiro de aprendizagem, condiscípulo (VLB, I, 79); (adj.) - que aprende, aprendiz: kunumĩ-nhembo'e - moço que aprende, moço aprendiz (Anch., Arte, 32)
pa'ũme (loc. posp.) - entre (p.ex., entre nós não há disputas, ele está entre as ervas, etc.) (VLB, I, 119)
posangygûaba (m) (s.) - 1) veneno: Ereîme'engype... mosangygûaba kunhãmuru'abora supé...? - Deste veneno para uma mulher grávida? (Ar., Cat., 102); 2) remédio, poção: Sarûab amõme asé posangygûaba... - Não faz efeito, às vezes, nosso remédio. (Anch., Doutr. Cristã, II, 78)
pynõ1 / epynõ (t) (v. intr.) - emitir ventosidade, peidar: Apynõ. - Peido. (Anch., Arte, 58); sepynõneme - quando ele peida (Anch., Arte, 58) ● pynõsara - o que peida (Fig., Arte, 63); pynõsaba - tempo, lugar, modo, etc. de peidar (Fig., Arte, 63)
pytera (s.) - meio, centro de um círculo [não de coisa esférica ou com volume, que é apytera (v.)]: ...Kûarasy 'ara pyterype seneme. - Ao estar o sol no meio do mundo. (Ar., Cat., 117); ...Karaibebé pyterype supiri... - No meio dos anjos fê-la subir. (Ar., Cat., 132); ...Amõ 'yba gûemityma pyterype o'amba'e kuabe'enga. - Mostrando-lhe uma certa árvore que estava no meio do seu jardim. (Ar., Cat., 40); ...nhũ-myterype i mbo'îabo. - ...em meio de campo repartindo-os. (Anch., Teatro, 140) ● pyteri - no meio de, no centro de (Anch., Arte, 41); pyterybo - pelo meio de (sentido difuso) (Anch., Arte, 42v)
pyuru (m) (etim. - envoltório dos pés) (s.) - sapato (VLB, I, 66)
tatauru (etim. - repositório de fogo) (s.) - braseiro (VLB, I, 59)
tiîeúna (etim. - tiê preto) (s.) - nome de um pássaro da família dos traupídeos (Theat. Rer. Nat. Bras., I, 130, 131, 132, 133)
tupinikĩ (s.) - TUPINIQUIM (o mesmo que tupinakyîa - v.) (Staden, Viagem, 43)
upibé2 (r, s) (posp.) - conforme, de conformidade com: Supibé eremombûeîrá mara'abora... - Conforme ela, curaste os doentes. (Anch., Teatro, 120); ...I nhe'enga pabẽ rupibé îandé rekó potá. - Querendo que nós estejamos conforme todas as suas palavras. (Bettendorff, Compêndio, 54)
Guriú (CE). De kuri + 'y: rio dos guris, var. de peixes.
Jiju (RR). De îeîu: jijus, jejus, peixes caracídeos.
Meruípe (CE). De meru (ou mberu) - birus, moscas da família dos muscídeos + 'y + -pe: no rio dos birus.
abatimirĩ (etim. - milho pequeno) (s.) - 1) xerém, variedade de milho miúdo (VLB, II, 149); 2) trigo (VLB, II, 137)
akarapitamba (s.) - nome de um peixe perciforme (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 155)
amikykuruba (s.) - primeiros rebentos ou olhos da planta; (adj.: amikykurub) (xe) - brotar os olhos ou rebentos da planta (VLB, I, 60)
anhapûá (t) (etim. - dente pontudo) (s.) - dente canino (VLB, II, 85)
esaúna (t) (etim. - olhos escuros) (s.) - cegueira; [adj.: esaún (r, s)]: Xe resaún. - Eu sou cego. (D'Evreux, Viagem, 156)
esa'yra (t) (etim. - filho dos olhos) (s.) - pupila (VLB, II, 38; Castilho, Nomes, 38)
îemboryb (v. intr.) - o mesmo que nhemboryb (v.) (Anch., Poesias, 58)
kûeîpeé (ou kûeîpenhẽ) (conj.) - em vez disso, ao contrário, em vez de ser (VLB, II, 51)
mokaba (etim. - instrumento de estouro) (s.) - arma de fogo; artilharia, bombarda (VLB, I, 57); tiro de arma de fogo (VLB, II, 129): -Esenõî mbá!... -Mokaba, mororokaba, mokaku'i-uru. -Nomeia tudo. -Armas de fogo, explosivos, recipientes de pólvora. (Léry, Histoire, 343-344); Saûsupara, aîuruîuba, mokaba ogûeru tenhẽ... - Seus amigos, os franceses, trouxeram armas de fogo em vão. (Anch., Teatro, 52)
mosĩ (s.) - MUÇUM, o mesmo que musũ (v.) (Sousa, Trat. Descr., 301)
obamoún (s) (etim. - escurecer o rosto) (v.tr.) - manchar o rosto de (com carvão, tinta, fuligem, etc.) (VLB, II, 33)
pe4- (pref. num-pess. de 2ª p. do pl.): Peîuká. - Matais. (Anch., Arte, 17v); Pemanõmo. - Morrendo vós. (Anch., Arte, 29); Peîuká! - Matai-o! (Anch., Arte, 18)
timuna (etim. - bico preto) (s.) - nome de um passarinho pequeno e preto (Sousa, Trat. Descr., 238)
tupigûaé (etim. - tupis diferentes < tupi + aé2) (s. etnôn.) - TUPIGUAÉ, nome de nação indígena que habitava do sertão de São Vicente até Pernambuco (Cardim, Trat. Terra e Gente do Brasil, 122)
Potengi (rio do RN). De potĩ + îy: rio dos camarões.
JENSEN, C.J., O Desenvolvimento Histórico da Língua Wayampi. Campinas, Editora da Universidade Estadual de Campinas, 1990.
COUTO, Fr. Domingos de Loreto [1757], Desagravos do Brazil e Glorias de Pernambuco. Officina Typographica da Bibliotheca Nacional, 1904.
îeruti (s.) - JURITI, o mesmo que îurutĩ (v.) (D'Abbeville, Histoire, 239)
kûekûeîpenhẽ (ou kûekûeîpeé) (conj.) - em vez disso, ao contrário, em vez de ser (VLB, I, 101; II, 51)
mbobyrîõ (pron.) - poucos (em número) (VLB, II, 83); alguns somente: Mbobyrîõ ipó erimba'e kunumĩ kanhemi... - Alguns somente, outrora, morreram meninos. (Ar., Cat., 157v)
mororokaku'i (etim. - pó de instrumento de explosão) (s.) - pólvora (VLB, II, 80)
nhubana (s.) - envoltório, invólucro, embrulho: Aînhubã-rok. - Arranquei o invólucro dele. (VLB, I, 98)
ogû (pron. pess. refl.) - o mesmo que o1 (v.) antes de temas iniciados em vogal
pemimbaba (etim. - instrumento de esconder o caminho) (s.) - muro, cerca; valado, qualquer cercado (VLB, II, 45; 140)
pokesara (etim. - o que envolve, o que embrulha) (s.) - envoltório, invólucro, embrulho (amarrado com fio): Aîpokesá-rab. - Solto o embrulho dele. (VLB, I, 98)
pokosub2 (v.tr.) - prender: Irõ, oropokosub! - Portanto, prendo-te! (Anch., Teatro, 48)
Daí provém o nome do município de BORACEIA (SP) (v. p. 386).
porepy1 (m) (s.) - refém (VLB, I, 42): morepy me'engara - o que entrega os reféns, o redentor (VLB, II, 99)
puraké2 (m) (s.) - cotovelo (entre os tupis de São Vicente) (VLB, I, 84; Castilho, Nomes, 37)
pytubara (m) (etim. - o prender o fôlego) (s.) - 1) cansaço (VLB, I, 133); 2) aborrecimento (VLB, I, 23); 3) melancolia, "uma que quebranta o corpo sem que se possa fazer nada, nem falar" (VLB, II, 29); (adj.: pytubar) - cansado, aborrecido, melancólico: Xe pytubarusu. - Eu estou muito melancólico. (VLB, II, 29)
tapuîa3 (s. etnôn.) - nome de um grupo indígena do Maranhão (D'Abbeville, Histoire, 131): tapuî-tapera - tapera dos tapuias (D'Abbeville, Histoire, 186)
ubatĩ2 (etim. - fruto pontudo) (s.) - nome de uma planta (Theat. Rer. Nat. Bras., II, 218)
'ybatĩ (etim. - fruto pontudo) (s.) - nome de planta, provavelmente uma asclepiadácea do gênero Ibatia. Tem um fruto acuminado na extremidade, com muitas proeminências como espinhos, que derrama um suco lácteo, glutinoso. (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 19-20)
ysypoysyka (etim. - cipó resinoso) (s.) - nome de uma planta (Theat. Rer. Nat. Bras., II, 215)
Birigui (SP). De mbyryki - buriquim, birigui, var. de macaco de rosto e pernas compridas.
Ticororó (Rib. de MG). De ty + kororõ: rio roncador, água que ronca.
agitar-se - îemosusun; îepubur; îereb; nhemongué; amaran (xe)
gûitena - 1ª p. do sing. do gerúndio de in / en(a) (t) (v.)
'i / 'é4 (v. intr. irreg.) - ser velho, ter idade, ter tempo: Nd'a'éî (ou Nd'a'éî ranhẽ ou Nd'a'éî pyrybĩ). - Não sou velho. (VLB, II, 8); Nd'e'i-angáî. - Ainda é muito cedo para isso. (VLB, I, 69)
îenosem (ou nhenosem) (v. intr.) - omitir-se; retirar-se: ...Mba'emirĩ tiruã, abá rekoagûerĩ oîenosem a'epene. - Nem sequer uma pequena coisa, nem um só pequeno ato das pessoas omitir-se-á, então. (Ar., Cat., 161v); ...Mba'e resé o nhemoma'enduaragûera a'epe onhenosẽne... - Suas antigas lembranças das coisas aí se retirarão. (Ar., Cat., 161v)
kamby (etim. - líquido dos seios) (s.) - leite (Castilho, Nomes, 31)
mi'u (ou mbi'u) (etim. - o que é comido) (s.) - mantimento (VLB, II, 31); qualquer tipo de comida (VLB, II, 31): N'i tybi xûépe amõ mi'u...?... - Não haverá outra comida? (Ar., Cat., 84) [v. tb. embi'u (t)]
mondarõ2 (v. intr. compl. posp.) - cometer furto, fazer roubo, apropriar-se [de algo: compl. com esé (r, s)]: Emondarõ umẽ. - Não cometas furto. (Ar., Cat., 72v) ● omondarõba'e - o que comete furto, o que faz roubo: Abá mba'e resé omondarõba'e. - O homem que comete furto de algo. (Ar., Cat., 72v); mondarõaba (ou mondarõama) - tempo, lugar, causa, etc. de cometer furto; objeto de furto, coisa furtada: Ere'upe abá mondarõagûera? - Comeste objeto de furto de alguém? (Ar., Cat., 107); Nde rorype... sesé abá mondarõagûera resé? - Tu te alegraste por alguém cometer furto delas? (Ar., Cat., 109v)
mu'amara (etim. - o que se opõe) (s.) - oponente: I aûîé mu'amarûera... - Renderam-se os oponentes. (Anch., Teatro, 52) (v. tb. pu'am2)
muruangaba2 (interj.) - muito bem! que bom!: Osó muruangaba! - Que bom que foi! (Fig., Arte, 136)
mutũ (ou mytũ) (s.) - MUTUM, nome genérico de aves galiformes da família dos cracídeos (D'Abbeville, Histoire, 236): -Esenõî gûyrá ixébe. -Îaku, mutũ, makukagûá... -Nomeia as aves para mim. -Jacu, mutum, macucaguá. (Léry, Histoire, 348)
siri (ou seri) (s.) - SIRI, nome genérico de várias espécies de crustáceos decápodes braquiúros da família dos portunídeos (D'Abbeville, Histoire, 248; VLB, I, 67): Auîebeté kó aîkó, ndébo ko siri reru. - Muito bem, eis que aqui estou, trazendo para ti estes siris. (Anch., Poemas, 154)
upibé1 (r, s) (posp.) - logo que, logo depois de, assim que, logo em: -A'e rupibépe gûyrá sapukaî? -Supibé. -Logo depois disso o galo cantou? -Logo depois disso. (Ar., Cat., 55v); xe rura rupibé - logo que vim (Anch., Arte, 43v)
'yba3 (s.) - origem, princípio (VLB, II, 59): Moroaûsubara 'yba... - Princípio da compaixão... (Valente, Cantigas, VII, in Ar., Cat., 1618); amanyba (ou amandyba) - começo de chuva (Anch., Arte, 3)
Iriri (rio do ES). De 'y + reri: rio de ostras. "Da villa de Benavente em distancia de uma legua encontrei o rio Iriri pequeno, que dá passagem em maré vasia." (Navarro de Campos [1808], p. 456)
Uru, Córrego do (SP). De uru2, nome de certas aves galiformes (Cardim, Trat. Terra e Gente do Brasil, 37)
beryki (s.) - BURIQUI, o mesmo que mbyryki (v.) (Soares, Coisas Not. Bras. [ms .c] 1114-1116)
eîori - 2ª p. sing. irreg. do imper. de îur / ur(a) (t, t) (Anch., Arte, 57v): Eîori i mosykyîébo... - Vem para amedrontá-lo. (Valente, Cantigas, II, in Ar., Cat., 1618); Eîori nde retamûama repîaka. - Vem para ver tua futura terra. (Léry, Histoire, 341); Eîori, mba'e-nem...! - Vem, coisa fedorenta! (Anch., Teatro, 44); Eîori, eîori! - Vem, vem! (Carder, The Rel., 1188)
(e)nimbó (r, s) (s.) - fio grosso (como de rede), corda (Anch., Arte, 13v): xe renimbó - meu fio; senimbó - seu fio (Fig., Arte, 78)
gûitu - 1ª p. do sing. do gerúndio de îur / ur(a) (t, t) (v.)
gûitupa - 1ª p. do sing. do gerúndio de îub / ub(a) (t, t) (v.)
imẽ / emẽ (t) (v. intr. irreg.) [deriv. de in / en(a) (t) - v.] - estar: Aîmẽ. - Estou. (Anch., Arte, 58) [O mesmo que imbé / embé (t) - v.]
inimboîa - o mesmo que inimbó (v.) (Piso, De Med. Bras., IV, 194)
kangûera2 (etim. - osso que foi) (s.) - instrumento para fumar ou beber fumo; espécie de cigarro grande; "canudo que se faz de uma folha de palma seca e tem três ou quatro folhas secas de erva-santa, que os índios chamam petume" (Sousa, Trat. Descr., 317)
moropysykara (etim. - o prendedor de gente) (s.) - oficial de justiça (que prende pessoas) (VLB, I, 54)
musiku - o mesmo que musiky (v.) (Piso, De Med. Bras. III 173)
nhan (v. intr.) - correr: Nd'e'i te'e moxy onhana... - Por isso mesmo as malditas correm. (Anch., Teatro, 128); Nde apûan, enhan, eîu!... - Apressa-te, corre, vem!... (Anch., Teatro, 58); Kaburé, îori enhana...! - Caburé, vem correndo! (Anch., Teatro, 64)
nhandynema (etim. - óleo fedorento) (s.) - óleo de tubarão ou de baleia (VLB, I, 49)
nheŷnhang1 (v. intr.) - encolher-se (como quem dorme ao frio) (VLB, I, 114)
teîunhana (etim. - teju corredor) (s.) - espécie de lagarto da família dos teídeos (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 238)
tyurutyba (etim. - recipiente costumeiro de urina) (s.) - urinol, penico (VLB, II, 60)
ybykuapaba (etim. - instrumento de conhecimento da terra) (s.) - instrumento de mensuração de terras; marco de terras (VLB, II, 32)
Cangati (CE). Nome de um peixe siluriforme. De akanga + tĩ: cabeça pontuda.
eîxu'i (s.) - ENXUÍ, nome de um inseto vespídeo, agressivo, que produz bom mel (VLB, I, 55)
endypuka (t) (etim. - lume fendido) (s.) - resplendor; [adj.: endypuk (r, s)] - luzente, brilhante, resplandecente: Xe rendypuk. - Eu sou luzente. (VLB, II, 26)
îasûá (conj.) - como, como se, como que: I xupé îasûá oîeí eresapuká-pukaî. - Como que para ele ficaste gritando hoje. (Anch., Teatro, 140)
ikotebẽ3 / ekotebẽ (t) (v. intr. compl. posp. irreg.) - carecer, ter falta, necessitar [de algo ou de alguém: compl. com esé (r, s)]: ...O monhemombe'ûarama resé oîkotebẽmo... - Tendo falta de um confessor seu. (Ar., Cat., 76); ...Gûemi'urama resé oîkotebẽbo nhẽ... - Necessitando de sua comida. (Ar., Cat., 78)
kûare'yma (etim. - sem furo) (s.) - virgem: Ereîkópe kûare'ymano resé? - Tiveste relações com uma virgem também? (Anch., Doutr. Cristã, II, 89)
nhemombe'ukugûapaba (etim. - meio de conhecer o que se conta de si) - livro de confessionário (VLB, I, 79)
sirioby (etim. - siri verde) (s.) - espécie de crustáceo da família dos portunídeos (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 184)
tupi1 (s. etnôn.) - TUPI, 1) nome de povo indígena da capitania de São Vicente (Anch., Arte, 1v); 2) designativo genérico dos índios falantes da língua brasílica: -Asó tupi moangaîpapa. -Mba'e apŷabap'aîpó? -Tupinakyîa keygûara. -Vou para fazer os tupis pecarem. -Que índios são esses? -Os tupiniquins, habitantes daqui. (Anch., Teatro, 140)
Peruíbe (SP). De iperu + 'y + -pe: no rio dos tubarões. "(...) me pedia mais huma ylha de três que estam defronte da dita terra de Peroibe pera seu aposentamento (...)." (Amtonio d'Oliveira [1553], Confirmação das terras doadas pelo ir. Pero correia ao colégio de s. Vicente, 22 de março 1553, p. 460).
Tijipió (PE). De teiú - teju, tiú, nome genérico para os lagartos + ypyó - grande quantidade, multidão (VLB, I, 81): multidão de tejus.
'arybo1 (loc. posp.) - sobre (em sentido difuso ou, ainda, sem contato): ...Pesepîak irã... ybytinga 'arybo xe rura béne... - Vereis também futuramente minha vinda sobre as nuvens... (Ar., Cat., 56v); ...Missa pupé miapé rari o pópe, sobasapa, i 'arybo Îandé Îara Îesu Cristo nhe'engûera ra'anga... - Na missa toma o pão em suas mãos, benzendo-o, sobre ele pronunciando as palavras de Nosso Senhor Jesus Cristo. (Ar., Cat., 84v); I 'arybo omanõmo Îandé Îara îandé repyme'engagûera resé... - Sobre ela morrendo Nosso Senhor para nos resgatar. (Ar., Cat., 21)
ekombegûé (t) (etim. - modo de ser lento) (s.) - 1) fleugma; moleza de ânimo; 2) molengão; [adj.: ekombegûé (r, s)] - molengão: Xe rekombegûé. - Eu sou molengão. (VLB, II, 40)
erokûer (v.tr.) - deter consigo: Ererokûé-rokûerype abá amõ...? - Ficaste detendo contigo alguma pessoa? (Anch., Doutr. Cristã, II, 88)
gûarakapá (s.) - escudo de couro resistente, feito para se resguardarem os índios das flechas inimigas (D'Abbeville, Histoire, 289; VLB, II, 68); qualquer adarga (VLB, I, 21)
îesuí (posp.) - 1) (posp. recípr.) - um do outro: E'ikatupe o îesuí opo'i? - Podem deixar um do outro? (Ar., Cat., 94v); 2) (posp. refl.) - de si mesmo: ...O îesuí i mo'ẽuká asé resé. - Fazendo-o derramar de si mesmo por nós. (Ar., Cat., 43)
ikugûabypypabẽ (etim. - conhecido de todos) (s.) - o que é famoso; (adj.) - famoso, notório, público; (adv.) por fama, reconhecidamente (VLB, II, 89)
itaîubuna (etim. - ouro escuro) (s.) - dinheiro ou moeda de cobre (VLB, I, 103)
NOTA - No P.B., -MIRIM é um elemento de composição que significa pequeno, diminuto, infantil, etc.: GUARDA-MIRIM, OFICIAL-MIRIM, ESCRITOR-MIRIM, ABELHA-MIRIM, etc. Tal palavra está presente, também, em muitos nomes de plantas e animais no Brasil: ABATIMIRIM, AÇAÍ-MIRIM, AÍ-MIRIM, AIRIMIRIM, ARAÇÁ-MIRIM, BACABAMIRIM, BAIACUMIRIM, BURITIMIRIM, etc.
muremuré (s.) - MURMURÉ, MURUMURÉ, instrumento musical feito de ossos, usado pelos índios (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 278)
pysyrõ4 (v.tr.) - escolher (entre muitos) (VLB, I, 123), acolher, aceitar: ...I pysyrõû o syrama resé. - Escolheu-a para sua futura mãe. (Ar., Cat., 133, 1686) ● emipysyrõ (t) - o que alguém escolhe; o que alguém aceita, etc.: ...Og ere'yma pupé abá remipysyrõ oîabé sere'ỹme?- O que alguém aceita no seu paganismo, no paganismo dele está igualmente? (Ar., Cat., 95v)
sinimbu (s.) - SINIMBU, o mesmo que senemby (v.) (Sousa, Trat. Descr., 263)
sirimirĩ (etim. - siri pequeno) (s.) - SIRIMIRIM, crustáceo da família dos portunídeos (VLB, I, 67)
teîú (s.) - TEIÚ, TEJU, TIÚ, TIJU, nome genérico para os lagartos, répteis lacertílios da família dos teídeos (D'Evreux, Viagem, 207; VLB, II, 17)
Urucuia (MG). De uruku - urucu, urucum, urucuzeiro, árvore bixácea + 'yba - pé, planta: pés de urucu.
eîor - 2ª p. do sing. irreg. do imper. de îur / ur(a) (t, t) (v.) (Anch., Arte, 57v)
îeapyká1 (s.) - 1) descendente: ...O emiminõ koîpó o emiarirõ amõ îeapyká resé nd'e'ikatuî abá omendá. - Com um neto ou uma neta, com algum descendente não pode ninguém se casar. (Ar., Cat., 128v); 2) geração: ...Oîoirundyk îeapyká sykápe... - Ao transcorrerem quatro gerações. (Ar., Cat., 129); 3) cria (de animal): gûeîmbaba îeapyká - cria de seus animais (Ar., Cat., 78)
îegûaru2 (v. intr. compl. posp.) - ter nojo, ter repugnância, ter asco (de algo ou de alguém: compl. com suí): ...Xe suí oîegûarue'yma. - Não tendo nojo de mim. (Ar., Cat., 85v)
ikotebẽ2 / ekotebẽ (t) (v. intr. compl. posp. irreg.) - tomar nojo [de algo ou de alguém: compl. com esé (r, s)]: Aîkotebẽ (abá) resé. - Tomei nojo do homem. (VLB, II, 50, adapt.)
kambykaba (etim. - instrumento de espremer) (s.) - prensa de espremer, espremedor: u'ubae'ẽ kambykaba - prensa de espremer cana-de-açúcar (VLB, II, 85)
moroîubykatyba (etim. - instrumento costumeiro de enforcar gente) (s.) - algoz, enforcador por ofício (VLB, I, 31)
nhembo'e2 (etim. - o instruir-se) (v. intr. compl. posp.) - aprender; exercitar-se [compl. com esé (r, s)]: Onhembo'e Tupã nhe'enga o emierobîarama resé... - Aprende acerca da palavra de Deus, em que crerá. (Ar., Cat., 80v); N'osa'angi-te-p'akó nhembo'e ko'arapukuî? - Mas não tentam esses aprender sempre? (Anch., Teatro, 30) ● nhembo'esaba (ou nhembo'eaba) - tempo, lugar, objeto, etc. do aprender; o que alguém aprende: Eîporu nde nhembo'eagûera. - Pratica o que tu aprendeste. (VLB, I, 131)
pokasaba (etim. - instrumento de espremer) (s.) - prensa (de espremer): u'ubae'ẽ pokasaba - prensa de cana-de-açúcar (VLB, II, 85)
hai (interj.) - diz o que tem dó de outrem (Fig., Arte, 147)
moropotaraba (etim. - o desejo de gente) (s.) - desejo sensual: moropotaragûera posanga - remédio de nossos antigos desejos sensuais (Ar., Cat., 92)
nhemotekokuab (v. intr.) - ter discernimento, conhecer os fatos (Ar., Cat., 169)
îeke'i (s.) - 1) covo pequeno de peixes: Ereîosubype abá îeke'i kûara? - Visitaste o buraco do covo de alguém? (Anch., Doutr. Cristã, II, 99); 2) pequena nassa que serve quando as águas transbordam do curso do rio (Léry, Histoire, 360)
kuapagûera (etim. - instrumento de reconhecimento) (s.) - rastro (do que não tem pés): mboîa kuapagûera - rastro da cobra (VLB, II, 97)
kugûapaba (etim. - instrumento de reconhecimento) (s.) - baliza: pé kugûapaba - baliza do caminho (VLB, I, 51)
sororok (v. intr.) - irromper, romper: Mbegûé é ko'yté abá tekokuá kanhemi, ...iî u'u osororoka... - Lentamente, enfim, o homem perde entendimento, sua tosse irrompendo. (Ar., Cat., 156)
por (v.) - moín; mondeb; nong (-îo-); rung; (pôr em pé): mo'am; (pôr deitado): moúb
api'aỹîa (t) (etim. - semente dos testículos) (s.) - sêmen (Castilho, Nomes, 38)
oro- (pref. num.-pess. de 1ª p. do pl. excl.): Oroîerobîá nde ri... - Confiamos em ti. (Anch., Teatro, 118); Nde resé memẽ oroîkó .... - Contigo sempre estamos. (Anch., Poemas, 84); T'orosaûsu îandé ruba. - Que amemos nosso pai. (Anch., Teatro, 120); Oromanõmo. - Morrendo nós. (Anch., Arte, 29)
piratĩapûá (etim. - peixe do focinho pontudo) (s.) - peixe da família dos serranídeos (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 157, 180; VLB, I, 50)
Guiricema (MG). De guiri*, guri* (em tupi kuri) nome comum aos bagres + sema: saída dos bagres. "O povoado, primitivamente chamado Bagres, em virtude da grande quantidade de peixes dessa espécie, que viviam nas águas do rio local, teve o topônimo alterado para Guiricema pela Resolução nº 84, de 20 de novembro de 1895." (fonte: IBGE)
gûeba (s.) - GUEBO, peixe istioforídeo (Piso, De Med. Bras., 154)
pirakyra (etim. - peixe tenro) (s.) - nome de um peixe (Sousa, Trat. Descr., 288)
Urucuí Vermelho (rio do PI). De uruku - urucu, urucum, árvore bixácea + 'y: rio dos urucus.
îeroky3 (s.) - espécie de feiticeiro, "que dizem ser um anjo que veio do céu." (Rodrigues, Relação, in Leite, Novas Cartas Jesuíticas, 241)
kûarasye'yma (etim. - sem sol) (s.) - crepúsculo: Nde ro'o xe moka'ẽ serã kûarasye'yma riré. - Tua carne será meu moquém provavelmente após o crepúsculo. (Staden, Viagem, 157)
opo- (pref. pess. obj. de 2ª p. do pl.) - vos: Ixé opoîuká. - Eu vos mato. (Anch., Arte, 12); Oré opoîuká. - Nós vos matamos. (Anch., Arte, 12); Xe opoaûsub. - Eu vos amo. (Fig., Arte, 154)
senembyúna (etim. - senembi escuro) (s.) - nome de um réptil da família dos iguanídeos; uma variedade de lagarto (Theat. Rer. Nat. Bras., II, 53)
tocar1 (instrumento) - (de sopro): py (-îo-); mimby; (de percussão): mopu
arõan (v.tr.) - ter jeito de, ter modo de, ter possibilidade de: Aîkugûab-arõan. - Tenho jeito de o saber. (VLB, I, 147)
kutukagûera (etim. - o que foi objeto de ferimento) (s.) - ferida; ferimento de coisa pontuda, de espada, de faca, etc.; estocada (VLB, I, 129): O pó, o py, o yké kutukagûera bépe erimba'e ogûeropu'am? - Ergueu-se com as feridas de suas mãos, de seus pés, de seu flanco? (Ar., Cat., 44v)
meriti'yba (etim. - pé de miriti) (s.) - MIRITI, BURITI, MERITI, palmeira altíssima de lugares alagados (Mauritia flexuosa L.), que fornece palmas para cobrir casas. Tem fruto do tamanho de um ovo grande, com casca avermelhada e com manchas pretas. Sua polpa é vermelha e dentro dela há uma noz doce. (D'Abbeville, Histoire, 221)
mokaku'i (etim. - pó de instrumento de estouro) (s.) - pólvora: -Esenõî mbá!... -Mokaba, mororokaba, mokaku'i-uru. -Nomeia tudo. -Armas de fogo, explosivos, recipientes de pólvora. (Léry, Histoire, 343-344)
myĩ (v. intr.) - mexer-se, mover-se (VLB, II, 43); bulir-se: N'amyĩ. - Não me mexo. (VLB, II, 93)
enembi'u (s.) - nome de um inseto, o mesmo que enembu'i (v.) (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 253)
ikopuku / ekopuku (t) (v. intr. irreg.) - 1) ser longevo, de longa vida, de muita dura, durar, ter grande duração (fal. de pessoas ou coisas): Nd'aîkopukuî. - Não durei. (VLB, I, 107); 2) tardar (VLB, II, 124)
pyti'u (m) (s.) - PITIÚ, PITIUM, cheiro de peixe fresco cru; (adj.) (xe) - ter cheiro de peixe, ter PITIÚ: Xe pyti'ugûasu. - Eu tenho muito pitiú. (VLB, I, 73)
xe-pó-xe-py (num.) - vinte (isto é, os dedos de meus pés e minhas mãos) (Fig., Arte, 4)
miraibora (etim. - o que tem pele ruim) (s.) - 1) doente de bexigas, de varíola (Anch., Arte, 31); 2) leproso (VLB, II, 20)
musu (ou musũ) (s.) - MUÇU, MUÇUM, nome genérico de peixes da família dos simbrânquios, de água salgada ou doce, de hábitos noturnos. Tem corpo que lembra uma serpente, sem nadadeiras, sem escamas ou bexiga natatória. (D'Abbeville, Histoire, 247v; Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 161; VLB, II, 12)
Jurupencém (GO). Jurupensém* é nome de peixe silurídeo, jurupoca. De îuru + pesẽ: boca partida. Talvez um nome da língua geral meridional.
andurá-obaîamirĩ (etim. - pequeno inimigo dos morcegos) (s.) - nome de uma planta (Theat. Rer. Nat. Bras., II, 225)
aûîé5 (interj.) - Que bom! Muito bem! É isso! É certo! Perfeitamente! (em aprovação): Aûîé ipó xe rapixara... mba'e-katuramo... - Que bom que meu próximo tenha coisas boas! (Ar., Cat., 109v); Aûîé a'e! - É certo isso! (aceitando como opinião própria) (VLB, I, 19) ● Pode ser acompanhada por partículas ou por temas nominais, ficando com os mesmos sentidos ou com ênfase: aûîé ipó, aûîé nipó, aûîé é, aûîé-katu, aûîé-katu ipó, aûîé tiruã, aûîé-etéramo, aûîé nhẽ: Aûîé ipó! - Muito bem! (consentindo) (VLB, I, 33); (em aprovação) (VLB, II, 44); Aûîé-katu, erimba'e i xóû oré retama pupé; n'osóî tenhẽ ebapó. - Muito bem, eles foram outrora para nossa terra; não foram em vão para lá. (D'Abbeville, Histoire, 342); Aûîé nipó! Kasianamo t'aîkó. - Muito bem! Hei de ser castelhano. (Anch., Teatro, 74)
aûîebé (interj.) - Que bom! Muito bem! É isso! É certo! Perfeitamente! (em aprovação): -Eîori nde retamûama repîaka. -Aûîebé! -Vem para ver tua futura terra. -Perfeitamente! (Léry, Histoire, 341)
aûîebeté (interj.) - Que bom! Muito bem! É isso! É certo! Perfeitamente! Ainda bem que...! Assim seja! Assim fosse! (em aprovação) (Fig., Arte, 137): ...Aûîebeté ereîkó xe îar-y gûé! - Ainda bem que existes, ó meu senhor! (Ar., Cat., 86); Aûîebeté, rõ! T'a'u pá Îakaregûasu pepyra! - Muito bem, pois! Hei de comer todo o banquete de Jacaré-guaçu! (Anch., Teatro, 62); Aûîebeté! T'oú! - Muito bem! Que venha! (Anch., Teatro, 132)
nhemoaîu3 (s.) - 1) estrondo, ruído (VLB, I, 43), vozerio (VLB, I, 131); falatório, reboliço, matinada (VLB, II, 33); 2) revolta (VLB, I, 150)
nhemondeb (v. intr.) - entremeter-se, intrometer-se (p.ex., em conversa alheia) (VLB, I, 119)
arûaba (t) (s.) - 1) impedimento, estorvo (VLB, II, 10): Pe'ĩ ko'yr... sarûaba mombegûabo rõ... - Eia, agora, contai, pois, os impedimentos dele. (Ar., Cat., 132); 2) frustração, ineficácia, falta de efeito; [adj.: arûab (r, s)] - 1) impedido, (xe) impedir-se: Sarûab-y bé o endyra... remimonhanga resé abá mendara. - Está impedido também o homem de casar com os que sua irmã gera. (Ar., Cat., 128v-129); 2) (xe) frustrar-se, não funcionar, ser ineficaz, não fazer efeito: Sarûab amõme asé posangygûaba... - Não faz efeito, às vezes, nosso remédio. (Anch., Doutr. Cristã, II, 78); Xe rarûab. - Frustrei-me. (VLB, II, 10)
nhemosaraî (etim. - esquecer-se de si) (v. intr. compl. posp.) - 1) brincar, divertir-se (como as crianças); jogar: Anhemosaraî. - Brinco. (VLB, I, 60); 2) festejar; (VLB, I, 138); fazer festa: Îandé moetébo apŷaba nhemosaraî... - Para nos honrar os índios fazem festa. (Anch., Teatro, 24); 3) zombar [de algo ou de alguém: compl. com esé (r, s)]: Enhemosaraî umẽ xe resé! - Não zombes de mim! (Fig., Arte, 124) ● nhemosaraîtaba - tempo, lugar, modo, etc. de brincar, de festejar, de zombar; brincadeira, diversão: Omanõaibí... o nhemosaraîtápe bé. - Desanima, sem mais, de suas diversões também. (Ar., Cat., 157v)
piraatĩatĩ (etim. - peixe muito pontudo) (s.) - nome de um peixe (Theat. Rer. Nat. Bras., I, 64)
tu'ĩ (s.) - TUIM, TUIETÊ, TIÚ, TUIUTI, o menor periquito do Brasil, pássaro da família dos psitacídeos, que vive em grandes bandos que atacam as plantações (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 206; Sousa, Trat. Descr., 231)
ekosykaba (t) (s.) - destinos últimos, os novíssimos do homem: Nde ma'enduar nde rekosykagûama, nde rekó pabagûama resé rá... - Lembra-te já de teus destinos últimos, do fim de tuas coisas. (Ar., Cat., 154)
yamĩsaba (t, t) (etim. - instrumento de espremer líquido) (s.) - prensa de espremer: u'ubae'ẽ-yamĩsaba - prensa de cana-de-açúcar (VLB, II, 85)
mimotara (etim. - o que se quer) (s.) - desejo (VLB, I, 98) [V. tb. emimotara (t)]
piripiri (ou piripirĩ) (s.) - PIRIPIRI, PIRI, PERI, espécie de junco da família das ciperáceas (Rynchospora cephalotes (L.) Vahl), dos pântanos e alagadiços; taboa-do-brejo (VLB, I, 56; II, 123)
tĩmukuûasu (etim. - focinho muito comprido) (s.) - nome de um peixe do mar (D'Abbeville, Histoire, 246)
îaratitá (s.) - nome genérico de insetos e vermes comestíveis que nascem dentro de troncos de palmeira (VLB, I, 55)
ndi (posp.) - com, junto com (Se o sujeito for de 1ª ou 2ª pessoas, o verbo deverá sempre ir para o plural.): Orosó Pedro ndi. - Vou com Pedro. (Anch., Arte, 44); ...arupare'aka îurupara ndi seru. - ...trazendo farpas junto com o arco. (Anch., Teatro, 132); T'oroîopytybõne xe remirekó ndi... - Com minha esposa ajudar-nos-emos um ao outro. (Anch., Doutr. Cristã, I, 227); "-Akûeîa temõ our xe posé mã!" erépe moropotara ndi? - Disseste, com desejo sensual: "-Ah, quem me dera aquele viesse para o meu lado!"? (Anch., Doutr. Cristã, II, 96); T'oroîtyk oré poxy, paîé rerobîare'yma, moraseîa, mbyryryma karaimonhanga ndi. - Que lancemos fora nossa maldade, não acreditando nos pajés, em danças, rodopios com feitiços. (Anch., Teatro, 118)
tĩmuku2 (etim. - focinho comprido) (s.) - TIMUCU, TIMBUCU, TIMICU, peixe da família dos belonídeos, de cabeça muito alongada e boca rostriforme (Marcgrave, Hist. Nat. Bras., 168)
gûetimirĩ (etim. - gueti pequeno) (s.) - espécie de gueti (v.) (Piso, De Med. Bras., IV, 183)
îoaby (etim. - diferir um do outro) (v. intr.) - ser diferente: Nd'oroîoabyî. - Não somos diferentes. (VLB, II, 9)
pati (s.) - nome genérico de certos insetos e vermes comestíveis que nascem dentro de troncos de palmeiras (VLB, I, 55)
i'yraty (r, s) (s.) - 1) mulher do sobrinho (de h.); 2) mulher do primo, filho do tio ou da avó (de h.) (Ar., Cat., 114v)
moretĩ (s.) - BURITI, COQUEIRO-BURITI, BURITIZEIRO, MURITI, MURITIM, MURUTI, nome de uma palmeira (o mesmo que meriti'yba - v.) (Lisboa, Hist. Anim. e Árv. do Maranhão, fl. 182v)
ikoé / ekoé (t) (v. intr. compl. posp. irreg.) - diferir, ser diferente, ser distinto (de algo ou de alguém: compl. com suí): ...N'oîkoéî o îosuí... - Não diferem uns dos outros. (Ar., Cat., 118); -Anga îápe pe roka? -Oîkoé-katu. - Como estas são vossas casas? -Diferem muito. (Léry, Histoire, 363)
tupiminó [etim. - netos dos tupis < tupi + emiminõ (t)] (s. etnôn.) - TUPIMINÓ, nome de nação indígena falante da língua brasílica (Vasconcelos, Crônica [Not.], I, §151, 110)
ikonhote / ekonhote (t) (etim. - viver, somente) (v. intr. irreg.) - ser sisudo, modesto, quieto, sossegado (VLB, II, 117; 121)
mokonhõ (ou mokõînhõ) (etim. - dois, somente) (pron.) - 1) poucos (em número) (VLB, II, 83): Mokõînhõ... kó taba pupé sekóû. - Poucos moram nesta aldeia. (Anch., Teatro, 16); 2) pouco (em quantidade, em valor, em preço): Xe repy mokonhõ'ĩ. - Meu preço é pouquinho. (VLB, I, 51)
Dicionário por Eduardo de Almeida Navarro